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avaliação da composição corporal

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AVALIAÇÃO 
NUTRICIONAL
Renata Costa de Miranda
Avaliação da 
composição corporal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar os principais componentes do peso corporal.
 � Reconhecer os métodos de referência para a avaliação da composição 
corporal.
 � Interpretar os valores de referência da proporção de massa magra 
e adiposa.
Introdução
A avaliação da composição corporal é um parâmetro fundamental na 
avaliação nutricional de indivíduos e coletividades. O estudo da com-
posição corporal evoluiu com o passar do tempo, permitindo que uma 
maior quantidade de compartimentos do corpo fosse mensurada, o que 
oportunizou o surgimento de avaliações mais precisas. Assim, os métodos 
de avaliação podem ser diretos, indiretos e duplamente indiretos, sendo 
responsáveis por definir a medida, contudo, cada um deles apresenta 
suas vantagens e limitações. 
Neste capítulo, você irá estudar o que é a avaliação da composição 
corporal, bem como a sua importância na avaliação nutricional. Tam-
bém, conhecerá as divisões compartimentais da massa corporal total, 
as metodologias utilizadas para a avaliação desses compartimentos e 
a compreensão dos valores de referência para massa magra e adiposa. 
Componentes do peso corporal
A composição corporal pode ser entendida como o estudo da quantidade e da 
distribuição dos componentes do peso corporal total. Com a evolução desse 
estudo, novos modelos foram sendo descobertos, permitindo, assim, avalia-
ções mais adequadas do corpo e de seu estado de saúde (KAC; SICHIERY; 
GIGANTE, 2007).
A avaliação da composição corporal pode ser utilizada tanto para popula-
ções quanto para indivíduos, sendo essencial para o conhecimento do estado 
de saúde, em termos nutricionais, de crescimento e de desenvolvimento, além 
de propor recomendações dietéticas, investigar a efetividade de estratégias 
nutricionais de intervenção e acompanhar a evolução da atividade física na 
alteração da composição corporal. Uma avaliação precisa da composição 
corporal, também, pode ser útil para definir melhores tratamentos em casos 
de atraso de crescimento, transtornos alimentares, condições neurológicas 
crônicas, doenças gastrointestinais, entre outras condições patológicas (SAM-
PAIO, 2012; KAC; SICHIERY; GIGANTE, 2007). 
Por meio da dissecação de cadáveres, conhecida como biópsia, foram realizadas as 
primeiras observações a respeito dos compartimentos anatômicos do corpo humano. 
O modelo anatômico permite a divisão do corpo em pele, músculo, ossos e órgãos. Já, o 
modelo químico, também proposto e estudado a partir do mesmo procedimento, dividiu 
o corpo baseando-se em componentes como gordura, água, proteína e minerais. Porém, 
a biópsia é caracterizada pela difícil realização, pois depende de fatores relacionados à 
permissão de familiares, à natureza ética e às incertezas sobre as condições de saúde 
do indivíduo estudado. Por estes motivos, que podem ser considerados limites dessa 
técnica, os estudos científicos realizados apresentam amostras extremamente reduzidas, 
mas que ainda assim puderam auxiliar na determinação de componentes corporais, bem 
como na distribuição, na quantidade e na densidade deles (HEYMSFIELD et al., 2005). 
Os modelos de composição corporal foram recentemente divididos em 
cinco níveis que, de acordo com Wang, Pierson JR e Heymsfield (1992), são: 
modelo atômico, modelo molecular, modelo celular, modelo órgão-tecidual e 
modelo corpo inteiro. O nível atômico considera que a composição, de quase 
100% do peso corporal, é caracterizada pela presença de elementos como 
oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio e fósforo. Enquanto que 
nível molecular concebe os componentes como sendo água, lipídio, proteína, 
carboidrato, minerais ósseos e extraósseos. Já, o nível celular trata as células, 
o fluido extracelular e os sólidos extracelulares como componentes. O nível 
órgão-tecidual representa a soma dos tecidos muscular, conectivo, epitelial 
Avaliação da composição corporal2
e nervoso. E, por sua vez, o nível corpo inteiro observa a composição se 
baseando na cabeça, no tronco e nos membros (superiores e inferiores).
Ainda que, até os dias atuais, tenham sido propostos diversos modelos mul-
ticompartimentais, geralmente, os modelos de composição corporal de dois 
compartimentos ou bicompartimentais são os mais utilizados na prática, dada 
a aceitação pela literatura científica. De acordo com o este modelo, quando um 
dos componentes é determinado, se pode encontrar o outro por diferença, tendo 
como base o peso corporal total. O modelo baseado em dois compartimentos 
quimicamente distintos resume a composição corporal em massa adiposa e massa 
livre de gordura (água, massa muscular, massa óssea e massa residual), conhecida, 
também, como massa magra, tornando a avaliação da composição do corpo mais 
simples, contudo, perde na precisão no resultado final (ACKLAND et al., 2012). 
Na teoria, a massa livre de gordura ou peso livre de gordura é, ligeiramente, 
diferente da massa magra, já que na massa magra está considerada a presença 
da gordura proveniente de lipídeos essenciais (existentes na parede celular, 
entre fibras musculares, e, também, no sistema nervoso central, no sistema 
nervoso periférico, entre outros). Na prática, porém, esses dois termos são 
usados como sinônimos devido à baixa representatividade da gordura essencial 
no peso corporal total (HEYMSFIELD et al., 2005).
