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INTRODUÇÃO À REUMATOLOGIA LAYANE SILVA A palavra reumatismo foi introduzida por Galeno no século II depois de Cristo, provém da palavra rheos que significa fluir pelo fluxo do humor do cérebro para as articulações. Uma das doenças mais antigas relacionadas à reumatologia é a gota, que consiste no depósito do ácido úrico nas articulações, normalmente acomete pé, joelho e tornozelo. manhã, a movimentação das articulações provoca dor e consequentemente, há rigidez, posteriormente, durante o dia, com a movimentação as células saem da articulação melhorando os sintomas. Além disso, há sinais flogísticos, que podem ser observados em algumas articulações como mão, punho, cotovelo e ombro - não é possível observar em articulações mais profundas como coluna e sacroilíaca. DOR MECÂNICA: pior com o movimento ao longo do dia ou à noite após algum movimento mais intenso e geralmente não tem sinais inflamatórios - pode haver uma rigidez matinal fugaz, mas que melhora rapidamente com a movimentação das articulações. Isto ocorre por exemplo em pacientes com artrose, que geralmente apresentam uma rigidez muscular ao redor da articulação, visto que a articulação não dói por si pela ausência de vascularização e inervação, o que dói são as superfícies periarticulares. REUMATOLOGIA A reumatologia é a especialidade da medicina que estuda, diagnostica e trata diversas doenças que afetam o sistema musculoesquelético e tecido conjuntivo. Existem patologias autoimunes (produção de autoanticorpos e alterações do sistema imune, como lúpus e artrite reumatóide) e não autoimunes (como fibromialgia e osteoartrose). É uma especialidade que requer muito conhecimento de Clínica Médica pois os diagnósticos podem ser mimetizados por várias doenças (principalmente infecção e neoplasia, como o linfoma por alterações hematológicas) - assim, é essencial investigar diagnósticos diferenciais. Tem como principais protótipos de doenças: lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, osteoartrose, fibromialgia e gota, porém conta com mais de 120 doenças diferentes. Importante! Não existe diagnóstico de REUMATISMO, é um termo genérico para doenças reumatológicas/reumáticas. ANAMNESE A anamnese e exame físico são fundamentais para auxílio no diagnóstico, entre os dados deve-se destacar: Idade A idade é fundamental pois diversas doenças autoimunes estão relacionadas com mulheres ou homens jovens. Profissão A profissão pode estar associada a carregar peso excessivo ou a posição durante o trabalho (excesso de tempo sentado) que pode ter relação com lesões, principalmente tendinite, bursite, lombalgia e hérnia discal. Procedência e etnia A procedência é importante visto que em algumas regiões podem ter doenças endêmicas, bem como a chikungunya. Queixa principal Na história, ao explorar a queixa principal, lembrar das características da dor a partir do decálogo da dor (localização, intensidade, irradiação, duração, evolução, relação com funções orgânicas, agravantes, manifestações concomitantes, caráter e atenuantes). DOR INFLAMATÓRIA: caráter mais diurno (normalmente matinal, a dor inicia ao acordar) e está associada com rigidez matinal prolongada (> 1 hora), piora com repouso e melhora com movimentação. Isto porque à noite é o período de maior repouso, e no quadro autoimune há produção de autoanticorpos, que à noite migram para as articulações que estão paradas, junto com neutrófilos e macrófagos. Sabe-se que o líquido sinovial é uma fina lâmina líquida, que ficará cheia de células, assim, pela História familiar Importante questionar pois doenças autoimunes tem forte relação genética (marcadores genéticos), assim deve-se avaliar se há alguém na família ou o próprio paciente com doença autoimune, como tireoidite de Hashimoto que aumenta a chance do paciente ter lúpus. Hábitos de vida Inclui alimentação, tabagismo e etilismo, não só em relação a fator de risco para doenças reumatológicas, mas também em relação ao tratamento - visto que são usadas muitas medicações que são hepatotóxicas. Antecedentes Investigar se o paciente possui alguma doença autoimune e histórico gestacional (relação de aborto com SAF). Existem fatores que o paciente não costuma referir por isso devem ser perguntados ativamente, como fotossensibilidade e fenômeno de Raynaud (mão roxa no frio). EXAME FÍSICO Ademais, no exame físico é essencial realizar: Inspeção estática e dinâmica LAYANE SILVA Deve-se observar o paciente como um todo, como ele caminha, como ele senta na maca, ou seja, analisar a mobilidade do paciente. Ela é composta por células dendríticas (principais), macrófagos, neutrófilo, células NK (natural killer) e sistema complemento, que se ativam para deter o invasor, isso acontece por meio de vários receptores, entre eles os receptores toll like (local de atuação da hidroxicloroquina para realizar imunomodulação). IMUNOLOGIA A principal função do sistema imune é prevenir e erradicar infecções, e a junção das suas células e moléculas é chamado de sistema imunológico - cujas citocinas e