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Indaial – 2022 ClíniCa Prof.ª Juliana Ferreira Barbosa 1a Edição Citopatologia Elaboração: Prof.ª Juliana Ferreira Barbosa Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: B238c Barbosa, Juliana Ferreira Citopatologia clínica. / Juliana Ferreira Barbosa– Indaial: UNIASSELVI, 2022. 184 p.; il. ISBN 978-85-515-0643-1 ISBN Digital 978-85-515-0640-0 1. Farmácia – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 615 Caríssimo acadêmico de farmácia! É um prazer fazer parte da sua jornada acadêmica! Bem-vindo ao Livro Didático de “Citopatologia clínica”. Tenho certeza de que você já ouviu falar de algum exame dessa área. Provavelmente, já ouviu, em algum momento, alguma mulher falando: “Tenho que fazer meu preventivo!” Este livro tem como objetivo ajudá-lo no entendimento e na compreensão dos conteúdos de citopatologia clínica, fazendo sempre uma conexão entre a teoria e a prática, fundamental na nossa vida profissional. Neste percurso acadêmico, sempre teremos os conceitos teóricos que os grandes pesquisadores e cientistas da área nos oferecem, assim como os aspectos clínicos que estão relacionados a eles. Algumas das ferramentas, tipos de análises e técnicas aqui apresentadas serão utilizadas de forma tão natural e automática, que você, ao final, nem irá perceber que se tratam de princípios e/ou análises da citopatologia. Em Citopatologia, espera-se sempre que o analista seja capaz de identificar os componentes celulares, mas principalmente que ele seja capaz de identificar qualquer indício sugestivo de uma doença, ou ainda que a médio e longo prazo estes achados possam ser responsáveis por alterações celulares não desejadas, como um câncer, principalmente. Com os estudos desta unidade curricular, você será capaz de analisar e liberar resultados de diversas amostras clínicas e contribuirá muito com o estado de saúde de várias pessoas, que aqui chamaremos de pacientes. Análises que no início serão difíceis e trabalhosas, a cada dia se tornarão mais simples e práticas de serem concluídas com sucesso e qualidade. Por muitas vezes, essa fundamental área de atuação do farmacêutico não recebe a devida importância ou reconhecimento, mas cabe a cada um de nós provar sua importância e relevância na vida de cada um dos nossos pacientes. Desta forma, caro acadêmico, sempre estaremos pautados nas diretrizes e orientações do Ministério da Saúde (mais atuais), e ainda reforçamos a importância de sempre estarmos nos atualizando, reciclando nossos conhecimentos, para sempre entregar ao nosso paciente um laudo de qualidade. Para tal, na Unidade 1, abordaremos o contexto histórico da citopatologia, a cronologia das descobertas e seus respectivos impactos na clínica da época. Vamos estudar também as principais características dos tipos celulares e seus tecidos e, posteriormente, as principais técnicas de coleta, conservação e coloração de amostras citológicas, além dos principais equipamentos e instrumentos que utilizamos em laboratórios de citologia. APRESENTAÇÃO Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a citologia clínica com foco na célula em condições normais, benignas e malignas, e ainda a anatomofisiologia da tireoide e da mama com suas particularidades e suas características próprias, a fim de estabelecermos familiaridade com a cito-histologia destes locais para posteriormente vislumbramos as citopalogias mais comuns de cada um deles. Por fim, na Unidade 3, vamos aprender e conhecer mais sobre a citologia ginecológica. Essa unidade vai trazer informações direcionadas aos procedimentos de coleta e análise. Vamos aprender as principais alterações celulares e as técnicas de esfregaço cervicovaginal – exame colopatológico, popularmente conhecido como exame preventivo ou ainda como Papanicolau. Estudaremos também as principais nomenclaturas utilizadas na confecção e análise de laudos citológicos. Ainda, nesta unidade, vamos aprender sobre o controle de qualidade em laboratórios citológicos. Então, caro acadêmico, dedique-se! Envolva-se! Mergulhe fundo neste novo mundo citopatológico! Adapte-se e melhore sua capacidade de raciocinar, de estudar, de aprender, de analisar, de buscar soluções plausíveis e realistas para os mais diversos problemas que possam surgir a sua frente, tanto no mundo acadêmico quanto no profissional. Nunca esqueça: você irá se deparar com várias tarefas que, por enquanto, irá considerar difícil, cansativas e trabalhosas, mas acredite, todas elas irão ficar, dia após dia, mais simples e fáceis de serem resolvidas, a ponto de um dia você desejar novos desafios! Bons estudos e sucesso, sempre! Prof.ª Juliana Ferreira Barbosa GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. QR CODE ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivopara complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À CITOPATOLOGIA CLÍNICA ..................................................... 1 TÓPICO 1 - CONTEXTO HISTÓRICO DA CITOPATOLOGIA ....................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 EVOLUÇÃO DA CITOLOGIA AO LONGO DOS TEMPOS .......................................................3 3 INTER-RELAÇÃO ENTRE A EVOLUÇÃO DA CITOLOGIA E SUA APLICAÇÃO CLÍNICA ....... 6 4 IMPACTO DAS ANÁLISES CITOPATOLOGIAS NA SAÚDE POPULACIONAL .....................8 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................10 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................................11 TÓPICO 2 - CARACTERIZAÇÕES CELULARES E TECIDUAIS EM CITOPATOLOGIA ......... 13 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13 2 TIPOS CELULARES ........................................................................................................... 13 3 CÉLULAS E TECIDOS DE INTERESSE EM CITOPATOLOGIA ........................................... 19 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................................... 31 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 32 TÓPICO 3 - TÉCNICAS E MATERIAIS DE COLETA, CONSERVAÇÃO E COLORAÇÃO DE AMOSTRAS CITOLÓGICAS ................................................................................................. 35 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 35 2 TÉCNICAS E MATERIAIS DE COLETA ............................................................................. 36 2.1 COLETA DE MATERIAL E CONSERVAÇÃO ...................................................................................... 37 2.1.1 Escovados e raspados ..............................................................................................................39 2.1.2 Imprints – impressões teciduais ............................................................................................42 2.1.3 Lavados ........................................................................................................................................42 2.1.4 Líquidos cavitários ....................................................................................................................43 2.1.5 Materiais obtidos espontaneamente ....................................................................................43 2.1.6 Punções: por agulha fina (PAAF) e por capilaridade ........................................................44 2.2 COLORAÇÕES EM CITOPATOLOGIA ................................................................................................46 2.2.1 Coloração de Papanicolaou ....................................................................................................46 2.2.2 Coloração de May-Grünwald-Giemsa ................................................................................ 48 2.2.3 Coloração hematoxilina eosina (HE) ....................................................................................49 2.2.4 Outras colorações usuais .......................................................................................................49 3 ADEQUABILIDADE DAS AMOSTRAS ............................................................................... 52 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 54 RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................................57 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 58 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 60 UNIDADE 2 — COMPONENTES CELULARES EM CONDIÇÕES NORMAIS, BENIGNAS E MALIGNAS APLICADAS À CITOPALOGIA CLÍNICA ....................................................................... 63 TÓPICO 1 — A CÉLULA ......................................................................................................... 65 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 65 2 NÚCLEO E CITOPLASMA ................................................................................................. 65 2.1 NÚCLEO ................................................................................................................................................. 67 2.2 NUCLÉOLO ...........................................................................................................................................70 2.3 CITOPLASMA........................................................................................................................................ 