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GESTÃO DE PESSOAS Profa. Dra. Andreia Malanga , 2 3 PRINCÍPIOS, TEORIAS E SISTEMAS EM GESTÃO DE PESSOAS 3.1 Liderança A liderança pode ser definida como a capacidade de uma pessoa conduzir outra(s) a partir da identificação de princípios, mitos e crenças compartilhadas. Os líderes que melhor representam essa definição são personalidades religiosas concentrando o poder da palavra e da referência em uma pessoa reconhecida como um líder em um grupo. Os pastores e papas, como exemplo, são pessoas que conduzem grupos religiosos sendo vistos ou representados como fontes de inspiração e orientação na condução da vida de milhares de pessoas. A área política formada, por exemplo, pelo Presidente, Ministros e Chefes de Governos em geral, tem competências que reúnem conhecimentos, habilidades e atitudes que lhe conferem o poder de representação de um bairro, município, estado, país além de outros grupos específicos. Ao analisar a propaganda política observamos que o candidato apresenta suas propostas e características de modo a ganhar a confiança do eleitor e finalmente se eleger. Tanto os líderes religiosos como os políticos são excelentes exemplos do poder da argumentação, apresentação, influência, além de outras características que movimentam inúmeras pessoas na direção que eles orientam demonstrando forte capacidade na obtenção daquilo que almeja. A liderança, portanto, ocorre quando há a identificação de um indivíduo colocado em evidência que representa um grupo. Deste modo, um dirige ou indica o caminho e os demais seguem as orientações rumo a um propósito. No mundo organizacional, ou seja, na empresa o líder é a pessoa que estimula e motiva funcionários, auxilia seus colaboradores a se desenvolverem indicando , 3 aspectos a serem melhorados e exaltando pontos fortes, apoia situações emergentes desafiadoras além de cuidar do bem estar profissional do colaborador promovendo qualidade de vida (apoio e estímulo a realização de check-ups periódicos, monitoramento do horário de trabalho, incentivo a atividades de lazer e/ou esportes). Observa-se que o perfil do líder contemporâneo exige características técnicas que trazem sua experiência pregressa (anterior) com a gestão de pessoas ou trabalho em equipes de sucesso e principalmente suas habilidades e atitudes frente a forma e caminhos para atingir os resultados organizacionais promovendo um clima de motivação e saúde do grupo. Na década de 1980, muitas empresas contavam com um absenteísmo enorme por conta de licença saúde por stress, hipertensão e doenças cardíacas. Esse fato trouxe muito prejuízo para as organizações que tinham de pagar por funcionários substitutos além dos efetivos afastados além de perder todo investimento em treinamento, habilidade nas funções e aculturamento. Esse fato promoveu a preocupação com a qualidade de vida dos funcionários, aspecto fundamental para um equipe de alta performance. A questão da produtividade deve sempre estar alinhada a qualidade de vida, afinal nesta década de 1980 houve um aumento de pagamentos provocados não pelo aumento do processo produtivo e sim em função da necessidade de novas contratações a título de substituição de funcionários afastados por problemas de saúde. 3.2 Teoria dos Traços A Teoria dos Traços adota o pressuposto que o indivíduo nasce com traços na personalidade que o qualifica ou não para a liderança. Sob essa perspectiva não há como formar líderes, tendo em vista que os líderes já nascem com as qualificações necessárias para esse cargo. Somente indivíduos que tivessem alguns traços como físicos, intelectuais, sociais e direcionados para a tarefa poderiam ser considerados Líderes. , 4 Entre as características físicas a aparência, a estatura, a energia e força física seriam os traços mais marcantes. Já entre as características intelectuais destacam-se a adaptabilidade, o entusiasmo, a autoconfiança, a segurança e a inteligência. Em relação às características sociais do líder, se destacam aspectos como cooperação, habilidades de relacionamento e habilidades de organização. Por fim, no que tange a característica de traços orientados à tarefa estariam a força de vontade, persistência e a iniciativa em fazer algo. Embora saibamos hoje que essas características são importantes para a formação de um Líder, apenas elas não são garantia de que esse indivíduo realmente o seja e obtenha sucesso. 