mediadores são utilizados em tratamentos na reumatologia e imunologia. Como exemplo, existem medicações que são Anti TNF-a, visto que o TNF-a é um mediador importante da maioria dos processos inflamatórios. Palpação Buscar palpar sinais inflamatórios que, na reumatologia, é chamada de sinovite, que é a inflamação das sinóvias em algumas articulações, sendo palpável nas mais superficiais. Ativação do sistema imune Inicialmente, no minuto zero (0) ocorre a ativação da imunidade inata, que é inespecífica (não possui especificidade contra um patógeno), ou seja, ela vai atacar qualquer organismo que esteja invadindo. Imunidade inata Resposta inespecífica Rápida Fagocitose como principal mecanismo Após 12 horas, há a apresentação do antígeno, ou seja, o sistema imune inato é responsável por identificar o patógeno, pegar uma porção do patógeno e apresentar ao linfócito T. Este irá processar a informação e ativar linfócito B, que, por fim, vai produzir os anticorpos. Além disso, pode haver ativação direta dos linfócitos B, caso haja linfócitos B de memória, que são adquiridos em indivíduos que já tiveram a infecção ou que já foram vacinados, o que torna a resposta muito mais rápida. No início da produção de linfócitos B, observa-se a produção do anticorpo do tipo IgM, este é o primeiro tipo de imunoglobulina que é produzido pelos anticorpos, normalmente produzido após 5-7 dias, e, depois de 10-14 dias, há produção de IgG. Testes específicos Os testes específicos são voltados para tentar fazer a principal diferenciação entre dor articular inflamatória e mecânica, e dependem do tipo de acometimento. Além de defender contra infecções, o sistema imunológico atua contra tumores, ou seja, células neoplásicas iniciais. Ademais, as respostas imunológicas anormais podem levar a várias doenças inflamatórias e grande morbidade e mortalidade, tais como doenças autoimunes e autoinflamatórias e sepse - além de atuar no processo de transplante de órgãos. As células dendríticas são as principais células apresentadoras de antígenos, é composta por vários receptores que vão se ligar ao patógeno invasor com diferentes características. Entre eles: os receptores mono like normalmente se ligam a vírus e receptores de manose se ligam ao polissacarídeos das bactérias - a partir deles, há possibilidade de apresentar o antígeno para o linfócito T. LAYANE SILVA Portanto, na sorologia, se houver IgM significa que a infecção está ativa, e se IgG significa que o indivíduo já teve a infecção, foi vacinado ou já teve contato com aquele patógeno. No final, são produzidas as células de memória sobreviventes, que são os linfócitos B que irão permanecer com receptores “prontos” para caso aquele antígeno retorne, eles tenham uma resposta mais rápida. Imunidade adaptativa Resposta altamente específica Dependente de linfócitos T e B Produção de anticorpos Observa-se que no anticorpo há uma cadeia imutável na parte inferior e uma cadeia mutável na parte superior, que será a parterelacionada com o antígeno. CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENO Antígenos intracelulares (vírus) Antígenos extracelulares (bactérias) Alguns antígenos podem estimular diretamente a resposta imunitária, mas em geral as células T da resposta da imunidade adquirida requerem células apresentadoras de antígenos (CAAs) apresentem peptídeos dos antígenos no interior das moléculas do complexo MHC. Estes podem ser processados e apresentados às células T CD8 citotóxicas por qualquer célula nucleada do organismo, pois todas expressam moléculas MHC classe I. Estes precisam ser processados em peptídeos e formar complexos com as moléculas de superfície do MHC de classe II nas células apresentadoras de antígenos para serem reconhecidos pelos linfócitos T CD4 (Th) auxiliares. Células dendríticas Células dendríticas foliculares Presentes nos linfonodos, em tecidos e na pele (células de Langerhans), onde capturam o antígeno e deslocando-se até os linfonodos, onde podem ativar linfócitos T. Não expressam moléculas do MHC da classe II e não apresentam antígeno para as células Th, não são fagocíticas, e tem receptores para região Fc da immunoglobulina (Ig) G e para complemento, o que as torna aptas a se ligarem a imunocomplexos e apresentá-los às células B nos centros germinativos dos linfonodos secundários. Monócitos Precursores dos macrófagos teciduais, migram para os tecidos, e em cerca de 8 horas, diferenciam-se em macrófagos em decorrência da ação do M-CSF. Nos locais de infecção, as células T ativadas secretam citocinas, as quais induzem a produção do fator inibidor de migração de macrófagos, prevenindo a saída dessas células do local. Macrófagos São ativados por citocinas e componentes microbianos, agem destruindo os microrganismos intracelulares e secretando IL-10 e fator de necrose tumoral (FNT) alfa - tem diferentes subtipos que atuam na amplificação ou limitação da resposta inflamatória. LINFÓCITOS Células B (que maturam na medula óssea) Células T (que maturam no timo) Podem ser diferenciados pelos receptores de superfície específicos do antígeno