A subdivisão do corpo humano em dois constituintes, foi baseada em um 
pressuposto de que, na massa livre de gordura, existisse uma composição cons-
tante em indivíduos de mesmo sexo e idade, apresentando densidade média de 
1,10 g/ml a 37°C. Tal média é resultante de cálculos baseados na densidade de 
proteínas (1,34 g/ml), água (0,99 g/ml) e minerais (3,04 g/ml), bem como, da 
consideração de um teor de água equivalente entre 72 e 74%, um teor de potássio 
entre 60 e 70 mmol/kg em homens, e de 50 a 60 mmol/kg em mulheres. Como 
a gordura, praticamente, não contém água em sua composição e não está ligada 
ao potássio, ela possui uma densidade de 0,9007 g/ml a 37°C. 
Muitos autores duvidaram dessa hipotética constância, já que existem fato-
res variáveis, seja em relação às proporções relativas dos vários componentes 
da massa livre de gordura, seja na densidade dos próprios componentes. E, de 
fato, estudos em cadáveres mostraram que o peso relativo (com base no peso 
corporal total) do tecido ósseo variava de 16,3 a 25,7% e o peso relativo do 
tecido muscular oscilava de 41,9 a 59,4%. Além disso, a densidade de tecido 
ósseo alternava de 1,18 a 1,33 g/ml. Com isso, é preciso acrescentar que, se 
os estudos fossem feitos com uma amostra maior e abrangendo indivíduos 
nas diversas fases da vida, provavelmente, a faixa de variação percentual do 
peso dos tecidos e a sua densidade seriam ainda mais expressivos. Contudo, 
por utilidade prática e imediata, utiliza-se, em muitos estudos de composição 
3Avaliação da composição corporal
corporal, a massa livre de gordura como sendo uma constante (BROZEK et 
al., 1963; HEYMSFIELD et al., 2005). 
Todavia, um grande equívoco ocorre em relação ao uso indiferenciado dos 
termos massa magra e massa muscular. É importante distinguir que no primeiro 
termo está incluso tudo aquilo que não é gordura, como por exemplo, água, massa 
óssea e massa residual. Contrariamente, o termo massa muscular corresponde, 
apenas, ao tecido muscular, tendo em comum com a massa magra, unicamente, a 
presença de água. Por essa razão, tem-se a extrapolação da composição corporal 
se levando em consideração a presença ou ausência de água. Por exemplo, no caso 
da massa livre de gordura, pode-se considerar que esta, quando medida in vivo, 
é resultado de uma estimativa, a partir da mensuração da água corporal total, já, 
na massa adiposa não há, praticamente, presença de água e, que a água corporal 
é assumida como constante (em torno de 73% do peso corporal total).Entretanto, 
não se pode estimar a massa muscular a partir do mesmo raciocínio, uma vez que 
outros tecidos e órgãos apresentam água em sua composição, desta forma, a massa 
muscular seria superestimada. Agora, observe na Figura 1 a composição corporal 
de um adulto saudável feita por um modelo bicompartimental:
Figura 1. Composição corporal de um adulto saudável em modelo bicomparti-
mental, onde MG corresponde à MG e MLG corresponde à massa livre de gordura.
Fonte: Martins (2009).
Proteína
visceral
MLG
Massa celular
corporal
Água corporal
total
MG
(Peso – MLG)
Mineral ósseo (~7%)
Água extracelular
(~29%)
Água intracelular
(~44%)
Avaliação da composição corporal4
Ainda que com as limitações apresentadas, o modelo baseado em dois 
compartimentos representa a maneira mais acessível de avaliar a composição 
corporal de indivíduos e, principalmente, de grupos populacionais. Esse fato se 
torna ainda mais relevante, quando consideradas as situações de alterações na 
composição corporal, como diminuição da massa magra e aumento da massa 
adiposa que são capazes de trazer riscos à saúde, afetando negativamente a 
mortalidade, a morbidade e a qualidade de vida. 
Os indivíduos idosos passam por uma alteração na composição corporal caracterizada 
pelo aumento da massa adiposa e pela diminuição da massa muscular e, consequente-
mente, da hidratação, traços comuns à fisiologia do envelhecimento. Estas mudanças 
no conteúdo muscular estão associadas à redução de atividade física, motora e da 
taxa metabólica basal dessa população. 
Métodos de avaliação da composição corporal
São inúmeros os métodos utilizados, atualmente, para a avaliação dos com-
ponentes corporais. Eles se baseiam em diferentes tipos de modelos corpo-
rais e se beneficiam de princípios variados, com o objetivo de caracterizar a 
composição corporal como um todo ou de maneira específica. Tais métodos 
foram desenvolvidos e validados para uso em diferentes populações e com 
inúmeras finalidades. 
Cada método apresenta suas vantagens e limitações devido às caracterís-
ticas técnicas e informações que fornece, podendo, assim, ser indicado ou 
não, dependendo de diversas situações específicas, como o estágio da vida, 
de saúde, a acessibilidade, entre outros. Portanto, o método mais adequado 
na avaliação quantitativa e distributiva dos compartimentos corporais pode 
variar conforme a sua segurança, velocidade, simplicidade, custo, precisão e 
reprodutibilidade, dependendo, inclusive, se a avaliação é destinada a indi-
víduos ou populações. 
Com a evolução dos métodos empregados na avaliação da composição 
corporal foi permitida a análise de modelos com mais de dois compartimentos. 