3.3 Teorias Comportamentais As teorias comportamentais se subdividem em Teoria dos estilos de Liderança e Teoria do Grid Gerencial. A Teoria dos estilos de Liderança abrangem perfis autocráticos, democráticos e liberais (em francês Laissez-faire). No estilo autocrático, o líder é extremamente centralizador de todas as ações do grupo ou equipe de trabalho, toma as decisões por conta própria sem consultar ninguém, define o quê, como e quando realizar as tarefas, cabendo a seus liderados apenas cumprir suas ordens sem a possibilidade de qualquer discussão. No estilo democrático, o Líder é mais aberto a participação do grupo ou equipe de trabalho. Esse Líder envolve os colaboradores nas tomadas de decisões e até incentiva essa participação. Os colaboradores recebem feedbacks (avaliações sobre o trabalho realizado) estando sempre bem informados sobre o andamento dos processos a que estão inseridos criando vínculos e senso de pertencimento que culminam no sucesso do trabalho. No estilo liberal (laissez-faire), o Líder quase nada influencia na condução do trabalho ficando a critério do colaborador o cumprimento e realização de suas tarefas. O líder não interfere nas decisões deixando os colaboradores a vontade para decidir o quê, como e quando realizar as tarefas. , 5 3.3.1 Teoria do Grid Gerencial Essa teoria foi proposta pelos pesquisadores Blake e Mouton (1964), da Universidade de Ohio, os quais planejaram e desenvolveram um programa de treinamento gerencial denominado Grid Gerencial (Managerial Grid). A base desse programa leva em conta o foco em pessoas e em tarefas para o desenvolvimento do líder. O líder com foco em pessoas dá ênfase: ao próprio funcionário ou grupo buscando a integração das relações humanas e desenvolvendo a capacidade do trabalho em equipe; em ouvir e prestar atenção nas falas e comportamentos de seus colaboradores, e; apoia seus colaboradores no desempenho e decisões de suas tarefas. O líder com foco em tarefas está voltado as questões administrativas como cumprimento de cronograma, aumento da produtividade com qualidade e redução de custos, monitoramento da concorrência, distribuição e acompanhamento de tarefas e responsabilidades individuais. Através do modelo de Blake e Mouton é possível observar o equilíbrio do Líder ao enfatiza pessoas ou tarefas mensurando graficamente essa proporção e, auxiliando na avaliação desse perfil de liderança. O Grid baseia-se no eixo x / y (pessoas e produção) com foco em cinco tipos chaves de liderança, quais sejam: – Liderança 1.1 – quase nenhuma atuação do líder com foco em sua manutenção no emprego. Dada sua pouquíssima atuação na liderança, não tem problemas com seus subordinados e tem baixa produtividade. Em relação as atitudes não assume responsabilidades e não exerce influência mínima em seus contatos. – Liderança 1.9 – bom envolvimento do líder no ambiente de trabalho, com foco no atendimento as necessidades com bastante compreensão da equipe. Dado sua postura acolhedora, geralmente tem boa aceitação entre seus subordinados, embora necessite desse retorno para se motivar. , 6 – Liderança 5.5 – ótimo envolvimento do líder no ambiente de trabalho, onde se faz sempre presente. Trabalha com foco no atendimento as questões sociais promovendo conflitos entre os objetivos organizacionais de produção e as necessidades individuais.A moral é dos fatores imprescindíveis no desenvolvimento do trabalho. – Liderança 9.1 – condução autoritária e rigorosa da equipe de trabalho. O líder adota rigorosos controles na produção e não faz nenhum ou pouco esforço na orientação de pessoas dando pouca atenção a conflitos, incentivo a criatividade e motivação dos colaboradores. A liderança é legitimada por meio do poder instituído hierarquicamente, ou seja, no papel de chefe exercendo autoridade para os demais obedecerem. – Liderança 9.9 – melhor perfil de liderança dado ao foco equilibrando nas pessoas e na produção. O líder é aberto para todo tipo de opinião, inclusive contrária a sua, é flexível na tomada de decisão, tem humildade para mudar seu posicionamento quando percebe que este não traduzirá em resultado esperado pelo grupo ou equipe de trabalho e para com o próprio sucesso da organização. Sempre reconhece esforços e contribuiu não apenas para o desenvolvimento pessoal, como também para o profissional dos colaboradores. Blake e Mouton (1964) acreditam que o melhor estilo de liderança é o que mais se aproxima do eixo 9.9, ou seja, saber alinhar os objetivos e necessidades tantos das pessoas quanto das organizações na busca pelos resultados para ambos os fatores. As teorias comportamentais foram baseadas nas atitudes dos indivíduos e não leva em conta o ambiente, o contexto onde esse Líder está inserido. Baseado nessa nova concepção surgiu então os primeiros estudos que apontavam para a preocupação com as contingências ou