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DIREITO COLETIVO

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O PROCESSO COLETIVO NO BRASIL 
 
 O Brasil possui mecanismos de defesa coletiva, não de forma codificada, 
mas por meio de legislações esparsas em todo o nosso ordenamento jurídico 
positivado. 
 
 As principais são: Ação Popular, Ação Civil Pública e o Mandado de 
Segurança Coletivo 
 
 A- A Ação Popular, atualmente, é uma ação constitucional posta 
à disposição de qualquer cidadão que objetive invalidar ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, 
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (art. 5º, LXXIII, da CF, e 
Lei nº 4.717/65). 
 Na época da edição da Lei de Ação Popular (ano de 1965), não 
existiam, estudos doutrinários sistemáticos acerca dos instrumentos jurídicos 
para a tutela dos interesses transindividuais. E a AP era apenas uma forma de 
fiscalização destinada à proteção do erário público. Foi somente no texto 
constitucional de 1988, que o artigo 5º, inciso LXXIII, tutelou e determinou que 
qualquer cidadão poderia ajuizá-la a fim de anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, 
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 
 
 B- Ação Civil Pública, com a promulgação da Lei nº 7347/85, 
denominada de Lei de Ação Civil Pública, o Brasil iniciou a positivação da tutela 
dos interesses transindividuais. 
 A ACP é um instrumento processual integrante do microssistema 
das tutelas coletivas, previsto na Constituição Federal brasileira e instituído pela 
Lei nº 7.347/85. É utilizado para responsabilizar os réus por danos morais e 
materiais ocasionados a bens e direitos coletivos, estejam eles previstos na lei 
ou não. Podem se valer da ação o Ministério Público e outras entidades 
legitimadas para a defesa de interesses difusos, coletivos e individuais 
homogêneos. 
 
 Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve a 
criação de uma nova ordem constitucional, na qual a tutela coletiva passou à 
condição de garantia fundamental. Todos os remédios, direitos e garantias lá 
positivados deverão ser implementados nos prismas individual e coletivo. 
 
 C- Mandado de Segurança Coletivo – que é o instrumento 
constitucional que visa assegurar a proteção de direito líquido e certo, não 
amparado por habeas corpus ou habeas data, contra atos ou omissões por parte 
de autoridades cuja atuação se reveste de ilegalidade ou abuso de poder. 
Permitindo que pessoas jurídicas protejam os direitos de seus membros, 
impedindo um eventual ajuizamento de inúmeras ações similares junto ao Poder 
Judiciário. 
 Segundo a CF/88, os legitimados ativos são: partidos políticos com 
representação no Congresso Nacional; organização sindical, entidade de classe 
ou associação, desde que legalmente constituídas e em funcionamento há pelo 
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. 
 
 
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/1988 E O PROCESSO COLETIVO 
 
 “ Assim, além de conferir status constitucional para a ação 
civil pública (artigo 129, inciso III), trouxe o mandado de segurança coletivo 
(artigo 5º, incisos LXIX e LXX), o mandado de injunção (artigo 5º, inciso LXXI), 
ampliou o campo de atuação da ação popular (artigo 5º, inciso LXXIII), a 
legitimação coletiva geral (artigo 5º, inciso XXI e artigo 8º, inciso III), o acesso à 
justiça (artigo 5º, inciso XXXV) e a previsão de regulamentação da proteção e 
defesa do consumidor no plano legislativo (artigo 48 do Ato de Disposições 
Transitórias). 
 A partir deste momento, passa a ser possível a afirmação da 
existência do direito processual coletivo comum como um ramo autônomo do 
direito processual. 
 Em 1990, foi promulgada a Lei nº 8078/90 (Código de 
Proteção e Defesa do Consumidor), outro marco legislativo na sistematização da 
tutela coletiva em nosso ordenamento. Esta norma jurídica teve a importância de 
positivar, entre outros instrumentos, o esboço do conceito dos interesses 
transindividuais, gerando uma divisão tricotômica (artigo 81, parágrafo único, 
incisos I ao III); a possibilidade da intervenção individual em processo coletivo 
(artigos 94 e 103, §2º); o fair notice e o right to opt (artigo 104); o regime jurídico 
geral da imutabilidade das sentenças coletivas (artigo 103, incisos I ao III); o 
transporte in utilibus da sentença coletiva para a esfera jurídica individual (artigo 
103, §3º) e a atipicidade das ações coletivas (artigo 83). 
 Outros diplomas legislativos foram editados, dentro da 
sistemática da tutela coletiva, para regulamentar interesses transindividuais 
específicos e/ou institutos específicos. Tais diplomas, a seguir elencados, nem 
sempre têm como objetivo a regulamentação do processo, mas, em alguns 
casos, repercutem no processo coletivo ou possuem um capítulo ou passagens 
versando sobre, tais como: Lei nº 7797/89 (criação do fundo nacional do meio 
ambiente); Lei nº 7853/89 (proteção às pessoas portadoras de deficiências 
físicas); Lei nº 7913/89 (proteção aos titulares de valores mobiliários e aos 
investidores do mercado); Lei nº 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente, 
artigos 208-224); Lei nº 8429/92 (Improbidade Administrativa); Lei nº 8437/92 
(cautelares contra o poder público); Lei nº 8625/93 (Lei Orgânica Nacional do 
Ministério Público); Lei Complementar nº 75/93 (Lei Orgânica do Ministério 
Público da União); Lei nº 8884/94 (proteção da ordem econômica, artigos 29 e 
88); Lei nº 9394/96 (diretrizes e bases da educação, artigo 5º); Lei nº 9494/97 
(alterou o artigo 16 da Lei nº 7347/85); Lei nº 9868/99 (Ação Direta de 
Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade); Lei nº 
9870/99 (valor das anuidades escolares, artigo 7º); Lei nº 9882/99 (Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental); Lei nº 10671/03 (Estatuto de Defesa 
do Torcedor, artigo 40); Lei nº 10741/03 (Estatuto do Idoso, artigos 78-92); Lei nº 
11340/06 (Maria da Penha, artigo 37); Lei nº 12016/09 (regulamentou o mandado 
de segurança coletivo, artigos 21 e 22); Lei nº 12529/13 (Lei de defesa da 
concorrência); Lei nº 12846/13 (Lei Anticorrupção) e Lei nº 13300/15 (lei do 
mandado de injunção). 
 Assim, sem a pretensão de esgotamento, foram elencadas as mais 
relevantes etapas legislativas da inserção em nosso ordenamento da tutela de 
interesses transindividuais. 
 Não só no plano legislativo houve transformação. Hoje, a 
sociedade civil brasileira está começando a se conscientizar dos novos direitos 
e interesses massificados e dos instrumentos predispostos na legislação para a 
tutela desses direitos. E já começa a reivindicá-los” Fabrício Rocha Bastos, Revista 
do Ministério Público do Rio de Janeiro nº 70, out./dez. 2018 
TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO 
 
Em respeito ao aspecto e ao interesse social e aos princípios constitucionais e processuais da razoável 
duração do processo, da economia e celeridade processual e da entrega satisfativa do mérito 
Constituição Federal, art. 5º, LXXVIII: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a 
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
Código de processo civil, art. 4º. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do 
mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
Outras REGRAS estão no Código de Defesa do Consumidor. 
DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA (Lei 7.347/85) 
AÇÃO POPULAR (Lei 4.717/64) 
MANDADO DE SEGURANÇA (Lei 12.016/09) 
 
Busca-se por um micro sistema de processo coletivo, em virtude de não haver um código específico. 
 
O PROCESSO COLETIVO, “permite a substituição da atomização das ações pela molecularização dos 
conflitos” (Kazuo Watanabe) 
 Imaginem a imensidão de processos individuais, as ações coletivas 
podem substituir milhares de ações 
 
 
VANTAGENS: 
 Substituição de várias demandas individuais; 
 Maior segurança jurídica, poisevita julgados conflitantes; 
 Instrumento de mediação de conflitos sociais; 
 Evita a banalização das demandas; 
 Permite o acesso ao Judiciário a pessoas que não o teriam (questões financeiras, culturais, etc); 
 Racionalização do Judiciário. 
 