72 2.4 MEMBRANA CELULAR ....................................................................................................................... 73 3 MAMA E TIREOIDE: PADRÕES CITOPATOLÓGICOS DE INTERESSE CLÍNICO ............... 77 3.1 MAMA ..................................................................................................................................................... 77 3.2 TIREOIDE ............................................................................................................................................... 81 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 84 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 85 TÓPICO 2 - PARTICULARIDADES DO TRATO GENITAL FEMININO (TGF) ........................ 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 89 2 ANATOMOFISIOLOGIA E CITO-HISTOLOGIA DO TGF ..................................................... 89 3 METAPLASIAS .................................................................................................................. 92 4 CITOLOGIA HORMONAL ................................................................................................... 94 5 CITOLOGIA INFLAMATÓRIA .............................................................................................97 5.1 BACTERIANA......................................................................................................................................... 97 5.2 FÚNGICA ...............................................................................................................................................98 5.3 PROTOZOÁRIA ...................................................................................................................................100 5.4 VIRAL ...................................................................................................................................................100 6 CITOLOGIA DAS ALTERAÇÕES REATIVAS.....................................................................102 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................103 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 104 TÓPICO 3 - ATIPIA CELULAR, LESÕES PRÉ-CANCEROSAS E CARCINOMAS DO COLO UTERINO ..................................................................................................................................1071 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................107 2 CÉLULAS ESCAMOSAS ATÍPICAS: CLASSIFICAÇÕES, CRITÉRIOS E CONDUTAS ........ 107 3 LESÕES PRÉ-CANCEROSAS E MORFOGÊNESE DO CARCINOMA ESCAMOSO ........... 110 3.1 HPV: MANIFESTAÇÕES E DIAGNÓSTICO.......................................................................................112 4 LESÕES INTRAEPITELIAIS E SUAS CLASSIFICAÇÕES ................................................ 113 4.1 CARACTERÍSTICAS CITOHISTOLOGICAS E SEUS DIAGNÓSTICOS .........................................113 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 115 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 121 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................122 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................124 UNIDADE 3 — CITOPALOGIA GINECOLÓGICA E GESTÃO DA QUALIDADE EM LABORATÓRIOS DE CITOPATOLOGIA CLÍNICA ................................................................ 127 TÓPICO 1 — ESFREGAÇOS CERVICOVAGINAIS ................................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................129 2 TÉCNICA E OBJETIVOS ..................................................................................................129 3 RECOMENDAÇÕES E INDICAÇÕES DO EXAME CITOPATOLÓGICO DE PAPANICOLAOU .................................................................................................................132 3.1 PROCEDIMENTOS PRÉ-COLETA .................................................................................................... 132 3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA.......................................................................................................133 3.3 PROCEDIMENTOS PÓS-COLETA ...................................................................................................136 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................138 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 140 TÓPICO 2 - TÓPICOS ESPECIAIS: ANORMALIDADES ENDOCERVICAIS E 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................145 2 ANORMALIDADES GLANDULARES E SUAS CLASSIFICAÇÕES ...................................145 ENDOMETRIAIS ..................................................................................................................145 2.1 ADENOCARCINOMAS CERVICAIS ...............................................................................................146 2.2 ADENOCARCINOMAS ENDOMETRIAIS .........................................................................................149 3 NEOPLASIAS MALIGNAS METASTÁTICAS .................................................................... 151 4 NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS À CITOPATOLOGIA CLÍNICA ................................ 157 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 161 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................163 TÓPICO 3 - GESTÃO DA QUALIDADE EM LABORATÓRIOS DE CITOPATOLOGIA CLÍNICA .............................................................................................................................. 167 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 167 2 SISTEMAS DE MONITORAMENTO ..................................................................................168 2.1 MONITORAMENTO INTERNO ............................................................................................................ 171 2.2 MONITORAMENTO EXTERNO ......................................................................................................... 173 3 ACREDITAÇÃO PARA LABORATÓRIOS DE CITOPATOLOGIA CLÍNICA ........................ 174 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 177 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................180 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 181 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................183 1 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À CITOPATOLOGIA CLÍNICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer e entender os principais fundamentos da citopatologia clínica; • compreender a importância das técnicas citopatológicas para a clínica médica; • reconhecer a arquitetura celular e tecidual dos principais tipos de tecidos humanos requeridos em citopatologia clínica. • eleger a melhor técnica e os melhores instrumentos para coleta de amostras clínicas; • conhecer e empregar as diversas técnicas de preservação das amostras coletadas garantindo uma análise citológica dentro dos padrões de qualidade e excelência; • conhecer as principais técnicas utilizadas nos exames citopatológicos; • empregar as principais técnicas de coloração aplicadas à cito-histologia clínica. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO DA CITOPATOLOGIA TÓPICO 2 – CARACTERIZAÇÕES CELULARES E TECIDUAIS EM CITOPATOLOGIA TÓPICO 3 – TÉCNICAS E MATERIAIS DE COLETA, CONSERVAÇÃO E COLORAÇÃO DE AMOSTRAS CITOLÓGICAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 CONTEXTO HISTÓRICO DA CITOPATOLOGIA 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 - UNIDADE 1 Acadêmico, neste tópico, abordaremos o contexto histórico da citopatologia, a cronologia das descobertas e seus respectivos impactos na clínica. É muito importante conhecer os principais estudiosos da área da citologia e suas contribuições para a ciência até os dias atuais, e, claro, conhecer os primórdios técnicos, classificações e nomenclaturas que ainda utilizamos na clínica. Este tópico tem como objetivo relacionar as tecnologias que existiam à época de suas criações com aquelas que empregamos nos dias atuais. Perceber e entender a necessidade da evolução tecnológica pelas quais as técnicas passaram para chegarem conforme hoje as utilizamos. Ainda, quem sabe, daqui a pouco tempo, você, possa propor melhorias às técnicas atuais! Não faz muito tempo que você estudou estes conteúdos, mas vamos relembrar alguns conceitos e contextos que vão nos ajudar no entendimento da citopatologia clínica. Vamos lá? 2 EVOLUÇÃO DA CITOLOGIA AO LONGO DOS TEMPOS O Ministério da Saúde (2012a) nos traz uma cronologia interessante sobre a evolução da citologia e seus respectivos ganhos para a área da citologia: • 1590: Zaccharias inventou o primeiro microscópio, a partir de uma combinação de lentes que permitia a ampliação de objetos em até dez vezes. • 1665: Robert Hooke, figura 1, descobre as células (cellas) a partir de análises em pedaços de cortiça. Descoberta confirmada por vários cientistas da época, entre eles Malpighi e Grew. 4 FIGURA 1 – ROBERT HOOKE (1635-1703) FONTE: <http://twixar.me/Dmcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. • 1674: Leeuwenhoek realizamelhorias no microscópio e consegue um aumento surpreendente de duzentas e setenta vezes. Em conjunto com Fontana, descobriram uma estrutura