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Educação Física

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FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
DO ENSINO DA EDUCAÇÃO
FÍSICA
Bruna Chaves
FACULDADE ÚNICA
DE IPATINGA
2
Menu de Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo da apostila, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Elas são
para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada uma com
uma função especifica, mostradas a seguir:
3
SUMÁRIO
DOCUMENTOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO FÍSICA ......................... 6
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS (DCNS) E A EDUCAÇÃO FÍSICA ............. 6
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) E A EDUCAÇÃO FÍSICA ........... 8
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCNS) E A EDUCAÇÃO FÍSICA ...... 14
PLANEJAMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DE PROPOSTA DE ENSINO DIRECIONADA AO
ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA.................................................................................... 15
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 18
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA................................ 22
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA.................................. 22
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DA CRIANÇA. .................... 29
A CRIANÇA INTERAGINDO COM O MUNDO ........................................................ 30
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 32
DESCOBRINDO O CORPO ..................................................................... 33
A CORPOREIDADE NA CRIANÇA ........................................................................... 37
CORPOREIDADE, EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL ............................ 38
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 41
EDUCAÇÃO CORPORAL......................................................................... 46
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DE AULAS
DE EDUCAÇÃO CORPORAL. ........................................................................................ 46
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 53
LINGUAGEM CORPORAL E SUAS POSSIBILIDADES ............................... 57
A LINGUAGEM CORPORAL E SUAS POSSIBILIDADES............................................. 57
A LINGUAGEM CORPORAL EM ESPORTES, JOGOS, LUTAS E GINÁSTICAS........... 58
A LINGUAGEM CORPORAL EM ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS. .............. 63
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 65
ATIVIDADES LÚDICAS ............................................................................. 70
ENTENDENDO AS ATIVIDADES LÚDICAS................................................................. 70
FUNÇÃO PEDAGÓGICA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL . 73
FUNÇÃO PEDAGÓGICA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO ENSINO
FUNDAMENTAL........ ...................................................................................................... 75
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 77
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................... 81
REFERÊNCIAS........................................................................................... 82
UNIDADE
01
UNIDADE
02
UNIDADE
03
UNIDADE
04
UNIDADE
05
UNIDADE
06
4
CONFIRA NO LIVRO
A primeira unidade, “Documentos norteadores”, terá como
finalidade apresentar os documentos norteadores da educação
nacional e suas contribuições no campo da Educação Física.
Discutiremos primeiro o documento “Diretrizes Curriculares Nacionais”
(DCNs) que fundamenta os cursos de Graduação em Educação
Física. Em seguida abordaremos os documentos “Base Nacional
Comum Curricular” (BNCC) e “Parâmetros Curriculares Nacionais”
(PCNs), construtos fundamentais e norteadores no planejamento e
sistematização do ensino da Educação Física.
Na segunda unidade, “Aspectos do desenvolvimento da
criança”, apresentaremos os aspectos do desenvolvimento
motor e psicossocial da criança, abordando conceitos
fisiológicos para a análise do desenvolvimento e conceitos
psicológicos e sociais para compreender a interação da criança
com o mundo.
A terceira unidade, “Descobrindo o Corpo”, vem tratar da
corporeidade enquanto espaço próprio do sujeito, neste caso, a
criança e o mundo que a cerca. Discutiremos sobre a corporeidade
presente no fazer diário da criança. Apresentaremos as relações
estabelecidas entre a corporeidade, a Educação Física e a criança
no processo educacional.
Na unidade “Educação corporal”, apresentaremos o conceito e
aplicabilidade da educação corporal. Apontaremos e discutiremos
os princípios pedagógicos e metodológicos no desenvolvimento
das aulas de educação corporal ou educação pelo movimento.
A quinta unidade, “A linguagem corporal e suas possibilidades”, se
propõe a explicar o construto linguagem corporal e suas
possibilidades de utilização, tratando de suas concepções e
contribuições no desenvolvimento integral da criança. Depois, de
forma detalhada, trataremos da linguagem corporal em segmentos
separados: primeiro no eixo “Esportes, jogos, lutas e ginásticas” e
“Atividades rítmicas e expressivas”.
Finalizando, a sexta unidade “Atividades Lúdicas” traz uma
contextualização das atividades lúdicas como opção interventiva
na educação infantil e no ensino fundamental, abordando suas
funções pedagógicas em cada fase de ensino.
5
INTRODUÇÃO
O livro tem como objetivo central oferecer bases teóricas e cientificas para a
elaboração de planejamentos coerentes com as normativas curriculares e as
características e especificidades do grupo de alunos para qual serão aplicados,
privilegiando o ensino aprendizagem das habilidades motoras numa formação
integralizada.
Durante o livro, percorremos o caminho, primeiro de elencar os principais
apontamentos trazidos pelos documentos que norteiam o ensino da Educação Física
e também o documento que regulamenta a formação dos cursos superiores em
Educação Física. Em seguida, apresentamos os aspectos do desenvolvimento motor
e psicossocial da criança, que servem de base para a atuação e sistematização de
trabalho do educador. Também trilhamos a vertente da corporeidade para entender
mais sobre o corpo da criança e sua interação com o mundo que o cerca.
Com bases nesses conhecimentos, foi possível relacionar princípios
pedagógicos e metodológicos para o desenvolvimento das aulas de educação
corporal, contemplando a linguagem corporal através das atividades esportivas,
jogos, lutas, ginasticas, atividades rítmicas e expressivas, como também explorar os
construtos acerca da função pedagógica das atividades lúdicas no Ensino Infantil e
Fundamental.
Nossa pretensão foi construir uma referência de ação pedagógica para o
professor de Educação Física e principalmente para qualquer educador que tenha
na sua carreira docente, a linda missão de trabalhar esse conteúdo, rico em
possibilidades, expressão maior da cultura e diversidade humana.
6
DOCUMENTOS NORTEADORES DA
EDUCAÇÃO FÍSICA
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS (DCNS) E A EDUCAÇÃO FÍSICA
As diretrizes curriculares constituem orientações para a elaboração dos
currículos que devem ser, necessariamente, adotadas por todas as Instituições de
Educação Superior (IES). Elas são atribuições formuladas e sugeridas pelo Ministério
da Educação através do Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2018).
Para a formação do profissional de Educação Física, uma nova resolução
publicada em dezembro de 2018 traz como proposta a formação curricular com um
bloco comum no início do curso de 1600 horas e depois, formações específicas em
bacharelado ou licenciatura com mais 1600 h. Ambas formações totalizam 3200 h,
com prazo mínimo de 4 anos.
Segundo a Resolução CNE/CES nº 06/2018, em seu Art. 3º,
A Educação Física e ́ uma área de conhecimentoe de intervenção
profissional que tem como objeto de estudo e de aplicação a
motricidade ou movimento humano, a cultura do movimento
corporal, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício
físico, da ginástica, do jogo, do esporte, das lutas e da dança, visando
atender às necessidades sociais no campo da saúde, da educação
e da formação, da cultura, do alto rendimento esportivo e do lazer
(BRASIL, 2018).
Neste contexto, estas DCNs em Educação Física representam um marco no
processo de formação dos estudantes por priorizar a aquisição de competências,
habilidades e atitudes, durante a graduação, que possibilitarão o futuro profissional
alcançar os seguintes perfis:
O graduado Bacharel em Educação Física terá formação geral,
humanista, técnica, crítica, reflexiva e ética, qualificadora da
intervenção profissional fundamentada no rigor científico, na reflexão
filosófica e na conduta ética em todos os campos de intervenção
profissional da Educação Física, exceto à docência na Educação
Básica. O graduado Licenciado em Educação Física terá formação
humanista, técnica, crítica, reflexiva e ética, qualificadora da
intervenção profissional fundamentada no rigor científico, na reflexão
filosófica e na conduta ética no magistério, ou seja, na docência do
UNIDADE
01
7
componente curricular Educação Física, tendo como referência a
Legislação própria do Conselho Nacional de Educação,
especificamente, a Resolução CNE/CP 02/2015 (BRASIL, 2018, p. 3).
Diante dos perfis de egressos propostos, vale enfatizar a importância do
planejamento e organização dos currículos por parte das instituições de ensino
superior e dos órgãos competentes para a fiscalização do cumprimento das
aplicações das diretrizes na organização e elaboração dos Projetos Pedagógicos dos
cursos.
Assim, é relevante compreender os objetivos das DCNs aqui listados: favorecer
aos alunos do curso de graduação em Educação Física consolidada formação
teórico-prática, interdisciplinar e humanista, assegurando a formação de profissionais
com autonomia, ética, discernimento e criticidade, de modo que se garanta a
integralidade da atenção em saúde e em educação, e a qualidade e humanização
do atendimento oferecido aos indivíduos, famílias e comunidades (BRASIL, 2018).
Para Mello (2000, p. 102):
[...] a formação do professor precisa tomar como ponto de referência,
a partir do qual orientará a organização institucional e pedagógica
dos cursos, a simetria invertida entre a situação de preparação
profissional e o exercício futuro da profissão. As diretrizes que se
seguem procuram avançar nessa característica, buscando tornar
coerente a formação do professor com a simetria existente entre essa
formação e o futuro exercício da profissão.
Assim fica a reflexão acerca do profissional que está sendo formado pelas
instituições frente às demandas de educação que a sociedade contemporânea
exige dentro do contexto diversificado e plural que a constitui.