 
 As Ações coletivas podem ser de conhecimento ou de execução, em especial na fase de cumprimento 
de sentença, conforme disposições do Código de Processo Civil. 
 Visam a tutela do direito coletivo latu sensu 
 
AÇÕES PSEUDOINDIVIDUAIS (Watanabe): são demandas individuais, mas que podem ser aproveitadas 
pela coletividade. 
PERGUNTA: Ações individuais que produzam efeitos a coletividade, podem ser consideradas ações 
coletivas? Exemplo de incômodo por barulho, resolvido por uma ação individual, beneficiando todos os 
vizinhos. NÃO, o único titular que pode executar é o autor da ação. 
O mesmo evento e objeto de uma demanda individual pode ensejar a propositura de ação coletiva pelo MP 
ou uma associação civil, por exemplo. Estas seriam consideradas coletivas, mas aquela proposta 
individualmente e que traz reflexos para a coletividade, não. 
DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
Lei 7.347/85 – Da AÇÃO CIVIL PÚBLICA de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
Conceito: a ACP é um instrumento processual integrante do microssistema das tutelas coletivas, previsto 
na Constituição Federal brasileira e instituído pela Lei nº 7.347/85. É utilizado para responsabilizar os réus 
por danos morais e materiais ocasionados a bens e direitos coletivos, estejam eles previstos na lei ou não. 
Podem se valer da ação o Ministério Público e outras entidades legitimadas para a defesa de interesses 
difusos, coletivos e individuais homogêneos. 
Em outras palavras, a ação civil pública não pode ser utilizada para a defesa de direitos e interesses 
disponíveis nem para interesses propriamente privados, salvo se, pela sua abrangência e dispersão, 
puderem interessar a grupos, classes ou categorias de pessoas que se encontrem na mesma situação 
de fato e de direito (como no caso dos interesses individuais homogêneos). 
Vale destacar que, para muitos doutrinadores jurídicos, a ACP é considerada um remédio constitucional, 
uma vez que a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Ministério Público promover a ação civil pública 
para proteger direitos difusos e coletivos (art. 129, inciso III). 
Art. 129, inciso III, CF: São funções institucionais do Ministério Público: 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos 
 
OBJETO: A ação civil pública tem como objetivo proteger interesses coletivos, ou seja, bens e direitos cuja 
titularidade recai sobre toda a sociedade (ou parte dela), e não apenas a um único indivíduo. 
 
DIREITOS, BENS E INTERESSADOS AO ALCANCE DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de 
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). 
l - ao meio-ambiente; 
ll - ao consumidor; 
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990) 
V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). 
VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) 
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014) 
VIII – ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014) 
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, 
contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza 
institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. 
Destarte, o parágrafo primeiro do referido artigo delimita a exclusão da ACP nos casos de pretensões 
que envolvam: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Federal
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347Compilada.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_P%C3%BAblico_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesses_difusos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesses_difusos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesses_coletivos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesses_individuais_homog%C3%AAneos
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm#art110
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2180-35.htm#art6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12966.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13004.htm#art1
 tributos; 
 contribuições previdenciárias; 
 Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS 
 Fundos de natureza institucional cujos beneficiários possam ser individualmente determinados 
 
PARTES LEGÍTIMAS PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO: 
De acordo com o artigo 5º da Lei nº 7.347/85, podem propor a ação civil pública e a respectiva ação 
cautelar: 
 O Ministério Público; 
 A Defensoria Pública; 
 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
 A autarquia, a empresa pública, a fundação ou a sociedade de economia mista; 
 A associação que cumprir os seguintes requisitos: 
1. esteja constituída há pelo menos um ano; 
2. tenha como finalidade institucional a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao 
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou 
religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Esse requisito também 
é conhecido como pertinência temática. 
Assim, como se pode perceber, a ação civil pública não pode ser ajuizada por particulares. Caso estes 
tenham provas de algum dos danos descritos na lei, devem levá-las ao Ministério Público para que o órgão 
dê continuidade na apuração. 
É o que prevê o artigo 6º da Lei da ACP: 
Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, 
ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de 
convicção. 
 
E OS ADVOGADOS NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA? 
Desta forma, é importante destacar as hipóteses de atuação de um advogado em uma ACP: 
como cidadão, como advogado de um dos legitimados ou como procurador dos réus. 
Enquanto cidadão, o advogado poderá encaminhar ao Ministério Público os indícios e 
provas dos danos causados por pessoa física ou jurídica, acerca dos quais tenha 
conhecimento. 
Atuando no polo ativo, alguns dos legitimados poderão constituir advogado particular para 
a ação, como é o caso da associação. Por outro lado, os advogados concursados das 
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista também 
representaram essas entidades no polo ativo de uma ACP. 
No caso do polo passivo, caberá aos réus constituírem advogado para sua defesa. Não 
sendo o réu um ente público que já tenha advogado concursado em seu quadro de 
funcionários, os particulares (pessoas físicas e jurídicas) deverão contratar advogado de 
sua confiança para garantir o contraditório e a ampla defesa na ação civil pública. 
Nesse sentido, o papel do advogado na ACP dependerá de quem o constituiu, o autor ou o 
réu. Assim, sua atuação será em prol da defesa dos interesses da respectiva parte 
contratante, independente do polo em que se encontra. 
Por isso, é primordial que o advogado conheça as peculiaridades da Lei nº 7.347/85, as 
jurisprudências existentes, os posicionamentos dos tribunais, a fim de que possa elaborarteses consistentes e argumentativas para o seu cliente. 
Diante da sua importância, é essencial que os advogados conheçam o instituto a fundo, a 
fim de que possam desempenhar seu papel jurídico, independentemente de quem seja o 
seu cliente. 
Procedimentos da ACP 
Pré-processual 
A etapa pré-processual da ACP está associada à instauração de inquérito civil pelo 
Ministério Público, quando um cidadão levar ao conhecimento do órgão fatos que 
ocasionaram danos a direitos e bens coletivos e difusos. 
Nesse caso, o procedimento administrativo1 será instaurado para averiguar a situação e 
coletar provas suficientes para fundamentar o ajuizamento da ação civil pública. 
Para apurar o caso, os parágrafos 1º e 2º do artigo 8º da Lei da ACP indicam as ações 
cabíveis ao Ministério Público: 
Art. 8º. § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou 
requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou 
perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis. 
§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou 
informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles 
documentos, cabendo ao juiz requisitá-los. 
Após coletadas as informações, caberá ao órgão analisá-las e decidir se existe ou não 
embasamento para uma ACP. Caso não haja, deverá arquivar administrativamente os 
autos de inquérito civil, fazendo isso de forma fundamentada. 
 
1 O que é processo administrativo? 
De forma geral, o processo administrativo é a forma de atuação do Estado. Ele consiste na sequência de atividades 
realizadas pela Administração Pública com o objetivo final de dar efeito a algo previsto em lei. 
O processo administrativo é regulado pela Lei nº 9.784/99, chamada de Lei de Processo Administrativo (LPA). 
O processo administrativo é a forma como o Poder Público opera e toma as decisões necessárias para continuar 
funcionando. Já que os atos do Estado não são aleatórios e arbitrários, o processo administrativo é a forma de organizar 
esses atos para que eles cheguem na decisão final de forma padronizada, coerente e homogênea, fazendo, 
teoricamente, que trâmites de situações similares sempre sejam iguais. Para que serve o processo administrativo? 
O processo administrativo, no Estado Democrático de Direito, serve para tornar as decisões administrativas do Poder 
Público previsíveis, organizadas e estruturadas de forma com que as competências dos órgãos, entidades e autoridades 
sejam claras e eficientes 
 
Por outro lado, se entender que há provas da responsabilização de alguém por danos 
ocorridos, deverá ajuizar a ação civil pública, iniciando-se a etapa processual. 
Etapa processual 
A etapa processual pode consistir no ajuizamento de uma ação cautelar, para proteger 
algum direito de forma antecipada, ou no efetivo ingresso da ação civil pública, o que poderá 
ser feito por qualquer dos legitimados ativos, desde que possuam provas suficientes para 
fazê-lo. 
A previsão da ação cautelar está nos arts. 305 e seguintes do CPC e no art. 4º da Lei nº 
7.347/85: 
Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar 
dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à 
dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e 
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
Caso tenha sido ajuizada a ACP, deverá ser indicado o dano causado, o bem jurídico 
afetado, o responsável, e o pedido de condenação, seja ele uma obrigação de fazer, de 
não fazer, pagamento de indenizações e multas, entre outras. 
É o que está previsto nos artigos 11º, 12º e 13º da referida lei: 
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, 
o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da 
atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se 
esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor. 
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em 
decisão sujeita a agravo. 
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a 
um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão 
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus 
recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. 
Ademais, além das disposições específicas, a ACP seguirá os trâmites de um processo 
civil, conforme previsto no CPC, havendo contestação, instrução e posterior sentença. 
 