no interior da célula que Robert Brown chamou de núcleo. • 1838-1839: Matthias Schleiden comprova a existência de células em organismos vegetais e Theodor Schwann comprova a existência de células em organismos humanos – Teoria Celular. • 1858: Rudolf Ludwig Karl Virchow conclui que células dão origem a outras células – “Omnis cellula e cellula” – toda célula é oriunda de outra célula. • 1931: Knoll e Ruska fazem a substituição de raios de luz por feixes de elétrons nos microscópios e obtêm um aumento de quinhentas vezes, revolucionando ainda mais a citologia e suas ciências correlatas. INTERESSANTE Um nome que merece destaque neste contexto sem dúvidas é Robert Hooke (1635-1703), conhecido pelas suas contribuições memoráveis à microscopia – com a criação de um modelo de microscópico formado pela combinação de três lentes em um artefato de madeira, que permitia ajustes de inclinação. Segundo Almeida e Magalhães (2010), possuía ainda um sistema de iluminação revolucionário para a época – uma esfera de vidro com água que era responsável por fazer a recepção da luz advinda de lamparina a azeite, provocando uma concentração luminosa sob a amostra a ser estudada (Figura 2). Vale lembrar que este instrumento permitia a ampliação da imagem em trinta vezes e foi responsável por colocar a microscopia no auge do avanço tecnológico durante o século XVII. 5 FIGURA 2 – MICROSCÓPIO DE ROBERT HOOKE FONTE: <http://twixar.me/Fmcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. Almeida e Magalhães (2010) nos trouxeram a informação de que Hooke sempre era dedicado às situações que lhe traziam alguma forma de curiosidade, sejam sobre aves, rochas, insetos, sempre fazendo desenhos criteriosos, que foram reunidas em um livro chamado “Micrographia”, publicado em 1665 pela Royal Society, que se tornou a primeira coletânea de reprodução de observações microscópicas. E o microscópio de hoje? Você conhece? Atualmente existem vários tipos de microscópios. Na figura 3, temos um exemplo de microscópio utilizado em laborató- rios clínicos. FIGURA 3 – MICROSCÓPIO ATUAL FONTE: <http://twixar.me/Lmcm>. Acesso em: 26 fev. 2022. 6 3 INTER-RELAÇÃO ENTRE A EVOLUÇÃO DA CITOLOGIA E SUA APLICAÇÃO CLÍNICA Agora vamos pensar o seguinte: como a descoberta do microscópio e os estudos sistemáticos de plantas e animais nos ajudam nos diagnósticos clínicos? A resposta é simples: possibilita o diagnóstico precoce de inúmeras doenças. Através das análises microscópicas das diversas amostras, que em maioria são de células e tecidos, a citologia aliada à patologia e à histologia permitem a realização de diagnósticos de uma vasta gama de doenças que podem desde prevenir doenças, até possibilitar a confirmação de curas clínicas. ATENÇÃO Citologia: área de estudo da biologia que dedica ao estudo das células – unidade fundamental e estrutural dos seres vivos – o termo tem origem grega: kytos = célula e logos = estudo, portanto, estudo das células. Histologia: área de estudos da biologia e das ciências médicas que dedicada à análise dos tecidos, animais e vegetais. O referido termo também tem origem grega: hystos = tecidos e logos = estudos, estes relacionados aos tecidos. Patologia: área da biologia dedicada ao estudo das alterações celulares, teciduais e bioquímicas que muitas vezes são incompatíveis com a saúde do indivíduo. O nome tem origem grega: pathos = doença e logos = estudo; estudo das doenças. A Teoria Celular proposta pelos cientistas Mathias Schleiden e Theodor Schwann e com contribuições dos trabalhos de Rudolf Virchow possibilitou vários avanços, entre eles a descoberta de que as células apenas podem se originar de outras células, constituindo a base da biologia celular (BRASIL, 2012a). Por não se enquadrarem na Teoria Celular, os vírus são considerados acelulares e, portanto, não são considerados seres vivos pela maioria dos estudiosos da área, mesmo precisando obrigatoriamente do maquinário celular para se reproduzirem. Segundo Molinaro, Caputo e Amendoeira (2010), de maneira genérica, o conjunto de técnicas citológicas utilizadas nas rotinas laboratoriais investigam as células presentes nas amostras obtidas em diversos sítios de interesse clínico, por técnicas que podem utilizar raspados, imprints, secreções, líquidos, punções, aspirados ou mesmo lavados, através de análises microscópicas que geralmente passam por processos de coloração. 7 De acordo com o Ministério da Saúde (2012a), a citopatologia faz estudos e análises de possíveis doenças através de comparações, com auxílio do microscópio, em amostras, que podem ser obtidas de várias áreas do corpo humano – todo o organismo pode ser estudo, desde que empregando as técnicas certas. Podemos dizer ainda que as técnicas empregadas em citopatologia possuem execução fácil e simples, não são invasivas, e ainda possuem vantagens como o baixo custo e ainda um prazo relativamente curso para análise. Iremos nos dedicar com mais atenção às técnicas de obtenção de amostras e de coloração ainda nesta unidade, no Tópico 3. A praticidade da obtenção das amostras citológicas, aliada à forma de obtenção, que geralmente é indolor e ainda poder ser obtidas em consultórios médicos, ambulatórios ou mesmo nos próprios laboratórios de análise, contribuem muito com a adesão do paciente (à aceitação da realização do exame) e são técnicas cobertas pelo Sistema Único de Saúde – SUS – na imensa maioria. Claro que dependendo da natureza e complexidade do local a ser investigado e do diagnóstico a ser feito, fazem-se necessários exames complementares, como os de imagem – ultrassom, tomografias –, mas por si só a citologia já permite realizar diagnósticos diferenciais importantes, como a distinção entre uma tumoração benigna e maligna, de lesões decorrentes de processos inflamatórios ou advindas de variações anatômicas pré-existente, que nesta área sempre devem ser consideradas, tudo com o objetivo de auxiliar o médico assistente a estabelecer um diagnóstico clínico assertivo, possibilitando esquemas terapêuticos efetivos e precoces, quando identificado uma enfermidade, precocemente, provoca um aumento da qualidade de vida do paciente e suas chances de cura, além da sua adesão ao tratamento – grande entrave na clínica na maioria das doenças (BRASIL, 2012a; KOSS; GOMPEL, 2014). Sem sombra de dúvidas, o maior quantitativo de análises citológicas realizadas em um laboratório citopatológico clínico deve-se aos exames citológicos ginecológicos, tema da Unidade 3, porém, várias outras citologias são realizadas, seja para identificar processos inflamatórios nas diversas partes do corpo humano (e animal) ou mesmo para verificar possíveis malignidades em nódulos e cistos, além de possibilitar o acompanhamento da evolução terapêutica nos casos de doenças diagnosticadas. Dentre as citologias consideradas não ginecológicas, foco de estudos mais aprofundados da Unidade 2, podemos citar: as citologias de tireoide e de mama. Nestes estudos, vamos aprender a reconhecer as estruturas fisiológicas e ainda aquelas consideradas patológicas. Devemos sempre buscar situações anormais nos exames citopatológicos. Estas anormalidades podem ser decorrentes de situações reativas, adaptativas ou ainda patológicas. Mas não se preocupe! Vamos aprender a diferenciar cada uma delas na nossa jornada citopatológica. 8 4 IMPACTO DAS ANÁLISES CITOPATOLOGIAS NA SAÚDE POPULACIONAL Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA, 2019), o câncer está entre as quatro principais causas de morte prematura (mortes antes dos 70 anos) no mundo. Este fato está ligado principalmente com o envelhecendo da população mundial e ainda com o aumento da exposição aos fatores de risco. Ainda, segundo este instituto, em 2018, houve 18 milhões de novos casos de câncer no mundo e9,6 milhões de óbitos, e, para o Brasil, somente no triênio 2020-2023, estima-se, para cada ano, 625 mil novos casos, sendo o câncer de pele não melanoma o mais incidente, seguido pelos cânceres de mama e próstata. FIGURA 4 – ESTATÍSTICAS DE CÂNCER FONTE: <http://twixar.me/Wmcm>. Acesso em: 26 fev. 2022. Pulmão Próstata Colorretal Pulmão Mama Colorretal TIPOS DE CÂNCER MAIS COMUNS De acordo com o INCA (2019), podemos ter a dimensão da importância e o impacto dos exames citológicos com a finalidade de diagnóstico ou mesmo de acompanhamento de terapêutica. Atualmente, percebe-se uma queda das taxas de incidência provavelmente devido às campanhas dos programas de rastreamento e prevenção, chamados de “Vigilância do Câncer”, intensificados após a década de 1960. Várias campanhas, inclusive com a utilização de fitas coloridas, conforme aquelas exemplificadas na Figura 5 – “Outubro Rosa” (prevenção ao câncer de mama), “Novembro Azul” (prevenção ao câncer de próstata) – têm contribuído com a diminuição dos casos e buscam maior o engajamento de toda a população para a prevenção e para o diagnóstico precoce, promovendo e facilitando o acesso da população aos serviços de saúde para os respectivos exames preventivos. 