situações, surgindo então as teorias contingenciais. , 7 3.4 Teoria Contingencial ou Situacional A liderança contingencial também conhecida como situacional é baseada na abordagem contingencial que se concentra no comportamento dos seguidores (liderados), independentemente que o líder realize, a eficácia depende das ações de seus liderados. Segundo essa teoria o Líder mostra o caminho a ser percorrido para o atingimento das metas já estipuladas, os obstáculos a serem transpostos, o entendimento de todos para com a necessidade do atingimento desses objetivos, premiando o grupo ou equipe de trabalho sempre que essas metas são alcançadas. A liderança contingencial (situacional) foi criada por Kenneth Blanchard e Paul Hersey, sendo um instrumento que serve para auxiliar as pessoas a compartilhar expectativas em seu ambiente, permitindo-as tornarem pessoas responsáveis e auto motivadas. Líderes conscientes sabem que a essência da vida da empresa está nas pessoas, na sua capacidade de fazer acontecer, portando sua missão é despertar em seus liderados este senso de responsabilidade. Ainda sobre essa teoria, uma forte característica é a junção de dois fatores fundamentais para o sucesso de qualquer organização, a liderança e a motivação, sem estes é impossível alcançar o sucesso esperado (BERGAMINI, 1994). 3.5 Teorias da Motivação A motivação é um fator fundamental para a produtividade do colaborador, isto significa que quanto maior é a motivação maior é seu envolvimento com a tarefa e consequentemente a quantidade de entregas. Um exemplo clássico desta situação pode ser analisada em relação ao comportamento de um time de futebol. Se os jogadores entram em campo desmotivados, a torcida logo percebe que algo está errado e que o jogo não será ganho por falta de vontade, determinação, empenho fatores estes que representam de modo geral a motivação do time. , 8 Para que este fato não ocorra, o técnico precisa em vários momentos acompanhar a motivação do jogador tanto sob o ponto de vista individual como seu relacionamento com o grupo. Esse acompanhamento é o monitoramento da motivação. Muito resultados excelentes são obtidos a partir da motivação de equipes. A motivação também está associada a harmonização ou seja o relacionamento entre os colaboradores. Para haver harmonia em uma orquestra é necessário seguir o comando do maestro (líder) com o perfeito conhecimento de trabalho que precisa ser realizado e em qual momento, do contrário ficará ausente um instrumento ou ainda impactara na afinação da melodia. Assim devem funcionar as equipes, alinhadas, com confiança, inspiradas e comandadas por uma liderança próxima com gestão participativa e ainda que promova no nível individual ou em grupo a motivação para uma entrega com qualidade e agilidade. As teorias dos Dois Fatores e a da Motivação são tidas como as principais técnicas que impulsionam a motivação dos colaboradores. Seriam caminhos para compreensão do conceito de motivação para então utilizar dessas técnicas para desenvolvimento do grupo. 3.5.1 Teoria dos Dois Fatores: Higiênicos e Motivacionais Na visão de Frederick Herzberg as necessidades das pessoas se dividem entre se apresentar pessoalmente (“ser”) e demonstrar posse (“ter”). Há um conflito frequente entre o ser e o ter, confundindo valores e princípios morais como dar mais atenção em função do poder financeiro e não as pessoas independentemente de interesses. Esse conflito entre ter e o ser, interfere no comportamento e necessidades de motivação do indivíduo. As necessidades de ter são como uma obrigação organizacional, sobre as quais os gerentes pouco podem atuar. Há uma certa cobrança da necessidade de ter por parte do mundo capitalista, onde o grau de influencia das pessoas estão associadas ao dinheiro que se apresenta por meio de aparências. , 9 Frederick Herzberg (psicólogo e consultor americano, professor de Administração da Universidade de Utah) aprofundou seus estudos buscando uma a teoria que explicasse o comportamento das pessoas em situação de trabalho. Os resultados da pesquisa concluíram que há dois fatores capazes de orientar o comportamento das pessoas no trabalho: os Fatores Higiênicos ou Extrínsecos e os Fatores Motivacionais ou Intrínsecos. Os fatores higiênicos ou fatores extrínsecos estão fora do controle das pessoas, dado seguirem regras e condições do local onde os colaboradores desempenham seus trabalhos. São condições e regras definidas pelas empresas, administrativas e decididas pela empresa. Os fatores higiênicos, nesta pesquisa, foram definidos como o salário, os benefícios sociais, tipo de liderança, condições de infraestrutura (mobiliários, iluminação, ventilação), manuais corporativos definindo políticas e diretrizes da empresa, clima organizacional (relacionamentos entre pares, equipes e lideranças). Na concepção desta teoria, o trabalho é uma atividade desagradável e os fatores higiênicos são fundamentais para elevar a motivação e a produtividade do trabalhador. Os salários e incentivos são vistos como uma troca pelo trabalho realizado e quanto mais satisfatório no ponto de vista do colaborador mais motivado ele fica para o trabalho. O resultado da pesquisa também alertou para o fato de quanto esses fatores evitam a insatisfação dos empregados, mas não conseguem manter a motivação por muito tempo. Por conta desta influência, focada na insatisfação que o autor (Herzberg) denominou como fatores higiênicos, por evitarem a insatisfação, mas sem provocarem a satisfação. Os fatores motivacionais ou fatores intrínsecos estão relacionados com o poder da imagem como o cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. Esses fatores motivacionais estão sob o controle do indivíduo, pois estão relacionados com aquilo que ele faz e desempenha. Estão atrelados aos sentimentos de crescimento individual, reconhecimento profissional e autorrealização. , 10 A motivação aumenta a partir do momento que o indivíduo percebe sua importância e influência no trabalho. Ao passo que o desinteresse, falta de estímulo, apatia causa um efeito de desmotivação. A motivação tem um efeito excelente nos colaboradores, se tornando mais produtivos, participativos, criando vínculos e tendo suas necessidades pessoais satisfeitas, aopasso que sua ausência desses fatores que influenciam a motivação causam a insatisfação. De acordo com o autor da pesquisa Herzberg os fatores abrangem a autonomia do profissional, delegação de responsabilidades, promoção, incentivo as habilidades pessoais (relacionamento, gestão de pessoas, concentração, etc.), estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles, simplificação do cargo (pelo próprio ocupante), ampliação ou enriquecimento do cargo (horizontal ou verticalmente). A Teoria dos dois fatores justifica os fatores motivacionais com a satisfação no cargo, função, tarefas e atividades desafiadoras e estimulantes. Atribui a culpa pela insatisfação dos colaboradores aos fatores higiênicos representados pela infraestrutura, ambiente organizacional, políticas organizacionais, salários etc. Quadro Resumo: Fatores que levam a satisfação e insatisfação Fatores que levam a insatisfação Fatores que levam a satisfação Política da Empresa Crescimento Condições do Ambiente de Trabalho Desenvolvimento Relacionamento com outros funcionários Responsabilidade Segurança Reconhecimento Salário Realização Fonte: adaptado de Herzberg (1973; 1997) 3.5.2 Teoria de Maslow A teoria de Maslow é muito utilizada na compreensão dos fatores que trabalham a motivação dos colaboradores. A organização das necessidades se , 11 fundamenta como o desenho de uma pirâmide que se inicia com as questões básicas de sobrevivência até o maior grau de satisfação humana que é a autorrealização. Essa teoria auxilia a liderança a entender quais fatores influenciam na motivação do indivíduo para que se adotem técnicas melhorando a sua produtividade, por exemplo, se o emprego não permitir horário de almoço ou refeição, certamente o funcionário não ficará motivado. Outra questão é o medo da instabilidade, ou perda do emprego que deixa os colaboradores receosos e inseguros quanto a sua sobrevivência influenciando também sua motivação. O comportamento humano, neste contexto, foi objeto de análise pelo próprio Frederich Taylor (estudioso responsável por uma das primeiras teorias da Administração – Tempos e Movimentos), quando enunciava os princípios da Administração Científica. A diferença entre Taylor e Maslow é que o primeiro somente enxergou as necessidades básicas como elemento motivacional, enquanto o segundo percebeu que o indivíduo não sente única e exclusivamente necessidade financeira. Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência, em cuja base estão as necessidades fisiológicas ou básicas para a sobrevivência e no topo, as necessidades mais elevadas como as necessidades de autorrealização. A pirâmide de necessidades proposta por Maslow contempla 5 níveis hierárquicos, quais sejam: Atender as necessidades básicas ou fisiológicas; Atender as necessidades de segurança; Atender as necessidades Sociais ou de associação; Atender as necessidades de Status ou Autoestima; Atender as necessidades de Autorrealização. Nesse contexto, seguem as explicações de cada nível da pirâmide, a saber: , 12 1 – Necessidades fisiológicas: são aquelas sem as quais o corpo biologicamente morre como respirar, comer, descansar, beber, dormir etc. 2 – Necessidades de segurança: estão vinculadas a sentir-se seguros, fora de perigo, como a manutenção do emprego, cuidados em caso de problema de saúde. 