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Medicina de Família e Comunidade – Amanda Longo Louzada 1 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA DEFINIÇÃO: Pode ser considerada um nível de atenção do sistema de saúde (porta de entrada, oferecendo serviços que respondem às necessidades de saúde envolvendo ações preventivas, de promoção à saúde, curativas e de reabilitação Modelo de organização de um sistema de saúde A atenção primária é aquele nível de um sistema de serviço de saúde que oferece a entrada no sistema para todas as novas necessidade e problemas, fornece atenção sobre a pessoa (não direcionada a enfermidade) no decorrer do tempo, fornece atenção para todas as condições (integralidade), exceto as muito incomuns ou raras, e coordena ou integra a atenção fornecida em algum outro lugar ou por terceiros. Assim, é definida como um conjunto de funções que combinadas são exclusivas da atenção primária Conjunto de ações de saúde, individuais, familiares e coletivas, que envolvem promoção prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidados integrado e gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária HISTÓRICO: RELATÓRIO DE DAWSON: Surgiu na Inglaterra em 1920 Modelo de atenção em centros de saúde primários e secundários, serviços domiciliares, serviços suplementares e hospitais de ensino” Definiu conceitos de hierarquização e integralidade Influenciou a criação do NHS (1948) CONFERÊNCIA DE ALMA ATA – 1978: Contexto: elevado custo dos sistemas de saúde, uso excessivo de tecnologia dura e baixa resolutividade, Países subdesenvolvidos: desigualdade de acesso à saúde, alta taxa de mortalidade infantil. Condições ruins sociais, econômicas e de saneamento básico I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde: proposto o maior nível de saúde até o ano 2000, por meio da APS, conhecida como “Saúde para Todos no Ano 2000” Declaração de alma-ata CARTA DE OTTAWA – 1986: Conferência de Ottawa: para discutir o futuro da saúde pública e introduzir conceito de promoção à saúde Carta de Ottawa: Estabelecer políticas saudáveis Criar ambientes favoráveis à saúde Desenvolver as competências pessoas Reforças a ação comunitária Reorientar os serviços de saúde BRASIL: Década de 1920: ideia dos primeiros centros de saúde, se destacando o Geral de Paulo Souza Anos 60: Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), que teve atuação marcante nas regiões Norte, nordeste e centro-oeste, oferecendo serviços de saúde pública e assistência médica Anos 70: criação do Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento do Nordeste (PIASS) Reforma sanitária Constituição de 1988: que trouxe a APS como modelo Programa de Agentes Comunitários – 1991 PSF – 1994 ESF – 1997\ 2000 ATRIBUTOS ESSENCIAIS DA APS: Acesso ou primeiro contato: a UBS é o local em que a pessoa tem acesso ao serviço de saúde Dificuldades: Cobertura insuficiente Desequilíbrio entre oferta e demanda Distribuição inadequada do território Restrição por horário reduzido Tempo de espera Número de vidas por equipe Integralidade: Avalia a família, contexto, promoção, tratamento, reabilitação, necessidade de saúde e prevenção Longitudinalidade: acompanhar ao longo de todo o ciclo de vida Coordenação do cuidado: o indivíduo é coordenado e encaminhado para os centros que precisa, mas a atenção primária sempre está no centro A APS funciona como uma reguladora Medicina de Família e Comunidade – Amanda Longo Louzada 2 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA ATRIBUTOS DERIVADOS: Orientação familiar: vai considerar o indivíduo no contexto familiar muitas vezes fazendo até abordagens Orientação comunitária: considera as necessidades daquela comunidade Competência cultural: considerar as peculiaridades de cada região e cultura, usando como caminhos terapêuticos PROCESSO DE TRABALHO NA APS: 1º: definição de território e territorialização 2º: Responsabilidade sanitária 3º: porta de entrada preferencial 4º: adscrição de usuários e desenvolvimento de relações de vínculo 5º: acesso universal e não excludente 6º: acolhimento Características: Trabalho em equipe multiprofissional