Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 11/08 LABORATÓRIO DE IMAGEM Radiografia normal do tórax, PA e perfil (anatomia radiológica e qualidade da imagem). Diferenças das densidades na avaliação das estruturas anatômicas. POSICIONAMENTO DO PACIENTE AP (antero posterior) -> paciente de frente, o raio entra pelo peito e sai pelas costas. ❖ O raio não é linear, ele se abre. Logo, se estivermos em posição AP o raio irá bater e o coração ficará aumentado na placa -> isso é chamando de magnificado. PA (póstero posterior) -> paciente de costas, o raio entra pelas costas e sai pelo peito. ❖ Como o raio não é linear, se estivermos em posição PA, o raio irá bater e o coração irá ficar o mais fidedigno possível na placa. ! As radiografias devem ser solicitadas em PA, só se faz em AP se o paciente não tiver condições de realizar a radiografia em PA, como por exemplo os pacientes que estão no leito de UTI. Perfil -> o paciente fica de lado. Sempre deve ser solicitada. Quando realizamos o exame de perfil de um ponto que parece estar em determinado local, pode estar em local diferente, para sabermos, pedimos o exame com o paciente de lado – só pelo PA não consegue dizer onde está a lesão. Ao realizar o exame: ❖ Mão na cintura. ❖ “Joga o peito para frente” para retirar a escápula do lado superior dos pulmões, porque escápula é osso, osso é denso, denso é branco. Peça ao paciente para inspirar -> para saber se a inspiração foi feita de forma correta, ao pedir para inspirar o técnico deve conseguir ver de 9-10 pares de arcos costais. Com inspiração adequada: Laboratórios SOI III - Prova Prática Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Com inspiração inadequada: DENSIDADE RADIOLÓGICA ❖ Radiopacas/brancas -> sensibiliza pouco o filme. ❖ Radiotransparentes/pretas -> sensibiliza muito o filme (pulmão). ! Líquido possui densidade -> fica branco na radiografia. Estruturas pretas -> o raio ultrapassou o corpo e entrou em contato com o brometo de prata, modificando o filme. ❖ Ex.: pulmão contém muito ar, logo, o ar não é um impedimento para o raio, então o raio passa facilmente pelo pulmão, fazendo com que ele seja preto facilmente visível. Estruturas brancas -> o raio não chegou no filme (observa-se que os órgãos impediram que o raio chegasse no filme, os órgãos serviram de um escudo para esse raio). Se o raio não chegou, as estruturas irão ficar brancas. O osso é branco, denso, logo, é um empecilho para o raio, o qual não consegue chegar até o filme para sensibilizá-lo. Estruturas cinzas -> o raio queimou mais ou menos o brotamento de prata. Quanto maior o número anatômico/massa, mais empecilho será para o raio queimar o filme. Ou seja, quanto mais denso o material, menos feixe de raio irá passar, ficando mais branco. ! Iodo e bário possuem número anatômico muito alto, e estão disponíveis em forma líquida, com isso, são utilizados como meio de contraste em indivíduos para que seja possível facilitar a visualização de estruturas ausentes de conteúdo com número anatômico alto. PARÂMETROS TÉCNICOS Regime de dose (penetração do RX) -> com a dose adequada e boa penetração da radiação, é possível identificar a coluna vertebral apenas nas suas porções mais superiores (T1-T3). Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Alinhamento -> no exame centrado, as bordas mediais das clavículas têm a mesma distância para o centro da coluna dorsal. É importante que as escápulas estejam para fora dos campos pulmonares, de maneira simétrica, principalmente na posição PA. ❖ Radiografia rodada -> distorce a anatomia radiológica normal do tórax, podendo mascarar lesões ou criar falsas imagens. RADIOGRAFIA DO TÓRAX E ÍNDICE CARDIOTORÁCICO ! Há uma diferença dos homens para as mulheres -> em mulheres se tem mamas. É possível visualizar uma silhueta, deixando um pouco mais branco a região do contorno mamar. Além disso, pode haver o aparecimento de uma bolinha branca radiopaca que é o mamilo. Para saber se é o mamilo ou não, pode solicitar a avaliação em perfil. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Sinal da Silhueta -> quando conseguimos diferenciar duas estruturas devido a densidades diferentes. Se a estrutura perdeu a silhueta, há uma alteração patológica. ❖ I -> bordo cardíaco direito. ❖ II -> bordo cardíaco esquerdo. ❖ III -> hemidiafragma direito. ❖ IV -> hemidiafragma esquerdo. Índice cardiotorácico -> coração não pode ser maior que a metade do tórax. LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ADAPTAÇÕES CELULARES São alterações reversíveis em tamanho, número, fenótipo, atividade metabólica ou funções das células, em resposta a alterações do seu ambiente. Células musculares -> sintetizam mais proteínas e o número de miofilamentos aumenta. Isso aumenta a quantidade de força que cada miócito pode gerar. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Hipertrofia -> é o aumento do tamanho das células e, consequentemente, dos órgãos e de parte do corpo. As células hipertróficas têm aumento na síntese de suas estruturas subcelulares (organelas, citoesqueleto, etc.). Pode ser fisiológica (aumento na demanda funcional – hipertrofia muscular estriada esquelética no exercício), por estímulo hormonal (lactação) ou patológica (hipertrofia cardíaca devido à sobrecarga de pressão na HAS, estenose valvar, etc.). ❖ Aumento em TAMANHO. Hiperplasia -> é o aumento do número de células (proliferação) em um tecido/órgão. Pode ser fisiológica (ação hormonal na mama durante a lactação, e no útero durante a gravidez), compensatória (regeneração hepática após hepatectomia parcial) ou patológica (hipertireoidismo). ❖ Aumento em NÚMERO. Metaplasia -> alteração reversível onde um tipo de célula adulta, epitelial ou mesenquimal é substituída por outro tipo de célula. Ex.: metaplasia na mucosa gástrica devido à gastrite crônica, ou na mucosa do esôfago devido ao refluxo crônico gástrico-esofágico. ❖ Alteração no FENÓTIPO. Displasia -> refere-se ao crescimento não neoplásico desordenado, com alto potencial de transformação em neoplasias malignas. É uma alteração celular atípica que ainda não é câncer (é um fator de risco para o câncer). A célula ainda não tem capacidade de invadir tecidos adjacentes e virar metástase, mas se as mutações continuarem acontecendo, vira câncer. Neoplasia -> é um tumor que ocorre pelo crescimento anormal do número de células. Esse crescimento celular foge do controle do organismo e pode ser capaz de desencadear consequências graves. As neoplasias podem ser benignas/malignas. É um proliferação desordenada de células. VASO SANGUÍNEO Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Calibre -> a artéria tem parede mais espessa e a luz é mais estreita. A veia tem parede mais delgada e a sua luz é mais ampla. Espessura reativa das túnicas -> na maioria dos casos, as artérias têm a túnica média mais espessa que a sua túnica adventícia. Na maioria dos casos, as veias têm a túnica adventícia mais espessa que a túnica média. Outros critérios que auxiliam a diferenciação: ❖ As artérias têm uma lâmina elástica interna durante quase todo o seu trajeto, o que não existe nas veias. ❖ Muitas veias, sobretudo as dos braços e pernas, têm válvulas em um só sentido -> cada válvula é composta por duas abas (cúspides/folhetos) com bordas que se unem, abrindo-se quando o sangue flui para o coração e fechando-se na possibilidade de fluxo retrógado causado pela gravidade. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA LABORATÓRIO DE FARMACOLOGIA Reconhecer a rotina laboratorial do paciente hipertenso (perfil lipídico, glicemia, ureia, creatinina, potássio, ácido úrico, sumário de urina). A HAS é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados da PA. Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo(coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. As diretrizes de atendimento ao paciente hipertenso incluem recomendações de exames laboratoriais a serem solicitados aos indivíduos com HAS confirmada. Os exames a serem solicitados são: ❖ Ureia e creatinina ❖ Glicemia de jejum ❖ Colesterol total ❖ HDL ❖ Cálcio ❖ Potássio ❖ Triglicérides ❖ Hb glicada ! Não há necessidade de solicitar LDL ao paciente hipertenso, já que este pode ser calculado a partir do colesterol total e do HDL. Para um paciente com HAS descontrolada, os exames de ureia e creatinina são extremamente importantes, já que o rim é um dos órgãos-alvo da HAS. Logo, através da dosagem de ureia e creatinina, é possível avaliar se a função renal está adequada. ❖ Creatinina alta e ureia alta -> disfunção renal. ❖ Creatinina alta e ureia baixa -> não é disfunção renal. Há também uma relação entre HAS e DM, já que a HAS pode causar uma resistência à insulina. Além disso, são fatores de risco adicionais para HAS: ❖ Diabetes ❖ Colesterol alto (formação de placas de ateroma) ❖ Tabagismo ❖ Obesidade ❖ Sedentarismo Ao realizar exames em um paciente com HAS descontrolados, alguns exames podem estar alterados e outros normais: ❖ Glicose -> normal ❖ Corpos cetônicos -> normais ❖ Bilirrubina -> normal ❖ Urobilinogênio -> normal ❖ Nitrito -> normal ❖ Estearase leucocitária -> normal ❖ Piócitos -> normais ❖ Flora bacteriana -> normal ❖ Proteína -> alterada ❖ Hemoglobina -> alterada ❖ Hemácias -> alterada ❖ Cristais -> alterados ❖ Cilindros -> alterados Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 18/08 LABORATÓRIO DE IMAGEM Dilatação do arco aórtico. Na radiografia, a artéria aorta fica na linha média paraesternal esquerda. Geralmente, não é possível visualizar a aorta ascendente. Observe-se a aorta se projetando logo atrás do coração. ❖ Aorta ascendente -> quando cresce para a direita e tampa o hilo. ❖ Aorta descendente -> quando cresce para a esquerda e tampa o hilo. Quando a dilatação da aorta é > 50% -> aneurisma. Quando a dilatação é < 50% -> ectasia. Na imagem a seguir, é possível visualizar uma aorta ectasiada. Além disso, se percebe que a artéria aorta ascendente está tampando os hilos pulmonares direito. No aneurisma de aorta, é indicado procurar sempre a parte mais dilatada. ❖ 1º ramo -> artéria carótida. ❖ 2º ramo -> carótida comum esquerda. ❖ 3º ramo -> subclávia esquerda. Quando há aneurisma ou dissecção aórtica, podem ser visualizadas alterações na radiografia de tórax, como: ❖ Mediastino alargado > 8,8cm ao nível do botão aórtico. ❖ Contorno aórtico duplo. ❖ Contorno aórtico irregular. ❖ Deslocamento medial de calcificação aterosclerótica (>1cm da margem aórtica). ❖ Desvio das estruturas mediastinais (principalmente da traqueia). Aterosclerose -> acúmulo (placas) de gordura. A gordura tende a acumular mais onde o sangue “faz a curva”, como por ex. no arco aórtico, mais especificamente no botão aórtico. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Na aterosclerose, há um enfraquecimento da parede do vaso. Em um paciente hipertenso, por exemplo, esse vaso pode romper devido a altas pressões. Alargamento do mediastino superior – 5TS: ❖ Teratoma ❖ Timoma ❖ Tireoide mergulhante ❖ Terrível linfoma ❖ Toracic aorta Na imagem ao lado, vemos um perfil do paciente com linha radiopaca (branca) bem na silhueta da aorta descendente, isso é ateroma, placa de gordura, calcificação. Além disso, percebe-se também que ela está tocando lá atrás na coluna do paciente, ela está alongada, tortuosa. Setas no próximo Raio-X: ❖ 01 – Alargamento do mediastino superior à direita (bócio mergulhante). ❖ 02 – Alargamento da aorta descendente. ❖ 03 – Proeminência/ectasia do arco aórtico e aorta descendente, com ateroma cálcica. ❖ Aumento do VD. ❖ Índice cardiotorácico. LABORATÓRIO DE PATOLOGIA CONCEITOS CELULARES Lesão celular é quando a célula não consegue se adaptar ao novo meio. ❖ Adaptação fisiológica -> em resposta a estímulos normais de hormônios ou mediadores químicos endógenos ( Ex.: aumento da mama na puberdade e aumento do útero na gestação). ❖ Adaptação patológica -> resposta ao estresse que permite que as células mudem sua estrutura e função para “escapar” de lesões. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Hipertrofia -> órgão hipertrofiado não possui novas células, apenas células maiores. Atinge um limite (principal limitador: aporte sanguíneo para o órgão) quando o aumento da massa muscular não pode mais compensar a sobrecarga. Caso o estresse não seja acentuado, a hipertrofia pode evoluir para uma lesão funcional. O estímulo mais comum para a hipertrofia do músculo é o aumento da carga de trabalho. Atrofia -> adaptação celular causada pela diminuição da carga de trabalho. Perda da inervação do músculo. Atrofia é controlada, sendo ela patológica ou não. Hiperplasia -> se os sinais que iniciam a hiperplasia cessam, ela também acaba. É isso que diferencia as hiperplasias patológicas benignas de um câncer, onde os mecanismos de controle estão desregulados. Um exemplo de hiperplasia é a fisiológica hormonal na gestação. Hiperplasia patológica do tecido linfoide: Hiperplasia patológica induzida por hormônio: Hiperplasia nodular benigna da próstata (patológica): Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ❖ Observa-se nodulação crescente comprimindo estruturas adjacentes -> CA não é comum fazer isso, já que ele forma nódulos/efeito de massa – invade as células adjacentes. Displasia -> não é uma adaptação celular e ainda não é câncer. É uma condição de transformação de tecidos relacionada a alterações genéticas e externas. “Não é a mesma coisa que câncer, mas em alguns tecidos representa uma alteração que pode evoluir para uma neoplasia”. LESÃO CELULAR ❖ Reversível -> alterações celulares patológicas que podem ser restauradas à normalidade se o estímulo for retirado ou se a causa da lesão não for grave. ❖ Irreversível -> o estímulo excede a capacidade de a célula se adaptar e denota alterações patológicas permanentes que causam a morte celular. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA São causas de lesão celular: ❖ Agentes físicos ❖ Agentes infecciosos ❖ Privação de oxigênio ❖ Reações imunológicas ❖ Desequilíbrios nutricionais ❖ Agentes químicos e drogas ❖ Defeitos genéticos MORTE CELULAR Necrose -> indica a morte celular ocorrida em um organismo vivo seguida de alterações autolíticas. Pode atingir células isoladas, áreas de um tecido/órgãos inteiros. Tecido necrótico = tecido morto. Autólise -> digestão de um tecido morto por suas próprias enzimas. Vale tanto para um tecido necrótico num organismo vivo como para a decomposição do organismo após a morte. Necrofaneose -> picnose (retração e adensamento do núcleo, com perda da individualidade dos grânulos de cromatina) e cariorrexe (fragmentação do núcleo picnótico). Necrose Coagulativa -> permanência das células necróticas no tecido como restos “fantasmas”. São removidos lentamente por fagocitose. Necrose Caseosa -> é uma variedade de necrose coagulativa que ocorre na TB, embora não seja exclusiva desta. O termo caseoso é macroscópico e indica aspecto semelhante a queijo mineiro ou ricota. Está muito relacionada à TB e há um “aprisionamento” dos agentes infecciosos. É uma área homogênea ou finamente granulosa e de cor rósea forte, geralmente circundada por granulomas. A tendência da necrose caseosa é calcificar-se, ou pode ser eliminada para o exterior por vias naturais (como os brônquios, no caso do pulmão). A cavidade que resulta chama-se caverna. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Necrose Gangrenosa-> é uma forma especial de necrose isquêmica em que o tecido necrótico sofre modificação por agentes externos como o ar ou bactérias. Necrose Fibrinoide -> ocorre tipicamente nas paredes das artérias, quando imunocomplexos reagem com a fibrina extravasada dos vasos, formando uma aparência amorfa róseo- brilhante (semelhante à fibrina). Necrose Gomosa -> é uma variedade de necrose por coagulação na qual o tecido necrosado assume aspecto compacto e elástico como borracha (goma), ou fluido e viscoso como goma arábica. É encontrada na sífilis tardia. Apoptose -> morte celular programada. É controlada. Ex.: processo embriogênico; hiperplasia do endométrio. Causas da apoptose: Mecanismos da apoptose: ❖ Caspases -> enzimas que clivam numerosos alvos culminando na ativação de nucleases que degradam DNA e nucleoproteínas. Elas também degradam componentes da matriz e do citoesqueleto, promovendo fragmentação. ! P53 -> tenta “concertar” a célula se não consegue induzir a apoptose através das Caspases (guardião do genoma). LABORATÓRIO DE FARMACOLOGIA ANTI-HIPERTENSIVOS O tratamento da HAS visa, em última análise, a redução da morbimortalidade. Há evidências científicas através de estudos clínicos de desfechos que mostram benefícios do tratamento. Com base nas informações disponíveis, a proteção observada não depende do tipo de fármaco empregado, mas fundamentalmente da redução da PA. Desde que exista indicação de tratamento com medicamentos, o paciente deverá ser orientado sobre a importância do uso contínuo, de eventual necessidade de ajuste de doses, da troca ou associação de medicamentos e do eventual aparecimento de efeitos adversos. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO DA HAS Tabagismo -> é um dos principais fatores de risco cardiovascular, apresentando potencial considerável de causar dano, como aceleração de processos aterotrombóticos e elevação temporária da PA. Não há evidências de efeito benéfico da cessação do tabagismo sobre o controle da HÁ. Medicamentos para a cessação do tabagismo são eficazes para ajudar os fumantes a pararem de fumar. Padrão alimentar -> padrões alimentares saudáveis têm sido associados à redução da PA. Esse efeito é atribuído ao maior consumo de frutas, hortaliças, laticínios com baixo teor de gordura e cereais integrais, além do consumo moderado de oleaginosas e redução no consumo de gorduras, doces e bebidas com açúcar e carnes vermelhas. ! O efeito hipotensor depende mais do padrão da dieta do que dos seus componentes individuais. Sódio da dieta -> ingestão de sódio se associa diretamente à elevação da PA, e a restrição do mesmo tem um efeito hipotensor. Potássio -> dietas com alto teor de sódio geralmente possuem baixo teor de potássio, as quais estão associadas à maior incidência de HÁ. É sugestivo a substituição do sal de cozinha à base de cloreto de sódio por apresentações de sal com baixo teor de sódio e elevado de potássio, os quais resultam em redução da PA. Laticínios -> apesar de serem ricos em ácidos graxos saturados, podem conter constituintes com potencial efeito benéfico, como a proteína do soro do leite, fosfolipídeos da membrana dos glóbulos de gordura, cálcio, magnésio, potássio, probióticos e vitaminas K. Chocolates e produtos com cacau -> uma metanálise evidenciou redução nas pressões sistólica e diastólica com o consumo aumentado de produtos com cacau. Café e produtos com cafeína -> café possui compostos bioativos como polifenóis, que podem favorecer a redução da PA. Cafeína é capaz de elevar agudamente a PA por mais de 3hs, mas o consumo regular leva à tolerância. Vitamina D -> o papel da vitamina D no controle da PA ainda não está estabelecido. Porém, existem estudos que sugerem que a deficiência dessa vitamina está associada à elevação da PA ou maior incidência da hipertensão. Por outro lado, estudos com suplementação de vitamina D apresentam resultados inconsistentes. Perda de peso -> ganho de peso apresenta um efeito hipertensor. Há uma relação linear entre PA e índices de obesidade, logo, pacientes sobrepeso ou obesos apresentam maior risco de desenvolverem doenças cardiovascular. Consumo de bebidas alcoólicas -> o consumo abusivo de bebidas está relacionado com maior prevalência da HA. Indivíduos que bebem mais de 2 drinques por dia, quando reduzem esse consumo, tem-se redução da PA. Essa redução não é evidente em indivíduos que bebem 6 drinques ou mais por dia. Atividade física e exercício -> prática regular de AF diminui a incidência de HA. Hipertensos que alcançam as recomendações de prática de AF para a saúde apresentam uma redução de 27-50% no risco de mortalidade. O tratamento aeróbico possui efeito comprovado na redução da PA de consultório e ambulatorial. ! Para a prescrição de AF e EF leves a moderados em indivíduos sem doença cardíaca, cerebrovascular ou renal, pode-se prescindir de uma avaliação médica prévia. Caso surjam sintomas durante a prática, deve-se interromper a atividade e procurar o médico. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DIURÉTICOS (DIU) Principais: ❖ Ácido etacrínico ❖ Amilorida ❖ Bumetanida ❖ Clortalidona ❖ Esplerenona ❖ Espironolactona ❖ Furosemida ❖ Hidroclorotiazida ❖ Indapamida ❖ Metolazona ❖ Torsemida ❖ Triantereno Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Mecanismo de ação: Apresentam efeito natriurético e diurético, ou seja, reduzem a PA por meio da perda de sódio e água, acarretando na diminuição do volume sanguíneo e diminuição do DC. Em tese, abaixam a pressão sanguínea diminuindo o volume vascular, ou seja, através da diminuição da reabsorção renal de sódio e do aumento da excreção de sal e água. Diuréticos Tiazidas -> diminuem a PA por aumentar a excreção de sódio e água, causando redução no volume extracelular, acarretando em uma diminuição do DC e do fluxo sanguíneo renal. São recomendados para associação com uma série de outras classes de anti-hipertesivos. ❖ Alguns tiazidas -> clortalidona e hidroclorotiazida. Uso preferencial de clortalidona, estudos comprovam que ele é mais eficaz que a hidroclorotiazida em virtude da meia vida. Diuréticos de Alça Henle -> diminuem drasticamente a reabsorção de sódio. Utilizados geralmente em pacientes com hipertensão grave, porém, quase nunca utilizados sozinhos. Uso preferencial de furosemida quando utilizamos outras medicações com propriedades de retenção de sódio. ❖ DIU de alça -> furosemida, bumetanida. Diuréticos antagonistas da aldosterona (poupadores de potássio) -> pacientes com IC utilizam esse tipo de diurético, pois além de pouparem o potássio sanguíneo também atuam como natriurético (excreção de água). Geralmente, utiliza-se esses diuréticos poupadores de potássio em associação com as tiazidas e os diuréticos de alça para tentar reduzir a espoliação (“retirada”) do potássio. ❖ DIU poupador de potássio -> espironolactona, amilorida. ! DIU de Henle, como a furosemida, causa uma excreção severa de líquido corporal, o que pode gerar a perda excessiva de potássio. Com isso, utiliza-se a associação de DIU de Henle + DIU poupador de potássio para tentar segurar parte essencial desse potássio no corpo. Efeitos adversos: com exceção dos poupadores de potássio, o efeito colateral mais comum é a perda excessiva de potássio (hipopotassemia). Além disso, aumentam a concentração de ácido úrico, podendo causar gota. Aumentam a perda de magnésio (hipomagnesemia), podendo comprometer a tolerância à glicose. BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO (BCC) Principais: ❖ Anlodipino ❖ Clevedipino ❖ Diltiazem ❖ Felodipino ❖ Isradipino ❖ Nicardipino ❖ Nifedipino ❖ Nisoldipino ❖ Verapamil Mecanismo de ação: Bloqueiam os canais de cálcio na membrana das células musculares das arteríolas, o que irá reduzir a disponibilidade desse cálcio no meio intracelular, diminuindo a resistênciavascular periférica por vasodilatação. Em tese, eles inibem o movimento de cálcio para dentro das células cardíacas, como sugere o próprio nome. ! Cálcio entra nas células através dos canais de cálcio de voltagem. Os BCC bloqueiam a entrada de cálcio, logo, isso causa um relaxamento do músculo liso vascular, dilatando principalmente as arteríolas. ❖ BCC não dilatam veias! Di-hidropiridínicos -> atuam como vasodilatador predominante sem alterar com tanta força a FC. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ❖ Alguns di-hidropiridínicos -> anlodipino, nifedipino, fenodipino, manidipino, levanlodipino, lercanidipino, lacidipino. ! Todos os di-hidropiridínicos apresentam muito mais afinidade pelos canais de cálcio vasculares do que pelos canais de cálcio do coração, sendo assim, são benéficos para o tratamento da HA. Não di-hidropiridínicos -> possuem um efeito vasodilatador menor, diminui consideravelmente a FC tendo possíveis causas de arritimias. ❖ Alguns não di-hidropiridínidos -> benzodiazepinas. INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (IECA) Principais: ❖ Benazepril ❖ Captopril ❖ Enalapril ❖ Fosinopril ❖ Lisinopril ❖ Moexipril ❖ Perindopril ❖ Quinapril ❖ Ramipril ❖ Trandolapril Mecanismo de ação: Em tese, os IECA inibem a conversão da angiotensina I em angiotensina II bloqueando a enzima conversora. Os efeitos causarão diminuição de: Vasoconstrição (diminui RVP, gerando maios vasodilatação), aldosterona (menor retenção de sódio e água), o fluxo sanguíneo intrarrenal e a taxa de filtração glomerular. São indicados como tratamento de primeira escolha contra HA em pacientes com uma variedade de indicações, incluindo riscos altos de doenças coronárias ou história de DM, AVE, IC, infarto do miocárdio ou doença renal crônica. ! Se a aldosterona está sendo inibida, logo, pode gerar no paciente uma hipercalemia. IECAs são fármacos de 1ª linha para pacientes com: ❖ Nefropatia diabética, devido a vasodilatação da arteríola aferente. ❖ Pacientes com infarto do miocárdio e com disfunções sistólicas. ❖ Pacientes com hipertrofia ventricular -> o uso crônico de IECAs pode resultar em uma diminuição dessa hipertrofia. ❖ Pacientes com IC e com doença renal crônica. ❖ Pacientes com risco elevado de doença arterial coronariana. Efeitos adversos: tosse seca, hiperpotassemia (sobretudo nos diabéticos). Uso é contraindicado na gravidez pelo risco de complicações fetais. BLOQUEADOR DO RECEPTOR DE ANGIOTENSINA (BRA) Principais: ❖ Alisartana medoxomil ❖ Candesartana ❖ Eprosartana ❖ Irbesartana ❖ Losartana ❖ Olmesartana ❖ Telmisartana ❖ Valsartana Mecanismo de ação: Maria Luiza Sena – Med XIV FASA São medicações alternativas aos IECAs, onde reduzem a pressão sanguínea por meio do bloqueio da ligação de angiotensina II no recepto AT1, o que geraria um aumento de aldosterona e de vasoconstrição. ! Não faz associação de BRA e IECAs devido a similaridade de mecanismos. BETABLOQUEADORES (BB) Principais: ❖ Acebutolol ❖ Atenolol ❖ Betaxolol ❖ Bisoprolol ❖ Carvedilol ❖ Esmolol ❖ Labetalol ❖ Metoprolol ❖ Nadolol ❖ Nebivolol ❖ Penbutolol ❖ Pindolol ❖ Propanolol ❖ Timolol Mecanismo de ação: Diminuem a FC e o DC (receptores B1), diminuindo a liberação de renina (receptores B1), logo, diminui o mecanismo de renina-angiotensina-aldosterona. Com essa adaptação, nós temos a diminuição das catecolaminas (receptores B2). Existem basicamente 3 tipos de beta-adrenérgicos que se diferenciam pela sua ligação aos receptores: Não seletivos -> não selecionam apenas 1 receptor, logo, bloqueia o receptor Beta1 (responsável pelo miocárdio) e o Beta2 (responsáveis pelo músculo liso, vasos sanguíneos e outros órgãos). ❖ Alguns não seletivos -> propanolol, nadolol, pindolol. Cardiosseletivos -> bloqueiam preferencialmente os receptores Beta1-adrenérgicos. ❖ Alguns cardiosseletivos -> atenolol, metoprolol, bisoprolol e o nebivolol (o mais cardiosseletivo). Efeitos adversos: Bradicardia, vasoconstrição periférica, astenia e disfunção sexual. Os BB são contraindicados para pacientes com asma e DPOC. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 25/08 LABORATÓRIO DE I MAGEM Compreender a avaliação das radiografias de tórax em pacientes com ICC (avaliação do índice cardiotorácico e dilatação das câmaras cardíacas). Para avaliar completamente as doenças cardiopulmonares é preciso estudar o coração, os vasos pulmonares, os pulmões e o espaço pleural. Na radiografia ao lado, no contorno esquerdo, há 4 protuberâncias: ❖ 01 -> Arco aórtico ❖ 02 -> Tronco da pulmonar ❖ 03 -> Átrio esquerdo ❖ O4 -> Ventrículo esquerdo Na imagem ao lado, percebe-se um aumento da câmara cardíaca direita, como não vemos VD nessa radiografia, esse aumento está associado ao AD. ❖ Quando o coração cresce para a direita, o que cresce é o átrio direito. ! A borda direita do coração é formada pelo AD. O VD não forma uma borda lateral na incidência frontal. Acima da borda direita do coração está a aorta ascendente. ❖ Aorta ascendente -> anterior e superior ao coração. ❖ Parte posterior do coração -> AE e VE (coração esquerdo). ❖ Borda direita (incidência frontal – PA) -> AD. Na imagem ao lado: ❖ Átrio esquerdo está aumentado (projetado lateralmente e posteriormente). ❖ Na radiografia frontal, o átrio esquerdo está em uma projeção convexa, já que está aumentado (ele deveria estar côncavo). Maria Luiza Sena – Med XIV FASA É mais difícil detectar o aumento do VD. Na incidência frontal, o VD normal projeta-se ligeiramente à direita da coluna vertebral, já num VD alargado essa projeção será maior. No perfil, o VD alarga- se anteriormente e superiormente. O coração normal tem contato com o terço inferior do esterno, enquanto o coração alargado tem contato com a metade inferior. Na imagem ao lado: ❖ Aumento do índice cardiotorácico. ❖ Pequeno aumento no tronco da pulmonar. ❖ Átrio esquerdo está maior. ❖ Ventrículo direito e átrio direito estão maiores. ! Quando pensamos em um aumento do índice cardiotorácico, deve-se pensar também em um aumento do ventrículo esquerdo. Na imagem ao lado, há provavelmente um IC esquerda e a cardiomegalia dá-se em razão de uma valvopatia. Na imagem abaixo: ❖ Coração aumentado. ❖ Arco da aorta aumentado. ❖ Tronco da artéria pulmonar aumentado. ❖ Aumento de VE e AE, bem como de VD e AE. ❖ Aorta descendente aumentada. Trata-se de uma congestão pulmonar. No outro exame, há um leve aumento do arco aórtico, porém é um exame normal. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA IMPORTANTE: ❖ Na incidência frontal, a borda direita do coração representa somente o átrio direito. Na incidência frontal, o átrio esquerdo é côncavo. ❖ O coração pode estar aumentado devido a doença cardíaca intrínseca ou devido ao acúmulo de líquido pericárdico. Infelizmente, as radiografias não permitem a distinção entre a imagem cardíaca aumentada e a presença de derrame pericárdico -> muitos preferem o termo “silhueta cardíaca” e “área cardíaca” por esse motivo. ❖ Se o átrio esquerdo aumentar se projetará lateralmente e posteriormente. Na radiografia frontal sua margem se tornará convexa. ❖ Se o ventrículo esquerdo estiver aumentado na incidência PA, a borda inferior esquerda do coração se deslocará lateralmente e o ápice cardíaco se deslocará inferiormente. Na radiografia em perfil, o coração projeta-se posteriormente e inferiormente. ----> LATERAL <------ MEDIAL Para cima, considera-se crânio e para baixo caudal. Sinal do Duplo Contorno Há alguns sinais de aumento de AE que podem ser observados na radiografia de tórax em PA. O primeiro é o sinal do duplo contorno. Normalmente vemos do lado direito da coluna do paciente (portanto a nossa esquerda na radiografia) apenas AD.Contudo, em casos de aumento do AE, este pode crescer por trás do AD e aparecer um duplo contorno nesta região. Na imagem abaixo as bordas do AD são identificadas pelas setas em azul e as bordas do AE pelas pequenas setas em laranja. Sinal da Bailarina “Dissecando” os sinais de aumento do átrio esquerdo que podemos ver na radiografia dessa paciente com estenose mitral. ❖ Seta vermelha - quarto arco a esquerda. ❖ Seta amarela - elevação de brônquio fonte esquerdo (sinal da bailarina). ❖ Setas azuis - duplo contorno. Há uma linha mais branca no meio da foto que é a borda do átrio esquerdo e mais lateralmente uma menos clara que é a borda do átrio direito. LABORATÓRIO DE PATOLOGIA DOENÇA DE CHAGAS Maria Luiza Sena – Med XIV FASA MORFOLOGIA – DOENÇA AGUDA Grupo de amastigotas causam aumento de fibras miocárdicas individuais e criam pseudocistos intracelulares. Ocorre necrose focal acompanhada de infiltrado inflamatório intersticial extenso, denso e agudo por todo o miocárdio. Pode causar dilatação das 4 câmaras cardíacas. A fase aguda da miocardite chagásica é caracterizada por intenso parasitismo dos miocardiócitos, sendo fácil a observação de ninhos de T. cruzi que aparecem como diminutos pontos basófilos no interior das fibras do miocárdio. Com objetiva de imersão é possível, em alguns parasitas, distinguir o blefaroplasto, ou seja, o corpúsculo citoplasmático que dá origem ao flagelo. O conjunto de núcleo e blefaroplasto lembra um ponto e vírgula. No interstício, há intenso infiltrado inflamatório misto, predominantemente de células mononucleares, mas também de alguns neutrófilos. ! O coração apresenta alterações de maior ou menor intensidade; com relativa frequência, porém, a exteriorização clínica, radiológica ou eletrocardiográfica desse acometimento é pouco expressiva, não guardando paralelismo com os achados histológicos; podem, inclusive, faltar. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA MORFOLOGIA – DOENÇA CRÔNICA Coração dilatado (moringa), arredondado e aumentado. Frequentemente existem trombos murais que, em cerca de metade dos casos de autópsia, deram origem à êmbolos/infartos. Há hipertrofia do miocárdio ventricular; mas esta está mascarada pela dilatação. Na ponta, há característico afinamento do músculo cardíaco, que pode ficar reduzido a espessura de papel e até formar um aneurisma de ponta. Pode haver trombose neste local ou em áreas do coração, secundária a turbilhonamento e lesão do endocárdio no processo inflamatório crônico. A cardiopatia chagásica crônica (CCC) é a forma clínica sintomática mais prevalente da doença de Chagas, responsável pela elevada carga de morbimortalidade, com grande impacto social e médico-trabalhista. Na doença crônica, não tem amastigota na lâmina, mas no organismo eles ainda existem (por isso a reativação). São característicos a fibrose do miocárdio e o infiltrado inflamatório crônico inespecífico, composto por linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Há também intensa hipertrofia das fibras miocárdicas, para compensar as que sofreram necrose após parasitismo pelo T. cruzi. Nesta fase da doença, não se observam ninhos de amastigotas, característicos da fase aguda. Com métodos imunohistoquímicos e procura cuidadosa, é possível demonstrar alguns amastigotas isoladas. Recentemente, tem sido consolidada a noção de que a patogenia da agressão miocárdica na fase crônica da doença de Chagas depende principalmente da persistência parasitária e da resposta do sistema imunológico desfavorável a esse estímulo infeccioso incessante. FARMACOLOGIA EXAME LABORATORIAL DA DOENÇA DE CHAGAS A doença de Chagas é transmitida quando o barbeiro pica uma pessoa/animal infectado, que então pica outra pessoa. Enquanto picam, os insetos infectados depositam na pele as fezes contendo tripomastigotas metacíclicos. Essas formas infecciosas entram pela lesão da picada ou penetram na conjuntiva ou nas membranas mucosas. Os parasitas invadem macrófagos no local de entrada, transformam-se em amastigotas que se multiplicam por divisão binária e são liberados como tripomastigotas no sangue e em espaços teciduais, onde infectam outras células. A doença de Chagas pode ser classificada de acordo com o tempo de infecção: ❖ Aguda -> 4-12 semanas ❖ Crônica -> acima de 12 semanas Os exames laboratoriais solicitados para a doença de Chagas são: ELISA direta e indireta, hemocoagulação e imunofluorescência. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA O exame de pesquisa em sangue periférico ou gota espessa mostra a presença do parasita no sangue, sendo que, ele deve ser solicitado na fase aguda, que é a fase que o parasita ainda está lá. No diagnóstico sorológico na fase crônica da doença de Chagas devem ser feitos dois exames diferentes e ambos devem ser reagentes para que o resultado seja positivo. Se um reagir e o outro exame não reagir, o exame deve ser repetido. Os testes imunológicos oferecem facilidade de execução e resultados em curtos prazos de tempo, diferentemente dos métodos parasitológicos mencionados. Estes testes baseiam-se principalmente na presença de IgG e IgM específicos, que começam a surgir na 2ª ou 3ª semana após a infecção e permanecem detectáveis durante toda a fase crônica. HEMAGLUTINAÇÃO Consiste numa reação muito simples, rápida e sensível na detecção de anticorpos anti- T. cruzi no soro de indivíduos infectados. Baseia-se na aglutinação de hemácias de carneiro, recobertas com antígenos citoplasmáticos de T. cruzi em presença de soro que contenham anticorpos para este parasita. Havendo anticorpos anti-antígenos de T. cruzi, os mesmos formarão ligações entre as hemácias, interagindo com os antígenos na sua superfície. Assim visualmente ocorrerá a formação de um manto nas placas de microtitulação. Geralmente é mais comum se encontrar títulos altos (superiores a 128), nos meses iniciais da infecção, podendo permanecer nestes níveis por anos. Em casos de infecções muito recentes (30-45 dias), a hemaglutinação pode gerar resultados negativos. IMUNOFLUORESCÊNCIA DIRETA O antígeno é preparado com formas epimastigotas de T. cruzi, que são coletadas da cultura em meio LIT na fase exponencial de crescimento, lavados e fixados em solução de formol, paraformaldeído e/ou liofilizado. Os anticorpos do soro de pacientes são colocados sobre uma lâmina contendo antígenos de T. cruzi. Os anticorpos anti-T. cruzi são revelados com o uso de anticorpos anti-imunoglobulina humana conjugados a fluoresceína e observados ao microscópio de fluorescência. O uso deste método se deve principalmente por suas vantagens: relativa facilidade de se obterem reações padronizadas, alta sensibilidade, regularidade dos resultados e a possibilidade de processamento simultâneo de um grande número de amostras. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ELISA Esta técnica consiste em detectar anticorpos contra o parasita através da utilização de um segundo anticorpo conjugados a enzimas, que em presença de substratos específicos geram produtos coloridos, cuja quantificação é feita espectrofotometricamente. Este método oferece alta sensibilidade, utilização de baixas quantidades de soro, processamento simultâneo de várias amostras e finalmente fácil uso em trabalhos realizados em campo. Um dos principais problemas neste teste é a presença de reações falso-positivas, onde o valor da densidade óptica lida no espectrofotômetro fica muito próximo a linha de corte entre a amostra positiva e negativa. WESTERN BLOT Nesta técnica o antígeno de T. cruzi é submetido à eletroforese em gel de poliacrilamida, para resolução das proteínas segundo o critério de massa molecular. Após transferência do material fracionado em gel para membranas de nitrocelulose, segue-se como no procedimento da reação antígenoanticorpo semelhanteao método de ELISA. Os soros são colocados sobre as fitas de nitrocelulose e no caso de uma reação positiva haverá o aparecimento de bandas características. 01/09 LABORATÓRIO DE IMAGEM Achados no ECG normal e nas alterações isquêmicas. ❖ Onda P -> despolarização atrial. ❖ Complexo QRS -> despolarização ventricular. ❖ Onda T -> deflexão após a repolarização ventricular. ❖ Onda U -> potenciais tardios (pode ocorrer em condições normais). DERIVAÇÕES NO ECG ❖ D1, D2 e D3 ❖ AVF, AVL e AV Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ❖ V1, V2, V3, V4, V5 e V6 Essas derivações proporcionam uma melhor visualização das paredes cardíacas. Logo, se deve posicionar o mais correto possível para que aumente a área de visualização das paredes. DERIVAÇÕES FRONTAIS ❖ Eletrodos colocados nos braços e pernas. ❖ D1, D2 e D3 -> triângulo de Eithoven. ❖ AVF, AVL e AVR POSICIONAMENTO DO ELETRODO Amarelo e verde -> braço e perna esquerda (verde remete a “grama”, logo, verde fica no pé que está mais próximo da grama). Vermelho e preto -> braço e perna direita (preto remete a “terra”, logo, preto fica no pé que está mais próximo da terra). DERIVAÇÕES PRECORDIAIS – HORIZONTAIS ❖ V1, V2, V3, V4, V5 e V6 ❖ V1 -> 4º espaço intercostal – linha paraesternal direita. ❖ V2 -> 4º espaço intercostal – linha paraesternal esquerda. ❖ V3 -> vai depender da conformação anatômica do paciente. Muito magro ou obeso? Coloca primeiro o V4 e depois o V4 – coloca entre o V4 e o V2. ❖ V4 -> 5º espaço intercostal – linha hemiclavicular direita. ❖ V5 -> 5º espaço intercostal – linha axilar anterior. ❖ V6 -> 5º espaço intercostal – linha axilar média. ALTERAÇÕES ISQUÊMICAS NO ECG ❖ Onda T -> apiculada e simétrica. ❖ Onda T -> inversão e simetria. ❖ Segmento ST -> supra ou infradesnivelamento (injúria). ❖ Onda Q patológica -> > ou igual 1/3 do complexo QRS e maior que um quadrinho (infarto). ! Infarto de parede: derivações adicionais (V3R e V4R – VD) e V7, V8 (parede posterior). As alterações sugestivas de pericardite acontecem no ritmo, no intervalo PR, no segmento ST e na onda T, variando de acordo com a fase da pericardite. Alterações no ritmo variam de taquicardia sinusal até arritmias atriais diversas. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Outras alterações incluem baixa amplitude do QRS (presença de derrame pericárdico) e alternância na amplitude e morfologia do QRS (derrame pericárdico volumoso com sinais de tamponamento cardíaco). SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA) Composta por: ❖ Angina instável ❖ ECG com e sem supra de ST ! Na angina instável, não houve rompimento da placa aterosclerótica. Exames: biomarcadores + ECG. Sintomas (apresentação típica): dor precordial, constritiva, irradiação para membro superior esquerdo ou mandíbula. Agrava com o esforço. Pode haver também esforço respiratório, sudorese, fraqueza e ansiedade (idosos, DM, mulheres). LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ATEROSCLEROSE Processo inflamatório. A OMS define aterosclerose como doença das artérias de grande/médio calibre, caracterizada por alterações da íntima, representadas por acúmulo de lipídios, carboidratos complexos, componentes do sangue, células e material intercelular. A aterosclerose é a causa mais comum de trombose de importância clínica, sendo responsável pelo IAM e grande parte dos infartos cerebrais, entre outros. O espessamento leva à redução variável do diâmetro da luz, até obliteração. O espessamento pode ser difuso/localizado, formado placas. Estas são chamadas placas de aterosclerose, placas ateromatosas ou ateromas. Nas placas, é comum a deposição de lípides, inclusive cristais de colesterol. Os lípides têm cor amarela e consistência mole, por isso o centro da placa frequentemente tem aspecto de papa, o que origina o nome da lesão. Também é comum a calcificação, que no corte aparece como material amorfo de cor roxa. Se a calcificação (fibrose) for intensa, dá consistência quebradiça à artéria, lembrando casca de ovo. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Fluxo sanguíneo laminar -> é uniforme e organizado. O fluxo próximo às paredes dos vasos (periferia) é muito lento devido ao atrito entre o líquido e a parede, enquanto que o fluxo no centro do vaso é muito rápido. O fluxo laminar é observado na maior parte dos vasos sanguíneos. Fluxo sanguíneo turbulento -> é desorganizado e ocorre nos vasos sanguíneos quando há alguma distorção/obstrução (placa aterosclerótica), ou quando a velocidade do sangue ultrapassa 40 cm/s. Passos da formação da placa de ateroma: ❖ Lesão endotelial e consequente disfunção endotelial, causando aumento da permeabilidade, adesão leucocitária e trombose. ❖ Acúmulo de lipoproteínas (principalmente LDL oxidada e cristais de colesterol na parede dos vasos). ❖ Adesão plaquetária. ❖ Adesão de monócitos ao endotélio, migração para a íntima e diferenciação em macrófagos e células espumosas. ❖ Acúmulo de lipídios no interior dos macrófagos, com liberação de citocinas inflamatórias. ❖ Recrutamento de células musculares lisas devido aos fatores liberados pela ativação de plaquetas, macrófagos e células da parede vascular. ❖ Proliferação de células musculares lisas e produção de MEC. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Progressão da lesão aterosclerótica em uma artéria ao longo do tempo: camada de gordura -> placa intermediária -> placa -> placa obstrutiva -> erosão e trombose. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) Maria Luiza Sena – Med XIV FASA LABORATÓRIO FARMACOLOGIA MARCADORES DE INJÚRIA CARDÍACA Os marcadores bioquímicos são úteis para auxiliar tanto no diagnóstico quanto no prognóstico de pacientes com IAM. O conjunto dessas macromoléculas liberadas para a corrente sanguínea tem sido denominado de marcadores bioquímicos de lesão miocárdica. Quando as células miocárdicas são irreversivelmente danificadas, suas membranas celulares perdem a integridade, as enzimas se difundem no interstício e vão para os linfáticos e capilares. Após lesão miocárdica, a cinética dos marcadores depende de diversos fatores: do compartimento intracelular das proteínas, do tamanho das moléculas, dos fluxos regionais linfático e sanguíneo e da taxa de depuração do marcador. São esses fatores, em conjunto com as características de cada marcador, que diferenciam o desempenho diagnóstico de cada um para IAM. CREATOQUINASE MB (CK-MB) Apresenta como principal limitação elevar-se após dano em outros tecidos não cardíacos (falsos positivos), especialmente após lesão em músculo liso e esquelético. Essa isoenzima possui elevadas sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de lesão do músculo cardíaco. TGO Determinação de dano celular ao parênquima hepático; marcador auxiliar de IAM e pericardite. É principalmente originada a partir do coração, fígado, musculatura esquelética, rins, pâncreas, baço e pulmão. LDH É uma enzima citosólica que possui importante ação na conversão de piruvato em lactato, com uma conversão concomitante de NADH em NAD+. Se elevam quando há presença de lesão do músculo cardíaco. TROPONINA Apresenta maior especificidade para a lesão miocárdica e habilidade em detectar pequenas quantidades de lesão miocárdica. A maioria dos estudos demonstra boa sensibilidade para diagnóstico de IAM nas primeiras 24hs. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA MIOGLOBINA Marcador muito precoce de necrose miocárdica. Como é uma molécula pequena, é liberada na circulação dentro de 1h após a morte da célula miocárdica, com valores de pico sendo atingidos em 5-12 horas. Não é específica para o músculo cardíaco e pode ser liberada em diversas condições. 08/09 LABORATÓRIO DE IMAGEM ECOCARDIOGRAMA NAS VALVOPATIAS O ecocardiograma é um teste que utiliza ondas sonoras para obter imagens do coração. Ele é essencialpara analisar a saúde do músculo cardíaco, verificando se o coração e as válvulas estão funcionando adequadamente além de detectar malformações cardíacas. Nas valvopatias, o ECO fornece informações não apenas da anatomia da valva, mas também a quantificação dos gradientes e da área valvar aórtica. Possibilita ainda a avaliação da repercussão hemodinâmica ventricular esquerda e a avaliação das funções sistólica e diastólica do VE. A determinação dos gradientes aórticos pelo Doppler é muito precisa, mas o feixe deverá estar devidamente alinhado com o fluxo aórtico. O ECO transesofágico (ETE) pode ser indicado para análise mais acurada da valva aórtica. ❖ O ECO fornece imagens obtidas através do ultrassom. ❖ O efeito Doppler fornece informações adicionais ao ECO -> fornece imagens coloridas, possibilitando melhor diagnóstico, informações sobre velocidade e sentido do fluxo sanguíneo, gradiente pressórico, DC, volumes regurgitantes, shunts intracardíacos, etc. Indicações de Ecodopplercardiografia: ❖ Quando há alterações no fluxo sanguíneo, como por exemplo na insuficiência. ❖ AVC ❖ Sopros cardíacos ❖ IAM ❖ Pericardite ❖ Trauma cardíaco (qualquer alteração anatômica e/ou funcional) Principais achados ecocardiográficos na estenose e insuficiência mitral: Estenose mitral -> aspecto característico “em domo”. A etiologia congênita da estenose mitral é rara (valva mitral em paraquedas). Elevação da pressão no AE com dilatação da câmara -> hipertensão venocapilar pulmonar e hipertensão arterial pulmonar com dilatação das cavidades e da artéria pulmonar. Gravidade avaliada através da área valvar média: ❖ Leve -> 1,5cm² ❖ Moderado -> 1-1,5cm² ❖ Grave -> < 1,0cm² Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Insuficiência mitral -> disfunção/alteração da anatomia nas estruturas do aparelho valvar mitral. Funcionalmente, o aparelho valvar mitral apresenta: ❖ Parede atrial esquerda ❖ Anel mitral ❖ Folhetos anterior e posterior ❖ Cordas tendíneas ❖ Músculos papilares e miocárdio ventricular esquerdo adjacente aos músculos papilares. A utilização do Doppler pulsado e contínuo e do mapeamento do fluxo a cores ajudará sobremaneira na quantificação da lesão valvar. Tipos de ecocardiografia -> transesofágico e transtorácico (transesofágico é mais detalhado e transtorácico é mais invasivo). PERICARDITE E DERRAME PERICÁRDICO ECG As alterações sugestivas de pericardite acontecem no ritmo, no intervalo PR, no segmento ST e na onda T, variando de acordo com a fase da pericardite. Alterações no ritmo variam de taquicardia sinusal até arritmias atriais diversas. Outras alterações incluem baixa amplitude no QRS (presença de derrame pericárdico) e alternância na amplitude e morfologia do QRS (derrame pericárdico volumoso com sinais de tamponamento cardíaco). ECOCARDIOGRAMA É normal na maioria dos pacientes com pericardite aguda, mas podem ocorrer aumento do espessamento pericárdico e derrame pericárdico. Dicas: ❖ Geralmente o paciente está taquicardíaco. ❖ Desnivelamento do segmento PR -> reflete o acometimento atrial (oposto ao segmento ST). ❖ Geralmente é caracterizado por supradesnivelamento difuso do segmento ST e a concavidade para cima. ! ECO mostra o derrame pericárdico, a radiografia de tórax só sugere (não mostra líquido -> na radiografia é possível visualizar um aumento da imagem cardíaca quando o derrame é de 200mL pelo menos. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA RADIOGRAFIA DE TÓRAX Na maioria dos casos de pericardite aguda, a radiografia de tórax é normal, mas ocorre aumento da área cardíaca em casos de derrame pericárdico de, pelo menos, 200mL. Alterações no mediastino e nos pulmões ajudam na busca de etiologia específica, como TB/neoplasias de pulmão. A presença de calcificação sugere fortemente pericardite constritiva. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) Padrão ouro para exame de patologias pulmonares. Incidências: Densidades: ❖ Hipodenso/atenuante -> coisas escuras ou pouco densas. ❖ Hiperdenso/hiperatenuante -> coisas brancas ou mais densas. JANELAS TOMOGRÁFICAS ❖ Pulmonar -> avalia o pulmão, o que não é pulmão fica branco. ❖ Mediastinal -> avalia o resto/mediastino, verá todo o resto, menos o pulmão, pulmão preto identificável. ❖ Óssea -> não é possível ver parênquima, apenas osso. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Vantagens da TC: ❖ Capacidade de capturar diferenças mínimas de densidades diferentes. ❖ Método não invasivo. ❖ Obtenção de imagens mesmo com superposição de estruturas. Desvantagens da TC: ❖ Radiação ionizante. ❖ Uso de contraste iodado, o iodo agride o rim, ou seja, se você iodar demais o paciente pode causar uma nefrotoxicidade. ❖ Objetos metais prejudicam a formação de imagens. LABORATÓRIO DE PATOLOGIA Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Maria Luiza Sena – Med XIV FASA LABORATÓRIO DE FARMACOLOGIA HEMOCULTURA Bacteremia é o termo que designa a indicação da presença de microrganismos viáveis na corrente sanguínea. É um fenômeno de grande relevância diagnóstica, pois frequentemente está associado a um aumento considerável nas taxas de morbidade e mortalidade, além de representar uma das mais significativas complicações no processo infeccioso, o que torna a hemocultura um exame de importante valor preditivo de infecção. Coleta da hemocultura: ❖ Higienizar as mãos. ❖ Identificar a veia, preferindo os locais com menor colonização de pele. ❖ Fazer a desinfecção da tampa do frasco de hemocultura. ❖ Colocar as luvas de procedimento. ❖ Realizar a antissepsia local com solução alcoólica de clorexidina a 2% ou PVP-I alcoólica aguardando a secagem por mais de 1min. ❖ Após antissepsia, não palpar a área da punção, caso seja necessário, usar luvas estéreis. ❖ Realizar as venopunções em locais diferentes. Interferência da antibioticoterapia no rendimento da hemocultura: ❖ Informar no pedido para bacteriologia que o paciente está em uso de antibiótico. ❖ Existem frascos padronizados que já possuem inibidor de antibióticos. É muito importante seguir a padronização adequada para a técnica de venopunção, com o intuito de evitar uma contaminação da amostra e não alterar o resultado. O uso de antimicrobianos no momento da coleta do exame interfere no crescimento dos microrganismos, já que essa é a finalidade dos antimicrobianos. Após o crescimento do microrganismo no frasco de hemocultura, a próxima etapa a ser realizada até a liberação do exame é a realização do antibiograma para identificar o antimicrobiano adequado para tratar a bactéria. A hemocultura é indicada quando há suspeita de bacteremia (bactéria no sangue). Endocardite Infecciosa -> causada pelo agente etiológico estreptococcus pneumoniae. É uma doença caracterizada pela inflamação/infecção da superfície endotelial do coração (endocárdio). Essa afecção geralmente envolve as valvas cardíacas, mas pode acometer áreas não valvares como átrios, ventrículos e grandes vasos. É causada por microrganismos que se aderem à superfície endotelial do coração ou sobre algum dispositivo (eletrodos de marca-passos, desfibriladores implantáveis ou próteses cardíacas). AUTOANTICORPOS E ASLO O ASLO (anticorpo anti-estreptolisina O) é um anticorpo que o nosso organismo produz para combater o estreptococo durante ou logo após uma infecção de garganta. Portanto, ela serve apenas para dizer se a pessoa teve infecção por esta bactéria. Na ausência de manifestações típicas de Febre Reumática, a ASLO não tem nenhum valor para o diagnóstico desta doença. ❖ 85% das crianças com infecção de garganta pelo estreptococo apresentam elevação da ASLO, porém somente 3% delas poderão apresentar Febre Reumática. ❖ O teste pode manter níveis elevados por meses, mesmo após infecções estreptocócicas nãocomplicadas. ❖ Os títulos do anticorpo diminuem rapidamente nos primeiros meses e, após o 6º mês cai lentamente. Autoanticorpos -> são anticorpos dirigidos para células e tecidos do próprio corpo. Normalmente, o sistema imunológico diferencia as proteínas próprias do organismo das proteínas estranhas, formando anticorpos apenas contra as estranhas identificadas como potencialmente perigosas. Por causas ainda não bem compreendidas, podem ocorrer falhas nesse sistema de reconhecimento, com produção de autoanticorpos que atacam células e tecidos do próprio corpo, causando inflamação e lesões que, com frequência, resultam em um distúrbio autoimune. FAN (Fator Antinuclear) -> é feito a partir de uma coleta de sangue e solicitado quando há suspeita de doenças autoimunes, como lúpus. FAN é um grupo de autoanticorpos. Há muitos tipos de FAN e cada um age contra uma estrutura celular específica. Quando reagente, pode-se dizer que há a suspeita de lúpus, mas não é adequado para dar o diagnóstico. https://labtestsonline.org.br/tests/%5bsitetree_link%20id=859%5d Maria Luiza Sena – Med XIV FASA FEBRE REUMÁTICA A febre reumática (FR) permanece não totalmente compreendida. Trata-se de uma doença inflamatória de caráter autoimune, decorrente da infecção da faringe pelo estreptococo β- hemolítico do grupo A de Lancefield, cujos primeiros sinais e sintomas surgem em até 5 semanas após a infecção. Atinge preferencialmente a faixa etária entre 5 e 15 anos de idade. Após a infecção primária, a Febre Reumática pode se manifestar com 01-02 semanas. Mesmo quando não há relato sobre infecção das vias aéreas superiores prévia e o paciente apresenta sintomas, é pertinente a investigação sobre a hipótese de FR. Quando uma criança apresenta um quadro de amigdalite bacteriana seguida de FR é necessário administração de Penincilina a cada 3 semanas até que essa criança complete 21 anos, evitando novos episódios de