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Adrieli Bertotti – TXXI HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA - Hemorragia proximal á papila até a segunda parte duodenal, a partir da papila já é sangramento baixo que dividimos em mé- dio (até o íleo distal) e baixo (cólon ou reto). - Abordagem: reconhecimento precoce, estabilização do paciente, diagnostico preciso e terapêutica eficaz (endoscopia, arteri- ografia ou cirugia). SINTOMAS - Hematêmese: sangue vivo ou em borra de café (coágulos). Cuidado: na epistaxe o paciente pode ir en- golindo e depois vomitar. - Melena: fezes enegrecidas e com odor forte, indica 90% de ser hemorragia digestiva alta porque o sangue foi digerido e 10% de ser devido ao intestino delgado e cólon direito devido ao trânsito lento e constipa- ção. - Hematoquezia (sangue em maior quantidade) ou enterorragia (sangue em menor quantidade): é a evacu- ação de sangue vivo, cerca de 90% dos casos é sangramento baixo (cólon ou reto) e 10% é quando tem uma hemorragia associada com hematêmese e choque, o paciente tem um sangramento muito volumoso e passa muito rápido pelo TGI porque o sangue tem efeito laxante, dessa forma o paciente evacua sangue vivo, que foi proveniente do estomago. CAUSAS - Ulcera duodenal: 31.4% - Lesão Aguda de Mucosa Gástrica (LAMG): 12.2% - Varizes esofágicas: 24.3% - Mallory Weiss (laceração): 3.4% - Úlcera gástrica: 15% - Neoplasias: 3.3% - Esofagite: 2.8% - Ulcera de anatomoses: 1.3% DIAGNÓSTICO História Clínica - Apresentação de hemorragia ou episódios prévios de hemorragias. - Histórico de doenças hepáticas: aumenta a chance de ter varizes. - Medicações em uso; AINE, ASS ou anticoagulantes. - Perda de peso, tabagismo e/ou etilismo pode-se pensar em neoplasia ou disfagia. - Uso de drogas injetáveis pode pensar em hepatite pela contaminação. - Cirurgias ou procedimentos endoscópicos recentes. - Idade e comorbidades (mais velho = mais grave). Exame Físico - Palidez cutâneo mucosa, ictérico em mucosas, enchimento capilar para verificar a perfusão pe- riférica, sudorético ou não. - Pressão arterial e frequência cardíaca: se o paciente perdeu menor de 1000mL não terá altera- ções, até 1500 mL terá taquicardia sem alteração de PA, mais de 1500 mL a pressão caiu e a fre- quencia cardíaca em torno de 120, se o paciente chegar com hemorragia e hipotensão precisa de transfusão de sangue. - Estigmas de hepatopatia. - Exame abdominal: sinais de peritonite - Toque retal para ver se tem sangramento retal. Escalas - Glasgow-Blatchford: avalia a necessidade de endoscopia de urgência, a partir de parâmetros laboratoriais como ureia, Hb, FC, melena, síncope, hepatopatia, ICC. - Rockall: avalia o desfecho do paciente, varia pela idade, choque e comorbidade. TRATAMENTO - Estabilização do paciente: a) mais rápido possível, monitorização na UTI ou sala de emergência. b) Avaliar as vias aéreas e oferecer oxigênio suplementar. c) Reposição volêmica com cristalóide d) Exames laboratoriais como hemograma, coagulograma, função renal e eletrólitos. e) Tipagem sanguínea e reserva de sangue. - Terapêutica inicial: a) Sonda nasogástrica (menos usado) b) Uso de pró-cinéticos como eritromicina ou metoclopramida. c) Suspeita de sangramento não varicoso, ou seja, úlcera: iniciar com inibidor de bomba de prontos como omeprazol 8 mg de ataque, depois 8 mg/kg/h ou pode fazer doses de 40mg 2x ao dia. d) Suspeita de sangramento varicoso: drogas vasoativas e antibiótico profilaxia. e) Transfusões: concentrado de hemácias (alvo Hb 7-9), plasma fresco congelado ou plaquetas. Obs: - É feito plasma e plaquetas em pacientes com coagulopatia e plaquetopenia. - Casos de hemorragia maciça: 1 concentrado de hemácia, 1 