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Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Tutoriais Problema 1: Ter história de bons partos é suficiente? Conhecer a anatomia da pelve feminina e a sua relação com o parto ANATOMIA DA PELVE ÓSSEA A pelve ou bacia é dividida em e (bacia obstétrica), que são separadas pela linha inominada, uma margem óssea encurvada que vai do promontório sacral (articulação da vértebra L5 com a SI) até a margem superior da sínfise púbica. É constituída por quatro ossos que possuem uma forma anelar e através dos quais o peso do corpo é transmitido para os membros inferiores: (localizado na região posterior), (junto ao sacro, forma a parte inferior da coluna vertebral) e (lateralmente). localiza-se entre os dois ossos ilíacos e se articula com eles por meio da articulação sacroilíaca. Juntamente à vértebra L5, constitui o ângulo sacrovertebral, cujo vértice é denominado promontório sacral. Sua face anterior, voltada para a pelve, é côncava e apresenta algumas diferenças anatômicas de acordo com os vários tipos de bacia. é formado pela fusão de quatro vértebras rudimentares e se une ao sacro por meio da articulação sacrococcígea, que apresenta grande mobilidade durante o parto. o osso ilíaco é constituído pela fusão de três ossos (ílio, ísquio e púbis) em um processo que se completa entre os 15 e os 16 anos de idade. Na face lateral externa desse osso, em que ocorre a ossificação desses três ossos, há uma depressão circular grande denominado acetábulo. Essa depressão é o ponto de articulação da pelve com os membros inferiores. maior dos ossos pélvicos. Localiza-se na região mais superior. Possui uma crista e quatro ângulos (espinhas) que servem para inserções musculares. Sua face anterior é lisa e côncava, denominada fossa ilíaca. osso posteroinferior do quadril. Medialmente encontra-se a espinha isquiática, ponto de reparo importante na avaliação da descida fetal durante o trabalho de parto. osso anterior do quadril. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII do ponto de vista obstétrico, para a avaliação da via de parto, é necessário apenas o conhecimento das dimensões da bacia menor. é limitada lateralmente pelas fossas ilíacas e posteriormente pela coluna vertebral. O limite anterior se faz com os músculos da parede anterior do abdômen. diâmetro biespinha estende-se da espinha ilíaca anterossuperior de um lado à do lado oposto e mede 24 cm; diâmetro bicrista vai do ponto mais alto da crista ilíaca de um lado até o lado oposto, medindo 28 cm. diâmetro sacropúbico externo, ou conjugara externa (diâmetro de Baudelocque), estende-se da fosseta situada abaixo do processo espinhoso da última vértebra lombar (LS) até a borda superior da sínfise púbica e mede 20 cm. também chamada de bacia obstétrica ou escavação. É dividida, didaticamente, nos estreitos superior, médio e inferior. delimitado, no sentido posteroanterior, pelo promontório sacral, pela borda anterior da asa do sacro, pela articulação sacroilíaca, pela linha inominada, pela eminencia ileopectínea e pela borda superior da sínfese púbica. Apresenta dois diâmetros anteroposteriores, dois diâmetros transversos e dois oblíquos. O diâmetro anterior, com menor interesse obstétrico, é traçado do promontório até a borda superior da sínfise púbica, cujo nome é diãmetro promontossuprapúbico (conjugata vera anatômica) e mede 11 cm. Entretanto, como diâmetro anterior e de maior interesse obstétrico, medindo de 10,5 a 11 cm, deve ser conhecido o (conjugata vera obstétrica ou diâmetro útil de Pinard), traçado do promontório à face posterior da sínfise púbica, mais precisamente até o ponto retrossinfisário de Crouzat, situado 3 a 4 mm abaixo da borda superior da sínfise púbica. Os são denominados , do ponto mais afastado da linha inominada de um lado à linha do lado oposto, com 13 a 13,5 cm; e , que se estende na mediana da conjugata vera anatômica e mede 12 cm. Os , também chamados de , vão de uma eminência ileopectínea de um lado à articulação sacroilíaca contralateral; primeiro oblíquo, o que parte da eminência ileopectínea esquerda, e segundo oblíquo, o que sai da eminência ileopectínea direita. Eles medem aproximadamente 12 cm cada e o primeiro é diretamente maior que o segundo (Eles são nomeados de acordo com a frequência de insinuação). delimitado no sentido posteroanterior pela concavidade do osso sacro até a margem inferior da sínfise púbica. Apresenta dois diâmetros principais: (anteroposterior), que vai do meio da concavidade do osso sacro (S4/S5) até o meio da face posterior da sínfise púbica, medindo 12 cm; e o (transverso), que se estende de uma espinha isquiática à outra, mede 10,5 cm e é o ponto de maior estreitamento do canal de parto. delimitado no sentido posteroanterior pela ponta do cóccix, estende- se pela borda inferior do grande ligamento sacroisquiático até atingir a borda inferior da sínfise púbica. o diâmetro , que se estende da ponta do cóccix à borda inferior da sínfise púbica e mede 9,5 cm, é de interesse obstétrico e, na fase final da expulsão fetal após a retropulsão do cóccix, amplia-se em 2 a 3 cm, recebendo o nome de conjugata exitus. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII segundo classificação tradicional estabelecida por Caldwell e Moloy em 1933, há quatro tipos de bacia, classificados com base na forma do estreito superior: , , e A raça, as condições socioeconômicas, a atividade física, as características nutricionais da infância e da adolescência, além do habitat, interferem na formação da bacia. Assim, bacias das negras tendem para o tipo antropoide (conjugata vera obstétrica mais longa que o diâmetro transverso do estreito superior), que é favorável ao parto, graças à maior amplitude da hemipelve posterior. E mulheres urbanas têm maior tendência a bacias ovalados, ao passo que campestres têm tendências a bacias arredondadas. FONTE: ZUGAIB OBESTETR ÍC IA (4ª ED . ) Entender a importância do pré-natal e seu funcionamento CONSULTA PRÉ-NATAL Para o pré-natal de risco habitual, preconizam-se no mínimo 6 consultas, sendo: 1 consulta no 1º trimestre; 2 consultas no 2º trimestre; 3 consultas no 3º trimestre. Recomenda-se que o intervalo entre as consultas seja de 4 semanas até a gestação completar 36 semanas e, a partir deste período, que os intervalos sejam de 15 dias. Identificação (idade, cor, naturalidade, procedência e endereço atual); data da última menstruação (DUM) em dia, mês e ano (certeza ou dúvida); data provável do parto (DPP); sinais e sintomas da gestação em curso; hábitos atuais – fumo, álcool e drogas ilícitas; medicamentos usados durante a gestação; ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes químicos e físicos potencialmente nocivos à gestação, estresse). número de gestações (identificar e registrar se houve problemas anteriores, como aborto, gravidez ectópica e mola hidatiforme); número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais espontâneos, fórceps, cesáreas e indicações); número de abortamentos (espontâneos, provocados, complicados por infecções, curetagem pós abortamento); número de filhos vivos; idade da 1ª gestação; intervalo entre as gestações; número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37ª semana) ou pós-termo (igual ou mais de 42 semanas de gestação); número de recém- nascidos de baixo peso (menos de 2.500 g) e com mais de 4.000 g; mortes neonatais precoces – até 7 dias de vida (nº e motivos de óbitos); mortes neonatais tardias – entre 7 e 28 dias de vida (nº e motivos de óbitos); natimortos – morte intraútero e idade gestacional em que ocorreu; identificar e especificar se houve intercorrências ou complicações em gestações anteriores; Conjugata vera anatômica Conjugata vera obstétrica Diâmetro transverso máximoDiâmetro transverso médio Primeiro oblíquo Segundo oblíquo Sacro médio púbico Diâmetro bi- isquiático - Diâmetro cóccix- subpúbico Diâmetro sagital posterior Diâmetro bituberoso - Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII identificar e descrever se houve complicações nos puerpérios anteriores; registrar o intervalo entre o final da última e o início da gestação atual. métodos anticoncepcionais – quais, quanto tempo, motivo do abandono; pesquisar se houve tratamento para infertilidade e esterilidade; pesquisar doenças sexualmente transmissíveis (DST), teste realizados, inclusive puerpério; identificar se realizou cirurgias ginecológicas – idade e motivo; identificar patologias mamárias – quais e tratamento; pesquisar a última citologia oncótica (papanicolaou) – data e resultado. pesquisar doenças crônicas e agudas passadas. pesquisar doenças como hipertensão arterial, diabetes e outras. peso e estado nutricional; estatura; frequência cardíaca materna; temperatura axilar; pressão arterial – PA; inspeção da pele e mucosas; palpação da tireoide; ausculta cardiopulmonar; exame do abdome; palpação dos gânglios inguinais; exame dos membros inferiores; pesquisa de edema – face, tronco e membros. exame das mamas; medida da altura uterina; ausculta dos batimentos cardio fetais; inspeção dos genitais externos; exame especular (inspeção das paredes vaginais, conteúdo vaginal e colo uterino, coleta de material para citologia oncótica – caso a última tenha sido há mais de 1 ano); Teste de Schiller; toque vaginal e outros exames necessários. grupo sanguíneo e fator rh; coombs indireto (se necessário); hemograma; glicemia jejum; VDRL; toxoplasmose; urina rotina; urocultura; colpocitologia oncótica; teste anti-HIV (após aconselhamento e consentimento); HBsAg. Revisão da ficha perinatal e anamnese atual; Cálculo e anotação da idade gestacional; Controle do calendário de vacinação; determinação do peso; calcular o ganho de peso – anotar no gráfico e observar o sentido da curva para avaliação do estado nutricional; medida da pressão arterial; inspeção da pele e das mucosas; inspeção das mamas; palpação obstétrica e medida da altura uterina – anotar no gráfico e observar o sentido da curva para avaliação do crescimento fetal; ausculta dos batimentos cardiofetais; pesquisa de edemas; toque vaginal, exame especular e outros, se necessário. Interpretação de exames laboratoriais e solicitação de outros, caso necessário; Solicitar glicemia de jejum, VDRL e urina rotina na 30ª semana; Acompanhamento das condutas adotadas em serviços clínicos especializados; Realização de ações e práticas educativas individuais e em grupos; Registro dos dados da consulta no Cartão da Gestante e no prontuário; Todas as consultas deverão ser registradas na Ficha de Atendimento Diário do SISPRENATAL; Agendamento de consultas subsequentes. FONTE: CARTILHA ATENÇÃO AO PRÉ -NATAL, PARTO E PUERPÉRIO (SEC . DE ESTADO DE SAÚDE DE MG) Compreender como é calculada a data provável de parto CÁLCULO DATA PROVÁVEL DE PARTO A gravidez é datada do 1º dia do último período menstrual. A duração média da gestação é de 280 dias (40 semanas), e isso fornece data provável do parto, assumindo que: O ciclo é de 28 dias A ovulação ocorreu geralmente no 14o dia do ciclo O ciclo foi normal, ou seja, não ocorreu imediatamente após a parada de contracepção oral ou após gravidez anterior. Na prática usa-se a regra de Nägele, que consiste em adicionar à data da última menstruação 7 dias e mais 9 meses (ou menos 3 meses, quando se faz o cálculo retrógrado). Por exemplo, se a última menstruação foi em 10 de novembro (mês 11), temos 10 + 7 = 17, e 11 – 3 = 8, portanto, 17 de agosto (mês 8) será a data provável do parto. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Aparentemente, a gravidez, assim avaliada, não teria os 280 dias de duração média que lhe foram atribuídos (9 × 30 = 270 + 7 = 277). No entanto, há correspondência perfeita: no decurso de 9 meses, como norma, 3 ou 4 têm 31 dias e essa diferença (de 1 dia) torna a regra de Nägele a mais aproximada dos referidos 280 dias. Knaus estabelece que a duração habitual da gravidez humana é de 273 dias, a partir da ovulação. A época provável do parto deveria ser calculada acrescentando- se 14 dias ao primeiro dia do último catamênio, mais 9 meses (ou menos 3), nas mulheres com o ciclo regular de 28 dias. Nas que o têm mais longo ou mais curto, deve-se alterar a contagem, com base na presunção de dar-se a ovulação, aproximadamente, , que marca, quando presente, a fecundação que se não realizou. FONTE: OBSTETRÍC IA FUNDAMENTAL - REZENDE Estudar sobre o crescimento uterino, sua importância e como é calculada a altura uterina ALTURA UTERINA Em todas as consultas de pré-natal, o profissional deve verificar a , procedimento que permite o , a detecção de desvios e a orientação de condutas apropriadas. Quando os dados da amenorreia são confiáveis e se descarta a possibilidade de feto morto e oligoâmnio, a medida da altura uterina permite diagnosticar o crescimento intrauterino retardado com uma sensibilidade de 56% e uma especificidade de 91%. Permite ainda o diagnóstico de macrossomia fetal, quando excluídas a gravidez gemelar, o polidrâmnio e miomatose uterina. é feita usando uma fita métrica flexível e não extensível, com a grávida em decúbito dorsal. A extremidade da fita métrica é fixada na margem superior da sínfise púbica com uma mão, deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra mão pela linha mediana do abdome até alcançar o fundo do útero com a margem cubital dessa mão. Fazer a leitura em centímetros e anotar a medida no cartão e no gráfico; Os valores de referência podem ser encontrados na Curva da Altura Uterina/Idade Gestacional que apresenta como, limites de normalidade os percentis 10 e 90; A cada consulta, o valor encontrado deve ser anotado no gráfico e, nas consultas subsequentes, unido à marca precedente, formando o traçado do aumento do tamanho do útero. FONTE: CARTILHA ATENÇÃO AO PRÉ -NATAL, PARTO E PUERPÉRIO (SEC . DE ESTADO DE SAÚDE DE MG) Problema 2: A via vaginal Compreender os sinais do trabalho de parto e seu mecanismo. SINAIS DO TRABALHO DE PARTO (TP) processo através do qual um útero gravídico, por meio de atividade contrátil, expulsa um feto com idade gestacional igual ou superior a 20 semanas. Pode ser: 20 a 36 semanas e 6 dias; 37 a 41 semanas e 6 dias; >42 semanas. presença de 3 critérios: , rítmicas e com duração de pelo menos 30s em intervalos de 10min, de intensidade suficientemente forte para causar dilatação do colo uterino; Outros sinais que podem acompanhar o TP (mas que não devem ser usados como critério diagnóstico, pois são variáveis): perda do tampão mucoso, discreto sangramento transvaginal e formação da bolsa das águas. É importante ter em mente esses critérios para diferenciar o verdadeiro do falso trabalho de parto (contrações de Braxton Hicks) ou mesmo da fase latente do trabalho de parto (pródromos) evitando-se, assim, internamentos desnecessários e/ou precoces. ARTIGO: ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL (JOSÉ ARAGÃO E CARLOS JÚNIOR) FASES CLÍNICAS DO PARTO O estudo do parto compreende três fases principais que são a , a e o Antecedendo a estas três fases, existe um período não bem delimitado que é o período , que Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII caracteriza-se pela descida do fundo do útero (2 a 4 cm) - decorrentes da adaptação do polo fetal ao estreito superior da bacia, aumento de dores lombares, estiramento das articulações pélvicas, aumento das secreções glandulares cervicais com eliminação de muco, encurtamento do colo e contrações uterinas com menores intervalose maior intensidade, que vão se tornando mais e mais frequentes até que se instala o trabalho de parto. começa com as que modificam o colo e terminam quando este encontra-se . O útero grávido apresenta contrações desde o início da gestação, porém somente a partir da 28ª-30ª semanas estas contrações começam a ser percebidas pela gestante (contrações de Braxton-Hicks) e são indolores. À medida que a gestação evolui, estas contrações tornam-se mais frequentes e melhor coordenadas, ajudando o amadurecimento do colo uterino (período premonitório). ❖ amolecimento, que aumenta no período de pré-parto; ❖ orientação, quando o colo se alinha com o eixo longitudinal da vagina, ❖ abaixamento, pela dilatação do istmo uterino, ❖ apagamento, que é a incorporação do colo ao segmento Não há limite preciso entre o término do período premonitório e o início do trabalho de parto. Estabelece-se o trabalho de parto quando existe contrações uterinas ritmadas e que provoquem alterações progressivas no colo uterino inicia com a e termina com a . Ocorre juntamente com as contrações uterinas, a contração do diafragma e da musculatura abdominal que comprimem o útero de cima para baixo e de diante para trás. Sob efeito das contrações, o feto é propelido através do colo totalmente dilatado, alcança a vagina e passa a distender o diafragma vulvoperineal. Ao comprimir as paredes vaginais, o reto e a bexiga, provoca o aparecimento de contração da musculatura abdominal (prensa abdominal), via arco reflexo, que são os “puxos”. À medida que a apresentação desce, a vulva se entreabre, dilata-se e permite a expulsão fetal. Após o parto, o útero se retrai e seu fundo alcança a cicatriz umbilical. conta com três tempos fundamentais: é uma consequência da retração do útero, pois esta provoca uma redução acentuada da superfície interna do útero e pregueamento da zona de inserção placentária. Tem início ao nível da camada esponjosa (menos resistente) e, no ponto em que se iniciou o descolamento, há a formação do hematoma retroplacentário (que funcionará como cunha, ajudando na dequitação). 75% das vezes, ocorre segundo o Mecanismo de Baudelocque-Schultze, exteriorização primeiro da face fetal da placenta, e posteriormente, a saída do hematoma retroplacentário.. Mas, em 25% dos casos, ocorre segundo o Mecanismo Baudelocque-Duncan, que é quando ocorre primeiro saída do hematoma retroplacentário e em seguida a saída da placenta. ocorre quando a placenta, empurrada pelas contrações uterinas, alcança a vagina, distendendo-a e desencadeando, novamente, o fenômeno do puxo, provocando sua expulsão ou desprendimento. também chamado de quarto período, é a primeira hora decorrida após a expulsão placentária. Nesse intervalo ocorre a ativação dos mecanismos de homeostasia para conter a hemorragia que sucede ao descolamento da placenta. É caracterizado por quatro fases: laqueadura viva dos vasos uterinos, determinada pela retração da musculatura uterina (primeira linha de defesa do organismo contra a hemorragia); formação de trombose nos grandes vasos do sítio placentário (segunda linha de defesa contra a hemorragia); quando ocorre o relaxamento da fibra muscular do útero; Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII quando a fibra uterina adquire maior tono e se mantém assim até ocorrer a involução puerperal. MECANISMO DE PARTO São com o intuito de adequar seus maiores diâmetros aos maiores diâmetros do canal do parto. Estes movimentos são e . É dividido didaticamente em seis tempos: passagem da da apresentação pelo . Deve ocorrer de forma que as estruturas do bebê passem a . ocorre quando o bebê, impulsionado pela contratilidade uterina, , onde a resistência deste aumenta a flexão. acontece quando a apresentação que a força a realizar , orientando a sutura sagital no sentido anteroposterior (maior diâmetro da pelve). Simultaneamente, as espáduas do feto se apresentam ao estreito superior se dá porque as contrações uterinas, exercendo pressão para baixo, forçam a descida, e a nuca fetal faz apoio na arcada púbica, enquanto a sua face distende o assoalho pélvico, que oferece menor resistência, e sofre deflexão, deslocando o coccige materno para trás (hipomóclio). Neste momento, ocorre o deslizamento do occipício sob a arcada púbica e o bregma, a fronte, o nariz e o mento surgem sobre o períneo. ocorre devido à rotação interna das espáduas que alcançando o assoalho pélvico, orientam o diâmetro biacromial no sentido anteroposterior, por ser este o maior diâmetro deste estreito. o ombro anterior coloca-se sob a arcada púbica onde faz apoio, e o ombro posterior distende o assoalho pélvico, deslocando o coccige materno, e se desprende após sofrer movimento de flexão lateral. Imediatamente, após o desprendimento do ombro posterior, o ombro anterior desliza sob a arcada púbica e, também, se desprende. O restante do corpo do feto não oferece resistência ao nascimento por ter diâmetros menores. FONTE: SEMIOLOGIA OBSTÉTRICA (HEL IO CARRARA) Apontar as vantagens do parto vaginal - para a mãe e para a criança - e o cenário em que o parto cesáreo é indicado. PARTO VAGINAL Segundo a OMS, o parto vaginal ou normal é “aquele de início espontâneo, baixo-risco no início do trabalho de parto, permanecendo assim, em todo o processo até o nascimento. O feto nasce espontaneamente, em posição cefálica de vértice, entre 37 e 42 semanas completas de gestação. Após o nascimento mãe e filho em boas condições”. Favorece uma e após o parto. Permite a , desde o primeiro minuto do seu nascimento, favorecendo a , através da amamentação instantânea. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII , pois, geralmente, a mulher não recebe medicamentos no parto normal. A mulher não precisa ser submetida a e não terá cicatrizes, na maioria das vezes. nos partos marcados com antecedência, com dia e hora para acontecer, a chance de a mãe ter alguma hemorragia é oito vezes maior que no parto normal, pois o útero pode não estar preparado para aquele momento. : por não necessitar de incisões, na maioria dos casos, evita potenciais infecções e hemorragias. A cesárea tem quatro vezes mais risco de morte materna e 10 vezes mais risco de morte neonatal. o tórax é comprimido, favorecendo a expulsão do líquido amniótico dos pulmões; acelera a maturidade pulmonar e previne problemas respiratórios; melhora o sistema neurológico; fortalece o sistema imunológico; o bebê nasce mais ativo e tem mais chances de se alimentar exclusivamente do leite materno sob livre demanda. Além disso, ao passar pelo canal vaginal, a flora bacteriana da mãe passa para o bebê, (microbiota). Essa microbiota da criança, formada a partir da passagem no canal de parto, , no futuro: em 20% o aparecimento de diabetes tipo I (melhoria do sistema metabólico); em 16% o aparecimento de asma; e o aparecimento de alergias e doenças autoimunes (melhoria do sistema imunológico). o trabalho de parto é um processo físico e hormonal e serve para terminar o amadurecimento do bebê, principalmente seus sistemas respiratório, imunológico e nervoso. Nas cesáreas, pré-agendadas, há maior prevalência de bebês prematuros em virtude da indução do trabalho de parto realizada antes da total maturidade fetal. INDICAÇÕES PARA PARTO CESÁREO A alta incidência de partos cesáreos sem indicações precisas é motivo de preocupação mundial. O procedimento associa-se a (quatro a cinco vezes maiores em relação aos partos vaginais) e, ainda, encontra-se . Apresentações anômalas; Doença materna sexualmente transmissível como a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e alguns casos de papilomavírus humano (HPV); Síndromes hemorrágicas do terceiro trimestre da gravidez (descola mento prematuro da placenta, placentaprévia, rotura uterina); Indicações clínicas maternas (diabetes, hipertensão arterial e síndrome HELLP), entre outros, que venham a complicar o bom andamento do parto; Parto cesárea de repetição (iteratividade); Sofrimento fetal agudo; Distocias funcionais etc. e consequente elevação de gastos para o sistema de saúde. ARTIGO: IND ICAÇÕES DE PARTOS CESÁREOS EM HOSP ITAIS DE ATENDIMENTO AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (JOE LUIZ NOVO) PARTO CESÁREO desacelerações tardias: a anormalidade cardiotocográfica que mais comumente aparece quando há hipoxemia e refletem melhor a queda da reserva fetal de oxigênio, durante o trabalho de parto; desacelerações variáveis graves: surgem como consequência da compressão do funículo, tendo como principal fator predisponente o oligoâmnio, cuja etiologia é, Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII sobretudo a hipoxemia fetal oriunda de insuficiência placentária crônica; bradicardias prolongadas; descolamento prematuro da placenta; placenta prévia com sangramento intenso; traumas maternos (acidentes em geral); é típica de pano obstruído, cuja etiologia é, em sua maioria, a desproporção cefalopélvica. quando há morte materna sob vigilância médica, o feto pode ser salvo se a intervenção operatória ocorrer até 20 minutos após o óbito; êxito depende de idade gestacional, intervalo entre o óbito materno e a cesárea, natureza e rapidez da morte materna (a morte lenta piora o prognóstico neonatal); quando há prolapso de cordão, a conduta é propiciar o parto por via rápida nas apresentações cefálicas e nas pélvicas, e permitir o pano vaginal quando as condições forem as ideais para essa via de parto; caracterizada por distúrbios da contratilidade uterina, resultando na não progressão do parto. Malformações fetais; Apresentações anômalas: apresentação pélvica, apresentação córmica, apresentação cefálica defletida de 2° grau. nas apresentações cefálicas defletidas com mento posterior persistente (3° grau) e bregmáticas posteriores (1° grau), a cesárea também está indicada por evoluírem de forma morosa e com riscos aumentados de tocotraumatismo fetal. Macrossomia fetal; Gestações múltiplas; Placenta prévia. Fatores obstrutivos e tumores prévios Doenças maternas: cardiopatias, eclampsia e síndrome HELLP, doenças infecciosas; Cicatriz uterina prévia; Cesárea prévia. FONTE: ZUGAIB OBSTETRÍC IA Entender a anatomia do períneo, como é feita, quando e quais as implicações de uma episiotomia. ANATOMIA DO PERÍNEO é o compartimento romboide limitado perifericamente pela abertura inferior da pelve osteofibrosa e profundamente (superiormente) pelo diafragma da pelve. A área de superfície sobre esse compartimento é a região do períneo. ❖ A região urogenital (anteriormente) e a região anal (posteriormente) que formam essa área romboide situam-se em ângulos opostos. ❖ Os planos cruzados definem a linha transversa (que se estende entre os túberes isquiáticos) que forma a base de cada região. ❖ O centro é perfurado pela uretra e, nas mulheres, pela vagina. ❖ A região anal é perfurada pelo canal anal. ❖ O corpo do períneo é uma massa musculofibrosa situada entre as estruturas que perfuram as regiões UG e anal, no ponto central do períneo. a tela subcutânea do trígono urogenital inclui um e um (fáscia de Colles), que são contínuos com as camadas correspondentes da parede abdominal anteroinferior. Nas mulheres, o panículo adiposo é espesso no monte do púbis e nos lábios maiores do pudendo, mas em homens, é substituído pelo músculo liso dartos o pênis e escroto. O estrato membranáceo do períneo é limitado a região UG, fundindo-se com a membrana do períneo na margem posterior (base) da região. Nos homens, essa camada estende-se até o pênis e o escroto, onde está intimamente associada à pele frouxa e móvel dessas estruturas. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII A membrana do períneo plana divide a região urogenital do períneo em . O espaço superficial do períneo está entre o estrato membranáceo da tela subcutânea do períneo e a membrana do períneo, e é limitado lateralmente pelos ramos isquiopúbicos. Contém os corpos eréteis dos órgãos genitais externos e os músculos associados, o músculo transverso superficial do períneo, os nervos e vasos perineais profundos e, nas mulheres, as glândulas vestibulares maiores. O espaço profundo do períneo está situado entre a membrana do períneo e a fáscia inferior do diafragma da pelve, e é limitado lateralmente pela fáscia obturatória. Compreende os recessos anteriores das fossas isquioanais preenchidos por gordura (lateralmente), o músculo transverso profundo do períneo e a parte inferior do músculo esfíncter externo da uretra, a parte da uretra que atravessa a membrana do períneo (a parte membranácea da uretra nos homens), os nervos dorsais do pênis/clitóris e, nos homens, as glândulas bulbouretrais. as fossas isquioanais são espaços cuneiformes, revestidos por fáscia, ocupados pelos corpos adiposos isquioanais. Os corpos adiposos oferecem sustentação, podem ser comprimidos ou afastados para permitir a descida e a expansão temporárias do canal anal ou da vagina para a passagem de fezes ou de um feto. Os corpos adiposos são travessados pela rede neurovascular anal inferior/retal. O canal do pudendo é uma importante passagem na parede lateral da fossa, entre as lâminas da fáscia obturatória, para os nervos e vasos que entram e saem da região urogenital. o canal anal é a parte terminal do intestino grosso e do sistema digestório, sendo o ânus a saída para o meio externo. O fechamento (e, portanto, a continência fecal) é mantido pela ação coordenada dos músculos esfíncteres internos (voluntário) e externo (involuntário) do ânus. O tônus simpático do esfíncter interno mantém o fechamento, exceto durante o enchimento da ampola do reto e quando inibido durante uma contração peristáltica do reto estimulada pelo sistema parassimpático. Durante esses momentos, o fechamento é mantido (exceto se for permitida a defecação) por contração voluntária dos músculos puborretal e esfíncter externo do ânus. Internamente, a linha pectinada demarca a transição visceral para somática do suprimento e da drenagem neurovasculares. O canal anal é circundado por plexos venosos superficial e profundo, cujas veias normalmente têm uma aparência varicosa. As tromboses no plexo superficial e o prolapso da túnica mucosa, inclusive de partes do plexo profundo, formam hemorroidas externas dolorosas e hemorroidas internas insensíveis, respectivamente. FONTE: MOORE ANATOMIA OR IENTADA PARA A CLÍN ICA EPISIOTOMIA Revisão sistemática demonstra que há evidências satisfatórias de que evitar a episiotomia de rotina diminua significativamente o trauma perineal, sem diferença em relação à dor e ao risco de trauma vaginal perineal grande, mas com aumento do risco de trauma perineal anterior. Quanto à dor após o parto, alguns estudos observam maior incidência de dor quando realizada a episiotomia e outros não notam essa associação. O procedimento deve aplicado de para distocia de ombro e parto pélvico, partos a fórceps ou com extrator a vácuo, posições de occipúcio posterior e os casos em que a não realização de episiotomia resulte em ruptura perineal. A episiotomia pode ser , ou (perineotomia), sendo que a primeira foi praticamente abandonada por relacionar-se a maiores frequências de feixes musculares lesados e de sangramento. Apesar das aparentes vantagens da perineotomia, esta só deve ser indicada quando se observa que o tamanho do feto e a distância entre a fúrcula vaginal e o ânus são suficientes para que não ocorram lacerações perineais de terceiro e de quarto graus. Aqui pode haver maior probabilidade de lacerações do esfíncteranal. Nesse tipo de corte são incisadas a mucosa vaginal, a pele e as fáscias superficial e profunda do períneo. Em casos em que não seja possível ter a certeza de que não há risco dessas lacerações, de maneira geral opta-se pela episiotomia mediolateral direita. Esse procedimento Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII abrange a pele a mucosa vaginal, a aponeurose superficial do períneo e as fibras dos músculos bulboesponjoso e transverso superficial do períneo. ARTIGOS Discutir as características normais de um bebê à termo. CARACTERÍSTICAS NORMAIS A partir do nascimento até os 28 dias após o nascimento estabelece-se o , período este em que o RN passa por intensas mudanças adaptativas inerentes à esta fase, especialmente nas primeiras 24h de vida, também chamado de , na qual o RN realiza adaptações fisiológicas necessárias à transição da vida fetal à vida extrauterina. As alterações mais importantes e intensas ocorrem imediatamente após o nascimento até a segunda semana de vida, prosseguindo em um ritmo mais lento nos meses seguintes. mobilidade incoordenada que cessa com o sono. Chora ativamente. a atividade do RN lembra a posição fetal intrauterina. (2900 a 3500g, sendo que até o 10º dia perde 5-10% do peso de nascimento e ganho de 30g por dia nos 3 primeiros meses), (47-52cm), (PC = 34- 35cm) e (PT = 1-2cm menor que PC). FR de 40 a 60 irpm, . . Taquipneia fisiológica. FC de 120 a 160 bpm. . Circulação periférica lenta. Distúrbios circulatórios fisiológicos adaptativos. pouco tecido subcutâneo = . Não produz calor por tremor, produz calor por consumo de O2 e aumento do metabolismo. Gordura marrom (localizada entre as escápulas, ao redor do pescoço, nas axilas e atrás do esterno) é fonte adicional de calor. pronto desde o nascimento, com capacidade de 30 a 50ml. Musculatura pouco desenvolvida. Digestão gástrica entre 1h45 a 2h (leite materno). Fezes: mecônio nas primeiras 24h. a forma mais comum é a ; pode-se constatar a presença de Bossa Serossanguinolenta, que se apresenta como uma bolsa de secreção serosa que se forma sob o couro cabeludo do feto, em consequência do atrito com estruturas materna durante o parto. permitindo o crescimento acentuado do cérebro no período fetal até a pós-natal. assimetria devido à posição defeituosa na vida fetal ou como resultado de manobras obstétricas. Olhos permanecem fechados a maior parte do tempo nos primeiros dias. (produto de secreção da pele durante a vida intrauterina, recobre e protege a pele contra a maceração pelo líquido amniótico. Favorece o deslizamento do corpo na hora do parto e mantém a temperatura corporal da criança após o nascimento). Quando nasce, apresenta uma (Eritrodermia Neonatal) - essa coloração se dá devido ao número excessivo de glóbulos vermelhos na circulação e tende a diminuir esta coloração, devido à má circulação periférica em consequência da diminuição do retorno venoso. . (pelugem fina e longa que aparece com frequência em RN à termo e mais ainda em prematuros é encontrada no dorso, face e orelhas) simétrico, e de forma cilíndrica, largo na sua base, com as costelas em posição próxima à horizontalidade. saliente e globoso. A parte superior é maior que a inferior (hepatoesplenomegalia fisiológica). A porção do cordão umbilical é geralmente de aspecto branco-gelatinosa. curtos em comparação ao tronco e fletidos sobre o tórax e as pernas são ligeiramente curvas e fletidas sobre o abdômen. o bebê nasce com certos reflexos que devem ser avaliados como evidência do desenvolvimento normal. Sua presença ou ausência e o período em que aparecem ou desaparecem são indicativos de progresso. ** estudar multíparas e primíparas, apresentações e fases clínicas do parto. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Problema 3: Casa de ferreiro... Estudar os fatores de risco relacionados ao parto prematuro e suas complicações – para a mãe o bebê. FATORES DE RISCO ❖ (baseado em vidências puramente estatísticas, não comprovadas clinicamente) no mundo nascem cerca de 15 milhões de prematuros anualmente, ou seja, 11% são prematuros. Aproximadamente 90% desses prematuros concentram-se em países pobres ou em desenvolvimento. ❖ alguns autores têm relacionado a carência de alguns micronutrientes (por exemplo, ferro, vitaminas C, E e D, ácido fólico, zinco etc.) com a prematuridade, embora as evidências ainda não sejam suficientes. ❖ há estudos que consideram a adolescência, por si só, risco para a prematuridade. Porém, a delimitação de idade é questionável. Alguns o consideram abaixo de 20 anos, outros, abaixo de 18 ou 16 anos. ❖ o trabalho físico extenuante constitui fator de risco para a prematuridade; entretanto, a literatura não é uniforme na caracterização do esforço físico como prejudicial. Subir ou descer escadas frequentemente, longos períodos de trabalho em pé, carga horária excessiva e trabalho noturno estão entre os principais fatores. a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal materno e fetal aumenta a produção do hormônio liberador de corticotrofina (CRH). Por sua vez, a liberação de catecolaminas diante de situações de estresse agudo estimula os receptores alfa no útero e provoca hiper contratilidade uterina. ❖ segundo alguns autores, a mulher que deixa de fumar ainda no primeiro trimestre de gestação apresenta risco relativo de 1,6 para prematuridade; no entanto, para aquelas que deixam de fumar antes da concepção, o risco relativo é semelhante ao de mulheres não fumantes. Logo, o fator determinante é fumar durante a gestação, e não antes dela. ❖ o risco é particularmente alto com o uso de cocaína e derivados, situação em que a incidência de pano prematuro pode aumentar em até três vezes quando comparada ao grupo-controle. ❖ a progesterona determina parte do estado de quiescência uterina, desfeito poucas semanas antes do TP. O aumento precoce da relação estrógeno/progesterona é considerado um dos principais fatores que determinam o aparecimento das contrações uterinas. O predomínio estrogênico promove a síntese de receptores de ocitocina, a formação de gap junctions no miométrio, a síntese de prostaglandinas, as alterações bioquímicas no tecido conjuntivo cervical e a degradação do colágeno. Tudo isso pode estar envolvido no estímulo ao TP. ❖ a dilatação cervical precoce e indolor com a exteriorização das membranas no segundo trimestre da gestação, seguida por rotura destas e/ou infecção com consequente expulsão fetal, constitui a sequência de eventos que ocorre nesse caso. ❖ o sangramento decorrente de algum fator mecânico que leve ao descolamento coriodecidual e se manifeste como sangramento vaginal constitui fator de risco para o pano prematuro (Risco relativo de 1,4 a 5,8, quando comparado a alterações cervicais, contrações uterinas ou antecedentes de trabalho de parto prematuro). No primeiro trimestre: ↑RR em duas vezes. No segundo trimestre: ↑ RR em três vezes. ❖ ❖ nesses casos o trabalho de parto prematuro seja desencadeado em decorrência da sobre distensão uterina. A frequência de prematuridade na gemelidade é de aproximadamente 57%, sendo maior quando há mais de dois fetos. A idade gestacional média de nascimento para dois fetos é de 36 semanas; de 33 semanas na presença de três Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII fetos; e de 31 semanas na presença de quatro fetos. ❖ a rotura prematura de membranas oculares (RPMO) é fator de risco para o parto prematuro e está presente em cerca de 30 a 40% dos casos. Nela, há comprometimentos estruturais ou bioquímicos, que causam perda de elasticidade das membranas e aumento da pressão intrauterina ou enfraquecimento das membranas, em decorrência da invasão bacterianae de reações inflamatórias. ❖ ❖ entre os RN prematuros espontâneos, a prevalência de restrição do crescimento fetal pode ser de três a seis vezes maior do que nos a termo. Alterações isquêmicas da placenta estresse fetal crônico liberação de CRH, ocitocina e cortisol ↑ da contratilidade uterina. ❖ o fator de risco clínico mais importante para a prematuridade espontânea. O risco de repetição da prematuridade é pelo menos duas vezes maior do que na ausência desse antecedente. ❖ ❖ admite-se que a prematuridade espontânea ou eletiva ocorra entre 25 e 50% dos casos de malformações uterinas. Entre elas, destacam-se o útero didelfo, o útero bicorno e o útero septado. ❖ ❖ a infecção do trato genital inferior, mediante a ascensão de microrganismos à decídua, membranas fetais e líquido amniótico tem sido associada ao parto prematuro. Diante do processo infeccioso e infamatório do cório, da decídua ou da cérvix, há liberação de interleucinas (fL.1, IL-6, fL.8) e fator de necrose tumoral, os quais, por sua vez, atraem leucócitos e macrófagos, ativando-os a produzirem elastases e outras proteases que participam da degradação da matriz extracelular cervical. Isso leva ao preparo do segmento inferior e ao esvaecimento do colo uterino. Além disso, alterações que promovem contrações uterinas também são observadas. ❖ doenças sistêmicas crônicas como diabetes mellitus, hipertensão arterial, nefropatias, cardiopatias e hiper ou hipotireoidismo não compensados e as que surgem com a gravidez, como as síndromes hipertensivas, podem resultar em pano prematuro espontâneo ou eletivo em função das complicações maternas ou fetais. ❖ fatos como mulheres que nasceram prematuras terem maior risco de ter filhos prematuros, o risco de pano prematuro ser aumentado diante de antecedentes de prematuridade com o mesmo parceiro e a troca de parceiro reduzir o risco de novo parto prematuro em um terço sugerem predisposição genética. embora o emprego da ultrassonografia no início da gravidez determine com precisão a idade gestacional, esse exame nem sempre é realizado ou muitas vezes é solicitado em fase avançada da gestação, quando o erro do método é maior. Logo, datas podem estar equivocadas e o parto, muitas vezes eletivo, ocorre prematuramente. FONTE: ZUGAIB OBSTETRÍC IA COMPLICAÇÕES ocasionada por uma baixa reserva de glicogênio no fígado. leva a congestão pulmonar e diminuição do fluxo sanguíneo ao TGI e cérebro. pode levar a hipoxia. comum pela redução das reservas de ferro e de hemácias ao nascimento, bem como queda da eritropoiese. devido ao comprometimento da imunidade e níveis reduzidos de imunoglobulina. devido a uma deficiência de tecido adiposo. perda de água pela pele leva a uma desidratação Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII inflamação dos intestinos que leva à necrose. devido a imaturidade dos reflexos de secreção, deglutição e motilidade intestinal. Icterícia: devido a uma imaturidade hepática, que leva à hiperbilirrubinemia. ocorre mais comumente hemorragia intraventricular, devido a um sangramento dos tecidos que revestem os ventrículos. FONTE: OBSTETRÍC IA REZENDE Analisar os parâmetros relacionados a escolha do parto via vaginal ou cesárea no parto prematuro. VANTAGENS E ESCOLHA Assim como no feto a termo, um dos principais objetivos da escolha da via de parto é proporcionar ao prematuro condições que evitem a acidose perinatal e os traumas decorrentes do nascimento. idade gestacional, peso estimado do feto, apresentação fetal, condições do colo uterino, integridade das membranas amnióticas e, como já salientado anteriormente a possibilidade de monitorização fetal e experiência da equipe envolvida. A literatura internacional cita como limite inferior para se considerar um feto viável uma idade gestacional de 24 semanas e peso acima de 500 g. , nos Estados Unidos, bebês muito prematuros nascidos através de em comparação com os nascidos através de cesariana. Segundo os pesquisadores, independente do motivo pelo qual foi optado pelo parto cesariana, o parto normal mostrou- se mais seguro Pois o trabalho de parto, as contrações e o esmagamento natural ajudem a limpar os pulmões dos bebês, permitindo-lhes um melhor status respiratório ao nascimento. Os pesquisadores encontraram que 39% os bebês nascidos através de cesariana apresentaram problemas respiratórios, enquanto 26% dos bebês nascidos através de parto natural tiveram os mesmos problemas. a cabeça fetal é relativamente maior do que o tronco e pode haver dificuldade de seu desprendimento. Neste caso, manobras de extração podem causar lesões traumáticas, hipoxia e seque-las neurológicas. Em virtude destas possíveis complicações, ARTIGOS Elucidar as características de um bebê prematuro. CLASSIFICAÇÕES De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) um bebê prematuro, que também pode ser chamado de pré-termo, é aquele que nasce antes de 37 semanas de gestação completas. nascido antes de 28 semanas de gestação; nascido entre 28 e 32 semanas de gestação; nascido entre 32 e 37 semanas de gestação. Quanto mais prematuro o bebê, maiores são os riscos para sua saúde, pois seus órgãos e sistemas ainda não estão completamente desenvolvidos. CARACTERÍSTICAS ❖ Cabeça proporcionalmente maior que o corpo; ❖ Tecido subcutâneo escasso por ter pouca gordura corporal; ❖ Pele fina, brilhante e rosada. Em alguns casos, pode ser coberta por uma penugem fina, chamada de lanugo; ❖ Músculos mais fracos e movimentos físicos reduzidos; ❖ Orelhas finas e pouco encurvadas; ❖ Respiração mais rápida e irregular; ❖ Veias visíveis; ❖ Os bebês prematuros têm dificuldade em manter o calor do corpo, além de estarem sujeitos a outras complicações, como as respiratórias, e reflexos de sucção e deglutição deficientes, que trazem dificuldades para a alimentação.; ❖ Além disso, alguns bebês podem apresentar retinopatia (doença visual causada pela prematuridade e uma das principais causas de cegueira na infância); além de problemas neurológicos e autismo. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Compreender como é feita a avaliação de Apgar no recém-nascido e a sua importância. ESCALA OU ÍNDICE DE APGAR Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação depende da avaliação rápida da vitalidade do recém-nascido. O teste mais comumente empregado é a , que consiste na avaliação de no , no e no , atribuindo-se a . Os sinais avaliados são a , a , o , a e a . ❖ presente em cerca de 90% dos recém-nascidos, significa que o bebê nasceu em ótimas condições. ❖ significa que o bebê apresentou uma dificuldade leve. ❖ traduz uma dificuldade de grau moderado. ❖ aponta uma dificuldade de ordem grave. Se estas dificuldades persistirem durante alguns minutos sem tratamento, podem levar a alterações metabólicas no organismo e anóxia. A presença de mecônio é agravante. Quando o parto envolve anestesia, a pontuação pode ser mais baixa. Por vezes, uma pequena parte do anestésico atravessa a placenta e torna o bebê menos reativo. Mas não é caso para alarme: o teste costuma estar normal na repetição aos cinco minutos Além da análise do índice de APGAR, deve ser implicados outros cuidados imediatos ao RN, como (primeiramente da orofaringe com a pera de borracha e, posteriormente, gástrica com o uso de sondas), (deve ser colocado na incubadora a 30°C) e (indicada apenas para conceptos deprimidos). FONTE: CADERNO DE ATENÇÃO À SAÚDE DO RN DE R ISCO + ARTIGO Entender as medidas profiláticas em partos prematuros e apontar de que forma o uso de corticoides influencia na prematuridade. MEDIDAS DE PROFILAXIA Cerca de 10 a 15% das gestantes na população apresentam antecedente de prematuridade espontânea,o que leva ao aumento de risco de 1,5 a 2 vezes em gravidez subsequente. Sua recorrência depende do número de partos pré-termo anteriores e da idade gestacional por ocasião do nascimento. Quanto maior o número de prematuros anteriores e menor a idade gestacional no parto, maior o risco. Para a gestante com feto único e antecedente de prematuridade espontânea, o uso da progesterona deve ser iniciado na 16ª semana e mantido até a 36ª semana. Recomendamos a , na dosagem de 200 mg/dia. Com isso, reduz-se a recorrência da prematuridade em cerca de dos casos (nível de evidência IA). O colo uterino curto está presente em apenas 2 a 3% das gestantes. O comprimento do colo deve ser medido pela ultrassonografia transvaginal durante o segundo trimestre em todas as gestantes. Alguns autores consideram o colo curto quando este mede menos de 20 mm, e outros consideram a medida menor que 25 mm . Após a constatação da presença de colo curto em gestantes assintomáticas com feto único, deve-se utilizar a progesterona natural pela via vaginal (200 mg/dia) até a 36ª semana. Com tal medida, é possível reduzir a prematuridade em aproximadamente 40% dos casos (nível de evidência I A) No caso de antecedente de perda fetal por repetição de segundo trimestre ou partos pré-termo extremos devidos à incompetência cervical, o tratamento de escolha é a (nível de evidência I B). No entanto, a presença de colo uterino curto em gestante sem antecedente obstétrico sugestivo de Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII incompetência não leva à indicação de circlagem cervical. A circlagem uterina é uma sutura para fechar o colo do útero. É empregada quando a mulher tem uma incompetência do colo e não consegue segurar o bebê. Normalmente o problema só é descoberto após a perda de uma ou duas gestações Outro recurso que vem sendo gradativamente introduzido na prática clínica é o uso do pessário cervical no colo uterino curto e em gestações únicas. Dois estudos randomizados verificaram sua utilidade para evitar a prematuridade. Um mostrou que houve diminuição significante da prematuridade, o segundo estudo, embora com casuística menor, não demonstrou diferenças quanto à prematuridade entre o grupo pessário (n=55) e o grupo controle (n=53). Com apenas dois estudos que revelaram resultados contrários, nada pode ser concluído sobre o papel do pessário na prevenção da prematuridade O para faz parte da , em que são realizadas intervenções que reduzem as complicações neonatais depois do início do trabalho de parto prematuro. Tais complicações podem ser minimizadas por meio da , da antibioticoterapia profilática para o estreptococo do grupo B e da neuroproteção com o sulfato de magnésio. No entanto, a tocólise apenas adia o nascimento por alguns dias, o que é útil para a realização das intervenções citadas anteriormente, mas não evita o nascimento prematuro. tocolíticos são medicamentos usados para suprimir um TP prematuro apesar de o repouso ser amplamente recomendado, a associação entre atividade física e parto prematuro não é bem estabelecida. Rezende (2013) indica o tratamento de mulheres com vaginose bacteriana com antecedente de parto pré-termo ou abortamento tardio, mesmo que assintomáticas, de preferência antes de 16 semanas de gravidez. Recomenda a clindamicina como melhor opção terapêutica nestes casos. também denominada cerclage ou cerclagem por alguns autores. É um procedimento utilizado para correção de incompetência istmocervical (IIC) em pacientes com alto risco de parto prematuro. A IIC ocorre quando o útero não consegue manter o feto em seu interior até o termo, quer seja por falha estrutural, anatômica ou funcional do colo uterino. As maiores causas são alterações congênitas, como malformações uterinas e adquiridas, decorrentes de tumores e cirurgias (conização e traumas obstétricos) a suplementação hormonal com progesterona, na forma de supositórios vaginais diários ou injeções intramusculares semanais, a partir do segundo trimestre até 34 semanas de gravidez, tem mostrado redução nas taxas de parto prematuro em pacientes com história de parto prematuro anterior. Porém, Ainda não há evidências definitivas sobre a eficácia da progesterona na diminuição das taxas de parto prematuro em mulheres com gestação múltipla, em trabalho de parto ou com outros fatores de risco. INIBIÇÃO DO TRABALHO DE PARTO Ocorre quando é possível realizar medidas que melhorem o resultado neonatal. Isto ocorre , já que antes de 24 semanas o prognóstico da gestação é muito ruim e após 34 semanas a prematuridade possui uma influência pequena na sobrevida neonatal não há evidências a favor da hidratação venosa no tratamento do trabalho de parto prematuro. o uso de antibióticos em pacientes em trabalho de parto prematuro com bolsa íntegra não mostrou benefícios em prolongar tais gestações e não deve ser recomendado. quando prescrita isoladamente para prolongar a gestação, não melhora o prognóstico fetal. Seu objetivo principal é , medicação que realmente diminui a morbimortalidade neonatal. Os tocolíticos geralmente utilizados são: ❖ substâncias semelhantes às catecolaminas que atuam nos receptores da musculatura involuntária causando relaxamento muscular, através da elevação do AMP-c, com consequente diminuição do cálcio livre intracelular. São eficazes em prolongar a gestação por 48 horas, tempo suficiente para administração de corticoides, visando acelerar a maturidade pulmonar fetal. Algumas drogas disponíveis no mercado incluem o salbutamol, a ritodrina (única aprovada pelo FDA), a terbutalina, o fenoterol e a isoxsuprina. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ este grupo de medicamentos atua inibindo a cicloxigenase e bloqueando a conversão do ácido aracdônico livre em prostaglandina. Isso as prostaglandinas E e F têm papel relevante na gênese das contrações uterinas, através do aumento da formação de gap junctions miometriais e aumento do cálcio intracelular disponível. Logo, inibidas, espera-se que haja uma diminuição das contrações. Nesta classe de tocolíticos, a indometacina é o fármaco mais frequentemente utilizado. não deve ser utilizada em gestantes com idade gestacional maior que 32 semanas, ou por períodos maiores que 48-72 horas, sob o risco de fechamento precoce do ducto arterioso e consequente hipertensão pulmonar fetal. ❖ Atuam diretamente pelo bloqueio do influxo de íons de cálcio pela membrana celular e inibição da liberação do cálcio intracelular pelo retículo sarcoplasmático. A menor quantidade de cálcio livre intracelular resulta em inibição da fosforilação mediada da miosina de cadeia leve quinase, resultando em relaxamento do miométrio. Os bloqueadores de canal de cálcio apresentam rápido início de ação e posologia facilitada, sendo por muitos autores classificadas como primeira escolha A nifedipina é seu principal representante ❖ age através de competição com os íons cálcio pela entrada nas células musculares, porém sua eficácia nesse caso não é unanimidade Deve-se verificar constantemente os níveis de magnésio séricos a fim de evitar hipermagnesemia, através de testes de reflexo patelar, frequência respiratória e débito urinário, pois são diretamente alterados com altos níveis desse mineral ❖ o atosiban é um antagonista seletivo do receptor de ocitocina. Ele é mais efetivo em idades gestacionais mais avançadas visto o maior número de receptores uterinos de ocitocina e maior responsividade uterina à ao hormônio com o avançar da idade gestacional. CORTICOTERAPIA e da incidência da doença de membrana hialina, hemorragia intraventricular e enterocolite necrosante. A administração antenatal de glicocorticoides acelera o desenvolvimento dos pneumócitos. Também regula as enzimas dos pneumócitos II que estimulama síntese de fosfolipídios e consequente liberação de surfactante. As medicações recomendadas são a betametasona e dexametasona, pois, além de outras vantagens, atravessam melhor a barreira placentária. A corticoterapia deve ser utilizada entre em toda gestante com risco de parto prematuro, independente da presença de rotura prematura de membranas ovulares. Problema 4: Vigiar e ficar atento Estudar a dequitação. DEQUITAÇÃO DA PLACENTA Nesse período, também chamado ou dequitadura, o útero expele a placenta e as membranas (após o nascimento do feto). Assim, após descolamento de seu leito uterino, a placenta desce através do canal de parto e é expelida pela rima vulvar. Seu descolamento ocorre em virtude da diminuição do volume uterino depois da expulsão fetal, associada às contrações uterinas vigorosas e indolores. ❖ quando começam no centro. Primeira face placentária vista na rima vulvar é a face fetal. ❖ começam lateralmente. Primeira face placentária vista na rima vulvar é a materna. O primeiro é mais frequente e apresenta sangramento após a dequitação, com formação de hematoma retroplacentário. O segundo, menos comum, tem escoamento de sangue antes da total expulsão da placenta. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Fisiologicamente, sabe-se que ela deve ocorrer dentro de 20 a, no máximo, 30 minutos. Porém, em 80% dos partos a dequitação se dá nos primeiros 10 minutos Não devem ser realizadas manobras para promover o descolamento da placenta de forma rápida, pois Estima-se que a média de tempo necessário para a dequitação é de 5 minutos; em 90% dos casos, ela ocorre em até 15 minutos; e em 97% dos casos, ela termina após 30 minutos. Descreve-se, ainda, aumento na incidência de complicações hemorrágicas quando é ultrapassado o tempo de 30 minutos. Deve-se observar de forma atenta a existência de sangramento abundante e, caso ocorra essa intercorrência, promover o manejo ativo do terceiro período, que pode incluir a extração manual da placenta. ❖ Elevação do fundo uterino em 2 a 3 cm com desvio para a direita ( ); ❖ A forma discoide e globosa do útero quando avaliado em sentido anteroposterior ( ); ❖ A não transmissão da tração do cordão à mão que palpa o fundo do útero ( ); ❖ A ausência de propagação da percussão do fundo do útero até o cordão umbilical ( ); ❖ A elevação do útero por meio de palpação abdominal não acompanhada da movimentação do cordão umbilical ( ). ❖ A descida progressiva do cordão umbilical (sinal de Ahlfeld) com rotação deste (sinal de Hochenb ichler); ❖ A sensação de peso retal conhecida como sinal de placenta (sinal de Calman ou sinal de Michulicz-Rarecki); ❖ Ao toque vaginal, a identificação da presença de placenta em fórnice vaginal posterior (sinal de Garber). Nesse momento, roda-se a placenta para que o desprendimento das membranas seja completo (manobra de Jacobs). Após a retirada da placenta, deve-se avaliá-la procurando certificar-se de que a . Caso existam dúvidas a esse respeito, procede-se à e à . Após o término da dequitação, , assim como a episiotomia. PERÍODO DE GREENBERG Também denominado de quarto período, a inicia-se imediatamente após a dequitação. É, então, a e não um verdadeiro quarto período clínico do parto. Nesse período, ocorrem a maternos e a . Essa primeira hora caracteriza-se pela ocorrência dos fenômenos de , de , pela e pela que a segue. A redução do volume uterino causa angulação das artérias uterinas e ovariana, provocando diminuição da perfusão uterina. A contração do útero causa oclusão dos vasos miometriais ( ) e foi descrita por Pinard como ligaduras vivas, ou globo vivo de Pinard. O é a segunda linha de defesa contra a hemorragia e tem como característica a formação de trombos nos grandes vasos uteroplacentários, os quais se prolongam pelos coágulos intrauterinas que recobrem o leito placentário. Segundo Greenberg, citado por Rezende, a retirada desses coágulos intrauterinas após o final do parto é um processo não fisiológico e, portanto, deveria ser evitada. A é caracterizada por contração e relaxamento das fibras miometriais e ocorre na primeira hora pós-parto. Assim, pode haver enchimento e esvaziamento de Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII sangue no interior do útero, e a hemostasia uterina depende, principalmente, do trombotamponamento nessa fase. Esse estado de indiferença uterina pode ser prolongado nos trabalhos de parto laboriosos, nas grandes multíparas e quando há distensão excessiva do útero, como acontece nas gestações múltiplas ou com fetos macrossômicos ou, ainda, na presença de polidrâmnio. A surge com o fim desse período (depois de 1 hora), e o maior tônus uterino mantém a hemostasia pós-parto, auxiliando no retorno do útero ao estado pré- gravídico. FONTE: ZUGAIB OBSTETRÍC IA Compreender o puerpério e sua assistência, abordando a involução uterina. PUERPÉRIO o puerpério, ou período pós-parto, tem início após a dequitação e se estende até 6 semanas completas após o parto. Essa definição é baseada nos efeitos acarretados pela gestação em diversos órgãos maternos que, ao final desse período, já retornaram ao estado pré-gravídico. Nem todos os sistemas retornam à condição primitiva até o fim da 6ª semana, por isso, alguns autores postergam a data. ASSISTÊNCIA NO PUERPÉRIO A nova mãe necessita de suporte emocional e tranquilidade durante o período pós-parto para garantir que ela adquira confiança e estreite os laços emocionais com o RN. a maioria das pacientes permanece nos primeiros dias de puerpério em ambiente hospitalar. As informações adquiridas com o médico que faz a visita auxiliam na confiança de poder cuidar bem de seu filho. O pai também deve ser encorajado a participar desses cuidados, não apenas para colaborar com a mãe, mas também para fortalecer a relação com o recém- nascido e com a família. ❖ Durante a internação, especialmente no primeiro dia de puerpério, a mãe deve ter aferidos a , a , os e a em intervalos regulares. ❖ Deve ser submetida a , com avaliação de mamas, abdome, trato urinário, região perineal e membros inferiores. ❖ Deve-se e , para verificar se o útero está contraído. ❖ Pela maior probabilidade de hemorragia significativa logo após o parto, mesmo em se tratando de gestação de baixo risco, a puérpera deve ser avaliada cuidadosamente até pelo menos o término da primeira hora após a dequitação. ❖ Nos primeiros dias após o parto vaginal ou a cesárea, a puérpera pode queixar-se de por uma série de razões, incluindo cólicas abdominais, dor na episiorrafia ou na cicatriz cirúrgica abdominal, ingurgitamento mamário e, raramente, cefaleia após anestesia raquidiana. Aconselhável a administração de analgésicos e anti-inflamatórios, a fim de minimizar o desconforto ❖ A dor na região da episiorrafia pode dificultar os movimentos da puérpera nos primeiros dias, e o uso de gelo local ou, em alguns casos, de spray anestésico, minimiza esse desconforto. Se este for muito intenso, deve-se atentar para um problema maior, como um hematoma, no primeiro dia, ou infecção, a partir do quarto dia do pós-parto. ❖ Há poucas evidências científicas sobre qual o cuidado ideal com o períneo após o nascimento. Deve-se realizar boa higiene perineal e, caso haja edema dessa região, recomenda-se a elevação dos pés da cama. Exercícios para a musculatura do assoalho pélvico podem ser benéficos para o fortalecimento desses músculos, mas não foi demonstrado que previnem o prolapso vaginal em intervalo curto de acompanhamento. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII a rápida deambulação apresenta menor taxa de complicações urinárias e de obstipação, assim como menor risco de trombose venosa ede tromboembolismo pulmonar, já que há hipercoagulação persistente nas primeiras 3 semanas após o parto. se houver retenção urinária, o tratamento inicial pode ser não invasivo, administrando- se analgésicos por via oral e permitindo que a paciente vá ao banheiro, tome um banho quente ou molhe as mãos em água fria corrente. Se o tratamento não se mostrou eficaz e a bexiga puder ser palpada por via abdominal (bexigoma), deve-se realizar o cateterismo vesical, caso a paciente seja incapaz de esvaziá-la. aparecimento ou agravamento de doença hemorroidária. Em um estudo prospectivo, por meio de exames proctológicos, verificou-se uma taxa de 7,8% de hemorroidas externas trombosadas no final da gestação e 20% no período pós-parto. Dessas pacientes, 91% notaram seu aparecimento no primeiro dia de puerpério. Partos traumáticos e recém-nascidos grandes podem ser considerados fatores de risco para o agravamento dessas afecções. ❖ O alojamento conjunto (do recém-nascido com a mãe) durante a hospitalização deve ser encorajado, já que, juntamente à amamentação sob demanda, esteve associado à , especialmente em primíparas. ❖ A , especialmente em mulheres inexperientes, tem sido relatada como um dos motivos para a . ❖ Recomenda-se o uso de sutiãs com alças largas e firmes, para manter os ductos mamários em posição anatômica. ❖ Se o colostro já estiver presente no momento do parto, recomenda-se que a mãe amamente logo nas primeiras horas após o nascimento. ❖ A descida do leite ocorre somente entre o segundo e o terceiro dia do puerpério, com desconforto considerável às pacientes. que devem ser orientadas acerca da técnica correta de amamentação. ❖ A presença de deformidades nos mamilos, assim como de traumas mamilares (eritema, fissuras, edema, bolhas), geralmente ocasionados por posicionamentos e pega inadequados, pode dificultar o processo de amamentação, gerando ansiedade no casal. analgésicos, próprio leite materno, ou cremes para acelerar a cicatrização. ❖ é o processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama (mais comumente o quadrante superior esquerdo), que pode ou não progredir para infecção bacteriana porta de entrada das bactérias, especialmente Staphylococcus aureus Infecção frequentemente na 2ª ou 3ª semana após o parto. Parte acometida da mama: dolorosa, hiperemiada, edemaciada e quente. Pode haver manifestações sistêmicas: mal-estar, febre alta, calafrios. esvaziamento da mama; manutenção da amamentação. não se recomenda a avaliação de rotina da taxa de hemoglobina e do hematócrito após partos não complicados. A contagem de leucócitos também não é preditiva de infecção iminente, já que leucocitose de até 15.000/mL. ocorre frequentemente em puérperas. Avaliação laboratorial deve ser reservada para as pacientes com suspeita clínica de inflamação. antes da alta hospitalar, devem ser checadas a situação vacinal e as sorologias da mãe. Se necessário, a imunização para rubéola, hepatite B e coqueluche pode ser realizada no próprio hospital ou no puerpério tardio. Mulheres RhD-negativo, não sensibilizadas e com recém-nascido RhD-positivo, devem receber imunoglobulina anti-D preferencialmente até 72 horas depois do parto. tanto a depressão quanto a psicose pós parto pode comprometer a função materna de cuidar e, até mesmo, colocar em risco o RN. ❖ Uma variante da depressão, o (também conhecido como melancolia da maternidade ou baby blues) consiste em uma situação transitória caracterizada por alteração leve e rápida do comportamento, seguida de Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII tristeza, irritabilidade, ansiedade, diminuição da concentração, insônia e choro fácil. Cerca de 40 a 80% das puérperas podem desenvolver essas alterações de humor, em geral 2 ou 3 dias após o parto. Os sintomas tipicamente se acentuam no quinto dia de pós-parto e desaparecem depois de 2 semanas. Maioria das vezes não necessita de tratamento com medicamentos, porém, pode ser necessário uso de benzodiapínecos por curto período (chegam ao RN pelo leite materno). ❖ A tem incidência semelhante à da depressão comum em mulheres não grávidas, mas o início de novos episódios depressivos é maior nas 5 primeiras semanas de puerpério. Os sintomas da depressão puerperal, em geral, costumam manifestar-se até 30 dias após o parto e incluem alterações somáticas, como distúrbios do sono, da energia, do apetite, do peso, da função gastrointestinal e da libido. Sintomas adicionais: ansiedade extrema (ataques de pânico), irritabilidade, raiva, sentimento de culpa e incapacidade de cuidar do RN. Para os casos leves e moderados de depressão pós-parto, a primeira abordagem de tratamento pode ser a terapia psicossocial (por exemplo, psicoterapia interpessoal, terapia comportamental e em grupo e terapia do cônjuge e familiar). Nos casos mais graves, deve ser administrado tratamento medicamentoso, com a terapia psicossociaI como adjuvante. após parto vaginal não complicado, a puérpera pode receber alta hospitalar em 24h e, em caso de cesárea, esta normalmente se prolonga para 48h. Antes de deixar o hospital, a mãe deve ser orientada quanto às modificações esperadas no período pós-parto e aos cuidados que deverá ter consigo (mamas, períneo etc.) e com o RN. ❖ Após 2 a 3 semanas do parto, mulheres que não amamentam podem fazer uso de anticoncepcionais de progesterona somente (pílulas, implantes, injeções) ou de métodos de barreira.. ❖ O uso de anticoncepcionais hormonais orais combinados deve ser iniciado 28 dias depois do parto, segundo a maioria dos estudos (a ovulação pode retomar apenas 25 dias após o parto). ❖ DIU pode ser inserido imediatamente após o parto, apesar de maior a taxa de expulsão em comparação quando tardio. ❖ A amamentação tem eficácia limitada como anticoncepcional após 3º mês pós parto. ❖ A amenorreia parece ser um bom preditor do sucesso da amamentação no atraso ao retorno da fertilidade. ❖ Mulheres que amamentam exclusivamente e mantêm-se amenorreicas estão 98% protegidas de uma nova gravidez pelos primeiros 6 meses ❖ A é relatada por 41 a 83% das mulheres após 2 a 3 meses pós-parto. ❖ Há, comumente, nesse período dor, fadiga e sangramento vaginal. ❖ 80% das puérperas relatam retorno à atividade sexual cerca de 6 semanas após o parto. ❖ Se verifica com frequência atrofia do epitélio vaginal e diminuição da lubrificação em mulheres que amamentam exclusivamente ou que utilizam anticoncepcionais somente de progesterona. Lubrificantes ou cremes tópicos à base de estrógeno podem ser usados para alívio dos sintomas decorrentes da atrofia vaginal. anormalidades da função tireoidiana são frequentemente encontradas no pós-ártp. A taxa estimada de tireoidite pós-parto é de 5 a 10% dos casos. primeiro retorno entre 7 e 10 dias após o parto, onde são avaliadas as condições da episiorrafia em relação à deiscência, infecções e hematomas e, para cesáreas, os pontos devem ser retirados e a cicatriz cirúrgica avaliada quanto