 
RECORRIBILIDADE: 
Pelo art. 19 da lei da ACP, aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código 
de Processo Civil, naquilo em que não contrarie suas disposições. 
Aplicada as regras do Código de Processo Civil, são cabíveis os recursos previsto no art. 
994 do CPC, em suma, em caso de decisão interlocutória o agravo de instrumento e em 
caso de sentença o recurso de apelação. 
A única disposição acerca dos recursos na referida lei está no art. 14, que diz: 
Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável 
à parte. 
Essa regra indica, assim, que o efeito suspensivo é concedido mediante a análise do juiz, 
de modo que a regra geral é que sejam recebidos apenas em efeito devolutivo. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
Precisamos evoluir nos efeitos práticos e na efetivação das ações coletivas, vejam como era e como é 
o art. 16 da Lei da Ação civil Pública: 
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, exceto se a ação for julgada improcedente por 
deficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico 
fundamento, valendo-se de nova prova. 
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial 
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, 
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, 
valendo-se de nova prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997) 
Ou seja, pelo artigo supra, as decisões num processo coletivo, só vale para a base territorial em que o 
juiz tem jurisdição. Falta desenvolvimento da ciência processual quanto ao aspecto coletivo! 
Imaginem esta visão numa ação criminal, numa sentença de divórcio ... 
De grande valia enfatizar que o art. 333 do CPC que tratava da CONVERSÃO DA AÇÃO 
INDIVIDUAL EM AÇÃO COLETIVA foi VETADO! 
A sentença será concedida nos limites da petição inicial de ACP, dentro dos pedidos 
pleiteados, que podem ir desde obrigações de fazer, não fazer, até o pagamento de 
indenizações, como já visto. 
Assim sendo, a sentença de ACP terá efeito erga omnes, ou seja, valerá para todos, não 
somente entre as partes do processo. 
Por outro lado, existe a possibilidade de não haver provas suficientes e, assim, a ação civil 
pública ser julgada improcedente, não gerando obrigações para a parte contrária. 
Em se tratando de direito individual homogêneo, há a divisibilidade do direito, havendo 
a possibilidade de propor a demanda sozinho, existe a possibilidade de uso do Writ to OPT 
OUT ( direito de optar pela saída ) direito de negar a demanda coletiva. 
 
https://www.projuris.com.br/efeito-suspensivo/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9494.htm#art2
Diferença entre a Ação Popular e a Ação Civil Pública 
 
As principais diferenças entre a ação popular e a ação civil pública recaem sob três 
aspectos: legitimidade ativa, legitimidade passiva e objeto. 
Sobre a legitimidade ativa, só poderão ingressar com a ACP os órgãos descritos no artigo 
5º da Lei nº 7.347/85, quais sejam: o Ministério Público; a Defensoria Pública; a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; a autarquia,a empresa pública, a fundação ou 
a sociedade de economia mista; e a associação que cumpra os requisitos da lei. Já na ação 
popular, quem pode ingressar com ela são apenas os cidadãos. 
No tocante à legitimidade passiva, qualquer pessoa física ou jurídica pode ser réu em uma 
ação civil pública. Por outro lado, na ação popular, somente poderão ser acusados a 
Administração Pública e seus agentes. 
Por fim, o objeto da ação popular e da ACP também possui diferenças. 
A ação civil pública é ajuizada contra danos causados ao meio ambiente; ao consumidor; 
aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; a interesses 
difusos ou coletivos; à ordem urbanística; à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos 
ou religiosos; ao patrimônio público e social; e contra infrações à ordem econômica. 
Já a ação popular visa anular algum ato realizado pela Administração Pública ou por seus 
agentes, que tenha causado danos ao patrimônio ou aos cofres públicos, sejam eles da 
esfera municipal, estadual ou federal. 
DIREITOS COLETIVOS 
 
 NOÇÕES PRELIMINARES: HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E JUSTIFICATIVA DA 
TUTELA JURISDICIONAL 
 
 Existia uma absoluta predominância individualista da tutela jurídica, 
na vigência do Código Civil de 1916. Todo o ordenamento acompanhava essa 
base, sem qualquer observância para interesses coletivos no aspecto civil. 
 Acontecimentos no Brasil e no mundo, como exemplos as guerras 
e o aumento nas relações de consumo, entre outros, começaram a mudar o 
pensamento social. Chamando a atenção para a necessidade de proteção no 
âmbito civil de alguns pontos. Foi a etapa da proteção fragmentária dos direitos 
transindividuais, da proteção taxativa dos direitos de massa. 
 O direito ambiental é um grande exemplo desta fase. A lei da 
política nacional do meio ambiente, lei 6.938/81, pode ser vista como um 
exemplo da transição do Direito Individual e focado na propriedade de forma 
intensa para a introdução da proteção dedireitos difusos. 
 A Constituição Federal de 1988 que introduziu a tutela de direitos 
difusos e coletivos. E mais do que isso, alguns desses direitos são elevados a 
categoria de direitos fundamentais, como, por exemplo, o direito ao meio 
ambiente sadio e equilibrado. 
 No ano de 1990, sob esta nova visão, que foi editado o Código de 
Defesa do Consumidor, lei que trouxe regras específicas e inovadoras para a 
tramitação dos processos coletivos. E, no mesmo período, foi possível verificar 
significativas alterações da Lei de Ação Civil Pública neste período. 
 No ano 2002, passou a vigorar o atual Código Civil, que abordou 
o Direito não só pela visão individualista, mas também, sob a ótica da função 
social e da boa-fé. 
 Enfim, hoje temos uma tutela jurídica integral. Sendo importante 
compreender a que além do direito individual, temos o ramo Direito Material e 
Processual Coletivo. E ainda precisamos conhecer as “Dimensões” ou 
“Gerações” dos Direitos Humanos. Essa é uma classificação que busca 
organizar, de forma acadêmica, os direitos fundamentais que hoje estão 
reconhecidos no ordenamento. 
 “Contudo, é importante que tenhamos em vista que não existe, 
obrigatoriamente, uma ordem cronológica de reconhecimento das Gerações dos Direitos 
Humanos. Também, não é indispensável a necessidade da implementação de uma dimensão 
como pressuposto para a defesa dos direitos representados na geração seguinte. 
 Cada país tem, na sua marca histórica de evolução da positivação desses 
direitos. 
 Assim, é possível que no estudo de direito da Constituição de um país ou de 
reconhecimento naquela localidade dos Direitos Humanos, encontremos determinada nação que 
positivou direitos de segunda geração antes mesmo de consolidar os direitos verificados na 
primeira. 
 Da mesma forma há possibilidade de nações com forte implementação e 
respeito aos direitos de primeira e terceira geração, e que ainda caminham na implementação 
de direitos de segunda dimensão. 
 Os direitos de primeira geração são os direitos de liberdade. São aqueles que 
protegem a liberdade individual e resguardam os direitos civis e políticos. Marcam a passagem 
de um Estado Autoritário para o Estado de Direito. Neste viés, podemos identificar os direitos de 
oposição e de resistência perante o Estado. 
 A doutrina identifica como retrato desta geração a Declaração de Independência 
dos EUA, de 1776, e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada na França 
em 1789. Nesta geração estão os direitos de liberdade de expressão, direito à vida privada, 
devido processo legal, presunção de inocência, direito de voto, entre outros. 
 
