Buscar

DIREITO PENAL III

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio 
Página 1 
 
 
PROVA DE 3 PONTOS 
 Sanção Penal: É a resposta estatal, no exercício do ius puniendi e após o devido 
processo legal, ao responsável pela prática de um crime ou de uma contravenção 
penal. Divide-se em duas espécies (consequências jurídico-penais decorrentes da 
prática criminal): 
 Pena – reclamam a culpabilidade do agente, e destinam-se aos imputáveis e 
aos semi-imputáveis sem periculosidade. 
 Medida de segurança – possuem como pressuposto a periculosidade e dirigem-
se aos imputáveis e aos semi-imputáveis dotados de periculosidade, pois 
necessitam, no lugar de punição, de especial tratamento curativo. 
Assim, o Direito Penal é um sistema de dupla via, pois admite as penas (1ª via) e as 
medidas de segurança (2ª via) como respostas estatais aos violadores de suas regras. 
Observação: fala-se também em uma terceira via do Direito Penal, situações em que 
embora tenha sido cometida uma infração penal, não são impostas penas nem 
medidas de segurança, devido ao fato da punibilidade estatal ceder espaço à 
reparação dos danos causados à vítima. 
Pena – conceito: privação ou restrição de determinados bens jurídicos (liberdade, 
patrimônio, entre outros – em conformidade com a legislação em vigor) de um sujeito 
diante da ocorrência de um fato ilícito, com a finalidade de castigar seu responsável, 
readaptá-lo ao convívio em comunidade e, mediante a intimidação endereçada à 
sociedade, evitar a prática de novos crimes ou contravenções penais. É a reação que 
uma sociedade politicamente organizada opõe a um fato que viola uma das normas 
fundamentais da sua estrutura e, assim, é definido na lei como crime. 
A pena, como reação contra o crime (grave transgressão das normas de convivência) 
aparece com os primeiros agregados humanos, desde que existe a coexistência entre 
pessoas. Nenhuma sociedade pode dispensar a pena e sem essa ameaça de pena 
nenhuma sociedade existiu. Violenta e impulsiva nos primeiros tempos (sentimento de 
vingança), ela foi se disciplinando com o progresso das relações humanas, 
abandonando os apoios extrajurídicos e tomando o sentido de uma instituição de 
Direito posta nas mãos do poder público para a manutenção da ordem e segurança 
social. 
Fundamentos (por quê?) e finalidades (para quê?) da pena 
 O estudo das teorias relaciona-se intimamente com as finalidades da pena. Há 
a divisão em três: 
 Teoria absoluta (retributivas) – PUNIÇÃO – De acordo com essa teoria, a pena é 
a retribuição estatal justa ao mal causado pelo condenado, consistente na 
prática de um crime ou de uma contravenção penal - ao mal do crime impõe-se 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio 
Página 2 
 
 
o mal da pena. Não tem finalidade prática, pois não se preocupa com a 
readaptação social do infrator, punindo-se simplesmente como forma de 
retribuição ao mal causado. A pena atua como instrumento de vingança do 
Estado contra o criminoso, com a finalidade única de castigá-lo, fator esse que 
proporciona a justificação moral do condenado e o restabelecimento da ordem 
jurídica. A pena não pode ter nenhum caráter social, pois dessa maneira o 
indivíduo estaria sendo utilizado pra fins sociais. Se a pena tivesse caráter social 
e restaurador do cidadão, estaria ferindo a dignidade do criminoso. Por razões 
éticas, se o indivíduo praticou uma infração penal deve ser punido por isso. O 
crime é a negação do direito. A pena é a negação da negação do direito: 
-Kant: Pena é um imperativo categórico de ordem moral (a obrigação de punir 
o crime é moral, é ético punir). 
-Hegel: Pena é um imperativo categórico de ordem dialética. A pena deve ser 
imposta, o mal da pena é justo em retribuição do mal do crime que é injusto. 
Cumprir a pena seria uma negação ao crime. A pena nega o crime e o crime 
nega o direito (a pena é pra restaurar o direito que foi violado) – essa é a 
dialética, uma conversa/diálogo entre crime, pena e direito. Tem por finalidade 
a dialética, a restauração da vigência do Direito. 
 
 Relativas – RESSOCIALIZAÇÃO e PREVENÇÃO - A pena deve ter uma finalidade 
restaurativa, de ressocialização, além de prevenção, ou seja, evitar a prática de 
novas infrações penais (punitur ne peccetur), sendo irrelevante a imposição de 
castigo ao condenado. A pena só se justifica se tiver função social. Se fosse 
possível prever que o sujeito nunca mais voltaria a cometer o crime, a pena 
perderia sua legitimidade pois não teria necessidade de prevenir o que não vai 
acontecer. Também não é possível ter um período determinado, pois se tem 
um fim de reeducar o indivíduo a pena deverá durar o período que a pessoa 
leve para se recuperar (penas indeterminadas e não tempo determinado, pois 
varia de acordo com cada sujeito). Adota-se uma posição totalemnte contrária 
à teoria absoluta, pois a pena não está destinada à realização da justiça sobre a 
terra, servindo apenas como proteção para a sociedade. A pena é um mal 
necessário e deve ter uma utilidade: 
 
-Prevenção geral (negativa): É destinada ao controle da violência, na medida 
em que busca diminuí-la e evitá-la. Sabendo da existência da punição, as 
pessoas são inibidas de cometer a infração penal, por medo da pena. Tem o 
propósito de criar no espírito dos potenciais criminosos um contraestímulo 
suficientemente forte para afastá-los da prática do crime. Busca intimidar os 
membros da coletividade acerca da gravidade e da imperatividade da pena, 
retirando-lhes eventual incentivo quanto à prática de infrações penais. 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio 
Página 3 
 
 
Demonstra-se que o crime não compensa, pois ao seu responsável será 
inevitavelmente imposta uma pena. Devido a isso, as execuções devem ser 
públicas e divulgadas o máximo possível, para gerar uma coação psicológica 
geral (servir de exemplo). No nosso cenário atual isso está claro no estado do 
Espírito Santo (praticamente um expurgo). A pena serve como exemplo, o 
indivíduo vê o outro sendo punido e se inibe a praticar a infração para não ser 
punido também. A punição é geral, para todos. Por meio do exemplo, dirige-se 
a prevenção a todos, de forma genérica – a ameaça da pena é destinada a toda 
a sociedade e não a um indivíduo em especial. 
 
-Prevenção geral (positiva): Consiste em demonstrar e reafirmar a existência, a 
validade e a eficiência do Direito Penal. Almeja-se demonstrar a vigência da lei 
penal. A pena tem a missão de demonstrar a inviolabilidade do Direito diante 
da comunidade jurídica e reforçar a confiança jurídica do povo. 
 
-Prevenção especial (negativa): A pena não intimida a não praticar crime, e sim 
satisfaz as pessoas em ver que o direito é eficiente. É relacionada ao indivíduo 
em especial. Ao punir o indivíduo, impede-se a prática de crimes por aquele 
indivíduo, específico em relação a ele e não a toda a sociedade indistintamente. 
O importante é intimidar o condenado para que ele não torne a ofender a lei 
penal. Busca-se por tanto evitar a reincidência. Isso ocorre por meio de 
segregação e reeducação (tira o indivíduo da sociedade para não cometer mais 
crimes e reeduca para quando retornar à sociedade não volte a cometer a 
infração. É chamada especial por ser direcionada exclusivamente à pessoa do 
condenado. 
 
-Prevenção especial (positiva): Preocupa-se com a ressocialização do 
condenado, para que no futuro ele possa retornar ao convívio social preparado 
para respeitar as regras a todos impostas pelo Direito. A pena é legítima 
somente quando é capaz de promover a ressocialização do indivíduo. 
 
 Mistas (ou ecléticas) – Pena com caráter retributivo/punitivo mas também de 
reeducação/reintegração do indivíduo. É uma mistura das duas teorias 
anteriores – a pena deve, simultaneamente, castigaro condenado pelo mal 
praticado e evitar a prática de novos crimes, tanto em relação ao criminoso 
como no tocante à sociedade. A pena assume tríplice aspecto: retribuição, 
prevenção geral e prevenção especial. É a teoria utilizada pelo ordenamento 
jurídico brasileiro: 
 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio 
Página 4 
 
 
Art. 59 (caput) - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta 
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, 
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime. 
 
