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Julia Folly, medicina 7º semestre. 28/02/2023 Síndromes hipertensivas na gestação Ginecologia e Obstetrícia Conceitos gerais → Sem causa comprovadamente de�nida; é especí�ca da gestação → Principal causa de morbimortalidade materna → Etiologias relacionadas: - placentação de�ciente: artérias espiraladas do miométrio não se desenvolvem adequadamente - predisposição genética - SIRS: inflamação sistêmica - quebra da tolerância imunológica - desequilíbrio angiogênico - de�ciência nutricional → Diagnóstico: *medida com a paciente sentada, e não deitada; > 1 medida, com intervalo > 4h - PAS > 140 e/OU - PAD > 90 →HAS crônica: paciente que já tem HAS antes da gestação/ < 20 semanas de gestação →HAS gestacional: diagnóstico de HAS na 2ª metade da gestação, mas sem sintomas de pré eclâmpsia (proteinúria, disfunção em órgão-alvo); pode evoluir pra pré-eclâmpsia; tende a regredir em 12 semanas pós parto Pré eclâmpsia : - HAS + proteinúria signi�cativa OU - HAS + disfunção de órgão-alvo (trombocitopenia, edema pulmonar, eclâmpsia, comprometimento placentário, etc) **em > 20 semanas → Pré eclâmpsia sobreposta à HAS crônica: aparece/piora a proteinúria em > 20 semanas + aparecem disfunções de órgãos-alvo + tem que associar novos anti-hipertensivos ou aumentar as doses pra controlar a HAS - Pré eclâmpsia precoce: < 34 semanas→ geralmente temmaior comprometimento de desenvolvimento placentário; *Piores desfechos maternos e perinatais* - Pré eclâmpsia tardia: > 34 semanas→ geralmente em gestantes com Dç crônicas, como sd. metabólica e obesidade; menor comprometimento da placenta; *Desfechos maternos e perinatais são mais favoráveis.* - Pré eclâmpsia pré termo: < 37 semanas - Pré eclâmpsia de termo: > 37 semanas Proteinúria 1. > 300 mg em urina de 24h 2. relação proteinúria/creatinina > 0,3 3. Avaliação qualitativa em �ta, em amostra de urina (presença de pelo menos uma cruz indica 30 mg/dL) 1 . Julia Folly, medicina 7º semestre. 28/02/2023 Prevenção → Não reduzem o risco: enoxaparina, repouso, restrição de sal, uso de antioxidantes, vit D, ômega-3 → Pro�laxia com AAS: só faz se a paciente tiver 1 fator de alto risco ou 2 fatores moderados → inicia com 12 semanas e suspende na 36ª (100 mg/ a noite) → Também administra suplementação com bicarbonato de cálcio (mesmos critérios; 1 - 2g/ dia) risco alto risco moderado 1. pré eclâmpsia prévia 2. multigesta 3. HAS crônica 4. DM 5. doença renal 6. dç autoimune 1. nuliparidade 2. obesidade 3. HF + de pré eclâmpsia 4. baixo nível socioeconômico 5. afrodescendente 6. > 35 anos 7. histórico de baixo peso ao nascer 8. gravidez prévia com desfecho adverso 9. > 10 anos desde a última gestação → Pré eclâmpsia sem sinais de gravidade: paciente tem que ser internada para avaliação completa→ USG, avaliação laboratorial: - Se descarta a gravidade: alta hospitalar com acompanhamento ambulatorial se a paciente tiver condições de chegar ao hospital rápido, tiver assistência em casa, for atenta aos movimentos fetais e tiver condições de aferir a pressão diariamente (UBS ou em casa) - Se observar sinais/ sintomas de gravidade: manter internada - Manter HA entre 110 - 140/85 - reduzir atividade física - indicado o parto a 37 semanas se manter sem gravidade → Pré eclâmpsia com sinais de gravidade: → sinais de gravidade: ● PAS > 160 e/OU PAD > 110 ● Síndrome HELLP - hemólise (H), níveis elevados de enzimas hepáticas (EL) e contagem baixa de plaquetas (LP)→manifesta com dor abdominal sup, náusea e mal estar ● Iminência de eclâmpsia - náusea, escotomas (alteração da visão - manchas escuras, visão dupla, borramento), cefaléia, epigastralgia, dor em HD ● Eclâmpsia ● Edema agudo de pulmão ● Dor torácica ● IR (creatinina sérica > 1,2) → Conduta: internação para acompanhamento e redução de danos; Faz a resolução da gestação/ parto se for um quadro mais grave, independente da IG: HELLP, eclâmpsia, descolamento prematuro da placenta, HAS refratária, edema agudo de pulmão + comprometimento cardíaco, alterações laboratoriais progressivas, IR ou alterações da vitalidade fetal **OBS: primeiro compensa a paciente e deixa-o estável, depois faz a resolução!! → Exames laboratoriais: 1. Hemograma 2 . Julia Folly, medicina 7º semestre. 28/02/2023 2. Desidrogenase láctica (DHL)→ avaliação da hemólise 3. Bilirrubinas totais 4. Creatinina 5. Transaminase oxalacética (TGO/AST) 6. Dosagem de uréia→ se suspeitar de falência renal 7. Dosagem de ácido úrico→ quanto maior, pior o desfecho! usado mais para predizer prognóstico, e não para diagnóstico 8. Urina 1 - avaliar proteinúria→ não precisa repetir se já tiver vindo positiva → Nesses casos: adm de sulfato de magnésio, que é anticonvulsivante de escolha para gestantes *Esquema de Pritchard: quando a paciente precisar sofrer transporte de um hospital para o outro →Conduta na Crise hipertensiva PAS > 160 e/OU PAD > 110 → Não reduzir a PAmuito rápido: risco de AVE, IAM, IRA e hipóxia fetal - meta: reduzir 15 - 25% na 1ªh → Adm de sulfato de magnésio - anti convulsivante → Adm de hidralazina - anti-hipertensivo/ vasodilatador periférico - Nitroprussiato de sódio ou Nifedipino é indicado se a hidralazina não tiver efeito → Conduta em outros sinais de deterioração: eclâmpsia, HELLP, HAS refratária → Adm apenas de sulfato de magnésio → Tratamento da HAS → Paciente com HAS crônica: Substituir os medicamentos em uso (seja IECA, BRA, etc) por Metildopa/ simpatolíticos de ação central 𝛼2-agonistas! - Também pode substituir por Clonidina (𝛼2-agonista) - Se não tiver tomando nenhummedicamento ainda, iniciar a metildopa → Se necessário, pode associar BCC (anlodipino), vasodilatadores periféricos (hidralazina), ou BB (carvedilol) ⚠ NUNCA: IECA, BRA→ risco aumentado de anormalidade fetal Pré eclâmpsia com sinais de gravidade + IG < 24 semanas → alta morbimortalidade → condução do caso é individualizada! **não precisa adm betametasona: feto com baixos receptores pulmonares e baixa vitalidade fetal, não sendo muito e�ciente!! 3 . Julia Folly, medicina 7º semestre. 28/02/2023 Pré eclâmpsia com sinais de gravidade + IG 24 - 34 semanas → Uso do sulfato de magnésio - anticonvulsivante materno + neuroproteção fetal em fetos de 31 semanas + 6 dias → Uso de corticoterapia: Betametasona→ promove maturação pulmonar fetal e previne enterocolite necrosante e hemorragia ventricular cerebral fetais →Manter controle pressórico, monitoramento laboratorial e vigilância do bem estar materno-fetal Pré eclâmpsia com sinais de gravidade + IG 34 - 37 semanas →mesmas condutas farmacológicas: sulfato de magnésio, corticoterapia e metildopa → Pode pensar em resolver a gestação, induzindo o parto SE tiver vitalidade fetal preservada e melhora clínica e laboratorial materna Calculadora de risco - PIERS (Pre-Eclampsia Integrated Estimate of Risk) → Usada quando a escolha por manter a gestação por mais tempo para melhorar a vitalidade fetal antes da resolução da gravidez