 Na segunda geração encontramos os direitos sociais, econômicos e culturais. Em 
síntese, a Revolução Industrial e alterações dos meios de produção e consumo geraram uma 
questão social inédita na sociedade para resguardar, em última análise, a condição humana. Se 
nos direitos de primeira geração se busca a não intervenção Estatal, nesta dimensão ela se faz 
necessária. 
 Era preciso agora que o Estado criasse e protegesse direitos da nova classe que 
surgia na sociedade. A positivação de leis para o exercício do trabalho, limitação de jornadas 
entre outros temas passaram a se fazer urgentes. 
 Além disso, a escala de produção de riqueza que se intensificou de forma 
exponencial trouxe o agravamento da condição de miserabilidade de diversas pessoas. Nesse 
contexto passou-se a se discutir a prestação material de serviços essenciais para sobrevivência 
humana. 
 A oferta pública de saúde, educação, moradia, entre outros, passou a fazer 
parte das novas reivindicações e da nova ordem de direitos. Sem esses direitos, não haveria como 
se assegurar o mínimo para a existência digna do ser humano. 
 A doutrina identifica como retrato desse momento a Constituição Mexicana de 
1917 e a Constituição de Weimar de 1919. A terceira geração é aquela que dá atenção ao ser 
humano uma vez inserido em uma coletividade. 
 Passou-se a reconhecer a importância de direitos que podem ser considerados 
como pertencentes a todos e não a um único indivíduo. Esses direitos, uma vez violados, 
ferem interesses coletivos. 
 É notória a relevância dos acontecimentos bárbaros da Segunda Grande Guerra 
para o reconhecimento mundial desse novo aspecto. É possível enquadrar aqui o direito à 
comunicação, autodeterminação dos povos, direito ao meio ambiente sadio e equilibrado, 
direitos da criança e do adolescente, consumidores, entre outros.” Fonte: 
https://trilhante.com.br 
 
JUSTIFICATIVA DA TUTELA JURISDICIONAL 
GERAÇÕES 
 
 Os direitos humanos são tradicionalmente classificados em três 
gerações ou dimensões, as quais estão intimamente ligadas aos lemas da 
Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. 
 Os direitos humanos de primeira geração são aqueles que 
compreendem as chamadas “liberdades clássicas”. Direitos individuais, civis e 
políticos, seus exemplos clássicos, são, pois, direitos negativos que implicam a 
abstenção do Estado em relação a atos que interfiram na esfera de liberdade 
dos indivíduos. 
 Os direitos humanos de segunda geração, a seu turno, são os 
direitos sociais, econômicos e culturais, chamados de direitos positivos, eis que 
implicam a ação do Estado para sua consecução e estão relacionados com o 
princípio da igualdade. 
 Os direitos humanos de terceira geração, por fim, referem-se aos 
direitos de titularidade coletiva, tais como o direito ao meio ambiente equilibrado, 
direito à paz, direito ao desenvolvimento, direito à autodeterminação dos povos, 
entre outros, e estão ligados ao princípio da fraternidade. 
 Dentre os direitos humanos de terceira geração, destacam-se os 
chamados direitos difusos e coletivos. Embora de há muito conhecidos das 
civilizações ocidentais, remontando ao direito romano seus primeiros 
antecedentes, foi apenas em meados do século XX que teóricos e legisladores 
passaram a se ocuparsistematicamente de seu tratamento. 
 
DIREITOS COLETIVOS 
 Todo indivíduo é titular de direitos. Mas existem direitos que 
ultrapassam o âmbito estritamente individual. Em sentido amplo, esses direitos 
são chamados de direitos coletivos. 
 Os direitos coletivos são conquistas sociais reconhecidas em lei, 
como o direito à saúde, o direito a um governo honesto e eficiente, o direito ao 
meio ambiente equilibrado e os direitos trabalhistas. 
 Quando um direito coletivo não é respeitado, muitas pessoas são 
prejudicadas e o Ministério Público tem o dever de agir em defesa desse direito, 
ainda que o violador seja o próprio Poder Público. 
 Os direitos coletivos, em sentido amplo dividem-se em direitos 
difusos, coletivos e individuais homogêneos, conforme o parágrafo único do art. 
81 da Lei 8.078/90: 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os 
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas 
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, 
os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou 
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação 
jurídica base; 
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os 
decorrentes de origem comum. 
 
Direitos Difusos 
Os titulares de direitos difusos são indeterminados e indetermináveis. Dito de 
outra forma, não é possível determinar quem são os titulares de um direito difuso. 
Isso não significa que ninguém sofra ameaça ou violação de direitos difusos, 
mas que os direitos difusos são direitos que merecem especial proteção, pois 
atingem alguém em particular e, simultaneamente, a todos. 
Exemplos: 
 Direito a um meio ambiente sadio; 
 Direito à vedação à propaganda enganosa; 
 Direito à segurança pública. 
 - Direitos Coletivos em Sentido Estrito 
 São direitos de grupo, categoria ou classe de pessoas. É possível 
determinar quem são os titulares de direitos coletivos em sentido estrito, pois 
existe uma relação jurídica entre as pessoas atingidas por sua violação ou entre 
estas e o violador do direito. 
Exemplos: 
 Direito dos consumidores de receber serviços de boa qualidade das 
prestadoras de serviços públicos essenciais, como de telefonia, de 
abastecimento de água e de energia elétrica; 
 Direito dos técnicos de raio-x de receber adicional de insalubridade; 
 Direitos Individuais Homogêneos 
 São direitos individuais que recebem proteção coletiva no propósito de 
otimizar o acesso à Justiça e a economia processual. Dizem respeito a pessoas 
determinadas cujos direitos são ligados por um evento que tenha origem comum. 
Como o próprio nome diz, apesar de homogêneos, são direitos individuais, sendo 
também possível a propositura de ação individual. 
Exemplos: 
 Direitos dos compradores de produto defeituoso de serem indenizados 
pelo fabricante; 
 Direito à declaração de nulidade de cláusula abusiva de contrato de 
prestação de serviços públicos essenciais, como de telefonia, de energia 
elétrica ou de abastecimento de água; 
 Direito das vítimas de um acidente de avião. 
 
 Os direitos coletivos podem ser defendidos em juízo por meio de ação civil 
pública ou coletiva, por um dos legitimados autorizados por lei, como o Ministério 
Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados-membros, o Distrito Federal, 
os municípios, as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de economia 
mista, as fundações e as associações civis. Fonte: Conselho Nacional do 
Ministério Publico 
 
 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO COLETIVO. 
 
 Para a tutela de direitos coletivos, faz-se necessária a 
compreensão sistemática e adequada do processo coletivo, e para tanto, 
iniciamos com os princípios específicos ao processo coletivo. 
 Existem várias abordagens doutrinárias e teórica de princípios do 
processo coletivo, selecionamos alguns princípios específicos ao Direito e 
Processo Coletivo: 
 
- PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE JURISDICIONAL NO CONHECIMENTO 
DO MÉRITO DO PROCESSO COLETIVO 
 A Constituição Federal de 1988 dispõe, no artigo 5º, inciso XXXV, 
que o Poder Judiciário é o órgão de apreciação de qualquer espécie de conflito, 
seja de direito individual ou coletivo. Assim, o Poder Judiciário tem o dever de 
conferir efetividade às normas não só dos direitos individuais, mas nos direitos 
coletivos fundamentais básicos. 
 Temos a inafastabilidade do Poder Judiciário, com a consequente 
proibição ao juiz de declinar do seu poder-dever de julgar todo tipo de lide, 
garantindo Justiça a todos, no necessário enfrentamento das matérias coletivas 
pelo Poder Judiciário. 
 