Princípios constitucionais 
 O que são princípios? Alicerces, fundamentos inerentes à sociedade, nem 
sempre positivados. Postulados de origem geral, servem como um farol. Os princípios 
possuem uma característica de generalidade e flexibilidade que as regras não 
possuem, são mais amplos que regras (mas não deixam de ser norma, assim como as 
regras também o são). Princípios que se contradizem podem coexistir, sem nenhum 
problema, apenas respeitando um critério de ponderação na hora da aplicação. Um 
não elimina o outro. Já as regras, dada sua rigidez e especificidade, caso sejam 
coincidentes uma deverá ser eliminada. 
 
 Princípio da legalidade e Princípio da anterioridade (CF, artigo 5º XXXIX – 
cláusula pétrea) 
Também chamado de reserva legal. Nulla poena sine praevia lege – somente a 
lei pode cominar pena (legalidade). Não se pode aplicar uma pena que não 
esteja prevista no momento do crime (anterioridade) , salvo se a nova pena for 
mais benéfica ao réu (lei em sentido estrito – lei mesmo (produzida de acordo 
com o processo legislativo constitucional) devido ao princípio da retroatividade 
penal. Obs: lei em lato senso é qualquer ato normativo, decreto, medida 
provisória etc). 
 
Art 5º XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal. 
 
 Princípio da personalidade (intranscendência, intransmissibilidade) - (artigo 
5º, XLV) 
A pena só se aplica para quem praticou o crime ou pelo menos ajudou (autor, 
coautor e partícipe). Ninguém pode ser responsável criminalmente pela prática 
criminosa de terceiro (ela nunca ultrapassa a pessoa do condenado. 
 
Art 5º XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a 
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos 
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite 
do valor do patrimônio transferido. 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio 
Página 5 
 
 
 
É possível, porém, que a obrigação de reparar danos e a decretação de 
perdimento de bens, compreendidos como efeitos da condenação, sejm, nos 
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o limite 
do valor do patrimônio transferido (como se a dívida herdada fosse uma pena 
(segundo alguns autores, mas há bastante divergência)). 
 
 Princípio da Individualização da Pena (artigo 5º, XLVI) 
Tirar o caráter genérico da pena e individualizá-la a cada indivíduo. Elege a justa 
e adequada sanção penal, quanto ao montante, ao perfil e aos efeitos 
pendentes sobre o sentenciado, tornando-o único e distinto dos demais 
infratores, ainda que coautores ou partícipes do delito. Sua finalidade e 
importância residem na fuga da padronização da pena. Repousa no ideal de 
justiça segundo o qual se deve distribuir, a cada indivíduo, o que lhe cabe, de 
acordo com as circunstâncias específicas do seu comportamento – ou seja, não 
aplicar a pena levando em conta a norma em abstrato, mas especialmente os 
aspectos subjetivos e objetivos do crime. Ocorre em três momentos: 
 
-Formação da lei penal (legislativo) - dirigido primeiramente ao legislador na 
própria construção da lei penal – a pena deve ser posta de acordo com a 
magnitude do fato, de cada infração. Não seria correto a pena para homicídio e 
para roubo de galinha ser a mesma. Ex: homicídio – 6 a 20 anos. 
-Concretização da pena (judicial) – já há o crime e o criminoso, considera-se 
FATO (crime) + HOMEM (criminoso). Considera-se a conduta do indivíduo, 
antecedentes, se liderou o crime ou só participou etc. 
-Execução da pena (administrativa) – progressão, regressão etc. De acordo com 
os méritos pessoais na execução da pena o indivíduo pode acabar progredindo 
de regime entre outras coisas. 
Art 5° XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as 
seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
 b) perda de bens; 
 c) multa; 
 d) prestação social alternativa; 
 e) suspensão ou interdição de direitos; 
 Princípio da inevitabilidade (ou inderrogabilidade) 
Sustenta que a pena, se presentes os requisitos necessários para a condenação, 
não pode deixar de ser aplicada e integralmente cumprida. É, contudo, 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio 
Página 6 
 
 
mitigado por alguns institutos penais, como por exemplo a prescrição, o perdão 
judicial,m o sursis, o livramento condicional etc. 
 Princípio da intervenção mínima 
A pena é legítima unicamente nos casos estritamente necessários para a tutela 
de um vem jurídico penalmente reconhecido. 
 Princípio da humanidade (ou humanização das penas) 
A pena deve respeitar os direitos fundamentais do condenado enquanto ser 
humano, não podendo assim violar sua integridade física e moral. 
 Princípio da proporcionalidade 
A resposta penal deve ser justa e suficiente para cumprir o papel de reprovação 
do ilícito, bem como para prevenir novas infrações penais. Funciona como 
barreira ao legislador e ao magistrado, orientando-o na dosimetria da pena. 
Deve haver correspondência entre o ilícito cometido e o grau da sanção penal 
imposta, levando-se ainda em conta o aspecto subjetivo do condenado. 
 Princípio da Limitação das Penas 
Não é qualquer pena que pode ser objeto penal. Penas proibidas (em tempo de 
paz): 
-Pena de morte (é prevista somente no código militar, no caso de guerra 
declarada). 
-Penas de caráter perpétuo: impedem a regeneração e ofendem a dignidade do 
indivíduo. Penas com contorno de prisão perpétua também são proibidas – 
ex: pena de 30 anos para um indivíduo de 70 anos: entende-se que a pessoa 
ficaria presa pelo resto da sua vida, tendo assim um caráter perpétuo (e 
consequentemente sendo proibido). 
*Crimes imprescritíveis também são proibidos (mas isso a própria Constituição 
Federal prevê). 
*O cumprimento da pena deve ser de no máximo 30 anos. A condenação pode 
ser muito maior, porém o indivíduo não pode ficar mais de 30 anos dessa pena 
encarcerado. A única hipótese é quando as penas concorrem (tinha sido 
condenado à 50 anos, cumpriu 5 e cometeu outro crime sendo condenado a 
mais 30 anos, etc), ou seja, é possível reencher o tanque da pena, ficando 
novamente limitado a 30 anos (isso se esse novo crime foi cometido após o 
início da execução da pena do outro crime). – Artigo 75 CP: 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio 
Página 7 
 
 
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode 
ser superior a 30 (trinta) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja 
soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao 
limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento 
da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de 
pena já cumprido.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
-Pena de trabalhos forçados: isso se equivaleria à escravidão. Trabalhos de 
presidiáriosàs vezes são vistos como forçados, mas não o são, pois não é algo 
forçado, existindo inclusive benefício para quem o faz (a cada três dias de 
trabalho diminui um dia da pena). Alguns autores dizem que o trabalho na 
comunidade seria forçado também, mas como não são obrigatórios não se 
encaixam como forçados (é uma escolha que também possui benefícios para o 
réu). 
-Pena de banimento (privação da cidadania com proibição de entrada no 
território nacional). – era muito comum nas ordenações filipinas. 
-Penas cruéis (inclusas também as penas infamantes – ex: tatuar um símbolo na 
pessoa etc.) – constrangimento físico, psíquico, castração química, etc. 
Classificação das Penas 
As penas são classificadas de acordo com o bem jurídico atingido. 
 Penas corporais – recaem sobre a pessoa física do condenado, sobre sua 
integridade física – ex: morte, açoite, mutilação, etc. São vedadas pelo artigo 5º 
XLVII, e , CF. 
 Penas privativas de liberdade – penas que privam o indivíduo de sua liberdade. 
São advindas do direito canônico, onde para que o indivíduo não fugisse de sua 
pena, era privado de sua liberdade (prendia para que realmente sofresse a 
punição). Retira do condenado o seu direito de locomoção, em razão de prisão 
por tempo determinado. 
 Penas restritivas de liberdade – limitam (restringem) o exercício da liberdade, 
mas não o suprimem (não o privam da liberdade) - ex: proibição de frequentar 
certos lugares, de se aproximar da vítima, limitação de final de semana, etc 
(penas alternativas). 
 Penas pecuniárias – Incide sobre o patrimônio do condenado - multa, 
perdimento de bens. 
 Penas restritivas de direitos em geral – Limitam um ou mais direitos do 
condenado, em substituição à pena privativa de liberdade – ex: prestação 
pecuniária, prestação de serviços à comunidade etc. A restritiva de liberdade é 
um dos tipos dessa pena (liberdade é um dos direitos que pode ser restrito). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio 
Página 8 
 
