Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 2 Bruna V. Chagas M6-2022.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A grande maioria dos pacientes com critérios radiológicos de osteoartrite não apresentam sintomas clínicos!!! o O motivo é que a fase inicial da doença (onde se encontram a maioria desses pacientes) é caracterizada por lesão restrita à cartilagem articular (tecido insensível a dor) Afeta principalmente articulações que mais suportam peso e de mais alto uso: • Quadril • Joelho • Maos (carpometacarpiana do polegar (1º quirodáctilo) e interfalanges proximal e distal) • Coluna Vértebral ( vértebras interpofisárias) • Primeira metatarsofalangeana (“halux valgo”) Þ LEMBRAR: JOELHO, MÃO, VÉRTEBRAS Þ OSTEOARTRITE GERALMENTE POUPA A ARTICULAÇÃO METACARPOFALANGIANA , ASSIM COMO O PUNHO!!! Curiosamente as MCP (metacarpofalangianas) não são tipicamente afetadas (ao contrario da artrite reumatoide), assim como a articulação de tornozelo (exceto em formas secundarias de AO- por exemplo: trauma) SINTOMAS: -Dor articular ( principal queixa) • Dor precipitada ou piorada pelo uso da articulação (protocinética) • A dor começa segundos ou minutos após o inicio do movimento (pode permanecer por horas após o repouso- com o tempo grande parte dos pacientes passa a referir a dor em repouso e dores noturnas • Caráter tipo “constricção” ou “ aperto” • Dor de padrão majoritariamente MECÂNICO o A dor piora no fim do dia, melhora com calor, e piora durante atividades físicas -Rigidez Articular após repouso < 30 min (rigidez matinal): • Período inferior à 30 min, geralmente alguns minutos (ao contrario das artrites inflamatórias que persistem >1h) -Limitação de arco de movimento/funcional e instabilidade articular • Paciente refere insegurança, e muitos tem medo de deambular! Outros referem perda da amplitude de movimentos da articulação acometida, sendo impedidos de realizar determinadas tarefas (ex: amarrar o sapato, no caso da AO de quadril) -Fraqueza e atrofia dos músculos são achados comuns, explicados pelo desuso da articulação. • Essa fraqueza contribui para dor da AO, por aumentar instabilidade articular, forcando ligamentos e tendões OSTEOARTRITE SINAIS (exame físico) - Ligeiro aumento de volume da articulação acometida, com consistência firme -Normalmente, não há sinais de derrame articular • O derrame articular da AO é do tipo não inflamatório, com menos de 2000 leucócitos por mm3, predominando as células mononucleares, com glicose normal -Crepitação audível ou palpável ao movimento articular -Sinais de inflamação discreta (derrame frio) -Edema duro -Eventualmente, sinais de de sinovite leve a moderada • Muita dor à movimentação, edema, aumento da temperatura e discreto derrame articular à AO inflamatória!! Obs- Nesses casos é importante afastar outras causas de artrite que podem ocorrer em pacientes com OA, especialmente a pseudogota (depósitos de cristais de pirofosfato de cálcio) e a artrite séptica. Para confirmar o diagnóstico solicitar artrocentese. -Limitação real da amplitude articular -Nódulos de Heberden e/ou Bouchard (osteófitos palpáveis, quase patognomônico de AO, especialmente os de Heberden) Na AO das mãos podemos observas: • Nódulos de Heberden- aumento firme de osso recoberto de cartilagem que se trona proeminente sobre o dorso das articulações INTERFALANGIANA DISTAIS • Nódulos de Bouchard- Aumentos semelhantes aos de Heberden, porem sobre as articulações INTERFALANGIANAS PROXIMAIS Þ A osteoartrite dos dedos pode atingir as articulações interfalangeanas proximais e distais, ao contrario do que ocorre na AR (artrite reumatoide), que acomete EXCLUSIVAMENTR as interfalanges proximais • Portanto, na AR só há o aparecimento dos nódulos de Bouchard, enquanto na artrose podem aparecer tambem os nódulos de Heberden Þ As articulações têm poucos sinais flogisticos e laboratorialmente, o BHS é normal e o fator reumatoide (FR), negativo ALTERAÇÕES RADIOLOGICAS: Primeiro exame a ser indicado ⇒ RX !!! • Outras opções: RM, USG OBS ⇒ Apesar de frequente o acometimento das mãos, a imensa maioria dos casos é assintomático!!! à Isso costuma ser uma pegadinha nas provas justamente por ser contraintuitivo à Cerca de 8% dos casos que cursam com osteoartrite das mão são sintomáticos SINAIS RADIOLOGICOS: • Presença de osteófitos- proeminência ósseas nas bordas da articulação • Redução do espaço/interlinha articular (algumas vezes perda-apagamento) • Esclerose