Os com mais de dois compartimentos utilizam-se, por vezes, de métodos com-
binados para estimar o quantitativo de outros componentes, como é o caso da 
5Avaliação da composição corporal
água corporal total que contribui para um modelo de três compartimentos, e 
também, é o caso do conteúdo mineral ósseo, alcançando o modelo de quatro 
compartimentos. Sendo assim, por um lado, não é possível efetuar a medida 
de todos os componentes do corpo humano com o uso de uma única técnica, 
mas, diferentes técnicas podem estimar um mesmo componente (KAC; SI-
CHIERY; GIGANTE, 2007).
Pode-se classificar os métodos de avaliação da composição corporal em 
diretos, indiretos e duplamente indiretos. O único método direto corres-
ponde à dissecação física de cadáveres em que ocorre a manipulação dos 
componentes de forma individualizada. Os indiretos são métodos validados 
a partir do uso do método direto e têm como objetivo a extrapolação dos com-
ponentes principais do peso corporal. Existem, ainda, os métodos duplamente 
indiretos, que são aqueles validados a partir de métodos indiretos, como é o 
caso de equações preditivas que utilizam a antropometria e a bioimpedância 
(ACKLAND et al., 2012). 
Assim, um método considerado padrão de referência é aquele que fornece 
pouco ou nenhum erro, sendo responsável pelo melhor nível precisão. Desta 
forma, na sequência, serão detalhados alguns desses métodos utilizados na 
medição da avaliação corporal para que você possa distinguir as características 
de cada um.
Pesagem hidrostática e pletismograma 
de deslocamento de ar
A pesagem hidrostática é um método de avaliação da composição corporal 
que se baseia no princípio de Arquimedes em que, a partir da imersão de 
um indivíduo em uma piscina ou tanque de água, é possível conhecer a sua 
densidade corporal, pois o volume de água deslocada, quando o indivíduo está 
imerso, representa o volume corporal dele. Com a determinação do volume e 
o conhecimento prévio da massa (peso corporal), se pode calcular a densidade 
corporal do sujeito. Embora, seja um método de referência, existem limitações 
relativas à falta de praticidade e difícil aplicabilidade, além da necessidade 
de treinamento e cooperação por parte do indivíduo, motivos que contribuem 
com impossibilidade de sua utilização rotineira na prática clínica. Por isso, 
a pesagem hidrostática é utilizada, prioritariamente, em estudos científicos 
(KAC; SICHIERY; GIGANTE, 2007; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2012). 
Tendo como base a mesma técnica da pesagem hidrostática, conhecida 
como densitometria, a pletismografia de deslocamento de ar foi desenvolvida 
Avaliação da composição corporal6
para facilitar a aplicabilidade do método. Ele ocorre pela medida do volume 
corporal, com respaldo no ar deslocado dentro de uma câmera hermética na 
presença indivíduo a ser avaliado em relação à câmera vazia. A partir disso, é 
estabelecido o cálculo da densidade corporal levando em consideração o peso 
e o volume do paciente. A câmera hermética, em questão, é chamada de BOD 
POD, é utilizada por indivíduos que, por razões específicas, não poderiam ser 
pesados nem terem sua composição corporal analisada por meio de submersão 
aquática, como é o caso de crianças, idosos e portadores de deficiência. Apesar 
desse método propiciar uma avaliação rápida e segura, associado à sua precisão 
que o torna um padrão de referência, o custo não propicia uma difusão do seu 
uso (KAC; SICHIERY; GIGANTE, 2007; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2012). 
Ambos os métodos são baseados no modelo bicompartimental e levam em 
consideração os estudos fundamentados ao longo dos processos de biópsias, nos 
quais foram determinadas as densidades correspondentes aos compartimentos 
corporais. Assim, a partir da utilização de equações reconhecidas na literatura 
científica, se pode estabelecer o percentual de gordura corporal do indivíduo 
(SIRI, 1956 apud DURNIN; WOMERSLEY, 1974; BROZEK et al., 1963). 
Hidrometria ou diluição de isótopos
Este método se refere à avaliação da água corporal total com base na adminis-
tração de água marcada com isótopos, como o trítio, o deutério ou o oxigênio. 
A teoria seguida aborda que os isótopos estão, uniformemente, distribuídos na 
água presente no corpo humano. Como procedimento, é realizado, portanto, 
uma prévia análise quantitativa da presença do isótopo nos fluidos corporais 
por espectrometria de massa. Então, realiza-se a administração desse isótopo, 
na forma oral ou intravenosa, tendo conhecimento da quantidade oferecida. 
Após algumas horas, tempo necessário para ocorrer a estabilização do isótopo 
na água corporal total, uma coleta de sangue, saliva ou urina (fluidos corporais) 
deve ser, novamente, realizada para determinar a quantidade isótopo excretada 
(VITOLO, 2008). 
Assim, a hidrometria se baseia em um modelo de dois componentes para 
mediar a quantidade de água total. Partindo-se do conhecimento da água 
corporal total de um indivíduo, uma equação de predição é aplicada a fim de 
se estabelecer a quantidade de gordura presente no corpo do indivíduo, em 
relação ao seu peso total. Essa equação foi desenvolvida, assumindo-se uma 
constante de hidratação associada à presença de massa magra (73,2% de água), 
já que na massa adiposa quase não há presença de água. Desta forma, o cálculo 
7Avaliação da composiçãocorporal
do percentual de gordura é realizado por diferença entre o peso corporal total e 
o peso oriundo da massa livre de gordura ou massa magra (LUCASKI, 1987).
