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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Câncer de Estômago Introdução O principal câncer gástrico é o adenocarcinoma gástrico, nestes casos temos os seguintes fatores de risco: - Dieta: dieta rica em defumados, dieta pobre em frutas e vegetais; - Infecção por H.pylori: uma vez que gera uma gastrite crônica atrófica, com hipocloridria, gerando metaplasia; - Anemia perniciosa (deficiência de vitamina B12): uma vez que gera uma gastrite crônica autoimune; - História familiar; - Tabagismo; - Gastrectomia parcial; - Presença de pólipos adenomatosos; - Sangue A. Classificação: As duas principais classificações do câncer gástrico são: - Lauren: é uma classificação histológica, nesta classificação se divide os pacientes em 2 parâmetros, de modo que: Intestinal: suas principais características são: Presença de estruturas glandulares (semelhantes às neoplasias de cólon); São lesões bem diferenciadas bom prognóstico; É o subtipo mais comum no Brasil; Mais comum no sexo masculino; Idade média 50-55 anos; Ocorre mais no estômago distal e possui disseminação hematogênica. Difuso: suas principais características são: Presença de células de anéis de Sinete; Pouco diferenciado mau prognóstico; Acometimento igual entre os sexos; Acomete os mais jovens (40 anos); Ocorre mais no estômago proximal e possui disseminação por contiguidade e linfática; Relação com grupo sanguíneo A. - Borrmann: é uma classificação macroscópica através de endoscopia. Tipo 1: lesão polipoide; Tipo 2: lesão ulcerada com bordas nítidas; Tipo 3: lesão ulcerada com bordas não nítidas Mais comum. Tipo 4: lesão infiltrada “linite plástica”; Tipo 5: nenhum dos demais. OBS: Quanto maior o Borrmann é pior o prognóstico. Quadro Clínico Os principais sintomas do câncer gástrico são: - Na maioria dos casos o paciente é assintomático, de modo que os sintomas se tornam evidentes quanto maior a disseminação deste câncer; - Dispepsia: importante lembrar que quando tem > 45 anos ou presença de sinais de alarme é preciso realizar EDA; - Perda ponderal; - Dor epigástrica; - Náuseas. Quando há metástase associada, pode existir uma clínica a depender para onde ocorra essa metástase, de modo que: - Metástase para fígado: icterícia; - Metástase para pulmão: tosse; - Metástase para peritônio: massa palpável. Importante salientar os sintomas que estão relacionados à doença avançada, sendo eles: - Massa abdominal palpável: uma vez que o câncer gástrico geralmente cresce para o lúmen; - Ascite: uma vez que a ascite pode ser neoplásica e metástase peritoneal; - Linfonodos à distância: Linfonodo supraclavicular à esquerda Linfonodo de Virchow; Linfonodo umbilical Linfonodo Irmã Maria José; Linfonodos axilares à esquerda Irish; Nódulos pratelereira retal Nódulo de Blumer; Massa ovariana Massa de Krukemberg. Diagnóstico O diagnóstico de Adenocarcinoma gástrico se dá por meio de: 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Endoscopia digestiva alta (EDA): deve ser associada com a biópsia (diagnóstico histológico); - Seriografia (SEED): permite avaliar a presença de lesões, contudo, deve ser encarado como exame de rastreio. Estadiamento e Tratamento Antes de realizar o tratamento deve-se estadiar o câncer gástrico, de modo que se utiliza o Sistema TNM, de modo que para avaliar este Estadiamento utilizamos alguns exames, sendo eles: - TC de abdome, pelve e tórax: permite avaliar metástase à distância Avalia o M do Estadiamento; - USG endoscópica: representa o padrão-ouro para se avaliar o T do Estadiamento, uma vez que permite avaliar quanto essa lesão está infiltrando na parede e também permite avaliar a presença de linfonodos (N do Estadiamento no pré- operatório permite a punção deste linfonodo). OBS: O N definitivo só é feito no pós-operatório, onde a partir da peça cirúrgica permite-se uma contagem do número de linfonodos acometidos Precisa no mínimo 16 linfonodos. - Videolaparoscopia: é um exame que permite avaliar metástase peritoneal, presença de lesões hepáticas e ascite. Deve ser realizada para avaliar a Ressecabilidade da lesão (no pré-operatório). É realizada quando se faz a TC de abdome, pelve e tórax e não se visualiza metástase à distância, desse modo, para ter uma maior certeza realiza-se a videolaparoscopia. Tratamento: O tratamento é realizado da seguinte maneira: - Ressecção com margem de segurança (6 cm/caso seja difuso a margem é 8 cm) + Linfadenectomia à D2. Ausência de metástase à distância: realiza a cirurgia. OBS: Deve sempre realizar a linfadenectomia, uma vez que o N só será feito no pós-operatório. OBS1: Linfadenectomia à D2 representa o número de cadeias linfáticas que você retira os linfonodos. A depender da localização do tumor deve-se: - Tumor distal: gastrectomia subtotal + B2 ou Y de Roux (gastrojejunostomia); - Tumor proximal: gastrectomia total + Y de Roux (esofagojejunostomia) faz-se total justamente para ter margem de segurança. OBS: Y de Roux: realiza uma entero-entero-anastomose. Y de Roux na Gastrectomia subtotal. 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Y de Roux da gastrectomia total. Câncer Gástrico Precoce Representa uma neoplasia que acomete a mucosa e/ou submucosa (não é obrigatório atingir a submucosa) com ou sem linfonodo acometido (INDEPENDE DO ACOMETIMENTO LINFONODAL). Ou seja, o precoce refere-se ao T do Estadiamento, uma vez que pode ter ou não acometimento linfonodal. Por exemplo, paciente com linfonodo de Virchow, fazendo USG endoscópica e viu-se que é uma lesão restrita a submucosa esse paciente tem câncer gástrico precoce. O tratamento inicialmente é igual ao adenocarcinoma. Contudo, em alguns casos, pode-se realizar o tratamento endoscópico, sendo seus pré-requisitos: - O câncer deve ser limitado à mucosa +; - O câncer não pode ser ulcerado +; - Não pode existir invasão linfovascular + Não pode ter linfonodo acometido; - O câncer deve ser < 2 cm.
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