8
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) E A EDUCAÇÃO FÍSICA
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter
normativo que determina o conjunto essencial e progressivo de aprendizagens que
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da
Educação Básica de maneira a que tenham assegurados seus direitos de
aprendizagem e desenvolvimento, em consonância com o que preceitua o Plano
Nacional de Educação (PNE).
Esta definição está no corpo do documento e juntamente com ela
apresentam-se objetivo e justificativa:
Referência nacional para a formulação dos currículos dos sistemas e
das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e
das propostas pedagógicas das instituições escolares, a BNCC integra
a política nacional da Educação Básica e vai contribuir para o
alinhamento de outras políticas e ações, em âmbito federal, estadual
e municipal, referentes à formação de professores, à avaliação, à
elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta
de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da
educação.
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação
das políticas educacionais, enseje o fortalecimento do regime de
colaboração entre as três esferas de governo e seja balizadora da
qualidade da educação. Assim, para além da garantia de acesso e
permanência na escola, é necessário que sistemas, redes e escolas
garantam um patamar comum de aprendizagens a todos os
estudantes, tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamental
(BRASIL, 2017a, p. 8).
O documento traz como fundamentos pedagógicos o foco no
desenvolvimento de competências e o compromisso com a educação integral,
concepções voltadas para desenvolver no aluno não apenas o “saber”, mas
principalmente o “saber fazer”, reconhecendo, assim, que a Educação Básica deve
visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender
a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões
reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual ou a dimensão afetiva.
(BRASIL, 2017a).
9
O documento contempla as três etapas da Educação Básica (Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). Com uma estrutura baseada nas
competências conforme figura a seguir.
Figura 1: Competências Gerais da Educação Básica
Fonte: Brasil (2017a)
Entendendo um pouco mais do documento para a Educação Infantil, é
importante frisar a adoção da concepção que vincula “educar e cuidar”, onde
cuidado é algo indissociável do processo educativo.
Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os
conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e
no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas
pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o universo de experiências,
conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e
10
consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira
complementar à educação familiar – especialmente quando se trata
da educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve
aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e escolar),
como a socialização, a autonomia e a comunicação (BRASIL, 2017a,
p. 36).
De acordo com a Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (DNCEI), no seu 9º artigo, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças
na Educação Infantil, têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira,
garantindo às crianças os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-
se e conhecer-se. Esses eixos estão organizados em cinco campos de experiências,
o que possibilita trabalhar os conteúdos da Educação Física de maneira a otimizar a
aquisição da competência proposta.
Os eixos são assim apresentados:
 eu, o outro e o nós.
 Corpo, gestos e movimentos.
 Traços, sons, cores e formas.
 Escuta, fala, pensamento e imaginação.
 Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
A aplicação do conteúdo Educação Física somente será realizado
qualitativamente se tiver como referencial os eixos citados; o conhecimento acerca
das características e especificidades dos eixos é primordial para o planejamento e
estruturação das aulas de Educação Física.
A proposta de aprendizagem integral com a participação ativa da criança
somente será possível se as práticas pedagógicas nas creches e pré-escolas forem
plurais e carregadas de intencionalidade educativa. Essa intencionalidade
educativa consiste na organização e proposição de experiências que permitam às
crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender as relações com a
natureza, com a cultura e com a produção científica, traduzidas nos cuidados
pessoais, nas brincadeiras, nas experimentações, na aproximação com a literatura e
no encontro com as pessoas (BRASIL, 2017b).
Nas etapas do Ensino Fundamental e Ensino Médio, a Educação Física é
apresentada em capítulos específicos. O conteúdo Educação Física está
contemplado no item Linguagens e está definido no documentocomo sendo “o
11
componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de
codificação e significação social, entendidas como manifestações das
possibilidades expressivas dos sujeitos” (BRASIL, 2017a).
Cada prática corporal propicia ao sujeito o acesso a uma dimensão de
conhecimentos e de experiências aos quais ele não teria de outro modo.
Esse modo de entender a Educação Física permite articulá-la à área de
Linguagens, resguardadas as singularidades de cada um dos seus componentes,
conforme reafirmado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
de Nove Anos (Resolução CNE/CEB nº 7/2010)37.
Entender a Educação Física como linguagem não deve minimizar sua
concepção de saúde, mas sim trazer para a concepção da educação com o olhar
voltado para o social, para os signos e significações culturalmente instalados.
Na BNCC os conteúdos da Educação Física são divididos em seis temáticas:
Brincadeiras e jogos; Esportes; Ginásticas; Danças; Lutas e Práticas corporais de
aventura. O documento dispõe, sobre essa divisão, as seguintes inferências:
Em princípio, todas as práticas corporais podem ser objeto do
trabalho pedagógico em qualquer etapa e modalidade de ensino.
Ainda assim, alguns critérios de progressão do conhecimento devem
ser atendidos, tais como os elementos específicos das diferentes
práticas corporais, as características dos sujeitos e os contextos de
atuação, sinalizando tendências de organização dos conhecimentos.
Na BNCC, as unidades temáticas de Brincadeiras e jogos, Danças e
Lutas estão organizadas em objetos de conhecimento conforme a
ocorrência social dessas práticas corporais, das esferas sociais mais
familiares (localidade e região) às menos familiares (esferas nacional
e mundial). Em Ginásticas, a organização dos objetos de
conhecimento se dá com base na diversidade dessas práticas e nas
suas características. Em Esportes, a abordagem recai sobre a sua
tipologia (modelo de classificação), enquanto Práticas corporais de
aventura se estrutura nas vertentes urbana e na natureza (BRASIL,
2017b, p. 219).
Pensando na flexibilização dos currículos e adequação às realidades locais, o
documento propõe a seguinte divisão dos conteúdos da Educação Física de acordo
com as seis temáticas para os anos iniciais (figura 2) e anos finais (figura 3):
12
Figura 2: Anos iniciais
Fonte: Brasil (2017a, p. 227)
Figura 3: Anos Finais
Fonte: Brasil (2017a, p. 213)
13
Para explicar a inserção do conteúdo da Educação Física no Ensino Médio, é
necessário primeiro apontar algumas modificações que objetivaram principalmente
a oferta de variados itinerários formativos.
Na direção de substituir o modelo único de currículo do Ensino Médio
por um modelo diversificado e flexível, a Lei nº 13.415/201754 alterou a
LDB, estabelecendo que:
O currículo do Ensino Médio será composto pela Base Nacional
Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser
organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares,
conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos
sistemas de ensino, a saber:
I – linguagens e suas tecnologias;
II – matemática e suas tecnologias;
III – ciências da natureza e suas tecnologias;
IV – ciências humanas e sociais aplicadas;
V – formação técnica e profissional (BRASIL, 2017b).
A Educação Física no Ensino Médio continua inserida no item Linguagens e
suas tecnologias, propondo extrapolar a prática por meio de sua reflexão,
estimulando o desenvolvimento da curiosidade intelectual, da pesquisa e
capacidade de argumentação. O pensar da prática no seu fazer contemplando o
“onde”, o “como” e “quando”.
Essa reflexão sobre as vivências contribui para a formação de sujeitos
que possam analisar e transformar suas práticas corporais, tomando e
sustentando decisões éticas, conscientes e reflexivas em defesa dos
direitos humanos e dos valores democráticos. (BRASIL, 2017b, p. 485).
14
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCNS) E A EDUCAÇÃO FÍSICA
Os Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam-se como um documento de
referência para a educação, principalmente no Ensino Fundamental em todo pais.
Documento que foi publicado em 1998, tem como funções orientar e garantir a
coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões,
pesquisas e recomendações (BRASIL, 1998):
Têm como objetivo subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos
Estados e Municípios, dialogando com as propostas e experiências já
existentes, incentivando a discussão pedagógica interna das escolas
e a elaboração de projetos educativos, assim como servir de material
de reflexão para a prática de professores (BRASIL, 1998, p. 29).
A Educação Física é contemplada no livro 7 para os anos iniciais do Ensino
Fundamental, chamados de 1º e 2º ciclos e no livro 8 para os anos finais, chamados
de 3º e 4º ciclos. Em ambos, os conteúdos estão divididos em três grandes blocos,
que se articulam entre si, guardando suas especificidades.
Figura 4: Blocos da Educação Física
Fonte: Adaptado de Brasil (1998)
15
Os PCNS abordam os conteúdos da Educação Física dentro de uma
perspectiva de cultura corporal de movimento, definida pelo
documento como sendo os “conhecimentos e representações que se
transformaram ao longo do tempo, ressignificadas, suas
intencionalidades, formas de expressão e sistematização” (BRASIL,
1998, p. 28).
De acordo com os estudos de Salerno (2004) a cultura corporal expressa-se em
conteúdos que permeiam as manifestações das ginasticas, danças, lutas, esportes e
os jogos, propondo ao aluno uma atitude reflexiva, exploratória, criativa e
compreensiva do mundo através da linguagem corporal. Portanto, nota-se que um
trabalho fundamentado na abordagem da cultura corporal visa desenvolver no
aluno não apenas o aspecto motor, mas principalmente os aspectos social, afetivo,
emocional, cognitivo, finalmente, busca atingir o altruísmo, a visão crítica e reflexiva
da realidade concreta.
PLANEJAMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DE PROPOSTA DE ENSINO
DIRECIONADA AO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
O planejamento e a sistematização de proposta de ensino são passos
fundamentais para o Ensino da Educação Física nos diversos ambientes. Consiste no
caminho metodológico para o alcance dos objetivos propostos e principalmente
para o desenvolvimento qualitativo das aulas e atividades.
A prática pedagógica do conteúdo Educação Física deve ser pautada em
um planejamento da seleção e organização dos conteúdos sustentado pelos
16
documentos norteadores da Educação Básica. Como apresentado anteriormente, a
BNCC e os PCNs servem de sustentação para o trabalho docente desde o momento
do planejamento até a fase de execução do mesmo.
Cada etapa da Educação (Ensino Infantil, Fundamental e Médio) traz
características fundamentais a serem observadas e respeitadas no planejamento,
contribuindo de forma adequada na formação completa do discente. Ambos
documentos trazem as especificidades e características de cada fase, os
procedimentos metodológicos e didáticos a serem adotados no ensino de cada
conteúdo.
O professor deve conhecer o Projeto Pedagógico da instituição onde leciona,
seja ela da esfera pública ou particular, e entender a importância deste documento
no ensino. Identificar em quais documentos da Educação Básica Nacional ele se
baseia, e então, juntamente com o conhecimento teórico dos fundamentos e bases
epistemológicas da Educação Física fazer o planejamento e sistematização do
conteúdo.
Segundo Crum (1993) duas ideologias têm contribuído para o não-ensino das
práticas de Educação Física na escola: o biologismo que reduz a Educação Física ao
treino físico e o pedagogismo que transforma a aula num recreio supervisionado.
A finalidade da Educação Física é o desenvolvimento integral da criança; um
bom desempenho psicomotor proporciona ao aluno um melhor desempenho
escolar, autoconfiança, socialização e melhor interação com o mundo. Corrobora
Bento (1987) que a Educação Física deverá transmitirexperiência e produzir
resultados de aprendizagem em três domínios: o aspecto técnico-motor ou dimensão
operativa; o aspecto interpessoal ou dimensão comunicativa; o aspecto cognitivo-
reflexivo ou dimensão discursiva.
As DCNs apresentadas no início do capítulo corroboram a importância da
formação qualificada do profissional de Educação Física, que precisa dos construtos
teóricos associados às experiências práticas vivenciadas ao longo da formação para
desenvolver uma postura crítica, ética e responsável de atuação, onde o
conhecimento e o planejamento sejam peças fundamentais no seu fazer
pedagógico.
É necessário capacitar melhor os professores para que eles estejam aptos a
promover uma educação integral do aluno e principalmente ter a capacidade para
detectar as dificuldades e fatores intervenientes no processo de aprendizagem dos
17
discentes, reconhecendo as falhas no processo, caso elas ocorram.
O olhar do educador deve ser para a pessoa na sua integralidade, o
aprendente que por meio do movimento corporal terá seu desenvolvimento
estimulado, trabalhado e assegurado, contribuindo para a formação de um adulto
com totais capacidades motoras, cognitivas e socioafetivas, proporcionando-lhe
uma melhor qualidade de vida ao longo dos anos.
18
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Aprender e ensinar são processos intimamente relacionados, nos quais o
planejamento tem um papel fundamental, que é:
a) favorecer a qualidade do trabalho docente a fim de que o aluno desenvolva sua
capacidade intelectual.
b) direcionar o desenvolvimento cognitivo e afetivo do aluno.
c) traduzir na prática as diferentes correntes teóricas relativa ao processo ensino
aprendizagem.
d) garantir a coerência e a unidade do trabalho docente por meio de interligação
dos elementos do processo de ensino.
e) direcionar a seleção de conteúdos que garantam o alcance dos objetivos
definidos pelo(a) professor(a).
2. Em suas orientações aos professores para o desenvolvimento do planejamento,
determinada coordenadora ressaltou que os professores devem analisar e ter
como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais, afirmando que elas
a) são o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e
procedimento da educação básica.
b) compreendem práticas de organização dos conteúdos programáticos e formas
de abordagem.
c) têm o intento de ser uma referência curricular e apoiar a criação e elaboração
da proposta curricular das escolas.
d) são orientações de qualidade para a educação básica, privada e superior do
país, criadas pelo Governo Federal.
e) correspondem à grade curricular a ser adotada e implementada pelas escolas
públicas e particulares.
3. Os PCN para o Ensino Fundamental e o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil explicitam que os objetivos:
a) Ao serem formulados a partir dos conteúdos necessários para o desenvolvimento
das capacidades cognitivas, reconhecem as relações dialéticas entre objetivos e
conteúdo.
19
b) Ao indicarem as capacidades as serem desenvolvidas pelos alunos, orientam a
seleção de conteúdos como meio para o desenvolvimento dessas capacidades,
reconhecendo as relações dialéticas entre objetivos e conteúdos.
c) Ao indicarem as finalidades a serem alcançadas, por todos os alunos, com o
mesmo nível de assimilação, determinam que a avaliação é comum a todos os
educandos.
d) Ao orientarem as atividades que o professor deve desenvolver na sala de aula,
garantem a assimilação dos conteúdos pelos educandos.
e) Ao possibilitarem a reflexão crítica sobre o conteúdo conceitual, deixam os
procedimentais para serem realizados e aprendidos depois.
4. A tarefa da Educação Física escolar segundo o PCN é garantir aos alunos:
a) Acesso às práticas da cultura corporal de movimento.
b) Conhecimento sobre saúde e estética. Valorização e seleção daqueles mais
aptos fisicamente.
c) Seleção de talentos esportivos.
d) Priorização pelo desempenho técnico esportivo.
e) Aprendizado do conteúdo esporte especializado.
5. Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial para ser utilizado
pelas escolas e educadores na elaboração de seu Projeto Pedagógico. Trata-se
de um referencial curricular prioritariamente comprometido com:
a) uma escola de qualidade para todos os alunos, que garanta o acesso a
conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários para
o exercício da cidadania.
b) uma concepção de educação que privilegia a aprendizagem de conteúdos
curriculares tendo em vista as demandas do mercado de trabalho da sociedade
do conhecimento, mas que também traduzam a adequação da escola aos
interesses da comunidade em que se insere.
c) um modelo interdisciplinar de currículo no qual são valiosas as experiências de
vida prévia dos alunos, dos seus saberes cotidianos e aspirações profissionais.
d) um projeto pedagógico estabelecido em âmbito nacional e cujos componentes
curriculares devem ser dele extraídos para garantir a identidade cultural do povo
20
brasileiro.
e) nenhuma das alternativas.
6. Além dos esportes, jogos, lutas e ginasticas tradicionalmente desenvolvidos nas
aulas de Educação Física, os PCN colocam como blocos de conteúdo desta
área:
a) Atividades rítmicas e expressivas, formas logicas de raciocinar.
b) Atividades rítmicas e expressivas, conhecimentos sobre o corpo.
c) Conhecimentos sobre o corpo, formas abstratas de pensar.
d) Ética, organização social e cívica brasileira
e) Organização social e cívica brasileira, orientação sexual.
7. “A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter
normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens
essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus
direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que
preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE)”. (Fonte: BRASIL, 2017, p. 7).
Considerando a concepção presente no texto, analise as afirmativas a seguir:
I. A BNCC reconhece que a Educação Básica deve visar à formação e ao
desenvolvimento humano global, o que implica compreender que esse
desenvolvimento é linear.
II. A dimensão conceitual da BNCC permite que os estudantes desenvolvam
aproximações e compreensões sobre os saberes científicos e os presentes nas
situações cotidianas.
III. A noção de competência é definida na BNCC como a mobilização de
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas
complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo
do trabalho.
IV. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão a serviço do desenvolvimento de
competências, a LDBEN orienta a definição das aprendizagens dos conteúdos
mínimos a serem ensinados na proposta da BNCC.
21
Está CORRETO apenas o que se afirma em:
a) I e II.
b) III e IV.
c) I e III.
d) II e IV.
e) II e III.
8. De acordo com os PCN, analise as afirmativas a seguir que descrevem as
características comuns entre a Educação Física e as outras linguagens:
I. Apresentam a capacidade de articular significados e compartilhá-los.
II. Têm como grande objetivo a interação.
III. Desenvolvem meios para a interpretação de fatos naturais.
IV. Constituem uma herança social.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas
e) Todas as afirmativas estão corretas.
22
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO
DA CRIANÇA
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA
O conhecimento dos aspectos do desenvolvimento motor da criança torna-
se essencial do ponto de vista educacional e esses conceitos deverão guiar a
atuação docente. O estudo do desenvolvimento motor da criança permite ao
professor planejar suas aulas e atividades dos conteúdos da Educação Física
identificando a correta adequação das práticasàs fases do desenvolvimento.
Segundo Bacil, Silva e Mazzardo (2020) desenvolvimento e crescimento são
termos distintos, mas indissociáveis. Esses dois processos ocorrem ao mesmo tempo e
sua velocidade é determinada pela maturação e pelas experiências vivenciadas
pelo indivíduo nesse período. Crescimento refere-se ao aumento de tamanho do
corpo ou partes dele, pode ocorrer por hiperplasia, hipertrofia ou agregação, onde
hiperplasia é o aumento do número de células, hipertrofia consiste no aumento do
tamanho das células e agregação é o acréscimo de substâncias intercelulares. O
desenvolvimento envolve aspectos biológicos, motores, cognitivos e sociais.