9 FIGURA 5 – CORES DE FITA CORRESPONDENTES ÀS CAMPANHAS DE PREVENÇÃO AO CÂNCER CÂNCER DE MAMA CÂNCER DE OVÁRIO CÂNCER DE TESTÍCULO CÂNCER INFANTIL CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO CÂNCER DE PRÓSTATA CÂNCER DE FÍGADO LINFOMA NÃO HODGKIN LINFOMA HODGKIN CÂNCER DE PELE CÂNCER DE TIREOIDE SARCOMA OU CÂNCER DE OSSOS CÂNCER DE ESTÔMAGO CÂNCER DE PULMÃO CÂNCER DE RIM LEUCEMIA CÂNCER DE CÓLON CÂNCER CERVICAL CÂNCER UTERINO OU ENDOMETRIAL CÂNCER DE PÂNCREAS CÂNCER DE BEXIGA CÂNCER CEREBRAL MIELOMA MÚLTIPLO CÂNCER DE APÊNDICE FONTE: <http://twixar.me/Zmcm>. Acesso em: 26 fev. 2022. 10 Neste tópico, você aprendeu: • Os principais nomes da área da citologia e as principais contribuições de cada um deles. • Robert Hooke foi o responsável pela criação de um microscópio ótico que era capaz de produzir ampliações de até 30 vezes, e através dele, foi possível observar pedaços de cortiça e descobrindo as células. • Schleiden e Schwann foram os responsáveis pelos fundamentos da Teoria Celular, utilizados até os dias atuais. • Rudolf Virchow comprova que toda célula é obrigatoriamente oriunda de outra célula viva. • Existe uma relação direta entre a evolução da citologia e a melhoria das análises e diagnósticos na clínica, pois melhores condições de análises, maior possibilidade e exatidão das análises citológicas, possibilitam a realização de diagnósticos cada vez mais precoces de várias doenças. • Os principais e mais prevalentes tipos de câncer na atualidade. • Entender a importância e os impactos da realização dos exames de citopatologia na vida da população em geral. RESUMO DO TÓPICO 1 11 AUTOATIVIDADE 1 A Teoria Celular possui três postulados principais: I- Os seres vivos são formados por uma ou mais células e pelas formações estruturais que elas produzem. II- As células são as unidades funcionais e morfológicas dos seres vivos. III- Toda célula origina-se de outra célula preexistente. Estes postulados são atribuídos a Theodor Schwann e Matthias Schleiden com contribuições de Rudolf Virchow. Qual alternativa indica o grupo de organismos que não são considerados seres vivos? a) ( ) Vírus. b) ( ) Fungos. c) ( ) Bactérias. d) ( ) Protozoários. 2 (Adaptada de UEMS, 2016) Hoje em dia é muito difundida a ideia de que os seres vivos são formados por células, com exceção apenas dos vírus. Essa ideia, no entanto, surgiu apenas após diversas observações e posterior formulação da chamada Teoria Celular. Qual das afirmativas a seguir não está de acordo com os postulados da Teoria Celular, que foi baseada nos estudos dos pesquisadores Schleiden (1838) e Schwann (1939)? FONTE: <https://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/ exercicios-biologia/exercicios-sobre-teoria-celular.htm>. Acesso em: 30 maio 2022. ( ) Os seres vivos, animais, vegetais ou protozoários, são compostos sem exceção por células e seus produtos celulares. ( ) As células podem ser formadas através da divisão de outra célula, dentre outras formas. ( ) O funcionamento de um organismo como um todo não depende do resultado do funcionamento das unidades celulares, exceto os vírus. ( ) O funcionamento de um organismo como unidade é o resultado da soma das atividades e interações das unidades celulares. 12 3 A Citopalogia é uma das áreas de atuação da patologia que realiza estudos sobre as alterações celulares provocadas por patologias, responsáveis ou não pelo processo de adoecimento em organismos vivos. Sobre as amostras citopatológicas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Amostras obtidas de nódulos e cistos. b) ( ) Amostras obtidas através de aspirados mamários. c) ( ) Amostras obtidas de secreções e/ou de lavados do trato respiratório. d) ( ) Todas as alternativas estão corretas. 4 Grandes avanços na área da pesquisa clínica foram obtidos após a descoberta do microscópio ótico e que foram intensificadas após a criação dos microscópios de feixes de elétrons, introduzidos por Knoll e Ruska no início da década de 1930. Disserte sobre os avanços na área da citologia após a descoberta do microscópio. 5 Atualmente, a expectativa de vida da população mundial vem crescendo e junto com ela a maior exposição dessa população a fatores considerados como de risco para o desenvolvimento de cânceres. Fato este que pode ser comprovado em várias pesquisas realizadas por instituições conceituadas na área que demonstram o número crescentes de novos casos e de óbitos por esta que é a quarta causa de morte do mundo. Como as análises citopatológicas podem auxiliar na diminuição do número de óbitos por câncer? Disserte sobre essa problemática. 13 CARACTERIZAÇÕES CELULARES E TECIDUAIS EM CITOPATOLOGIA 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 TÓPICO 2 - Acadêmico, neste tópico, nós vamos falar sobre as características dos tipos celulares nos principais tecidos de interesse em citopatologia. Vamos recordar as morfologias celulares e a cito-histologia dessas células, tecidos, e ainda seus respectivos comportamentos frente às principais técnicas de coloração. Este tópico tem fundamental importância porque é nele que vamos recordar as formas celulares e suas arquiteturas, o que irá nos propiciar as caracterizações dos tipos celulares provocando uma padronização do que é considerado “normal” ou “fisiológico” nos exames celulares. Vamos relembrar algumas técnicas de coloração e ainda como o mesmo tecido se comporta frente às colorações diferentes, pois a eleição da melhor coloração vai depender principalmente do objetivo da análise. Então, vamos começar a buscar as caracterizações celulares? Vamos começar a nos habituar as colorações citológicas? Vamos juntos! 2 TIPOS CELULARES Segundo Lopes e Ho (2013), os seres vivos estão divididos em cinco grandes reinos, conforme a figura 6: Monera: são os seres classificados como procariontes – bactérias e cianobactérias; Protista: seres unicelulares eucariontes; Plantae: seres multicelulares eucariontes que fazem fotossíntese; Fungi: seres eucariontes multicelulares heterótrofos que adquirem sua nutrição por absorção e Animalia: seres eucariontes multicelulares heterótrofos. Vale ressaltar que existem classificações mais atuais, porém, esta ainda tem grande uso no ensino de ciências e Biologia. 14 FIGURA 6 – GRANDES REINOS FONTE: <http://twixar.me/hmcm>. Acesso em: 26 fev. 2022. NÚMERO ESTIMADO DE ESPÉCIES VIVAS CONHECIDAS INSETOS 740,00 PLANTAS 290,000 ALGAS 23,000 PROTOZOÁRIOS 30,000 FUNGOS 66,000 OUTROS ANIMAIS 280,000 MONERA (BACTÉRIAS E FORMAS SEMELHANTES) 4,600 VÍRUS 1,100 As células de todos os seres dos cinco reinos (Figura 6) apresentam diferenças entre si, mas todas praticamente desempenham os mesmos papéis: funçõesestruturais, metabólicas e reprodutivas. Existe um grupo, porém, que são seres acelulares, conforme já dito no tópico anterior, que fogem à Teoria Celular, o tão popular grupo do Vírus, que não se enquadra em nenhum dos grupos mencionados. Eles são organismos dotados de material genético revestido por uma cápsula proteica, mas que necessitam de uma célula hospedeira para “viver” e então se reproduzirem, devido a este fato, são chamados de parasitas intracelulares obrigatórios (LIMA, 2001; LOPES; HO, 2013). 15 IMPORTANTE Segundo Montanari (2016) e Alberts (2017), existem dois tipos celulares: eucariontes e procariontes. As primeiras são tipos celulares que possuem envoltório nuclear chamada de carioteca, com formação de um núcleo verdadeiro, comuns em animais e plantas, conforme demonstrado na Figura 7. As células procariontes são aquelas que não possuem envoltório nuclear delimitando o seu material genético, caso das bactérias. FIGURA 7 – CÉLULAS FONTE: <http://twixar.me/vmcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. 16 FIGURA 8 – EUCARIOTOS: DESENHO ESQUEMÁTICO DAS PRINCIPAIS PARTES FONTE: <http://twixar.me/4mcm>. Acesso em: 24 fev. 2022. Mitocondria Centrossoma Núcleo Retículo endoplasmático Aparelho de Golgi Ribossomo Lisossomos Nucléolo Núcleo Retículo endoplasmático Aparelho de Golgi Centrossoma Lisossomos Ribossomo Mitocondria Através da Figura 8 podemos entender a definição de células eucarióticas. Percebe-se o DNA em um local individualizado do citoplasma, formado por um envoltório de dupla membrana, o núcleo. Outra característica, segundo este mesmo autor, que nos permite diferenciar eucariotos de procariotos, são as dimensões celulares. Células eucarióticas, segundo este mesmo autor, são em média dez vezes maiores que as procarióticas quando consideramos as dimensões lineares e mil vezes maiores quando analisamos o aspecto volume! Incrível, não é mesmo?! NOTA Vale lembrar ainda as diferenças entre as células animais e vegetais, como a presença de parede celular, cloroplastos e vacúolo, conforme a Figura 9, e ainda as diferenças existentes entre as células fúngicas e bacterianas (Figuras 10 e 11). Na Figura 12 podemos ver a imagem de células vegetais vistas no microscópico. 17 FIGURA 9 – CÉLULA VEGETAL X CÉLULA ANIMAL FONTE: Adaptado de <http://twixar.me/lmcm>. Acesso em: 24 fev. 2022. Microtúbulos Centríolos Cloroplasto Amiloplasto Parede celular Ribossomos Lisossomos Núcleo Nucléolo Mitocôndria Retículo endoplasmático bruto Retículo endoplasmático liso Vacúolo Peroxissomo Aparelho de Golgi Membrana Celular Citoplasma CÉLULA VEGETAL CÉLULA ANIMAL FIGURA 10 – CÉLULA BACTERIANA FONTE: <http://twixar.me/bmcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. Ribossomos Mesossoma Inclusão Nucleóide (DNA) Plasmídeo Flagelo Citoplasma Membrana de plasma Parede celular Cápsula Pilus CÉLULA DE BACTÉRIAS 18 FIGURA 11 – CÉLULA FÚNGICA CÉLULA FUNGAL Vesículas Septo Aparelho de Golgi Ribossomos Mitocôndria Peroxissomo Citoplasma Vacúolo Cicatriz de broto Retículo endoplasmático Parede celular Membrana celular Nucléolo Núcleo Lisossomo FONTE: <http://twixar.me/9mcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. FIGURA 12 – CÉLULA VEGETAL VISTA EM MICROSCÓPIO FONTE: <https://stock.adobe.com/br/search?k=c%C3%A9lula+vegetal&search_type=default-view- results&asset_id=310774697>. Acesso em: 26 fev. 2022. 