e por outras moléculas de superfície celular denominadas conglomerados de diferenciação (CD). Estas atuam na adesão celular, sinalização celular, como receptores para a região Fc das imunoglobulinas, como receptores para os componentes do sistema complemento e outros. Células B Resposta imunitária primária Resposta imunitária secundária (anamnésica ou impulsionadora) 5-15% dos linfócitos no sangue, também estão presentes na médula óssea, baço, nos linfonodos e tecidos linfoides associados à mucosa. Podem apresentar antígenos para células T e liberar citocinas, e tem como função transformar em plasmócitos, que produzem e secretam anticorpos. É o primeiro encontro das células naive maduras com o antígeno que faz com que elas se transformem em linfoblastos, sofram proliferação clonal e se diferenciem em células de memória. Ocorre quando as células B e Th de memória são reexpostas ao antígeno, estas se proliferam rapidamente e se diferenciam em plasmócitos maduros, produzindo e secretando imediatamente muitos anticorpos. Células T Helper Reguladora (supressora) Citotóxica Essas células derivam da célula-tronco hematopoiética e migram para o timo, onde se diferenciam em: Eles reagem ao autoantígeno apresentado por moléculas MHC e são eliminadas por apoptose. LAYANE SILVA Células Th1 Linfócitos Th2 Células Th17 Promovem a imunidade mediada por células via células T citotóxicas e macrófagos e, portanto, estão particularmente envolvidas na defesa contra patógenos intracelulares, também podem promover a produção de algumas classe de anticorpos. São adeptos à promoção da produção de anticorpos por linfócitos B (imunidade humoral) e estão envolvidos no direcionamento de respostas cujo alvo são agentes patogênicos extracelulares. Promovem a inflamação nos tecidos. DOENÇAS AUTOIMUNES Classe I: HLA-A, B e C Classe II: HLA-DR, DQ Classe III: C4A, C4B, C2, Fator B, LTB, TNFa AR: HLA-DR4 LES: HLA DR2 e 3 SSJ: HLA-DQA1 Sabe-se que as doenças autoimunes tem componente genético importante, presente na maioria dos pacientes (não há uma doença em que 100% dos pacientes possuem um mesmo gene). Muitos estudos estão associados ao HLA, que é o antígeno leucocitário humano, situa-se no braço curto do cromossomo 6, corresponde a uma porção importante do genoma (0,1%), e é responsável pela apresentação do antígeno para o linfócito B. Assim, a expressão desse gene irá atuar no receptor que vai fazer a ativação do linfócito T, para isso eles estão distribuídos em 3 regiões distintas denominadas: Normalmente, os genes patológicos estão nas classes I e II, assim, quanto às doenças observa-se que: principal, proteína catiônica eosinofílica e várias enzimas. Além disso, são grande fonte de mediadores inflamatórios. Células T reguladoras (Treg) Medeiam a supressão das respostas imunitárias e normalmente expressam o fato de transcrição Foxp3, compreendem os linfócitos T CD4 ou CD8 que se desenvolvem no interior do timo (Treg natural) ou a partir de linfócitos T convencionais após o encontro com o antígeno na periferia (Treg induzido). Secretam citocinas, como fator de crescimento transformador (TGF)-beta e interleucina (IL)-10, que têm propriedades imunossupressoras, ou suprimem a resposta imune por mecanismos que requerem contato de uma célula com a outra e envolvem moléculas de superfície celular. Células Tc Apresentam o marcador CD8, mas podem ser CD4, são essenciais para a eliminação de patógenos intracelulares - também possuem um papel importante na rejeição de transplantes de órgãos. Células T natural killer (NKT) Subgrupo diferenciado de células T, que quando ativadas secretam IL-4 e interferon gama e podem ajudar a regular a resposta imune. MASTÓCITOS Estão nos tecidos e são funcionalmente semelhantes aos basófilos que circulam no sangue, atuam na produção de respostas inflamatórias agudas. CÉLULAS NATURAL KILLER (NK) São células linfoides inatas, representam 5-15% das células mononucleares, induzem a apoptose das células infectadas ou com várias outras anomalias, podem secretar várias citocinas, principalmente IFN gama. Assim, podem influenciar a imunidade adquirida, promovendo a diferenciação das células T auxiliares do tipo 1 (Th1) e inibindo células T auxiliares do tipo 2 (Th2). LEUCÓCITOS POLIMORFONUCLEARES Neutrófilos Representam 40-70% dos leucócitos, é a primeira linha de defesa contra a infecção, tem meia-vida de 2-3 dias, na resposta inflamatória aguda são atraídas por fatores quimiotáticos e alertadas pela expressão das moléculas de adesão no endotélio dos vasos sanguíneos, deixam a circulação sanguínea e penetram nos tecidos para fagocitar e digerir patógenos. Eosinófilos Representam até 5% dos leucócitos, tem como alvo os organismos grandes demais para serem engolidos; eles matam secretando substâncias tóxicas, proteína básica Basófilos Representam < 5% dos leucócitos, têm receptores de alta afinidade para IgE, que desencadeiam desgranulação celular com liberação dos mediadores inflamatórios pré- formados e produção de mediadores recém-formados.
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