do osso subcondral- acentuação da hipotransparencia na região subcondral • Desvio articular • Cistos ósseos- gravidade • Apagamento do espaço articular- gravidade Sinais de AO GRAVE • Cistos subcondrais – imagens radioluscentes arredondadas na região subcondral • Redução muito acentuada ou perda do espaço articular • Colapso do osso subcondral- evento terminal Líquido sinovial na osteoartrite ⇒ < 2000 leucócitos/mm3 com predomínio de mono nucleares O conceito de que AO é invariavelmente progressiva é incorreto. Em vários pacientes, ocorre estabilização da doença. Alguns pacientes experimentam regressão da dor articular e ate mesmo das alterações radiográficas!!! A intensidade dos sintomas não possui relação direta com o grau de AO na radiografia porem a radiografia pode estimar a gravidade da OA!! A visualização de osteófitos típicos numa articulação caracteristica já é o suficiente para definir AO so o ponto de vista epidemiologico Obs: exame de sangue: provas de atividade inflamatória são caracteristicamente normais. O derrame articu- lar é não inflamatório (menos de 2000 leucocitos por mm3 , predominando celulas mononuclares , com glucose normal). DIAGNÓSTICO: Þ OBS- O PRINCIPAL DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA OSTEOARTRITE É A AR!!! Osteoartrite pode ser diagnosticada sem exame de imagem ou investigação laboratorial Diagnóstico clínico: ✓ Dor persistente em uma ou poucas articulações ✓ Idade > 45 anos ✓ Rigidez matinal < 30 minutos CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DA AO DE MÃO Þ 1. O diagnóstico é dado pela presença de dor ou rigidez nas mãos na maior parte dos dias do ultimo mês (critério obrigatório) associada a pelo menos, 3 dos critérios abaixo: 2. Alargamento do tecido duro articular em 2 ou mais de 10 articulações selecionadas 3. Edema de 2 ou menos MCF 4a. Alargamento do tecido duro em 2 ou mais interfalangeanas 4b. Deformidades em 2 ou mais das 10 articulações selecionadas *As 10 articulações selecionadas (5 de cada lado) são: 2º e 3º interfalangianas distais, 2º e 3º interfalangeanas proximais, carpometacarpianas dos polegares -> 1, 2, 3, 4a OU 1, 2, 3, 4b CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DA AO DE JOELHO Clínico: Þ Dor nos joelhos na maior parte dos dias no último mês (critério obrigatório + 3 dos critérios abaixo): 2. Crepitação na movimentação ativa 3. Rigidez matinal < ou = 30 min 4. Idade > ou = 38 anos 5. Alargamento ósseo no exame físico -> 1, 2, 3, 4 OU 1, 2, 5 OU 1, 4, 5 Clínico e radiológico: 1. Dor nos joelhos na maior parte dos dias no último mês 2. Osteófitos ao raio x 3. Líquido sinovial típico de OA 4. Idade > ou = 40 anos 5. Rigidez matinal < ou = 30 min 6. Crepitação na movimentação ativa -> 1, 2 OU 1, 3, 5, 6 OU 1, 4, 5, 6 -Genu valgum ou genu varo (desalinhamento anatômico da articulação)- Pode ser congênito (fator de risco para AO) ou adquirido na OA de joelho (genu varum mais comum) -A OA de joelho pode acometer toda articulação ou, mais comumente, apenas um compartimento dela. O compartimento medial é o mais acometido (75% dos casos), seguido pelo patelofemoral (50%) e pelo lateral (25%). o O acometimento do compartimento medial pode levar à deformidade tipo genu varum ("pernas arqueadas") . Mais raramente, o acometimento do compartimentolateral pode induzir genu valgum. -Algumas atividades profissionais e esportivas podem predispor a esse tipo de AO, bem como fraturas, roturas de menisco ou ligamento cruzado ou desalinhamentos congênitos (genu varum, genu valgum). Þ Assim se explica a maior prevalência de AO em homens em relação à mulheres quando analisamos as faixas etárias abaixo dos 45 anos. Þ No caso dos joelhos, atividades repetitivas de flexão são as mais incriminadas (agachar, ajoelhar, subir escada) Þ A rotura de menisco e a meniscectomia são fatores de risco para AO de joelho em homens de meia-idade Existem duas categorias estereotipadas de pacientes que apresentam OA de joelho: (1) mulheres de meia-idade ou idosas, que apresentam OA primária, frequentemente relacionada à obesidade e ao comprometimento das mãos (2) homens de meia-idade, com OA secundária à lesão de menisco ou meniscectomia. -O paciente se queixa de dor à deambulação, dificuldade em subir escadas e rigidez articular matinal. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DA AO DE QUADRIL Obs: A AO de joelho pode ser uni ou bi lateral e é a mais comum no sexo feminino!! Obs2: é a forma mais associada à obesidade, basicamente por excercer ação mecânica direta! GENU VARUM (acometmetimento do compartimento medial) Clínico e radiográfico 1. Dor nos quadris na maior parte dos dias no último mês (obrigatório + 2 critérios) 2. VHS < ou = 20mm/h 3. Osteófitos femorais e/ou acetabulares no raio x 4. Redução do espaço articular no raio x -> 1, 2, 3 OU 1, 2, 4 OU 1, 3, 4 ENVOLVIMENTO DA COLUNA VERTEBRAL Dor e parestesias à cervicobraquialgia (dor na região cervical que irradia para o braço) /lombocitalgia (dor que se inicia na região lombar e acompanha. Trajeto do nervo ciático) TRATAMENTO Þ Educação Þ Mudança de hábitos de vida Þ Prevenção => perder peso, praticar atividades físicas para fortalecimento muscular Þ Medidas não-farmacológicas / Reabilitação => Nos casos de OA com sintomatologia leve a moderada, a terapia não farmacológica deve ser a única medida prescrita! o Exercı́cios têm efeitos semelhantes na dor e função quando comparados com AINEs => aeróbico + fortaleci- mento muscular. Os exercı́cios fı́sicos devem ser prescritos no intuito de melhorar o condicionamento fı́sico, reforçar a musculatura periarticular e ampliar a mobilidade da articulação acometida. o Perda de peso => perda de 10% do peso, melhor 50% da dor o Distribuição de peso e impacto o O� rteses de apoio e à deambulação para os pacientes que já apresentam alterações. Ajuda a redistribuir a carga. o Medidas fisioterapêuticas e de terapia ocupacional => medidas de proteção articular e de conservação de energia o Uso de calçados e palmilhas de silicone para absorver impacto Þ Medidas farmacológicas: o Analgésicos => PARACETAMOL (ACETOMINOFEN) à droga de escolha para o controle da dor na OA SEM sinais inflamatórios - Analgésicos opioides são reservados aos pacientes com dor intensa, refratária à analgesia com analgésicos comuns e AINE. o AINES => indicados nos casos de dor refratária ao paracetamol ou nos casos de OA inflamatória (edema articular, dor noturna, rigidez matinal por mais de 30min). Ex: Ibuprofeno, diclofenaco o Dulexitina- múltiplas articulações + comorbidades o Corticoesteróides intra-articulares => no máximo, quatro aplicações por ano o Hidroxicloroquina – AO erosiva de mãos. atua nos mediadores inflamatórios, diminuindo dor e inflamação. o Diacereı́na => Ação seletiva sobre interleucina 1 betaà eficácia superior ao placebo quando comparado com AINE no qusito dor (reduz a sı́ntese de IL-1 beta e metaloproteases, aumentando a produção de colágeno e proteoglicanas) o Sulfato de glicosamina + condroitina o Extratos insaponificáveis de soja e abacate - ação em IL-1 o A� cido hialurônico intra-articular (viscossuplementação) => revisão sistemática não mostrou benefı́cios além da analgesia Þ Cirurgias: Perspecrivas futuras (???) o Artroscopia => remoção de corpos livres articular o Artroplastia -Esta indicado na osteoartrite avançada quando as terapias conservadoras não conseguem aliviar mais a dor!!!! Þ Perspecrivas futuras (???) RESUMINDO... Þ A artrose é uma doença que não posusi cura, restando o controle dos sintomas como principal objetivo terapêutico Þ Exercícios específicos e acompanhamento constante com fisioterapia são fundamentais na sua terapêutica, além do estimulo à perda ponderal e uso de palmilhas e calcados apropriados, dependendo da localização das lesões. Þ A medicação sintomatica de 1º escolha é o PARACETAMOL (ACETOMINOFEN), que possui eficácia similar e muito menos efeitos adversos em comparação aos AINEs o Estes tambem são opções, mas só devem ser usados se houver sinais de inflamação e, de preferencia, por via tópica! Þ Outras alternativas são o CREME DE CAPSAICINA e a INJEÇÃO INTRA-ARTICULAR DE CORTICOIDES Þ Por fim, existem diversas terapias intervencionista da osteoartrite, como a LAVAGEM ARTICULAR COM ARTROCENTESE, e ate mesmo a ARTROPLASTIA (substituição da articulação) em casos graves e refratatios de artrose de joelho ou quadril. o Anticorpos monoclonais anticitocinas IL-1 e TNF alfa o Tanezumabe - anticorpo monoclonal humanizado contra fator de crescimento de nervo (NGF) PARA LEVAR PARA CASA: Þ Osteoartrite não é apenas um desgaste da cartilagem => resulta do desequilı́brio na degradação e reparação e envolve o osso subcondral, cartilagem hialina e membrana sinovial Þ Pouco comum abaixo dos 40 anos Þ Diagnóstico NÃO é dado exclusivamente por alterações nos exames de imagem Þ Tratamento é multidisciplinar.
Compartilhar