- Princípio da representatividade adequada: 
 Por este princípio, apenas os legitimados ativos do art. 5º da Lei da 
Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/1985) podem propor ações coletivas. Esta 
representatividade é presumida por lei, não cabendo ao juiz controlar, o 
legislador decidiu por estabelecer o rol de legitimados conforme o artigo 5º da 
(Lei 7.347/85). 
Art. 5º. Têm legitimidade para propor a ação principal e a 
ação cautelar: 
I – o Ministério Público; 
II – a Defensoria Pública; 
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios; [Administração Direta] 
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade 
de economia mista; [Administração Indireta] 
V – a associação que, concomitantemente: 
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos 
da lei civil; 
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção 
ao meio ambiente, ao consumidor, a ordem econômica, à 
livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico. 
 - Princípio da Ampla Divulgação da Demanda Coletiva 
 Este princípio tem o objetivo de divulgar e informar a coletividade 
sobre os seus termos, e sobretudo, de informar aos autores de ações individuais 
com o mesmo objeto a possibilidade de suspendê-las. Somente se aplica às 
ações coletivas para a tutela dos direitos individuais homogêneos. 
 Tem previsão legal no art. 94 do Código de Defesa do Consumidor: 
 “Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os 
interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de 
ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de 
defesa do consumidor.” 
- Princípio da Continuidade da Demanda Coletiva 
 A demanda coletiva não depende da vontade das partes, e sim da 
necessidade social de sua propositura, dada a prevalência do interesse público, 
observados os critérios de conveniência e oportunidade. 
 Encontra-se mencionado em lei no §3º, artigo 5º, da Lei de Ação 
Civil Pública (lei 7.347/85): “Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por 
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.” 
- Princípio da Obrigatoriedade da Execução da Sentença Coletiva 
 A execução da sentença coletiva deverá ser feita pelo Ministério 
Público ou demais legitimados, esta obrigatoriedade está disposta, no artigo 15 
da Lei de Ação Civil Pública (lei 7.347/85): 
Art. 15.” Decorridos 60 (sessenta) dias do 
trânsito em julgado da sentença condenatória, 
sem que a associação autora lhe promova a 
execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, 
facultada igual iniciativa aos demais 
legitimados.” 
 Para evitar a falta de execução, o legislador deixa claro que a 
execução é obrigatória para o MP. Se o autor da ação coletiva não executar a 
sentença condenatória no prazo de 60 dias do trânsito em julgado, o Ministério 
Público é obrigado a executá-la no prazo de 30 dias. A regra é que o autor 
execute a sentença coletiva, mas, passados 60 dias, qualquer legitimado 
continuará podendo e o MP deverá promover a execução. 
- PRINCÍPIODA PRIORIDADE DA TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA: 
 O processo coletivo é o meio adequado e eficaz para evitar 
decisões conflitantes, porque resolve em uma única Ação vários demandas 
individuais, gerando celeridade ao poder judiciário 
 Também pode ser denominado de princípio da máxima amplitude 
da tutela jurisdicional coletiva. Por exemplo: não é possível proteger o direito 
fundamental ao meio ambiente equilibrado, sem pensar nas gerações futuras. 
Não pode apenas ser tutelado, por meio pecuniário. Para a adequada reparação 
dos danos ambientais é necessário que os ilícitos tenham sua prática, 
continuação ou repetição inibidas ou que os efeitos concretos do ilícito sejam 
removidos. 
 
OBSERVAÇÕES: 
 “ Advertência necessária 
 Segundo diretriz estampada no art. 20 da LINDB- Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, inserido pela Lei Federal 13.655, de 25.4.2018, “não se 
decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as 
consequências práticas da decisão”. Busca o preceptivo, a bem ver, reforçar a ideia de 
responsabilidade decisória estatal frente a normas (= regras e princípios) 
indeterminadas, que, como sabido, são passíveis de múltiplas interpretações. Para 
tanto, o seu parágrafo único impõe ao tomador de decisão o dever de demonstrar, via 
motivação, “a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, 
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis 
alternativas”. 
 Por certo, o comando em análise “não exige conhecimento 
extraprocessual do julgador, mas sim que concretize sua função pública com 
responsabilidade. Veda, assim, motivações decisórias vazias, apenas retóricas ou 
principiológicas, sem análise prévia de fatos e de impactos. Obriga o julgador a avaliar, 
na motivação, a partir de elementos idôneos coligidos no processo administrativo, 
judicial ou de controle, as consequências práticas de sua decisão. E, claro, esse dever 
se torna ainda mais importante quando há pluralidade de alternativas. Quem decide não 
pode ser voluntarista, usar meras intuições, improvisar ou se limitar a invocar fórmulas 
gerais como ‘interesse público’, ‘princípio da moralidade’ e outras. É preciso, com base 
em dados trazidos ao processo decisório, analisar problemas, opções e consequências 
reais. Afinal, as decisões estatais de qualquer seara produzem efeitos práticos no 
mundo e não apenas no plano das ideias”. 
 Destarte, sem negar a extraordinária importância dos princípios como 
fonte coadjuvante à composição justa de litígios, é preciso cuidar para que não passem 
a ocupar, sempre e sempre, o lugar das regras postas e legítimas, em clara opção do 
julgador por uma postura ativista, situação que vem merecendo duras críticas da 
doutrina, no sentido de que “não podem ser os princípios jurídicos e sua ponderação 
utilizados como uma caixa preta para legitimar decisionismos, intuicionismos e 
ativismos. Eles não têm o condão de modificar o direito para a forma como a doutrina 
ou como a jurisprudência pretendem. Esse é o papel do Legislativo”. Ou, ainda, mais 
apropriado aos tempos esquisitos que correm, a compreensão dos princípios “nem 
sempre se encontra imune a excessos de perfil até mesmo fundamentalista ou, pelo 
menos, o que é mais frequente, de uma dose de voluntarismo que procura se legitimar 
mediante inovação genérica – e, por vezes, mesmo panfletária – do discurso dos 
princípios”. 
Fonte: Milaré, Édis e Milaré, Lucas Tamer: Princípios informadores do processo coletivo, 
Enciclopédia Jurídica da PUCSP - PUC - Pontifícia Universidade Católica -Tomo Direitos 
Difusos e Coletivos, Edição 1, Julho de 2020. 
 
NATUREZA E ESPÉCIES DOS DIREITOS TUTELADOS PELO PROCESSO 
COLETIVO 
 
Art. 81 do Código de Defesa do Consumidor: 
 
“Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas 
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste 
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares 
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste 
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, 
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por 
uma relação jurídica base; 
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os 
decorrentes de origem comum.” 
A) DIREITOS DIFUSOS – Características 
- Originalmente/essencialmente coletivos. 
 - Indivisibilidade do objeto: pertence a todos 
 - Os titulares são indeterminados e mais ainda, indetermináveis. 
 - Os titulares estão unidos por circunstâncias fáticas. 
- Alta conflituosidade interna: não há consenso/acordo entre os titulares 
dos direitos difusos. 
 Exemplos: o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
é tipicamente difuso, porque afeta um número incalculável de pessoas, que não 
estão ligadas entre si por qualquer relação jurídica pré-estabelecida. Direito à 
segurança pública. O direito difuso de não se ter produtos com vícios de 
qualidade colocados no mercado de consumo. 
 Eles atendem a um grupo de pessoas ou a coletividade afetada por 
determinada situação. É o caso, por exemplo, de desabamentos, desequilíbrio 
do meio ambiente, prejuízos financeiros 
B) DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO – Características 
- São genuinamente coletivos. 
- Indivisibilidade do objeto: pertence a todos, em um estado de 
indivisibilidade. 
- Os Titulares pertencem a um grupo, categoria ou classe. 
Indeterminabilidade relativa. 
- Os titulares estão unidos por circunstâncias jurídicas. 
- Baixa conflituosidade interna. 
 São direitos indivisíveis, de que seja titular grupo, classe ou categoria de 
pessoas, ligadas entre si ou com a parte contrária por um vínculo jurídico base 
e, por tal razão, determináveis. 
 Exemplos: - Direito dos consumidores de receber serviços de boa 
qualidade das prestadoras de serviços públicos essenciais, como de telefonia, 
de abastecimento de água e de energia elétrica; 
Direito dos técnicos de raio-x de receber adicional de insalubridade; 
C) DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – Características 
- São Direitos individuais que podem ser tutelados coletivamente. 
- Não são propriamente transindividuais. 
- Divisibilidade do objeto. 
- Determinabilidade dos sujeitos. 
- Previsão legal: CDC, artigos 91 e seguintes: Das Ações Coletivas Para 
a Defesa de Interesses Individuais Homogêneos 
- Homogêneos = origem em comum. 
 Os interesses individuais homogêneos, ao contrário dos direitos difusos, 
são divisíveis, passíveis de ser atribuídos individual e proporcionalmente a cada 
um dos interessados (que são identificáveis). São verdadeiros interesses 
individuais, mas circunstancialmente tratados de forma coletiva. Ou seja, não 
são coletivos em sua essência, mas no modo como são exercidos. 
 “ Não basta a origem em comum, há a necessidade de um número 
significativo de lesados, que justifique a tutela coletiva (relevância social) e deve 
haver a predominância de aspectos comuns a serem discutidos na ação. 
 