Como características relativas ao emprego da técnica, se tem a simples 
realização, contudo, o principal limite é o difícil acesso ao método, principal-
mente, em razão do custo do equipamento utilizado na análise de isótopos nos 
fluidos corporais. Além disso, entre os três isótopos mais utilizados, o trítio 
é o único isótopo não estável, sendo, portanto, radioativo. Por esta razão, não 
é indicado para uso em crianças e mulheres em idade fértil (VITOLO, 2008; 
LUKASKI, 1987).
Potássio 40 (40K)
Neste método ocorre a quantificação do isótopo de potássio (40K) no corpo 
humano, a partir de um contador especialmente desenvolvido e composto 
por detectores de raios gama acoplados a um computador para a realização 
da leitura. Ele se baseia no fato de que o potássio, praticamente, não está 
presente no tecido adiposo, sendo 90% encontrado na massa magra e, deste 
total, apenas, 0,01% se apresenta como potássio 40. 
O composto emite raios gamas em uma quantidade, ainda que pequena, 
capaz de ser detectável. Por essa razão, os medidores devem ser extremamente 
sensíveis à captação de raios gama. De acordo com a constante estabelecida para 
as quantidades de potássio 40 presentes na massa magra, que equivalem a cerca 
de 60 mmol/kg para o sexo feminino e 66 mmol/kg para o sexo masculino, se 
pode estimar este componente corporal e, por diferença, em relação ao peso 
corporal total, é possível encontrar a massa adiposa. Portanto, este método de 
análise da composição corpórea é orientado pelo modelo bicompartimental 
(MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2012). 
Tem a característica de não ser invasivo e ser de prática mensuração. 
Contudo, devido ao alto custo do equipamento, existem poucos exemplares 
disponíveis, estando restrito, principalmente, a laboratórios nucleares. Há 
limitações relativas à subestimação da massa magra e, consequentemente, 
superestimação da massa adiposa, em pacientes obesos e idosos devido a 
uma diminuição de potássio 40 no corpo. Outro limite que pode interferir 
na precisão diz respeito a possíveis contaminações radioativas causadas pelo 
gás atmosférico presente no corpo e nas roupas do indivíduo a ser avaliado 
(KAC; SICHIERY; GIGANTE, 2007).
Avaliação da composição corporal8
Ultrassom, ressonância magnética e 
tomografia computadorizada
O método de aferição da composição corporal por ultrassom utiliza ondas 
de som de alta frequência para avaliar a espessura de diferentes tecidos que 
apresentam densidades diferentes. Quando os tecidos se encontram (tecido 
adiposo e tecido muscular), há a produção de um som, refletindo e se trans-
formando em sinal elétrico. No vídeo, acoplado ao aparelho, este reflexo vai 
perdendo a intensidade, de acordo com a profundidade dos diferentes tecidos. 
O equipamento utilizado, no caso da composição corporal, é o mesmo usado 
para o diagnóstico de patologias específicas, detecção e acompanhamento de 
gestação. Todavia, geralmente, é manuseado um aparelho de ultrassom portátil.
Esta metodologia avalia, basicamente, a extensão da gordura subcutânea e 
do tecido muscular, por isso, é bastante associada à medida das pregas cutâneas, 
por se tratar de uma análise mais localizada. Como vantagens há o fato de não 
ser um procedimento invasivo e não radioativo. Como limitações, pode-se 
citar o custo e o treinamento dos operadores, além de não ser um método, 
amplamente, validado e reconhecido (ACKLAND et al., 2012).
A ressonância magnética e a tomografia computadorizada são dois métodos 
semelhantes e comumente utilizados para diagnósticos médicos, mas que 
também apresentam aplicabilidade no que diz respeito à avaliação da com-
posição corporal. Neste sentido, os métodos servem para avaliar a quantidade 
e distribuição de tecido adiposo (subcutâneo ou intra-abdominal) presente no 
corpo. Eles podem realizar análises tridimensionais do corpo inteiro ou de 
segmentos e utilizam-se de equações matemáticas programadas no sistema, 
porém, apesar da grande semelhança, se diferenciam pela forma de captação 
das imagens. 
A ressonância magnética funciona como um ímã que interage com corpo 
humano a partir de campos magnéticos e pulsos de radiofrequência. A to-
mografia computadorizada utiliza, por sua vez, feixes de raio X para deter-
minar as diferentes densidades relativas aos tecidos e órgãos. O aparelho 
usado na realização do exame de ressonância magnética é semelhante ao 
da tomografia computadorizada (ACKLAND et al., 2012). Com relação às 
vantagens dos métodos, a ressonância magnética ganha destaque em relação 
à tomografia computadorizada, devido à ausência de radiação ionizante, 
podendo ser utilizada em crianças e mulheres em idade fértil, bem como no 
caso da necessidade de medidas repetidas. Os limites de ambos os métodos 
estão relacionados ao alto custo do exame e a disponibilidade limitada dos 
equipamentos (VITOLO, 2008).
9Avaliação da composição corporal
Absorciometria de raios X 
de dupla energia (DEXA)
Foi, inicialmente, empregada apenas para a determinação da densidade mineral 
óssea do corpo humano, diagnosticando casos de osteopenia e osteoporose. 
Posteriormente, ela foi reconhecida como um método capaz de determinar 
a quantidade e distribuição de tecidos moles, massa adiposa e massa livre 
de gordura ou massa magra. O princípio utilizado é que um tecido biológico 
se opõe a um feixe de radiação, de acordo com a espessura, densidade e 
composição química dele mesmo. O método DEXA para o estudo da massa 
adiposa e dos tecidos moles, em geral, tem como base o princípio de que estes 
tecidos determinam uma atenuação constante na emissão de duas radiações 
de energia. (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2012; HEYMSFIELD et al., 2005).