19 Segundo Molinaro, Caputo e Amendoeira (2010) e o Ministério da Saúde (2012a), podemos dizer que a citopatologia (e as técnicas citológicas) realizam o estudo das células de maneira individual, sejam elas obtidas através de descamações, expelidas ou ainda quando retiradas de partes do corpo de interesse com finalidade de diagnóstico clínico ou não. Neste contexto, vale salientar novamente que os tecidos do organismo possuem características próprias e isso nos faz ter ainda mais cuidado no momento da coleta dos materiais para análise. Dessa forma, estudaremos mais a frente as várias metodologias para coleta dos variados tipos materiais. Talvez o exame popularmente conhecido como Papanicolau – exame colpocitológico – seja o citológico mais conhecido, pois tem sido muito estimulado e veiculado em mídias de massa como indispensável e fundamental para o rastreamento e diagnóstico precoce de câncer de colo de útero. 3 CÉLULAS E TECIDOS DE INTERESSE EM CITOPATOLOGIA Para Junqueira e Carneiro (2018), existem basicamente quatro tipos de tecidos nos organismos humanos: epitelial – Figura 13, conjuntivo – Figura 14, muscular - Figura 15, e nervoso – Figura 16. Para serem enquadrados nestas classificações, vários critérios são utilizados principalmente a localização e função que eles estão desempenhando. Os tecidos epiteliais são formados por células responsáveis pelo revestimento das superfícies e geralmente apresentam outras funções, entre elas a secretora e a absortiva. O tecido conjuntivo possui grande quantidade de matriz extracelular produzida pelas próprias células. O muscular possui células mais longas e são responsáveis pela contração muscular; já o nervoso é responsável pelos impulsos nervosos (MONTANARI, 2016; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2018). 20 FIGURA 13 – CÉLULAS DO TECIDO EPITELIAL CÉLULA EPITELIAL Epitélio Escamoso Simples • Linhas de Vasos Sanguíneos e Sacos Alveolares • Permite Troca de Nutrientes, Resíduos e Gases Núcleo Membrana Basal Célula Epitélio Colunar Ciliado • Áreas Sensíveis - Traqueia, Brônquios e Útero • Absorção e Secreção Epitélio Cuboidal Simples • Alinha Túbulos Renais e Glândulas • Secretam e Reabsorvem Água e Pequenas Moléculas Epitélio Colummar Simples (Liso) • Alinha a maioria dos órgãos digestivos • Absorve Nutrientes e Produz Muco FONTE: <http://twixar.me/Jmcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. 21 FIGURA 14 – CÉLULAS TECIDO CONJUNTIVO FONTE: <http://twixar.me/ymcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. Matriz extracelular Célula mesenquimal Fibras de colágeno Fibras elásticas Vaso sanguíneo Macrófago Substância fundamental Colágeno Adipócito (célula de gordura) FIGURA 15 – CÉLULAS DO TECIDO MUSCULAR FONTE: <http://twixar.me/7dcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. TECIDO MUSCULAR LISO TECIDO MUSCULAR ESTRIADO (ESQUELÉTICO) TECIDO MUSCULAR CARDIACO MEMBRANA CELULAR (SARCOLEMA) CAPILARES ESTRIAÇÕES TRANSVERSAISMIOFIBRILASMIOFIBRILAS NÚCLEO REDONDO CITOPLASMA ESTRIA CLARA (FILAMENTOS DE ACTINA) ESTRIA ESCURA (FILAMENTO DE MIOSINA) DISCO INTERCALADO NÚCLEO PLANO SOB A MEMBRANA CÉLULAR NÚCLEO DE TECIDO CONJUNTIVO NÚCLEO CENTRAL 22 FIGURA16– CÉLULAS DO TECIDO NERVOSO FONTE: <http://twixar.me/gmcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. DICAS Aproveitando o tema sobre as funções dos tecidos, você conhece o filme chamado “O óleo de Lorenzo?” É um filme de 1992, mas que traz um tema muito atual: a busca dos pais de um menino que após os seis anos de idade apresentou uma doença rara, chamada atualmente de Adrenoleucodistrofia (ALD). Esta é uma doença que provoca a degeneração precoce das células do tecido nervoso. Se você já assistiu, vale a pena assistir novamente, agora com um novo olhar. Para você que não assistiu, curta essa história emocionante! Outro ponto muito importante é entendermos que as células e os tecidos não estão isolados e nem muito menos independentes do restante do organismo. Eles estão estreitamente correlacionados através de junções bastante específicas. Falando de modo genérico, são estas associações que permitem a formação dos órgãos e em última análise, dos sistemas do organismo humano, figura 16. A única exceção a ser considerada é o sistema nervoso, que praticamente é formado apenas por células nervosas, e ainda as células livres nos sistemas linfático e sanguíneo (MONTANARI, 2016; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2018). 23 FIGURA 16 – TECIDOS DO CORPO HUMANO TIPOS DE TECIDOS TECIDO MUSCULAR TECIDO NERVOSO TECIDO EPITELIAL TECIDO CONJUNTIVO Músculo cardíaco Músculo esquelético MúsculoLiso Cérebro Medula espinhal Nervos Células musculares Células nervosas Revestimento do trato gastrointestinal e outros órgãos ocos Tendão Osso Colunar Ciliado Colunar Simples Cuboidal Simples Simples Escamoso Gordura e outros tecidos de preenchimento macioSuperfície da Pele Membrana de Base Células de gordura FONTE: <http://twixar.me/zmcm>. Acesso em: 23 fev. 2022. Os tecidos epiteliais merecem atenção em citopatologia devido à grande recorrência nas amostras citopatológicas, sejam em raspados e imprints cervicovaginais, biópsias de bexiga, pulmão, tireoide, entre várias outras. Assim, é importante “treinar os olhos” para conseguir distinguir os vários tipos de epitélios e as possíveis alterações por ventura existentes nas amostras analisadas. Desta forma, ao longo desta unidade e das próximas, serão apresentadas fotos cito-histológicas de células e tecidos humanos para estudarmos as particularidades de cada um dos tecidos, possibilitando a visualização das principais particularidades de cada um deles. O epitélio pode ser caracterizado pela justaposição de suas células e pela pouca presença de matriz extracelular. Sua principal função é o de revestimento, protegendo o corpo e os órgãos. Este tecido ainda faz absorção (intestino através das microvilosidades), excreção (túbulos renais) e ainda a excreção (glândulas) (MONTANARI, 2016; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2018). 24 As células possuem formas e tamanhos diferentes nos diversos tecidos epiteliais, a depender do local onde estão (aqui vamos nos ater a apenas alguns). Se pensarmos na arquitetura das células, elas podem ser basicamente de dois tipos: cúbicas, quando a largura, comprimento e altura são iguais; e, quando a largura e o comprimento da célula são maiores que sua altura elas são classificadas como pavimentosas (Figura 17). FIGURA 17 – TIPOS DE TECIDO EPITELIAL TECIDOS EPITELIAIS Cuboidal simples Colunar simples Escamoso simples Colunar estratificado Escamoso estratificado (não queratinizado) Escamoso estratificado (queratinizado) Cuboidal estratificado Pseudoestratificado colunar Transitório FONTE: <http://twixar.me/5mcm>. Acesso em: 24 fev. 2022. Na Figura 18 podemos ver células epiteliais pavimentosas na porção superior. 25 FIGURA 18 – TECIDO EPITELIAL PAVIMENTOSO FONTE: <https://stock.adobe.com/br/search?k=histologia&load_type=tagged+keyword&prev_ url=detail&search_type=keyword-badge-details-panel&asset_id=184601525>. Acesso em: 26 fev. 2022. Na Figura 19, temos a presença de tecido epitelial em corte histológico de intestino delgado. Observe a disposição das células e a justaposição entre elas, característica importante deste tecido. FIGURA 19 – TECIDO EPITELIAL DO INTESTINO DELGADO FONTE: <http://twixar.me/Smcm>. Acesso em: 25 fev. 2020. Existem algumas imagens cito-histológicas, que estudaremos a seguir, que são importantes nas investigações de alterações celulares, e também muito requeridas na parte de citopatologia não ginecológica divido a sua grande incidência de cânceres, conforme já citado no Tópico 1, através das informações estatísticas de INCA (2019). Vale lembrar que as imagens cito-histológicas ginecológicas serão estudadas com riqueza de detalhes nas Unidades 2 e 3 deste livro didático. São elas: esôfago (Figura 20), traqueia (figura 21), intestino delgado (Figura 22), bexiga (Figura 23) e tireoide (Figura 24). 26 FIGURA 20 – EPITÉLIO DO ESÔFAGO FONTE: <http://twixar.me/Xmcm>. Acesso em: 26 fev. 2022. Na Figura 20, nós temos um corte cito-histológico de esôfago. Nele, temos o tubo digestivo formado por quatro camadas: a mucosa mais externamente, seguida pela submucosa. Na porção mais interna, o esôfago é envolvido por uma camada de tecido conjuntivo – adventícia, na porção inicial temos as glândulas esofágicas (tipo mucoso) presentes na camada submucosa e logo após geralmente podemos encontrar a musculatura da mucosa. Vale ressaltar que no corpo humano apenas o esôfago e o duodeno no tubo digestivo possuem glândulas na camada submucosa. FIGURA 21 – TRAQUEIA FONTE: <http://twixar.me/jmcm>. Acesso em: 26 fev. 2022. 