• OBS.: O fato de os direitos individuais serem disponíveis NÃO impede a tutela 
coletiva. Aqui, o que se pode discutir é a legitimidade do Ministério Público, por 
exemplo. 
 Os direitos ou interesses individuais homogêneos são “direitos 
subjetivos individuais, objetivamente divisíveis, cuja defesa judicial é passível de 
ser feita coletivamente, cujos titulares são determináveis e têm em comum a 
origem desses direitos, e cuja defesa judicial convém seja feita coletivamente. 
 Os direitos dos consumidores são típicos direitos individuais 
homogêneos. Exemplo: as ações que pedem a ilegalidade da cobrança mensal 
de assinatura de telefone.” 
Fonte: ANDRADE,Adriano; MASSON, Cleber; ANDRADE, Landolfo. Interesses difusos e coletivos 
esquematizado – 9. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019. 
 
 Observações importantes 
 Um mesmo fato pode dar origem a lesões a direitos difusos, 
coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos. O que vai distingui-los 
é a existência de relação jurídica base antecedente à lesão: 
 
- No que se refere aos direitos difusos, não há relação jurídica antecedente ao 
evento danoso, e não há determinabilidade dos membros do grupo, que são 
rarefeitos. 
- No âmbito dos direitos coletivos em sentido estrito o grupo é determinável, e 
existe uma relação jurídica que o enlaça antes mesmo da ocorrência do evento 
danoso. 
- Já os direitos individuais de natureza homogênea derivam de ficção legal. São 
individuais, mas que, por reiteração homogênea em sua violação, autorizam a 
tutela coletiva. Exemplo a tutela dos compradores de carros pertencentes a 
um lote defeituoso. O grupo forma-se posteriormente à lesão. 
 
 É O TIPO DE PRETENSÃO QUE CLASSIFICA UM DIREITO OU 
INTERESSE COMO SENDO DIFUSO, COLETIVO OU INDIVIDUAL. 
 As ações coletivas como demandas que fazem surgir um 
processo coletivo, por meio das quais se afirma a existência de uma situação 
jurídica coletiva ativa ou passiva exigida para a tutela de grupo de pessoas. 
 A classificação em direitos coletivos em sentido estrito, difusos 
e/ou individuais homogêneos decorre da tutela jurisdicional que se pretende 
obter por ocasião da propositura da ação coletiva, e não necessariamente dos 
direitos propriamente considerados. 
 O pedido constante na Petição Inicial é que definirá o tipo de tutela 
jurisdicional que se pretende obter, e, consequentemente, o tipo de direito 
coletivo tutelado. 
 Nelson Nery Júnior explica que um mesmo fato pode dar origem 
a pretensão difusa, coletiva em sentido estrito e individual homogênea, a 
depender do tipo de tutela jurisdicional pretendida por ocasião da oferta da 
demanda. 
 Para exemplificar a situação, Nery Junior apresenta o caso do 
acidente com o Bateau Mouche IV (naufrágio de navio), que teve lugar no Rio 
de Janeiro em 1988, o qual, segundo o jurista, poderia abrir oportunidades para 
a propositura de ação individual pelas vítimas do evento, em virtude do prejuízo 
sofrido (direito individual), ação de indenização em prol de todas as vítimas 
ajuizada por entidade de representação coletiva (direito coletivo), bem assim 
ação ajuizada pelo Ministério Público, em favor da vida e segurança das 
pessoas, visando-se evitar, com isso, novos acidentes, mediante interdito da 
embarcação (direito difuso). 
 
 
 
 
O PROCESSO COLETIVO NO BRASIL 
 
 O Brasil possui mecanismos de defesa coletiva, não de forma codificada, 
mas por meio de legislações esparsas em todo o nosso ordenamento jurídico 
positivado. 
 
 As principais são: Ação Popular, Ação Civil Pública e o Mandado de 
Segurança Coletivo 
 
 A- A Ação Popular, atualmente, é uma ação constitucional posta 
à disposição de qualquer cidadão que objetive invalidar ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, 
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (art. 5º, LXXIII, da CF, e 
Lei nº 4.717/65). 
 Na época da edição da Lei de Ação Popular (ano de 1965), não 
existiam, estudos doutrinários sistemáticos acerca dos instrumentos jurídicos 
para a tutela dos interesses transindividuais. E a AP era apenas uma forma de 
fiscalização destinada à proteção do erário público. Foi somente no texto 
constitucional de 1988, que o artigo 5º, inciso LXXIII, tutelou e determinou que 
qualquer cidadão poderia ajuizá-la a fim de anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, 
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 
 
 B- Ação Civil Pública, com a promulgação da Lei nº 7347/85, 
denominada de Lei de Ação Civil Pública, o Brasil iniciou a positivação da tutela 
dos interesses transindividuais. 
 A ACP é um instrumento processual integrante do microssistema 
das tutelas coletivas, previsto na Constituição Federal brasileira e instituído pela 
Lei nº 7.347/85. É utilizado para responsabilizar os réus por danos morais e 
materiais ocasionados a bens e direitos coletivos, estejam eles previstos na lei 
ou não. Podem se valer da ação o Ministério Público e outras entidades 
legitimadas para a defesa de interesses difusos, coletivos e individuais 
homogêneos. 
 
 Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve a 
criação de uma nova ordem constitucional, na qual a tutela coletiva passou à 
condição de garantia fundamental. Todos os remédios, direitos e garantias lá 
positivados deverão ser implementados nos prismas individual e coletivo. 
 
 C- Mandado de Segurança Coletivo – que é o instrumento 
constitucional que visa assegurar a proteção de direito líquido e certo, não 
amparado por habeas corpus ou habeas data, contra atos ou omissões por parte 
de autoridades cuja atuação se reveste de ilegalidade ou abuso de poder. 
Permitindo que pessoas jurídicas protejam os direitos de seus membros, 
impedindo um eventual ajuizamento de inúmeras ações similares junto ao Poder 
Judiciário. 
 Segundo a CF/88, os legitimados ativos são: partidos políticos com 
representação no Congresso Nacional; organização sindical, entidade de classe 
ou associação, desde que legalmente constituídas e em funcionamento há pelo 
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. 
 