O desenvolvimento pode ser classificado pela idade cronológica (idade
contada em anos, meses e dias) e pela idade biológica (determinada pela idade
morfológica, óssea, dental e sexual).
O desenvolvimento inclui todos os aspectos do comportamento
humano e, como resultado, somente artificialmente pode ser
separado em “áreas”, “fases” ou “faixas etárias”. [..] Muito pode ser
ganho com o aprendizado do desenvolvimento motor em todas as
idades e com a análise desse desenvolvimento como um processo
que dura toda a vida (GALLAHUE et al., 2003).
UNIDADE
02
23
Assim, além de conhecer as características biológicos do crescimento e
desenvolvimento motor, é importante avalia-las dentro do meio em que ocorrem.
A literatura aponta uma atenção demasiada dos estudiosos da área em
pesquisar e compreender os mecanismos que direta ou indiretamente pode
influenciar nas fases do desenvolvimento humano e se qual a relação com os
estímulos que são recebidos do meio.
Exemplo dessa inquietude é a contribuição de Payne e Isaacs (2007, p. 2)ao
definir o desenvolvimento motor como “o estudo das mudanças no comportamento
motor humano durante as várias fases da vida, os processos que servem de base para
essas mudanças e os fatores que os afetam”.
O desenvolvimento motor é mais significativo nos primeiros anos de vida, onde
a criança percebe o mundo e aprende a se comunicar com o meio, sendo que esta
comunicação também ocorre através dos movimentos.
As mudanças no desenvolvimento motor ocorrem demoradamente, e
principalmente na infância; os seis primeiros anos são decisivos para se determinar
que tipo de adulto essa pessoa se tornará.
Nos primeiros anos de vida, a criança desenvolve as habilidades necessárias
para explorar o ambiente que a cerca, buscando compreender e interagir com ele.
Vivencia seus primeiros contatos motores e sociais e desenvolve-se de maneira única
e particular conforme o meio onde vive.
O desenvolvimento motor é um processo contínuo, ordenado e sequencial,
normalmente igual para todos na ordem em que acontece, mas em velocidade de
progressão diferente, de acordo com as características individuais de cada pessoa.
Harrow (1983) a partir da análise do encadeamento do desenvolvimento,
coloca que o domínio motor se processa através dos movimentos reflexos –
habilidades básicas, que são os movimentos voluntários; habilidades específicas, que
são movimentos mais complexos, e a comunicação não verbal, que permite ao
indivíduo expressar-se por meio do corpo.
24
As vivências motoras pertencem ao dia-a-dia das crianças e representam
toda e qualquer atividade corporal realizada nos diversos ambientes onde a criança
transita. As experiências motoras vivenciadas pelas crianças na rotina da vida diária
eram suficientes para a aquisição das habilidades motoras. Através do brincar
livremente, seja em ambientes públicos, como praças e ruas, bem como no próprio
lar, contribuíam para o aprimoramento do seu desenvolvimento motor (NETO et al.,
2004).
As habilidades motoras são explicadas como domínios motores voluntários, ou
seja, dependem da vontade para que ocorram e é um processo de desenvolvimento
inter-relacionado, pois está intimamente ligado aos fatores cognitivos e afetivos dos
seres humanos.
Todo o desenvolvimento humano transita por etapas que garantem a
continuidade da evolução e a qualidade da habilidade adquirida. Durante a
continuação do amadurecimento e desenvolvimento motor, passa-se por fases que
irão proporcionar o aprendizado e domínio das competências e habilidades motoras
que irão resultar em movimentos mais evoluídos e precisos.
Segundo a literatura, as principais teorias do desenvolvimento motor são a
maturacional, a ambiental, a ecológica, a do processamento de informação, a da
montanha e a da ampulheta de Gallahue.
O quadro abaixo apresenta algumas características de cada uma dessas das
teorias.
25
Figura 5: Teorias do desenvolvimento motor
TEORIA CARACTERÍSTICAS
MATURACIONAL
Gesell (1928) e Mcgraw (1935). O desenvolvimento motor é resultado
dos processos biológicos inativos do indivíduo. Desenvolvem
habilidades motoras de uma forma invariável e sequencial pré-
determinada, independentemente da diversidade dos ambientes.
AMBIENTAL
Robert Havighrust (1972). O desenvolvimento é uma interação entre
os fatores biológicos, socias e culturais. Essa teoria propõe uma serie
de tarefas especificas que são determinadas pela sociedade e tem
um tempo ideal de execução em todas as etapas da vida do
indivíduo até a velhice.
ECOLÓGICA
Surge entre 1980 e 1990 e enfatiza a inter-relação entre o indivíduo,
ambiente e tarefa para o desenvolvimento de uma habilidade
motora. Existem duas teorias ecológicas: a teoria dos sistemas
dinâmicos e a teoria do ambiente comportamental.
PROCESSAMENTO
DE INFORMAÇÃO
Richard A. Schmidt e Craig A. Wrisburg (1970 e 1980). Segundo essa
perspectiva, o cérebro age como um computador, recebendo
informações, processando e respondendo com o movimento. O ser
humano é passivo na aprendizagem, espera que um estimulo ocorra
no ambiente para então responder.
DA MONTANHA
Clark e Metcalf (2002). O desenvolvimento motor é comparado a
escalar uma montanha, onde o tempo necessário para aprender
muitos movimentos é comparado à árdua subida de uma
montanha.
AMPULHETA
Gallahue (1982). Ampulheta heurística. Modelo mais utilizado.
Desenvolvimento motor é um processo ordenado e contínuo. A vida
é resultado de fatores internos (hereditariedade) e fatores externos
(ambiente). Explica a progressão da aquisição das habilidades
motoras pelo individuo por meio de fases e estágios.
Fonte: Bacil; Silva e Mazzardo (2020)
Dos modelos expostos, o mais utilizado e aceito no meio acadêmico é o da
Ampulheta de Gallahue (2013). Segundo o autor , a motricidade caminha através de
diferentes fases caracterizadas por uma série de ações motoras, apresentando
diversos estágios em cada uma delas. São esses os estágios propostos por sua teoria:
fase motora reflexiva, fase motora rudimentar, fase motora fundamental e fase
motora especializada.
Nos modelos teóricos desenvolvidos por Gallahue, o primeiro modelo
estabelece relações entre fase-estágio-idade aplicada ao desenvolvimento motor
durante o ciclo de vida. Esta teoria desvenda as relações existentes entre as faixas
etárias das fases motoras e suas características. O segundo leva em consideração os
vários fatores que podem influenciar o desenvolvimento motor, socioafetivo e
cognitivo, pois reconhece a integração entre o meio ambiente, hereditariedade e as
fases motoras (OLIVEIRA, 1992).
26
Figura 6: Primeiro Modelo Ampulheta de Gallahue
Fonte: Sanches, Santos e Riehl (2010)
Figura 7: Segundo modelo Ampulheta Ampliada de Gallahue
Fonte: Sanches, Santos e Riehl (2010)
27
Segundo Wiggers e Bencks (2010) pode-se perceber através dessa
classificação a continuidade do desenvolvimento motor, sendo que a passagem
pelas fases é importante para a evolução adequada do desenvolvimento. Nos
primeiros anos de vida, as crianças adquirem habilidades que são necessárias para
o desenvolvimento subsequente do movimento humano. As habilidades ao longo da
vida serão combinadas entre si para que se adquiram habilidades mais complexas.
Como já apontado, o ambiente ao qual a criança é exposta é determinante na sua
formação, sendo assim,suas habilidades serão coerentes com o seu “modus vivendi”.
Estes estudos têm predominância na infância, momento onde as principais
mudanças e adaptações ocorrem, mas se aplicam durante toda a vida. Na infância,
a criança começa a explorar o ambiente e suas habilidades corporais, utilizando o
movimento para esta interação e aprendizagem. Compreender o desenvolvimento
motor oportuniza a reflexão acerca de como ocorre essa aprendizagem. O professor
deve utilizar os conceitos, juntamente com as condições e situações específicas de
cada criança para promover uma intervenção satisfatória e adequada.
Existe uma linha muito tênue entre o desenvolvimento das funções motoras,
cognitivas e psíquicas; como não é possível dissociar a aprendizagem do movimento
da sua consciência de realização, ou seja, corpo e mente juntos na ação motora, é
importante entender como a criança aprende. Existem várias teorias sobre o assunto
e, dentre elas, a teoria do Desenvolvimento Cognitivo de Piaget é a mais abrangente.
Ela traz quatro estágios do desenvolvimento cognitivo, conforme exposto no quadro
abaixo.
Também foram contribuições significativas para entender como a criança
aprende os estudos de Vygotsky (1897-1934) e de Wallon (1879 – 1962). Segundo as
concepções de Piaget, Vygotsky e Wallon, a capacidade de conhecer e aprender
se constrói a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio. O quadro abaixo
traz uma comparação entre as teorias dos três estudiosos.