Assim, é baseado no modelo de três compartimentos, permitindo uma 
avaliação mais precisa da composição corporal. Por essa razão, tem grande 
potencial de se tornar um padrão de referência e seu uso vem sendo, ampla-
mente, empregado (KAC; SICHIERY; GIGANTE, 2007). 
Como vantagens, a DEXA é de fácil utilização e possui um tempo de análise 
relativamente curto, quando comparada a outros equipamentos. Um ponto 
forte também é pelos baixos níveis de radiação emitidos pelo equipamento. 
Contudo, o custo do exame ainda não é muito acessível, mas a disponibilidade 
do equipamento tem aumentado consideravelmente, além dos estados alterados 
de hidratação poderem afetar as medidas apuradas. Outra limitação é relativa 
ao tamanho da maca e a largura do escâner que dificultam a avaliação de 
obesos ou indivíduos muito altos (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2012).
Bioimpedância
A bioimpedância elétrica, do inglês Bioeletrictal Impedance Analysis (BIA), 
possui o princípio da condutividade elétrica, em que os diferentes tecidos 
corporais oferecem oposições variadas à passagem da corrente elétrica que 
flui pelo corpo através da movimentação dos íons. Seu funcionamento ocorre, 
a partir da passagem de uma corrente elétrica pelo corpo, pois ela possui 
pequena intensidade, baixa amplitude e alta frequência, por causa de quatro 
elétrons, dois emissores e dois detectores de corrente. 
A oposição a essa corrente elétrica é conhecida como impedância, sendo 
composta por duas variáveis (vetores), a resistência e reatância. O posiciona-
mento dos elétrons emissores deve ser feito distalmente na superfície dorsal 
Avaliação da composição corporal10
da mão e do pé, na direção do terceiro metacarpo e do terceiro metatarso, 
respectivamente. Já os elétrons receptores são colocados próximos, um no pulso 
e o outro na região dorsal da articulação da tíbio-társica (SAMPAIO, 2012). 
A resistência corporal ou resistência condutiva é a capacidade da massa 
corporal intra e extracelular, de se opor à passagem de corrente elétrica, sendo 
inversamente proporcional à quantidade de fluidos corporais, ou seja, quanto 
maior a quantidade de fluidos, menor é o valor da resistência.E quanto maior 
a quantidade de massa adiposa, maior será o valor da resistência, já que a 
gordura, bem como o osso, a pele e os pulmões, não são bons condutores de 
corrente. A reatância corporal ou resistência à capacitância é, por outro lado, 
a capacidade do corpo de se comportar como um condutor reativo e, portanto, 
se opor à passagem de corrente elétrica devido à capacitância das membranas 
celulares. A reatância reflete, assim, a permeabilidade das membranas celulares 
(LUKASKI, 1987).
A partir deste método duplamente indireto, a utilização de equações ma-
temáticas é necessária a fim de se estimar a quantidade de componentes 
corporais, como: a água corporal total, a água intracelular, a água extracelular, 
a massa magra, a massa celular metabolicamente ativa e a massa adiposa 
(HEYMSFIELD et al., 2005). 
Existem diferentes tipos de dispositivos de impedância, os mais comuns 
são os chamados monofrequenciais, pois fornecem corrente alternada a uma 
frequência constante de 50 kHz. Atualmente, também são usados medido-
res de impedância que trabalham em múltiplas frequências, chamados de 
multifrequencias. A partir destes últimos, é possível determinar a chamada 
frequência característica, que é introduzida em fórmulas mais complexas 
do que a fórmula fundamental, permitindo a determinação de valores mais 
precisos de hidratação corporal (água total, intra e extracelular) e, consequen-
temente, de massa magra. Existem, ainda, desenvolvidas mais recentemente, 
bioimpedâncias de análise segmentar para membros inferiores e membros 
superiores e, até mesmo, acopladas a balanças, porém, a precisão dessas é 
reduzida (HEYMSFIELD et al., 2005).
Assim, a BIA pode ser utilizada em indivíduos de todos os ciclos de vida, 
saudáveis ou enfermos e, por esse motivo, é amplamente utilizada. Diversos 
estudos realizam a validação do método para as mais diferentes enfermidades 
e grupos populacionais distintos, justamente para uma estimativa mais exata 
da composição corporal e do estado nutricional de indivíduos e coletividades. 
As grandes vantagens do método são a segurança, a rapidez, a facilidade de 
utilização, a possibilidade de transporte, a boa reprodutibilidade e o custo. 
Como limitações há influência do estado de hidratação, da temperatura do 
11Avaliação da composição corporal
ambiente, da temperatura do corpo, do ciclo menstrual e do posicionamento 
dos elétrons, bem como a ausência de avaliação do tecido ósseo. Por isso, a 
interpretação dos resultados da BIA, que ocorre a partir da decomposição das 
variáveis resistência e reatância aliadas a informações como sexo, etnia e idade, 
deve ser realizada com atenção e prudência (SAMPAIO, 2012; ACKLAND 
et al., 2012). 
O ângulo de fase é uma outra variável obtida a partir da utilização da BIA. Ela expressa 
a relação entre a resistência e a reatância, além de refletir o estado de saúde do indi-
víduo avaliado. O ângulo de fase tem sido, inclusive, destacado pela forte associação 
prognóstica com diversas patologias crônicas. Os valores de referência irão variar 
conforme idade, sexo e condição de saúde, porém, quanto mais alto o ângulo de fase, 
melhor o estado nutricional do indivíduo (SAMPAIO, 2012). 