à presença de sinais sugestivos de infeção ou Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII hematomas na parede. Outro retorno é realizado 40 dias após o parto, onde são discutidos com a paciente problemas relacionados a essa nova fase, ressaltando questões relativas ao humor da puérpera, ao uso de anticoncepcionais, ao retorno à atividade sexual e às dificuldades na amamentação, entre outras. INVOLUÇÃO UTERINA Imediatamente após a dequitação, o útero inicia o processo de involução. característica do miométrio que permite ao órgão . Pelo fato de o útero contraído comprimir os vasos sanguíneos, o útero puerperal tem aparência isquêmica, se comparado ao útero hiperemiado da gestante. A contração uterina também é responsável pela , reduzindo o fluxo sanguíneo e pós-parto. Alémdisso, vasos calibrosos obliteram-se (trombose), constituindo um para a prevenção da perda sanguínea. O fundo uterino tipicamente atinge a cicatriz umbilical 24 horas após o parto, alcançando a região entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical depois de 1 semana A involução uterina costuma ser mais rápida nas mulheres que amamentam e, habitualmente, no 12º dia após o parto, o fundo uterino localiza-se rente à borda superior da sínfise púbica. Na segunda semana pós-parto, o útero não é mais palpável no abdome; e atinge suas dimensões pré- gravídicas em cerca de 6 a 8 semanas de puerpério. O número total de células musculares lisas não diminui de forma notável, mas há redução no tamanho dessas células. Esse processo é afetado pela paridade, pelo tipo de parto (o útero apresenta dimensões maiores em multíparas e após cesárea) e pela amamentação (o útero se mostra mais reduzido em mulheres que amamentam). Nos primeiros 3 dias de puerpério, as contrações uterinas provocam cólicas abdominais, em geral, mais intensas em multíparas do que em primíparas. Essas cólicas intensificam-se com a sucção do RN, como resultado da liberação de ocitocina pela neuro-hipófise. Nas primeiras 12 horas após o parto, as contrações uterinas são coordenadas, regulares e de forte intensidade. Após a dequitação, persiste a porção basal da decídua. Decídua se divide em duas novas camadas: ❖ Superficial: descamação ❖ Profunda: regeneração do novo endométrio, o qual recobre por completo a cavidade endometrial até o 16º dia depois do parto Esse processo de regeneração da ferida placentária, associado às alterações involutivas que se processam simultaneamente vincula-se à produção e à eliminação de quantidade variável de exsudatos e transudatos, denominados lóquios, que consistem microscopicamente em eritrócitos, leucócitos, porções de decídua, células epiteliais e bactérias. ❖ quantidade de eritrócitos suficiente para que os lóquios sejam de cor vermelha (lochia rubra) ❖ lóquios vão se tomando serossanguíneos, mais acastanhados, em razão da hemoglobina semidegradada (lochia fusca) ❖ , pela incorporação de leucócitos e pela diminuição do volume da loquiação, eles assumem uma coloração amarelada (lochia flava) e, posteriormente, esbranquiçada (lochia alba). ❖ Volume total da loquiação pode variar de 200 a 500mL. Duração de 4 semanas aproximadamente, podendo estender-se, em cerca de 15% dos casos, a até 6 a 8 semanas após o parto após a dequitação, há contração do local de implantação da placenta, com redução de suas proporções equivalente à metade de seu diâmetro original. A concomitante contração da Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII camada muscular lisa das artérias deste local assegura a adequada hemostasia no puerpério imediato. Por volta do final da segunda semana, o diâmetro passa a 3 a 4 cm e o endométrio regenera-se a partir das glândulas e do estroma da decídua basal, acelerando o processo de esfoliação local. após a expulsão fetal e a dequitação, o colo uterino encontra-se amolecido, com pequenas lacerações nas margens do orifício externo, que continua dilatado. Essa dilatação regride lentamente, permanecendo entre 2 e 3 cm nos primeiros dias após o parto, e menos de 1 cm com 1 semana de puerpério. À medida que a dilatação regride, o colo uterino torna- se progressivamente mais espesso, e faz-se a reconstrução do canal cervical. O orifício externo apresenta zona transversa de cicatrização (forma de fenda). O reparo total do colo uterino e a re-epitelização costumam ocorrer entre 6 e 12 semanas após o parto. o epitélio das tubas uterinas durante a gestação é caracterizado pela predominância de células não ciliadas, por causa do desequilíbrio entre os altos níveis de progesterona e estrógeno. Após o parto, pela diminuição dos níveis de estrógeno e progesterona, há extrusão dos núcleos de células não ciliadas e diminuição de tamanho tanto de células ciliadas quanto de não ciliadas. As tubas uterinas removidas entre os dias 5 e 15 do período pós-parto demonstram sinais de salpingite aguda em 38% dos casos, porém, sem identificação de bactérias (causa desconhecida). FONTE: ZUGAIB OBSTETRÍC IA Analisar as causas que podem gerar o sangramento pós-parto. HEMORRAGIA PÓS PARTO As alterações fisiológicas verificadas durante a gestação, incluindo aumento de 40% no volume plasmático e de 25% no número de glóbulos vermelhos, ocorrem em antecipação à perda sanguínea do parto. Com a separação da placenta, a hemostasia do sítio placentário se processa por meio de vasoespasmo local e formação de trombos nos vasos uterinos. A contração e retração do miométrio comprimem grande número de vasos e também contribui para a hemostasia. Segundo a federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo), a hemorragia pós-parto pode ser (visão turva, vertigem, síncope) (hipotensão, taquicardia ou oligúria). A mais tradicional conceitua a hemorragia pós-parto como perda sanguínea maior que 500mL, após parto vaginal e maior que 1.000 mL após cesárea, depois do término do terceiro período do parto. Estudos demonstraram que essa definição é inadequada, pois a perda sanguínea média relatada após o parto vaginal é de aproximadamente 400 a 600 mL e depois de cesárea, de 1.000 mL, havendo certa tendência a subestimar o volume de sangue perdido pelas pacientes. Outra definição clássica de hemorragia pós-parto consiste em queda maior do que 10% do hematócrito entre a admissão da gestante e o período pós-parto. Não é útil, pois didaticamente a perda de grande quantidade de sangue pode caracterizar uma emergência antes da observação da queda do hematócrito, e a hemoconcentração verificada no período pré- parto (pré-eclâmpsia, desidratação) pode levar a maior queda do hematócrito depois do parto sem estar relacionada a perda sanguínea Recentemente, o Colégio Americano de GO definiu hemorragia pós-parto como sangramento acima de 1.000 mL ou hemorragia acompanhada de sinais e sintomas de hipovolemia nas primeiras 24h após o parto, independentemente da via de parto. A hemorragia pós-parto pode ser classificada em , a mais comum, quando ocorre nas primeiras ; ou , quando acontece devido à dificuldade de se definir hemorragia pós-parto, sua incidência precisa não é conhecida. De acordo com vários autores, é diagnosticada em 4 a 8% de todos os partos vaginais. Quanto à cesárea, estima- se que cerca de 6% dos casos, nas primeiras 24h, evoluam para hemorragia pós-parto. A hemorragia pós-parto é responsável por cerca de registradas no planeta e aproximadamente um terço das mortes maternas na África e na Ásia são secundárias a essa intercorrência. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII as principais causas de hemorragia pós parto são (incapacidade do útero de contrair-se adequadamente), retenção de fragmentos placentários e lacerações do canal de parto. Como causa de hemorragia pós-parto primária, a atonia uterina está presente em cerca de 80% dos casos. O fluxo sanguíneo médio uterino durante o parto é de 600 mL/min e, quando o miométrio é incapaz de contrair-se efetivamente, não há constrição das artérias espiraladas do útero, havendo sangramento profuso pela decídua, o que leva rapidamente a choque hipovolêmico. segundo período do parto prolongado, parto instrumentado, sobredistensão uterina (macrossomia, gestação múltipla, polidrâmnio), uso de medicações (tocolíticos e anestésicos halogenados) e corioamnionite ❖ Lacerações do períneo, da vagina ou do colo uterino. ❖ Coagulopatia dilucional (placenta prévia) ou de consumo (descolamento prematuro de placenta - DPP, sepse, embolia amniótica). ❖ Retenção placentária ou acretismo placentário. ❖ Inversão uterina. ❖ Rotura uterina. ❖ Deiscência de cicatriz de histerotomia. ❖ Laceraçãode histerotomia com acometimento de vasos uterinos. ❖ Hemostasia inadequada. Outros fatores de risco que também têm sido associados à hemorragia pós-parto são obesidade, alta paridade e parto rápido. A maioria das mulheres com hemorragia pós-parto não apresenta fatores de risco. Causas menos frequentes de hemorragia pós-parto são os defeitos congênitos da coagulação, como a doença de von Willebrand.. em geral é óbvio, exceto nos casos de acúmulo de sangue na cavidade uterina ou em alguns eventos de rotura uterina com hemorragia intraperitoneal. Sempre que se suspeitar de sangramento aumentado no puerpério, independentemente do método de identificação utilizado, a . Os efeitos da hemorragia na mulher dependerão do volume dependerão do volume de sangue prévio à gestação, do aumento desse volume durante a gravidez e do grau de anemia após o parto. usualmente, as puérperas hígidas manifestam os primeiros sinais de choque hipovolêmico somente após perdas volêmicas superiores a 20%. ❖ perda sanguínea de 10 a 15% - PA média normal – palpitações, vertigem, taquicardia; ❖ perda sanguínea de 15 a 25% - PA média pouco diminuída – fraqueza, sudorese, taquicardia; ❖ perda sanguínea de 25 a 35% - PA média 70 a 80 mmHg – agitação, palidez, oligúria; ❖ perda sanguínea de 35 a 45% - PA média 50 a 70 mmHg – colapso, dispneia, anúria; ❖ Alterações da pressão arterial poderão ocorrer tardiamente, quando grande quantidade de sangue já houver sido perdida. Pelo fato de a representar a maior causa de hemorragia pós-parto, deve-se inicialmente esvaziar a bexiga e realizar o toque vaginal bimanual. O achado de útero amolecido e pouco contraído sugere a atonia como fator causal. Se há persistência do sangramento e o útero se encontra bem contraído, outros fatores devem ser considerados. Deve-se descartar lacerações pelo exame minucioso do canal de parto também podem levar a perda sanguínea significativa. Sintomas mais frequentes: pressão pélvica ou retal e dor consiste em outra causa de hemorragia pós-parto. Dequitação espontânea, inspeção da placenta com aparente integridade dos cotilédones e ausência de cirurgia uterina prévia tornam o diagnóstico de retenção de restos placentários menos provável. A ultrassonografia da cavidade uterina, porém, auxilia nesse diagnóstico, especialmente quando se detecta massa ecoica intrauterina. Menos comumente, a hemorragia pós-parto pode ser causada por . Deve-se suspeitar de alterações da coagulação se houver antecedente pessoal ou familiar, ou mesmo em função do quadro clínico. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Situações associadas a coagulopatia incluem: síndrome de HELLP, DPP, óbito fetal, sepse e embolia amniótica. Também a hemorragia volumosa, de qualquer origem, poderá levar ao consumo de fatores de coagulação. mulheres com episódio prévio de hemorragia pós-parto têm risco de recorrência de cerca de 15% em gravidez subsequente. A parece reduzir o risco de perda sanguínea materna. Consiste em clampeamento umbilical precoce, massagem uterina, tração controlada do cordão e administração de agente uterotônico. Em um estudo clássico, foram selecionadas 1.795 pacientes para conduta expectante versus ativa do terceiro período. ❖ As pacientes do grupo de conduta ativa recebiam 5 UI de ocitocina e 0,5 mg de ergometrina por via intramuscular logo após a liberação da espádua anterior, seguidas de tração umbilical controlada. ❖ Em comparação com o grupo submetido à conduta expectante, no de conduta ativa foram relatadas diminuição significativa de hemorragia pós-parto (6 versus 18%) e duração média menor do terceiro período (5 versus 15 minutos). FONTE: ZUGAIB OBSTETRÍC IA Elucidar as indicações de processo terapêutico em casos de sangramento pós- parto. CONDUTA DE TRATAMENTO Para que o tratamento da hemorragia pós-parto seja bem sucedido, é necessário um bom trabalho em equipe, com obstetra, enfermeiros, anestesista, hematologista e banco de sangue. O obstetra deve coordenar uma série de intervenções clínicas e cirúrgicas para o controle da hemorragia pós-parto e avaliar o sucesso ou insucesso de cada etapa, rapidamente passando para a seguinte, quando necessário. Se o tratamento for postergado, ocorrerá , o que aumenta o risco de , levando a maior taxa de , aumento da morbidade por e aumento da incidência de óbito materno. ❖ a manobra de Hamilton é a primeira a ser realizada nos casos de atonia uterina, enquanto se realiza o uterotônico e aguarda seu efeito. A bexiga deve ser esvaziada por meio de cateterismo, pois a repleção vesical pode interferir na contratilidade do segmento inferior. Uma das mãos fixa a porção posterior do útero, enquanto a outra é posicionada fechada pelo canal vaginal (anteriormente ao colo uterino), de modo que as duas paredes uterinas sejam comprimidas. É geralmente eficaz no controle da hemorragia. ❖ para administração de líquidos, sangue e medicações. ❖ tratamento medicamentoso. age estimulando contrações na porção superior do corpo uterino. Tem início de ação rápido, de cerca de 1 minuto e meia- vida curta. Pode ser administrada tanto por via IV quanto IM. provoca contrações na porção superior e segmento inferior do útero. Tem início de ação em 2 a 5 minutos. A administração é em bólus, via IV e pode levar à hipertensão grave. os dados ainda são limitados, assim como as melhores doses e via de adm ainda Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII não foram definidas, mas mostra-se eficaz. para prevenir hipotensão. de acordo com a necessidade, a fim de se manter perfusão tecidual adequada e boa troca de oxigênio e prevenir a coagulopatia. a paciente deve ser posicionada adequadamente para exame ginecológico, em sala cirúrgica, sob supervisão de anestesista, para revisão do canal de parto e deve- se proceder às etapas explicadas a seguir: ❖ procede-se à avaliação da vagina e colo uterino para reparo de lacerações, se existentes, usando-se, de preferência, categute simples 0 ou 2-0, com sutura contínua ou em pontos separados (em áreas menos distensíveis). Após a sutura, sugere-se colocar tampão vaginal com nitrofurazona ou vaselina. ❖ se o sangramento tiver origem na cavidade uterina, deve-se realizar o procedimento, e qualquer fragmento placentário retido tem de ser removido. ❖ tampões uterinos têm sido utilizados, com sucesso variável. A técnica adequada requer a colocação do tampão (compressa ou gaze) em toda a cavidade uterina. Antes de realizar o tamponamento, deve-se excluir definitivamente qualquer possibilidade de hemorragia secundária a lacerações de colo e vagina. A taxa de hemoglobina e o débito urinário também devem ser monitorizados, porque grande quantidade de sangue pode acumular-se atrás do tampão. É importante a avaliação clínica do fundo uterino no momento da colocação do tampão. Se, em momentos posteriores, o fundo se distanciar mais para cima em relação à sínfise púbica, é provável que esteja ocorrendo hemorragia oculta. Enquanto o tampão estiver posicionado na cavidade uterina (em geral por 24 horas), devem ser administrados antibióticos de largo espectro. Se não houver sucesso no controle da hemorragia com essa técnica, não é aconselhável nova tentativa de tamponamento. Também podem ser utilizados para o tamponamento a sonda de Foley, o balão de Sengstaken-Blakemore ou o balão de Bakri (capacidade de acomodar 400 a 500 mL de solução salina na cavidade uterina), essa técnica propicia, além do tamponamento, a drenagem do sangue da cavidade uterina. ❖ a embolização das artérias uterinas foi inicialmente descrita por para tratamento de hemorragia pós-parto não controlada pela histerectomia prévia e consiste em alternativa segura e efetiva à cirurgia para o controle da hemorragia uterina.Se o procedimento não surtir efeito rápido, o passo seguinte será a ligadura de artérias uterinas. Deve-se levar em conta que a decisão envolvendo a embolização demanda mais tempo, mobilização de pessoal e equipamento apropriado, especialmente em emergências, então, se a paciente não estiver estável o suficiente para aguardar a embolização, deve- se realizar imediatamente a laparotomia. A é realizada sob visão fluoroscópica na sala de radiologia, sob anestesia apropriada. Devem ser administrados antibióticos de largo espectro por via intravenosa para redução do risco de infecção. Pela técnica de Seldinger, introduz-se um cateter angiográfico na artéria femoral, progredindo-se o cateter até a bifurcação da aorta e. desta, até a artéria ilíaca interna ou até a artéria uterina. Uma angiografia diagnóstica é então realizada para a visualização do(s) local(is) de sangramento, evidenciado(s) pelo extravasamento do contraste radiológico. Alternativamente, quando a área do sangramento for difusa ou um vaso único responsável pelo extravasamento não for identificado, uma artéria maior, que supre múltiplos vasos menores na área em questão, deve ser ocluída. O desenvolvimento lento de circulação arterial colateral se inicia poucas horas após a embolização, prevenindo a isquemia. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ deve ser realizada por meio de incisão mediana infraumbilical, para melhor exposição do campo cirúrgico. A atonia uterina e os locais de sangramento extrauterino, se presentes, em geral podem facilmente ser identificados. Pode-se proceder inicialmente à injeção intramiometrial (cornos uterinos) de ocitocina ou metilergometrina corno um próxi1no passo na tentativa de reverter uma atonia uterina. Se um pequeno vaso for responsável pelo sangramento, deve ser imediatamente clampeado e ligado com fio de sutura adequado. Tanto a atonia uterina como o sangramento adjacente ao útero de difícil controle deve ser tratados pela ligadura de artérias uterinas ❖ a ligadura bilateral de artérias uterinas para o controle da hemorragia pós-parto é o procedimento inicial de escolha quando se decide pela laparotomia. Consiste em um procedimento mais atrativo, quando comparado à ligadura de artérias ilíacas internas, pelo fato de as artérias uterinas serem de mais fácil acesso; o procedimento, mais eficaz; e o local de dissecção, geralmente não tão próximo dos ureteres e dos vasos ilíacos. Após a identificação do ureter, um fio de sutura com agulha curva é passado de cada lado da margem lateral do segmento inferior do útero, tão próximo quanto possível do colo uterino, retomando lateralmente pelo ligamento largo e passando rente aos vasos uterinos. ❖ comprime o útero, com resultado semelhante àquele obtido por meio da compressão uterina bimanual. Técnica relativamente simples, de fácil execução e preserva o futuro reprodutivo da paciente. Os fios são ligados, havendo efeito de compressão uterina. ❖ são suturas compressivas de pontos com fios absorvíveis que transfixam as paredes anterior e posterior do útero, aproximando-as firmemente. ❖ a técnica não é simples, especialmente no caso de útero grande, incisão transversa pequena, pelve com grande quantidade de sangue obstetra pouco habituado à exploração do espaço retroperitoneal. A artéria ilíaca externa é prontamente identificada na margem medial do músculo psoas e é seguida até a bifurcação da artéria ilíaca comum. O tecido que envolve a artéria ilíaca interna é dissecado até a bifurcação dessa artéria em troncos anterior e posterior, de maneira que o tronco anterior possa ser ligado seletivamente. Na prática, essa etapa é tão difícil que toda a artéria ilíaca interna geralmente é ligada cerca de 2 cm distalmente à sua origem. Deve-se ter muito cuidado para não realizar a ligadura da artéria ilíaca externa, pois haverá comprometimento da perfusão de todo o membro inferior ipsilateral à ligadura. ❖ esse método consiste no último recurso, mas não deve ser postergado nas situações mais graves, especialmente nos casos de coagulopatia e que requeiram imediato controle da hemorragia. Se houver indecisão para indicar a histerectomia, o sangramento excessivo poderá causar coagulopatia dilucional, dificultando muito o controle da hemorragia e aumentando os riscos do procedimento. A histerectomia pós- parto difere, em alguns aspectos, da histerectomia da não grávida, tornando, muitas vezes, o procedimento mais difícil. O colo uterino pode ser de difícil identificação nos casos de dilatação e esvaecimento pronunciados. Os vasos pélvicos ficam muito dilatados. O tamanho do útero e os tecidos mais friáveis também podem dificultar o procedimento. ❖ apesar de ter sido desenvolvido para o tratamento de hemofilia A ou B, o fator Vll:a ativado recombinante tem sido usado com sucesso como agente hemostático universal para o tratamento de hemorragias em algumas situações, como na hemorragia pós-parto causada por atonia uterina. Pode levar a aumento do risco de tromboembolismo FONTE: ZUGAIB OBSTETRÍC IA Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Elencar a anatomia da parede abdominal e as incisões para histerectomia. PAREDE ANTEROLATERAL DO ABDOME A parede do abdome, embora contínua, é subdividida em paredes anterior, laterais direita e esquerda e posterior para fins descritivos. É musculoaponeurótica, exceto a parede posterior, que inclui a região lombar da coluna vertebral. O limite entre a parede anterior e as paredes laterais é indefinido, portanto, costuma-se usar o termo A parede anterolateral do abdome estende-se da caixa torácica até a pelve. É formada por pele e tela subcutânea, composta principalmente por gordura, músculos, suas aponeuroses e fáscia muscular, gordura extraperitoneal e peritônio parietal. A pele está frouxamente fixada à tela subcutânea, exceto no umbigo, onde está firmemente aderida. a tela subcutânea da maior parte da parede contém quantidade variável de gordura e é um depósito de gordura importante. Superiormente ao umbigo, a tela subcutânea é igual à encontrada na maioria das regiões. Inferiormente ao umbigo, a parte mais profunda do tecido subcutâneo é reforçada por muitas fibras elásticas e colágenas, formando duas camadas: o (fáscia de Camper) e o (fáscia de Scarpa) da tela subcutânea do abdome. O estrato membranáceo continua inferiormente na região perineal como o estrato membranáceo do períneo (fáscia de Colles), mas não prossegue até as coxas. As camadas superficial, intermediária e profunda da fáscia de revestimento cobrem as faces externas das três camadas musculares da parede anterolateral do abdome e suas aponeuroses (tendões expandidos planos) e não podem ser facilmente separadas delas. As fáscias de revestimento são extremamente finas nesse ponto e são representadas principalmente pelo epimísio, situado superficialmente aos músculos ou entre eles. A face interna da parede do abdome é revestida por lâminas membranáceas e areolares de espessura variável formando a do abdome (endoabdominal). Embora essa fáscia seja contínua, suas diferentes partes são denominadas de acordo com o músculo ou aponeurose que revestem A porção que reveste a face profunda do músculo transverso do abdome e sua aponeurose é a O revestimento brilhante da cavidade abdominal, o peritônio parietal, é formado por uma única camada de células epiteliais e tecido conjuntivo de sustentação. O está situado internamente à fáscia transversal e é separado dela por uma quantidade variável de gordura extraperitoneal proteção dos órgãos abdominais; auxílio à musculatura dorsal nos movimentos do tronco e na manutenção da posição ereta; e estabilização da pelve durante o movimento e o repouso. para realizar essas funções, a parede abdominal apresenta alta resistênciacom o mínimo de espessura. ( , e ) se sobrepõem na parede anterolateral do abdome, com suas fibras orientadas em , e um ( e ) situa-se em um plano anteromedial. as fibras musculares dessas três camadas concêntricas de músculos têm orientações diferentes; as fibras das duas camadas externas são, em sua maior parte, diagonais e perpendiculares entre si, e as fibras da camada profunda são transversais. Todos os três músculos Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII planos continuam anterior e medialmente como aponeuroses fortes, semelhantes a lâminas Entre a linha medioclavicular (LMC) e a linha mediana, as aponeuroses formam a bainha do músculo reto do abdome, tendínea, aponeurótica e resistente, que envolve o músculo reto do abdome. As aponeuroses então se entrelaçam com as companheiras do lado oposto, formando uma rafe mediana, a linha alba, que se estende do processo xifoide até a sínfise púbica. o reto do abdome é o músculo de maior extensão na formação da parede abdominal, e é envolvido por uma denominada bainha do reto do abdome, que é formada pela aponeurose dos outros três músculos abdominais (oblíquos externo e interno e transverso). É o compartimento fibroso incompleto e forte do músculo reto do abdome. FONTE: ZUGAIB OBSTETRÍC IA E MOORE ANATOMIA OR IENTADA PARA A CLÍN ICA INCISÕES PARA HISTERECTOMIA foram inicialmente desenvolvidas para prevenir hérnias incisionais e deiscência da fáscia. Contudo, um estudo avaliando apenas pacientes submetidas a cirurgia ginecológica concluiu pela não existência de disparidades entre as incisões verticais e transversais nesse parâmetro. É dividida em 4 categorias (Pfannenstiel - cesariana, Cherney, Maylard e Kustner). limitada exposição que permite do abdome superior, limites no seu prolongamento, aumento do tempo cirúrgico e maior perda hemática relativa. frequentemente realizadas na linha média (chamada ). capacidade de permitir uma boa exposição de todo o abdome e do espaço retroperitoneal, possibilidade de prolongamento e acesso rápido. ARTIGO: C IRURGIA UTERINA POR V IA ABDOMINAL – MARQUES E MOTA Problema 5: Condutas apropriadas Elucidar as condutas padrões com o RN na sala de parto e a sua importância. AVALIAÇÃO DE VITALIDADE Imediatamente após o nascimento, a conduta depende da avaliação rápida de quatro situações referentes à vitalidade do concepto, sendo feitas as seguintes perguntas: Gestação à termo? Ausência de mecônio? Respirando ou chorando? Tônus muscular bom? Se a resposta for sim para todas as perguntas, considera-se que o RN está com boa vitalidade, não necessitando de manobras de reanimação. ASSISTÊNCIA AO RN COM BOA VITALIDADE Para a assistência ao RN normal (que constitui a maioria das situações), nada mais deve ser feito além de se , , e para um . Três metanálises, que incluíram estudos com nascidos a termo, concluíram que o clampeamento tardio do cordão umbilical , embora possa elevar a necessidade de fototerapia por hiperbilirrubinemia indireta na primeira semana de vida. Com base nesses estudos, recomenda-se que o RN a termo, saudável e com boa vitalidade ao nascer seja posicionado sobre o abdome da mãe ou ao nível da placenta por um a três minutos, antes de clampear o cordão umbilical. O contato pele a pele com a mãe imediatamente após o nascimento, em temperatura ambiente de 26ºC, em recém-nascidos de termo, com boa vitalidade, desde que cobertos com Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII campos pré-aquecidos. Nesse momento, pode-se iniciar a amamentação. A OMS recomenda aleitamento materno na primeira hora de vida. Melhor interação bebê mãe e menor risco de hemorragia materna. Porém, em toda sala de parto deve estar presente pelo menos um profissional capacitado a reanimar, de maneira rápida e efetiva, um RN, mesmo quando se espera um RN saudável. ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA A equipe deverá realizar os seguintes procedimentos: Preencher a ficha do RN com dados da história familiar e materna, progressos e atuais, e do trabalho de parto. Dispor sobre a mesa de atendimento do RN o material necessário. Receber o RN, secá-lo e colocar em campo estéril e aquecido sob calor radiante. Levar o RN à mãe. Identificar o RN com uma braçadeira (com nome da mãe) no antebraço e tornozelo. E em caso de partos múltiplos, a ordem de nascimento deverá ser especificada nas pulseiras através de números. Aspirar boca e depois narinas. Passar sonda nasogástrica para excluir atresia de coanas e esôfago. Verificar a vitalidade do RN, através do índice de APGAR, no 1° e 5° minutos, e, daí em diante, de 5 em 5 min até que seja maior que 7. Laquear o cordão a uma distância de 2cm do anel umbilical, usando álcool etílico a 70%. E verificar a presença de uma veia e duas artérias. Pingar nitrato de prata a 1%, uma gota em cada olho. Lavar o estômago, se o líquido amniótico for meconial, sanguinolento ou purulento, com água destilada ou soro fisiológico. Colocar o RN para mamar logo que finalizar as medidas de atendimento após o nascimento. Toma peso, estatura, PC. Registrar na ficha do RN, sua impressão plantar e digital do polegar direito, assim como polegar direito da mãe. Examinar a placenta. Colher amostras de sangue do cordão para tipagem sanguínea e sorologias e colher sangue da mãe para tipagem sanguínea e reação sorológica para sífilis, quando indicado. FONTE: PARTO, ABORTO E PUERPÉRIO – MIN . DA SAÚDE / PROGRAMA DE REANIMAÇÃO NEONATAL DA SBP Estudar o score de APGAR, relacionando com a aplicabilidade das condutas. APGAR E CONDUTA O boletim de no decorrer do procedimento. No entanto, sua aplicação . FONTE: SBP (SOC IEDADE BRASILE IRA DE PED IATRIA) Compreender os procedimentos de reanimação do RN e a importância da preparação da sala de parto. ASSISTÊNCIA AO RN COM NECESSIDADE DE REANIMAÇÃO Se o RN é prematuro, mas apresenta boa vitalidade ao nascer, clampear o cordão umbilical em 30-60 segundos. No entanto, se o neonato nascer (prematuro ou a termo) não está respirando e/ou apresenta-se hipotônico, é preciso . Todos os pacientes e os de precisam ser conduzidos à , indicando-se os seguintes passos: Prover calor. Posicionar a cabeça em leve extensão. Aspirar as vias aéreas (se necessário). Secar o paciente. o primeiro passo consiste em manter a temperatura corporal entre 36,5 e 37,0ºC. A presença de temperatura corporal abaixo de 36,5ºC na admissão à terapia intensiva neonatal é um fator independente de risco para a mortalidade e a morbidade por agravar ou favorecer o desequilíbrio ácido-básico, o desconforto respiratório, a enterocolite Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII necrosante, a hemorragia peri e intraventricular em RN de muito baixo peso. A sala deve estar em temperatura ambiente de 26ºC. Após o clampeamento do cordão, o recém-nascido é recepcionado em campos aquecidos e colocado sob calor radiante. Em pacientes com peso ao nascer inferior a 1500g, recomenda-se o uso do saco plástico transparente de polietileno. (todos os procedimentos da reanimação são executados no paciente dentro do saco em plástico). Pode usar toca para reduzir a perda de calor Nos neonatos com peso superior a 1500g, após a colocação sob fonte de calor radiante e a realização das medidas para manter as vias aéreas permeáveis, é preciso secar o corpo e a região da fontanela e desprezar os campos úmidos. posiciona-se a cabeça do RN, com uma leve extensão do pescoço. Na sequência, se houver excesso de secreções nas vias aéreas, a boca e depois as narinas são aspiradas delicadamente com sonda traqueal conectada ao aspirador a vácuo. Evitar a introdução da sonda de aspiração de maneira brusca ou na faringe posterior, pois pode induzir à resposta vagale ao espasmo laríngeo, com apneia e bradicardia. A aspiração da hipofaringe também deve ser evitada, pois pode causar atelectasia, trauma e prejudicar o estabelecimento de uma respiração efetiva. A aspiração de vias aéreas está reservada aos pacientes que apresentam obstrução à respiração espontânea por secreções ou que irão necessitar de ventilação com pressão positiva. Se houver vitalidade adequada, com respiração rítmica e regular e FC >100bpm, o RN deve receber os cuidados de rotina na sala de parto. o ponto crítico para o sucesso da reanimação neonatal é a , fazendo com que os pulmões do recém-nascido se inflem e, com isso haja dilatação da vasculatura pulmonar e hematose apropriada. Após os cuidados para manter a temperatura e a permeabilidade das vias aéreas do RN, a presença de apneia, respiração irregular e/ou FC <100 bpm indica a VPP. Esta precisa iniciada nos primeiros 60 segundos de vida (“ ”). para ventilar o RN, é necessário decidir a concentração de oxigênio a ser ministrada (100%, ar ambiente ou algum valor intermediário entre ambas). Neonatos com idade gestacional de 34 semanas ou mais e ventilados com ar ambiente, comparados aos ventilados com oxigênio a 100%, iniciaram a respiração espontânea ou choraram em tempo menor, apresentaram aumento mais rápido da FC e mostraram redução da mortalidade neonatal precoce e com 28 dias. Após os passos iniciais, se o RN ≥34 semanas apresenta apneia, respiração irregular e/ou FC<100bpm, deve-se iniciar a ventilação com ar ambiente. Uma vez iniciada a ventilação, recomenda-se o uso da oximetria de pulso para monitorar a oferta do oxigênio suplementar. A leitura confiável da SatO2 e da FC demora cerca de 1-2 min após o nascimento, desde que haja débito cardíaco suficiente, com perfusão periférica. fácil manuseio e não necessita de fonte de gás para funcionar, tratando-se de um equipamento de baixo custo, que permite a ventilação efetiva do RN em sala de parto. Deve estar sempre disponível, em toda sala de parto. não ser possível fornecer um pico de pressão inspiratória constante (o que obriga o uso do manômetro durante a ventilação), a ativação Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII variável da válvula de segurança e a falta de pressão expiratória final positiva (PEEP) confiável. Fornece concentração de oxigênio apenas de 21% (ar ambiente, quando não está conectado ao oxigênio e ao reservatório) ou de 90-100% (conectado à fonte de oxigênio a 5L/minuto e ao reservatório). A oferta de concentrações intermediárias de oxigênio varia de acordo com o fluxo de oxigênio, a pressão exercida no balão, o tempo de compressão e a frequência aplicada. menos utilizado na reanimação do RN em sala de parto, pois é de manuseio difícil e precisa obrigatoriamente de uma fonte de gás para inflar. As pressões aplicadas podem variar consideravelmente devido à dificuldade para controlar a saída do gás e comprimir o balão de forma simultânea, facilitando a aplicação inadvertida de picos de pressão inspiratória e de PEEP perigosamente elevados. além de seu manuseio ser relativamente fácil, o equipamento permite administrar pressão inspiratória e PEEP constantes, ajustáveis de acordo com a resposta clínica do paciente. Necessidade de uma fonte de gás comprimida; se houver disponibilidade de fonte de ar comprimido e oxigênio e blender, pode-se titular a oferta de oxigênio ao paciente. O emprego de máscara de tamanho adequado, de tal forma que cubra a ponta do queixo, a boca e o nariz, é fundamental para obter um ajuste adequado entre face e máscara e garantir o sucesso da ventilação o Já as cânulas traqueais devem ser de diâmetro uniforme sem balão, com linha radiopaca e marcador de corda vocal. evidências indicam que é importante manter os alvéolos dos pulmões imaturos e deficientes em surfactante não colapsados, evitando o atelectrauma.. O uso precoce do PEEP, nas ventilações iniciais na sala de parto, pode ser eficaz e minimizar o edema pulmonar e a liberação de citocinas, melhorando assim a complacência e a resposta ao surfactante. Ensaios clínicos randomizados e prospectivos têm testado o uso de CPAP versus intubação e ventilação mecânica na sala de parto como estratégia para diminuir a morbidade e mortalidade de prematuros entre 25 e 32 semanas. Os resultados desses estudos mostraram que o CPAP precoce, iniciado na sala de parto, reduziu a necessidade de ventilação mecânica e de surfactante, mas não alterou a frequência de dependência de oxigênio com 36 semanas de idade gestacional corrigida nem a mortalidade intra-hospitalar. Com base nesses estudos, conclui-se que o uso da CPAP é factível e pode ser benéfico, em prematuros 100bpm, com respiração espontânea, mas que apresentam desconforto respiratório logo após o nascimento. a asfixia pode desencadear vasoconstrição periférica, hipoxemia tecidual, diminuição da contratilidade miocárdica, bradicardia e, eventualmente, parada cardíaca. A ventilação adequada do RN reverte esse quadro, na maioria dos pacientes. ó A compressão é realizada no terço inferior do esterno, preferencialmente através da técnica dos dois polegares, posicionando-os abaixo da linha intermamilar, evitando o apêndice xifoide. E a outra mão deve estar atuando como contraforte, no dorso do paciente. A profundidade da compressão deve englobar 1/3 da dimensão anteroposterior do tórax, de maneira a produzir um pulso palpável. É importante permitir a re-expansão plena do tórax após a compressão para permitir o enchimento das câmaras ventriculares e das coronárias; no entanto, os dedos não devem ser retirados do terço inferior do tórax. fratura de costelas, pneumotórax, hemotórax e laceração de fígado. A ventilação (através de cânula traqueal) e a massagem cardíaca são realizadas sincronicamente, com uma relação de 3:1. Continuar a massagem até a FC estar > 60 bpm. A ventilação poderá ser suspensa quando a FC estiver > 100 bpm, sendo administrado oxigênio e depois retirado gradualmente de acordo com a SatO2. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Caso, após 30 segundos de massagem cardíaca e VPP com cânula traqueal e oxigênio a FC se mantiver < 60bpm, deve-se verificar todos os procedimentos e corrigi-los, se necessário. Caso, após a correção, a bradicardia neonatal é, em geral, resultado da insuflação pulmonar insuficiente e/ou de hipoxemia profunda. Quando a FC permanece abaixo de 60 bpm, a despeito de ventilação efetiva e de massagem cardíaca adequada, o uso de adrenalina, expansor de volume ou ambos está indicado. O bicarbonato de sódio, o naloxone os vasopressores na reanimação do recém-nascido em sala de parto. A via preferencial para a infusão de medicações na sala de parto é a endovenosa, sendo a veia umbilical de acesso fácil e rápido. A administração de medicações por via traqueal só pode ser usada para a adrenalina, uma única vez, sabendo-se que a absorção por via pulmonar é lenta e imprevisível. A está indicada quando a ventilação adequada e a massagem cardíaca efetiva não elevaram a FC acima de 60 bpm. Quando não há reversão da bradicardia com o uso da adrenalina, pode-se repeti-la a cada 3- 5 minutos (sempre por via endovenosa) e considerar uso de expansores de volume caso o paciente esteja pálido ou existam evidências de choque. Os podem ser necessários para reanimar o RN com hipovolemia. A suspeita é feita se há perda de sangue ou se existem sinais de choque hipovolêmico, como palidez, má perfusão e pulsos débeis, e não houve resposta adequada da FC às outras medidas de reanimação. Administrar o volume lentamente, em especial nos prematuros, pois a expansão rápida da volemia pode se associar à hemorragia intracraniana. FONTE: PROGRAMA DE REANIMAÇÃO NEONATAL DA SBP PREPARO DA SALA DE PARTO sala de partoe/ou reanimação com temperatura ambiente de 23 a 26ºC, mesa de reanimação com acesso por 3 lados, fontes de oxigênio umidificado e de ar comprimido (com fluxômetro), Blender para mistura oxigênio/ar, touca de lã ou algodão e colchão térmico químico para prematuro. estetoscópio neonatal, oxímetro de pulso com sensor neonatal, monitor cardíaco de 3 vias com eletrodos e bandagem elástica para fixar o sensor do oxímetro e os eletrodos. sondas traqueais (nº 6, 8 e 10) e gástricas (nº 6 e 8), dispositivo para aspiração de mecônio e seringas de 10ml. reanimador manual neonatal (balão auto inflável com volume máximo de 500ml, reservatório de O2 e dispositivo de segurança), ventilador mecânico manual neonatal em T, máscaras redondas com coxim para prematuros (tamanho 00 e 0, ou a termo 1), Blender para mistura oxigênio/ar e oxímetro de pulso com sensor neonatal. laringoscópio infantil com lâmina reta (nº 00, 0 e 1), cânulas traqueais sem balonete, de diâmetro uniforme (2,5 / 3,0 / 3,5 / 4,0 mm), aspirador a vácuo com manômetro, relógio de parede com ponteiro de segundos. fonte de calor radiante, termômetro ambiente digital, campo cirúrgico e compressas de algodão estéreis, saco de polietileno para prematuros, pilhas e lâmpadas sobressalentes, detector de CO2 expirado. adrenalina diluída em SF em seringa de 5,0ml para adm única endotraqueal, adrenalina diluída em SF em seringa de 1,0ml para adm endovenosa, expansor de volume em seringas de 20ml. campo fenestrado esterilizado, cadarço de algodão e gaze, pinça tipo kelly reta de 14cm e cabo de bisturi com lâmina nº 21, porta agulha de 11cm e fio agulhado mononylon 4.0 e sonda traqueal sem válvula (nº 4 ou 6º iu cateter umbilical (5 ou 8F). luvas e óculos de proteção individual, compressas e gazes esterilizadas, estetoscópio neonatal, saco de polietileno de 30x50cm e touca para proteção térmica do prematuro, tesoura de ponta romba e clampeador de cordão umbilical. FONTE: D IRETR IZES PARA REANIMAÇÃO DO RN (SBP) Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Entender a transição da circulação e respiração fetal para neonatal. MATURAÇÃO DOS PULMÕES do ponto de vista histológico, o pulmão durante o estágio pseudoglandular possui aparência de glândulas exócrinas. Com 16 semanas, todos os principais componentes dos pulmões estão formados, exceto aqueles envolvidos com as trocas gasosas. A respiração não é possível; portanto, o estágio canalicular sobrepõe-se ao estágio pseudoglandular, pois o desenvolvimento do segmento cranial dos pulmões amadurece mais rápido do que o segmento caudal. Durante o estágio canalicular, a luz dos brônquios e dos bronquíolos terminais tornam-se maiores e o tecido pulmonar torna-se altamente vascularizado. Por volta da 24a semana, cada bronquíolo terminal forma dois ou mais bronquíolos respiratórios, que irão se dividir em três a seis passagens: os ductos alveolares primitivos. (26 semanas), pois alguns sacos terminais de parede delgada (alvéolos primitivos) se desenvolvem no final dos bronquíolos respiratórios e o tecido pulmonar está bem vascularizado. durante o estágio o de saco terminal, muitos mais sacos terminais (alvéolos primitivos) se desenvolvem e seus epitélios tornam-se muito finos. Os capilares tornam-se protuberantes nesses sacos. O íntimo contato entre o epitélio e as células endoteliais estabelece a barreira hematoaérea, que permite uma troca adequada de gases, necessária para a sobrevivência do feto caso este nasça prematuramente. Na 26a semana, os sacos terminais são revestidos principalmente por células epiteliais pavimentosas de origem endodérmica, os pneumócitos tipo I, através dos quais a troca gasosa ocorre Dispersas entre as células epiteliais pavimentosas, estão células epiteliais secretoras arredondadas, os pneumócitos tipo II, que secretam o surfactante pulmonar, uma mistura complexa de fosfolipídios e proteínas. O surfactante se forma como uma película monomolecular na parede interna dos sacos alveolares e neutraliza as forças de tensão superficial na interface ar-alvéolo. Este facilita a expansão dos sacos terminais por prevenirem a atelectasia (colapso dos sacos durante a expiração). A produção do surfactante aumenta durante os estágios terminais da gestação, particularmente durante as últimas 2 semanas. A produção de surfactante começa entre a 20a e a 22a semana, mas o surfactante está presente apenas em pequenas quantidades em bebês prematuros, não estando presente em níveis adequados até o final do período fetal. Por volta da 26a à 28a semana, o feto frequentemente pesa cerca de 1.000 g e estão presentes sacos alveolares e surfactante suficientes para permitir a sobrevivência de bebês nascidos prematuramente. Antes disso, os pulmões são, geralmente, incapazes de prover trocas gasosas adequadas, em parte, porque a área de superfície alveolar é insuficiente e a vascularização é pouco desenvolvida. ó A sobrevivência desses bebês tem aumentado pelo uso de corticosteroides (esteroides produzidos pelo córtex da adrenal) pré-natal, que induzem a produção de surfactante e também com a terapia pós-natal de reposição de surfactante. exatamente quando o estágio de saco terminal acaba e se inicia o estágio alveolar depende da definição do termo alvéolos. Os sacos terminais análogos aos alvéolos estão presentes na 32ª semana. O epitélio de revestimento desses sacos atenua-se para uma fina camada epitelial pavimentosa. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Os pneumócitos tipo I tornam-se tão delgados que os capilares adjacentes se projetam para os sacos alveolares. Ao final do período fetal (38 semanas), os pulmões são capazes de realizar a respiração, pois a membrana alveolocapilar (barreira de difusão pulmonar ou membrana respiratória) é delgada o suficiente para realizar as trocas gasosas. Embora os pulmões não comecem a realizar essa função vital até o nascimento, estes são e, portanto, . No início do estágio alveolar (32 semanas), cada bronquíolo respiratório termina em um aglomerado de sacos alveolares de paredes delgadas, separados um dos outros por tecido conjuntivo frouxo. Esses sacos representam os futuros ductos alveolares. A transição da dependência da placenta na troca gasosa para a troca gasosa autônoma requer as seguintes : Produção de surfactante nos sacos alveolares. Transformação dos pulmões de órgãos secretores para órgãos capazes de realizar as trocas gasosas. Estabelecimento das circulações sistêmicas e pulmonar em paralelo. Aproximadamente 95% dos alvéolos maduros desenvolvem- se no período pós-natal. Antes do nascimento, os alvéolos primordiais aparecem como pequenas projeções nas paredes dos bronquíolos respiratórios e dos sacos alveolares, dilatações terminais dos ductos alveolares. Após o nascimento, os alvéolos primitivos se ampliam conforme a expansão dos pulmões, mas o maior aumento no tamanho dos pulmões resulta do aumento no número de bronquíolos respiratórios e alvéolos primitivos, mais do que um aumento no tamanho dos alvéolos O desenvolvimento alveolar está, em grande parte, completo aos 3 anos de idade, mas novos alvéolos são acrescentados até aproximadamente 8 anos de idade. Ao contrário dos alvéolos maduros, os alvéolos imaturos possuem o potencial para formar alvéolos primitivos adicionais. Conforme esses alvéolos aumentam em tamanho, eles se tornam alvéolos maduros. O principal mecanismo para o aumento do número de alvéolos é a formação de septos secundários de tecido conjuntivo que subdividem os alvéolos primitivos existentes. O desenvolvimento dos pulmões durante os primeiros meses após o nascimento é caracterizado pelo aumento exponencial na superfície da barreira hematoaérea através da multiplicação dos alvéolos e capilares. Os movimentos respiratóriosfetais (MRFs), que podem ser detectados pela ultrassonografia em tempo real, ocorrem antes do nascimento, exercendo força suficiente para causar a aspiração de algum líquido amniótico pelos pulmões. Os MRFs ocorrem intermitentemente (aproximadamente 30% durante o rápido movimento dos olhos no sono) e são essenciais ao desenvolvimento normal dos pulmões. No nascimento, o feto já possui a vantagem de vários meses de exercícios respiratórios. Os MRFs, que aumentam à medida que o parto se aproxima, provavelmente condicionam os músculos respiratórios Além disso, esses movimentos estimulam o pulmão a se desenvolver, possivelmente pela criação de um gradiente de pressão entre os pulmões e o líquido amniótico. Ao nascimento, os pulmões estão aproximadamente com a metade de seu volume preenchido com líquido derivado da cavidade amniótica, pulmões e das glândulas traqueais. A aeração dos pulmões ao nascimento não é tanto devido à dilatação dos órgãos colapsados vazios, mas, sim, da rápida substituição do líquido intra-alveolar pelo ar. í õ é Através da boca e do nariz por pressão no tórax fetal durante o parto vaginal. Pelos capilares, artérias e veias pulmonares. Pelos vasos linfáticos No feto próximo ao termo, os vasos linfáticos pulmonares são relativamente maiores e mais numerosos do que em adultos. CIRCULAÇÃO FETAL X NEONATAL O sistema cardiovascular fetal é designado para servir as necessidades pré-natais e Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII A boa respiração no período neonatal (1 a 28 dias) é dependente de alterações circulatórias normais que ocorrem no nascimento, que resulta na oxigenação do sangue nos pulmões quando o sangue fetal interrompe seu fluxo através da placenta. Na vida pré-natal, os pulmões não fornecem troca gasosa e os vasos pulmonares estão vasoconstritos (estreitados). As três estruturas vasculares mais importantes na transição da circulação são o , o e o o sangue altamente oxigenado e rico em nutrientes retorna da placenta sob alta pressão para a veia umbilical. Ao aproximar-se do fígado, aproximadamente metade do sangue passa diretamente para o ducto venoso, um vaso fetal que conecta a veia umbilical à VCI; consequentemente, esse sangue não passa pelo fígado. A outra metade do sangue na veia umbilical flui para os sinusoides do fígado e entra na VCI através das veias hepáticas O fluxo sanguíneo através do ducto venoso é regulado por um mecanismo esfincteriano próximo à veia umbilical. Quando o esfíncter contrai, mais sangue é desviado para a veia porta e sinusoides hepáticos, e menos para o ducto venoso. Geralmente se aceita que há um esfíncter fisiológico que previne a sobrecarga do coração quando o fluxo venoso na veia umbilical está elevado (p. ex., durante as contrações uterinas). Devido à VCI também conter sangue pobremente oxigenado a partir dos membros inferiores, abdome e pelve, o sangue entrando no átrio direito não está tão bem oxigenado quanto o sangue na veia umbilical; porém, ele ainda possui um alto teor de oxigênio. A maioria do sangue da VCI é direcionada pela crista dividens (margem inferior do septum secundum) através do forame oval para o átrio esquerdo. Aqui ele se mistura com uma quantidade relativamente pequena de sangue pobremente oxigenado, retornando dos pulmões através das veias pulmonares. Os pulmões do feto usam o oxigênio do sangue em vez de devolvê-lo. Então, a partir do átrio esquerdo, o sangue passa para o ventrículo esquerdo e sai através da aorta ascendente. As artérias do coração, pescoço, cabeça e membros superiores recebem sangue bem oxigenado da aorta ascendente. O fígado também recebe sangue bem oxigenado da veia umbilical Uma pequena quantidade de sangue bem oxigenado da VCI no átrio direito, que não entra no forame oval, se mistura com o sangue pouco oxigenado da VCS e do seio coronário, e passa para o ventrículo direito. Esse sangue, que possui um teor médio de oxigênio, sai através do tronco pulmonar. Aproximadamente 10% desse fluxo sanguíneo vão para os pulmões; a maioria do sangue passa através do ducto arterioso para a aorta ascendente do feto e retorna à placenta através das artérias umbilicais. O ducto arterioso protege os pulmões da sobrecarga circulatória e permite que o ventrículo direito se fortaleça na preparação para o funcionamento em plena capacidade no nascimento. Devido à alta resistência vascular pulmonar na vida fetal, o fluxo sanguíneo é baixo. Aproximadamente 10% do sangue da aorta ascendente entra na aorta descendente; 65% do sangue na aorta descendente passa para as artérias umbilicais e retornam para a placenta para reoxigenação. Os 35% de sangue restantes na aorta descendente abastecem as vísceras e a parte inferior do corpo. importantes ajustes circulatórios ocorrem no nascimento, quando a circulação do sangue fetal através da placenta é interrompida e os pulmões do neonato se expandem e começam a funcionar. Assim que o bebê nasce, o forame oval, o ducto arterioso e vasos umbilicais não são mais necessários. O esfíncter no ducto venoso se contrai; assim; todo sangue que entra no fígado passa através dos sinusoides hepáticos. A oclusão da circulação placentária causa uma diminuição imediata na pressão sanguínea na VCI e no átrio direito A aeração dos pulmões no nascimento está associada: À redução dramática na resistência vascular pulmonar À elevação acentuada no fluxo sanguíneo pulmonar. Ao adelgaçamento progressivo das paredes das artérias pulmonares. O adelgaçamento das paredes arteriais resulta principalmente do alongamento dos pulmões no nascimento. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Devido ao elevado fluxo sanguíneo pulmonar e à perda do fluxo da veia umbilical, a pressão no átrio esquerdo é maior que àquela do átrio direito. A elevada pressão no átrio esquerdo fecha funcionalmente o forame oval, pressionando a valva do forame contra o septum secundum. A saída do ventrículo direito agora flui para o tronco pulmonar. Devido à resistência vascular pulmonar ser menor que à resistência vascular sistêmica, o fluxo sanguíneo no ducto arterioso inverte, passando da aorta descendente para o tronco pulmonar. A parede ventricular direita é mais espessa que a parede ventricular esquerda em fetos e neonatos, pois o ventrículo direito trabalha mais no útero. Ao final do primeiro mês, a parede ventricular esquerda está mais espessa que a parede ventricular direita, pois o ventrículo esquerdo está trabalhando mais agora. A parede ventricular direita se torna mais fina devido à atrofia associada à carga de trabalho mais leve. O ducto arterioso se fecha ao nascimento, porém uma pequena quantidade de sangue pode continuar a ser desviada através do ducto arterioso da aorta para o tronco pulmonar por 24 a 48 horas em um neonato a termo. Ao final das 24 horas, 20% dos ductos estão funcionalmente fechados; em 48 horas, cerca de 80% estão fechados; e em 96 horas, 100% estão fechados. Em neonatos prematuros e naqueles com hipóxia persistente (oxigênio reduzido), o ducto arterioso pode permanecer aberto por mais tempo. Em neonatos a termo, o oxigênio é o fator mais importante no controle do fechamento do ducto arterioso; o oxigênio parece ser mediado pela bradicinina, uma substância liberada dos pulmões durante a inflação inicial A bradicinina possui efeitos contráteis potentes na musculatura lisa. A ação dessa substância parece ser dependente de um elevado teor de oxigênio no sangue da aorta, resultado da aeração dos pulmões ao nascimento. Os efeitos do oxigênio na musculatura lisa do ducto podem ser diretos ou mediados por seus efeitos na secreção de prostaglandina E2. O TGF-β provavelmente está envolvido no fechamento anatômico do ducto arterioso após o nascimento Durante a vida fetal, a obstrução doducto arterioso é controlada pelo baixo teor de oxigênio no sangue passando através dele e por prostaglandinas produzidas endogenamente que atuam na musculatura lisa da parede do ducto arterioso. As prostaglandinas causam o relaxamento do ducto arterioso. A hipóxia e outras influências mal definidas causam a produção local de prostaglandina E2 e prostaciclina I2, que mantêm o ducto arterioso aberto. Inibidores da síntese de prostaglandina, tais como a indometacina, podem causar a constrição de um ducto arterioso persistente em neonatos prematuros As artérias umbilicais se comprimem no nascimento, prevenindo a perda de sangue do neonato. Devido ao cordão umbilical não estar apertado por um minuto ou mais, o fluxo sanguíneo através da veia umbilical continua transferindo sangue bem oxigenado fetal da placenta para o neonato. Durante a fase de transição, pode haver um fluxo da direita para a esquerda através do forame oval. O fechamento dos vasos fetais e do forame oval é, inicialmente, uma mudança funcional. Posteriormente, o fechamento anatômico resulta da proliferação de tecidos fibrosos Estudar os fatores de risco da asfixia perinatal. FATORES DE RISCO Estudo descritivo, quantitativo, retrospectivo, de corte transversal e com fonte de dados secundários. A população do estudo foram os recém-nascidos (RNs) atendidos na Maternidade do HMIB, no período de janeiro de 2017 a junho 2018. No período compreendido entre janeiro de 2017 a junho de 2018, houve 5.358 nascimentos no HMIB. Destes, 108 apresentaram Escore de Apgar < 6 no 5° minuto. Desse modo, a prevalência de asfixia perinatal encontrada no presente estudo foi de 2%. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII A mostrou-se fator de risco para a asfixia perinatal. O (inferior a 7) foi fator de risco para a asfixia perinatal. O foi associado ao fenômeno da asfixia, enquanto o parto cesáreo foi fator protetor. A correlacionou-se fortemente com a asfixia perinatal. O constitui-se fator de risco para a asfixia perinatal. FONTE: RESIDÊNC IA PED IÁTRICA SBP – FATORES DE R ISCO PARA ASFIX IA PER INATAL Problema 6: A primeira semana de vida é muito importante Estudar a anatomia, histologia e fisiologia das mamas (e a produção do leite) ANATOMIA DAS MAMAS As mamas são estruturas superficiais mais proeminentes na parede anterior do tórax (sobretudo nas mulheres). São formadas por tecido glandular e tecido fibroso de sustentação, integrados por uma matriz adiposa, junto de vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. . Durante a puberdade as mamas femininas aumentam, parte devido ao desenvolvimento glandular, mas, principalmente, pelo aumento da deposição de gordura. As aréolas e papilas também aumentam. O tamanho e formato da mama são determinados - em parte - por fatores genéticos, étnicos e alimentares. O corpo aproximadamente circular da mama feminina fica apoiado sobre um , que se estende, transversalmente, da margem lateral do esterno à linha axilar média e, verticalmente, da costela II a VI. 2/3 desse leito são formados pela fáscia peitoral e o outro terço pela fáscia que cobre o músculo serrátil superior. espaço potencial criado entre a mama e a fáscia peitoral, é um plano de tecido conjuntivo frouxo, que contém pouca gordura e permite que a mama tenha um certo grau de movimento sobre a fáscia. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII localizadas na tela subcutânea, sobre os músculos peitorais. São glândulas sudoríparas modificadas, portanto, não tem cápsula nem bainha. São firmemente ligadas à derme pelos . Essas condensações de tecido conjuntivo fibroso, mais desenvolvidas na parte superior da glândula, ajudam a sustentar os e . uma parte menor da glândula mamária que pode se estender ao longo da margem inferolateral do músculo peitoral maior em direção à fossa axilar. Pode aumentar durante o ciclo menstrual. é constituído por 15-20 (originados, como brotos, dos ). Assim, cada lobo é drenado por um ducto lactífero, esses ductos convergem e têm aberturas independentes. parte dilatada de cada ducto, localizado profundamente a aréola, na qual uma gotícula de leite se acumula ou permanece na lactante. Quando o bebê começa a mamar, a compressão da aréola e do seio lactífero expele as gotículas acumuladas, estimulando o neonato a continuar mamando, enquanto ocorre o , que é mediado por hormônios. Assim, o leite é secretado na boca do bebê, não sugado por ele. é a parte mais proeminente – proeminência cônica ou cilíndrica – da mama (mamilo), e a é a área cutânea pigmentada que a circunda. As contêm muitas – que aumentam durante a gravidez – e secretam uma substância oleosa, que atua como lubrificante protetor para aréola e papila, que estão particularmente sujeitas a fissuras e irritações no início da amamentação. As não têm gordura, pelos nem glândulas sudoríparas. Suas extremidades são fissuradas, onde abrem-se os ductos lactíferos. São formadas por fibras musculares lisas circulantes, que comprimem os ductos lactíferos durante a lactação e causam a ereção das papilas em resposta à estimulação. provém das artérias: ❖ e ramos intercostais da artéria torácica interna, a partir da artéria subclávia ❖ Artérias torácica lateral e toracoacromial, ramos da artéria axial ❖ Artérias intercostais posteriores, ramos da parte torácica da aorta (nos 2º, 3º e 4º IC) se faz principalmente para a , mas há alguma drenagem para a veia torácica interna. é importante devido ao seu papel na metástase de células cancerosas. A linfa passa da papila, da aréola e dos lobos da glândula mamária para o . Desse plexo: ❖ A maior parte da linfa (> 75%), sobretudo dos quadrantes laterais da mama, drena para os linfonodos axilares, inicialmente, para linfonodos anteriores ou peitorais. E parte da linfa drena diretamente para linfonodos axilares ou interpeitorais, deltopeitorais, supraclaviculares ou cervicais profundos inferiores. ❖ A parte da linfa remanescente, sobretudo dos quadrantes mediais da mama, drena para os Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII linfonodos paraesternais ou para a mama oposta. ❖ A linfa dos quadrantes inferiores flui profundamente para os linfonodos abdominais (linfonodos frênicos inferiores subdiafragmáticos). A linfa da pele da mama, com exceção da papila e da aréola, drena para os linfonodos axilares, cervicais profundos inferiores e infraclaviculares ipsilaterais e, também, para os linfonodos paraesternais de ambos os lados. A linfa dos linfonodos axilares drena para os linfonodos claviculares (infraclaviculares e supraclaviculares) e daí para o tronco linfático subclávio, que também drena a linfa do membro superior. A linfa dos linfonodos paraesternais entra nos troncos linfáticos broncomediastinais, que também drena linfa das vísceras torácicas. Esses troncos se fundem um ao outro e com o tronco linfático jugular, drenando a cabeça e o pescoço para formar um ducto linfático direito curto no lado direito ou entrando no ducto torácico do lado esquerdo. No entanto, em muitos casos (talvez na maioria), os troncos se abrem independentemente na junção das veias jugular interna e subclávia, no ângulo venoso direito ou esquerdo, que formam as veias braquiocefálicas direita e esquerda. FONTE: MOORE – ANATOMIA OR IENTADA PARA A CLÍN ICA HISTOLOGIA DAS MAMAS Cada consiste em 15 a 25 , cuja função é secretar leite. Cada lóbulo é separado dos vizinhos por tecido conjuntivo denso e muito tecido adiposo. Cada lóbulo é, na verdade, uma glândula individualizada com seu próprio ducto excretor – o , que cada um mede de 2 a 4,5cm de comprimento e emerge independentemente no mamilo (que tem 15 a 25 aberturas – cada uma com aprox. 0,5mm de diâmetro). antes da puberdade, asglândulas mamárias são compostas de porções dilatadas – – e várias ramificações destes – . Durante a puberdade, as mamas aumentam de tecido (resultado do acúmulo de tecido adiposo e conjuntivo, além de certo crescimento e ramificações dos ductos galactóforos – devido ao aumento da quantidade de estrógenos circulantes) e desenvolvem um mamilo proeminente. Na mulher adulta, a estrutura característica das glândulas mamárias é o (que se desenvolve a partir das extremidades dos menores ductos). Um lóbulo consiste em vários que se unem em um . Cada lóbulo é imerso em tecido conjuntivo intralobular frouxo e muito celularizado e o tecido conjuntivo interlobular – que separa os lóbulos – é mais denso e menos celularizado. As aberturas externas dos ductos são revestidas por tecido epitelial estratificado pavimentoso, que bruscamente se transforma em estratificado colunar ou cuboide nos ductos galactóforos, que são revestidos por – assim como os ductos interlobulares terminais – por epitélio simples cuboide, envolvido por células mioepiteliais. O tecido conjuntivo que cerca os alvéolos contêm muitos linfócitos e plasmócitos (que aumentam significativamente ao fim da gravidez, uma vez que são os responsáveis pela secreção de imunoglobulinas – que irão conferir a imunidade passiva ao RN). O mamilo é externamente coberto por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado contínuo com Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII a pele adjacente. Esse epitélio repousa sobre uma camada de tecido conjuntivo rico em fibras musculares lisas, dispostas circularmente ao redor dos ductos galactóforos mais profundos. sofrem intenso crescimento durante a gravidez, pela ação sinérgica de vários hormônios (principalmente estrógenos, progesterona, prolactina e lactogênio placentário humano). Uma das ações desses hormônios é o . Os são conjuntos esféricos ou arredondados de células epiteliais. São estruturas ativamente secretoras de leite na lactação. Durante a lactação, a quantidade de tecido conjuntivo e adiposo diminui consideravelmente em relação ao parênquima. Algumas gotículas de gordura e vacúolos secretores limitados por membrana contendo agregados de proteínas de leite são encontrados no citoplasma apical das células alveolares no final da gestação. Essas gotículas de lipídio são liberadas no lúmen dos alvéolos, onde o leite produzido pelas células epiteliais se acumula. Lipídios constituem aprox. 4% do leite materno. As caseínas e outras proteínas do leite (como lactalbumina e IgA) contidas nos vacúolos também se localizam na porção apical das células secretoras. Proteínas constituem aprox.. 1,5% do leite humano, já a lactose, 7%. quando cessa a amamentação, a maioria dos alvéolos desenvolvidos durante a gravidez sofre degeneração por apoptose, assim, células inteiras são liberadas no lúmen dos alvéolos e seus restos são retirados por macrófagos. FONTE: JUNQUEIRA – H ISTOLOGIA BÁS ICA FISIOLOGIA DAS MAMAS As mamas começam a se desenvolver na puberdade, com a estimulação da parte glandular (além do depósito de gordura) pelos estrogênios do ciclo sexual mensal. Ocorre crescimento bem mais intenso durante o estado de altos níveis de estrogênio da gravidez, e só então o tecido glandular fica inteiramente desenvolvido para a produção de leite. Durante toda a gravidez, a grande quantidade de estrogênios secretada pela placenta faz com que o sistema de ductos mamários cresça e se ramifique. Quatro outros hormônios também são importantes para o crescimento desse sistema de ductos: (GH), , e . Quando o sistema de ductos está desenvolvido, a progesterona – agindo sinergicamente com o estrogênio e os outros hormônios – causa o crescimento adicional dos lóbulos mamários, com multiplicação dos alvéolos e desenvolvimento de características secretoras nas células dos alvéolos. FONTE: GUYTON – F IS IOLOGIA MÉDICA FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO Embora o e a sejam essenciais ao desenvolvimento físico das mamas durante a gravidez, eles . Já o hormônio prolactina, faz o efeito oposto – promovendo a secreção de leite. a , e sua concentração no sangue da mãe aumenta uniformemente a partir da 5ª semana de gestação até Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII o nascimento do bebê, quando já aumentou de 10 a 20 vezes o nível normal não-gravídico. Além disso, a placenta secreta grande quantidade de , que apoia a prolactina da hipófise materna durante a gravidez. Devido aos efeitos supressivos do estrogênio e progesterona, quase não é secretado líquido até após o nascimento do bebê, quando há uma perda súbita de secreção tanto de estrogênio, quanto de progesterona da placenta, permitindo o em seu papel natural de promotor da lactação. O líquido secretado nos primeiros dias após o parto é denominado e contém, essencialmente, as mesmas concentrações de proteínas e lactose do leite, mas quase nenhuma gordura. No período de 1 a 7 dias pós-parto, as mamas começam a secretar quantidades copiosas de leite, em vez de colostro. A secreção de leite requer, também, uma adequada dos outros hormônios maternos (principalmente GH, cortisol, paratormônio e insulina), uma vez que são necessários para fornecer aminoácidos, ácidos graxos, glicose e cálcio – que são fundamentais para a formação do leite. Depois do nascimento do bebê, o nível basal de secreção de prolactina retorna aos níveis não- gravídicos. Entretanto, cada vez que a mãe amamenta o bebê, , que dura aproximadamente uma hora. Essa prolactina atua nas mamas maternas para manter as glândulas mamárias secretando leite nos alvéolos para os períodos de amamentação subsequentes. é produzido pelo hipotálamo, que tem papel essencial no controle da secreção de prolactina. Embora o hipotálamo essencialmente estimule a produção de outros hormônios, ele inibe a produção de prolactina. na maioria das nutrizes, o ciclo ovariano e a ovulação não retorna até poucas semanas depois do desmame. A razão disso é que, provavelmente, os mesmos sinais neurais das mamas para o hipotálamo que provocam a secreção de prolactina . O que (hormônio luteinizante e hormônio folículo- estimulante). *obs: mas em algumas mulheres (principalmente aquelas que amamentam apenas parte do tempo), a hipófise começa a secretar hormônios gonadotrópicos suficientes para reestabelecer o ciclo sexual mensal, mesmo que a amamentação continue. embora o leite seja secretado de maneira contínua nos alvéolos das mamas, ele e, portanto, . Na verdade, – e essa ejeção é causada por um reflexo neurogênico e hormonal combinado, que envolve o hormônio hipofisário posterior . Quando o bebê suga, ele não recebe leite nenhum por aproximadamente 30 segundos, pq primeiramente é necessário que os impulsos neuronais sejam transmitidos dos mamilos para a medula espinal da mãe, e, então, para seu hipotálamo, onde desencadeiam sinais neurais que , assim como causam secreção de prolactina. A ocitocina é transportada no sangue para as mamas, onde faz com que as células mioepiteliais se contraiam, transportando, assim, o leite para o ducto. Em seguida, a sucção do bebê fica efetiva em remover o leite. *dentro de 30-60seg o leite começa a fluir. O ato de sugar uma mama faz com que o leite flua em ambas as mamas. Quando a mãe pensa no bebê ou o escuta chorar, muitas vezes, proporciona um sinal emocional suficiente para o hipotálamo provocar a ejeção de leite. FONTE: GUYTON – F IS IOLOGIA MÉDICA Compreender a importância, as vantagens e o que interfere no processo de aleitamento materno (e materno x suplementação) COMPOSIÇÃO DO LEITE Água 88,5% 87,0% Gordura 3,3% 3,5% Lactose 6,8% 4,8% Caseína 0,9% 2,7% Lactoalbumina e outras ptn 0,4% 0,7% Cinzas 0,2% 0,7% Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento| Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII A concentração de lactose no leite humano é cerca de 50% maior que no leite de vaca, mas a concentração de proteínas no leite de vaca é, em geral, 2-3x maior que no leite materno. Por fim, apenas 1/3 de cinzas que contêm cálcio e outros minerais é encontrado no leite materno em comparação ao leite de vaca. Apesar de a alimentação variar enormemente entre as pessoas, o leite materno, surpreendentemente, apresenta que amamentam do mundo. Apenas as com desnutrição grave podem ter o seu leite afetado na sua qualidade e quantidade. Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do sétimo ao décimo dia pós-parto. A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a caseína, de difícil digestão para a espécie humana. A . Assim, o leite do final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico em energia (calorias) e sacia melhor a criança, daí a importância de a criança esvaziar bem a mama. O . A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra agentes infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à criança contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive. A concentração de IgA no leite materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então. Além da IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido. Esse favorece o crescimento do Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, dificultando a instalação de bactérias que causam diarreia, tais como Shigella, Salmonella e Escherichia coli. Alguns dos fatores de proteção do leite materno são total ou parcialmente destruídos pelo calor, razão pela qual o leite humano pasteurizado (submetido a uma temperatura de 62,5º C por 30 minutos) não tem o mesmo valor biológico que o leite cru. FONTE: GUYTON – F IS IOLOGIA MÉDICA / CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA – SAÚDE DA CR IANÇA: NUTR IÇÃO INFANTIL TIPOS E DURAÇÃO DO ALEITAMENTO É importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno adotadas pela OMS e reconhecidas no mundo inteiro (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007). Assim, o aleitamento materno costuma ser classificado em: ❖ – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. ❖ – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais1. ❖ – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. ❖ – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá- lo, e não de substituí-lo. ❖ – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. Vários estudos sugerem que a duração da amamentação na espécie humana seja, em média, de , idade em que costuma ocorrer o desmame naturalmente (KENNEDY, 2005). A , endossada pelo Ministério da Saúde do Brasil, . Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Estima-se que dois copos (500 mL) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três continentes concluiu que quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida elas tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa quando comparadas com crianças amamentadas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000). VANTAGENS DO ALEITAMENTO MAT. Já está devidamente comprovada, por estudos científicos, a superioridade do leite materno sobre os leites de outras espécies. São vários os argumentos em favor do aleitamento materno: ❖ graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções. Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis. A proteção é maior quanto menor é a criança, e previne mais morte entre as crianças de menor nível socioeconômico. Estudos demonstram que a amamentação na primeira hora de vida pode ser um fator de proteção contra mortes neonatais ❖ principalmente em crianças mais pobres, quando o aleitamento é exclusivo. Também exerce influência na gravidade dessa doença (crianças não amamentadas têm um risco 3x maior de desidratarem e morrerem por diarreia). ❖ a proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros 6 meses de vida. O risco de hospitalização por bronquiolite foi 7x maior em crianças amamentadas por menos de um mês. (redução de 50% da otite média aguda em crianças amamentadas exclusivamente por 3-6 meses). ❖ estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes. Enquanto a exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. Por isso é importante evitar o uso desnecessário de fórmulas infantis ❖ a OMS publicou importante revisão sobre evidências desses efeitos, que concluiu que os indivíduos amamentados apresentaram pressões sistólica e diastólica mais baixas, níveis menores de colesterol total e risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2. Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mulher que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação. E exposição precoce ao leite de vaca (antes dos quatro meses) é considerada um importante determinante do Diabetes mellitus Tipo I, podendo aumentar o risco de seu aparecimento em 50%. Estima-se que 30% dos casos poderiam ser prevenidos se 90% das crianças até três meses não recebessem leite de vaca. ❖ a maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de 3 anos e tipo de alimentação no início da vida constatou menor frequência de sobrepeso/obesidade em crianças que haviam sido amamentadas. ❖ por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. O leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses, e continua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, gorduras e vitaminas. ❖ a maioria dos estudos conclui que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto quando comparadas com as não amamentadas, principalmente as com baixo peso de nascimento. Essa vantagem foi observada em diferentes idades, inclusive em adultos. ❖ o exercício que a criança faz para retirar o leite Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII da mama é muito importante para o desenvolvimentoadequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor conformação do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. ❖ estima- se que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração de amamentação. ❖ ❖ ❖ acredita-se que a amamentação traga benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. Uma amamentação prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e filho certamente fortalecem os laços afetivos entre eles, oportunizando intimidade, troca de afeto e sentimentos de segurança e de proteção na criança e de autoconfiança e de realização na mulher. Amamentação é uma forma muito especial de comunicação entre a mãe e o bebê e uma oportunidade de a criança aprender muito cedo a se comunicar com afeto e confiança ❖ o aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, uma vez que as crianças amamentadas adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e situações estressantes. Além disso, quando a amamentação é bem-sucedida, mães e crianças podem estar mais felizes, com repercussão nas relações familiares e, consequentemente, na qualidade de vida dessas famílias. TÉCNICA AMAMENTAÇÃO Apesar de a sucção do recém-nascido ser um ato reflexo, ele precisa . Quando o bebê pega a mama adequadamente – o que requer uma , abocanhando não apenas o mamilo, mas também –, forma-se um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo, indispensável para que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê. A língua eleva suas bordas laterais e a ponta, formando uma concha (canolamento) que leva o leite até a faringe posterior e esôfago, ativando o reflexo de deglutição. A retirada do leite (ordenha) é feita pela língua, graças a um movimento peristáltico rítmico da ponta da língua para trás, que comprime suavemente o mamilo. Enquanto mama no peito, o bebê respira pelo nariz, estabelecendo o padrão normal de respiração nasal. O ciclo de movimentos mandibulares (para baixo, para a frente, para cima e para trás) promove o crescimento harmônico da face do bebê. A técnica de amamentação, ou seja, a maneira como a dupla mãe/bebê se posiciona para amamentar/mamar e a pega/sucção do bebê são muito importantes para que o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leite da mama e, também, para não machucar os mamilos. Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê na amamentação dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, resultando no que se denomina de “má pega”. A má pega dificulta o esvaziamento da mama, podendo levar a uma diminuição da produção do leite. Muitas vezes, o bebê com pega inadequada não ganha o peso esperado apesar de permanecer longo tempo no peito. Isso ocorre porque, nessa situação, ele é capaz de obter o leite anterior, mas tem dificuldade de retirar o leite posterior, mais calórico. Além de dificultar a retirada do leite, a má pega machuca os mamilos. Quando o bebê tem uma boa pega, o mamilo fica em uma posição dentro da boca da criança que o protege da fricção e compressão, prevenindo, assim, lesões mamilares. ❖ Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo; ❖ Corpo do bebê próximo ao da mãe; ❖ Bebê com cabeça e tronco alinhados; ❖ Bebê bem apoiado. ❖ Mais aréola visível acima da boca do bebê; ❖ Boca bem aberta; ❖ Lábio inferior virado para fora; ❖ Queixo tocando a mama. PRINCIPAIS PROBLEMAS Alguns problemas enfrentados pelas nutrizes durante o aleitamento materno, se não forem precocemente Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII identificados e tratados, podem ser importantes causas de interrupção da amamentação. Os profissionais de saúde têm um papel importante na prevenção e no manejo dessas dificuldades. ❖ alguns bebês resistem às tentativas de serem amamentados e com frequência não se descobre a causa dessa resistência inicial. Alguns bebês não conseguem pegar a aréola adequadamente ou não conseguem manter a pega. ❖ ❖ ❖ há três componentes básicos: (1) congestão/aumento da vascularização da mama; (2) retenção de leite nos alvéolos; e (3) edema decorrente da congestão e obstrução da drenagem do sistema linfático. Como resultado, há compressão dos ductos lactíferos, o que dificulta ou impede a saída do leite dos alvéolos. ❖ é comum, nos primeiros dias após o parto, a mulher sentir dor discreta ou mesmo moderada nos mamilos no começo das mamadas, devido à forte sucção deles e da aréola. Essa dor pode ser considerada normal e não deve persistir além da primeira semana. No entanto, ter os mamilos muito doloridos e machucados, apesar de muito comuns, não é normal e requer intervenção. A causa mais comum se deve a lesões por posicionamento e pega inadequadas. ❖ infecção da mama no puerpério é bastante comum. A infecção pode atingir só a pele do mamilo e da aréola ou comprometer os ductos lactíferos. ❖ isquemia intermitente causada por vasoespasmo, que usualmente ocorre nos dedos das mãos e dos pés, também pode acometer os mamilos. Em geral ocorre em resposta à exposição ao frio, compressão anormal do mamilo na boca da criançaou trauma mamilar importante. Porém, nem sempre é possível encontrar a causa. ❖ ocorre quando o leite produzido numa determinada área da mama, por alguma razão, não é drenado adequadamente. Com frequência, isso ocorre quando a mama não está sendo esvaziada adequadamente, o que pode acontecer quando a amamentação é infrequente ou quando a criança não está conseguindo remover o leite da mama de maneira eficiente. ❖ processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama (o mais comumente afetado é o quadrante superior esquerdo), geralmente unilateral, que pode progredir ou não para uma infecção bacteriana. Ela ocorre mais comumente na segunda e terceira semanas após o parto, mas pode ocorrer em qualquer período da amamentação. ❖ em geral, é causado por mastite não tratada ou com tratamento iniciado tardiamente ou ineficaz. É comum após a interrupção da amamentação na mama afetada pela mastite sem o esvaziamento adequado do leite por ordenha. ❖ formação cística nos ductos mamários contendo líquido leitoso, que no início é fluido, adquirindo posteriormente aspecto viscoso, que pode ser exteriorizado por meio do mamilo. ❖ algumas mulheres têm o reflexo de ejeção do leite exacerbado, o que pode provocar engasgos na criança. Ordenhar um pouco de leite antes da mamada até que o fluxo diminua geralmente é suficiente no manejo do problema. ❖ a grande maioria das mulheres tem condições biológicas para produzir leite suficiente para atender à demanda de seu filho. No entanto, uma queixa comum durante a amamentação é “pouco leite” ou “leite fraco”. Muitas vezes, essa percepção é o quanto a sua capacidade de nutrir plenamente o seu bebê. Essa insegurança, com frequência reforçada por pessoas próximas, faz com que o choro do bebê e as mamadas frequentes (que fazem parte do comportamento normal em bebês pequenos) sejam interpretados como sinais de fome. A ansiedade que tal situação gera na mãe e na família pode ser transmitida à criança, que responde com mais choro. A suplementação com outros leites muitas vezes alivia a tensão materna e essa tranquilidade é repassada ao bebê, que passa a chorar menos, vindo a reforçar a ideia de que a criança estava passando fome. Uma vez iniciada a suplementação, a criança passa a sugar menos Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII o peito e, como consequência, vai haver menor produção de leite, processo que com frequência culmina com a interrupção da amamentação. Por isso, a queixa de “pouco leite” ou “leite fraco” deve ser valorizadae adequadamente manejada. RESTRIÇÕES AO ALEITAMENTO MAT. São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do leite materno. ❖ Mães infectadas pelo HIV; ❖ Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2; ❖ Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. ❖ Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose. ❖ Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama. A amamentação deve ser mantida na mama sadia; ❖ Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. A criança deve receber Imunoglobulina Humana Antivaricela Zoster (Ighavz). ❖ Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente; ❖ Consumo de drogas de abuso. ALIMENTAÇÃO SUPLEMENTAR Durante os dois primeiros anos de vida a alimentação adequada é fundamental para o crescimento e desenvolvimento infantil. . São inúmeros os benefícios e vantagens da amamentação, em relação a qualquer substituto do leite materno, portanto sua promoção, proteção e apoio devem ser ações prioritárias entre os profissionais de saúde e toda a sociedade. É imprescindível que o profissional de saúde reflita com as famílias as implicações econômicas da opção pela substituição do aleitamento materno e os riscos à saúde da criança pelo uso desnecessário ou inadequado de alimentos artificiais e mamadeiras, favorecendo uma escolha informada. Além disso, é necessário orientar as famílias sobre a importância de uma alimentação complementar que priorize alimentos saudáveis, regionalmente disponíveis e acessíveis. Nesses casos, faz-se necessária a e o profissional de saúde deve estar apto a apoiar essas famílias de forma , buscando minimizar os riscos por meio de avaliação de . Como alternativa ao leite materno, deve-se buscar uma alimentação láctea adequada à situação clínica, social e cultural da família. A amamentação deve ser protegida, para tanto, a orientação sobre preparo de leites artificiais nunca deve ser feita de forma coletiva. Nos casos em que há necessidade de orientar sobre o preparo de leites artificiais (por exemplo, mães HIV positivo) essa orientação deve ser realizada de maneira individualizada e por profissional qualificado. o leite humano processado e distribuído pelos Bancos de Leite Humanos apesar de ser a melhor opção de alimentação para crianças menores de 6 meses é, prioritariamente, destinado a crianças de risco internadas em Unidades de Terapia Intensiva. Mães HIV positivo podem receber fórmulas infantis para a alimentação de seus filhos. FONTE: CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA – SAÚDE DA CR IANÇA: NUTRIÇÃO INFANTIL Entender a progressão de peso do RN na primeira semana ALTERAÇÕES DE PESO A quase totalidade dos recém-nascidos (RN) apresenta perda ponderal nos primeiros dias de vida. Dada essa grande frequência, os autores a denominam de . A maioria dos estudos sugere que a perda corresponde, principalmente, à redução de fluidos, 1 mas também é consequência do uso, pelo RN, de tecido adiposo como fonte de energia RN amamentados exclusivamente perdem, em média, entre 5%-7% do peso do nascimento. Os limites fisiológicos máximos de Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII perda de peso para RN amamentados exclusivamente ao seio são controversos. Assim, , embora também haja referências a valores de 7%. A evolução do peso do recém-nascido, nos primeiros dias de vida, é usada como um indicador da adequação da amamentação. Dessa forma, o percentual de redução do peso em relação ao nascimento pode ser um dos parâmetros usados para a introdução de fórmula láctea Os fatores de risco para perda de peso excessiva em RN a termo amamentados exclusivamente e nascidos num Hospital Amigo da Criança foram a cesárea e a maior idade materna. Dentre os fatores de risco estudados, a maior idade materna foi identificada como a variável preditora para a perda de peso, provavelmente porque o aumento da idade cursa com aumento da morbidade materna por hipertensão e diabete e evolui com risco de finalização da gravidez via cesárea. O mecanismo mais conhecido que justifica a associação do parto cesárea com a maior perda de peso do RN e dificuldades na amamentação é o retardamento da lactogênese II, definida como secreção de leite copiosa que se inicia no 2°/3° dia pós-parto. FONTE: ARTIGO (SC IELO) REV ISTA PAULISTA DE PED IATRIA Elucidar a construção do vínculo entre mãe e filho e os fatores emocionais importantes VÍNCULO MÃE-BEBÊ ❖ Ao amamentar, e supre a separação abrupta ocorrida no momento do parto, que pode causar até depressão, amenizada pela formação de um "cordão psíquico" duradouro até o desmame progressivo. ❖ (ruptura), ajudando a , ocorre uma (hormônio que proporciona bem-estar, aumento da tolerância à dor e sensação de prazer no ato de amamentar, aumentando o amor pelo bebê). ❖ Além de , as carícias da mãe durante a mamada auxiliam na formação do seu contorno corporal, despertam a percepção das sensações corporais e promovendo o desenvolvimento da afetividade, o contato físico com o corpo da mãe proporciona segurança e bem-estar ❖ Chegou-se à conclusão de que o RN é com a pessoa que interage com ele, do que com a pessoa que o alimenta e cuida de sua higiene corporal, sem se preocupar em manter os sinais de reciprocidade na comunicação interativa. ❖ Ressalta-se a questão da organização e desempenho das tarefas domésticas a participação da mãe da nutriz é fundamental. Na maternidade da filha emerge significados simbólicos do que seja ser mãe, renovando os vínculos, consolidando-os e até mesmo reconciliando-os ❖ Percebe-se também que o ato de amamentar parece ter maior sucesso quando as necessidades físicas, emocionais, sociais, culturais, intelectuais e profissionais da nutriz são, ao menos, consideradas de pela sociedade. FONTE: ARTIGOS Problema 7: Santo de casa... Elucidar a dieta adequada para o crescimento e desenvolvimento no primeiro ano de vida, abordando as necessidades nutricionais. NECESSIDADES NUTRICIONAIS A oferta de nutrientes deve ser suficiente para prover as necessidades metabólicas diárias e para permitir o crescimento adequado. Práticas adequadas de alimentação infantil são aquelas que: ❖ Fornecem a quantidade adequada de alimentos para suprir os requerimentos nutricionais; ❖ Dificultam a aspiração de substâncias estranhas; ❖ Não excedem a capacidade funcional do trato digestório e renal da criança. O crescimento expressivo dos lactentes durante o 1° ano de vida (aumento de 3 x no peso e 50% no comprimento) e o crescimento continuado, que ocorre a partir de 1 ano até a adolescência, determinam necessidades nutricionais únicas. Somam-se as necessidades de manutenção altas decorrentes das taxas metabólicas e nutricionais de turnover (renovação dos estoques) mais elevadas dos lactentes e das crianças, comparadas aos adultos. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Como o crescimento rápido é acompanhado por alterações acentuadas no desenvolvimento funcional e da composição dos órgãos, a incapacidade de fornecer os nutrientes suficientes nesse período terá efeitos adversos sobre o desenvolvimento e o crescimento. A ingestão de referência da maior parte dos nutrientes está estabelecida e estas quantidades parecem suficientes para sustentar o crescimento normal do lactente e da criança pequena. *acrescentar calorias, ptns, água, minerais, eletrólitos e vitaminas DIETA DO LACTENTE A alimentação no primeiro na de vida compreende a fase de , de 28 dias até 2 anos de idade. A introdução de alimentos na dieta da criança, que deve ser mantido preferencialmente até os 2 anos de vida. A partir dos 6 meses a introdução da alimentação complementar aproxima progressivamente a criança aos hábitos alimentares de quem cuida dela e exige todo um esforço adaptativo a uma nova fase do ciclo de vida, na qual lhe são apresentados novos sabores, cores, aromas, texturas e saberes. As práticas alimentares no 1° ano de vida constituem marco importante na formação dos hábitos alimentares da criança. Considera-se atualmente que o período ideal para a introdução de alimentos complementares é (antes, o leite materno é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais da criança). Essa é a idade ideal pois: ❖ Desenvolvidos os reflexos necessários para a deglutição, como o reflexo lingual; ❖ Manifesta excitação à visão do alimento; ❖ Sustenta a cabeça, facilitando a alimentação oferecida por colher; ❖ Início da erupção dos primeiros dentes, o que facilita na mastigação.; ❖ Maior desenvolvimento do paladar: começa a estabelecer preferências alimentares, processo que a acompanha até a vida adulta. O sucesso da alimentação complementar depende de muita paciência, afeto e suporte por parte da mãe e de todos os cuidadores da criança. Toda a família deve ser estimulada a contribuir positivamente nessa fase, situação em que não só a criança aprende a comer, mas também toda a família aprende a cuidar. O profissional de saúde deve ser hábil em ouvir, demonstrar interesse e orientar todos os cuidadores da criança, para que ela se sinta amada e encorajada a entender sua alimentação como ato prazeroso: evita, precocemente, o aparecimento de possíveis transtornos psíquicos e distúrbios nutricionais. Deve prover suficientes quantidades de água, energia, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos seguros, culturalmente aceitos, economicamente acessíveis e agradáveis à criança. Na orientação de uma dieta para a criança deve-se levar em conta conceitos adequados de preparo, noções de consistência e quantidades ideais das refeições e opções de diversificação alimentar que contemplem as necessidades nutricionais para cada fase do desenvolvimento. os hábitos alimentares são formados por meio de complexa rede de . Por esse motivo, considera-se a mudança de comportamento alimentar um desafio para os profissionais de saúde. O leite materno oferece diferentes experiências de sabores e aromas que vão refletir os hábitos alimentares maternos e a cultura alimentar: crianças que mamam no peito aceitam melhor a introdução da alimentação complementar. Parece que os sabores e aromas de alimentos consumidos pelas nutrizes têm uma via pelo leite materno e acabam sendo transmitidos para o lactente. a criança aos poucos vai aprendendo a reconhecer suas preferências alimentares e a estimular seu apetite também de acordo com o aroma dos alimentos. Assim como o cheiro da mãe e do leite materno durante o período de amamentação ajudam a criança a identificar a mãe. até a vida adulta. As crianças tendem a não gostar de alimentos quando, para ingeri-los, são submetidos à chantagem/ coação ou premiação. Os pais podem contribuir positivamente para a aceitação alimentar por meio da estimulação dos sentidos: palavras elogiosas e incentivadoras, toque carinhoso, permitindo Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ambiente acolhedor, com pouco ruído, boa luminosidade e conforto à criança. Em geral as crianças tendem a e esse tipo de comportamento manifesta-se precocemente: com exposições frequentes, os alimentos novos passam a ser aceitos, podendo ser incorporados à dieta da criança. Em média são necessárias de 8 a 10 exposições a um novo alimento para que ele seja aceito pela criança. Muitos pais, talvez por falta de informação, não entendem esse comportamento como sendo normal e interpretam a rejeição inicial pelo alimento como uma aversão permanente, desistindo de oferecê-lo à criança. a alimentação das crianças deve ser composta por alimentos básicos e evitar alimentos processados nos primeiros anos de vida. o argumento da ausência de sabor da alimentação saudável é um tabu a ser desmistificado. As crianças, ao receberem a alimentação complementar, tendem a se acostumar com os alimentos na forma como são inicialmente oferecidos. o consumo de vários tipos de alimentos fornece os diferentes nutrientes necessários, evitando a monotonia alimentar, que limita a disponibilidade de nutrientes necessários a uma alimentação adequada. a alimentação saudável contempla uma ampla variedade de grupos de alimentos com múltiplas colorações. Sabe-se que quanto mais colorida é a alimentação, mais rica é em termos de vitaminas e minerais. Essa variedade de coloração torna a refeição atrativa: agrada aos sentidos + estimula o consumo de alimentos saudáveis, como frutas, legumes e verduras, grãos e tubérculos. refere-se especificamente à garantia do equilíbrio em quantidade e qualidade dos alimentos consumidos para o alcance de uma nutrição adequada, considerando que tais fatores variam de acordo com a fase do curso da vida e de outros fatores. Entre os vários nutrientes, ocorrem interações que podem ser benéficas, mas também prejudiciais ao estado nutricional, o que implica necessidade de harmonia e equilíbrio entre os alimentos consumidos. os alimentos não devem apresentar contaminantes de natureza biológica, física ou química ou outros perigos que comprometam a saúde do indivíduo ou da população. As crianças são vulneráveis e constituem grupo de risco para a ocorrência de doenças em função da falta de segurança sanitária. , porém o intervalo entre a mamada que antecede as principais refeições deve ser espaçado, respeitando assim os sinais de fome e saciedade da criança. Assim que possível, os alimentos não precisam ser muito amassados, evitando-se, a administração de alimentos muito diluídos (oferta calórica inadequada). , no horário de almoço. Tal refeição deve conter alimentos dos seguintes grupos: cereais e tubérculos, leguminosas, carnes e hortaliças (verduras e legumes). Ovo cozido e carnes devem fazer parte das refeições desde os seis meses de idade. Óleo vegetal deve ser usado em pequena quantidade. Os alimentos devem ser cozidos em pouca água e amassados com o garfo. Nunca liquidificados ou peneirados. , a criança já pode receber os alimentos da família, desde que não muito condimentados ou com grandes quantidades de sal. As devem ser oferecidas após os 6 meses de idade, preferencialmente sob a forma de papas, sempre em colheradas Nenhuma fruta é contraindicada. Os sucos naturais podem ser usados preferencialmente após as refeições principais, e não em substituição a elas, em uma dose pequena. Nos intervalos é preciso oferecer água tratada, filtrada ou fervida para a criança. ❖ Estimular o consumo de alimentação básica (arroz, feijão, batata, legumes, frutas, carnes); ❖ A carne deve fazer parte das refeições desde os 6 meses de idade; ❖ O profissional deve insistir na utilização de miúdos 1 x/semana, especialmente fígado de boi, pois são fontes importantes de ferro; Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ Crianças que recebem outro leite que não o materno devem consumir no máximo 500ml por dia. FONTE: RESUMOS VETERANOS 10 PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL “Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.” “A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.” “Após 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes) 3 vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e 5 vezes ao dia, se estiver desmamada.” “A alimentação complementar deve ser oferecidade acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança.” “A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família.” “Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimenta cão colorida.” “Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.” “Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.” “Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos: garantir o seu armazenamento e conservação adequados.” “Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.” FONTE: MIN ISTÉRIO DA SAÚDE Estudar as indicações de suplementação vitamínica e mineral para esse período. SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA é dada ao nascimento, na dose de 1 mg por via intramuscular, para prevenir a doença hemorrágica. Vitamina K1 ou filoquinona é encontrada em vegetais verdes folhosos, tomate, espinafre, couve-flor, repolho e batata. A vitamina K2 ou menaquinona é sintetizada pelas bactérias intestinais (tem maior importância para o recém-nascido e o lactente) e a vitamina K3, ou menadiona, é a forma sintética o leite materno contém cerca de 25 UI por litro, dependendo do status materno desta vitamina. A necessidade diária da criança no primeiro ano de vida é de 400 UI dessa vitamina. O Departamento de Nutrologia da SBP preconiza suplementação de vitamina D para recém-nascido a termo, desde a primeira semana de vida, mesmo que em aleitamento materno exclusivo ou fórmula infantil. deficiência materna durante a gravidez, mãe vegetariana, não exposição ao sol, viver em altas latitudes, viver em áreas urbanas com prédios e/ou poluição que bloqueiam a luz solar, pigmentação cutânea escura, uso de protetor solar, variações sazonais, cobrir todo o corpo ou uso de alguns anticonvulsivantes (hidantoína, fenobarbi-tal), glicocorticóides e antiretrovirais Segundo o Consenso de fotoproteção da SBP, a exposição direta da pele à luz solar, não é recomendada devido aos riscos dos raios ultravioleta. Deve-se usar fatores de proteção (roupas e protetor solar), para expor a criança ao sol D2 (ergocalciferol), obtida pela irradiação ultravioleta do ergosterol vegetal (vegetais, fungos, levedos) e em produtos comerciais; D3 (colecalciferol), resultado da transformação não- enzimática do precursor 7-deidrocolesterol existente na pele dos mamíferos, pela ação dos raios ultravioleta. O 7-deidrocolesterol é encontrado, também, em óleo de fígado de bacalhau, atum, cação, sardinha, gema de ovo, manteiga e pescados gordos (arenque) a concentração de vitamina A no leite materno varia de acordo com a dieta da mãe. Em regiões com alta prevalência de deficiência de vitamina A, a OMS, o Ministério da Saúde e a SBP preconizam o esquema para suplementação medicamentosa de vitamina A, na forma de megadoses por via oral, que devem ser administradas a cada 4 a 6 meses. leite integral e seus derivados integrais, gema, ostras, fígado, óleo de fígado, óleo de peixes, principalmente de bacalhau, e margarina (após a legislação bromatológica que obriga a fortificação do Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII produto com essa vitamina durante a fabricação). A pró- vitamina A (carotenos) pode ser encontrada em hortaliças e em frutas amarelo alaranjadas e verde- escuros, como cenoura, abóbora, batata-doce, mamão, caju, ervilha, agrião, almeirão, mostarda, couve e alguns óleos de origem vegetal (dendê, pequi e buriti) SUPLEMENTAÇÃO MINERAL a OMS propõe que a suplementação profilática de ferro medicamentoso para lactentes seja realizada de maneira universal, em regiões com alta prevalência de deficiência de ferro, na dose diária de 12,5 mg a partir do sexto mês de vida. Aos 6 meses de idade, as reservas de ferro endógeno da criança estão esgotadas e a necessidade de ferro exógeno aumenta rapidamente como o requerimento fisiológico por kg de peso Para prevenir a deficiência de ferro os Departamentos Científicos de Nutrologia e de Hematologia da Sociedade Brasileira de Pediatria passaram a recomendar o início da suplementação de ferro aos 3 meses de idade í í ❖ suplementação efetiva de ferro as gestantes durante o pré-natal, ❖ clampeamento do cordão em tempo oportuno (no mínimo após um minuto do nascimento) ❖ incentivo contínuo a prática da amamentação exclusiva no primeiro semestre de vida Os principais suplementos de ferro disponíveis e comercializados em diferentes países, inclusive no Brasil, são: sais ferrosos, sais férricos, ferro aminoquelado, complexo de ferro polimaltosado (ferripolimaltose) e ferro carbonila heme (boa disponibilidade: carnes e vísceras) e não- heme (baixa disponibilidade: leguminosas, verduras de folhas verde escuras). Para melhorar a absorção do ferro não-heme, deve-se introduzir os agentes facilitadores, como carnes e vitamina C, e evitar os agentes inibidores como leite (cálcio e fósforo), refrigerantes, café e chás (tanino), fibras, fitatos (presentes nos vegetais), e oxalatos (presente no espinafre e na beterraba). Compreender as diferenças fisiológicas da digestão, absorção e excreção do bebê para o adulto. INTRODUÇÃO A placenta filtra do sangue materno os nutrientes necessários, que entram na circulação fetal em forma imediatamente utilizável. Devido a este mecanismo, o feto não precisa ingerir, digerir ou absorver alimentos, nem de sistema excretor. As excretas passam à circulação materna. çõ Nas últimas fases da gestação, o feto apresenta movimentos de deglutição e ingere líquido amniótico, sem significado nutricional (importantes para o desenvolvimento anatômico e funcional do TGI fetal). Da mesma forma, o feto produz e elimina urina, que passa ao líquido amniótico, embora os rins estejam em desenvolvimento e não exerçam papel vital. A situação se altera radicalmente ao nascer, quando o bebê passa a se alimentar, digerir e absorver nutrientes e ter rins funcionantes, que excretam metabólitos e mantêm a homeostasia de água e eletrólitos. Entretanto, como o sistema digestivo e excretor não estão completamente maduros, a margem de tolerância para água e solutos específicos é muito restrita comparada à de bebês maiores e crianças. Dada a incapacidade dos rins em concentrar urina ao nascer e por vários meses depois, RN e lactentes necessitam de mais água do que crianças mais velhas para excretar carga comparável de soluto. Os reflexos de sucção e extrusão, presentes ao nascimento e atuantes nos primeiros meses de vida, condicionam o bebê à nutrição líquida. Outros alimentos oferecidos nessa fase são geralmente regurgitados. Práticas adequadas de alimentação nos primeiros anos de vida são condicionadas também pelo grau de maturidade funcional, quanto ao tipo de alimento, mecanismo de excreção e defesa contra infecções. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII O desenvolvimento do TGI, que se inicia no período intrauterino precoce, engloba não apenas o aprimoramento dos mecanismos de digestão e absorção de nutrientes, como a maturação do sistema nervoso e imunológico associados ao intestino. Características genéticas do indivíduo, fatores intrauterinos (circulação placentária, líquido amniótico e fatores de crescimento produzidos pelos tecidos fetais) e estímulos do ambiente e da nutrição nos primeiros anos de vida. ❖ Imaturidade estrutural das criptas e microvilos ❖ Secreção de algumas enzimas é limitada ❖ Maior permeabilidade da membrana mucosa ❖Acidez gástrica reduzida ❖ Maior risco de infecções (diarreia, enterocolite necrosante) e alergias (penetração de macromoléculas). Algumas dessas mudanças (adequação das enzimas digestivas e permeabilidade da mucosa intestinal) são concluídas ao longo do 1° ano de vida, enquanto outras, p.ex. motilidade GI, requerem um período maior de desenvolvimento (essa função assume o padrão adulto apenas ao longo da 1ª década de vida). O sistema imunológico intestinal em desenvolvimento precisa rapidamente se tornar competente, a fim de estar apto a se defender contra patógenos invasores e, ao mesmo tempo, ser tolerante às estruturas próprias e à imensa variedade de antígenos alimentares e ambientais inofensivos. A nutrição pode prover fatores com atuação direta sobre a maturação e modulação do sistema imune Assim como fatores que podem influenciar a composição da microbiota intestinal: afetará o desenvolvimento e a regulação do sistema imune. FISIOLOGIA DIGESTIVA Ao nascer, o bebê normal é capaz de extrair leite do peito da mãe, levá-lo ao fundo da boca e engoli-lo. Ele pode fazê-lo por 5 a 10 minutos contínuos enquanto respira normalmente. As ações de sugar e engolir são vitais para o RN e o bebê nos primeiros meses de vida e são realizadas graças à configuração morfológica especial da boca, em particular do palato mole, proporcionalmente maior, e pela presença de reflexos de sucção e deglutição, que direcionam uma série de movimentos coordenados dos lábios, bochechas, língua e faringe. Alimento sólido ou semissólido colocado na boca de bebê jovem é, normalmente, rejeitado com vigor pela ação de outro reflexo normal do infante. Só entre 4 e 6 meses, quando o reflexo de extrusão desaparece, é que a criança consegue transportar alimentos semissólidos ao fundo da boca e engoli-los. Posteriormente, entre 7 e 9 meses, iniciam-se movimentos rítmicos de morder, concomitantes à erupção dos primeiros dentes: começa a mastigação. Embora se encontre amilase na saliva de bebês, não há digestão de carboidratos na boca ou esôfago nos primeiros meses. Carboidratos são digeridos principalmente no intestino delgado proximal. Polissacarídeos, a exemplo dos amidos, são compostos em mono e dissacarídeos pela ação das delta-amilases secretadas pelo pâncreas. A glicoamilase, secretada pela mucosa intestinal, também contribui para a digestão de amidos, mas atua em especial sobre oligossacarídeos e alguns dissacarídeos. A mucosa do intestino delgado também secreta dissacaridases, que hidrolisam dissacarídeos em monossacarídeos, forma em que carboidratos podem ser absorvidos. Sabe-se que a atividade de amilase no intestino delgado de bebês de termo corresponde a cerca de 10% da adulta, devido principalmente à ação da glicoamilase. Dados atuais indicam que a amilase pancreática não é secretada nos 3 primeiros meses de vida e está presente em níveis muito baixos ou ausentes até os 6 meses. Existem evidências, contudo, de que bebês podem digerir amido antes dos 3 meses, provavelmente devido à atividade da glicoamilase, normalmente inativa nesta idade, mas ativada pela presença de substâncias ou substratos sobre os quais age. É preciso um processo de adaptação para que o bebê jovem digira amido, o que pode levar dias ou semanas e explica a frequência de distúrbios gastrointestinais, particularmente diarreia, em bebês que recebem alimento com amido amido não digerido pode interferir na absorção de outros nutrientes e resultar em falha do crescimento em bebês alimentados com dietas ricas de amido. Diferentemente da imaturidade do sistema digestivo, secreção gástrica de HCl e pepsina é bem desenvolvida Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII no RNT, embora as concentrações sejam pequenas, aumentando progressivamente nos primeiros meses. A digestão de proteínas ocorre principalmente no intestino delgado, onde a atividade proteolítica do bebê tem a mesma intensidade da do adulto. Embora ele possa ter dificuldades com proteínas como caseína, para a qual é importante atividade gástrica para iniciar digestão, a capacidade do RN de digerir proteínas está totalmente desenvolvida ao nascer. Ingestão muito elevada deve ser evitada, particularmente no prematuro jovem, no qual carga renal excessiva de soluto pode produzir desequilíbrios acidobásicos e acidose metabólica. Moléculas grandes, que podem atuar como antígenos, normalmente não atravessam a mucosa intestinal. No período neonatal, contudo, e durante tempo variável, o bebê é capaz de absorver moléculas intactas de proteínas, fato comprovado pela absorção de anticorpos e resposta imunológica a antígenos proteicos oralmente administrados. Esta característica fisiológica do bebê jovem parece ser um dos mecanismos pelos quais, às vezes, desenvolvem-se reações alérgicas ao leite de vaca. Em bebês mais velhos e adultos, proteínas são absorvidas como AA e peptídeos pequenos. A maior parte é digerida ao passar pela mucosa, sendo essencialmente AA livres os que entram na circulação. No RNT a função pancreática e hepática ainda não está totalmente desenvolvida e a quantidade de lípase pancreática e sais biliares na luz intestinal é muito baixa. Em crianças maiores e adultos as gorduras são inicialmente hidrolisadas no intestino delgado, principalmente pela ação das lípases pancreáticas. Os produtos da lipólise são solubilizados pela ação dos sais biliares. Observa-se, contudo, absorção adequada de lipídios em bebês jovens, sobretudo dos originados do leite materno, o que é surpreendente, considerando-se que as gotículas de gordura são muito resistentes à atividade lipolítica da lipase pancreática. A digestão e absorção de lipídeos é aumentada pela ação de lipases linguais e por lípases presentes no leite humano. Lipases linguais são secretadas pelas papilas da parte posterior da língua e atuam no estômago. Os produtos da lipólise (AG e monoglicerídeos) contribuem na emulsificação, compensando a baixa concentração de sais biliares. Este mecanismo de lipólise pré-duodenal é completado pela lipase do leite materno. Assim, apesar da imaturidade da função pancreática e hepática, o bebê jovem está bem equipado para usar a gordura do leite materno, que lhe proporciona praticamente metade das necessidades calóricas e outras vitaminas lipossolúveis. Estes mecanismos compensatórios de utilização de gorduras são menos eficientes quando se introduz gordura de leite de vaca ou outra na dieta. A situação do ferro é semelhante, com absorção maior em bebês do que em crianças ou adultos, o que parece estar relacionado com a maior necessidade de minerais no começo da vida. Ademais, a biodisponibilidade do ferro é muito maior no leite materno do que no de vaca ou em preparações adicionadas a alimentos. A permeabilidade da mucosa intestinal à água e eletrólitos é maior na infância, o que normalmente não tem maior significado, importante em situações de alta osmolaridade do conteúdo intestinal, circunstância em que desequilíbrios hidroeletrolíticos tendem a se desenvolver mais facilmente. Além disso, suas implicações para a alimentação infantil devem ser cuidadosamente consideradas. Com o aumento da velocidade da motilidade intestinal, diminui o número de refeições de 6-8 do período neonatal para 4-5 semestre e, aumenta o intervalo entre elas. A acidez gástrica passa de 0,01-0,1 mEq/kg/hora aos 3 meses para 0,24 mEq/kg/hora aos 6 meses, proporcionando uma melhor digestão protéica (semelhante à produção de HCl/ kg do adulto). E a secreção salivar também aumenta, o que vai auxiliar o lactente a engolir os alimentos de consistência mais espessa. Vantagem de menor acidez gástrica: passagem de proteínas intactas (enzimas, imunoglobulinas, hormônios); Desvantagens: limita a hidrólise proteica; maior o risco de infecções no TGI. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento| Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII O início da DA é também um sinal para a maturação de mensageiros e receptores humorais, particularmente a gastrina, a cole-cistocinina (estimula contração da vesícula biliar e do pâncreas digestão de gorduras e proteínas) e motilina. A síntese de ácidos biliares só atinge valores adequados por volta do 6o mês, permitindo uma absorção de gorduras ao nível do adulto. Nesta altura a absorção de gordura é superior a 80% podendo chegar aos 95%, também devido à melhoria do desempenho das lípases lingual e pancreática. : retorno súbito de pequena qtde de conteúdo gástrico à boca e não precedido de esforço. Causas: baixo tônus do esfíncter esofágico inferior (2,5mmHg) e deficiente coordenação da motilidade do esôfago Início: nos 4 primeiros meses Desaparecimento: 12 ou 24 meses (pressão do esfíncter 5 a 6mmHg) Prevenção: controle da aerofagia nas mamadas; Controle do volume e [ ] das fórmulas; cuidado no manuseio, evitar pressão no abdome, manobras na troca de fraldas e uso de roupas apertadas ELIMINAÇÃO FECAL mecônio (fezes das primeiras 24hs, cor escura, pegajosa, com céls epidérmicas e epiteliais, lipídios e seus derivados, mucopolissacarídeos, bilirrubina…) Após 3 a 4 dias: fezes mais claras ocasionalmente esverdeadas 4 a 10 dias: variável com o tipo de alimentação semelhante ao adulto 10 a 40% dos RN Início: 2ª semana de vida; Desaparecimento: 3 a 4 meses; Suspeitas: Causas orgânicas e psicossociais Causas prováveis das cólicas no RN: imaturidade do TGI e do SN, hipermotilidade intestinal, hipersensibilidade e intolerância a constituintes da dieta (lactose, proteína do leite de vaca…), excesso de gás, dieta materna, resposta adaptativa ao ambiente, temperamento da criança, problemas na interação mãe/filho, estresse familiar, depressão e ansiedade materna SISTEMA EXCRETOR As funções reguladoras e excretoras renais são mínimas antes do nascimento, pois a manutenção da homeostasia fetal é exercida pela placenta. As excreções metabólicas são praticamente inexistentes, uma vez que o metabolismo fetal é fundamentalmente anabólico e qualquer excreta passa da circulação placentária para a materna. Ao nascer, os rins executam as funções de forma limitada, atendendo às necessidades do RN normal, cujo metabolismo permanece predominantemente anabólico se alimentado com alimento equilibrado, totalmente utilizável, com pouco resíduo, como leite materno. ❖ Baixa velocidade de filtração glomerular ❖ Pequena capacidade de concentração; ❖ Muito eficientes como mecanismo conservador de água, evitando desidratação ❖ Não têm dificuldade em eliminar os resíduos metabólicos do bebê amamentado. mais susceptíveis de desenvolver acidose. O sistema pode falhar se a ingestão de água for muito pequena ou a de soluto muito elevada. Como o infante humano tem necessidades nutricionais muito distintas das do bezerro, leite de vaca não diluído pode causar hiperosmolaridade hiper-natrêmica no bebê jovem (evoluir para letargia, convulsões e até lesões do SNC). Subsequentemente, os rins amadurecem muito rápido nos primeiros meses de vida e são capazes de se adaptarem a variações significativas na dieta. Modificações progressivas na ingestão alimentar, com aumento de ureia e outros solutos estimulam os rins a funcionarem em níveis mais elevados. O sistema renal imaturo se sobrecarrega facilmente em situações de estresse - doenças, desidratação ou alterações alimentares drásticas, como altas doses de sódio (minerais) ou soluto (proteínas), que aumentam a necessidade de suplementação de água. No 2º semestre de vida, a diferenciação morfológica e funcional dos rins, traduzida por uma melhoria progressiva da função renal e consequente aumento da filtração glomerular (60-80% o valor do adulto) faz Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII com que as limitações em relação à função renal estejam praticamente ultrapassadas. Após 4 a 6 meses: aceitação do sal – maturidade funcional dos rins e aumento da necessidade de eletrólitos. FONTE: RESUMO VET Entender o esquema vacinal durante o primeiro ano de vida. CALENDÁRIO VACINAL DA CRIANÇA ❖ dose única. Previne as formas graves de tuberculose. ❖ dose única. ❖ 1ª dose. Previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e infecções por Hib. ❖ 1ª dose. Previne a poliomielite (paralisia infantil). ❖ 1ª dose. Previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo. ❖ 1ª dose. Previne diarreia por rotavírus. ❖ 1ª dose. Previne meningite e meningococcemia (infecção generalizada). ❖ 2ª dose. Previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e infecções por Hib. ❖ 2ª dose. Previne a poliomielite (paralisia infantil). ❖ 2ª dose. Previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo. ❖ 2ª dose. Previne diarreia por rotavírus. ❖ 2ª dose. Previne meningite e meningococcemia (infecção generalizada). ❖ 3ª dose. Previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e infecções por Hib. ❖ 3ª dose. Previne a poliomielite (paralisia infantil). ❖ 1ª dose. ❖ 1ª dose. Previne sarampo, caxumba e rubéola. ❖ dose de reforço. Previne meningite e meningococcemia (infecção generalizada). ❖ dose de reforço. Previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo. ❖ dose de reforço. Previne difteria, tétano e coqueluche. ❖ dose de reforço. Previne a poliomielite (paralisia infantil). ❖ dose única. ❖ dose única. Previne sarampo, caxumba, rubéola e varicela. FONTE: PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI ) – SUS Problema 8: Heloísa precisa de hormônios? Estudar a fisiologia do crescimento e os fatores que interferem no mesmo. CRESCIMENTO O crescimento é um processo dinâmico e contínuo, expresso pelo aumento do tamanho corporal. Constitui um dos indicadores de saúde da criança. Todo ser humano nasce com um que poderá ou não ser alcançado, dependendo das condições de vida a que esteja exposto desde a concepção até a idade adulta. por e entre os quais se destacam a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança, que atuam acelerando ou restringindo tal processo. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Deve-se valorizar também o crescimento intrauterino, pois diversos estudos atestam que alterações no crescimento fetal e infantil podem ter efeitos permanentes na saúde do adulto. e . Durante o crescimento pré-natal, aspectos associados à saúde materna e à placenta constituem os fatores extrínsecos ao feto. A carga genética e a integridade do sistema endócrino constituem os fatores intrínsecos. No período pós-natal, os fatores extrínsecos são: acesso a nutrientes, ambiente psicossocial e acesso a medidas preventivas de saúde. Os aspectos intrínsecos são semelhantes aos do período pré-natal, mas o crescimento é muito dependente do sistema hormônio do crescimento – fator de crescimento insulina símile I (GH-IGF-I) –, enquanto no período pré- natal, o crescimento fetal é praticamente independente do hormônio do crescimento. nos primeiros dias de vida há perda de 10% do peso ao nascer. Mas aos 15 dias recupera peso de nascimento e manifesta reflexos primitivos. Ganho de peso por trimestre: ❖ 1° trimestre: 700 g/ mês (25 g/ dia); ❖ 2° trimestre: 600 g/ mês (20 g/ dia); ❖ 3° trimestre: 500 g/ mês (15 g/ dia); ❖ 4º trimestre: 400 g/ mês (10 g/ dia); 2 anos: quadruplica o peso de nascimento, aumentando cerca de 2,5 kg. Técnica de pesagem: criança deitada ou sentada, sem roupas. ❖ Nascimento: 50 cm. ❖ 1º semestre: aumenta 15 cm. ❖ 2º semestre: aumenta 10 cm. ❖ Durante o 2° ano: aumenta 12 cm. Técnica de mensuração: criança deitada (cabeça na base fixa e calcanhar na base móvel). a ❖ Nascimento:35 cm. ❖ 1° ano: aumenta em média 12 cm ❖ 2 cm/ mês durante o 1° trimestre; ❖ 1cm/ mês durante o 2° trimestre; e ❖ 0,5 cm/ mês durante o 2° semestre. ❖ 2° ano: aumenta em torno de 2 cm. Valores menores ou maiores do que os limites normais, e maior ou menor aumento detectado por medidas seriadas são indicativos de situações de risco, passíveis de investigação diagnóstica. Cerca de 80 a 85% do crescimento do PC se faz até 4 a 5 anos de idade e 35% até os 6 anos. ❖ Pré-escolar (2 a 5 anos): 2 kg/ ano; ❖ Escolar (6 a 12 anos): 3,5 kg/ ano; Técnica de pesagem: criança em pé, com menor número de roupas possível. ❖ Aos 4 anos: atinge 1 metro. ❖ Pré-escolar: 6-8 cm/ ano. ❖ Escolar: 6 cm/ ano. ❖ Até a puberdade: 5-6 cm/ ano. Técnica: criança em pé, braços distendidos, pés paralelos, linha de visão paralela ao chão. ❖ Poucas alterações corporais: alongamento e preenchimento. ❖ Maior organização do sistema sensório-motor. ❖ Crescimento dos membros > tronco. ❖ Meninos: pernas e braços mais alongados. ❖ Meninas: quadril maior e coxas grossas. 11 anos para meninas e 13 anos para meninos. O crescimento não ocorre desordenadamente, de forma aleatória. Ele está sob a influência de alguns determinantes, que podem aumentar, restringir, anular algumas fases desse desenvolvimento (biológico e psicológico). Esses determinantes podem ser sociais, econômicos e culturais. Sendo que a dimensão biológica e psicológica é interligada a todo instante. afetando o desenvolvimento físico (crescimento) e consequentemente o desenvolvimento psíquico (neuropsicomotor). ❖ Peso e estatura, para avaliar crescimento. ❖ Atividades, para analisar o desenvolvimento psicossociológico. ❖ A análise inclui a comparação com referências (tabelas, gráficos, esquemas), daí a conclusão sobre o desenvolvimento. Alguns destes dados Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII devem estar obrigatoriamente no cartão da criança, sendo que o cartão inclui: curva de crescimento e ficha de acompanhamento do desenvolvimento. ❖ incluirá ingesta adequada de calorias, proteínas, água, lipídios, sais minerais e vitaminas, definidos como componentes essenciais para um crescimento satisfatório. ❖ englobará, condições geográficas e físicas, condições socioeconômicas, urbanização, interação mãe-filho e atividades físicas. teremos a e o . No genótipo do zigoto encontraremos a determinação do plano para desenvolvimento psíquico e crescimento futuramente. Determinando mais adiante o fenótipo (genótipo mais ambiente). Alguns desses hormônios agem diretamente sobre o próprio encéfalo e diencéfalo, alterando sua atividade e obviamente influenciando no crescimento e desenvolvimento (psíquico) do indivíduo. ❖ curva em S deitado. ❖ crescimento rápido do sistema nervoso, nos dois primeiros anos de vida. ❖ latência até o início da puberdade; daí para frente ocorre um crescimento rápido. ❖ desenvolvimento máximo até 8 a 10 anos, depois ocorre involução. HORMÔNIO DO CRESCIMENTO - SOMATOTROPINA Ao contrário dos outros hormônios hipofisários, o hormônio do crescimento não age através de uma glândula-alvo, mas exerce seus efeitos diretamente sobre todos ou quase todos os tecidos do organismo. através do aumento de tamanho das células, do número de mitoses, promovendo sua multiplicação e uma diferenciação específica de alguns tipos celulares, como as células de crescimento ósseo. Nos estágios iniciais de desenvolvimento, todos os órgãos aumentam proporcionalmente em tamanho; depois de atingir a idade adulta, a maioria dos ossos interrompem seu crescimento, enquanto muitos dos tecidos de partes moles continuam a crescer. Resulta do fato de que as epífises dos ossos longos se unem, não sendo possível ocorrer um crescimento adicional dos ossos, mesmo que a maioria dos outros tecidos do corpo seja capaz de continuar a crescer durante a vida. aumento do transporte de AA através das membranas celulares – aumento da tradução do RNAm para provocar a síntese de proteínas pelos ribossomos; aumento da transcrição nuclear de DNA para formar RNA; redução do catabolismo das proteínas e dos AA, através da mobilização de grandes quantidades de AGL do tecido adiposo e estes são utilizados para fornecer a maior parte da energia. GH apresenta efeito específico ao liberar AG do tecido adiposo, aumentando a sua concentração nos líquidos orgânicos. Além disso, aumenta a conversão de AG em acetil-CoA e sua utilização como fonte de energia. Consequentemente, sob sua influência, a gordura é utilizada como fonte energética preferencial ao uso de carboidratos e proteínas (efeito cetogênico). induz “resistência insulínica”, atenuando as ações da insulina para estimular a captação e utilização da glicose pelos mm esqueléticos e pelo tecido adiposo, e para inibir a gliconeogênese pelo fígado; isto leva a aumento da concentração de glicose no sangue e a um aumento compensatório na secreção de insulina (efeitos diabetogênicos). aumento da deposição de proteínas pelas células osteogênicas e condrocíticas que causam o crescimento ósseo; aumento da taxa de reprodução destas células; efeito específico de conversão de condrócitos em células osteogênicas, causando a deposição de osso novo. Em resposta ao seu estímulo, os ossos longos crescem em comprimento nas cartilagens epifisárias, onde as epífises, nas extremidades dos ossos, estão separadas das partes longas. Este crescimento provoca primeiramente a deposição de cartilagem nova, seguida por sua conversão em osso novo, aumentando a parte longa e empurrando as epífises cada vez mais para longe. Ao mesmo tempo, a cartilagem epifisária sofre Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII um consumo progressivo, de modo que, no final da adolescência, quase não resta cartilagem epifisária alguma para permitir crescimento adicional do osso. Neste momento ocorre a fusão das epífises em cada extremidade, de modo que não é mais possível aumentar o comprimento do osso. Os osteoblastos no periósteo ósseo e em algumas cavidades ósseas depositam osso novo nas superfícies dos ossos antigos. Ao mesmo tempo, osteoclastos presentes no osso removem o osso antigo. O GH age como forte estimulador dos osteoblastos. Consequentemente, os ossos podem continuar a aumentar de espessura durante toda a vida sob influência do GH. O principal fator de crescimento, tanto no período pré- natal quanto no período pós-natal, é a IGF-I, que age na epífise de crescimento. Ela é produzida no fígado e liberada na circulação e, também, produzida diretamente na epífise óssea. No período pós-natal, essa produção depende do hormônio do crescimento e a ação pode ser modificada pelas proteínas carreadoras de IGF-I (IGFBP). FATORES DE INFLUÊNCIA Um efeito importante é a promoção do crescimento e desenvolvimento do cérebro durante a vida fetal e os primeiros anos de vida pós-natal. Se o feto não secretar uma quantidade suficiente de hormônio tireoidiano, o crescimento e a maturação do cérebro antes e após o nascimento são amplamente retardados, e o cérebro permanece menor do que o normal. Sem o tratamento específico dentro de dias ou semanas após o nascimento, a criança que não possui a glândula tireoide permanece deficiente para o resto da vida. Nas crianças com hipotireoidismo o crescimento é amplamente retardado. Naquelas com hipertireoidismo frequentemente ocorre um crescimento esquelético excessivo, tornando a criança consideravelmente alta. Entretanto, os ossos maturam com mais velocidade e as epífises se fecham precocemente, de modo que a duração do crescimento e a altura final do adulto podem ser reduzidos. Estimula a produção e secreção de hormônio do crescimento pela hipófise e a síntese de IGF-I em resposta ao hormônio do crescimento. Além disso, têm efeito direto na placa de crescimento, estimulandoa diferenciação terminal dos condrócitos e a atividade dos osteoclastos. Os glicocorticosteroides apresentam efeito agudo de estimular o crescimento, mas uma exposição crônica a níveis elevados causa diminuição da síntese do hormônio do crescimento e da sensibilidade a ele e, consequentemente, diminui a síntese de IGF-I e a proliferação celular. Entender os parâmetros de avaliação do crescimento, como o gráfico do cartão de saúde. AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO O crescimento é considerado o indicador mais importante da qualidade de vida de uma criança, sendo, portanto, obrigatória sua monitorização durante toda a infância e adolescência. O acompanhamento sistemático do crescimento e do ganho de peso permite a identificação de crianças com maior risco de morbimortalidade por meio da sinalização precoce da subnutrição e da obesidade. Um estudo evidenciou melhorias no tocante ao conhecimento das mães sobre o crescimento de seus filhos com o aconselhamento baseado na utilização das curvas de crescimento. A monitorização do crescimento é definida como a para o diagnóstico de crescimento de indivíduos na comunidade, a fim de promover a saúde. Destes, o mais utilizado é o peso, por ser de fácil obtenção, no entanto a estatura é o indicador mais seguro. á ó ❖ Segmento inferior (SI) ❖ Segmento superior (SS) ❖ Relação entre segmento superior e inferior (SS/SI) Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ Perímetro cefálico (PC) ❖ Perímetro torácico (PT) ❖ Perímetro abdominal (PA) ❖ Perímetro braquial (PB) ❖ Prega cutânea tricipital (PCT) A vigilância nutricional e o monitoramento do crescimento objetivam promover e proteger a saúde da criança e, quando necessário, por meio de diagnóstico e tratamento precoce para sub ou sobrealimentação, evitar que desvios do crescimento possam comprometer sua saúde atual e sua qualidade de vida futura. é é ó ç ú ç A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam a utilização dos valores de referência para o acompanhamento do crescimento e do ganho de peso das curvas da OMS de 2006 (para crianças menores de 5 anos) e 2007 (para a faixa etária dos 5 aos 19 anos). com base nos padrões do NCHS (National Center for Health Sttistics), pode-se correlacionar o peso medido com o esperado, definindo o índice de adequação denominado peso para a idade (P/I): P/I = PESO MEDIDO (KG) / PESO ESPERADO PARA IDADE E SEXO X 100 O peso é adquirido através da balança pesa- bebês (até 15 kg) ou balança de adulto, quando acima do referido valor. A fim de se calcular o peso normal entre crianças de 3 a 12 meses, deve-se usar a seguinte fórmula: P = IDADE (EM MESES) X 0 ,5 + 4,5 . Já para crianças de 2 a 8 anos, deve-se utilizar a fórmula: P = 2 X IDADE (EM ANOS) + 8,5. dos 2 aos 15 anos, pode-se calcular a estatura média em relação à idade pela fórmula: ESTATURA ESTIMADA (CM) = IDADE (ANOS) X 6 + 77 Comparando-se a estatura atual com a esperada (percentil 50) para a mesma idade e sexo, podemos obter o índice de adequação estatura para a idade (E/I), segundo a fórmula: E/ I (%) = ESTATURA MEDIDA (CM) / ESTATURA ESPERADA (PERCENTIL 50) X 100 Para crianças menores de 3 anos de idade, deve-se utilizar um estadiômetro infantil ou uma régua horizontal. A criança deve estar em posição supina, com a linha que conecta o meato auditivo externo e o canto do olho perpendicular ao corpo. Os pés devem ser mantidos juntos. é a relação entre o peso medido (em kg) e a estatura (em metros) elevada ao quadrado. IMC = PESO MEDIDO (KG) / ESTATURA (M) toma-se como referência a glabela como limite anterior e o polo occipital como o posterior, sem incluir nesta medida o pavilhão auricular, e mantendo a fita métrica justa à superfície cutânea. uma fita métrica é passada pelos mamilos, com o tórax moderadamente cheio (no meio tempo entre inspiração e expiração). Até os 2 anos de idade, o PT tem valor como índice de estado nutritivo; a seguir sofre influência de exercício. Nessa idade O PT tem a mesma medida do PC e do PA (Perímetro abdominal). Até 6 meses, o PC é maior do que o PT; a seguir o PT é ligeiramente maior que o PC. A partir dos 2 anos de idade, há um predomínio nítido do PT. é medido passando-se uma fita métrica pela cicatriz umbilical, tem valor relativo e é geralmente correlacionado com o PC e PT. é medido no ponto médio do braço esquerdo, mantido na posição vertical. equivale ao tronco e cresce de maneira constante e uniforme. Independentemente dos fatores ambientais. é medido da sínfise púbica ao chão, sendo que corresponde ao comprimento dos membros inferiores. a relação SS/SI mostra se o crescimento está se fazendo harmoniosamente ou não. No recém-nascido a relação é igual a 1,7 (O ponto médio está na altura do umbigo). Dos 6 meses até a puberdade, as extremidades crescem mais do que o tronco sendo que o ponto médio da altura se desloca para a sínfise púbica. Aos 10 anos a relação é igual a 1. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII É importante ser avaliada no exame físico de crianças com baixa estatura desproporcional. São as chamadas displasias ósseas (acondroplasia, hipocondroplasia, displasias metafisárias e epifisárias). Nessas crianças, por uma alteração genética, a cartilagem de crescimento não é normal e o crescimento dos ossos longos é prejudicado. Como o crescimento vertebral não está afetado, a relação entre corpo e membros é desproporcional. é medida no ponto médio do braço esquerdo, mantido verticalmente (em milímetros). outro aspecto importante na avaliação clínica do paciente com queixa de problema de crescimento é a determinação do alvo parental. Este conceito é muito relevante, pois relativiza a altura da criança à altura dos pais. Deve-se medir a altura do pai e da mãe, porque esses dados, quando obtidos por informação da mãe ou do pai, frequentemente são errados. Estabelece-se o alvo parental acrescentando-se 13 cm na altura da mãe, se o paciente avaliado for menino, ou subtraindo-se 13 cm da altura do pai, se for menina. Após essa transformação, calcula-se a média da altura dos dois e registra-se no gráfico. Se o paciente for menino, acrescenta-se 10 cm acima e 10 cm abaixo, determinando assim o intervalo da altura em que 95% dos filhos desse casal devem atingir na idade adulta. Se for menina, soma-se e se subtrai 9,0 cm, para se estabelecer essa margem. Por ser um cálculo estatístico, objetiva orientar sobre o potencial de estatura final familiar, mas não representa uma previsão de estatura a ser alcançada individualmente. É importante ressaltar que 20% dos filhos saudáveis de um casal podem apresentar altura final acima ou abaixo do alvo genético. o acompanhamento do crescimento de crianças pré- termo ou com baixo peso para a idade gestacional exige um cuidado maior, pois elas não tiveram seu crescimento intrauterino adequado. O acompanhamento ideal das crianças pré-termo exige a utilização de curvas específicas ou que se corrija a idade cronológica até que completem 2 anos de idade para a utilização das curvas-padrão. A idade corrigida (idade pós-concepção) traduz o ajuste da idade cronológica em função do grau de prematuridade. A maioria dos autores recomenda utilizar a idade corrigida na avaliação do crescimento e desenvolvimento de crianças pré-termo no mínimo até os 2 anos de idade, para não os subestimar na comparação com a população de referência. A correção pela idade gestacional permite detectar mais precisamente um período de crescimento compensatório, que geralmente ocorre próximo do termo, para crianças pré-termo de diversas idades gestacionais. GRÁFICO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO A Percentil 50 é o ponto central da série de estaturas crescentes, e metade das crianças está acima e a outra metade abaixo desse ponto. É o valormais frequentemente observado numa população saudável com crescimento adequado. Consideram-se valores aceitáveis aqueles compreendidos entre os percentis 3 e 97. Na primeira medição, observar a posição do peso em relação aos pontos de corte superior e inferior: ❖ classificar como sobrepeso; ❖ faixa de normalidade nutricional; ❖ classificar como risco nutricional; ❖ classificar como peso baixo; ❖ classificar como peso muito baixo; Nas medições seguintes, observar a posição e também o sentido do traçado da curva de crescimento da criança: ❖ entre P97 e P3, corresponde ao caminho da saúde; ❖ (ascendente, horizontal ou descendente), desenhada em linha contínua a partir da ligação de 2 ou mais pontos com intervalos não superiores a 2 meses. Intervalos maiores devem ser Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII desenhados com linha pontilhada (chamar a atenção). Qualquer perda de peso ou ganho insuficiente de peso ou de altura durante a infância é anormal. Não é preciso que a criança chegue abaixo do percentil 3 para se estabelecer o diagnóstico de desnutrição ou baixa estatura. A linha de crescimento, de peso ou de altura, que se apresenta retificada, ou que começa a se afastar de sua curva original é um sinal de alerta para problemas no crescimento. ❖ Perímetro cefálico (de zero a 2 anos), ❖ Peso para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos), ❖ Comprimento/estatura para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos), ❖ Índice de massa corporal (IMC) para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos). Abordar os fatores socioculturais relacionados ao crescimento infantil. FATORES SOCIOCULTURAIS ❖ Em nossa cultura, a estatura é relacionada com boa nutrição, bem-estar e status social. Desde os tempos mais remotos a altura tem sido relacionada a poder. ❖ Em muitas culturas, histórias fantásticas aludem à altura de seus personagens para demonstrar seus poderes e sua força. ❖ Na mitologia grega, gigantes eram seres tão poderosos que só seriam mortos por um deus e um humano juntos ❖ Em séries de televisão, monstros aumentam sua estatura para indicar um aumento de poder ❖ Baixa estatura é considerada uma desvantagem. ❖ Como não é aceita pelos outros, tem maior possibilidade de não se aceitar, de apresentar baixa autoestima, um dos motivos para que essas pessoas, por mais que apresentassem produção normal de hormônio do crescimento, utilizem uma suplementação do mesmo GH: sua utilização tem consequências, não apenas no crescimento, mas de forma generalizada no organismo. Uso excessivo pode causar efeitos colaterais como diabete e câncer no fígado. Pesquisas apontam que crianças submetidas ao tratamento com hGH apresentam mais expectativa e mais baixa-estima relacionada a sua própria altura que as do grupo de controle, apresentando consequências psicossociais inversas ao esperado. ❖ Baixa estatura é considerada um tipo de estigma: impede a aceitação social plena dos indivíduos que se desviam do que é considerado padrão. ❖ As pessoas que têm relações com indivíduos estigmatizados não conseguem ter com eles a mesma consideração que têm com os outros indivíduos. ❖ Baixa estatura é considerada um defeito: algo que os tornam inferiores, não capazes de assumir as mesmas responsabilidades de alguém normal. ❖ Esses indivíduos são excluídos de vários setores sociais Fato evidente num estudo que relata que, embora haja aparelhos que permitam que as pessoas de baixa estatura produzam da mesma forma que as outras, os anões são destinados a realizar tarefas diferentes nas quais há expectativa do cumprimento num nível inferior ou especial em relação à performance dos demais. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Essa visão está refletida nas atitudes de pessoas nas escolas, de colegas de trabalho, de possíveis empregadores de seus serviços e de membros do público em geral. Exclusão sofrida reflete-se tanto em seu meio profissional quanto em suas relações interpessoais Casais revelavam que seus primeiros relacionamentos ocorreram com pessoas com as mesmas condições físicas. Indivíduo constrói a imagem que tem de si mesmo a partir do sistema de valores vigente em sua sociedade: uma pessoa de baixa estatura internaliza a inferioridade auto-ódio e autodepreciação Sujeito vê a sua característica como um problema e se sente envergonhado devido a sua condição. Em alguns casos, tenta corrigir o que considera a base objetiva de seu defeito, submetendo-se a tratamentos de reposição hormonal com GH ou a cirurgias. Estatura é uma variável antropométrica frequentemente utilizada para demonstrar o histórico de nutrição da pessoa, ao indicar os efeitos de fatores econômicos e sociais na saúde da população. Taxa de crescimento de uma criança reflete não só o estado de saúde e nutrição, mas também a seu estado psicológico Pesquisas mostram que a estatura e o bem-estar de crianças sem pai e que trabalham para compor a renda familiar ficam comprometidas, uma vez que a demanda de energia do esforço físico não é suprida pela alimentação, sendo que a classe econômica em que a criança está inserida tem papel importante nessa situação relaciona o estresse da vida dessas crianças a uma deficiência no crescimento porque os problemas da casa, normalmente cheia, não proporcionarão descanso durante o sono, o que afeta a secreção de GH FONTE: HTTP:/ /PEPSIC .BVSALUD .ORG/SC IELO.PHP?SCRIPT=SC I_ARTTEX T&PID=S1806-582 12004000200006 Problema 9: A indignação do Sr. Edson Estudar o desenvolvimento neuropsicomotor ideal e de crianças com Síndrome de Down. DESENVOLVIMENTO INFANTIL ❖ O no primeiro ano de vida e aumenta mais 15% durante o segundo ano. O volume total do cérebro no lactente com 1 mês de vida é aproximadamente 36% do volume de adulto, mas com 1 ano de idade é de cerca de 72% (83% aos 2 anos) ❖ Uma (fonologia, segmentação de palavras) ocorre durante a infância. O processamento da fala em pessoas mais velhas requer redes neuronais precisas e definidas; o cérebro infantil apresenta uma organização estrutural e funcional semelhante à dos adultos, sugerindo que o processamento neurológico estrutural da fala possa orientar os bebês a descobrir as propriedades de sua língua nativa ❖ A entre o sétimo e oitavo mês da gestação e continua até a adolescência e juventude. no lactente nascido a termo, no momento de nascimento a mielinização está presente no tronco cerebral dorsal, pedúnculos cerebelares e perna posterior da cápsula interna. ❖ Os braços ficam pendentes ao lado do corpo. ❖ Os movimentos dos membros consistem basicamente em contrações descontroladas, com abertura e fechamento das mãos aparentemente sem propósito ❖ O sorriso ocorre involuntariamente. ❖ O olhar, os giros da cabeça e a sucção são mais bem controlados e podem, portanto, ser utilizados para demonstrar a percepção e a cognição infantis. ❖ A preferência da criança em se voltar para a voz da mãe é uma evidência da memória de reconhecimento. ❖ Inicialmente, o sono e a vigília estão uniformemente distribuídos ao longo de 1 dia de 24 h ❖ O aprendizado também ocorre; bebês cujos pais são consistentemente mais interativos e estimuladores durante o dia aprendem a concentrar seu sono durante a noite. ❖ Os bebês podem diferenciar entre padrões, cores e consoantes. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ Podem reconhecer expressões faciais (sorrisos) como semelhantes, mesmo quando esses aparecem em rostos diferentes. ❖ Podem também combinar propriedades abstratas dos estímulos, como contorno, intensidade ou padrão temporal, por meio de modalidades sensoriais ❖ Lactentes aos 2 meses de idade podem discriminar padrões rítmicos na línguanativa versus língua não nativa ❖ Os cuidados pelos pais e cuidadores fornecem estímulos visuais, táteis, olfativos e auditivos; todos auxiliam o desenvolvimento da cognição ❖ A disponibilidade consistente de um adulto de confiança para atender às urgências do bebê cria as condições para uma fixação segura ❖ A confiança básica versus a desconfiança, o primeiro dos estágios psicossociais de Erikson, depende de vínculo e ligação recíprocos com a mãe. ❖ O choro ocorre em resposta a estímulos que podem ser óbvios (uma fralda suja), mas são muitas vezes obscuros ❖ Os bebês com menos de 1 ano de idade que são constantemente colocados no colo e acalmados em resposta a um choro de socorro demonstram comportamento menos agressivo aos 2 anos ❖ Estudos transculturais demonstram que nas sociedades em que as crianças ficam perto da mãe, os bebês choram menos que nas em que eles ficam apenas periodicamente junto com as mães ❖ Choro: 6 semanas de vida - pico (3h/dia); 3 meses - 1 hora/dia ❖ Choro excessivo (mais de 3 horas/dia, mais de 3 dias/semana com duração superior a 1 semana) e choro/inquietação mais frequente persistindo mais que 3 a 5 meses pode estar associada a abuso de crianças, problemas de comportamento com criança mais velha (ansiedade, agressividade, hiperatividade), diminuição da duração da amamentação e depressão pós-parto (incerto se é a causa ou o efeito). ❖ Bebês apresentam vários sinais para exteriorizar suas necessidades e para obter a atenção de um cuidador. Esses comportamentos aumentam progressivamente em intensidade em muitos bebês, e vão desde mudanças na respiração e na cor passando por pistas posturais e de movimento, até vocalizações calmas são pistas pré- choro, se não atendida > choro. ❖ O desaparecimento do reflexo tônico assimétrico do pescoço libera os lactentes para começar a examinar objetos na linha média e manipulá-los com as duas mãos ❖ A redução do reflexo da garra inicial possibilita que o bebê segure e solte objetos voluntariamente. ❖ A qualidade dos movimentos espontâneos também muda, de movimentos contorcidos maiores para movimentos circulares menores, que têm sido descritos como “irrequietos.” ❖ O aumento do controle de flexão do tronco possibilita o rolamento intencional. ❖ Como podem manter a cabeça firme enquanto sentadas, o lactentes podem olhar através dos objetos em vez de apenas olhar para esses, abrindo uma nova gama visual. ❖ Podem começar a se alimentar com uma colher. ❖ Ao mesmo tempo, a maturação do sistema visual possibilita uma percepção maior da profundidade ❖ Regulação estável e regular dos ciclos de sono- vigília: as necessidades totais de sono são aproximadamente de 14 a 16 h/24 h, com cerca de 9 a 10 horas concentradas à noite e 2 cochilos/dia. ❖ Durante a alimentação, os bebês não se concentram exclusivamente na mãe, mas se distraem. Nos braços da mãe, o lactente pode, literalmente, virar-se, preferindo estar virado para fora. ❖ Os bebês dessa idade também exploram seus próprios corpos, olhando fixamente para suas mãos, vocalizando, soprando bolhas, tocando suas orelhas, bochechas e genitais. Essas explorações representam uma fase inicial da compreensão da causa e efeito já que os lactentes aprendem que os movimentos musculares voluntários resultam sensações táteis e visuais previsíveis além de desempenharem um papel no surgimento de Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII um senso de “eu”, separado da mãe. É o primeiro estágio de desenvolvimento de personalidade ❖ A satisfação da necessidade pela mãe ou por outro adulto amoroso continua a processo de vínculo mãe-bebê. ❖ As emoções primárias de raiva, alegria, interesse, medo, nojo e surpresa aparecem em contextos apropriados na forma de expressões faciais distintas ❖ Quando frente a frente, o lactente e um adulto de confiança podem combinar expressões afetivas (sorriso ou surpresa) cerca de 30% do tempo. ❖ Jogos de iniciação (cantar, jogos de mão) aumentam o desenvolvimento social ❖ O comportamento frente a frente revela a capacidade do bebê de compartilhar estados emocionais, o primeiro passo no desenvolvimento da comunicação ❖ Os pediatras compartilham o prazer, enquanto os bebês balbuciam, fazem contato visual e se movem ritmicamente. Os bebês que não apresentam essa linguagem e movimentos recíprocos estão em risco para transtornos do espectro autista ❖ Os pais devem ter a certeza de que suas respostas às necessidades emocionais de um lactente não tornam seu filho mimado. ❖ Vacinar e coletar sangue enquanto a criança está sentada no colo dos pais ou amamentando no peito aumenta a tolerância à dor ❖ A capacidade de se sentar sem apoio (6-7 meses) e de girar ao sentar-se (cerca de 9-10 meses) proporciona um aumento de oportunidades para manipular vários objetos ao mesmo tempo e de experimentar com novas combinações de objetos. ❖ Essas descobertas são auxiliadas pelo surgimento dos movimentos de garra entre o polegar e o dedo (8-9 meses) e de pinça pura aos 12 meses ❖ Muitos bebês começam a engatinhar e puxar para ficar em pé por volta dos 8 meses ❖ Algumas ficam em pé com 1 ano de idade ❖ As conquistas motoras se relacionam com o aumento da mielinização e com o crescimento cerebelar. ❖ O bebê de 6 meses de idade descobriu suas mãos e logo aprenderá a manipular objetos. No início, tudo é levado à boca. ❖ A complexidade da brincadeira de um bebê, quantos esquemas diferentes são exercidos, é um indicador útil do desenvolvimento cognitivo nessa idade ❖ O prazer, a persistência e a energia com a qual os lactentes enfrentam esses desafios sugerem a existência de um impulso intrínseco ou uma motivação para o domínio de habilidades. ❖ O comportamento para o domínio de habilidades motoras ocorre quando os bebês se sentem seguros; aqueles com relacionamentos menos seguros demonstram limitações na experimentação e menor competência ❖ Um marco importante é a conquista aos 9 meses da permanência do objeto (constância), o entendimento de que os objetos continuam a existir, mesmo quando não são vistos. Dos 4 aos 7 meses de vida, os bebês olham para baixo à procura de uma bola que caiu, mas rapidamente desistem se não a encontrarem. Com a constância do objeto, os lactentes persistem na busca ❖ Brincar de esconder traz prazer ilimitado na medida em que o bebê magicamente traz de volta o outro jogador ❖ Bebês olham para trás e para a frente entre um estranho que se aproxima e um dos pais, e pode agarrar-se ou chorar ansiosamente, demonstrando ansiedade em relação ao estranho. Separações muitas vezes tornam-se mais difíceis ❖ Os bebês que dormem durante a noite por meses começam a despertar regularmente e chorar, como se lembrassem de que os pais estão no quarto ao lado ❖ Ganho de peso nessa idade muitas vezes reflete uma luta entre a independência emergente de um lactente e do controle dos Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII pais para a situação alimentar > usar 2 colheres (uma p/pai ou mãe e outra p/bebê) ❖ Birras fazem sua primeira aparição à medida que os impulsos por autonomia e domínio entram em conflito com o controle dos pais e as habilidades ainda limitadas dos bebês. ❖ Lactentes com 7 meses de idade são adeptos da comunicação não verbal, expressando uma variedade de emoções e de resposta com tons vocais e expressões faciais ❖ Aos 9 meses de idade, os bebês se tornam conscientes de que as emoções podem ser compartilhadas entre as pessoas; eles entregam seus brinquedos a seus pais como maneira de compartilhar seus sentimentos felizes ❖ Entre 8 e 10 meses de idade, o balbuciar assume uma nova complexidade, com sons multissilábicos (“ba-da-ma”); ❖ Bebês podem discriminar entre idiomas ❖ A interação social (adultos atentos revezando a vocalização com a criança)influencia profundamente a aquisição e a produção de novos sons ❖ A primeira palavra verdadeira (i.e., um som utilizado de modo consistente para se referir a um objeto ou uma pessoa específica) aparece junto com a descoberta pela criança da permanência do objeto ❖ Livros de imagens oferecem um contexto ideal para a aquisição da linguagem verbal. ❖ Com o uso de um livro conhecido como foco compartilhado de atenção, pai/mãe e filho se envolvem em ciclos repetidos de apontar e dar nomes, com elaboração e reforços pelo pai/mãe ❖ A criança pequena que começou a andar continua a experimentar um considerável crescimento do cérebro e mielinização no 2° ano ❖ As crianças pequenas têm pernas relativamente curtas e tronco curto, com uma lordose lombar exagerada e abdome abaulado. ❖ A maioria das crianças começa a andar independentemente por volta dos 12-15 meses de idade o Começar a caminhar precocemente não está associado a um desenvolvimento avançado em outros domínios ❖ Bebês inicialmente caminham balançando-se com uma marcha de base ampla com os joelhos dobrados e os braços flexionados na altura do cotovelo > Aparência de genuvaro (pernas arqueadas) ❖ Após vários meses de prática, o centro de gravidade desvia-se para trás e o tronco se estabiliza, enquanto os joelhos estendem-se e os braços balançam-se ao lado do corpo para manter o equilíbrio. Os pés são mantidos em melhor alinhamento e a criança é capaz de parar, girar e se inclinar sem tropeçar. ❖ A exploração do ambiente aumenta em paralelo com a melhora na destreza (apanhar, agarrar, liberar) e na mobilidade. ❖ As crianças pequenas manipulam os objetos de maneiras novas para criar efeitos interessantes, como empilhar blocos ou colocar coisas dentro da unidade de DVD de um computador ❖ A imitação dos pais e de irmãos mais velhos ou de outras crianças é um modo importante de aprendizado. ❖ O jogo de faz de conta (simbólico) centraliza- se no próprio corpo da criança (fingir que está bebendo em um copo vazio) ❖ Próximo ao marco de desenvolvimento da marcha inicial, os bebês podem estar mais irritados. Uma vez iniciado o andar, o seu humor predominante muda de maneira acentuada ❖ As crianças pequenas e exploradoras orbitam em torno dos seus pais, movimentando-se para longe deles e, em seguida, retornando para um toque tranquilizador antes de se mover novamente ❖ Todas as crianças experimentarão um tipo de pirraça, refletindo sua incapacidade em esperar pela gratificação, suprimir ou desviar a raiva para outros objetos ou comunicar verbalmente seus estados emocionais. ❖ Todas as crianças experimentarão um tipo de pirraça, refletindo sua incapacidade em esperar pela gratificação, suprimir ou desviar a raiva para outros objetos ou comunicar verbalmente seus estados emocionais. Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ No período em que pronunciam suas primeiras palavras, por volta dos 12 meses de idade, as crianças já respondem apropriadamente a várias declarações simples como “não”, “tchau” e “me dá” ❖ Por volta dos 15 meses, a criança comumente aponta para as principais partes do seu corpo e usa 4 a 6 palavras espontânea e corretamente. ❖ A comunicação da maioria dos desejos e ideias continua a ser não verbal. melhorias no equilíbrio e na agilidade e na emergência da corrida e da subida de escadas. ❖ Com aproximadamente 18 meses de idade, várias alterações cognitivas coalescem, marcando a conclusão do período sensório- motor ❖ A permanência do objeto está firmemente estabelecida; as crianças pequenas antecipam aonde um objeto chegará, mesmo quando o objeto não estava visível ao ser movido. ❖ A causa e o efeito são mais bem compreendidos, e as crianças pequenas demonstram flexibilidade na solução de problemas (p. ex., usando uma varinha para atingir um brinquedo que está fora do alcance, ou descobrindo como dar corda em um brinquedo mecânico) ❖ A transformação simbólica em jogo não está mais ligada ao próprio corpo da criança pequena, de modo que uma boneca pode ser “alimentada” utilizando um prato vazio. ❖ A relativa independência dos seis meses anteriores frequentemente dá lugar a um maior apego por volta dos 18 meses. Esse estágio, frequentemente descrito como “restabelecimento de laços”, pode ser uma reação à crescente percepção da possibilidade de uma separação. A ansiedade de separação se manifestará no momento de dormir. Muitas crianças usam um cobertor ou um brinquedo de pelúcia como um objeto de transição, que funciona como a presença simbólica da mãe/pai ausentes. ❖ Apesar do apego à mãe/ao pai, o uso do “não” pela criança é um modo de declarar sua independência. ❖ Emerge uma linguagem eficaz, os conflitos se tornam menos frequentes. ❖ A percepção de autoconsciência e os padrões internalizados de comportamento aparecem primeiramente nessa idade. As crianças que estão começando a andar ao olhar, pela primeira vez, em um espelho tentarão tocar sua própria face, em vez da imagem no espelho se notarem algo estranho com seu nariz. ❖ Elas começam a reconhecer quando os brinquedos estão quebrados e podem entregá-los aos pais para que os consertem. ❖ A linguagem torna-se um meio de controle dos impulsos, do raciocínio precoce e da conexão entre ideias. Quando tentadas a tocar algum objeto proibido, podem dizer a si mesmos “não, não”. ❖ Após a percepção de que as palavras podem dar significado a coisas, o vocabulário de uma criança salta de 10 a 15 palavras aos 18 meses para entre 50 e 100 aos 2 anos ❖ Após adquirir um vocabulário de aproximadamente 50 palavras, as crianças pequenas começam a combiná-las para construir pequenas sentenças, o começo da gramática ❖ Compreendem ordens em duas etapas (ex: me dê a bola e depois pegue seus sapatos) ❖ A urgência da linguagem verbal marca o final do período sensório-motor ❖ O crescimento dos órgãos sexuais é proporcional ao crescimento somático. ❖ A criança em fase pré-escolar tem genuvalgo (joelhos aproximados na linha média) e pés planos leves ❖ O dorso se afila e os membros inferiores alongam ❖ A energia física atinge seu pico e a necessidade de sono diminui para 11 h a 13 h/24 h, deixando a criança, por fim, de fazer sua sesta Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ A maioria das crianças caminha com a marcha madura e corre de maneira firme antes do fim de seu terceiro ano ❖ Além desse nível básico, há grande variação nas habilidades já que a gama de atividades motoras se expande para incluir arremessos, captura e chute de bolas; andar de bicicleta; escalar estruturas de áreas de recreação; dançar; e outros padrões complexos de comportamento ❖ Os controles intestinal e vesical surgem durante esse período, com o “amadurecimento” para ir ao banheiro com grande variação individual e cultural. A enurese é normal até a idade de 4 anos em meninas e 5 anos em meninos ❖ A recusa em defecar no vaso sanitário ou no penico é relativamente comum e pode levar à constipação na criança e frustração nos pais. ❖ Crianças em fase pré-escolar comandam significativas habilidades computacionais e compreendem padrões estatísticos que lhes possibilitam aprender sobre linguagem e nexo causal. ❖ O desenvolvimento da linguagem ocorre mais rapidamente entre 2 e 5 anos de idade. O vocabulário aumenta de 50 a 100 palavras para mais de 2 mil. ❖ A estrutura da frase avança de frases telegráficas (“Bebê chora”) para frases incorporando todos os principais componentes gramaticais ❖ Por volta dos 21 aos 24 meses, a maioria das crianças usa possessivos, progressivos (gerúndio), perguntas e negações ❖ Aos 4 anos de idade, as crianças, em sua maioria, podem contar até quatro e usa os verbos no passado; aos 5 anos, usam o tempo verbal futuro ❖ Não utilizam discursos figurativos ❖ A aquisição dalinguagem depende criticamente dos estímulos ambientais. Os principais determinantes incluem a quantidade e a variedade do discurso dirigido para crianças e a frequência com que os adultos fazem perguntas e incentivam a verbalização ❖ As crianças não imitam simplesmente o discurso adulto; elas abstraem as regras complexas de gramática de acordo com o ambiente da linguagem, criando hipóteses implícitas. A evidência para a existência de tais regras implícitas vem da análise dos erros gramaticais, como a supergeneralização do uso do “s” para construir o plural e do “i” nas conjugações verbais no passado (“eu fazi”). ❖ A linguagem está ligada tanto ao desenvolvimento cognitivo como ao emocional. Atrasos de linguagem podem ser os primeiros indícios de que uma criança tenha uma deficiência intelectual, um transtorno do espectro autista, ou de que tenha sido maltratada ❖ O período pré-escolar corresponde à fase pré- operacional (pré-lógica) de Piaget, caracterizada por pensamento mágico, egocentrismo e pelo pensamento dominado pela percepção, não abstração ❖ Uma criança pode acreditar que as pessoas podem fazer chover porque transportam guarda-chuvas ❖ Egocentrismo diz respeito à incapacidade de uma criança levar em consideração o ponto de vista de outro e não conota egoísmo. Uma criança pode tentar confortar um adulto que está chateado, levando até o adulto seu animal de pelúcia favorito. ❖ A imitação, central para a experiência de aprendizagem de crianças em fase pré-escolar, agora é reconhecida como um ato complexo, dadas as diferenças no tamanho dos atores (do adulto e da criança), dos diversos níveis de destreza, e mesmo de resultados distintos. ❖ Aos 3 anos de idade, as crianças auto identificam seu sexo e estão ativamente buscando a compreensão do significado de identificação do gênero. Observa-se uma progressão do desenvolvimento da rigidez (meninos e meninas têm papéis estritos de gênero) no início da fase pré-escolar para uma compreensão mais realista e flexível (meninos e meninas podem ter uma variedade de interesses). brincar envolve o aprendizado, a atividade física, a socialização com os colegas e a prática de papeis de adultos. Aumenta em complexidade e imaginação, da simples imitação de experiências comuns, como fazer compras e pôr o bebê na cama (2 ou 3 anos de idade), passando por cenários mais amplos que envolvem eventos singulares, como ir ao zoológico ou viajar (3 ou 4 anos de idade), até a criação de cenários que foram Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII apenas imaginados, como ir à lua (4 ou 5 anos de idade). Aos 3 anos de idade, a brincadeira cooperativa é vista em atividades como a construção de uma torre de blocos; mais tarde, uma atividade com papéis mais estruturados, como ao brincar de casinha. Brincar também permite a resolução de conflitos e ansiedades, e as saídas criativas. As crianças podem liberar a raiva de maneira segura (espancar um boneco), ter superpoderes (e brincar de dinossauro ou superheróis) e conseguir coisas que lhes são negadas na realidade (um amigo imaginário ou animais de pelúcia). ❖ Os desafios emocionais enfrentados pelas crianças em fase pré-escolar incluem aceitação de limites, manutenção do senso de autocuidados, controle da agressividade e dos impulsos sexuais, e interação com um círculo crescente de adultos e colegas ❖ Aos 2 anos de idade, os limites comportamentais são predominantemente externos; aos 5 anos de idade, esses controles devem estar internalizados, se a criança precisar frequentar uma sala de aula típica ❖ As crianças aprendem quais comportamentos são aceitáveis e quanto poder exercem perante adultos importantes, testando seus limites. Essa prática de testes aumenta quando esses chamam a atenção, apesar de a atenção geralmente ser negativa, e quando os limites são incoerentes. ❖ As crianças pequenas não podem controlar muitos aspectos de suas vidas, incluindo para onde vão, quanto tempo permanecem e o que podem levar para casa em uma loja. Também tendem a perder o controle interno, isto é, a ter acessos de raiva. Medo, cansaço excessivo, expectativas incompatíveis ou desconforto físico também podem evocar um temperamento agressivo. Esse temperamento normalmente aparece ao fim do primeiro ano de vida e atinge seu pico entre 2 e 4 anos de idade ❖ Crianças em fase pré-escolar normalmente experimentam sentimentos complicados direcionados a seus pais, que podem incluir forte apego e possessividade em relação ao progenitor do sexo oposto, inveja e ressentimento para com o outro progenitor, e receio de que esses sentimentos negativos possam levar ao abandono. A resolução dessa crise (um processo que se estende ao longo de anos) envolve a decisão tácita de uma criança se identificar com os pais, em vez de competir com eles. Brincar e conversar são ações que fomentam o desenvolvimento dos controles emocionais, permitindo que as crianças expressem suas emoções e entendam seu papel. ❖ A curiosidade sobre a genitália e sobre os órgãos sexuais adultos é normal, assim como é a masturbação. A masturbação excessiva que interfira na atividade normal, a simulação de uma relação sexual, o extremo pudor ou a simulação de um comportamento sedutor de um adulto sugere a possibilidade de abuso sexual ou exposição imprópria ❖ O pensamento moral é limitado pelo nível cognitivo de uma criança e por suas habilidades de linguagem, mas se desenvolve à medida que a criança progride em sua identificação com os pais. Começando antes do segundo aniversário, o senso da criança sobre o certo e errado deriva do desejo de ganhar a aprovação dos pais e evitar consequências negativas. Ao longo do tempo, conforme a criança internaliza as admoestações dos pais, as palavras são substituídas por comportamentos agressivos. Finalmente, a criança aceita a responsabilidade pessoal. ❖ Pela incapacidade de a criança se concentrar em mais de uma situação por vez, a equidade é entendida como igualdade de tratamento, independentemente da circunstância. Uma criança de 4 anos vai reconhecer a importância de se revezar, mas vai se queixar se não tiver tempo suficiente a fase escolar é o período em que as crianças cada vez mais se separam dos pais e procuram a aceitação por parte dos professores, outros adultos e colegas. As crianças começam a se Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII sentir sob pressão para se adequar ao estilo e aos ideais do grupo de pares. ❖ A perda de dentes decíduos (dentes primários) é um sinal mais marcante de maturação, começando por volta de 6 anos de idade. A substituição por dentes adultos (dentes secundários) ocorre a uma taxa de cerca de 4 por ano, de modo que por volta dos 9 anos, as crianças terão 8 incisivos permanentes e 4 molares permanentes. A erupção de pré- molares ocorre entre 11 e 12 anos de idade ❖ A força muscular, coordenação e resistência aumentam progressivamente, tal como a capacidade de executar movimentos complexos, como a dança ou arremesso em cestas ❖ Os hábitos sedentários nessa idade estão associados ao aumento do risco de vida para obesidade, doença cardiovascular, desempenho escolar e baixa autoestima ❖ As percepções da imagem corporal se desenvolvem precocemente durante este período; as crianças entre 5 e 6 anos de idade expressam insatisfação com sua imagem corporal; na faixa etária entre 8 e 9 anos muitas delas relatam a tentativa de fazer dieta, muitas vezes usando programas mal orientados. A perda de controle (compulsão) para comer ocorre entre cerca de 6% das crianças dessa idade ❖ Antes da puberdade, a sensibilidade do hipotálamo e da pituitária se altera, conduzindo à síntese aumentada de gonadotrofinas. ❖ O interesse em diferenças de gênero e no comportamento sexual aumenta progressivamente atéa puberdade. ❖ Embora esse seja um período em que os impulsos sexuais são limitados, a masturbação é comum e as crianças podem estar interessadas nas diferenças entre os sexos ❖ No lugar da percepção mágica, egocêntrica e ligada à cognição, as crianças em idade escolar cada vez mais aplicam regras baseadas em fenômenos observáveis, fatores em múltiplas dimensões e pontos de vista e interpretam suas percepções usando as leis físicas ❖ No contexto das interações sociais com irmãos, as crianças jovens muitas vezes demonstram capacidade de compreender os pontos de vista alternativos muito antes de mostrarem essa capacidade em seu pensamento sobre o mundo físico ❖ O conceito de “aptidão escolar” evoluiu ❖ O domínio do currículo elementar exige que muitos processos cognitivos, de linguagem e perceptivos trabalhem de maneira eficiente, e espera-se que as crianças atendam a muitas entradas ao mesmo tempo. ❖ As habilidades cognitivas interagem com uma grande variedade de atitudes e fatores emocionais para determinar o desempenho em sala de aula. Esses fatores incluem recompensas externas (dedicação para agradar adultos e aprovação de seus pares) e internas (competitividade, vontade de trabalhar para uma recompensa posterior, crença em sua própria habilidade e capacidade de se arriscar a tentar quando o sucesso não é garantido). ❖ Nesse período, a energia é direcionada para a criatividade e a produtividade. ❖ O aumento da independência é marcado pela primeira festa do pijama na casa de um amigo e pela primeira vez no acampamento durante a noite ❖ Os pais devem exigir empenho nas atividades escolares e extracurriculares, comemorar sucessos e oferecer a aceitação incondicional quando ocorrerem fracassos. ❖ As tarefas regulares, associadas a um subsídio, proporcionam uma oportunidade de as crianças contribuírem para o funcionamento familiar e aprenderem o valor do dinheiro ❖ As crianças estão conscientes das diferenças raciais e estão começando a formar opiniões sobre os grupos raciais que afetam seus relacionamentos ❖ Algumas crianças se enquadram facilmente às regras entre colegas e desfrutam o sucesso social fácil. As que adotam estilos individualistas ou têm diferenças visíveis podem sofrer mais provocações. ❖ Os atributos conferidos por seus colegas, como engraçado, estúpido, mau ou gordo, podem tornar-se incorporados a sua autoimagem e Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII afetar sua personalidade, bem como seu desempenho escolar ❖ As interações com colegas sem supervisão de um adulto apelam para o aumento de resolução de conflitos ou habilidades pugilistas. ❖ Um equilíbrio entre a fantasia e uma capacidade adequada para negociar os desafios do mundo real indica um desenvolvimento emocional saudável ❖ Embora com 6 anos de idade a maioria das crianças tenha uma consciência (regras internalizadas da sociedade), elas variam muito em seu nível de desenvolvimento moral. ❖ Para as mais jovens, muitas ainda registram a noção de que as regras são estabelecidas e executadas por uma figura de autoridade (pais ou professor) e a tomada de decisão é guiada por auto interesse (para evitar a negativa e a recepção das consequências positivas). ❖ À medida que crescem, a maioria vai reconhecer não apenas suas próprias necessidades e desejos, mas também as de outros, embora as consequências pessoais ainda sejam o principal condutor do comportamento. ❖ Entre 10 e 11 anos de idade, a combinação