Quadro 1: Teorias
Autor JEAN PIAGET VYGOTSKY WALLON
Período 1896-1980 1897-1934 1879-1962
Pesquisador Yves de La Taille Marta Koh I Oliveira Izabel Galvão
28
Palavras-chave Construção doconhecimento Interação Social Afetividade
Eixos da teoria
Principais
conceitos
Assimilação/
Acomodação
Esquema /
Equilibração
Estágios do
Desenvolvimento
Mediação simbólica:
Instrumentos e signos
Zonas de
Desenvolvimento
proximal
O movimento:
express / instrum.
As emoções:
afetividade
A inteligência:
sincrético e cat.
A construção do Eu:
imitação / negação
Relação do
indivíduo com o
mundo
Adaptação
(conhecimentos
prévios)
Da parte para o
todo:
Processo de
socialização
(relação com o
mundo)
Do todo para a parte
Processo de
individuação
(“constituir-se”
indivíduo)
Papel do
professor/escola
Desequilibrar os
esquemas dos alunos
a partir de seus
conhecimentos
prévios
Intervir na Z.D.P, ou
seja, na distância
entre o que o aluno
já domina e o que faz
com ajuda
Considerar história do
aluno, demandas
atuais e perspectivas
(futuro)
Perfil do aluno Participante do processo de construção do conhecimento, co-autor,ativo, questionador
Fonte: Roque (2010)
Para Le Boulch (1982) é importante que na intervenção acerca do
desenvolvimento motor sejam proporcionadas, às crianças, momentos nas quais elas
tenham toda a confiança em seu corpo e em seu desempenho motor. Por esse
motivo a relevância de uma intervenção adequada às expectativas e demandas da
criança, respeitando suas particularidades.
29
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DA CRIANÇA.
As primeiras experiências sociais da criança ocorrem no ambiente familiar.
Todas as experiências vividas no lar e nos diversos locais onde a criança transita
interferem no seu desenvolvimento. Corrobora Wiggers e Benck (2010) que as
experiências da criança na primeira e segunda infâncias determinarão a extensão
do seu desenvolvimento.
A teoria biológica de Bronfenbrenner, também chamada de teoria do
ambiente comportamental, defende que o ambiente em que a pessoa vive e a
interpretação e ou percepção que ela dá ao meio definem em grande parte seu
comportamento e desenvolvimento (BACIL; SILVA; MAZZARDO, 2020).
Culturalmente, os pais exercem papéis diferentes nessa educação, mas de
forma geral, essas interações são responsáveis por um desenvolvimento integral da
criança. Até os 3 anos, a criança desenvolve processos cognitivos à medida em que
se relaciona com outras crianças, desempenhando novos papeis em atividades
sociais, aumentando a interação com seus pares e aquisição de habilidades
30
motoras. O brincar e o lúdico, nesse momento, são fundamentais para o sucesso
dessa fase.
Entre 3 e 6 anos, à medida que sua capacidade cognitiva vai aumentando, a
criança desenvolve o senso de identidade, desenvolve o autoconceito e constrói sua
autoestima. Aumentar o repertório motor nesse período contribui para a aquisição
das competências almejadas para essa fase. Após essa fase, a criança ainda
depende da opinião dos pais e adultos, com quem convive, para ter uma visão
crítica do mundo; é uma fase de construção dos conceitos de valor, onde predomina
a comparação de suas habilidades com as dos colegas. O gosto e prazer pela
prática das atividades físicas podem ser comprometidos caso a satisfação com o
desempenho não seja satisfatório.
Os aspectos do desenvolvimento psicossocial da criança apresentam uma
relação direta com o desenvolvimento das habilidades motoras. Aumentar o seu
repertório motor é ampliar suas possibilidades de exploração do mundo que a cerca.
Ganhar confiança na realização da prática motora proporciona influência no
temperamento da criança, na motivação para realizar os mesmos ou novos
estímulos.
Assim, a psicomotricidade, que consiste na relação entre o pensamento e a
ação, envolvendo a emoção, é fundamental nesse processo do desenvolvimento
psicossocial da criança. Atrasos no desenvolvimento da criança podem acarretar
dificuldades de adaptação social. Essas dificuldades também podem acontecer de
acordo com o tipo de personalidade e o grupo em que a criança está inserida.
A CRIANÇA INTERAGINDO COM O MUNDO
Nos primeiros anos de vida, a criança interage com o meio ambiente em que
vive, investiga, procura, pesquisa, é movida e motivada por tudo aquilo que chama
à atenção. Assim, quanto mais estimulante e atrativo for o ambiente onde essa
criança é criada, melhor e mais rápido ela irá desenvolver suas habilidades motoras,
cognitivas e sociais.
Assevera Borges (2009) que a criança é um organismo em constante relação
com o mundo dos objetos físicos e o mundo das relações sociais. Enquanto vivencia
essas interações ela constrói formas, que vão da condição simples a complexa,
agregando a sua inteligência potencialidades importantes.
31
É fundamental compreender que a criança não aprende de forma passiva,
como mera receptora dos ensinamentos trazidos pelos adultos. Ao contrário, ela é
agente do processo, sua contribuição é fundamental; é peça atuante no seu próprio
desenvolvimento. Dominar os construtos de como a criança entende e percebe o
mundo favorece sobremaneira na relação do educador com o educando, e
consequentemente traz contribuições positivas na prática pedagógica.
O processamento dos conceitos e informações se dá ao longo da vida em
níveis diferentes de gradação e isso acontece devido as condições diversas a qual a
criança vive e é submetida. Importante ponderar o fator motivacional para o sucesso
no processo de aprendizagem e socialização da criança, uma vez que, motivada, a
criança exerce melhor as atividades propostas.
Eckert (1993) elucida que é por meio das explorações contínuas, tanto
espaciais quanto materiais, que as crianças compreendem a natureza dos objetos,
proporcionando a capacidade de pensar e progredir de forma mais eficiente nos
aspectos cognitivos e motor.
O desenvolvimento global da criança apoia-se no comportamento
perceptivo-motor, o qual exige, como condição, variadas
oportunidades de aplicação: a exploração lúdica, o controle motor,
a percepção figura-fundo, integração intersensorial, noção de corpo,
espaço e tempo (PALAFOX, s.d).
Dessa forma, analisando a inter-relação dos pontos cognitivo, afetivo e motor,
o processo de aprendizagem deve ser focado na obtenção de habilidades motoras,
erguendo uma substancial base perceptivo-motor e afetivo social. A assimilação das
informações pelas crianças na pluralidade de ambientes por onde ela transita é de
fundamental importânciaem que pese o fato de isso complicar ou facilitar a
interação da dela com o mundo.
Ao longo de toda a infância, a criança se posiciona como receptora de
conceitos e conhecimentos, precisando interagir, mas nem sempre tem a
preparação e suporte para essas trocas.
32
33
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Estudos sobre desenvolvimento infantil apontam a infância como melhor período
para iniciação desportiva, levando em consideração características dos
desenvolvimentos motor, cognitivo, afetivo, social e moral das crianças. Malina e
Bouchart (2002) definem o crescimento como resultado de um complexo
mecanismo celular que envolve basicamente alguns dos fenômenos:
I. hiperplasia.
II. hipertrofia.
III. agregação.
IV. atrofia.
V. regeneração.
Dos itens citados, estão corretos apenas:
a) I e IV.
b) II, III e V.
c) I, IV e V.
d) III e V.
e) I, II e III.
2. Leia as afirmativas a seguir
I. As idades são simplesmente uma média.
II. Embora as pessoas geralmente passem, pela mesma sequência geral de
desenvolvimento, existe uma gama de diferenças individuais. Somente
quando o desvio destas normas é extremo é que existe motivo para considerar
o desenvolvimento de uma pessoa como excepcionalmente adiantado ou
atrasado.
III. A gama de diferenças individuais aumenta à medida que as pessoas
envelhecem.
Sobre as diferenças individuais que acontecem no Desenvolvimento Humano é
correto o que se afirma:
34
a) I, II e III.
b) I, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) II e III, apenas
3. (AMEOSC, 2015)
O desenvolvimento motor deve ser tratado de maneira correta pelos professores
de Educação Física escolar, a fim de não acelerar ou regredir com as progressões
que os alunos atingem. Para tanto é preciso conhecer o nível de desenvolvimento
de cada aluno e ainda conhecer a classificação de movimentos que poderá ser
trabalhado em cada faixa etária ou faixa de desenvolvimento. O movimento pode
ser dividido quanto aos aspectos musculares, temporais, ambientais e funcionais.
Assinale a alternativa que não corresponde ao aspecto funcional do movimento.
a) Rapido
b) Aberta.
c) Fechada
d) Manipulação.
e) Lento
4. (IDHTEC, 2011)
Julgue os itens a seguir:
I. Aprender a movimentar-se implica planejar, experimentar, avaliar, optar entre
alternativas, coordenar ações do corpo com objetos no tempo e no espaço,
interagir com outras pessoas, enfim, uma série de procedimentos cognitivos
que devem ser favorecidos e considerados no processo de ensino e
aprendizagem na área de Educação Física.
II. E embora a ação e a compreensão sejam um processo indissociável, em
muitos casos, a ação se processa em frações de segundo, parecendo
imperceptível, ao próprio sujeito, que houve processamento mental.
III. É fundamental que as situações de ensino e aprendizagem incluam
instrumentos de registro, reflexão e discussão sobre as experiências corporais,
35
estratégicas individuais e grupais que as práticas da cultura corporal oferecem
ao aluno.
