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1 AS ETAPAS ESSENCIAIS DA FITOQUÍMICA Profa. Dra. Luana Martins de Andrade da Cruz RESUMO A Fitoquímica é a ciência que estuda os constituintes químicos dos vegetais desde a estrutura química molecular até as propriedades biológicas dos vegetais. O estudo e análises dos componentes químicos das plantas têm um papel importante tanto para sua preservação e uso sustentável, quanto para benefícios à saúde humana, como prevenir ou até mesmo curar doenças. Além disso, o custo seria mais acessível à população comparado aos compostos obtidos por síntese química que são, em geral, mais caros. Estes constituintes químicos também chamados de princípios ativos são os metabólitos secundários, os quais fazem parte do metabolismo dos vegetais. Os metabólitos secundários são compostos orgânicos produzidos pela célula vegetal como derivação do metabolismo primário e que não são necessariamente vitais ao organismo produtor. É importante para a sobrevivência, reprodução e dispersão da planta. Além disso possuem a capacidade de proteção contra raios UV, atração de polinizadores e dispersores de sementes, ação contra herbívoros, comunicação entre plantas, entre outras. Há muitos estudos sobre plantas medicinais e seus compostos ativos, porém, ainda há muitas pesquisas e estudos de novas moléculas com o intuito de aumentar a produção de fitoterápicos e fármacos seguros e eficazes. Para se chegar nesses compostos ativos, existem etapas essenciais que irão conduzir a investigação fitoquímica que vai desde a obtenção da planta (coleta), obtenção do extrato (secagem, moagem, extração, concentração e secagem do líquido extrator), a prospecção fitoquímica, a determinação química da estrutura do princípio ativo. A obtenção da planta é feita através de estudos bibliográficos e levantamentos etnobotânicos. A obtenção do extrato é realizada através da secagem da amostra que impede a hidrólise e contaminação e pode ser feito em estufas ou no ambiente ao sol, sombra ou misto, porém na estufa é o método mais utilizado e eficaz. Após secagem é feita a estabilização pela ação do calor 2 ou desidratantes, como o etanol e logo após a moagem (reduzir mecanicamente, o material vegetal a fragmentos de pequenas dimensões, preparando o material para extração). A extração exaustiva é indicada para substâncias ativas que estão presentes em pequenas quantidades ou são pouco solúveis. Após a extração é realizada a concentração, para eliminar parcialmente o líquido extrator e por fim a secagem para eliminação da fase líquida até valores residuais. Para isso, são utilizados rotaevaporadores, que são capazes de diminuir a temperatura de ebulição do líquido a ser eliminado, facilitando a sua remoção. Em seguida, é feita a prospecção fitoquímica que irá detectar a presença dos compostos ativos presentes nas plantas e caracterizá-los. A prospecção pode ser realizada por testes de reações químicas ou por métodos cromatográficos. Os mais utilizados são por reações químicas por serem mais simples e de baixo custo do que os cromatográficos, porém esses são mais eficazes. Os métodos cromatográficos mais comumente usados são: cromatografia de adsorção em coluna, cromatografia de partição, cromatografia de exclusão molecular, cromatografia em camada delgada; e os métodos modernos como a cromatografia gasosa (CG), cromatografia líquida (CL) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Esse método não é apenas para a detecção dos metabólitos secundários; são destinados também ao fracionamento, isolamento e purificação de substâncias. Assim, se a prospecção fitoquímica mostrar que uma determinada planta apresenta uma atividade farmacológica, ocorre então o isolamento dos compostos por fracionamento cromatográfico, em seguida é feita uma elucidação da estrutura molecular de todos os constituintes isolados. São utilizadas técnicas como espectro de absorção no ultravioleta, no infravermelho, espectrometria de massa, espectrometria de ressonância magnética nuclear entre outros. Na maioria das vezes, são realizados testes com reações químicas de coloração e precipitação em tubos de ensaios e placas de toques. Os testes por reações químicas têm por base a reação química entre os compostos esperados nos extratos vegetais e regentes detectores. Esses reagentes detectores podem precipitar proteínas, mudar de coloração ou formar espumas. Por exemplo, para 3 o metabólito secundário Alcalóides usa-se reações de precipitação, para Flavonóides usa-se o teste de Cianidina. Se a prospecção fitoquímica mostrar que uma determinada planta apresenta uma atividade farmacológica, ocorre então o isolamento dos compostos por fracionamento cromatográfico, em seguida é feita uma elucidação da estrutura molecular de todos os constituintes isolados. São utilizadas técnicas como espectro de absorção no ultravioleta, no infravermelho, espectrometria de massa, espectrometria de ressonância magnética nuclear entre outros. Há estudos envolvendo manipulação molecular ou modificação molecular, os quais otimizam um composto biologicamente ativo, por exemplo, introduzir grupos que conferem ao composto uma maior ou menor hidrofobicidade ou doadores e/ou aceptores de elétrons, entre outros. Quando selecionado as substâncias puras ativas é realizado análises de ação biológica como por exemplo, atividade antifúngica e antibacteriana, atividade analgésica, atividade anti-inflamatória, atividade antialérgica, atividade antitumoral entre outras.
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