Antropometria
Medidas antropométricas podem ser utilizadas para avaliar a composição cor-
poral de indivíduos e coletividades. As principais medidas efetuadas com esse 
intuito são as dobras cutâneas e as circunferências. É um método considerado 
duplamente indireto e que se utiliza de equações matemáticas preditivas para 
estimar a quantidade e distribuição local de gordura, bem como para avaliar 
a massa muscular e as perdas de substâncias vitais, nos casos de desnutrição 
(HEYMSFIELD et al., 2005).
As dobras cutâneas são medidas a partir de um instrumento chamado 
adipômetro ou plicômetro. Este instrumento verifica a espessura da gordura 
subcutânea de locais específicos do corpo. Assim, no método é admitida a 
existência de uma associação entre quantidade de gordura subcutânea e quan-
tidade de gordura corporal total, de acordo com características relativas à faixa 
etária, ao sexo e ao grupo populacional (VITOLO, 2008; VASCONCELOS, 
2008). Os quatro locais mais utilizados, em razão da boa correspondência à 
estimativa da gordura corporal total, referem-se as dobras cutâneas: tricipital, 
bicipital, subescapular e suprailíaca (VASCONCELOS, 2008; VITOLO, 2008).
Posteriormente, as medidas apuradas devem ser aplicadas em equações 
para a estimativa da densidade corporal, a partir do sexo e da idade (DUR-
Avaliação da composição corporal12
NIN; WOMERSLEY, 1974). Após o estabelecimento da densidade corporal, 
se deve aplicar tal variável em equações preditivas de percentual da gordura 
corporal, como por exemplo, aquelas exemplificadas no Quadro 2 (SIRI, 1956 
apud DURNIN; WOMERSLEY, 1974; BROZEK et al., 1963). Acompanhe nos 
Quadros 1 e 2 as equações preditivas para medição da densidade e gordura 
corporal em adultos, de acordo a idade e o gênero.
Fonte: Adaptado de Durnin e Womersley (1974).
Masculino Feminino 
(20–29a) D = 1,1631 – 0,0632 logP (20–29a) D = 1,1599 – 0,0717 logP
(30–39a) D = 1,1422 – 0,0544 logP (30–39a) D = 1,1423 – 0,0632 logP
(40–49a) D = 1,1620 – 0,0700 logP (40–49a) D = 1,1333 – 0,0612 logP
(> 50a) D = 1,1715 – 0,0779 logP (> 50a) D = 1,1339 – 0,0645 logP
(17–72a) D = 1,1765 – 0,0744 logP (17–72a) D = 1,1567 – 0,0717 logP
D = densidade; log = logaritmo; P = soma das quatro dobras: 
tricipital, bicipital, subescapular e suprailíaca.
Quadro 1. Equações preditivas da densidade corporal em adultos
Fonte: Adaptado de Siri (1956 apud DURNIN; WOMERSLEY, 1974) e Brozek et al. (1963).
Siri %GC = [(4,95/D) – 4,5] × 100
Brozek %GC = [(4,57/D) – 4,142] × 100
%GC = percentual de gordura corporal; D = densidade
Quadro 2. Equações preditivas do percentual de gordura corporal
Para que a estimativa do percentual de gordura corporal seja mais precisa, 
é aconselhável que a equação escolhida para utilização, entre as tantas dispo-
níveis, tenha sido, previamente, validada no grupo populacional de interesse, 
respeitando, ainda, questões como sexo, idade e etnia (VITOLO, 2008).
13Avaliação da composição corporal
As vantagens da utilização do método antropométrico das dobras cutâneas 
para estimativa do percentual da gordura corporal são, principalmente, o 
baixo custo e a facilidade de transporte do instrumento medidor. Estas ca-
racterísticas permitem a ampla utilização do método, tanto na prática clínica 
quanto em estudos populacionais. As limitações estão ligadas à necessidade 
de treinamento intensivo, por parte do avaliador, a dificuldade e falta de 
precisão da medição de indivíduos obesos, bem como condições relativas à 
hidratação do indivíduo. Ainda, são feitas críticas com relação às equações 
preditivas, já que na utilização delas se assume uma constância equivocada 
das proporções e densidades dos compartimentos corporais (VITOLO, 2008; 
HEYMSFIELD et al., 2005). 
Com relação às circunferências, as mais utilizadas são a circunferências 
do braço e a circunferência da panturrilha, esta última, no caso de idosos e 
pacientes acamados. Para a avaliação da composição corporal, por intermédio 
da utilização da Circunferência do Braço (CB), algumas passagens importantes 
são usadas para verificar não apenas a massa adiposa ou massa magra, mas, 
sim, a massa muscular em si. Esta medida antropométrica é, portanto, capaz 
de indicar o estado nutricional e de saúde do indivíduo, de acordo com a 
afirmação das reservas de massa adiposa e massa muscular. Geralmente, a 
referida circunferência é utilizada em conjunto com a dobra cutânea tricipital, 
para estimar a área muscular e a área de gordura do braço, indiretamente 
(MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2012; VASCONCELOS, 2008).
Para a realização do cálculo da Área Total do Braço (ATB), é utilizada a 
seguinte equação: 
ATB = CB
2
4 × �
Para o cálculo da Área Muscular do Braço (AMB), usa-se a equação: 
AMB =
[CB – (DCT cm × �)]2
4 × �
Com a finalidade de corrigira área muscular do braço, tendo em vista a 
presença da área correspondente ao osso, deve-se subtrair do valor encontrado 
a importância de 10 cm2 para homens e 6,6 cm2 para mulheres.