de pressão dos pares, desejo de agradar as figuras de autoridade, bem como compreensão de reciprocidade (tratar os outros como você gostaria de ser tratado) molda o comportamento da criança. SÍNDROME DE DOWN A trissomia do 21 constitui a causa genética mais comum de deficiência intelectual moderada. Em aproximadamente 95% dos casos de síndrome de Down, existem três cópias do cromossomo 21 A origem do cromossomo 21 supranumerário é materna em 97% dos casos como resultado de erros na meiose. A maior parte destas ocorre na meiose materna I (90%). Cerca de 1% das pessoas com trissomia do 21 é mosaica, com algumas das suas células apresentando 46 cromossomos, e outros 4% evidenciam uma translocação que envolve o cromossomo 21 ❖ Além do comprometimento cognitivo, a síndrome de Down está associada a anomalias congênitas e a características dismórficas típicas ❖ Embora haja variabilidade nas características clínicas, a constelação de achados fenotípicos é bastante uniforme e permite a identificação clínica da trissomia do 21 ❖ Os indivíduos afetados estão mais propensos a defeitos cardíacos congênitos (50%), como defeitos septais atrioventriculares, defeitos septais ventriculares, defeitos septais atriais isolados tipo ostium secundum, ducto arterioso patente e tetralogia de Fallot. ❖ Anomalias gastrointestinais congênitas e adquiridas, assim como o hipotireoidismo, são comuns o Outras anomalias incluem leucemia megacarioblástica, disfunção imune, diabetes melito e problemas de audição e de visão ❖ A SD tem como principais características físicas faciais a braquicefalia (diâmetro fronto-occipital bastante reduzido), fissuras nas pálpebras inclinadas superiormente, pregas epicânticas (pregas de pele que cobrem os cantos interiores das pálpebras), tais como os asiáticos, base do nariz chata, face com diminuição acentuada na atividade de formação de tecidos em sua porção medial e sua língua é hipotônica e levemente deslocada para frente ❖ Outras inerências à pessoa com SD são notoriamente o pescoço encurtado, clinodactilia (deformação) do 5º dedo das mãos, distância aumentada que compreende o 1º e 2º dedos dos pés e geralmente apresentam baixa estatura ❖ Crianças com esta síndrome apresentam hipotonia muscular, articulações mais fragilizadas e com hipermobilidade, alterações motoras e no sistema endócrino (principalmente relacionados à tireóide) e extrema sonolência ❖ Moura et al. (2009) relataram que devido ao hipotireoidismo, as crianças com SD tendem a obesidade, o que geralmente influencia no desempenho de atividades motoras grossas principalmente. ❖ A obesidade como patologia associada está diretamente relacionada ao baixo tônus Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII muscular do sistema digestório com ênfase no duodeno e o pâncreas anular, que ocorre quando o tecido pancreático sobrepõe o duodenal. Assim como a obesidade, cardiopatias também são bastante comuns nesse público ❖ Outra inerência aos acometidos pela SD, e que pode ser percebida principalmente em crianças, é o andar característico causado pela anteversão pélvica e pela larga base de apoio com os pés voltados para fora e joelhos genovaros (voltados para fora). ❖ Essas particularidades podem contribuir negativamente, dificultando a aquisição e aperfeiçoamento das habilidades motoras locomotoras e estabilizadoras. ❖ Uma demência semelhante à da doença de Alzheimer constitui uma complicação conhecida que pode ocorrer já na quarta década e que apresenta uma incidência duas a três vezes maior do que a doença de Alzheimer esporádica ❖ O retardo do desenvolvimento é universal A maior parte das crianças com síndrome de Down não apresenta problemas comportamentais. Estima-se que a comorbidade psiquiátrica seja de 18% a 38% nesta população. ❖ Acredita-se que todos os comportamentos de desajuste adaptativo em pessoas com síndrome de Down estejam inerentemente vinculados ao comprometimento cognitivo. As dificuldades comportamentais que ocorrem em crianças com síndrome de Down incluem falta de atenção, teimosia e uma necessidade de rotina e monotonia. Os comportamentos agressivos ou autodestrutivos são menos comuns nessa população. Todos esses comportamentos podem responder a intervenções educacionais ou farmacológicas ❖ A maioria dos adultos com síndromede Down é capaz de realizar as atividades da vida cotidiana. Contudo, a maior parte dos adultos com a síndrome de Down apresenta dificuldades relativas a decisões financeiras, legais ou médicas complexas. Na maior parte dos casos, um curador é indicado para os adultos com síndrome de Down ❖ O comprometimento social é relativamente poupado, mas as crianças com síndrome de Down apresentam uma considerável dificuldade no uso da expressão da linguagem. As pessoas com síndrome de Down frequentemente se beneficiam de programas que visam ao estímulo, ao desenvolvimento e à educação. Esses programas são mais eficazes na abordagem das habilidades sociais que frequentemente parecem estar avançadas em relação ao retardo intelectual ❖ Deficiência intelectual, podendo variar de criança para criança e bebês apresentam dificuldade para deglutir e efetuar sucção de líquido, evoluindo para problemas ao mastigar ❖ Who (2007) define deficiência mental como degradação progressiva da raça que se dá em níveis distintos de degenerescência (perda de traços ancestrais) e essa deficiência mental muito se deve ao fato do encéfalo possuir medidas reduzidas em relação ao peso e volume, afetando principalmente o lobo frontal que tem como função controlar linguagem, conduta e pensamentos; tronco cerebral, responsável pela atenção aos perigos ambientais e cerebelo que responde pelo equilíbrio e tônus muscular ❖ Lúria e Tskvetkova (1964 apud SILVA; KLEINHANS, 2006) relatam não somente sobre a existência de uma lesão no sistema nervoso central, como também um funcionamento muito particular na emissão das sinapses elétricas, o que afeta o seu desenvolvimento cognitivo principalmente em reconhecimentos estruturais e linguagem. ❖ Ornellas e Souza (2001) relatam a indispensabilidade de um processo de estimulação cognitivo e motor em crianças com SD. Pacanaro, Santos e Suehiro, (2008) além de corroborarem com essa visão propõem que quanto mais precocemente for a intervenção multidisciplinar, maior será a probabilidade de êxito e mais rapidamente aparecerão os resultados Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ Até 15% das crianças com síndrome de Down apresentam desalinhamento da vértebra cervical C1, o que os coloca em risco de lesão da medula espinhal com a hiperextensão ou a flexão extrema do pescoço. ❖ 2 1,5-3 1 1,5-3 6 2-12 5 2-10 9 6-18 7 5-9 11 7-21 8 6-11 13 8-25 10 7-13 10 10-32 11 8-16 20 12-45 13 8-18 14 9-30 10 6-14 24 18-46 21 14-32 Compreender de que forma o ECA protege crianças com deficiências. Abordar de que forma a discriminação social interfere na vida dessas crianças. PRECONCEITO Até 15% das crianças com síndrome de Down apresentam desalinhamento da vértebra cervical C1, o que os coloca em risco de lesão da medula espinhal com a hiperextensão ou a flexão extrema do pescoço Diante desses critérios, participaram da pesquisa onze mães e um pai de crianças com SD, totalizando doze participantes e onze famílias. Apesar da expectativa dos participantes acerca da inclusão de seus filhos, todas as escolas onde as crianças foram inseridas, pela primeira vez, recepcionaram-nos bem, assim como a seus filhos. A receptividade positiva nas escolas de educação infantil municipais provavelmente se deve à parceria existente entre a Secretaria da Educação do município e a APAE, parceria que favorece uma maior comunicação entre os profissionais dessas duas instâncias. O processo de adaptação das crianças à escola se deu de forma tranquila para todos os participantes da pesquisa. As crianças demonstraram facilidade em ajustar-se a ambientes novos e às pessoas. Em alguns casos, as mães ficaram alguns dias na instituição de ensino, como parte do processo de adaptação da criança; já em outros, as mães deixaram as crianças logo no primeiro dia de aula e só voltaram para pegá- las no horário da saída Para a maioria das mães, o fato de os professores terem recebido bem seus filhos não significava que eles estivessem preparados para o processo de inclusão. Nove famílias consideraram que os professores não estavam prontos para receber e ensinar crianças com necessidades educacionais especiais e, segundo a Mãe3, não há profissionais "adaptados" (M3), ou seja, capacitados para lidar com as demandas de seus filhos. O número excessivo de alunos na sala de aula foi relatado pela Mãe 11 como um fator limitante para a professora dedicar à criança com SD a atenção necessária. No relato de uma das mães, faltou habilidade e preparo para o desenvolvimento de atividades com a criança, além de paciência para lidar com seu filho. De acordo com as três mães que vivenciaram a inclusão na escola de Ensino Fundamental, seus filhos se depararam com a discriminação e o preconceito de diretoras, professoras, pais e alunos quando chegaram à primeira série. Quanto mais velha for a criança com desenvolvimento típico, maior tende a ser a sua rejeição, já que os adolescentes são mais seletivos e resistentes a aceitar os diferentes Para o Pai 6, a própria palavra "inclusão" é uma forma de discriminar as crianças especiais, pois traz consigo a inserção de algo diferente, que no caso seria a criança com SD inserida na rede regular de ensino. Ele defende que esse processo de entrada na escola deveria acontecer naturalmente, da mesma forma como ocorre com qualquer outra criança. FONTE: ARTIGO – SC IELO – INCLUSÃO DE CR IANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN Problema 10: Diferenças Abordar a fisiologia hormonal da puberdade. FISIOLOGIA DA PUBERDADE Entre a primeira infância e aproximadamente 8 a 9 anos de idade (estágio pré-púbere), o eixo hipotalâmico- hipófise-gonadal está quiescente, conforme é refletido por concentrações séricas indetectáveis de hormônio luteinizante (LH) e hormônios sexuais (estradiol em meninas, testosterona em meninos). Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Esta secreção de LH ligada ao sono ocorre de forma pulsátil e reflete descargas episódicas endógenas de hormônio liberador de gonadotropinas hipotalâmico (GnRH). Pulsos noturnos de LH continuam a aumentar em amplitude e, em menor extensão, em frequência conforme chega a puberdade clínica. Esta secreção pulsátil de gonadotropinas é responsável pelo aumento e maturação das gônadas e secreção de hormônios sexuais. O aparecimento das características sexuais secundárias no início da puberdade é o ápice visível da interação sustentada e ativa que ocorre entre hipotálamo, hipófise e gônadas no período peripuberal. No meio da puberdade, os pulsos de LH se tornam evidentes, mesmo durante o dia e ocorrem aproximadamente em intervalos de 90 a 120 minutos. Um mecanismo de retroalimentação positiva ocorre quando valores crescentes de estrógeno no meio do ciclo causam um aumento distinto de LH. A secreção crescente de GnRH hipotalâmico de forma pulsátil é a base assim do início do desenvolvimento puberal O “pulso gerador de GnRH” resultante é regulado por diversos neuropeptídios, incluindo ácido glutâmico, kisspeptina e neurocinina-B (estimulatórios) e ácido γaminobutírico, pré- pró-encefalina e dinorfina (inibitórios). Importantes diferenças sexuais existem na maturação do hipotálamo e glândula hipófise, e as concentrações séricas de LH tendem a aumentar mais cedo no curso do processo puberal em meninos do que em meninas. Os valores séricos de dehidroepiandrosterona (DHEA) e seu sulfato (SDHEA) começam a aumentar com aproximadamente 6 a 8 anos de idade, antes que qualquer incremento no LH ou hormônios sexuais e antes das alterações físicas iniciais da puberdade sejam aparentes; este processo é chamado de . O SDHEA é o esteroide C-19 adrenal mais abundante no sangue, e sua concentração sérica permanece relativamente estável durante 24 horas. Uma única aferição deste hormônio é comumente utilizadacomo marcador de secreção androgênica adrenal. Os efeitos dos esteroides gonadais (testosterona em meninos, estradiol em meninas) sobre o crescimento ósseo e maturação óssea são críticos. Tanto a deficiência de aromatase quanto os defeitos dos receptores de estrógenos resultam em atraso da fusão epifisária e ganho de estatura em meninos afetados. Estas observações sugerem que estrógenos, em vez de andrógenos, são responsáveis pelo processo de maturação óssea que leva finalmente à fusão epifisária e interrupção do crescimento Os estrógenos também medeiam o aumento da produção de hormônio do crescimento, o qual em conjunto com um efeito direto de hormônios esteroides sobre o crescimento ósseo é responsável pelo estirão de crescimento puberal. A idade de início da puberdade varia e está mais precisamente correlacionada com a maturação óssea do que com a idade cronológica Em meninas, o broto mamário ( ) é usualmente o primeiro sinal de puberdade (10-11 anos de idade), seguido pelo surgimento de pelos pubianos (pubarca) 6 a 12 meses depois O intervalo do início da atividade menstrual (menarca) é usualmente de 2 a 2 anos e meio, mas pode chegar até 6 anos O pico de velocidade de crescimento ocorre cedo (nos estágios mamários II-III, tipicamente entre os 11 e 12 anos de idade) em meninas e sempre precede a menarca. A idade média da menarca é de aproximadamente 12,75 anos Em meninos, o crescimento dos testículos (≥4 mL de volume ou 2,5 cm no seu maior diâmetro) e enrugamento do escroto são os primeiros sinais de puberdade (11-12 anos) Estes são seguidos pela pigmentação do escroto e crescimento do pênis e pela pubarca Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII O surgimento de pelos axilares usualmente ocorre no meio da puberdade. Em meninos, ao contrário das meninas, a aceleração do crescimento começa após a puberdade estar bem desenvolvida e é máxima nos estágios genitais IV-V (tipicamente entre 13-14 anos de idade). Em meninos, o estirão do crescimento ocorre aproximadamente 2 anos depois do que nas meninas, e o crescimento pode continuar além dos 18 anos de idade. a ❖ Os hormônios, particularmente os componentes do eixo GH-sistema IGF (hormônio de crescimento – fatores de crescimento insulina-símile ou insulin-like growth factors), juntamente com a herança genética constituem o grupo de fatores que diretamente influencia o crescimento ❖ O GH é produzido pelos somatotrofos da hipófise anterior. A secreção do GH ocorre em pulsos, principalmente no início das fases III e IV do sono, com meia-vida de aproximadamente 20 minutos. A amplitude dos pulsos e a massa de GH secretada variam com a idade, aumentando durante a puberdade, período em que ocorre a maior secreção deste hormônio, e decaindo na vida adulta para concentrações semelhantes às observadas em indivíduos pré-púberes, com posterior diminuição progressiva ❖ A secreção hipofisária de GH tem controle hipotalâmico, exercido pelo GHRH (hormônio liberador do GH), somatostatina e em menor intensidade pela grelina GHRH e grelina estimulam a secreção de GH atuando mediante receptores específicos distintos acoplados à proteína G, enquanto a somatostatina exerce ação inibitória A tiroxina, o glucagon, os esteroides sexuais, a dopamina, a hipoglicemia e alguns hexapeptídeos sintéticos estimulam, dessa forma, a secreção de GH, atuando no hipotálamo e/ou na hipófise. Durante a puberdade, a elevação das concentrações dos esteroides sexuais acompanha-se de aumento da velocidade de crescimento, que ocorre mais precocemente nas meninas e mais tardiamente nos meninos, como consequência da estimulação do eixo GH-sistema IGF. No início da puberdade, a elevação endógena dos hormônios sexuais acompanha-se de aumento na frequência e na amplitude dos pulsos de GH, com aumento de até duas a dez vezes da quantidade de GH secretada a cada pulso Acredita-se que esse aumento da secreção de GH seja secundário à maior sensibilidade hipofisária à estimulação pelo GHRH e à modulação da expressão do gene do GHRH Após a puberdade, apesar de a persistência de concentrações elevadas de esteroides sexuais, a secreção de GH gradualmente retorna a patamares mais baixos, sugerindo a participação de outros mecanismos reguladores da secreção de GH SISTEMA HORMONAL MASCULINO Os testículos secretam muitos hormônios sexuais masculinos, chamados, coletivamente, androgênios, incluindo a testosterona, di-hidrotestosterona e androstenediona. ❖ ❖ Mesmo durante a vida fetal, os testículos são estimulados pela gonadotropina coriônica, proveniente da placenta, a produzir quantidades moderadas de testosterona por todo o período de desenvolvimento fetal e por 10 semanas ou mais, após o nascimento; depois disso, praticamente não é produzida testosterona durante a infância, até cerca das idades de 10 a 13 anos. Então, a produção de testosterona aumenta rapidamente, sob estímulo dos hormônios gonadotrópicos da hipófise anterior, no início da puberdade, permanecendo assim pela maior parte do resto da vida, diminuindo rapidamente após os 50 anos e caindo para 20%-50% dos valores máximos aos 80 anos Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ a proteína SRY inicia uma cascata de ativações genéticas que faz com que as células do tubérculo (crista) genital se diferenciem em células que secretam testosterona e, por fim, formam os testículos, enquanto o cromossomo feminino faz com que a crista se diferencie em células que secretam estrogênios. a testosterona secretada inicialmente pelas cristas genitais e, posteriormente, pelos testículos fetais é responsável pelo desenvolvimento das características do corpo masculino, incluindo a formação do pênis e do saco escrotal, em vez do clitóris e da vagina ❖ após a puberdade, quantidades crescentes de secreção de testosterona fazem com que o pênis, o saco escrotal e os testículos aumentem de tamanho, em aproximadamente oito vezes antes dos 20 anos de idade. Além disso, a testosterona causa o desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas, começando na puberdade e terminando na maturidade ❖ a testosterona induz o crescimento de pelos (1) no púbis; (2) para cima ao longo da linha alba do abdome, algumas vezes até o umbigo ou acima; (3) na face; (4) geralmente no tórax; e (5), menos frequentemente, em outras regiões do corpo, como as costas ❖ a testosterona secretada pelos testículos ou injetada no corpo produz hipertrofia da mucosa laríngea e alargamento da laringe. ❖ A testosterona aumenta a espessura da pele de todo o corpo e a rigidez dos tecidos subcutâneos. A testosterona aumenta também a secreção de algumas, ou talvez de todas, glândulas sebáceas do corpo ❖ uma das características masculinas mais importantes é o desenvolvimento da musculatura após a puberdade, com aumento de cerca de 50% da massa muscular em relação às meninas. Esse aumento da massa muscular está associado à elevação da quantidade de proteína também em regiões não musculares do corpo ❖ após o grande aumento da testosterona circulante que ocorre na puberdade (ou após a injeção prolongada de testosterona), os ossos crescem consideravelmente mais espessos e depositam grandes quantidades adicionais de sais de cálcio. Assim, a testosterona aumenta a quantidade total de matriz óssea e promove a retenção do cálcio Devido ao fato de a testosterona aumentar o tamanho e a força dos ossos, ela é, às vezes, usada em homens idosos para o tratamento da osteoporose Entretanto, a testosterona também faz com que as epífises dos ossos longos se unam à parte longa dos ossos em idade precoce. Assim, apesar da rapidez do crescimento, essa união precoce das epífises impede a pessoa de crescer até a altura que ela teria, caso a testosterona não tivesse sidosecretada SISTEMA HORMONAL FEMININO Consiste em três hierarquias de hormônio: 1. O hormônio de liberação hipotalâmica, chamado hormônio liberador de gonadotropina (GnRH). 2. Os hormônios sexuais hipofisários anteriores, o hormônio foliculoestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), ambos secretados em resposta à liberação de GnRH do hipotálamo 3. Os hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona, que são secretados pelos ovários, em resposta aos dois hormônios sexuais femininos da hipófise anterior. os promovem, essencialmente, a proliferação e o crescimento de células específicas no corpo, responsáveis pelo . As atuam, basicamente, Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ durante a infância, os estrogênios são secretados apenas em quantidades mínimas, mas, na puberdade, a quantidade secretada na mulher sob a influência dos hormônios gonadotrópicos hipofisários aumenta em 20 vezes ou mais. Nessa época, os órgãos sexuais femininos se alteram dos de criança para os de adulto. Os ovários, as trompas de Falópio, o útero e a vagina aumentam de tamanho várias vezes. A genitália externa aumenta, com depósito de gordura no monte pubiano e nos grandes lábios, além de aumento dos pequenos lábios o os estrogênios alteram o epitélio vaginal do tipo cuboide para o tipo estratificado, considerado mais resistente a traumas e infecções do que o epitélio das células cuboides pré-púberes. Durante os primeiros anos da puberdade, o tamanho do útero aumenta de duas a três vezes, porém mais importante do que o aumento no tamanho do útero. Eles causam proliferação acentuada do estroma endometrial e grande desenvolvimento das glândulas endometriais, que posteriormente ajudarão no fornecimento de nutrição ao óvulo implantado. ❖ os estrogênios fazem com que os tecidos glandulares desse revestimento proliferem; e, o mais importante, aumentam o número de células epiteliais ciliadas que revestem as trompas de Falópio ❖ os estrogênios causam (1) desenvolvimento dos tecidos estromais das mamas; (2) crescimento de um vasto sistema de ductos; e (3) depósito de gordura nas mamas Os lóbulos e alvéolos das mamas se desenvolvem até certo ponto sob a influência apenas dos estrogênios, mas é a progesterona e a prolactina que determinam o crescimento e a função final dessas estruturas ❖ os estrogênios inibem a atividade osteoclástica nos ossos e, portanto, estimulam o crescimento ósseo. Pelo menos parte desse efeito é devido à estimulação de osteoprotegerina, também chamada fator inibidor da osteoclastogênese, citocina que inibe a reabsorção óssea. Na puberdade, quando a mulher entra em seus anos reprodutivos, seu crescimento em altura torna-se rápido durante muitos anos Entretanto, os estrogênios têm outro efeito potente no crescimento esquelético: causam a união das epífises com a haste dos ossos longos. ❖ os estrogênios causam leve aumento de proteína corporal total, evidenciado por um ligeiro equilíbrio nitrogenado positivo, quando estrogênios são administrados ❖ causam também depósito de quantidades maiores de gordura nos tecidos subcutâneos. Por conseguinte, a porcentagem de gordura corporal no corpo da mulher é consideravelmente maior do que no corpo do homem, que contém mais proteína. Além do depósito de gordura nas mamas e nos tecidos subcutâneos, os estrogênios causam depósito de gordura nos glúteos e nas coxas, o que é característico da aparência feminina ❖ os pelos efetivamente se desenvolvem na região pubiana e nas axilas, após a puberdade. Os androgênios, formados em quantidades crescentes pelas glândulas adrenais femininas, após a puberdade, são os principais responsáveis por esse desenvolvimento de pelo. ❖ os estrogênios fazem com que a pele desenvolva textura macia e normalmente lisa. Além disso, os estrogênios fazem com que a pele se torne mais vascularizada, o que, muitas vezes, está associado à pele mais quente, promovendo também maior sangramento nos cortes superficiais do que se observa nos homens. ❖ uma função importante Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII da progesterona é promover alterações secretoras no endométrio uterino, durante a última metade do ciclo sexual feminino mensal, preparando o útero para a implantação do óvulo fertilizado. Diminui a frequência e a intensidade das contrações uterinas, ajudando, assim, a impedir a expulsão do óvulo implantado. ❖ aumento da secreção pelo revestimento mucoso das trompas de Falópio > necessárias para nutrir o óvulo fertilizado e em divisão ❖ a progesterona promove o desenvolvimento dos lóbulos e alvéolos das mamas, fazendo com que as células alveolares proliferem, aumentem e adquiram natureza secretora. O leite só é secretado depois que a mama preparada é adicionalmente estimulada pela prolactina da hipófise anterior. Estudar os critérios de Tanner, destacando a puberdade. CRITÉRIOS DE TANNER ❖ Mamas – M1 a M5 ❖ Pelos – P1 a P5 O broto mamário é o primeiro sinal puberal na menina, é chamado de e pode apresentar-se unilateralmente sem significado patológico. Observar a adolescente, tranquilizá-la e reavaliar após seis meses, quando a outra mama já terá aparecido e os primeiros pelos pubianos também. Caso a puberdade se inicie com o aparecimento de pelos pubianos e não com o broto mamário, deve-se encaminhar ao profissional de saúde, pois pode se tratar de uma puberdade de origem periférica e não central pelo estímulo hipofisário - gonadal podendo se tratar de uma causa patológica, devendo ser melhor investigada. Atentar que a idade média da menarca em nosso meio é de 12 anos e 4 meses, mas pode ocorrer entre 9 e 16 anos, observar comportamento do evento na família e acompanhar o processo de cada adolescente. ❖ Genitais – G1 a G5 ❖ Pelos – P1 a P5. A primeira manifestação da puberdade no sexo masculino é o aumento do volume testicular, em média aos 10 anos e 9 meses. O saco escrotal torna-se mais baixo e alongado, mais solto e enrugado e mede cerca de 3cc. O crescimento peniano começa, em geral, um ano após o crescimento dos testículos. O início da puberdade antes dos 09 anos também pode ser motivo de preocupação, pode-se tratar de uma puberdade precoce e, portanto, deve-se sempre referir o adolescente ao serviço de referência para melhor ser avaliado Observar que primeiro o pênis cresce em tamanho e depois em diâmetro. Quando o adolescente termina sua fase de crescimento, seu pênis atinge em média 12 cm e 15 cm quando ereto, podendo variar mais ou menos de 2 a 3 cm. A idade da primeira ejaculação, conhecida como semenarca ou espermarca, ocorre em média aos 12 anos e 8 meses. Geralmente, acontece também a polução noturna, ou seja, a ejaculação involuntária de sêmen quando o adolescente está dormindo. Trata-se Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII de evento fisiológico normal, que deve ser orientado e tranquilizado pelo profissional de saúde. FONTE: MIN ISTÉRIO DA SAÚDE Compreender as alterações de personalidade de acordo com a maturação sexual. CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS DA ADOLESCÊNCIA Para que a busca da identidade adulta, principal tarefa da adolescência, possa acontecer, é necessário que o jovem vivencie o luto por três grandes perdas: 1. o adolescente passa por período de adaptação até a aceitação das modificações corporais; 2. que se manifesta por meio de relações conflituosas com as figuras parentais; 3. renúncia à dependência infantil e aceitação de responsabilidades que muitas vezes o adolescente desconhece A elaboração dessas perdas manifesta-se por meio de atitudes comportamentais e emocionais que, segundo Aberastury e Knobel, se caracterizam como uma entidade semipatológica, perturbada e perturbadora para o mundo adulto, denominada poreles como síndrome da adolescência normal (SAN). A ocorrência dessa síndrome pode ser explicada pela interação de sinais que expressam desestabilização nas áreas biológica, psicológica e social e compreende as seguintes manifestações de conduta: busca de si mesmo e da identidade adulta; separação progressiva dos pais; tendência grupal; necessidade de intelectualizar e fantasiar; crises religiosas; deslocação temporal; contradições sucessivas nas manifestações de conduta; atitude social reivindicatória; constantes flutuações do humor e do estado de ânimo e evolução sexual. A busca de si mesmo e da identidade seria a principal característica que engloba as demais, na qual o adolescente se pergunta constantemente quem ele é e para saber onde pode chegar A experiência de ter um corpo em mutação leva a conflitos com a auto-imagem, fazendo com que ora sinta orgulho ora sinta vergonha do próprio corpo. o Os jovens passam horas e horas em frente ao espelho e comparam-se uns aos outros, buscando um padrão de normalidade e aceitação. Tais situações requerem momentos de isolamento e a assunção de identidades transitórias, ocasionais ou circunstanciais, no sentido de entender a sua intimidade e, assim, desenhar a sua própria identidade. A separação progressiva dos pais pode ser observada facilmente nas etapas iniciais da adolescência, quando determinados comportamentos familiares são rejeitados pelos adolescentes. Na medida em que se afastam dos pais, os adolescentes aproximam-se cada vez mais do grupo de amigos ou de iguais. O grupo não necessariamente apresenta peculiaridades reconhecidas por muitos adultos como radicais. o Pode ser a turma da rua, da academia, da escola ou que pratica alguma atividade esportiva em conjunto. O que caracteriza o grupo é o interesse comum e a possibilidade de identificação entre seus pares Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Algumas vezes, os pais transmitem uma imagem de personalidades pouco consistentes, forçando o adolescente a buscar identificação com outras imagens adultas, como ídolos do esporte ou do cinema, ou mesmo com figuras negativas que prejudicam mais ainda sua formação. A pode ser reconhecida através dos diários, blogs e fotologs, de redações escolares muitas vezes surpreendentes, de composições musicais inusitadas, ou até pelo comportamento típico de passar grande período olhando para o teto, fantasiando com o imaginário, elaborando ideias e pensamentos A realidade impõe ao adolescente a necessidade de renunciar ao corpo infantil e à proteção familiar. Isso pode ser vivido como uma experiência de enorme desamparo e impotência, que o obriga a recorrer ao pensamento para compensar essas perdas. O adolescente, então, tende a fugir para seu mundo interior, como uma forma de buscar um reajuste emocional, e nessa tentativa de encontro consigo mesmo começa a demonstrar preocupações de ordem ética, moral, social. o Neste momento, pode desenvolver grandes “teorias” sobre o mundo, nas quais vai misturar justificativas concretas com idéias fantasiosas infantis Suas necessidades estão vinculadas ao momento presente e, com frequência, não conseguem realizar objetivamente planejamento futuro ou não aceitam postergar aquilo que almejam. O senso de indestrutibilidade e a onipotência estão relacionados a essa dificuldade de localizar-se temporalmente o A vivência temporal dos adolescentes pode ser observada em situações que provavelmente já presenciamos: há um trabalho escolar para ser feito e ele se envolve em outro tipo de atividade; a mãe insiste com a urgência do tempo e ele responde que “dá tempo, o trabalho é pra... amanhã”. Outra situação seria uma festa marcada para um mês depois, para a qual ele insiste em providenciar uma roupa “porque está em cima da hora” Predomina uma visão sincrética do mundo, ou seja, uma visão indiferenciada dos aspectos que constituem a realidade que se quer compreender, a percepção do todo sem, porém, se compreender os seus aspectos constitutivos À medida que vai elaborando suas perdas, começa a surgir o conceito de tempo, que implica as noções de passado, presente e futuro. são decorrentes do treino do papel adolescente e da imaturidade para lidar com perdas e ganhos, alegrias e tristezas o A conduta do adolescente está dominada pela ação, sendo esta a sua forma mais típica de expressão. o Ele tem uma personalidade, no dizer de Spiegel, “esponjosa”, ou seja, permeável, absorvente, que recebe e também projeta tudo enormemente o Na verdade, é o mundo adulto que não suporta as contradições dos adolescentes, não aceita suas identidades transitórias e exige deles uma atitude adulta para a qual ainda não estão capacitados. O processo de está vinculado à definição da identidade sexual e manifesta- se por meio do autoerotismo e das práticas de genitalidade. Quando o indivíduo consegue aceitar a coexistência simultânea entre si da criança e do adulto, ele passa de maneira flutuante a aceitar as mudanças de seu corpo, emergindo uma nova identidade Observa-se no adolescente uma oscilação entre a atividade do tipo masturbatória e o começo dos exercícios genitais, que se inicia se forma basicamente exploratória até evoluir para a verdadeira genitalidade procriativa Ao aceitar a sua genitalidade, o adolescente começa a busca por um par. É a fase das grandes e “definitivas” paixões, que representa todos os aspectos dos vínculos intensos e frágeis das relações interpessoais do adolescente. A curiosidade sexual pode se manifestar pelo interesse por revistas pornográficas e mesmo por experiências de ordem homossexual. O exibicionismo e o voyerismo se manifestam nas vestimentas, nas maquiagens das meninas, nas atitudes durante jogos e festas. Começam Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII os contatos superficiais, depois profundos e mais íntimos, que preenchem a sua vida sexual. A pode ser evidenciada como contestação, agressividade, violência ou pode ser canalizada como energia construtiva, capaz de promover mudanças Tais atitudes muitas vezes se configuram em respostas às restrições impostas pela sociedade. As intelectualizações e fantasias conscientes que se reforçam nos grupos fazem com que essas atitudes se transformem em pensamento ativo, em uma verdadeira ação social, política, cultural. Muitas vezes, as perdas são vividas como não sendo deles, mas da sociedade, dos seus pais, de sua família. O resultado é que descarregam toda sua revolta nessas figuras e podem vir a desenvolver atitudes destrutivas, quando as perdas não são bem elaboradas Como alternativa para o discernimento entre normalidade e psicopatologia na adolescência, recorre- se à análise de variáveis do sintoma apresentado: intensidade, duração, persistência ou transitoriedade significando regressivo e polimorfismo.