3 – Necessidades sociais: referem-se às relações humanas com sentimentos e pertencimento a um grupo, clube, dar e receber carinho e afeto dos familiares, amigos e pares. 4 – Necessidades de estima: é a necessidade de sentir-se digno, respeitado por si e pelos outros, com prestígio e reconhecimento, poder, orgulho etc. 5 – Necessidades de autorrealização: referem-se ao aproveitamento de todo o potencial próprio, ser aquilo que se pode ser, fazer o que a pessoa gosta e é capaz de conseguir. Relaciona-se com as necessidades de estima: a autonomia, a independência e o autocontrole. Conforme verificamos existem alguns aspectos a se considerar sobre a hierarquia de necessidades de Maslow, que enumeramos a seguir: Para alcançar uma nova etapa, a anterior deve estar satisfeita, ao menos parcialmente. Isto se dá uma vez que, quando uma etapa está satisfeita ela deixa de ser o elemento motivador do comportamento do ser, fazendo com que outra necessidade tenha destaque como motivação. Os 4 primeiros níveis destas necessidades podem ser satisfeitos por aspectos extrínsecos (externos) ao ser humano, e não apenas por sua vontade. A necessidade de autorrealização nunca é saciada, ou seja, quanto mais se sacia, mais a necessidade aumenta. Acredita-se que as necessidades fisiológicas já nascem com o indivíduo. As outras mostradas no esquema acima se adquirem com o tempo. , 13 As necessidades primárias, ou básicas, se satisfazem mais rapidamente que as necessidades secundárias, ou superiores. O indivíduo será sempre motivado pelas necessidades que se apresentarem mais importantes para ele. Os críticos da Teoria da Motivação proposta por Maslow afirmam que nem todas as pessoas são iguais e, por isso, um aspecto que se mostra como uma necessidade para uma pessoa, pode não ser para outra. Outras críticas dão conta de que esta teoria analisa o desenvolvimento das pessoas, mas não considera em nenhum momento o incentivo dado pela organização. Há quem diga, também, que Maslow contemplou as necessidades do indivíduo em uma ordem muito rígida, sem a possibilidade de inversão ou troca de necessidades. Mas nenhuma destas críticas descaracteriza a teoria ou a torna menos atual que as demais, apenas nasce de algumas confusões que são feitas com a definição de “necessidade”, muitas vezes confundida com “desejo” ou “vontade”. 3.6 Sistemas de remuneração e de benefícios Antigamente, dentre as subáreas de Recursos Humanos a denominada Departamento Pessoal era responsável pelo pagamento dos salários, benefícios (13º salário, férias, vale transporte, vale alimentação, assistência médica) e recolhimento de impostos relacionados ao tema (INSS, Imposto de Renda, dentre outros). Com o passar do tempo o processo foi mudando de salário fixo para uma parte fixa e outra variável e até para totalmente variável. A questão da forma de remuneração precisa estar de acordo com as expectativas da organização (empresa) e também do seu colaborador (funcionário). A remuneração é composta por: Remuneração Básica: salário mensal ou por hora; Incentivos Salariais: bônus, participação nos resultados; Benefícios: seguro de vida, plano de saúde, refeições etc. , 14 Remuneração é o processo que envolve todas as formas de pagamento ou recompensas dadas aos colaboradores e que são decorrentes do emprego. Os colaboradores trabalham e têm a expectativa da recompensa por este esforço. As recompensas podem ser: Recompensas Financeiras: salário, prêmios, comissões, gratificações, horas extras, 13º salário, bônus dentre outras. Recompensas Não Financeiras: oportunidade de desenvolvimento, reconhecimento profissional, autoestima, qualidade de vida no trabalho, orgulho da empresa e do trabalho, promoções, liberdade e autonomia no trabalho. Dessa forma, a remuneração abrange tudo quanto o colaborador alcança em consequência do trabalho que realiza em uma organização. Já as recompensas não financeiras, oferecidas pelas organizações, afetam a satisfação das pessoas com o sistema de remuneração. Assim, podemos afirmar que não é somente a remuneração que motiva os colaboradores na empresa. No caso das organizações, nada melhor, como exemplo, do que observarmos como fica claro comprovar esse tipo de motivação, quando o funcionário atua em uma função que lhe permite autorrealização,proporcionando dessa forma a elevação de sua autoestima. Quando isso acontece, a sua