27 Na Figura 21 podemos ver um corte histológico de traqueia. Nela, podemos identificar o epitélio pseudoestratificado ciliado no lado esquerdo, ponta da seta (►), e ainda a presença de cartilagem hialina na porção central indicada pela seta (↑). FIGURA 22 – INTESTINO DELGADO FONTE: <http://twixar.me/VGcm>. Acesso em: 24 fev. 2022. FIGURA 23 – EPITÉLIO DE TRANSIÇÃO DA BEXIGA URINÁRIA FONTE: <http://twixar.me/7Gcm>. Acesso em: 26 fev. 2022. 28 Na imagem anterior percebemos um epitélio especial, o epitélio de transição, que está apoiado por uma lâmina própria (uma fina camada de tecido conjuntivo). Essa imagem foi corada com hematoxilina e eosina (HE). Note a presença dos núcleos das células do epitélio e as mudanças de suas morfologias, caracterizando assim o epitélio de transição. A glândula tireoide, apresentada na Figura 24, é formada por vários agrupamentos celulares que formam milhares de estruturas arredondadas, chamadas de folículos tireoidianos. Já as paratireoides, incrustadas na tireoide possuem semelhança com os órgãos linfoides, como o baço, porção inferior da imagem. FIGURA 24 – TIREOIDE FONTE: <http://twixar.me/NGcm>. Acesso em: 26 fev. 2022 Na Figura 22, nós podemos ver do lado direito as células que formam essa glândula endócrina folicular. Observe as células apontadas pela seta (↑). Elas são as responsáveis pela produção de coloide, apontado pela ponta de seta (▼). Estas unidades secretoras são células epiteliais cúbicas, simples (note o formato de seus núcleos – bem arredondados. Vale mencionar que a tireoide é formada por vários folículos. 29 INTERESSANTE Você sabia o porquê de a maioria dos cortes cito-histológicos usarem a coloração chamada de hematoxilina eosina (HE)? Não? Então vamos saber um pouquinho sobre ela. Neste tipo de coloração, os núcleos que possuem característica ácida – principalmente devido à presença neles dos ácidos nucleicos – tem grande afinidade pelos corantes classificados como básicos, como é o caso da hematoxilina (o H da sigla “HE”). As estruturas que apresentam esta característica química são chamadas em cito-histologia de estruturas basófilas e, coram-se de roxo. O citoplasma das células, nesta coloração, apresenta-se corado de rosa ou até mesmo alaranjado, devido à afinidade com a eosina (“E” da sigla “HE”), que é um corante prioritariamente ácido. Desta forma, os constituintes que são acidófilos vão se apresentar em cor de rosa. Aliados, estes dois corantes oferecem às lâminas de cito-histologia excelentes contrastes, o que facilita muito os estudos e as análises pertinentes a elas. Tendo, portanto, grande utilização nas rotinas laboratoriais. IMPORTANTE Uma dica valiosa: quando queremos descobrir o tipo de célula presente no epitélio, olhamos para o seu núcleo, ele geralmente reflete o tipo da célula. Núcleos mais alongados, sugerem tecidos colunares; núcleos mais arredondados, células cúbicas. E aí, depois de todo este estudo que fizemos para podemos reconhecer os perfis “normais” das células, vocês podem estar se perguntando o porquê de estudar todas estas características? Por que é preciso saber as características de núcleos e citoplasmas em tecidos sadios? Para que relembrar tudo isso de cito-histologia? Para que você seja capaz de identificar alterações celulares em situações inflamatórias ou ainda em diagnósticos envolvendo a malignidade celular. Várias características consideradas “normais” são perdidas nestes casos. Por isso, todo esse esforço em relembrar a citologia normal dos principais tipos celulares e teciduais de interesse na Citopatologia, já trazendo a outra fundamental importância, que veremos mais detalhadamente no Tópico 3, as técnicas de coleta e de coloração para diagnósticos seguros. 30 Caríssimo acadêmico! Você viu a importância de identificarmos as arquiteturasconsideradas normais das células em seus respectivos tecidos? Viram a importância das colorações? Em Citopatologia, fazemos sempre comparações entre as células e os tecidos sadios com as amostras que estamos analisando. É o reconhecimento das estruturas “diferentes”, com auxílio das as colorações diferenciais, que nos conduz ao diagnóstico da patologia que por ventura exista na amostra em estudo. Mas não se preocupe! Estamos apenas no início da nossa jornada pelo mundo da citopatologia clínica. Aos poucos, vamos nos habituando a ver as diferenças e nos inteirando das técnicas de coleta, de conservação e das principais colorações utilizadas em laboratórios citológicos. Inclusive, esse é o tema do nosso próximo tópico! Aguardamos você! 31 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu: • Existem cinco grandes reinos: monera, protista, plantae, fungi e animalia. • As principais funções das células são: estruturais, metabólicas e reprodutivas. • Os vírus são seres acelulares, portanto, não vivos, e são classificados como parasitas intracelulares obrigatórios. • A diferença entre as células eucarióticas e as procarióticas é a presença de membrana de envoltório celular – carioteca, no primeiro tipo celular. • As células (e tecidos) utilizados nas análises citológicas podem ser obtidas por descamação, expelidas ou ainda retiradas de partes do corpo de interesse clínico. • Os tecidos que formam o organismo humano são: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. • A hematoxilina e eosina (um dos principais corantes utilizados em citologia, conhecido como HE) cora o núcleo com colorações arroxeadas e citoplasma com coloração rósea ou alaranjada. 32 AUTOATIVIDADE 1 O tecido epitelial é um dos quatro principais tipos de tecidos que formam o organismo humano. Entre suas principais características podemos mencionar: presença de células justapostas e ainda pouca matriz extracelular. Sobre a arquitetura celular destes tecidos passíveis de visualização nos principais tipos de colorações empregadas em citopatologia, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Existe entre o tecido epitelial e o conjuntivo, este que sempre acompanha o epitelial dando a eles sustentação principalmente, a presença de uma lâmina basal visível. b) ( ) Existem apenas dois tipos de tecido epitelial: o tecido epitelial de revestimento pavimentoso, comum no trato genital feminino e o tecido epitelial conjuntivo que oferece sustentação ao tecido conjuntivo. c) ( ) O tecido epitelial prismático, também chamado de colunar ou cilíndrico apresenta sempre núcleos celulares arredondados e com pouca coloração independente da coloração utilizada. d) ( ) O tecido epitelial sempre apresenta várias camadas celulares, portanto, pode ser sempre classificado como tecido epitelial estratificado. 2 A mucosa intestinal é formada por uma série de projeções que formam pregas e vilosidades (microvilosidades) que aumenta a sua superfície de contato e consequentemente possibilita a maior absorção dos nutrientes. Este epitélio possui grandes propriedades absortivas e ainda células produtoras de muco que protege e lubrifica o intestino. Um especialista em citopatologia, ao analisar uma lâmina de intestino com microvilosidades, espera visualizar qual(is) tipo(s) celular(es)? a) ( ) Células com alta produção de matriz extracelular. b) ( ) Células pertencentes ao tecido epitelial de revestimento prismático-cúbico. c) ( ) Células epiteliais colunares e células caliciformes. d) ( ) Somente células do tecido conjuntivo e do sistema muscular. 3 Ao analisar uma lâmina de citologia, um aluno do curso de farmácia percebeu que as coleções celulares visualizadas apresentavam formato cúbico, estavam muito próximas umas das outras, com pouca matriz extracelular e existia a presença de células produtoras de muco. Diante desta caracterização, sobre o tipo do tecido em análise pelo acadêmico, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Tecido conjuntivo propriamente dito. b) ( ) Tecido epitelial cúbico com células caliciformes. c) ( ) Tecido muscular estriado esquelético. d) ( ) Tecido nervoso. 33 4 A realização de análises citológicas sempre está relacionada com comparações entre as células e os tecidos sadios com as amostras em análise. Reconhecer as estruturas “diferentes”, com auxílio das colorações diferenciais e principalmente das arquiteturas celulares permitem o diagnóstico da patologia que por ventura exista na amostra em estudo. Neste contexto, disserte sobre a importância de saber reconhecer a arquitetura fisiológica dos tecidos humanos para realizar um diagnóstico clínico confiável e com segurança. 5 A chamada “Doença da inclusão das microvilosidades ou atrofia das microvilosidades” é uma patologia que ocorre devido a um distúrbio congênito que afeta as células epiteliais do intestino, e como principal sintoma, tem-se diarreia aquosa abundante e persistente, que se apresenta ainda no período neonatal. Os primeiros relatos desta doença aconteceram em 1978 e sua principal forma de diagnóstico é através de biópsia intestinal que indica uma atrofia das microvilosidades e ausência de processos inflamatórios. De acordo com seus conhecimentos sobre os constituintes celulares e a arquitetura intestinal, disserte sobre a possível aparência de uma lâmina cito-histológica desta patologia. 