 
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/1988 E O PROCESSO COLETIVO 
 
 “ Assim, além de conferir status constitucional para a ação 
civil pública (artigo 129, inciso III), trouxe o mandado de segurança coletivo 
(artigo 5º, incisos LXIX e LXX), o mandado de injunção (artigo 5º, inciso LXXI), 
ampliou o campo de atuação da ação popular (artigo 5º, inciso LXXIII), a 
legitimação coletiva geral (artigo 5º, inciso XXI e artigo 8º, inciso III), o acesso à 
justiça (artigo 5º, inciso XXXV) e a previsão de regulamentação da proteção e 
defesa do consumidor no plano legislativo (artigo 48 do Ato de Disposições 
Transitórias). 
 A partir deste momento, passa a ser possível a afirmação da 
existência do direito processual coletivo comum como um ramo autônomo do 
direito processual. 
 Em 1990, foi promulgada a Lei nº 8078/90 (Código de 
Proteção e Defesa do Consumidor), outro marco legislativo na sistematização da 
tutela coletiva em nosso ordenamento. Esta norma jurídica teve a importância de 
positivar, entre outros instrumentos, o esboço do conceito dos interesses 
transindividuais, gerando uma divisão tricotômica (artigo 81, parágrafo único, 
incisos I ao III); a possibilidade da intervenção individual em processo coletivo 
(artigos 94 e 103, §2º); o fair notice e o right to opt (artigo 104); o regime jurídico 
geral da imutabilidade das sentenças coletivas (artigo 103, incisos I ao III); o 
transporte in utilibus da sentença coletiva para a esfera jurídica individual (artigo 
103, §3º) e a atipicidade das ações coletivas (artigo 83). 
 Outros diplomas legislativos foram editados, dentro da 
sistemática da tutela coletiva, para regulamentar interesses transindividuais 
específicos e/ou institutos específicos. Tais diplomas, a seguir elencados, nem 
sempre têm como objetivo a regulamentação do processo, mas, em alguns 
casos, repercutem no processo coletivo ou possuem um capítulo ou passagens 
versando sobre, tais como: Lei nº 7797/89 (criação do fundo nacional do meio 
ambiente); Lei nº 7853/89 (proteção às pessoas portadoras de deficiências 
físicas); Lei nº 7913/89 (proteção aos titulares de valores mobiliários e aos 
investidores do mercado); Lei nº 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente, 
artigos 208-224); Lei nº 8429/92 (Improbidade Administrativa); Lei nº 8437/92 
(cautelares contrao poder público); Lei nº 8625/93 (Lei Orgânica Nacional do 
Ministério Público); Lei Complementar nº 75/93 (Lei Orgânica do Ministério 
Público da União); Lei nº 8884/94 (proteção da ordem econômica, artigos 29 e 
88); Lei nº 9394/96 (diretrizes e bases da educação, artigo 5º); Lei nº 9494/97 
(alterou o artigo 16 da Lei nº 7347/85); Lei nº 9868/99 (Ação Direta de 
Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade); Lei nº 
9870/99 (valor das anuidades escolares, artigo 7º); Lei nº 9882/99 (Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental); Lei nº 10671/03 (Estatuto de Defesa 
do Torcedor, artigo 40); Lei nº 10741/03 (Estatuto do Idoso, artigos 78-92); Lei nº 
11340/06 (Maria da Penha, artigo 37); Lei nº 12016/09 (regulamentou o mandado 
de segurança coletivo, artigos 21 e 22); Lei nº 12529/13 (Lei de defesa da 
concorrência); Lei nº 12846/13 (Lei Anticorrupção) e Lei nº 13300/15 (lei do 
mandado de injunção). 
 Assim, sem a pretensão de esgotamento, foram elencadas as mais 
relevantes etapas legislativas da inserção em nosso ordenamento da tutela de 
interesses transindividuais. 
 Não só no plano legislativo houve transformação. Hoje, a 
sociedade civil brasileira está começando a se conscientizar dos novos direitos 
e interesses massificados e dos instrumentos predispostos na legislação para a 
tutela desses direitos. E já começa a reivindicá-los” Fabrício Rocha Bastos, Revista 
do Ministério Público do Rio de Janeiro nº 70, out./dez. 2018 
TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO 
 
Em respeito ao aspecto e ao interesse social e aos princípios constitucionais e processuais da razoável 
duração do processo, da economia e celeridade processual e da entrega satisfativa do mérito 
Constituição Federal, art. 5º, LXXVIII: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a 
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
Código de processo civil, art. 4º. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do 
mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
Outras REGRAS estão no Código de Defesa do Consumidor. 
DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA (Lei 7.347/85) 
AÇÃO POPULAR (Lei 4.717/64) 
MANDADO DE SEGURANÇA (Lei 12.016/09) 
 
Busca-se por um micro sistema de processo coletivo, em virtude de não haver um código específico. 
 
O PROCESSO COLETIVO, “permite a substituição da atomização das ações pela molecularização dos 
conflitos” (Kazuo Watanabe) 
 Imaginem a imensidão de processos individuais, as ações coletivas 
podem substituir milhares de ações 
 
 
VANTAGENS: 
 Substituição de várias demandas individuais; 
 Maior segurança jurídica, pois evita julgados conflitantes; 
 Instrumento de mediação de conflitos sociais; 
 Evita a banalização das demandas; 
 Permite o acesso ao Judiciário a pessoas que não o teriam (questões financeiras, culturais, etc); 
 Racionalização do Judiciário. 
 
 
 As Ações coletivas podem ser de conhecimento ou de execução, em especial na fase de cumprimento 
de sentença, conforme disposições do Código de Processo Civil. 
 Visam a tutela do direito coletivo latu sensu 
 
AÇÕES PSEUDOINDIVIDUAIS (Watanabe): são demandas individuais, mas que podem ser aproveitadas 
pela coletividade. 
PERGUNTA: Ações individuais que produzam efeitos a coletividade, podem ser consideradas ações 
coletivas? Exemplo de incômodo por barulho, resolvido por uma ação individual, beneficiando todos os 
vizinhos. NÃO, o único titular que pode executar é o autor da ação. 
O mesmo evento e objeto de uma demanda individual pode ensejar a propositura de ação coletiva pelo MP 
ou uma associação civil, por exemplo. Estas seriam consideradas coletivas, mas aquela proposta 
individualmente e que traz reflexos para a coletividade, não. 
DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
Lei 7.347/85 – Da AÇÃO CIVIL PÚBLICA de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
Conceito: a ACP é um instrumento processual integrante do microssistema das tutelas coletivas, previsto 
na Constituição Federal brasileira e instituído pela Lei nº 7.347/85. É utilizado para responsabilizar os réus 
por danos morais e materiais ocasionados a bens e direitos coletivos, estejam eles previstos na lei ou não. 
Podem se valer da ação o Ministério Público e outras entidades legitimadas para a defesa de interesses 
difusos, coletivos e individuais homogêneos. 
Em outras palavras, a ação civil pública não pode ser utilizada para a defesa de direitos e interesses 
disponíveis nem para interesses propriamente privados, salvo se, pela sua abrangência e dispersão, 
puderem interessar a grupos, classes ou categorias de pessoas que se encontrem na mesma situação 
de fato e de direito (como no caso dos interesses individuais homogêneos). 
Vale destacar que, para muitos doutrinadores jurídicos, a ACP é considerada um remédio constitucional, 
uma vez que a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Ministério Público promover a ação civil pública 
para proteger direitos difusos e coletivos (art. 129, inciso III). 
Art. 129, inciso III, CF: São funções institucionais do Ministério Público: 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos 
 
OBJETO: A ação civil pública tem como objetivo proteger interesses coletivos, ou seja, bens e direitos cuja 
titularidade recai sobre toda a sociedade (ou parte dela), e não apenas a um único indivíduo. 
 
DIREITOS, BENS E INTERESSADOS AO ALCANCE DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de 
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). 
l - ao meio-ambiente; 
ll - ao consumidor; 
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990) 
V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). 
VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) 
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014) 
VIII – ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014) 
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, 
contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza 
institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. 
Destarte, o parágrafo primeiro do referido artigo delimita a exclusão da ACP nos casos de pretensões 
que envolvam: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Federal
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347Compilada.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_P%C3%BAblico_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesses_difusos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesses_difusos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesses_coletivos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesses_individuais_homog%C3%AAneos
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm#art110
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2180-35.htm#art6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12966.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13004.htm#art1
 tributos; 
 contribuições previdenciárias; 
 Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS 
 Fundos de natureza institucional cujos beneficiários possam ser individualmente determinados 
 
PARTES LEGÍTIMAS PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO: 
De acordocom o artigo 5º da Lei nº 7.347/85, podem propor a ação civil pública e a respectiva ação 
cautelar: 
 O Ministério Público; 
 A Defensoria Pública; 
 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
 A autarquia, a empresa pública, a fundação ou a sociedade de economia mista; 
 A associação que cumprir os seguintes requisitos: 
1. esteja constituída há pelo menos um ano; 
2. tenha como finalidade institucional a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao 
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou 
religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Esse requisito também 
é conhecido como pertinência temática. 
Assim, como se pode perceber, a ação civil pública não pode ser ajuizada por particulares. Caso estes 
tenham provas de algum dos danos descritos na lei, devem levá-las ao Ministério Público para que o órgão 
dê continuidade na apuração. 
É o que prevê o artigo 6º da Lei da ACP: 
Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, 
ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de 
convicção. 
 