eficiência é comprovada e produz resultados, os quais superam a expectativa da empresa. Ninguém motiva ninguém. A competência gerencial está em criar condições e influenciá-las para os colaboradores estarem motivados. Para que seja possível um ambiente motivador, pessoas integradas e produtivas nas organizações, é imprescindível um plano com critérios adequados de Gestão de Pessoas. Com base nesse contexto, a revista Melhor Gestão de Pessoas (edição de março, 2008) realizou uma pesquisa que auxilia no fornecimento de dados relevantes sobre remuneração. Alinhar a estratégia de remuneração total com a estratégia do , 15 negócio foi um dos desafios críticos citados por 70% das 98 empresas da América Latina ouvidas na pesquisa instantânea de remuneração total. Outros desafios foram: atrair e reter o talento certo (85%), engajar empregados (70%) e manter os custos disponíveis e sustentáveis de remuneração total (67%). 3.7 Programas de Benefícios e Incentivo Os Programas de Benefícios e Incentivos são formas complementares aos salários para motivar os colaboradores para o alcance de suas metas e resultados. Os benefícios e incentivos são fatores que incrementam a relação entre a organização e as pessoas por conta de se sentirem apoiadas e acolhidas em diferentes modos, como, por exemplo, o auxílio ao plano de saúde. Atualmente, a saúde pública não supre todas as necessidades da família e consequentemente o benefício do Plano de Saúde ajuda nesse problema. O colaborador sente o apoio e a preocupação da empresa quando esta providencia e subsidia o Plano de Saúde se sentindo motivado para o desempenho de suas tarefas. Muitos profissionais quando da opção de escolha por emprego, preferem os que provém maiores benefícios e incentivos além do sistema de remuneração. O sistema de benefícios e incentivos deve complementar a remuneração e se fundamentam em planos de bonificação anual, distribuição de ações, remuneração por competências e participação nos lucros. A escolha do método mais adequado depende diretamente das necessidades da organização e das pessoas. (CHIAVENATO, 2014). A remuneração não visa apenas recompensar pessoas, mas apoia-las na condução do seu dia a dia. Os benefícios representam vantagens concedidas pelas empresas a título, de pagamento adicional dos salários aos seus colaboradores. Os benefícios podem ser classificados sob diversas maneiras: quanto à sua exigibilidade legal podem ser legais ou espontâneos; quanto à sua natureza podem ser monetários; quanto aos seus objetivos podem ser assistenciais, recreativos e , 16 supletivos. Os planos de benefícios e serviços sociais visam a satisfazer vários objetivos individuais, econômicos e sociais. No ano de 2017, o Brasil passou pela Reforma Trabalhista, representada por uma mudança significativa na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) instrumentalizada pela lei № 13.467 de 2017. Segundo o governo, o objetivo da reforma foi combater o desemprego e a crise econômica no país, que teve início em 2014. O cenário passou a ter importantes mudanças na relação patronal (empregado e empregador) e uma das principais foi o enfraquecimento dos Sindicatos. Os Sindicatos eram associações que lutavam pelos direitos dos empregados frente aos empregadores. Os sindicatos eram mantidos pela cobrança anual de um valor descontado pelas empresas na Folha de Pagamento. A Reforma Trabalhista rediscutiu a obrigatoriedade do desconto, permitindo que este fosse feito com autorização prévia do funcionário. Com esta mudança, os Sindicatos passam a não contar mais com os mesmos valores e enfrentam sérios problemas financeiros enfraquecendo também sua atuação nas lutas de classe. REFERÊNCIAS BERGAMINI, Cecília Whitaker. Liderança: administração do sentido. São Paulo: Atlas, 2009. BLAKE, Robert; MOUTON, Jane. O Grid Gerencial III. São Paulo: Pioneira, 1995. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 9. ed. Barueri: Manole, 2014. HERZBERG, Frederick. O conceito de higiene como motivação e os problemas do potencial humano no trabalho. In: HAMPTON, David R. Conceitos de comportamento na administração. São Paulo: EPU, 1973. p. 53-62. HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth. Psicologia para Administradores de Empresas. Epu, p.187. , 17 HERZBERG, Frederick. Mais uma vez: como motivar seus funcionários. In: HARVARD BUSINESS SCHOOL PRESS (Org.). Gestão de pessoas, não de pessoal: os melhores métodos de motivação e avaliação de desempenho. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 55-81. MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
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