Atenção integral contínua e organizada Ações de atenção domiciliar Programação e implementação de ações com base nas necessidades de saúde Implementação da promoção à saúde Ações de prevenção 1ª, 2ª, 3ª e 4ª Ações educativas Ações intersetoriais Implementação das diretrizes de qualificação dos modelos de atenção e gestão Participação do planejamento local de saúde Estratégias de segurança do paciente Apoio as estratégias de fortalecimento da gestão local e controle social Formação e educação permanente em saúde TRABALHOS EM EQUIPE: Reuniões de equipe Discussões de caso Atividades assistenciais conjuntas Apoio ao matriciamento Tipos de equipe que podem atuar na APS: Equipe de saúde da família (ESF) Equipe de saúde bucal (EAB) Núcleo ampliado de saúde da família e atenção básica (NASF-AB) Estratégias de agentes comunitários (EACS) PNAB 2017: Equipes de consultório de rua Equipes de saúde da família para o atendimento da população ribeirinhas da Amazônia leal e Pantanal Sul-Mato-Grossense Equipes de saúde da família fluviais desempenham suas funções básicas em Unidade de Saúde Fluviais Equipe de atenção básica é novidade, e não exige ACS EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA: Estratégia prioritária de organização da atenção básica no Brasil Composição: Um médico – preferencialmente da especialidade MFC Um enfermeiro – preferencialmente especialista em MFC Um auxiliar e\ou técnico de enfermagem ACS NASF-AB: Criado pelo Ministério da Saúde (2008) Objetivo: ampliar a abrangência e o escopo das ações AB Diferentes ocupações da área da saúde para dar suporte (clínico, pedagógico e sanitário) às eSFs e as eABs, atuando em conjunto com elas, em seus respectivos territórios Funções: Planejamento conjunto com equipes vinculadas Aumento da capacidade de análise e intervenção Discussão de casos e construção de projetos terapêuticos Atendimento individual e compartilhado Apoio matricial: é uma gestão de trabalho entre a equipe de referência e de apoio, compartilhando saberes sobre demandas e planejamento conjunto das ações Programa Previne Brasil: composição não mais vinculada às tipologias de equipes NASF-AB Profissionais podem ser cadastrados como NASF-AB ou diretamente no serviço de APS PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR: Conjunto de propostas e condutas terapêuticas articuladas Para um sujeito individual ou coletivo Casos complexos Envolve os profissionais de saúde, familiares e o indivíduo Cuidado integral Passos: 1º - diagnóstico: diagnosticar quais são os diversos problemas 2º - definição de metas Medicina de Família e Comunidade – Amanda Longo Louzada 3 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA 3º - Divisão de responsabilidades: divisão entre a equipe, é determinado quem é a pessoa da equipe que vai acompanhar esse projeto 4º - Reavaliação ATENÇÃO DOMICILIAR: INDICAÇÃO: Pacientes em estabilidade clínica que necessitam de cuidados em situação de restrição ao leito ou ao domicílio Temporário ou definitivo Vulnerabilidade – atenção domiciliar como oferta mais oportuna PNAB– 2017: As UBSs têm que funcionar no mínimo por 40 horas semanas, 5 dias por semana Horário alternativos podem ser pactuados em instâncias de participação social, como os conselhos de saúde Podem ter até 4 equipes na Atenção Básica ou Saúde da Família para atingir seu potencial resolutivo PNAB 2017: responsabilidade sanitária por uma população de 2000 – 3500, conforme o padrão de vulnerabilidade menor da população Princípios: universalidade, equidade e integralidade Programa previne Brasil: até 4000 vidas, conforme o padrão de vulnerabilidade menor da população DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA NO BRASIL: Regionalização e hierarquização – RAS Territorialização e adstrição População adscrita Cuidado centrado na pessoa Resolutividade Longitudinalidade do cuidado Ordenação das redes Participação da comunidade NASF-AB: Diferentes ocupações da área da saúde para suporte (clínico, pedagógico e sanitário) às eSFs e eABs, atuando em conjunto com elas, em seus respectivos territórios Programa Previne Brasil: composição não mais