34 35 TÓPICO 3 - TÉCNICAS E MATERIAIS DE COLETA, CONSERVAÇÃO E COLORAÇÃO DE AMOSTRAS CITOLÓGICAS 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 Caro acadêmico, neste Tópico 3, abordaremos as principais técnicas de coleta de materiais citopatológicos e ainda os melhores métodos de conservação e de coloração. Estes são requisitos fundamentais para uma análise satisfatória e assertiva. O primeiro esclarecimento a ser feito neste tópico é que a citologia, ou ainda a citopatologia, é o ramo das ciências médicas e biológicas pertencente ao grupo da histotecnologia que possui imensa relevância clínica, pois é a partir dela que é possível realizar o diagnóstico de uma grande gama de doenças que podem acometer os seres humanos e também os animais. Citopatologia é a ciência que realiza os estudos, e posteriormente o diagnóstico, através de modificações celulares – tanto nucleares quanto citoplasmáticas. Seu desenvolvimento ocorreu principalmente devido aos inúmeros avanços tecnológicos, como a invenção do microscópio por Zaccharias até a descoberta e desenvolvimento de inúmeras técnicas de coloração que permitiram melhores estudos citológicos por propiciarem melhores visualizações das estruturas celulares. É inegável que técnicas complementares podem ser necessárias para fechar um diagnóstico clínico como ultrassons, tomografias e ainda a biologia molecular. Outro fato que deve ser considerado e que nem sempre é possível obter amostras clínicas de qualidade para as análises e contra análises (quando necessárias), por diversos fatores. Dentre elas, o principal entrave, talvez, sejam os sítios de investigação de difícil acesso. Devemos considerar ainda que as diversas enfermidades (ou doenças) que acometem os tecidos humanos podem ter diversos agentes etiológicos responsáveis: fungos, vírus, bactérias, protozoários e até mesmo diversos corpos estranhos, e cada um deles exige uma especificidade para seu respectivo diagnóstico. Então, vamos estudar agora as várias técnicas de coleta, como devemos conservar cada uma das amostras, respeitando sempre suas características, e ainda como utilizar as técnicas de coloração como auxílio nos diagnósticos clínicos. Vamos lá?! 36 2 TÉCNICAS E MATERIAIS DE COLETA O primeiro relato na literatura sobre a utilização das técnicas citológicas para fins de diagnóstico é datado de 1843, por Sir Julius Vogel, que realizou a identificação de células portadoras de malignidade em secreções drenadas de fistulas de um tumor mandibular. Após ele, foi a vez de Henri Lebert, em 1845, registrar seus achados morfológicos de células tumorais obtidas por aspiradostumorais. Em 1853, o pesquisador Donaldson descreveu a citologia de células tumorais, obtidas de cortes de superfícies tumorais, quando explicava a aplicação prática do microscópio à época. Como outros nomes contemporâneos, com a utilização de técnicas citopatológicas, temos o professor Lionel Beale, em analises de escarro, e o Doutor Lambl de Praga, em amostras de urina, ambos com descrições de achados celulares com características de malignidade (BRASIL, 2012a; INCA, 2019). Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a), foi apenas após os trabalhos do Dr. George Papanicolau, em 1917, que as análises citológicas voltaram ao auge na comunidade científica. Talvez tenham sido necessários avanços relacionados às colorações e às técnicas cito-histológicas para que as análises citológicas voltassem a ser utilizadas pelos pesquisadores. DICAS Quer conhecer mais sobre a história do Dr. George Papanicolaou? Veja a leitura complementar ao final desta unidade e ainda acesse o site do Museu Histórico da Faculdade de Medicina de São Paulo – FMUSP – http:// www.pesquisadores.museu.fm.usp.br/index.php/papanicolau-george- n;isad).Vale muito a pena conhecer mais da história deste médico e pesquisador que viveu muito à frente de seu tempo. Boa leitura! Dr. Papanicolaou foi o responsável pela criação da metodologia chamada de citologia esfoliativa para diagnóstico, sobretudo, precoce, como forma de diagnosticar o câncer cervical. Para entender a técnica, faz-se necessário estudarmos os tipos de descamação celular existentes, que, por sua vez, pode ser de dois tipos. A primeira é espontânea, em que temos como exemplo a urina e o escarro, e a segunda, o método artificial, que é aquele que conta com a utilização de algum tipo de objeto ou instrumento para a obtenção da amostra citológica (INCA, 2019). A citologia esfoliativa é uma técnica muito empregada para estudos celulares com alterações displásicas – células que apresentam alterações em sua fisiologia e que na maioria das vezes apresentam crescimento anômalo –, mas também empregada primordialmente como forma de identificar processos inflamatórios e fisiológicos, 37 causados por microrganismos nas diversas partes do organismo humano. Deve-se considerar também que nesta modalidade de coleta vários tipos celulares podem ser identificados – o que reforça ainda mais a necessidade de reconhecer a maioria deles – como as células pertencentes aos tecidos locais e circunvizinhos, células sanguíneas (advindas de microlesões que ocorrem no momento da coleta ou ainda devido a processos inflamatórios já estabelecidos no sítio de coleta) e células do sistema de defesa (sistema imunológico) principalmente leucócitos (BRASIL, 2012a). Ainda, para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a), as vantagens desta técnica são várias: simples execução, rápida amostragem, possibilidade de obter-se mais de uma amostra relativa ao mesmo sítio, caso desejado, ou ainda quando solicitado pelo médico assistente, permite excelente sensibilidade para diagnóstico, e principalmente, baixo custo. A citologia preparada em meio líquido vem crescendo nas últimas décadas, principalmente com o advento da maior sensibilidade das análises citológicas. Esta me- todologia permite preparar as lâminas de análise com menores quantidades de mate- riais sobrepostos, além de propiciar a realização de testes moleculares, principalmente aqueles destinados à identificação do vírus do HPV. Falaremos detalhadamente sobre esta nova tecnologia citológica em tópicos especiais na Unidade 3. 2.1 COLETA DE MATERIAL E CONSERVAÇÃO Acadêmico, até aqui, no percurso de nossos estudos, vimos falando sobre esfregaços, raspados e aspirados, mas ainda não tínhamos detalhado cada uma das técnicas. É o que vamos fazer agora. Vamos estudar cada técnica com o máximo de detalhes possíveis. Assim como qualquer técnica de diagnóstico possui alguns inconvenientes ou limitações, como já dito anteriormente, com as técnicas citológicas não é diferente. Podemos citar: tempo relativamente longo para preparo e devidas interpretações, limitação da determinação da extensão das lesões nos casos em que existem, dentre outras. Temos que ter sempre em mente que os principais objetivos dos exames citopatológicos são: I - confirmação das suspeitas clínicas; II - identificar doenças sem sintomatologia clínica (diagnósticos precoces, como no Papanicolau) e, III - acompanhamento da terapêutica em tratamento farmacológico ou não (BRASIL, 2012ª; BRASIL, 2012b). Devemos ter consciência que as amostras citológicas podem ter variadas origens. Didaticamente, costuma-se separar as amostras em: citopatológicas não ginecológicas e amostras ginecológicas, que vamos estudar mais detalhadamente na Unidade 3. Além dos vários possíveis sítios de coleta, temos variadas técnicas e preparações, que ao final, tem o mesmo objetivo: analisar a existência de possíveis alterações celulares. 38 Para Molinaro, Caputo e Amendoeira (2010), genericamente, as amostras podem ser classificadas de três formas: líquidas, em grande parte oriundas de cavidades corpóreas: como pleura, cápsulas articulares, peritônio, líquor etc., além da urina; amostras pastosas, advindas de punções ou drenagens e ainda, os esfregaços, comumente obtidos de Colpocitologia. Ainda segundo esses autores, pode-se relacionar a origem da amostra ao método de coleta, e esta, à classificação amostral, conforme exposto no Quadro 1. QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS E MÉTODOS DE COLETA EM CITOPATOLOGIA Classificação da amostra Método de coleta Origem da amostra Distensão celular (esfregaço) Raspagem swab ou espátula (Ayres) Colpocitologia Olhos Lavado brônquico Imprint ou decalque Lesões cutâneas Biópsias Peças cirúrgicas Punção aspirativa Sangue Lavado brônquio Líquor espinhal Amostras pastosas Expectoração Escarro Punção ou drenagem Abscessos Massas necróticas Amostras líquidas Espontânea ou por cateter Urina Escovação Líquido sinovial Escovação ou lavado Líquido peritoneal ou ascítico Punção Líquido pleural Líquido peritoneal ou ascítico Líquido pericárdio Lavado brônquio alveolar Lavado vesical Líquido estomacal Lavado brônquico Líquido sinovial FONTE: Adaptado de <https://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/capitulo_4_vol2.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2022 39 2.1.1 Escovados e raspados Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012ª; BRASIL, 2012b; BRASIL, 2012c), os escovados e raspados são materiais obtidos através da esfoliação das superfícies de interesse clínico, por intermédio de instrumentos específicos para esta finalidade. São empregados atualmente “escovinhas” (Figura 25) e espátulas de Ayres, conforme a Figura 26. FIGURA 25 – ESCOVA FONTE: <http://twixar.me/cGcm>. Acesso em: 26 fev. 2022 FIGURA 26 – ESPÁTULA DE AYRES FONTE: <http://twixar.me/sGcm>. Acesso em: 26 fev. 2022. 