 
Há também a classificação das penas quanto ao critério constitucional: rol 
exemplificativo e quanto ao critério do Código Penal: privativas de liberdade, 
restritivas de direitos e multa. 
 Concurso de crimes 
É o instituto que se verifica quando o agente, mediante uma ou várias condutas, 
pratica duas ou mais infrações. Pode haver, portanto, unidade ou pluralidade de 
condutas, mas sempre serão cometidas duas ou mais infrações penais. Há na 
legislação brasileira dois sistemas de aplicação da pena: 
 Cumulatividade material (soma integral): Aplica-se ao réu o somatório (soma 
aritmética integral) das penas de cada uma das infrações penais pelas quais foi 
condenado. Aplica-se no concurso material/real – artigo 69 CP e no concurso formal 
imperfeito/impróprio – artigo 70, in fine . Ex: foi condenado a três crimes, com penas 
respectivamente de 3 anos, 2 anos e 4 anos - Nesse sistema, a pena dessa pessoa seria 
de 9 anos (3+2+4 anos = 9 anos). A pena de cada crime é calculada sem se importar 
com o outro crime, e no final apenas há a somatória de todas as penas desse concurso 
de crimes. Acredita-se no caráter retributivo da pena. Crítica: essa simples operação 
aritmética pode resultar em uma pena muito longa, desproporcionada com a 
gravidade dos delitos, desnecessária e com amargos efeitos criminógenos. È possível 
que o agente atinja a ressocialização com uma pena menor. 
 
 Exasperação (uma das penas, aumentada em certas frações): Aplica-se 
somente a pena da infração penal mais grave praticada pelo agente, aumentada de 
determinado percentual. Aplica-se ao concurso formal perfeito/próprio – artigo 70, 1ª 
parte e ao crime continuado. No caso do concurso formal homogêneo e crime 
continuado homogêneo há a aplicação da pena de um só dos crimes (no caso do 
concurso heterogêneo – quando as penas dos crimes do concurso são diferentes entre 
si - aplica-se a pena mais grave) aumentada de uma fração, determinada pela 
gravidade das demais infrações penais. Aqui acredita-se que a pena tem caráter de 
ressocialização, assim ela não deve ser exagerada, apenas suficiente para restaurar o 
condenado (por isso aplica-se apenas uma pena aumentada, e não a somatória de 
todas). 
 
 Absorção: Considera que a pena do delito mais grave absorve a pena do delito 
menos grave, que deve ser desprezada. Aplica-se exclusivamente a pena da infração 
penal mais grave, dentre as diversas praticadas pelo agente, sem qualquer aumento. 
Crítica: os vários crimes menores ficariam impunes, sendo uma carta de alforria para 
quem já delinquiu. Foi consagrado pela jurisprudência em relação aos crimes 
falimentares praticados pelo falido. 
 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio 
Página 9 
 
 
 Cúmulo jurídico: A pena a ser aplicada deve ser maior do que a cominada a cada 
um dos delitos sem, no entanto, se chegar à soma delas. 
 
 As únicas adotadas pelo Direito Brasileiro são: cúmulo material e exasperação. 
 
Resumindo: 
 
 CONCURSO MATERIAL (2 ou mais condutas produzem 2 ou mais crimes) 
Sistema do cúmulo material. 
 
 CONCURSO FORMAL (1 conduta produz 2 ou mais crimes) 
 
A)Perfeito 
a1)Homogêneo  Sistema da exasperação da pena (qualquer uma aumentada de 
1/6 a ½) 
a2)Heterogêneo  Sistema da exasperação da pena (a pena do crime mais grave 
aumentada de 1/6 a ½) 
 
B)Imperfeito 
b1)Homogêneo  Sistema do cúmulo material (penas somadas) 
b2)Heterogêneo  Sistema do cúmulo material (penas somadas) 
 
 CRIME CONTINUADO 
A)Comum  Sistema da exasperação da pena (pena do crime mais grave 
aumentada de 1/6 a 2/3). 
B)Qualificado  Sistema da exasperação da pena (pena do crime mais grave 
aumentada de 1/6 a 2/3). 
C)Específico  Sistema da exasperação da pena (pena do crime mais grave 
aumentada até o triplo). 
 
 
Tipos de concurso de crimes: 
 
 Concurso formal (ideal/ideológico) - Há uma única conduta, com pluralidade 
de lesões típico-penais (unidade de conduta + pluralidade de infrações/resultados). A 
unidade de conduta somente se concretiza quando os atos são realizados no mesmo 
contexto temporal e espacial. Contudo, a unidade de conduta não importa, 
obrigatoriamente, em ato único, pois já condutas fracionáveis em diversos atos (como 
quem mata alguém (conduta) mediante diversos golpes de punhal (atos)). 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
10 
 
 
 Homogêneo – Quando os crimes são idênticos. Exemplo: três homicídios 
culposos praticados na direção do veículo automotor. 
 Heterogêneo – Quando os delitos são diversos. Exemplo: A , dolosamente, 
efetua disparos de arma de fogo contra B , seu desafeto, matando-o. O projétil, 
entretanto, perfura o corpo da vítima, resultando em lesões culposas em terceira 
pessoa. 
 Próprio (perfeito) – É a espécie de concurso formal em que o agente realiza a 
conduta típica, que produz dois ou mais resultados, sem agir com desígnios 
autônomos. Desígnio autônomo, ou pluralidade de desígnios, é o propósito de 
produzir, com uma única conduta, mais de um crime. É fácil concluir, portanto, que o 
concurso formal perfeito ou próprio ocorre entre crimes culposos, ou então entre um 
crime doloso e um crime culposo. 
 Impróprio (imperfeito) – É a modalidade de concurso formal que se verifica 
quando a conduta dolosa do agente e os crimes concorrentes derivam de desígnios 
autônomos. Cuidam-se, assim, de dois crimes dolosos (qualquer que seja a espécie – 
dolo direito ou dolo eventual). A ação é una, mas os desígnios são autônomos, ou seja, 
há o dolo em todas as ações do concurso, o autor deseja cometer todas as infrações 
( matar dois coelhoscom uma paulada só ). A conduta não é aferida apenas por 
conteúdos externos. A orientação subjetiva importa muito mais do que as ações 
externas. O agente quer os múltiplos resultados decorrentes de sua conduta de forma 
dolosa. Atua com desígnios específicos em relação a cada resultado. Subjetivamente 
sua conduta não é única, embora externamente o seja. Aqui há dolo eventual/culpa. 
Ex: o portador de doença venérea estupra alguém e tem a intenção de transmitir a 
doença à vítima, como forma de vingança/punição – em uma mesma ação comete 
duas infrações. Ex 2: um genro coloca veneno na comida em que sabia que os sogros 
iriam comer – mesma ação com mais de um resultado, e há a vontade de que ambos 
os resultados ocorrem. 
 
 
 Aplicação de pena no concurso formal: 
 Perfeito: Aplica-se uma das penas, aumentada de 1/6 ou até a metade – 
exasperação. No concurso homogêneo, pode ser aplicada qualquer uma das penas. No 
heterogêneo, aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de 1/6 até a metade. 
Ex: um portador de doença venérea estupra uma pessoa, mas não há a intenção de 
transmitir a doença – comete uma única ação e não há desígnio de cometer a outra 
(transmitir a doença). 
 O concurso formal perfeito é causa de aumento de pena, e incide, por 
corolário, na terceira fase de aplicação da pena. E na aplicação da pena privativa de 
liberdade, esse aumento não incide sobre a pena-base, mas sobre a pena acrescida por 
circunstância qualificadora ou causa especial de aumento. É nítida a conclusão de que 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
11 
 
 
a regra do concurso formal perfeito constitui-se em flagrante benefício ao réu. O 
Código Penal utilizou-se dessa opção, todavia, por se tratar de hipótese em que a 
pluralidade de resultados não deriva de desígnios autônomos, eis que os crimes são 
culposos ou no máximo, apenas um é doloso e os demais, culposos. 
 Em regra, a pena é caracterizada assim: 
 
Número de crimes Aumento da pena 
2 1/6 
3 1/5 
4 1/4 
5 1/3 
6 ou mais 1/2 
 
 Imperfeito: Sistema do cúmulo material. De fato, se há desígnios autônomos. 
Há dolo na conduta que produz a pluralidade de resultados, e o agente deve responder 
por todos os resultados a que deu causa, sem nenhum tratamento diferenciado. 
 