vinculada às tipologias de equipes NASF-AB Profissionais podem ser cadastrados como NASF-AB ou diretamente no serviço de APS FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA: Até dezembro de 2019: PAB fixo + PAB variável Fundo nacional para fundos municipais A partir de janeiro de 2020: captação ponderada + pagamento por desempenho + incentivo para ações estratégicas CAPITAÇÃO PONDERADA: Número de pessoas cadastradas e ajuste por vulnerabilidade socioeconômica, perfil de idade e classificação urbana Exemplo: uma pessoa com HAS ou DM, faz com que a UBS receba mais por essa pessoa, do que por uma pessoa sem comorbidades Pontuação do município ou Distrito Federal = o [(população cadastrada que se enquadra na vulnerabilidade socioeconômica ou no perfil demográfico X 1,3) + (população cadastrada que não se enquadra na vulnerabilidade socioeconômica nem no perfil demográfico X 1]) X peso da classificação geográfica PAGAMENTO POR DESEMPENHO: Resultados dos indicadores recalculados a cada 4 competências Considera os resultados dos indicadores alcançados pelas equipes Os valores serão recalculados a cada 4 competências e transferidos mensalmente sendo utilizados os dados colhidos pelo SISAB Os indicadores, metas e valores serão publicados em portaria detalhada e combinarão ações relativas a: gestante, saúde da mulher, saúde da criança, doenças crônicas, IST, tuberculose, saúde bucal, saúde mental e indicadores globais Indicadores deixaram de se vincular ao PMAQ, assim o programa deixa de existir INCENTIVO PARA AÇÕES ESTRATÉGICAS: Custeio de ações, programa e estratégias como Programa Saúde na Hora e Equipe de Saúde Bucal, entre outras Medicina de Família e Comunidade – Amanda Longo Louzada 4 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA Considera as especificidades e prioridades em saúde, os aspectos estruturais das equipes e a produção em ações estratégicas em saúde Contempla o custeio de ações, programas e estratégias como: programa saúde na hora, equipe de saúde bucal, unidade odontológica móvel, centro de especialidade odontológicas, microscopista, equipe de atenção básica prisional, programa saúde na escola e programa academia da saúde CONDIÇÕES PARA TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS: Alimentação e atualização regular dos sistemas de informações Conselho de saúde instituído e em funcionamento Fundo de saúde instituído por lei, categorizado como fundo público em funcionamento Plano de saúde, programação anual de saúde e relatório de gestão submetidos aos respectivos conselhos de saúde SISAB: Sistema de informação criado exclusivamente para atenção básica Incorpora em sua formulação conceitos como território, problema e responsabilidade sanitária, completamente inserido no contexto de reorganização do SUS no país Alimentando pelo e-SUS AB: Sistema com coletas de dados simplificado Sistema com prontuário eletrônico do cidadão Aplicativos móveis para a captação dos dados coletados em ações fora da UBS ou ainda por sistemas terceiros, que apenas utilizam o sistema SUS AB para transmitir dados para o SISAB NÍVEIS DE PREVENÇÃO: Primária: A prevenção primária é marcada por ações focadas em impedir a ocorrência das doenças antes que elas se desenvolvam no organismo dos pacientes. Secundária: A prevenção secundária é essencial, uma vez que o diagnóstico precoce é fundamental para o êxito de tratamentos de várias doenças, muitas delas, fatais. Terciária: As ações que integram esse nível de prevenção se fazem necessárias ações para reduzir os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo ou crônico. Quaternária: Esse nível de prevenção é demandado com quando o paciente já está com a doença em estágio mais avançado. Nesse sentido, podemos definir a prevenção quaternária como sendo o conjunto de ações realizadas com o objetivo de evitar danos relacionados a intervenções médicas e de outros profissionais de saúde. Exemplo: hipermedicalização Ação feita para identificar uma pessoa ou população em risco de supermedicalização, para protege-los de uma intervenção médica invasiva e sugerir procedimentos científica e eticamente aceitáveis