40 Outro instrumento muito utilizado nas coletas de amostras citopatológicas, Papanicolaou é o espéculo, ou o popular bico de pato, chamado assim devido ao seu formato que se assemelha ao formato do bico deste animal (Figura 27). Ele é utilizado para afastar as paredes da vagina, facilitando a visualização e realização do exame. FIGURA 27 – ESPÉCULO OU BICO DE PATO FONTE: <http://twixar.me/MGcm>. Acesso em: 26 fev. 2022 Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012ª; BRASIL, 2012b; BRASIL, 2012c) e Molinaro, Caputo e Amendoeira (2010), os raspados podem ser obtidos de vários sítios – pele, boca, cavidades etc. A recomendação é de não realizar a higiene do local de coleta nem fazer a utilização de medicações tópicas, pois estas práticas prejudicam a coleta das amostras, podendo comprometer sua análise e, consequentemente, o diagnóstico. A depender das dimensões da área de coleta, realiza-se, geralmente, até três raspagens – coleta tríplice –, da maneira mais delicada possível para evitar microlesões e prováveis sangramentos, o que poderia, também, comprometer a amostra. Os escovados podemser obtidos com o auxílio de endoscópicos, que facilitam a visualização de possíveis lesões, sendo que podem ser de diversos sítios, como brônquico, intestinal e até mesmo gástricos, e as amostras obtidas analisadas através de esfregaços ou de cell blocks – bloco celular. A técnica de cell blocks é um procedimento que combina técnicas cito histopatológicas e tem como principal indicação os casos em que a coleta oferece baixas contagens celulares. Ela permite armazenar todo sedimento celular obtido na amostragem, pelo método de centrifugação, seja esta líquida ou pastosa, possibilitando análises posteriores, fato crucial nos casos em que existem indícios de tumores pouco diferenciados (BRASIL, 2012a). 41 Conforme afirma o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a), após a coleta, o material é depositado suavemente em distensão em uma lâmina de vidro limpa e desengordurada (Figura 28), através de um espalhamento fino e rápido, de maneira mais uniforme possível. Outra metodologia possível é cortar a ponta da escova ou espátula, imergi-la em salina ou em líquido conservante e submetê-la à centrifugação. Após desprezado o sobrenadante e com auxílio de uma alça bacteriológica pode ser retirado uma alíquota do sedimentado e depositá-lo em lâmina para confecção do esfregaço para posterior procedimentos de análise. FIGURA 28 – LÂMINA DE VIDRO E ESCOVINHA FONTE: <http://twixar.me/QGcm>. Acesso em: 26 fev. 2022 Após esta etapa, é realizada a fixação, na qual pode ser utilizado álcool a 95% ou ainda um spray fixador. Este procedimento deve ser rápido para evitar a dessecação do material e comprometer a amostra. Em seguida é realizada a coloração. Uma observação importante no momento da fixação, é o cuidado para não criar artefatos de coleta ou artefatos técnicos – contaminações da amostra com fios de algodão ou gaze, ou ainda, pelo talco das luvas de procedimento (BRASIL, 2012a, BRASIL, 2012b). O talco apresenta forma de cristal em forma de cruz de malta. Quando a amostra é contaminada com sangue – chamado na prática laboratorial fundo hemorrágico – provavelmente devido a uma microlesão no momento da coleta da amostra. Outro cuidado que devemos ter é evitar o esmagamento das células, devido, provavelmente a uma pressão exagerada no momento da confecção da lâmina, provocando uma lise celular, que pode ser caracterizada pelo aparecimento de filamentos basofílicos na lâmina, que na realizada são restos dos núcleos celulares. Conforme afirma o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a, BRASIL, 2012b), após todos estes procedimentos, devemos passar para a etapa de fixação dos esfregaços citológicos, que podem ser feitos em álcool, etanol 95%, que é o fixador de rotina devido ao baixo custo e baixíssima toxicidade. Ela deve ser realizada ainda com o esfregaço úmido, por imersão. Somente deverá ser retirado no momento da coloração. Lembrando que o tempo mínimo recomendado pela literatura é de 15 minutos e o tempo máximo em imersão, deverá ser de 14-15 dias. 42 O Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a) nos alerta para o fato das amostras que ficam em contato com o fixador por um período maior que o recomendado (ou se a solução fixadora estiver fora do padrão de concentração), podem comprometer a amostra, provocando até mesmo a inviabilização da análise. Entre os fatores que podem comprometer a análise, temos: opacidade, aumento da eosinofilia citoplasmática, aumento das dimensões nucleares (até 6x), dentre várias outras. Outros fixadores podem ser empregados: Carbowax (etanol e polietileno glicol) e ainda sprays (álcool isopropílico e glicol). Estes possuem vantagem sobre o fixador de rotina, devido a maior praticidade de transporte das amostras quando estas são obtidas a grandes distâncias do local de análise, evitando, dessa forma, possíveis vazamentos ou mesmos danos às lâminas, mas como desvantagem apresentam maior custo. Devemos lembrar que o principal objetivo de todos os tipos de fixadores é sempre a preservação da arquitetura celular e de sua composição química, presentes no momento da coleta da amostra. 2.1.2 Imprints – impressões teciduais Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a), esta técnica baseia-se literalmente em colocar o material amostral (geralmente um corte de tecido – geralmente histopatológico) em contato com a superfície de vidro da lâmina, e, por impressão, transferir as células para análise na lâmina de vidro. Muitos autores chamam está técnica de ‘citologia por decalque’ ou ‘citologia de decalque’. 2.1.3 Lavados Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a), lavados são amostras obtidas através da utilização de cateteres. A lavagem com soluções salinas de uma determinada cavidade de interesse do organismo. Esta técnica geralmente fornece baixas contagens celulares para análise. Elas podem ser broncoalveolar (LBA), brônquios (LB) entre vários outros. A instilação da solução de lavagem geralmente ocorre nos locais onde há lesões ou o máximo possível de proximidade dela, guiada por endoscópio e posteriormente aspirada. O procedimento pode ser realizado ambulatorialmente, com paciente levemente sedado. Vale lembrar que, após a coleta, os líquidos resultantes são levados à centrífuga, obtendo-se o sobrenadante que é descartado e o precipitado utilizado para confecção do esfregaço ou cell block. Os fixadores ficam a critério do laboratório mediante a disponibilidade, mas geralmente emprega-se etanol 95% ou Carbowax. O LBA é uma metodologia bastante empregada no diagnóstico de infecções oportunistas em pacientes com baixa imunidade, com o de Pneumocysti carinii. Esta técnica apresenta sensibilidade de 30 a 70% nos diagnósticos de malignidade, principalmente em tumorações difusas e/ou multifocais (BRASIL, 2012a, BRASIL, 2012b; BRASIL, 2012c). 43 Os lavados esofágicos e gástricos também são obtidos por meio de guias endoscópicas. Para o primeiro, há recomendação de jejum de 8 horas, para o segundo, 12 horas. Os lavados são obtidos de áreas que requerem investigações de mucosa. O fixador geralmente mais empregado nestes casos é o etanol a 50% para o primeiro e etanol 95% para o segundo. De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a), os lavados peritoneais requerem maior nível de atenção, pois deve-se adicionar à amostra três unidades de heparina para cada mililitro de volume de amostra e refrigeradas a 4°C até o momento da concentração e realização do esfregaço. Caso a demora seja um pouco mais prolongada, é necessário o acréscimo de etanol 50% em partes iguais. Em lavados que apresentam indícios de hemorragia, deve-se adicionar anticoagulante – o mais utilizado é citrato de sódio a 3,8% na proporção de 1:5 ou ainda heparina, na proporção de 5-10 unidades para cada 10mL de amostra. 2.1.4 Líquidos cavitários Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a), as amostras líquidas (pleurais, ascíticos ou pericárdicos), são investigados agentes infecciosos, alterações celulares benignas, e claro, alterações celulares malignas em estágio primário ou mesmo em metástases. As amostras devem ser obtidas em ambientes hospitalares e devem conter entre 2mL e 500mL, amostras maiores ou menores ao intervalo são consideradas inadequadas. O processamento ocorre sem adições, exceto em casos hemorrágicos, onde é acrescido heparina. As análises que ocorrem após 12 horas de coleta devem sofrer acréscimo de etanol 50% para sua preservação. Como recomendação complementar nestes casos, indica-se o emprego da técnica de cell blocks para obtenção de amostras permanentes para a realização de colorações especiais, caso necessário. 2.1.5 Materiais obtidos espontaneamente Um dos materiais mais analisados na rotina de citopatologia para diagnóstico lesional no trato respiratório é o escarro, principalmente devido a sua facilidade de obtenção e que gera pouco ou nenhum desconforto ao paciente. Mesmo com estas vantagens, a broncoscopia e a punção por agulha fina (PAAF – tema de estudo do nosso próximo item (2.1.6)) vem
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