 Concurso material benéfico: O concurso formal próprio ou perfeito, no qual se 
adota o sistema da exasperação para aplicação da pena, foi criado para favorecer o 
réu, afastando o rigor do concurso material nas hipóteses em que a pluralidade de 
resultados não deriva de desígnios autônomos. Sena contraditório, portanto, que a sua 
regra, no caso concreto, prejudicasse o agente. Assim, quando o sistema da 
exasperação for prejudicial ao acusado, deve ser excluído, para o fim de incidir o 
sistema do cumulo material, pois a soma das penas é mais vantajosa do que o 
aumento de uma delas com determinado percentual, ainda que no patamar mínimo. 
 Apesar de ser aplicada a exasperação, no concurso formal heterogêneo pode 
ser que a aplicação da exasperação cumule em uma pena maior ao réu (isso ocorre 
quando a gravidade entre os crimes é bastante distinta), sendo nesse caso aplicada a 
cumulatividade. Ex: homicídio simples (6 a 20) + lesão corporal leve – 6 anos (pena 
mínima) + 1/6 (1/6 de 6 = 1) = 7 anos. Nesse caso, a exasperação seria prejudicial ao 
réu (e não estaria cumprindo o caráter a que se destina, de aplicar penas menores com 
intuito de ressocialização, e não punição. Aplicar uma pena maior seria como punir, o 
que vai totalmente contra a intenção da exasperação), pois a pena mínima para lesão 
corporal é de 3 meses. Assim, aplicaria-se a cumulatividade material benéfica – 6 anos 
+ 3 meses = 6 anos e 3 meses, e não 7 anos (artigo 70 - Parágrafo único - Não poderá a 
pena exceder a que seria cabível pela regra do artigo 69 deste Código). 
 
 Crime continuado – (artigo 71) – Crime continuado, ou continuidade delitiva, é 
a modalidade de concurso de crimes que se verifica quando o agente, por meio de 
duas ou mais condutas, comete dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas 
condições de tempo, local, modo de execução e outras semelhantes, devem os 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
12 
 
 
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. É uma forma de concurso 
material (as condutas são autônomas, se tirar uma não desclassifica o crime, apenas 
tira uma repetição dele), mas com crimes praticados em determinadas circunstâncias 
que permitem que os crimes sejam atrelados um ao outro (crimes de mesma espécie). 
É uma ficção penal, para que existam punições mais brandas. Razões de política 
criminal para evitar penas severas (Por razões de política criminal, a lei confere a uma 
pluralidade de delitos – que na verdade são autônomos e distintos – característica de 
unidade, desde que presentes determinadas circunstâncias. Por ficção jurídica 
consideram-se vários crimes como se fossem um só, em continuação ). Isso é 
decorrente no Direito Penal primitivo, onde as penas eram extremamente severas, e 
em caso de concurso de três crimes, poderia no primeiro ingerir óleo fervente e no 
terceiro poderia ter seu braço arrancado etc – penas extremamente severas. 
OBS: Não confundir com crime habitual. No crime habitual há um só tipo penal, que só 
se configura se a conduta se expressar com habitualidade. Pune-se um hábito. Ex: 
exercício ilegal da medicina – uma conduta só mas que demonstra que não acontecerá 
apenas uma vez. Se prescrever um remédio uma só vez não configura, agora se alugar 
uma sala contratar uma secretária e começar a prescrever demonstra que isso vai ser 
habitual, do contrário não alugariam sala pra isso, pra praticar a conduta uma só vez. O 
que determina o crime habitual é o tipo – se ele não prever a habitualidade, não será 
crime habitual. Ex: exercer ilegalmente a medicina uma única vez não caracteriza crime 
habitual, pois o tipo prevê que isso precisa acontecer reiteradamente, caracterizando 
um hábito – obs: aqui é uma conduta só, diferente do crime continuado, que se roubar 
24 vezes, serão 24 condutas e não apenas uma como no crime habitual. 
No crime continuado, vários delitos, por ficção jurídica, são legalmente considerados 
como um só, para fins de aplicação da pena. Cada crime parcelar, contudo, tem 
existência autônoma, e, não fosse a série de continuidade, subsistiria isoladamente 
como fato punível. Como exemplo, três apropriações indébitas cometidas por um 
indivíduo nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outra 
semelhantes caracterizam um crime continuado, mas não se pode dizer que uma 
apropriação indébita, por si só, não seja crime. De seu turno, crime habituai é aquele 
em que cada ato isolado representa um indiferente penal. O crime somente se 
aperfeiçoa quando a conduta é reiteradamente praticada peio agente. 
Exemplificativamente, cada ato de exercício ilegal da medicina, analisado 
separadamente, é irrelevante, mas a pluralidade de atos iguais acarreta na tipicidade 
do fato 
 
Natureza jurídica: 
1. Teoria da ficção jurídica: A continuidade delitiva é uma ficção criada pelo Direito. 
Existem, na verdade, vários crimes, considerados como um único delito para fins de 
aplicação da pena. Os diversos delitos parcelares formam um crime final. Foi a teoria 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
13 
 
 
acolhida pelo artigo 71 do Código Penal. Obs: A unidade do crime continuado se opera 
exclusivamente para fins de aplicação da pena. 
2. Teoria da realidade: Vislumbra o crime continuado como um único delito. Para ele, 
a conduta pode ser composta por um ou vários atos, os quais não necessariamente 
guardam absoluta correspondência com a unidade ou pluralidade de delitos. 
 
Requisitos para acontinuidade delitiva: 
1. Pluralidade de condutas: não confundir conduta com ato (uma conduta 
pode ser fragmentada em vários atos – ex: roubar um relógio, depois um celular 
– mesma conduta, dois atos). 
2. Pluralidade de infrações (se parasse nesses 2 itens, seria apenas 
concurso material – agregando-se as condições do artigo 71 considera-se crime 
continuado); 
3. Crimes de mesma espécie: as várias infrações precisam ser da mesma 
espécie – há divergência doutrinária quanto ao que são crimes de mesma 
espécie. Duas correntes: 
- 1ª: Os que têm as mesmas elementares, ou seja, mesmo tipo básico, com suas 
formas tentada, majorada, privilegiada e qualificada (Hungria, Damásio etc). São 
os tipificados pelo mesmo tipo penal, consumados ou tentados, seja na forma 
simples, especial ou qualificada. É uma posição consolidada pelo STJ. 
- 2ª: Não precisa ser definido no mesmo tipo, desde que se componham de 
similares elementos objetivos e subjetivos. São aqueles que tutelam o mesmo 
bem jurídico. É a posição do STF. 
 
Há uma questão se lesões a bens jurídicos pessoais, de vítimas diferentes 
podem caracterizar crime continuado. Ex: estuprar pessoas diferentes, com 
alguns dias de diferença – bem jurídico atingido: dignidade sexual – mesmo bem 
jurídico pessoal, porém vítimas diferentes. Antes da reforma penal não se 
admitia crime continuado em caso de condutas contra a vida (súmula). Após a 
reforma essa súmula perdeu sua força perante a nova lei, passando a ser 
permitido, sendo classificado como crime continuado qualificado ou específico 
(podendo aumentar a pena até no triplo). Com a reforma da parte geral (art 71, 
parágrafo único), admite-se a continuidade, mas o tratamento legal é mais 
rigoroso. A pena pode ser exasperada até o triplo . 
 
