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AULA 8 - CIRURGIA Neoplasias da tireoide RESUMO AULA Anatomia, fisiologia e histologia - É uma glândula ímpar, dividida em lobo direitos e esquerdo unidos por um istmo. - Tireoide está em íntimo contato com o nervo laríngeo (que é um ramo do nervo vago). - Pedículo superior (ramo da carótida externa) e inferior (ramo da subclávia). - Os bócios têm uma neovascularização importante e de difícil controle se houver sangramento. Protocolo na cirurgia: ir de superior para inferior, pois há menor chance de lesar o nervo laríngeo, uma vez que a visualização é melhor. - O tecido tireoidiano é composto de folículos esféricos agrupados, cada um contendo uma única camada de células foliculares epiteliais conhecidas como tireócito que envolvem um lúmen contendo coloide. O principal componente do coloide é a tireoglobulina, uma proteína específica do tireócito. As células C parafoliculares, derivadas do tecido da crista neural e que produzem calcitonina, estão amplamente dispersas entre os folículos. As glândulas paratireoides em geral se encontram atrás dos polos superior e inferior dos lobos tireoidianos. Exame físico - O exame físico da tireóide começa com a inspeção da porção ântero inferior do pescoço para verificar o aumento glandular difuso ou assimétrico, desvio traqueal, linfadenopatia e distensão venosa jugular. A palpação pode ser realizada por uma abordagem anterior ou posterior. Embora não o seja na maioria dos indivíduos, quando palpável, deve-se ter sua forma, tamanho, local, consistência, dor e a presença de nódulos/ massas palpáveis anormais avaliados. Ao final do exame, independentemente do método escolhido, pede-se ao paciente que execute uma deglutição. Esse movimento desloca as cartilagens para cima, aproximando a glândula à mão do examinador, o que auxilia a palpação. Embriologia - O botão de tecido que dá origem à glândula tireoide surge inicialmente como um divertículo da linha média na base da faringe. Esse tecido tem origem no trato alimentar primitivo e consiste em células da endoderme. Esse local de origem corresponde ao forame cego da base da língua em um humano completamente desenvolvido. - A porção principal da sua estrutura celular desce para o pescoço e transforma-se em um órgão sólido bilobado. Essa estrutura origina o ducto tireoglosso, que é geralmente reabsorvido após as 6 semanas de idade. A porção distal deste canal de descida pode manter-se como lobo piramidal na tireoide adulta. - Os folículos tireoidianos microscópicos inicialmente surgem tal como os lobos laterais se desenvolvem. - Formação da tireoide: Invaginação da região endodérmica da faringe forma o divertículo da tireoide. Ocorre uma migração crânio-caudal pelo ducto tireoglosso. Por volta da sétima semana ela já está completamente formada. - Por volta da 23ª semana inicia a função da tireoide no feto. - O desenvolvimento do SNC e dos órgãos reprodutores é influenciado pelo feedback dos hormônios da tireoide. Nódulos da tireoide Os nódulos da tireoide são bastante frequentes, sendo mais de 90% benignos. Eles existem nas seguintes formas: - cístico: há conteúdo líquido e baixa probabilidade de ser maligno - sólido: endurecido, raro em criança, mas quando presente a chance de ser maligno é de 50% - misto: transição entre cístico e sólido, A partir do USG com doppler verificar a vascularização do nódulo, se é central ou periférica, sendo a central com maior probabilidade de malignidade. Segundo a classificação TI-RADS. (ver imagem em anexos). Temos também a classificação de Chammas: PAAF (Punção aspirativa por agulha fina) - É o melhor método para diferenciar nódulos benignos e malignos. Principalmente naqueles pacientes em que apresentam nódulo e um nível normal de TSH. - A PAAF deve ser sempre guiada por USG. - Pacientes com nódulos com características ecográficas de alto risco ou de risco intermediário devem ser submetidos a PAAF se os nódulos têm 1 cm ou mais de tamanho. O nódulo submetido à PAAF deve ser classificado conforme o sistema de Bethesda: Definição Risco de malignidade Conduta Bethesda 1 Não diagnóstico ou insatisfatório 1-4% Repetir PAAF Bethesda 2 Benigno ~2,5% Seguimento clínico +USG a cada 6-18 meses Bethesda 3 Atipia de significado indeterminado ~14% Repetir PAAF. Considerar análise genética ou cirurgia Bethesda 