E OS ADVOGADOS NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA? 
Desta forma, é importante destacar as hipóteses de atuação de um advogado em uma ACP: 
como cidadão, como advogado de um dos legitimados ou como procurador dos réus. 
Enquanto cidadão, o advogado poderá encaminhar ao Ministério Público os indícios e 
provas dos danos causados por pessoa física ou jurídica, acerca dos quais tenha 
conhecimento. 
Atuando no polo ativo, alguns dos legitimados poderão constituir advogado particular para 
a ação, como é o caso da associação. Por outro lado, os advogados concursados das 
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista também 
representaram essas entidades no polo ativo de uma ACP. 
No caso do polo passivo, caberá aos réus constituírem advogado para sua defesa. Não 
sendo o réu um ente público que já tenha advogado concursado em seu quadro de 
funcionários, os particulares (pessoas físicas e jurídicas) deverão contratar advogado de 
sua confiança para garantir o contraditório e a ampla defesa na ação civil pública. 
Nesse sentido, o papel do advogado na ACP dependerá de quem o constituiu, o autor ou o 
réu. Assim, sua atuação será em prol da defesa dos interesses da respectiva parte 
contratante, independente do polo em que se encontra. 
Por isso, é primordial que o advogado conheça as peculiaridades da Lei nº 7.347/85, as 
jurisprudências existentes, os posicionamentos dos tribunais, a fim de que possa elaborar 
teses consistentes e argumentativas para o seu cliente. 
Diante da sua importância, é essencial que os advogados conheçam o instituto a fundo, a 
fim de que possam desempenhar seu papel jurídico, independentemente de quem seja o 
seu cliente. 
Procedimentos da ACP 
Pré-processual 
A etapa pré-processual da ACP está associada à instauração de inquérito civil pelo 
Ministério Público, quando um cidadão levar ao conhecimento do órgão fatos que 
ocasionaram danos a direitos e bens coletivos e difusos. 
Nesse caso, o procedimento administrativo1 será instaurado para averiguar a situação e 
coletar provas suficientes para fundamentar o ajuizamento da ação civil pública. 
Para apurar o caso, os parágrafos 1º e 2º do artigo 8º da Lei da ACP indicam as ações 
cabíveis ao Ministério Público: 
Art. 8º. § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou 
requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou 
perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis. 
§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou 
informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles 
documentos, cabendo ao juiz requisitá-los. 
Após coletadas as informações, caberá ao órgão analisá-las e decidir se existe ou não 
embasamento para uma ACP. Caso não haja, deverá arquivar administrativamente os 
autos de inquérito civil, fazendo isso de forma fundamentada. 
 
1 O que é processo administrativo? 
De forma geral, o processo administrativo é a forma de atuação do Estado. Ele consiste na sequência de atividades 
realizadas pela Administração Pública com o objetivo final de dar efeito a algo previsto em lei. 
O processo administrativo é regulado pela Lei nº 9.784/99, chamada de Lei de Processo Administrativo (LPA). 
O processo administrativo é a forma como o Poder Público opera e toma as decisões necessárias para continuar 
funcionando. Já que os atos do Estado não são aleatórios e arbitrários, o processo administrativo é a forma de organizar 
esses atos para que eles cheguem na decisão final de forma padronizada, coerente e homogênea, fazendo, 
teoricamente, que trâmites de situações similares sempre sejam iguais. Para que serve o processo administrativo? 
O processo administrativo, no Estado Democrático de Direito, serve para tornar as decisões administrativas do Poder 
Público previsíveis, organizadas e estruturadas de forma com que as competências dos órgãos, entidades e autoridades 
sejam claras e eficientes 
 
Por outro lado, se entender que há provas da responsabilização de alguém por danos 
ocorridos, deverá ajuizar a ação civil pública, iniciando-se a etapa processual. 
Etapa processual 
A etapa processual pode consistir no ajuizamento de uma ação cautelar, para proteger 
algum direito de forma antecipada, ou no efetivo ingresso da ação civil pública, o que poderá 
ser feito por qualquer dos legitimados ativos, desde que possuam provas suficientes para 
fazê-lo. 
A previsão da ação cautelar está nos arts. 305 e seguintes do CPC e no art. 4º da Lei nº 
7.347/85: 
Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar 
dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à 
dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e 
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
Caso tenha sido ajuizada a ACP, deverá ser indicado o dano causado, o bem jurídico 
afetado, o responsável, e o pedido de condenação, seja ele uma obrigação de fazer, de 
não fazer, pagamento de indenizações e multas, entre outras. 
É o que está previsto nos artigos 11º, 12º e 13º da referida lei: 
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, 
o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da 
atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se 
esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor. 
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em 
decisão sujeita a agravo. 
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a 
um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão 
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus 
recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. 
Ademais, além das disposições específicas, a ACP seguirá os trâmites de um processo 
civil, conforme previsto no CPC, havendo contestação, instrução e posterior sentença. 
 
 
RECORRIBILIDADE: 
Pelo art. 19 da lei da ACP, aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código 
de Processo Civil, naquilo em que não contrarie suas disposições. 
Aplicada as regras do Código de Processo Civil, são cabíveis os recursos previsto no art. 
994 do CPC, em suma, em caso de decisão interlocutória o agravo de instrumento e em 
caso de sentença o recurso de apelação. 
A única disposição acerca dos recursos na referida lei está no art. 14, que diz: 
Art. 14. O juiz poderá conferir efeitosuspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável 
à parte. 
Essa regra indica, assim, que o efeito suspensivo é concedido mediante a análise do juiz, 
de modo que a regra geral é que sejam recebidos apenas em efeito devolutivo. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
Precisamos evoluir nos efeitos práticos e na efetivação das ações coletivas, vejam como era e como é 
o art. 16 da Lei da Ação civil Pública: 
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, exceto se a ação for julgada improcedente por 
deficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico 
fundamento, valendo-se de nova prova. 
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial 
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, 
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, 
valendo-se de nova prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997) 
Ou seja, pelo artigo supra, as decisões num processo coletivo, só vale para a base territorial em que o 
juiz tem jurisdição. Falta desenvolvimento da ciência processual quanto ao aspecto coletivo! 
Imaginem esta visão numa ação criminal, numa sentença de divórcio ... 
De grande valia enfatizar que o art. 333 do CPC que tratava da CONVERSÃO DA AÇÃO 
INDIVIDUAL EM AÇÃO COLETIVA foi VETADO! 
A sentença será concedida nos limites da petição inicial de ACP, dentro dos pedidos 
pleiteados, que podem ir desde obrigações de fazer, não fazer, até o pagamento de 
indenizações, como já visto. 
Assim sendo, a sentença de ACP terá efeito erga omnes, ou seja, valerá para todos, não 
somente entre as partes do processo. 
Por outro lado, existe a possibilidade de não haver provas suficientes e, assim, a ação civil 
pública ser julgada improcedente, não gerando obrigações para a parte contrária. 
Em se tratando de direito individual homogêneo, há a divisibilidade do direito, havendo 
a possibilidade de propor a demanda sozinho, existe a possibilidade de uso do Writ to OPT 
OUT ( direito de optar pela saída ) direito de negar a demanda coletiva. 
 
https://www.projuris.com.br/efeito-suspensivo/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9494.htm#art2
Diferença entre a Ação Popular e a Ação Civil Pública 
 
As principais diferenças entre a ação popular e a ação civil pública recaem sob três 
aspectos: legitimidade ativa, legitimidade passiva e objeto. 
Sobre a legitimidade ativa, só poderão ingressar com a ACP os órgãos descritos no artigo 
5º da Lei nº 7.347/85, quais sejam: o Ministério Público; a Defensoria Pública; a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; a autarquia, a empresa pública, a fundação ou 
a sociedade de economia mista; e a associação que cumpra os requisitos da lei. Já na ação 
popular, quem pode ingressar com ela são apenas os cidadãos. 
No tocante à legitimidade passiva, qualquer pessoa física ou jurídica pode ser réu em uma 
ação civil pública. Por outro lado, na ação popular, somente poderão ser acusados a 
Administração Pública e seus agentes. 
Por fim, o objeto da ação popular e da ACP também possui diferenças. 
A ação civil pública é ajuizada contra danos causados ao meio ambiente; ao consumidor; 
aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; a interesses 
difusos ou coletivos; à ordem urbanística; à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos 
ou religiosos; ao patrimônio público e social; e contra infrações à ordem econômica. 
Já a ação popular visa anular algum ato realizado pela Administração Pública ou por seus 
agentes, que tenha causado danos ao patrimônio ou aos cofres públicos, sejam eles da 
esfera municipal, estadual ou federal.

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