4. Nexo lógico de continuidade (indicado por circunstâncias de tempo, 
lugar, modo de execução ( modus operandi ) etc). 
 Condições: 
a)Tempo – Necessária proximidade temporal. A lei não define, mas a doutrina e 
a jurisprudência construíram uma ideia de mais ou menos 30 dias. É importante 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
14 
 
 
lembrar que se trata de uma conexão temporal, e não de imediatismo 
cronológico. Há uma exceção para crimes contra a ordem tributária – 3 meses. 
b)Lugar – Também não há na legislação, tendo a doutrina e a jurisprudência 
definindo algumas correntes. Uma delas defende que deve ser na mesma 
comarca, outra defende que a proximidade deve ser analisada no caso concreto, 
e não fixada previamente. A jurisprudência fixou que os delitos devem ser 
praticados na mesma cidade ou no máximo em cidades limítrofes, próximas 
entre si. 
c)Modo de execução – Forma como o sujeito realiza o crime. O agente deve 
seguir sempre um padrão análogo em suas diversas condutas. Ex: golpe da 
guitarra (máquina de fazer dinheiro) e cheque sem fundo – não há relação entre 
o modo de execução de ambos. Há divergência quanto ao crime com mudança 
de partícipe, onde o criminoso pratica várias condutas, cada uma com um 
partícipe diferente. Uma doutrina defende que a mudança de partícipe 
descaracteriza o crime continuado. Outra teoria já defende que só alterar com 
quem a pessoa fez o crime não descaracteriza a continuação. 
o Sobre o crime continuado e a unidade de desígnios: 
1ª Teoria objetivo-subjetiva: Não basta a presença dos requisitos 
objetivos previstos no art. 71, caput, do Código Penal. Reclama-se 
também a unidade de desígnio, isto é, os vários crimes resultam de plano 
previamente elaborado pelo agente. É necessário que entre essas 
condições haja uma ligação, um liame, de tal modo a evidenciar-se, de 
plano, terem sido os crimes subsequentes continuação do primeiro. O 
entendimento do STF é no sentido de que a reiteração criminosa 
indicadora de delinquência habitual ou profissional é suficiente para 
descaracterizar o crime continuado. Essa posição deve ser utilizada em 
concursos públicos que exigem uma postura mais rigorosa do candidato, 
para o fim de diferenciar o crime continuado, extremamente vantajoso 
ao réu, da atividade habitual daquele que adota o crime como profissão. 
 2ª Teoria objetiva pura ou puramente objetiva: Basta a presença dos 
requisitos objetivos elencados pelo art, 71, caput, do Código Penal. 
Sustenta ainda que, como o citado dispositivo legal apresenta apenas 
requisitos objetivos, as outras semelhantes condições ali admitidas 
devem ser de natureza objetiva, exclusivamente. Em suma, dispensa-se a 
intenção do agente de praticar os crimes em continuidade. É suficiente a 
presença das semelhantes condições de índole objetiva. 
 
o Espécies de crime continuado e dosimetria da pena: O art. 71 do Código 
Penal apresenta três espécies de crime continuado: simples, qualificado e 
específico. Foi adotado, em todos os casos, o sistema da exasperação. 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
15 
 
 
Crime continuado simples ou comum é aquele em que as penas dos 
delitos parcelares são idênticas. Exemplo: três furtos simples. Aplica-se a 
pena de um só dos crimes, aumentada de 116 a 213. No crime 
continuado qualificado, as penas dos crimes são diferentes. Exemplo: um 
furto simples e um furto qualificado. Aplica-se a pena do crime mais 
grave, exasperada de 116 a 213. Em ambas as situações, o vetor para o 
aumento da pena entre 116 e 2/3 é o número de crimes, exclusivamente. 
Segue-se a sistemática abaixo: 
 
Número de crimes Aumento da pena 
2 1/6 
3 1/5 
4 ¼ 
5 1/3 
6 ½ 
7 ou mais 2/3 
 
É possível o aumento da pena na fração máxima (2/3) quando não se 
conhece, com exatidão, o número de delitos praticados pelo agente, 
desde que sejam vários e prolongados em amlo espaço de tempo. 
Por sua vez, crime continuado específico é o previsto no parágrafo único 
do art 71 do Código Penal, o qual se verifica nos crimes dolosos, contra 
vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça á pessoa. 
Aplica-se a pena de qualquer dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se 
diversas, aumentada até o triplo 
O crime continuado, em qualquer de suas espécies, constitui-se em causa 
obrigatória de aumento da pena, e incide, por corolário, na terceira fase 
de aplicação da pena. Se, entretanto, os diversos crimes parcelares forem 
objetos de variadas ações penais, em juízos distintos, não unificadas 
antes do trânsito em julgado, é possível a unificação das penas em sede 
de execução, com fulcro no art. 82 do Código de Processo Penal. 
 
o Pelos mesmos fundamentos explicados no concurso formal (item 37.5.4.), 
a pena do crime continuado não pode exceder a que seria resultante do 
concurso material. É o que se extrai da parte final do art. 71, parágrafo 
único, do Código Penal. 
 
o Crime continuado e conflito de leis no tempo: A Iei mais gravosa deve 
ser aplicada a toda a série delitiva, pois o agente que insistiu na 
empreitada criminosa, depois da entrada em vigor da nova lei, tinha a 
opção de seguir ou não seus mandamentos. Além disso, se o crime 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
16 
 
 
continuado é um único delito para fins de aplicação da -pena, deve 
decidir a lei em vigor por ocasião da sua conclusão. Nesse sentido é o teor 
da Súmula 711 do Supremo Tribunal Federai: A lei penal mais grave 
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência 
é anterior á cessação da continuidade ou da permanência 
 
 MULTA: Obedece ao sistema da cumulatividade material. São aplicadas 
pela somatória de todas as multas (não se calcula a maior + uma parte da outra). 
O sistema da exasperação é utilizado apenas para o regime prisional. 
 
 Legislação seca: 
Concurso material 
 Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes,idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas 
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa 
de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena 
privativa d/e liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será 
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado 
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente 
as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Concurso formal 
 Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis 
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um 
sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação 
ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra 
do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Crime continuado 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art69
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art69
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art69
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art69
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art69
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art70
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art70
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art70
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
17 
 
 
 Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, 
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser 
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto a dois terços (exasperação). (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos 
com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a 
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as 
regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Erro na execução – Quando depois de iniciados os atos preparatórios a ação é 
viciada, é falha – atingindo outro alvo ou cometendo outro crime. 
 Aberratio Ictus – artigo 73, CP 
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao 
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde 
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º 
do art. 20 deste Código (unidade simples). No caso de ser também atingida a pessoa 
que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código (unidade 
complexa). (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 O agente, visando atingir um alvo, atinge outra pessoa, por erro na execução de 
sua conduta (bem jurídicos iguais – vida). O erro sempre vai recair sobre o ato 
executório – o agente tem o dolo de praticar o delito mas acaba atingindo pessoa 
diversa da pretendida. Há a vítima virtual, que é o alvo pretendido e a vítima real, 
que é o alvo atingido. O agente responderá como se tivesse atingido a pessoa 
pretendida – as características a serem consideradas são as da vítima virtual – seja 
para beneficiar (ex: X estupra a filha de Y, que tenta matar X, porém atinge Z – Y 
responderá como se tivesse matado X, e terá a causa de diminuição por relevante 
valor moral considerada, mesmo Z não tendo nada a ver com isso – isso porque a 
motivação do crime é X, não Z) ou prejudicar sua condição (ex: X tenta matar Y por 
algum motivo fútil (causa de aumento da pena) porém atinge Z – responderá como 
se tivesse matado Y e será considerado o motivo torpe como causa de aumento da 
pena, mesmo que essa não tenha sido a razão de matar Z – o que importa é a 
motivação do crime). Aqui há erro quanto à execução – erro de mira, etc. Aqui não 
há engano quanto à pessoa – ele quer atingir o A, tenta atingir o A mas por erro de 
pontaria ou algo do tipo atinge o B. Ex: o marido tenta bater em sua mulher mas 
seu irmão entra na frente – o caso é julgado segundo a Lei Maria da Penha, pois 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art73
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
18 
 
 
atingir o irmão foi erro de execução, e assim ele é julgado como se tivesse atingido 
sua mulher (que era a pessoa que pretendia atingir). São levadas em conta as 
características da vítima virtual (a que pretendia atingir) e não da real (a que 
realmente atingiu). 
Com resultado único (unidade simples): Consideram-se as qualidades e condições 
da vítima virtual e não as da vítima real (efetivamente atingida). 
Com resultado múltiplo (unidade complexa): Aplicam-se as regras do concurso 
formal de infrações (artigo 70 CP). 
 Unidade simples (resultado único) – Por erro na execução atinge-se uma outra 
pessoa diferente da pretendida (atinge a vítima real, porém com intenção de atingir 
a vítima virtual). 
 Unidade complexa (resultado múltiplo) – Por erro na execução ambas as vítimas 
(real e virtual (não é virtual mesmo porque também foi atingida, apenas não era 
pretendida) – a pretendida e uma que não havia intenção) são atingidas  uma 
conduta, dois resultados. 
A classificação de próprio/ impróprio não é cabível no erro pois se havia desígnio 
para matar ambos não há erro (erro seria se tivesse acertado ambos porém só 
houvesse desígnio para matar um). 
 Diferença para o erro quanto à pessoa – Natureza do erro (origem) e o 
momento do inter criminis em que esse erro recai. O erro quanto a pessoa ocorre 
nos atos preparatórios – o agente está vislumbrando sua vítima – vê uma pessoa e 
acredita ser outra, porém ainda não começou a execução do crime (confunde a 
pessoa – obs: a pretendida não precisa nem estar no local, basta que o agente 
pense ser ela). O erro recai sobre a pessoa da vítima. Já o erro quanto à execução 
ocorre na execução – o erro recai sobre o ato executório, não quanto a 
identificação da vítima. 
Já quanto a natureza do erro, o erro quanto a pessoa é um erro psicológico, 
subjetivo – origem interna (psicológica). O erro quanto a execução se dá com a 
exteriorização do pensamento – origem externa, naturalística. O erro quanto à 
pessoa é decorrente do comportamento do agente, enquanto o de execução é 
decorrente de seu pensamento. 
 