4 Tumor folicular ~25% Análise genética ou cirurgia Bethesda 5 Suspeito para malignidade ~70% Cirurgia Bethesda 6 Nódulo maligno 99% Cirurgia 2 Bócio mergulhante - É uma extensão intratorácica de uma tireóide aumentada que geralmente ocorre como resultado do bócio multinodular. - A maioria dos bócios intratorácicos ou subesternais é denominada secundária, visto que se trata de ampliações e extensões de bócios multinodulares com base na vasculatura da tireoide inferior. Eles expandem para baixo para dentro do mediastino anterior. -O bócio mergulhante primário raro (aproximadamente 1%) surge como um tecido da tireoide aberrante dentro do mediastino anterior ou posterior; é baseado na vasculatura intratorácica e não irrigado pela artéria tireóidea inferior. - Todo bócio que ultrapassa o limite da clavícula, em direção ao tórax, é tido como mergulhante. - Pode deslocar a traqueia, dificultando a intubação e a respiração. Além de deslocar a jugular e a carótida. - Com o aumento da tireóide, a fixação do músculo esternotireóideo à traqueia limita a expansão craniana dos lobos, mas o crescimento adicional lateral, posterior e caudal pode fazer que a glândula se estenda para dentro do mediastino superior, comprimindo a traqueia e as veias na abertura torácica. - Bócio mergulhante = cirurgia. Classificação: - SUBESTERNAL - PARCIAL - TOTAL Câncer de tireoide O câncer de tireoide é muito raro, menos de 2% representa as malignidades. Entre 90-95% dos casos são classificados como tumores bem diferenciados: Carcinoma papilífero (principal) Carcinoma folicular Carcinoma de células de Hürthle (variante do folicular) Todos têm origem na célula folicular. Tumores pouco diferenciados: carcinoma medular de tireóide, cuja origem é a célula C parafolicular (secretora de calcitonina); e carcinoma anaplásico, originário do epitélio folicular, muitas vezes a partir de um tumor bem diferenciado previamente existente. Avaliação inicial Deve ser investigado hipertireoidismo. Maior risco de malignidade em um nódulo de tireoide em: crianças, homens, adultos com menos de 30 anos ou mais de 60 anos e aqueles expostos à radiação. Possivelmente maligno: nódulos solitários firmes em homens mais velhos ou mais jovens. ★ Avaliação laboratorial TSH : é mandatório em pacientes com nódulo maior ou igual a 1 cm. - TSH BAIXO: hipertireoidismo evidente ou subclínico → indica-se cintilografia de radioisótopos; - TSH ALTO: hipotireoidismo, em geral resulta de tireoidite de Hashimoto. ★ Imagem Ultrassonografia: Achados ecográficos que sugerem malignidade: microcalcificações, hipervascularização, margens infiltrativas, ser hipoecoico comparado com o parênquima envolvente e ter um formato com comprimento superior à sua largura em corte transversal. 3 BEM DIFERENCIADOS - Fatores de risco ● Exposição a radiação: 9% ● Sem fatores de risco: 91% ● Protooncogenes: RET TRH ● SUPRESSORES: TP53 a) PAPILÍFERO (80-85%): - neoplasia maligna mais comum da tireóide,; - apresenta excelente prognóstico (principalmente em pacientes com menos de 40 anos, sem metástase a distância e tamanho inferior a 4 cm) - disseminação preferencialmente linfática. - tem importante associação com exposição a radiação. - Apresenta-se como uma massa tireoidiana indolor. A justificativa para cirurgia bilateral é a presença de doença bilateral no câncer papilar de tireoide e um risco mais baixo de recidiva após a remoção bilateral da glândula. Muitas vezes, a cirurgia é seguida pela ablação com radioiodo do tecido tireoidiano remanescente. b) FOLICULAR (10-15 %) - Segundo tipo mais comum. - Predomina na população mais velha (40 a 60 anos) - Apresenta-se como uma massa tireoidiana indolor. - Forteassociação com áreas carentes de iodo. - Disseminação hematogênica e pode ter metástase óssea. - Tratamento deve ser por meio da tireoidectomia parcial ou tireoidectomia total. c) Carcinoma de CÉLULAS DE HURTLE (variante do carcinoma folicular) - consiste em células oxifílicas - tende a ocorrer em pacientes mais idosos, geralmente de 60 a 75 anos de idade. - As células de Hürthle têm a sua aparência característica em virtude de um aumento do número de mitocôndrias causando uma aparência de um citoplasma alargado, granular e eosinófilo. - Apresenta disseminação hematogênica e pior prognóstico 4 ANEXOS 5
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