Está (estão) correto(s):
a) I apenas.
b) II apenas.
c) II e III apenas.
d) I e II apenas
e) I, II e III
5. A aquisição de habilidades motoras nas aulas de Educação Física acontece
devido as seguintes variáveis indissociáveis:
a) Indivíduo, tarefa e ambiente.
b) Biologia, tarefa e indivíduo.
c) Tarefa, exercício e ambiente.
d) Maturação, cultura e ambiente.
e) Ambiente, biologia e indivíduo.
6. A população leiga e muitos profissionais da Educação Física ainda costumam
confundir os conceitos dos termos crescimento e desenvolvimento. No entanto, a
conceituação correta para tais termos é:
a) Desenvolvimento é o aumento físico do indivíduo, como um todo ou em suas
partes. Crescimento é o aumento da capacidade do indivíduo na realização de
funções cada vez mais complexas.
b) Crescimento é o aumento físico em estatura. Desenvolvimento é o aumento da
massa corporal.
c) Desenvolvimento é o aumento físico em estatura. Crescimento é o aumento da
massa corporal.
d) Desenvolvimento é o aumento do potencial motor aprendido ao longo da vida.
Crescimento é o aumento da composição corporal total.
e) Crescimento é o aumento físico do indivíduo, como um todo ou em suas partes.
Desenvolvimento é o aumento da capacidade do indivíduo a realização de
funções cada vez mais complexas.
36
7. Quais as habilidades motoras que são baseadas na maturação, aparecendo e
desaparecendo em sequência bastante rígida, desviando-se apenas na
frequência de sua aparição?
a) Especializadas e esportivas.
b) Complexas e generalizadas.
c) Reflexivas e rudimentares
d) Parciais e globais.
e) Fundamentais e elementares.
8. Considere as seguintes afirmativas:
I. No ser humano, constata-se uma tendência para a automatização do controle
na execução de movimentos, desde os mais básicos e simples até os mais
sofisticados. Esse processo se constrói a partir da quantidade e da qualidade do
exercício dos diversos esquemas motores e da atenção nessas execuções.
II. Quanto mais uma criança tiver a oportunidade de saltar, girar ou dançar, mais
esses movimentos tendem a ser realizados de forma automática. Menos atenção
é necessária no controle de sua execução e essa demanda atencional pode
dirigir-se para o aperfeiçoamento desses mesmos movimentos e no
enfrentamento de outros desafios.
III. O processo de ensino e aprendizagem deve, portanto, contemplar essas duas
variáveis simultaneamente, permitindo que o aluno possa executar cada
movimento ou conjunto de movimentos o maior número de vezes e criando
solicitações adequadas para que essa realização ocorra da forma mais atenta
possível.
Está (estão) correta(s):
a) I apenas.
b) II apenas.
c) III apenas.
d) I e II apenas
e) I, II e III.
37
DESCOBRINDO O CORPO
A CORPOREIDADE NA CRIANÇA
O corpo é a presença do homem no mundo. Através do corpo é possível
perceber e conhecer o mundo em que se vive, realizar trocas e interações com o
outro e consigo mesmo. Corrobora Chaui (1980) “é através do corpo que o ser de
forma sensível se efetiva no mundo. É na originalidade da experiência corporal, que
‘redescobre a unidade fundamental do mundo como mundo sensível’.”
Conhecer a concepção de corporeidade influencia na forma como as
relações com as crianças devem ser conduzidas no ambiente familiar e educacional.
De acordo com Vargas e Vargas (2013) a criança, desde o nascimento se for
estimulada com afeto, apresentará maiores chances de desenvolver sua
inteligência, na primeira infância. Através do seu corpo, a criança percebe o mundo
que a cerca, visto que as funções motoras, intelectuais e afetivas encontram-se
ligadas.
Cada organismo tem, pois, na presença de um meio dado, suas
condições ótimas de atividade, sua própria maneira de realizar o
equilíbrio, e as determinantes interiores desse equilíbrio não são dadas
por uma pluralidade de vetores, mas por uma atitude geral com
relação ao mundo (PONTY, 2006, p. 232).
Durante o seu desenvolvimento, a criança percebe e experimenta o mundo
que a cerca, e as vivências e informações que recebe do meio em que vive (seja por
meio da família, escola, religião, meios de comunicação, entre outros) ficam
registradas em seu corpo, em todas as características do movimento (VARGAS;
COGO, 2013).
A aquisição de habilidades motoras no ambiente educacional, assim como as
experiências motoras vivenciadas no ambiente familiar nos primeiros anos de vida,
contribui sobremaneira para desenvolver na criança a consciência de corpo e de
pertencimento; a formação de corpos inteligentes, pensantes e criativos que serão
construtores do próprio conhecimento.
O ser humano é um corpo que busca incessantemente a transcendência,
UNIDADE
03
38
independente da faixa etária, que busca a realização pessoal por meio do prazer de
ser e fazer. Na criança, a ludicidade é um dos caminhos para proporcionar aos
pequenos esse sentimento de realização e prazer, o brincar traz sentimentos e
emoções que agregam a esse sentimento de realização e pertença no mundo.
Ater-se à corporeidadeé estar comprometido com uma educação focada
na experiência humana, na aprendizagem da cultura. O ser humano aprende, ou
melhor dizendo, apreende com sua inteligência, com suas vísceras, com sua
imaginação e sensibilidade, resumindo com seu corpo todo (MOREIRA et al., 2006).
CORPOREIDADE, EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL
O entendimento exigido pela corporeidade possibilita o redimensionamento
da visão dualista existente na área de estudo do corpo. Ela permite buscar uma
transcendência nas mais variadas formas de concebê-la, tanto individual quanto
39
coletivamente.
Compreender o corpo como objeto de trabalho da Educação Física e os
elementos culturais como aspectos essenciais para esse corpo é tarefa primeira do
profissional desta área ou que se proponha a trabalhar esse conteúdo.
Segundo Daolio (1994, p. 40) “é por meio do corpo que o sujeito vai assimilando
e se apropriando dos valores, normas e costumes sociais, num processo de
incorporação”. Infere o autor que além de uma aprendizagem intelectual, o
indivíduo se apropria de conteúdos culturais, que são externalizados em suas
expressões.
A percepção do eu, do outro e do mundo se processa através do corpo, está
relacionada ao movimento e à atitude corporal, assim, torna-se imprescindível
trabalhar na criança essa consciência do corpo. O trabalho corporal deve sair do
comodismo das rotinas e programas mecanicistas, voltados apenas para a repetição
do movimento, e migrar para propostas pedagógicas voltadas para a pluralidade
de experiências e vivências corporais.
A Educação Física é uma área do conhecimento rica em variedade de
possibilidades práticas, passando pelo campo do esporte, jogos e brincadeiras,
atividades rítmicas e expressivas, ginásticas, lutas, esportes de aventura e laboral.
Explorar sua variedade é redimensionar o fenômeno do conhecimento na
escola e ambientes onde possa ser trabalhada e principalmente produzir um diálogo
de aprendizagem da criança com o próprio corpo e com o corpo alheio.
O trato com a corporeidade permite que o corpo esteja presente por inteiro
no ato educativo, pois ele é condição, ao mesmo tempo, existencial, afetiva,
histórica e epistemológica. Mostra que o ser se efetiva no mundo de forma sensível e
deve ser apreendido com os sentidos enquanto expressão de existência, enquanto
vivência corpórea.
As relações do indivíduo orgânico com seu meio são verdadeiramente
relações dialéticas, e essa dialética faz surgir relações novas, que não
podem ser comparadas com as de um sistema físico e com aquilo que
o rodeia, nem mesmo entendidas quando reduzimos o organismo à
imagem que a anatomia e as ciências físicas dele apresentam
(PONTY, 2006, p. 232).
A estimulação psicomotora prioriza o ato físico, porém não acontece de forma
dissociada do ato mental, onde ações cognitivas como organizar, imaginar, escutar,
interpretar, criar, raciocinar do abstrato ao concreto, são fundamentais na
40
aprendizagem formal.
É preciso trazer os construtos da corporeidade para a prática docente,
principalmente no que tange o respeito às individualidades das crianças e o respeito
ao ritmo de aprendizagem. O professor não deve criar rótulos e padrões de
aprendizagem e aproveitamento dos conteúdos ministrados, mas criar critérios de
observação e avaliação dos processos vivenciados por cada criança, numa
comparação dela com ela mesma, trazendo a consciência do corpo-sujeito e não
do corpo-objeto.
O ambiente educacional se apresenta como um local privilegiado para a
manifestação da corporeidade, local onde os corpos se fazem presente e são
estimuladas as interações, as trocas e expressões. Entretanto, as práticas
pedagógicas não devem tratar o corpo como uma máquina que apenas reproduz
ideias, conhecimentos e movimentos, mas um corpo ativo e sujeito do processo de
construção do cidadão e todas as aprendizagens possíveis.
A concepção dualista do corpo não deve predominar na escola. Colocar as
qualidades intelectuais acima das corporais é uma forma de tolher, silenciar e
padronizar o corpo, não contribuindo para a educação integral do aluno, finalidade
da Educação. Sobre essa condição, elucida Nista-Piccolo et al, (2019, p.378) “as
práticas pedagógicas, quando voltadas apenas à educação intelectual, minimizam
o espaço da expressão da motricidade, e assim descaracterizam a corporeidade do
homem”.