Aberratio criminis – artigo 74, CP: 
 Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na 
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde 
por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado 
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984)http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art74
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art74
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
19 
 
 
Aqui, o bem jurídico atingido é diferente – ex: tem a intenção de atingir a pessoa 
(bem jurídico vida) porém atinge a coisa (bem jurídico patrimônio). A principal 
diferença em comparação ao aberratio ictus é a consequência jurídica. O agente 
responderá na modalidade culposa (se o crime tiver a tipificação culposa – se não 
tiver, pode ser um fato atípico). Aqui a intenção era cometer determinado crime, 
mas acaba-se cometendo outro. Ex: jogar um tijolo em alguém para tentar acertar 
essa pessoa mas ao invés disso acertar o vidro do carro responde apenas 
civilmente. Agora, se a intenção era acertar o carro mas acaba acertando também a 
pessoa, responde civil (reparação do dano) e penalmente (crime culposo) – obs: se 
não houver previsão legal para a modalidade culposa, não haverá culpa 
penalmente. 
 Unidade simples: Apenas é causado o resultado adverso do que o pretendido 
(culposamente). Ex: o agente quer atingir uma pessoa (bem jurídico vida) e joga 
uma pedra em sua direção, erra e acerta o carro de uma terceira pessoa (bem 
jurídico patrimônio). Responderá a título culposo, estando esse previsto pela lei. 
Nesse exemplo seria um resultado de dano – porém não há modalidade culposa 
para o dano, assim a consequência jurídica seria a tentativa de crime doloso. Há 
bastante divergência na doutrina quanto ao fato de se o agente deveria responder a 
título de tentativa, porém essa consequência parece viável (a discussão seria sobre 
o erro ser ou não circunstância alheia a vontade do agente – e para a maioria da 
doutrina a resposta é sim). Assim, o resultado alcançado será respondido na 
modalidade culposa, e o pretendido na forma tentada (se forem previstos na lei). 
 
 Unidade complexa: Acontece o resultado pretendido e um não pretendido. O 
resultado pretendido será respondido dolosamente e o não respondido 
culposamente. A pena será calculada por concurso formal (pena maior acrescida de 
1/6 até a metade da pena menor). 
 
 Sursis – É a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade, na 
qual o réu, se assim desejar, se submete durante o período de prova à fiscalização e ao 
cumprimento de condições judicialmente estabelecidas. Instituto para substituir a 
pena, com fins de ressocialização. Lê-se sirci . O entendimento atual é de que o 
sursis possui caráter de sanção/punição penal, pois é uma suspensão condicionada a 
várias regras, e não um puro e simples livramento da pena. Também é entendido como 
um instituto bilateral, pois o juiz tem obrigação, presente os requisitos legais, de 
facultar ao sentenciado o sursis , pois assim como ele pode ser benéfico, ele pode 
também prejudicar o réu. O instituto não pode ser imposto ao sentenciado, há o 
direito de escolha – a sentença condenatória faculta ao sentenciado o sursis , que só 
terá eficácia se o condenado aceitar as condições. O sursis também não pode ser 
revogado sem antes haver o contraditório/ defesa. 
Natureza jurídica: 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
20 
 
 
Há três posições: 
a) Instituto de política criminal: cuida-se de execução mitigada da pena privativa de 
liberdade. O condenado cumpre a pena que lhe foi imposta, mas de forma menos 
gravosa. É, assim, benefício, tal como proclama o art. 77, II, do Código Penal, e 
também modalidade de satisfação da pena. É o entendimento dominante. 
 b) Direito público subjetivo do condenado: consubstancia-se em benefício penal 
assegurado ao réu. O juiz tem liberdade para analisar a presença dos requisitos legais, 
os quais, se presentes, impõem a concessão do sursis. 
 c) Pena: seria uma espécie de pena, embora não prevista no art. 32 do Código Penal 
Natureza jurídica, segundo o visto em sala de aula: direito do sentenciado – o juiz não 
pode deixar de suspender condicionalmente a pena quando os requisitos estão 
presentes. Direito subjetivo público do réu. Não é mera faculdade judicial. A dicção 
poderá do artigo 77 = poder de valorar a presença dos requisitos. 
Dois sistemas: 
Belga-francês (franco-belga/europeu-continental): o juiz condena e fixa a pena, 
porém suspende sua execução. O réu é processado normalmente, e, com a 
condenação, a ele é atribuída uma pena privativa de liberdade. O juiz, entretanto, 
levando em conta condições legalmente previstas, suspende a execução da pena por 
determinado período, dentro do qual o acusado deve revelar bom comportamento e 
atender as condições impostas, pois, caso contrário, deverá cumprir integralmente a 
sanção penal. Foi adotado pelos arts. 77 a 82 do Código Penal em relação ao sursis. 
Anglo-saxão (anglo-americano/probation system): O juiz reconhece que o fato 
ocorreu e reconhece seu autor, porém suspende-se a condenação, ficando o réu 
sujeito a algumas regras durante um determinado período de tempo (período de 
provas). Caso cumpra as regras, a condenação não ocorrerá. Caso não cumpra, a pena 
será proferida e inclusive será considerado o comportamento durante esse período de 
suspensão. O magistrado, sem aplicar pena, reconhece a responsabilidade penai do 
réu, submetendo-lhe a um período de prova, no qual, em liberdade, deve ele 
comportar-se adequadamente. Se o acusado não agir de forma correta, o julgamento é 
retomado, com a conseqüente prolação de sentença condenatória e imposição de 
pena privativa de liberdade. 
Há ainda outro sistema: Sistema do "probation of first offenders act": o juiz 
determina a suspensão da ação penal, permitindo a liberdade do acusado, sem, 
contudo, declará-lo culpado. Durante a suspensão, o réu deve apresentar boa conduta, 
pois, caso contrário, é reiniciada a ação penal. Esse sistema foi acolhido, no Brasil, no 
tocante à suspensão condicional do processo, definida pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
21 
 
 
 No Brasil, adotou-se uma forma de sursis característica do sistema belga-
francês (artigo 82 do CP, 708 do CPP) – suspende-se a execução da pena privativa de 
liberdade que já foi imposta em caráter definitivo na sentença. 
 
Requisitos (para que a pena de liberdade seja suspensa e obtenha-se a suspensão 
condicional (sursis) – artigo 77 do CP: São de natureza objetiva (qualidade e 
quantidade da pena) e subjetiva (condições pessoais do condenado – primário, bons 
antecedentes etc): 
 Requisitos objetivos (relacionados à pena): 
1) Qualidade da pena: Só a pena privativa de liberdade (reclusão ou detenção) ou 
prisão simples, no caso de contravenção penal; 
2) Quantidade da pena: Não pode, de regra, ultrapassar 2 anos. Excepcionalmente, no 
sursis etário (maior de 70 anos)/humanitário (problemas de saúde), não pode 
ultrapassar 4 anos (artigo 77, parágrafo 2° CP) - essa é a quantidade de pena fixada, se 
for até dois anos pode ser trocada pelo sursis, e excepcionalmente penas de até 4 anos 
poderão ser substituídas. Obs: há ainda o limite de 3 anos para os crimes ambientais. 
3) Não cabimento da substituição para restritivas – caso caiba a substituição por pena 
restritiva de direitos, essa deverá ser a escolha do juiz, e não o sursis, por ser a 
restritiva mais vantajosa ao réu. Remanesce o sursis para raras hipóteses, tal como 
quando o réu, não reincidente em crime doloso, for condenado à pena privativa de 
liberdade igual ou inferior a dois anos por delito cometido com o emprego de violência 
à pessoa ou grave ameaça, 
 Requisitos subjetivos (relacionados ao agente - pertencem à personalidade, 
conduta e antecedentes do sentenciado – artigo 77, I e II do CP): 
1) Não ser reincidente em crime doloso – porém, se a segunda condenação (a que 
gerou a reincidência) tiver sido apenas de multa (a condenação anteriorfor 
exclusivamente de multa), mesmo sendo doloso, poderá conseguir o benefício do 
sursis (artigo 77, parágrafo 1º). Se for reincidente em crime culposo, não já 
impedimento ao sursis, além de condenação anterior por contravenção penal também 
não impedir. 
2) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias do crime, autorizem a concessão do benefício: a 
análise deve ser efetuada, exclusivamente, no caso concreto. Os indicadores do artigo 
59 (são semelhantes ao do artigo 77 inciso II), que se relacionam à presunção sobre a 
probabilidade de cometimento de novo crime. Importante: essas características de 
outras ações penais podem impedir, mas não automaticamente impedem a suspensão 
condicional da pena. 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
22 
 