plasma fresco concentrado, 1 plaqueta. Adrieli Bertotti – TXXI CAUSAS DA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA Úlcera péptica - Pode ser gástrica ou duodenal (mais frequente). - Causas: Helicobacter pylori, anti-inflamatórios (AINE) ou estresse grave. - Classificação Forrest: probabilidade de continuar sangrando ou ressangrar (se é um sangramento ativo, um coto vascular, coágulo, pontos de hematina ou fundo limpo). - Tratamento endoscópico: clipe endoscópico (mecânico), injeção de adrenalina, terapia térmica monopolar hea- terprobe APC (corrente elétrica), hemospray (espirra um pó e para de sangrar) ou ovesco (sugar o vaso). - Ressangramento: instabilidade hemodinâmica, sangramento ativo, tamanho da ulcera, ulcera duodenal poste- rior e ulcera gástrica curvatura menor (áreas de maior vascularização). Maior probabilidade em pacientes de 60 anos, comorbidades graves (internados) e com coagulopatias (AINES ou anticoagulantes). - Conduta no ressangramento: repetir o tratamento endoscópico e se falhar é indicado cirurgia ou fazer arterio- grafia para chegar com um cateter e obstrui a artéria. - Se H. pylori for positivo deve tratar e se for ulcera gástrica deve-se repetir a endoscopia digestiva alta após 30 dias para avaliara a cicatrização. - Pacientes com alto risco deve reintroduzir a dieta após 24h, manter inibidor de prótons por 72h (80 mg ataque + 8 mh/h ou 40 mg de 12 e 12 horas). Varizes esôfago gástricas - Hipertensão portal, o normal é está abaixo de 8 mmHg, acima de 10 mmHg começa a formar as varizes e acima de 12 mmHg começa a sangrar. - Mortalidade 30-40% no primeiro episódio, 50-70% recidivam no primeiro ano. A mortalidade está relacionada com a função hepática (Child-Pugh) quanto pior a função, maior a mortalidade. - Se suspeitar de sangramento varicoso deve-se iniciar drogas vascoativas como Terlipressina ( 2mg + 1mg 4/4h por 48h) e somastostatina/octreotite (infusão contínua (250 mcg/h). - Medicamentos: iniciar inibidor de bomba de prótons (omeprazol), antibiótico profilaxia (Recefin ou Cipro IV e nordloxa via oral após), corrigir coagulopatia e atenção para encefalopatias deve ingerir lactulose. - Tratamento endoscópico: a) Escleroterapia em que punciona a varize e injeta ethamolamina com glicose 50%. b) Ligadura elástica: menos complicações e mais indicado, se sangrar muito pode usar stents (criados para tratar tumores no esôfago que sangram muito) c) Prótese autoexpansíveis: de ocorrer falha na escleroerapia e na ligadura elástica. - Varizes de fundo: nesse caso se usar ligadura vai cair em 7 dias por isso é preciso obliterar com uma substância de cianoacrilato que em contato com o sangue aumenta a temperatura e vai endurecendo e se expandindo. - Ressangramento de varizes: se for em pacientes estáveis deve-se repetir a endoscopia, se for em pacientes ins- táveis pode usar o balão de Sangstaken-Blackmore que passa pelo nariz e insufla no estomago, vai comprimir as varizes e para o sangramento (pode ficar de 24h-48h) - TIPS: procedimento hemodinâmico endovascular, faz punção da jugular -> veia cava superior -> veia hepático -> ramo da veia porta -> coloca prótese (melhora a pressão portal). (LAMG) - Lesão Aguda de Mucosa Gastrica. Pacientes com doenças graves na UTI com ventilação mecânica, ocorre hipo- perfusão da mucosa, drogas vasoativas, isquemia de mucosa, deve-se estabilizar o paciente, inibidores de bomba de prótons e não há tratamentoendoscópico. Lesão de Dieulafoy - Vaso dilatado aberrante na submucosa, causa desconhecida, está associado ao uso de AINE e pacientes com he- patopatias, possui tratamento endoscópico com injeção de adrenalina para diminuir o sangramento associado a terapia térmica ou