A educação pelo movimento, ou educação psicomotora, constitui-se como
uma base indispensável na formação da criança, com a prática psicopedagogia
fundamentando a não separação do movimento da ação mental. O
desenvolvimento progressivo da inteligência, através das experiências adquiridas,
perpassa pela condição motriz mais organizada (FONSECA, 1988).
Todas as experiências da criança (o prazer e a dor, o sucesso ou o
fracasso) são sempre vividas corporalmente. Se acrescentar valores
sociais que o meio dá ao corpo e a certas partes, esse corpo termina
por ser investido de significações, de sentido e de valores muito
particulares e absolutamente pessoais (VAYER, 1984, p. 30).
O corpo apresenta-se para o homem como referência de conhecimento e
interação com o mundo. Essa referência será a base para o desenvolvimento físico,
cognitivo e social, para a aprendizagem de construtos fundamentais para uma boa
41
alfabetização e, portanto, escolarização, com desempenhos satisfatórios para cada
etapa da evolução escolar.
42
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Corporeidade refere-se a um conceito fundamentado em uma compreensão:
a) Idealista do corpo, articulada com a vivência do ser no mundo.
b) Dualista do corpo e da mente
c) Ontológica, construída a partir da experiência do ser no mundo.
d) Instrumental da vivência de atividades físicas em geral.
e) Fenomenológica, na qual cada pessoa tem sua relação com símbolos e
significados de maneira sociocultural.
2. Considere V para afirmativa verdadeira e F para falsa:
( ) Embora numa aula de Educação Física os aspectos corporais sejam mais
evidentes, mais facilmente observáveis, e a aprendizagem esteja vinculada à
experiência prática, o aluno precisa ser considerado como um todo no qual
aspectos cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em todas as
situações.
( ) É necessário que o aluno se aproprie do processo de construção de
conhecimentos relativos ao corpo e ao movimento e construa uma possibilidade
autônoma de utilização de seu potencial gestual.
( ) O processo de ensino e aprendizagem em Educação Física, portanto, não se
restringe ao simples exercício de certas habilidades e destrezas, mas sim de
capacitar o indivíduo a refletir sobre suas possibilidades corporais e, com
autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa e
adequada.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) V – V – F
b) F – V – F
c) V – F – V
d) V – V – V
e) F – F – V
3. É através do seu corpo que a criança desenvolve sua educação. É no corpo de
43
cada indivíduo que estão armazenadas suas características de vida, sendo o seu
próprio corpo a prova mais concreta e capaz de formar sua educação corporal.
O trabalho educativo do professor de Educação Física precisa considerar que a
criança, através de seu corpo:
1) atende as necessidades de sua realidade, movendo-se por intenções e ações
que se manifestam pelo corpo em movimento.
2) absorve, produz e reproduz as ações que são ensinadas através do corpo.
3) demonstra atitudes corporais singularizadas, por meio do correr, do andar, do
saltar, do girar e do arremessar.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
4. Pensando a educação corporal como uma proposta de educação de corpo
inteiro, ela se diferencia de outras propostas porque:
a) Propicia um maior desenvolvimento motor.
b) Oportuniza uma maior vivência motora.
c)Propõe a educação para o rendimento.
d) Contempla a corporeidade, desconsiderando sua história.
e) Educa para o fazer e o compreender, bem como para o fazer e o não fazer.
5. A vida social é algo fundamental à existência e sobrevivência dos seres humanos
enquanto indivíduos, é na _______________ que se dá início ao processo de
socialização, educação e formação para o mundo.
a) Educação Infantil
b) Sociedade
c) Família
d) Cultura
e) Ludicidade
44
6. Por força de sentido, como devemos tratar da motricidade sendo que ela exige
a visão polissêmica, sem a qual não poderíamos estabelecer relações amplas em
qualquer nível de reflexão. Talvez seja possível inserir temas filosóficos que possam
referendar as questões da motricidade como a atividade humana em sua
essência e nela afirmar o conceito de educação física como cultura.
a) Fenômeno Humano.
b) Disciplina Científica.
c) Fenômeno Cultural.
d) Delimitação epistemológica.
e) História.
7. Kolyniak (2000) considera o movimento humano consciente como objeto de
estudo da Educação Física: todo movimento corporal que possibilite uma
representação psíquica e uma interferência voluntária imediata ou mediata é
considerado como movimento humano consciente. O autor complementa
citando que ao reconhecer o movimento humano consciente como objeto de
estudo da Educação Física, faz com que a prática da disciplina deixe de ser o
núcleo para ser as partes. Portanto, o que será necessário estabelecer para que
envolvam todos os níveis de ensino?
a) Elaboração e transmissão de conhecimentos seletivos.
b) Modalidades esportivas institucionalizadas
c) Um conjunto de referências conceituais e experiências motoras.
d) Eliminação de alguns conteúdos.
e) Abordagem exclusiva da saúde.
8. Tratando-se da corporeidade e sua relação com as áreas que estudam o
movimento humano, assinale a alternativa correta.
a) A corporeidade se apresenta como uma proposta de superar a visão mecanicista
ou a dicotomia fragmentadora de uma unidade do ser humano.
b) Na visão da corporeidade como uma visão mecanicista, o movimento passa a
ser a intencionalidade de um corpo.
c) A Educação Física está relacionada à corporeidade e ao movimento do ser
45
humano, ou seja, a repetição técnica do movimento.
d) A fim de trabalhar a corporeidade, é fundamental que os especialistas trabalhem
as partes.
e) A ideia de corpo-máquina, ou corpo-objeto, foi desenvolvida por Descartes,
dando origem e base teórica aos estudos de corporeidade, que estudam as
questões motoras do corpo.
46
EDUCAÇÃO CORPORAL
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DE
AULAS DE EDUCAÇÃO CORPORAL.
“[...] o objetivo da educação pelo movimento é contribuir ao desenvolvimento
psicomomotor da criança, de quem depende, ao mesmo tempo, a evolução de sua
personalidade e o sucesso escolar” (LE BOUCH, 1984).
Alguns questionamentos emergem e tornam essa unidade necessária, sendo
eles: como o docente organiza, planeja e coordena suas atividades a partir da
educação corporal? Qual a relevância em se trabalhar partindo desse olhar?
Antes de responder a esses questionamentos, deve-se tratar uma outra
problemática presente nas creches e escolas, onde o trabalho da educação
corporal se faz imprescindível.
Os professores licenciados em pedagogia não se sentem preparados para
desenvolver os conteúdos relacionados à Educação Física e suas concepções
conforme prevê os PCNs, ao recomendar as práticas pedagógicas por meio das
práticas corporais e cultura corporal de movimento. Muitas das vezes, as orientações
oriundas das matrizes curriculares, PCN’s e Projeto Político Pedagógico, não servem
de base, não são compreendidas e não atendem às particularidades do contexto
escolar, dificultando o trabalho dos professores que, mesmo sem conhecimento, são
obrigados a trabalhar com a Educação Física.
Assim, o caminho mais indicado é a formação desses professores sobre esse
conteúdo dentro das graduações de licenciaturas ou em cursos complementares,
em forma de módulos ou especializações que possam trazer os conhecimentos
mínimos e necessários para a prática pedagógica em questão.
O conteúdo educação corporal consiste em aulas que contemplam o
desenvolvimento integral do aluno através das práticas corporais, do movimento e
suas concepções. A educação pelo movimento pressupõe uma aprendizagem
cheia de estímulos e experiências, que partem do imaginar, jogar, brincar, inventar e
UNIDADE
04
47
praticar, construindo uma psicomotricidade sólida, de suma importância para a
educação de qualidade.
Inicialmente, o conteúdo educação corporal deve ser contemplado nas aulas
de Educação Física, mas quando a grade curricular não possui essa disciplina, ele
deverá ser inserido pelo professor regente no seu planejamento de conteúdos a
serem ministrados.
A educação corporal se processa no corpo da criança; através do seu corpo
as sensações são internalizadas, seu corpo é o seu modo de existir e essa existência
transcende nas interações com o meio e com suas próprias realizações.
Para Freire (2006, p. 42) “a Educação Física não é apenas educação do ou
pelo movimento: é educação de corpo inteiro, um corpo em relação com outros
corpos e objetos no espaço”.
Assim, o modo como o educador penetra no universo da criança assume um
papel primordial; sua intervenção deve ser carregada de carinho e aceitação do
aluno e suas particularidades, construindo uma relação mútua de confiança.
Segundo Le Boulch (1984) a Educação psicomotora somente será eficaz
quando trabalhada na escola em séries iniciais, porque é nesta fase que a criança
conhece a si, a seu corpo, seus desejos e vontades, constrói sua personalidade,
elabora conceitos, pensamentos, ideias e se torna uma ser consciente e reflexivo.
A educação corporal é um mecanismo eficaz para trabalhar na criança sua
globalidade, contemplando o desenvolvimento de capacidades sensoriais, motoras
e perceptivas, propiciando uma organização adequada de atitudes e condutas que
servem de suporte nas diversas situações de aprendizagem a qual a criança é
submetida no ambiente escolar.
A prática corporal não deve ser dissociada da consciência do movimento, são
ações conjuntas de corpo e mente, que precisam ser estimuladas e trabalhadas
juntas, um complementa o outro.
