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Infecção do Trato Urinário A infecção do trato urinário é caracterizada por uma bacteriúria significativa de um uropatógeno relevante em um paciente sintomático; Cistite; Pielonefrite: ❖ Cicatriz renal; ❖ Hipertensão; ❖ Doença renal - fase final. Fatores de risco para cicatriz renal: ❖ Crianças < 1 ano; ❖ Atraso no início do tratamento maior que 72h; ❖ Crianças com alto grau de refluxo; ❖ Malformações obstrutivas; ❖ ITUs recorrentes. Patogênese: Infecção ascendente; Colonização da região periuretral por patógeno entérico uropatogênico; Aderência do patógeno as células uroepiteliais (através das pili) podendo ascender até o rim; Resposta inflamatória local; Resposta inflamatória intensa no rim leva a cicatriz renal. Microbiologia: E. coli uropatogênica - 80% das ITU em crianças; As Pili ou fímbrias facilitam a sua ascensão ao trato urinário por mecanismo de contra-corrente por aderirem ao epitélio tanto da bexiga como do trato urinário superior, e podem ficar quiescentes não se sabendo qual o estímulo que as reativam Klebsiella, Proteus, Enterobacter, Citrobacter; Staphylococcus saprophyticus, Enterococcus; Vírus e fungos - raros. Epidemiologia: Incidência em menores de 7 anos - 8,4% meninas, 1,7% meninos; Picos de incidência: lactentes / 3 - 6 anos / adolescência. Diagnóstico Clínico: Sinais e sintomas em recém nascidos e lactentes: ❖ Febre sem foco aparente; ❖ Vômitos; ❖ Diarreia; ❖ Icterícia persistente; ❖ Recusa alimentar; ❖ Baixo ganho ponderal; ❖ Irritabilidade; ❖ Quadro de septicemia. Fatores predisponentes ligados ao hospedeiro: ❖ Idade; ❖ Meninos não circuncidados; ❖ Lactente do sexo feminino; ❖ Fatores genéticos; ❖ Obstrução urinária; ❖ Condições anatômicas: válvula da uretra posterior / obstrução congênita da junção ureteropélvica; ❖ Condições neurológicas: mielomeningocele / bexiga neurogênica; ❖ Condições funcionais: constipação funcional / disfunção vesical. ❖ Refluxo vesicoureteral; ❖ Atividade sexual; ❖ Cateterismo vesical. Sinais e sintomas > 2 anos: ❖ Dor abdominal; ❖ Desconforto supra-púbico; ❖ Dor lombar; ❖ Disúria; ❖ Polaciúria; ❖ Escapes urinários de instalação recente. Sintomas e sinais clínicos de infecção do trato urinário de acordo com a faixa etária: Como diagnosticar? Exame rápido: EAS; Urocultura: padrão ouro; ❖ Punção suprapúbica: qualquer contagem de colônias; ❖ Cateterismo vesical: acima de 1.000 UFC/ml; ❖ Jato intermediário: acima de 50.000 - 100.000 UFC/ml. Todas as amostras de urina devem ser examinadas o mais breve possível após a coleta; A demora de poucas horas em temperatura ambiente aumenta tanto falsos-positivos quanto falsos-negativos; Métodos de coleta (paciente sem controle esfincteriano): ❖ Saco coletor - descartar diagnóstico (se cultura negativa); ❖ Cateterismo vesical; ❖ Punção supra-púbica; ❖ “Clean catch” - após 25 min de ingestão de líquidos - 25 ml/kg - o lactente é seguro pelas axilas e recebe estímulos na região sacral e suprapúbica para estimular a micção e coletar o jato intermediário. Como tratar? Indicações de internação / terapia parenteral: ❖ Idade < 2 meses; ❖ Urosepse clínica (toxêmico / hipotenso / enchimento capilar lentificado); ❖ Paciente imunocomprometido; ❖ Vômitos ou incapacidade de tolerar medicação oral; ❖ Falha na resposta a terapia ambulatorial; ❖ Risco de não adesão ao tratamento. Via de administração: ❖ VO - maiores de 3 meses; ❖ Presença de febre (pielonefrite?) - não usar nitrofurantoína ou ácido nalidíxico. Revisão da terapia em 48 - 72h: ❖ Descalonar antibiótico? ❖ Falta de melhora clínica? Descartar anormalidades do trato urinário, ampliar cobertura antibiótica. Tempo de tratamento: 7 - 14 dias; Resistência bacteriana: ❖ Uso de antibiótico nos 90 dias anteriores ao quadro; ❖ Anomalias do trato urinário; ❖ Alteração funcional da bexiga e intestino. Amoxicilina / ampicilina - alto índice de resistência; Amoxicilina-clavulanato e SMT-TMT: uso com cautela devido ao aumento do índice de resistência; Fluoroquinolonas: não usar de rotina como primeira linha de tratamento; Reservar para ITU por P aeruginosa ou bactéria gram-negativa multirresistente. ITU- Investigação por Imagem: Identificar anomalias do trato genitourinário que requer uma avaliação extra ou intervenção (uropatias obstrutivas ou refluxo vesicoureteral com dilatação); USG dos rins e bexiga: ❖ Não invasivo; ❖ Avaliar: ❖ Forma e tamanho dos rins; ❖ Presença de duplicação ou dilatação dos ureteres; ❖ Anomalias anatômicas; ❖ Abscesso renal ou peri-renal ou pionefrose. ❖ Indicações: ❖ Primeiro episódio de ITU febril em < 2 anos de idade; ❖ ITU febril recorrente em qualquer idade; ❖ História familiar de doença renal ou urológica, retardo do crescimento, hipertensão; ❖ Ausência de resposta a terapia antimicrobacteriana adequada. Uretrocistografia miccional: ❖ Exame de escolha para estabelecer a presença e o grau de refluxo vesicoureteral (RVU); ➢ 20 - 30% das crianças têm RVU na primeira ITU. ❖ Invasivo, expõe a criança a radiação, custo elevado; ❖ Indicações: ❖ Criança de qualquer idade com 2 ou mais ITU febril; ❖ Criança de qualquer idade com 1 ITU febril e: ❖ Qualquer anomalia no US; ❖ Combinação de febre > 39˚C + outro patógeno diferente de E. coli; ❖ Baixo ganho ponderal ou hipertensão. Cintilografia renal com DMSA: ❖ Avalia: ❖ Pielonefrite aguda; ❖ Cicatriz renal nos quadros agudos ou crônicos. ❖ Invasivo, expõe a criança a radiação, custo elevado; ❖ Indicações: ❖ 4 - 6 meses após infecção atípica ou recorrente em < de 3 anos; ❖ Infecção atípica: doença grave, baixo débito urinário, massa abdominal ou vesical, creatinina elevada, septicemia, infecção por germes outro que E. coli, falha de resposta em 48h. Profilaxia: Alterações na USG (antenatal ou natal); ITU febril com PCR positivo; RVU grau 4 ou 5; Uropatias obstrutivas; ITU recorrente: ❖ 2 ou mais episódios de pielonefrite; ❖ 1 episódio de cistite e 1 de pielonefrite; ❖ 3 ou mais episódios de cistite. Medicamentos: Nitrofurantoína, Sulfametoxazol / Trimetoprim; ⅓ a ½ da dose terapêutica; 1 vez ao dia (a noite); Alto nível urinário- baixo nível sérico; Menos efeitos colaterais; Baixo custo; Bom sabor; Pouco efeito na flora intestinal; Ativo contra uropatógenos; Pouca resistência bacteriana.
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