clipe IBP (cauterizar). Mallory Weiss - Laceração do esôfago distal ou estomago proximal, o paciente vomita 2 vezes e na terceira tem muito sangue, tratamento endoscópico se for sangramento ativo, geralmente para sozinho. Extremo: Síndrome de Boerhaave. Câncer esofágico gástrico - Emagrecimento, disfagia e vômitos. Tabagismo e etilismo. Não há tratamento efetivo quando estiver sangrando, necessário estabilizar o paciente e indicar cirurgia. Em casos mais graves sem indicação cirúrgica deve-se fazer radioterapia hemostática. Adrieli Bertotti – TXXI HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA - Distal á papila (papila para baixo): 95% dos casos é no cólon e reto, 3-5% dos casos é no intestino delgado. - Abordagem inicial: estabilização do paciente, reposição volêmica, exames laboratoriais como hemograma e coagulograma, fazer transfusão se for necessário (sangue/plasma/plaquetas). CAUSAS - Vasculares: angiodisplasias, isquemia, telangiectasias induzidas por radiação. - Neoplasias: pólipos e carcionomas - Iatrogênicas: pós biopsias e procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos. - Inflamatórias: tuberculose, sífilis e doença inflamatória intestinal. - Anatomicas: diverticulite - Outras: orifíciais e ulceras infecciosas SINTOMAS Apresentação - Aguda: inicio recente, dias, com sangue visível, instabilidade hemodinâmica ou hipo- tensão, urgente. - Crônica: lenta e intermitente, sangue oculto nas fezes, anemia crônica, eletivo - Hematoquezia ou enterorragia: 90% no colón esquerdo ou maciça do direito e 10% alto maciço. - Melena: 90% hemorragia digestiva alta e 10% hemorragia delgado ou cólon direito. - Pode ter sintomas associados: diarreia, perda de pesa e dor abdominal DIAGNOSTICO - Divertículo: grande sangramento sem dor, acima dos 50 anos, cauterizar ou colocar um clipe. - Fissura: sangramento com dor intensa na evacuação, visível no vaso. - Hemorroida: sem dor, trombosada, tratamento é ligadura elástica ou cirurgia. - Câncer: perda de peso, alteração no formato das fezes, muco e sangue. Se for benigno (endoscopia) e se for maligno deve-se biopsiar e avaliar possível cirurgia. - Doença inflamatória intestinal: paciente jovem, com diarreia, muco e sangue. Pode ser RCUI (reto e sig- moide) ou Doença de Crohn que acomete colon direito, íleo terminal. - Colite isquêmica: paciente grave na UTI, isquemia do intestino e necrosa. - Angiodisplasia: dilatações vasculares, sangue oculto, comum em pacientes de mais idade. Exame físico - Toque retal: avaliar a presença de sangue e lesões tocáveis. - Anuscopia: avaliar se tem hemorroidas e fissuras - Abdome: se tiver peritonite pode ser uma ulcera, nesse caso, não se faz endoscopia por risco de pneumoperitonio. TRATAMENTO - Se o paciente tiver hemorragia baixa com enterorragia intensa deve fazer endoscopia enquanto faz co- lonoscopia. - Pacientes estáveis faz colonoscopia de reparo, necessário uso de laxante para preparar. - Cintilografia Tc99: maior sensibilidade ao sangramento (98%) pois a hemácia é marcada com radioisó- topo, diz se está sangrando, mas não diz o local. (menos usada) - Arteriografia: quando o paciente não consegue esvaziar o colón, feita no momento do sangramento, tem a sensibilidade de 10%, pode injetar drogas vasoativas, molas ou cola. - Se for um sangramento maciço com instabilidade; arteriografia ou cirurgia de emergência. - Colectomia subtotal: retira todo cólon ascendente, transverso, descendente, sigmoide. HEMORRAGIA MÉDIA - Entre a papila e o íleo terminal - Pacientes com sangramento continuo sem foco identificado na EDA e colonoscopia. - Repetir exame se não encontrar, porque algo passou despercebido.
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