O objetivo principal da educação psicomotora é, precisamente,
ajudar a criança a chegar a uma imagem do corpo operatório, que
se refere não só ao conteúdo, mas também à estrutura da relação
entre as partes e a totalidade do corpo. O corpo operatório é
entendido como desenvolvimento inicial da criança através do
movimento lúdico proposto nas aulas de Educação Física (TISI, 2004,
p. 20).
A intervenção do professor deve ser pautada no conhecimento técnico, nas
48
diretrizes curriculares, na didática e na ética. Ele deve se preparar para “cuidar” e
“educar” as crianças, promovendo um ambiente de vivências e experiências
motoras com o foco no desenvolvimento global. Exemplo disso é o professor estar
preparado para, ao longo de uma aula, acalentar um aluno que chora por saudade
da mãe ou mesmo limpar um nariz que escorre em decorrência de uma gripe.
A abordagem assistencial deve ser associada a uma intencionalidade
pedagógica no procedimento de ensino e aprendizagem das crianças, a cultura
infantil deverá ser abordada nos diversos conteúdos trabalhados criando sentidos e
significados as práticas. Conhecer sobre a infância, sobre a cultura infantil, o valor do
brincar, a importância de contemplar no planejamento a ludicidade e suas vertentes,
é condição primordial para atuação docente.
Para uma criança agir através de seus aspectos psicológicos,
psicomotores, emocionais, cognitivos e sociais, ela precisa ter um
corpo organizado. Esta organização de si mesma é o ponto de partida
para que descubra suas diversas possibilidades de ação (OLIVEIRA,
1992, p. 72).
O planejamento das aulas deve respeitar a proposta curricular vigente, mas
deve ser uma proposta emergente comflexibilidade e escuta da narrativa das
crianças, protagonistas no processo. Não deve trabalhar com uma metodologia
engessada, ao contrário, deve frisar a prática com o olhar no alcance individual dos
objetivos traçados, mudando as propostas e estratégias quando necessário.
A forma de intervenção deve ser sistemática, organizada e sequencial
em níveis cada vez mais complexos, respeitando as características,
necessidades e expectativas dos alunos. A vivência dos diferentes
conteúdos da cultura corporal deve basear-se na descrição e
informação de cada conteúdo (...) além disso, durante o ano letivo,
deve existir um equilíbrio de tempo para cada um dos eixos da cultura
corporal indicado pelos PCN’s (GALLARDO, 2009, p. 30).
As habilidades fundamentais podem ser combinadas de inúmeras formas,
criando o universo das habilidades motoras especializadas relacionadas aos
esportes, à ginástica, à dança, às lutas, à recreação e ao lazer. Movimentos simples
que, organizados, constituem os movimentos complexos utilizados nas técnicas e
propostas metodológicas das práticas. Aprender o simples é o ponto de partida e a
forma mais eficaz de alcançar o todo.
O professor deve ter uma postura de observador, trazer elementos da cultura
corporal de movimento através de uma abordagem lúdica adequada a cada faixa
49
etária. Ser um educador brincante e explorador das possibilidades de intervenção
das práticas corporais com o objetivo de trabalhar o corpo e contribuir na aquisição
de valores morais. Agregar vivências aos conceitos de individual, coletivo, tempo,
espaço, ritmo, noções importantes para a realização de tarefas escolares e da vida
diária.
A figura do professor de Educação Física ou do professor regente que
trabalhará os conteúdos da Educação Física deve perpassar pela posição de
mediador do conhecimento, priorizando a estimulação psicomotora, a reflexão
sobre a prática corporal, o desenvolvimento global, avaliando o desempenho de
cada aluno e fazendo escolhas sobre os processos interventivos que possam auxiliar
na alfabetização e outras aquisições no desenvolvimento do aluno.
Os educadores na sua prática docente devem considerar os elementos que
compõem a psicomotricidade como as coordenações globais, a lateralidade, o
equilíbrio e a consciência do movimento, noções de tempo e espaço etc., para
oferecer as crianças oportunidades de progressão em suas aprendizagens,
atividades que potencializem a atitude criadora da criança, bem como jogos que
fazem a criança pensar e elaborar ações para atingir o objetivo (SOUZA; SCHMIDT,
2017).
É necessário conhecer o desenvolvimento motor das crianças para
compreender suas características. O homem necessita movimentar-se, no entanto,
essa necessidade é iminente na criança e esse interesse pelo movimento precisa ser
explorado. Quando motivada para a prática a criança encontra facilidades na
realização das atividades físicas que exploram o próprio corpo e o do outro, com
vivências concretas indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual e social.
Ao planejar, o docente deve priorizar atividades que abordem as habilidades
fundamentais de movimento de forma isolada ou combinadas, em ambiente
diversos, com ou sem implementos, com frequência de várias repetições ao longo
da semana e com abordagem lúdica.
Gallahue (2008) dividiu as habilidades fundamentais em habilidades motoras
de equilíbrio, de locomoção e manipulativas.
50
Figura 8: Categorias das habilidades fundamentais de movimentos
Fonte: Gallahue, (2008)
Essas habilidades, apesar de hierarquizadas, devem ser continuamente
trabalhadas na criança, haja vista que o trabalho psicomotor não termina com a
execução satisfatória dos objetivos da atividade do momento. É preciso ir
aumentando o grau de dificuldade de acordo com sua evolução dentro das
habilidades.
Utilizar os jogos e brincadeiras individuais e em grupo, trazendo
contextualizações da vida cotidiana para as propostas pedagógicas é uma forma
de levar a criança ao aprendizado dos aspectos psicomotores, linguísticos, sociais e
cognitivos, sem que esse seja o objetivo principal da atividade. A aproximação com
os fatores motivacionais intrínsecos da criança fundamenta o seu envolvimento nas
atividades propostas e contribui para o êxito no alcance dos objetivos.
O planejamento deve ser longitudinal, ter objetivos de curto e longo prazo,
com avaliações por períodos e etapas, flexível na sua concepção e aplicação. Não
deve ser cópia de livros e internet, tipo “receita de bolo”, porque deve respeitar as
especificidades dos alunos para os quais será aplicado.
O ato de ensinar deve se pautar em práticas pedagógicas que
auxiliem a compreensão do aluno e ainda proporcionem muitas
possibilidades de o aluno manifestar seu conhecimento. O ato de
aprender pode ser compreendido como reflexão que o ser humano
precisa ter de si mesmo, do outro e do mundo que o cerca. São
51
concepções que o permitem “aprender e incorporar as coisas nas
mais diversas perspectivas” (MOREIRA et al., 2006, p. 139).
Além do conhecimento teórico sobre os construtos da Educação Física,
educação corporal, educação pelo movimento e psicomotricidade, é necessário
que o professor conheça e coloque em prática alguns procedimentos didáticos com
o objetivo de efetivar sua prática docente. Abaixo apresenta-se um quadro com
sugestão de orientações didáticas propostas por Borges (2009):
Quadro 2:Orientações didáticas
 Observar se todas as crianças estão participando, ativamente, do programa proposto
e se estão tendo oportunidade suficiente.
 Colocar as crianças mais novas, o mais rápido possível, em atividade.
 Envolver todas as crianças no programa, inclusive as com dificuldades de execução,
as acima do peso e as que estão atrasadas. Dar atenção especial para que possam
superar suas dificuldades.
 Alguns jogos de eliminar tendem a colocar de fora os mais vagarosos ou mais
habilidosos. Use métodos pelos quais as crianças, colocadas fora, possam retornar o
mais breve possível.
 Dar à criança oportunidade para criar novas formas de movimento. Ela necessita de
oportunidade para tentar sua própria ideia, resolver problema com seu próprio
movimento.
 Se a criança surge como líder, dar oportunidade para liderar, dar responsabilidade
que possa assumir.
 A formação de grupos é um modo efetivo para o trabalho e oportunidade para o
surgimento de liderança, ambas as composições – de grupo e de líder – podem ser
mudadas frequentemente, dando à criança a oportunidade para liderar, sempre que
possível.
 Na seleção de grupos, usar métodos os quais não deixem crianças sem grupo.
 Ensinar às crianças a cuidar do material. Tenha um sistema para retirar e guardar, pois
elas deverão fazer isto sempre que possível.
 Ensine as crianças a esperar pelas instruções antes de usar os equipamentos e
materiais.
 Em algumas tarefas a serem realizadas pelos alunos, o professor deve explicar, para
que a criança encontre a maneira de realizá-la com seu próprio estilo de movimento.
 A motivação pode ser conseguida, através do método: “Quem é capaz?” E o
professor deve aproveitar as melhores executantes como exemplo.
 Quando se faz necessária a correção de algum exercício perante a classe, o Professor
deve:
a) Colocar as crianças sentadas de forma que todas consigam enxergar o
executante.
b) Mostrar a maneira correta de executar o exercício.
c) Pedir que, após a demonstração, todos experimentem realizar o exercício
corretamente.
 O trabalho em pequeno grupo é muito importante, pois, dá, à criança, a
oportunidade de ajudar o companheiro, observar o seu trabalho e, às vezes, o corrigir.
 Circular entre as crianças que estão executando as experiências de movimento, pois,
desta forma, o professor pode verificar os que estão com dificuldades e ajudá-los
individualmente.
52
 Quando for aplicar testes, explicar o porquê e a importância do teste para o
desenvolvimento do trabalho.
 Estabelecer um sinal de parada para a classe ter atenção. Normalmente,

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