amigdalite. Etiopatogenia da Febre Reumática: ❖ Pré-disposição genética ❖ Infecção de orofaringe não tratada ! ASLO não tem valor diagnóstico para FR. 15/09 LABORATÓRIO DE IMAGEM TROMBOSE VENOSA PROFUNDA Coágulos de sangue (trombos) podem se formar nas veias profundas, a que se dá o nome de TVP, ou nas veias superficiais, o que se dá o nome de trombose venosa superficial. As veias superficiais também ficam geralmente inflamadas, mas sem coagulação (ou trombose). Esta combinação de coagulação e inflamação é designada tromboflebite superficial (é possível palpar o trombo). Tromboembolismo venoso (TEV) refere-se a um coágulo de sangue que começa em uma veia e depois se solta para percorrer a circulação, geralmente em direção aos pulmões (embolia pulmonar). Como quase qualquer coágulo (trombo) pode se soltar e se tornar uma embolia, os médicos às vezes designam TVP como “doença tromboembólica”. A TVP é mais comum nas pernas/pelve, mas também pode se desenvolver, ocasionalmente, nos braços. ❖ Coágulos de sangue podem se formar em veias lesionadas, um distúrbio provoca a coagulação do sangue, ou algo retarda o retorno do sangue para o coração. ❖ Os coágulos podem fazer com que as pernas ou os braços inchem. ❖ Um coágulo de sangue pode se desprender e se deslocar para os pulmões -> embolia pulmonar. ❖ Uma US Doppler e exames de sangue são feitos para detectar a existência de TVP. ❖ Anticoagulantes são administrados para prevenir o aumento do coágulo e a embolia pulmonar. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Na imagem anterior: ❖ Dilatação da veia. ❖ Ausência de fluxo sanguíneo. ❖ Não compressível (maior confiabilidade). ❖ Presença de trombo. ! Importante: ❖ Colorido no Doppler -> tem fluxo sanguíneo (no trombo, há ausência desse fluxo). ❖ Modo B refere-se à escala de cinza. ❖ Veias compressíveis = normal (uma compressão normal não consegue comprimir uma artéria, e veias que contêm trombo também não são compressíveis). ❖ Habitualmente, as veias e as artérias aparecem pretos na US. EMBOLIA PULMONAR ❖ 1 caso a cada 1.000 pacientes hospitalizados. ❖ Afecção comum, de alta mortalidade e tratamento efetivo. ❖ Redução de 30% na mortalidade de 1.979-1.998. História Natural -> êmbolos nas veias proximais dos MMII ou pelve. TEP assintomático em pacientes com TVP aguda (até 50%). Fatores de risco -> tríade de Virchow (estase venosa, dano endotelial e hipercoagulabilidade). Suspeita clínica -> quadro clínico compatível + fator de risco (os sintomas são inespecíficos). Diagnóstico -> Escore de Wells. Exames de apoio: Rx de tórax -> baixa sensibilidade, diagnósticos diferenciais, Rx normal + dispneia reforça a suspeita de TEP. ❖ Sinal de Fleischner (artéria pulmonar dilatada) ❖ Sinal de Westermark (oliguenia – pouco sangue circulando, fica mais preto na radiografia, já que se tem mais sangue circulando fica mais denso). ❖ Sinal de Hampton (consolidação com base voltada para a pleura – infarto pulmonar). Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ECG -> achados inespecíficos. Serve para excluir outras entidades, como IAM ou pericardite. ❖ Sinais de sobrecarga direita. ❖ Padrão clássico -> SI-Q3-T3. D-dímero -> muito sensível e pouco específico. Marcador de fibrinólise. Não deve ser usado em pacientes com alta probabilidade clínica. ❖ O objetivo é excluir TEP -> valores até 500 ug/L. ❖ Redução aproximada de 12,3% de Angio TC. Exames de confirmação: Cintilografia V/Q -> método indireto. Alta VPN e VPP. Grande número de indeterminados (Pp// com doenças cardiopulmonares associadas). Angiografia -> padrão ouro. Invasivo e pouco disponível. Exames não invasivos inconclusivos/discordantes. Angio TC -> método direto (identifica o trombo). Alta sensibilidade e especificidade. Ajuda nos diagnósticos diferenciais (parênquima pulmonar, aorta, espaço pleural...). ANGIOTOMOGRAFIA PROTOCOLO TEP ❖ Cortes finos. Constraste otimizado para as artérias pulmonares (rápida injeção, acesso venoso calibrado e aquisição rápida). Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Maria Luiza Sena – Med XIV FASA LABORATÓRIO DE PATOLOGIA TVP E TEP LABORATÓRIO DE FARMACOLOGIA TP, TPPA, FIBRINOGÊNIO E D-DÍMERO A hemostasia é o processo de formação de coágulos sanguíneos no local da lesão do vaso. Quando a parede de um vaso sanguíneo é rompida, a resposta hemostática deve ser rápida, localizada e cuidadosamente regulada. Sangramento anormal/trombose pode ocorrer quando elementos específicos desses processos estão ausentes/disfuncionais. As vias de formação de coágulo de fibrina estimulada por trombina e lise de coágulo induzida por plasmina são ligadas e cuidadosamente reguladas. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Quando eles trabalham em harmonia coordenada, um coágulo é depositado inicialmente para parar o sangramento, seguido por eventual lise do coágulo e remodelação do tecido. O sangramento anormal pode resultar da diminuição da geração de trombina ou aumento da lise do coágulo. Por outro lado, a produção excessiva de trombina pode levar à trombose. Hemostasia -> processo pelo qual o corpo espontaneamente deixa de sangrar e mantém o sangue no estado fluido dentro do compartimento vascular. ❖ Hemostasia primária -> estancar o sangramento (formação do trombo/tampão plaquetário). ❖ Hemostasia secundária -> aquela que evita o ressangramentos (formação de uma rede adesiva de fibrina). ❖ Hemostasia terciária -> reparo tecidual. Hemostasia Primária (objetivo: formação do tampão plaquetário). Precisa-se de plaquetas em números suficientes e funcionantes. ❖ Adesão -> ligação das plaquetas ao colágeno. ❖ Ativação -> plaquetas que estão no local da lesão mudam sua conformação e “chamam” outras plaquetas para ajudar. ❖ Agregação -> plaquetas que estão chegando para ajudar “prendem-se” às plaquetas que já estão ligadas ao colágeno.Hemostasia Secundária (objetivo: formação da rede de fibrina para estabilização do tampão plaquetário). Precisa de fatores de coagulação funcionantes em quantidade suficientes. 3ª Fase da cascata de coagulação -> fatores fibrinolíticos principal é a plasmina. A fibrinólise visa destruir a rede de fibrina já formada. ❖ Trombina da via comum da coagulação liga tanto ao fibrinogênio quanto ao fator de ativação do plasminogênio-tPA, transformando o plasminogênio que estiver ligado a rede de fibrina em plasmina. ❖ A plasmina é que quebra a rede de fibrina. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM DISTÚRBIO DE HEMOSTASIA Para avaliação da Hemostasia Primária, usa-se 2 exames laboratoriais: tempo de sangramento e contagem de plaquetas. Contagem Plaquetária -> forma qualitativa e quantitativa. Índices plaquetários (maioria não estão liberados para o uso clínico – VPM, PDW). Valor de referência – 150.000-450.000/mm³. Exames laboratoriais para Hemostasia Secundária/Terciária: Via Extrínseca ❖ TAP ou TP -> normal de 12,7 a 15,4 segundos. ❖ Atividade: normal acima de 70%. ❖ INR: 0,8-1,2 -> corresponde ao TP corrigido. Via Intrínseca ❖ TTPa: tempo de tromboplastina parcial ativado. ❖ Valor normal -> 26-40s. Fibrinogênio: normal acima de 100mg/dL. D-dímero: inferior a 500 ng/mL. ANTICOAGULANTES HEPARINA NÃO FRACIONADA ❖ Via de administração -> parenteral. ❖ Mecanismo de ação -> inibe indiretamente a trombina por atuar como co-fator de antitrombina e aumentando o efeito anticoagulante sob a trombina e o Fator Xa. ❖ Efeitos adversos -> hemorragia, trombocitopenia induzida por heparina, vasoespasmo, etc. ❖ Exame para avaliar -> Anti-Xa. HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR – ENOXAPARINA ❖ Via de administração -> via parenteral. ❖ Mecanismo de ação -> inibe o Fator Xa. Não tem atividade anticoagulante intrínseca e atua como potencializador da ação da antitrombina. ❖ Efeitos adversos -> hemorragia, confusão mental e náuseas. ❖ Exame para avaliar -> Anti-Xa. VARFARINA ❖ Via de administração -> oral. ❖ Mecanismo de ação -> impede o metabolismo da vitamina K inativa. ❖ Efeito adverso -> sangramento. ❖ Exame para avaliar -> TP e INR.
Compartilhar