A Área de Gordura do Braço (AGB) é, então, calculada pela diferença:
AGB = ATB – AMB corrigida
Avaliação da composição corporal14
Por último, calcula-se o percentual de gordura do braço, segundo a equação:
Gordura do braço (%) = × 100
AGB
ATB
Estas medidas são práticas e de fácil mensuração, por isso, são úteis na 
avaliação da composição corporal do indivíduo, em um primeiro momento, 
como uma triagem ou no acompanhamento a longo prazo. 
Outras circunferências, como a da cintura, do quadril e do pescoço con-
seguem auxiliar na avaliação da composição corporal no que diz respeito à 
distribuição da gordura corporal, já que se relacionam com a concentração 
de gordura na região abdominal. 
Com isso, as medidas de circunferência podem ser utilizadas em populações, 
pois são as mais acessíveis, além de outras medidas antropométricas, como peso 
e altura. Sendo assim, a antropometria é uma importante aliada na avaliação 
da composição corporal. Contudo, existem métodos mais precisos que podem 
ser utilizados para medidas mais exatas e que, inclusive, são utilizados para o 
desenvolvimento de equações preditivas que levem em consideração, apenas, 
os métodos mais simples, como o próprio método antropométrico. No entanto, 
eles possuem altos custos e apresentam dificuldade de execução, podendo até 
serem nocivos ao indivíduo, por essa razão, são de uso limitado a pesquisas 
científicas (SAMPAIO, 2012). De acordo com estudos científicos, baseados 
na avaliação da composição corporal, os valores de referência para massa 
magra e massa adiposa têm sido estimados com o propósito de possibilitar a 
classificação do perfil nutricional de indivíduos e populações.
Valores de referência para massa 
magra e adiposa
A avaliação da composição corporal assume relevância significativa no mo-
mento da necessidade do diagnóstico sobre o estado nutricional de indivíduos 
ou coletividades, além da recomendação dietoterápica específica. Presencia-se 
uma epidemia de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis, como o 
diabetes, a hipertensão arterial, as dislipidemias e alguns tipos de câncer. 
Lembrando os casos de desnutrição que ainda existem por motivos de privação 
de nutrientes ou patológicos. Por esta razão, métodos mais precisos e parâme-
tros de referência bem estabelecidos e direcionados são pontos-chave para a 
evolução da avaliação da composição corporal e do tratamento nutricional.
15Avaliação da composição corporal
Os valores de referência, também, chamados de valores de normalidade 
ou pontos de corte devem ser cada vez mais desenvolvidos e propostos para 
grupos populacionais específicos, diminuindo, assim, os erros na estimativa e 
evitando determinações equivocadas do estado nutricional do indivíduo. Com 
indivíduos singulares são apresentadas quantidades e densidades diferentes em 
relação a compartimentos corporais. Agrupar indivíduos com características 
semelhantes e estudar a composição corporal deles propicia o estabelecimento 
de valores de adequação personalizados, assim como aumenta as opções de 
escolha, quando surgir a necessidade de traçar um perfil nutricional.
A maior parte dos estudos de referência da composição corporal foi realizada 
em indivíduos de etnia caucasiana. Neste sentido, os mesmos valores podem 
não ser adequados para avaliar a população afrodescendente, já que os estes 
apresentam maior densidade mineral óssea e maior massa muscular, quando 
comparados a etnias brancas. Situação semelhante ocorre com a população 
asiática, que necessita de valores de referência específicos, pois mostram 
uma estrutura corporal muito particular (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2012).
A etnia, de fato, é um fator importante a ser levado em consideração, 
quando, por exemplo, tiver os mesmos pontos de corte como padrão internacio-
nal para o Índice de Massa Corporal (IMC). O próprio IMC, por si só, já vem 
sendo criticado por não refletir, de modo preciso, o risco nutricional associado 
à presença de gordura corporal total. Segundo a síndrome do obeso com peso 
normal, do inglês normal weight obese, diversos indivíduos apresentam um 
IMC dentro dos valores adequados, porém, possuem elevado percentual de 
gordura corporal, leva a um risco de desenvolverem doenças crônicas associa-
das. Estes indivíduos, também considerados como falsos magros, geralmente, 
não estão cientes dos riscos que sofrem, já que seu estereótipo é o de uma 
pessoa saudável (LORENZO et al., 2003). 
Portanto, para classificar o estado nutricional de um indivíduo, o profis-
sional da saúde deve pesar todas as variáveis relacionadas a possíveis erros 
e, principalmente, descartar a probabilidade de não haver subestimação do 
risco à saúde. Na literatura científica, são diversos os estudos que propõe 
pontos de corte para o percentual de gordura corporal total. Normalmente, 
em âmbito internacional, são aceitos valores de 10 a 25%, em indivíduos de 
sexo masculino e de 20 a 30% em indivíduos de sexo feminino para classificar 
a normalidade da gordura corporal em adultos. Estes estudos se baseiam na 
avaliação da composição corporal com o uso de métodos padrão de referência, 
além de exames clínicos que apontem para alteração e riscos à saúde. 
Veja que os Quadros 3 e 4 apresentam valores de referência estabelecidos 
para a população americana e italiana, respectivamente. Como não existem 
Avaliação da composição corporal16
valores de normalidade definidos para a população brasileira, são utilizadas 
referências propostas para outras populações (LOHMAN; ROCHE; MAR-
TORELL, 1991; LORENZO et al., 2003). 