coloca em risco a vida materna → A calculadora estima a evolução para eventos adversos em até 48 horas após a aferição→ auxilio na decisão compartilhada com a paciente e com a rede de apoio Cuidados no puerpério 1. Monitorização da PA 2. Evitar o uso de anti-inflamatórios não esteroides 3. Evitar bromoergocriptina e cabergolina→ adm só se a paciente tiver aborto, pra evitar a lactação 4. Sulfato de magnésio, manter a medicação por 24h. 5. Mesmo após a alta hospitalar, as pacientes precisam ser orientadas quanto à possibilidade de complicações e a reavaliação em torno de sete dias deve ser realizada. 6. Orientadas quanto aos riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e renais; paciente ainda pode ter pré eclâmpsia Síndrome HELLP . → �siopato não bem esclarecida - 10 - 20% das gestantes com pré eclâmpsia → comprometimento hepático-hematológico - é emergência! ● hemólise (H), níveis elevados de enzimas hepáticas (EL) e contagem baixa de plaquetas (LP) → 1ª modi�cação laboratorial é a trombocitopenia→ quanto menor o número de plaquetas, mais grave! → Complicação mais grave:Hematoma hepático, quando a hemorragia ocorre entre o fígado e a cápsula hepática, causando choque hemorrágico 4 . Julia Folly, medicina 7º semestre. 28/02/2023 → 50% dos casos evoluem com prematuridade → Outras complicações: DPP, eclâmpsia, CIVD, IRA → Conduta: Sulfato de magnésio e parto - internação em UTI e compensação da paciente (pode ser necessária a transfusão de plaquetas) - resolução do parto - controle pressórico < 150/100 mmHg - hidralazina se tiver em crise hipertensiva - mantém o sulfato de magnésio por até 24h após o parto - Entre 24 - 34 semanas: corticóides - manter diurese > 30 mL/h **Parto pode ocorrer pela via mais rápida, e se possível, parto vaginal, para reduzir a hemorragia Eclâmpsia . → Convulsões tônico-clônicas generalizadas, Coma, ou ambas as manifestações, durante a gravidez ou o puerpério (até 42 dias após o parto) **sem correlação com outras dç neurológicas (uso de drogas, hemorragia intracraniana, epilepsia)→ descartar essas causas antes de de�nir a eclâmpsia, mas não esperar pra tratar! → 2 - 3% das pacientes evoluem com pré eclâmpsia grave → Diagnóstico é clínico - convulsões → Conduta geral: - aspirar secreções e inserir protetor bucal - evitar broncoaspiração - adm O2 8 - 10L/min - manter em decúbito lateral - sol de glc 5% - amostra de sangue e urina para avaliar - adm sulfato de magnésio - adm nifedipina ou hidralazina SE PA >160/110 - colocar cateter vesical de demora e manter a diurese > 25 mL/h - Quando a paciente estabilizar: programar interrupção da gravidez→ sempre esperar cerca de 6h após a crise convulsiva pra poder realizar a interrupção da gestação: mãe e feto estão emmau estado geral, evoluindo provavelmente mal na cirurgia (OBS: se for possível o parto via vaginal, realizar indução!) Caso clínico orientador . Primigesta com 18 anos previamente hígida, com idade gestacional de 38+2 e 3 consultas de pré-natal é atendida em setor de emergência com queixa de epigastralgia, náusea e vômitos. Nega perdas vaginais. Ao exame apresentava pressão arterial: 165x110 mmHg, FC:88 bpm, TAX 37,2oC, AU = 35 cm, BCF 140 bpm, dinâmica uterina ausente, tônus uterino normal e toque vaginal com colo grosso, posterior e 1,5 cm de dilatação,BI, cefálico, AM. Cardiotocogra�a anteparto: categoria I. 5 . Julia Folly, medicina 7º semestre. 28/02/2023 6 .
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