 
Em resumo: 
 
Espécies de sursis : 
A) Simples: aplicável quando o condenado não houver reparado o dano, 
injustificadamente, elou as circunstâncias do art. 59 do Código Penal não lhe forem 
inteiramente favoráveis. No primeiro ano do período de prova o condenado deverá 
prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana, cabendo 
a escolha ao magistrado. Aquele cujos requisitos estão elencados exclusivamente no 
artigo 77 do CP. Implica no cumprimento obrigatório, no primeiro ano de prazo, de 
restrição de direitos (prestação de serviços à comunidade ou limitação de final de 
semana – artigo 78, parágrafo 1º), além de outras condições eventualmente impostas 
na sentença. 
B) Especial: aplicável quando o condenado tiver reparado o dano, salvo 
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 do Código Penal lhe forem 
inteiramente favoráveis. Nessa modalidade, o condenado, em regra, não presta 
serviços á comunidade nem se submete a limitação de fim de semana, pois o juiz pode 
substituir tal exigência por outras condições cumulativas: proibição de frequentar 
determinados lugares e de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do 
juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e 
justificar suas atividades. Não é possível a cumulação das condições do sursis especial 
no sursis simples. Previsto no artigo 78, parágrafo 2º, CP: Além dos requisitos do artigo 
77, devem estar presentes mais dois: 
-reparação do dano, salvo impossibilidade; 
-circunstâncias (todas) do artigo 59 do CP inteiramente favoráveis. 
Requisitos do sursis 
Objetivos 
Natureza da pena: deve ser 
privativa de liberdade 
Quantidade da pena aplicada: 
não pode ser superior a 2 
anos (ou 4 anos para o 
etário/humanitário 
Que não tenha sido a pena 
privativa de liberdade 
subsituída por restritiva de 
direitos 
Subjetivos 
Réu não tenha sido reicidente 
em crime doloso, salvo se a 
condenação anterior foi 
exclusivamente a pena de 
multa 
Que as característocas do 
artigo 59, bem como os 
motivos e as circunstâncias 
do crime autorizem a 
concessaõ do benefício 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
23 
 
 
Obs: o especial é mais brando, sendo mais favorável ao réu (e para ser mais brando 
precisa de mais requisitos a serem cumpridos) – isso se comprova no parágrafo 2º do 
artigo 78 (não precisa cumprir o ano que a espécie simples prevê). 
C) Etário: é aquele destinado aos condenados que tenham mais de 70 anos. Pode ser o 
simples ou o especial , e a pena de até 4 anos poderá ser suspensa – artigo 77, 
parágrafo 2º. Entende-se que a idade seja necessária na data da sentença (doutrina 
majoritária), porém não há especificação na lei, existindo entendimentos de que possa 
ser até no trânsito em julgado. Obs: o sursis etário só é benéfico ao réu se a pena 
superar 2 anos, pois ele não teria direito ao sursis se não fosse a idade. Caso seja 
menor que 2 anos, não é interessante pois a suspensão é de 4 a 6 anos (muito pior do 
que ficar 2 anos). 
D) Humanitário: é destinado a pessoas com algumas condições de saúde. A legislação 
deixa em aberto quais as razões de saúde, porém entende-se que sejam condições 
sérias, relevantes, que o delimitem e tornem o réu merecedor de uma pena especial. 
Legislação seca: artigos 77 e seguintes do CP/ artigos 156 e seguintes da LEP. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, 
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de 
pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Requisitos da suspensão da pena 
 Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, 
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art77
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
24 
 
 
 II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do 
benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste 
Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do 
benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, 
poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de 
setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação dada 
pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e 
ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à 
comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e 
se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz 
poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, 
aplicadas cumulativamente: (Redaçãodada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
 a) proibição de freqüentar determinados lugares; (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do 
juiz; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)  atualmente essa autorização 
é melhor entendida como comunicação ao juiz. 
 c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e 
justificar suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a 
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do 
condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à 
multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Sursis - Condições 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art77�2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art77�2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9268.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art79
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art80
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
25 
 
 
Como o próprio nome diz, a suspensão é condicional, isso é, obedece a condições. São 
de caráter positivo ou negativo (vedações). 
Legais: caráter obrigatório – são exigência da lei, de modo que o juiz não pode 
deixar de impô-las. Ex: a restrição de direitos no sursis simples (artigo 78, parágrafo 
1º - CP, artigo 158, parágrafo 1º - LEP). No especial, cumulativamente também são 
aplicadas as condições do artigo 78, parágrafo 2º - CP. O art. 81 do Código Penal ainda 
prevê condições legais indiretas, assim chamadas por autorizarem a revogação do 
sursis. São condições proibitivas, uma vez que, se presentes, acarretarão na revogação 
do benefício. 
No sursis simples, a condição legal e obrigatória é a prestação de serviços á 
comunidade ou limitação de fim de semana, durante o primeiro são do período de 
suspensão (CP, art. 78, § I.°). No sursis especial, as condições legais que devem ser 
cumpridas cumulativamente no primeiro ano do período de suspensão são: proibição 
de freqüentar determinados lugares e de ausentar-se da comarca onde reside, sem 
autorização do juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, 
para informar e justificar suas atividades. 
Judiciais: Circunstâncias especificadas pelo magistrado, na sentença, desde que 
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. De acordo com as 
características pessoais e circunstâncias do caso serão impostas circunstâncias judiciais 
(não expressamente previstas na lei, e assim não obrigatórias a todos os casos, sendo 
previstas de acordo com a necessidade do caso). Jamais podem ser vexatórias ou 
abusivas, não se admitindo que violem direitos fundamentais do condenado. Também 
devem ser cumpridas, por identidade de razão, somente no primeiro ano do período 
de suspensão. Ex: em casos de lesão corporal impor uma medida que impeça o sujeito 
de se aproximar da vítima. 
OBS: o Código Penal não admite o sursis sem condições – o que seria contraditório 
instituir uma suspensão condicional sem condições. 
Momento de concessão do Sursis 
Artigos 157 – LEP e 697 – CPP. O juiz deve pronunciar-se na sentença 
condenatória/acórdão – o que não significa que terá que conceder. Sendo a sentença 
até dois anos (ou quatro, nos casos etários e humanitários) o juiz deverá 
obrigatoriamente se pronunciar sobre a concessão ou não do Sursis. Caso o juiz se 
omita, a sentença que contem a omissão está sujeita a embargos de declaração (artigo 
382 NCPC – embarguinho ). Caso na sentença o juiz não imponha condições para o 
sursis, essas poderão ser aplicadas pelo juízo da execução (artigo 66 – LEP), e que pode 
inclusive modificar as condições impostas pelo juiz (mas não o teor da sentença – e 
nem pode conceder o sursis). 
O juízo da execução pode conceder a suspensão condicionai da pena? Não, em regra, 
por ser questão que deve ser solucionada durante o trâmite da ação penai. É possível, 
todavia, a delegação dessa matéria ao juízo da execução quando a ação penal não 
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
26 
 