Fonte: Adaptado de Lohman, Roche e Martorell (1991).
Gordura corpórea (%)
Homens Mulheres
Riscos de doenças e distúrbios 
associados à desnutrição
≤ 5 ≤ 8
Abaixo da média 6 a 14 9 a 22
Média 15 23
Acima da média 16 a 24 24 a 31
Riscos de doenças associados à obesidade ≥ 25 ≥ 32
Quadro 3. Valores de referência do percentual de gordura corporal para a população 
americana segundo sexo
Idade 
(anos)
Sexo Classificação
Exce-
lente
Bom Acei-
tável
Sobre-
peso
Obesi-
dade
< 19
Masculino 5 – 12 12,1 
– 17,0
17,1 
– 22,0
22,1 
– 27,0
> 27,1
Femino 13 – 17 17,1 
– 22,0
22,1 
– 27,0
27,1 
– 32,0
> 32,1
20–29
Masculino 6 – 13 13,1 
- 18,0
19,1 
– 23,0
23,1 
– 28,0
> 28,1
Femino 14 – 18 18,1 
– 23,0
23,1 
– 28,0
28,1 
– 33,0
> 33,1
Quadro 4. Valores de referência do percentual de gordura corporal para a população 
italiana segundo sexo e faixa etária
(Continua)
17Avaliação da composição corporal
Fonte: Adaptado de Lorenzo et al. (2003).
Quadro 4. Valores de referência do percentual de gordura corporal para a população 
italiana segundo sexo e faixa etária
Idade 
(anos)
Sexo Classificação
30–39
Masculino 7 – 14 14,1 
– 19,0
19,1 
– 24,0
24,1 
– 29,0
> 29,1
Femino 15 – 19 19,1 
– 24,0
24,1 
– 29,0
29,1 
– 34,0
> 34,1
40–49
Masculino 8 – 15 15,1 
– 20,0
20,1 
– 25,0
25,1 
– 30,0
> 30,1
Femino 16 – 20 20,1 
– 25,0
25,1 
– 30,0
30,1 
– 35,0
> 35,1
> 50
Masculino 9 – 16 16,1 
– 21,0
21,1 
– 26,0
26,1 
– 31,0
> 31,1
Femino 17 – 21 21,1 
– 26,0
26,1 
– 31,0
31,1 
– 36,0
> 36,1
(Continuação)
Existem, também, tabelas com valores de normalidade propostos para 
a gordura corporal que não se baseiam, necessariamente, em equações que 
envolvam a densidade corporal, mas, sim, a soma direta das quatro dobras 
cutâneas mais difundidas (DURNIN; WOMERSLEY, 1974). 
Quanto à distribuição da gordura corporal avaliada pelo método antro-
pométrico, que é capaz de verificar o risco de desenvolvimento de doenças 
cardiovasculares com base na presença de gordura visceral (intra-abdominal), 
se tem que o ponto de corte para a circunferência de cintura corresponde a 
80cm para mulheres e 94cm para homens. Já, os pontos de corte da relação 
cintura/quadril não devem superar 1 para os homense 0,85 para as mulheres. 
Por sua vez, os valores de circunferência do pescoço devem estar abaixo de 
37cm em homens e abaixo de 34cm em mulheres (CUPPARI, 2005). No que 
diz respeito a crianças e adolescentes, os valores máximos de normalidade para 
o percentual de gordura corporal foram determinados em 25% para meninos 
e 30% para meninas (WILLIAMS et al., 1992).
Avaliação da composição corporal18
Com relação à massa magra, assim como para a massa adiposa, os valores 
de referência vão variar conforme a metodologia de medição empregada. 
No geral, baseando-se em modelos bicompartimentais, a massa magra é 
calculada pela diferença entre o peso corporal total e o peso proveniente da 
massa adiposa. Na sequência, é realizada uma regra de três para determinar 
qual percentual do peso total representa a massa magra em quilos. Indivíduos 
que apresentem um elevado percentual de massa adiposa, consequentemente, 
apresentarão um baixo percentual de massa magra e vice-versa.
A avaliação das áreas do braço apresenta valores de referência diferenciados 
que fazem relação com o estado de nutrição do indivíduo, pois demonstram a 
preservação ou perda dos depósitos de tecido adiposo e muscular, em situações 
de enfermidade relevantes, de fato, na análise dos valores de referência para 
o componente corporal livre de gordura. 
O estudo científico, com base na população americana, determinou os 
percentuais dos valores de distribuição da área muscular do braço para tal 
população. O percentual é um termo estatístico que se refere à posição ocupada 
por determinada medida, índice ou indicador antropométrico no interior de 
uma distribuição. Assumindo-se uma curva gaussiana de distribuição normal 
(forma de sino), o valor considerado ideal é aquele que coincide com a mediana 
da população, ou seja, onde maior parte da população está concentrada. As 
variações em torno da mediana são consideradas desvios-padrão. Quando um 
parâmetro avaliado apresenta determinado número de desvios-padrão acima ou 
abaixo da mediana, configura-se, portanto, algum grau de inadequação. Sendo 
assim, segundo as tabelas propostas neste caso, quando a área muscular do 
braço corresponde a um percentual < 5, significa uma baixa massa muscular e, 
consequentemente, um estado nutricional relativo à desnutrição grave. Agora, 
quando ela corresponde a um percentual entre 5 e 15, o estado nutricional é 
relativo à desnutrição leve ou moderada. Por outro lado, quando corresponde 
a um percentual > 15, o estado nutricional é normal (FRISANCHO, 1990; 
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