 
apresentar elementos probatórios suficientes para se decidir se o condenado preenche 
ou não os requisitos legalmente exigidos para a medida. O juízo da execução também 
poderá conceder o sursis quando, por força de fato superveniente à sentença ou ao 
acórdão condenatório, desaparecer o motivo que obstava sua concessão 
Início da suspensão condicional da pena 
Depois do trânsito em julgado (pois cabe recurso), quando se realiza a audiência 
admonitória (artigo 160 LEP). Nessa audiência são expostos ao sentenciado o conteúdo 
da sentença, as condições da mesma e se ele aceita essa suspensão (a partir do 
momento em que o réu aceita, dá-se início ao sursis). A data da audiência já é o 
primeiro dia da suspensão. 
Caso o condenado não compareça injustificadamente à audiência ou se recuse às 
condições, o sursis não terá eficácia, pois tem natureza bilateral (causas de ineficácia 
do sursis) – obs: essas não são causas de revogação, e sim de ineficácia do sursis – não 
é revogação pois o condenado ainda não tem o sursis (pois não aceitou ou não 
compareceu). A partir do momento que o sentenciado aceita o sursis, poderá 
acontecer revogação, pois ele já tem o instituto (não dá pra tirar o que não tem). 
Competência  Juízo de conhecimento 
Período de prova: É o intervalo de tempo fixado na sentença condenatória concessiva 
do sursis no qual o condenado deverá revelar boa conduta, bem como cumprir as 
condições que lhe foram impostas pelo Poder Judiciário. Na regra geral do Código 
Penal, varia entre dois e quatro anos (art. 77, caput), o que também se dá nos crimes 
ambientais, embora o limite da condenação seja de três anos, diferentemente do 
previsto na legislação comum. No caso de sursis etário ou humanitário, o período de 
prova é de quatro a seis anos, desde que a condenação seja superior a dois anos e 
inferior a quatro anos, por questão de razoabilidade. Com efeito, se a condenação 
seguir a sistemática comum, ou seja, for igual ou inferior a dois anos, o período de 
prova será o comum (dois a quatro anos). O período de prova tem início com a 
audiência admonitória, realizada pelo juiz depois do trânsito em julgado da 
condenação. Nessa audiência, o juiz procede â leitura da sentença ao condenado, 
advertindo-o das consequências de nova infração penai e do descumprimento das 
condições impostas (LEP, art. 160). 
Fiscalização das condições impostas durante o período de prova: A fiscalização do 
cumprimento das condições do sursis será atribuída, pelo juiz, a serviço social 
penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição beneficiada com a 
prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério 
Público, ou por ambos (LEP, art. 158, § 3°). 
Revogação do prazo do Sursis 
Artigo 81 – incisos I, II, III e parágrafo 1º. 
Direito Penal III - 2017 
ToledoPrudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
27 
 
 
Sursis é um instituto condicional, sendo assim está sujeito a ser revogado. As causas 
são de 2 naturezas: 
 Obrigatórias: Revogadoras indefectíveis. Não há discricionariedade para o juiz, 
havendo os requisitos (artigo 81 – I, II e III) é obrigatória a revogação. 
 Facultativas: Não implica obrigatoriamente a revogação. É facultativa pois 
permite ao juiz optar por, em vez de revogar, prorrogar, até o limite legal 
máximo, o período de prova. (artigo 81 § 1º) 
Com a revogação do sursis, o condenado deverá cumprir integralmente a pena 
privativa de liberdade que se encontrava suspensa, observando-se o regime prisional 
(fechado, semiaberto ou aberto) determinado na sentença. Portanto, não se considera 
o tempo em que permaneceu no período de prova, ainda que, nesse intervalo, tenha 
cumprido as condições impostas 
 Revogação obrigatória – Decorre da lei. O juiz não decide, apenas reconhece a 
revogação – pois é obrigatória e automática. Não há margem para discricionariedade 
acerca da decisão de manter ou não a suspensão. 
 Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o 
beneficiário: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) – Nos crimes culposos e contravenções penais não cabe 
esse inciso. Nos crimes Preter dolosos (o agente dolosamente quer realizar um 
determinado crime, porém o resultado dessa ação é diferente do desejado (por falta 
de cuidado, previdência etc) – ex: lesão corporal seguida de morte). Há o dolo em 
praticar um crime menor. É considerado um crime doloso, fazendo parte desse inciso I. 
Penas de multa também não se encaixam (se não é impedimento para conseguir o 
benefício, também não pode ser razão para revogá-lo). Perdão judicial (a lei prevê 
algumas circunstâncias onde o juiz pode conceder o perdão judicial) possui natureza 
condenatória no aspecto moral (pois a ação precisa ser procedente, não se perdoa 
inocente/quem não cometeu nada) – não pode implicar a revogação, pois 
juridicamente não possui natureza condenatória, sendo previsto como causa de 
exclusão de punibilidade (corrente majoritária possui esse entendimento). 
 II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem 
motivo justificado, a reparação do dano; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) – Não é simplesmente não pagar, e sim frustrar, fraudar a execução. 
Também é causa de revogação quando exigida a reparação patrimonial e, havendo o 
condenado para fazer essa reparação, o mesmo não o faz (o condenado solvente 
deixa, injustificadamente, de reparar o dano). 
 III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) – Descumprimento injustificado da obrigação de prestar 
serviços á comunidade ou limitação de fim de semana ( sursis simples). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
28 
 
 
Revogação facultativa – Permite ao juiz a liberdade de revogar ou não o benefício. 
 § 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer 
outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por 
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Também é causa facultativa o descumprimento de 
condições impostas no sursis , quaisquer outras que não aquelas cujo 
descumprimento é causa de revogação obrigatória. 
Prorrogação do prazo do Sursis – É a situação em que a duração da suspensão 
condicionai da pena excede o prazo do período de prova determinado na sentença 
condenatória. Prevalece o entendimento de que durante a prorrogação do período de 
prova não subsistem as condições do sursis. Existem, no Código Penal, duas hipóteses 
de prorrogação do período de prova: 
1ª hipótese: O beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção - 
art. 81, §2° Nesse caso, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o 
julgamento definitivo. Como o Código Penal disse considera-se , conclui-se ser 
automática a prorrogação, ou seja, independe de decisão judicial expressa nesse 
sentido. Basta o recebimento da denúncia ou queixa, e não a mera prática do crime ou 
contravenção penal, pois a lei fala em beneficiário que está sendo processado . 
2ª hipótese: Nas hipóteses de revogação facultativa - art. 81, §3° Nesses casos, o juiz 
pode, em vez de decretar a revogação do sursts, prorrogar o período de prova até o 
máximo, se este não foi o fixado. A prorrogação não é automática. Depende de 
expressa decisão judicial nesse sentido. 
Artigos 81, parágrafo 2º e 3º do CP. 
Prorrogação do período de prova 
 § 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, 
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)  essa prorrogação é automática e obrigatória, 
além se de seu prazo ser indeterminado – existirá até que o outro processo seja 
finalizado (até sua decisão definitiva). Aqui a prorrogação é cautelatória. 
Durante essa prorrogação, quando alcançar o período antes determinado pela 
sentença, o condenado não estará mais sujeito às condições impostas pelo sursis. 
Embora esteja suspenso o prazo, seria abusivo manter as condições, pois essa 
prorrogação é indeterminada (ex: a prorrogação poderia durar uns 6 anos, sendo que a 
condenação era de 2 anos, o que seria abusivo. Sendo assim, mesmo suspenso o 
prazo, quando completar 2 anos o sujeito não precisará mais cumprir as condições). 
 § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, 
prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. (Redação dada 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art81
Direito Penal III - 2017 
Toledo Prudente Centro Universitário 
 
Sofia Blazquez Barberio Página 
29 
 
 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) O juiz pode ou não revogar, mas ele terá que optar 
por revogar ou prorrogar. Aqui será uma prorrogação punitiva/ sancionatória. 
 
 Não confundir revogação, cassação e ineficácia do sursis : 
Revogação  Pressupõe o curso do benefício, pois só se revoga aquilo que está 
acontecendo. É regida pelas hipóteses do artigo 81 – CP. 
Ineficácia  Ocorre quando ou o beneficiário não comparece à audiência admonitória 
(recusa tácita) ou quando comparece e recusa (recusa expressa). 
Cassação  Concessão por equívoco, como por exemplo quando o benefício é 
concedido porém verifica-se que há uma situação incompatível com o instituto (ex – 
está preso). Também há cassação quando desde a ação até a concessão do benefício 
verifica-se que o condenado obteve outro sursis. Outra hipótese é quando depois de 
concedido o benefício o MP recorrer. Não é revogação pois não iniciou o cumprimento 
ainda, apenas conseguiu o benefício. 
 Sursis coetâneos/ simultâneos 
São simultâneos os sursis cumpridos ao mesmo tempo. Isso pode ocorrer em duas 
hipóteses: 
1ª hipótese: O réu, durante o período de

Mais conteúdos dessa disciplina