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Info 515

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INFORMATIVO esquematizado 
 
Informativo 515 – STJ 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
Obs: não foram incluídos neste informativo esquematizado os julgados de menor relevância para concursos 
públicos ou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse 
conferi-los, os acórdãos excluídos foram os seguintes: AgRg no REsp 1.110.226-PR; AgRg no AREsp 238.740-
RS; REsp 996.352-PR; REsp 1.332.376-PR; REsp 1.321.610-SP; REsp 739.286-DF; RCDesp no REsp 1.347.420-DF. 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Concurso público (convocação do candidato por meio de publicação no Diário Oficial) 
 
Viola os princípios da razoabilidade e da publicidade a convocação para determinada fase de 
concurso público ou para nomeação de candidato aprovado apenas mediante publicação do 
chamamento em Diário Oficial quando passado muito tempo entre a realização ou a divulgação 
do resultado da etapa imediatamente anterior e a referida convocação, uma vez que é inviável 
exigir que o candidato acompanhe, diariamente, com leitura atenta, as publicações oficiais. 
Comentários Determinada candidata foi aprovada em cadastro de reserva na 92ª colocação em concurso 
que previu apenas 10 vagas no edital de abertura. 
A candidata foi nomeada para o cargo, no entanto, somente ficou sabendo tempos depois, 
quando ligou para o órgão com o objetivo de obter informações sobre o concurso. 
Inconformada, protocolou recurso administrativo, que foi indeferido sob o argumento de 
que foi convocada por meio do Diário Oficial. 
Contra este indeferimento administrativo, a candidata impetrou mandado de segurança. 
 
O STJ, analisando a questão em sede de recurso, entendeu que a candidata tinha razão e 
que ela deveria ter sido comunicada pessoalmente da nomeação por carta ou outro meio, 
além da publicação no DOE. 
 
A Corte considerou que o edital do concurso continha previsão implícita de comunicação 
pessoal, uma vez que obrigava a candidata a manter atualizado seu endereço e número 
telefônico. 
 
Além disso, considerou-se que a candidata foi aprovada para compor o cadastro de reserva, 
não havendo como prever se teria a real condição de surgir vaga, bem como a sua 
convocação para a posse. Assim, com mais razão seria necessário o envio de comunicação 
pessoal, para que pudesse exercer o seu direito à nomeação e posse. 
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Situação 
análoga 
O STJ possui entendimento consolidado de que, se já transcorreu longo lapso de tempo, é 
indispensável que a Administração Pública convoque pessoalmente o candidato para as 
novas etapas do concurso: 
ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. CONVOCAÇÃO 
PARA NOVA ETAPA. EDITAL PUBLICADO EM DIÁRIO OFICIAL. LONGO LAPSO TEMPORAL ENTRE O TAL 
CHAMAMENTO E A REALIZAÇÃO DA FASE IMEDIATAMENTE ANTERIOR. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. 
 
1. Trata-se de mandado de segurança impetrado por candidato aprovado em concurso público contra ato que o 
teria excluído do certame. O impetrante recorrente alega que, apesar de ter tomado conhecimento da sua 
aprovação na primeira etapa do concurso por meio de edital, somente nove meses após isso é que houve a 
convocação para a perícia médica. Entende violado seu direito, por não ter sido intimado pessoalmente para a 
avaliação médica. 
2. Há entendimento pacífico nesta Corte no sentido de que caracteriza violação ao princípio da razoabilidade a 
convocação para determinada fase de concurso público apenas mediante publicação do chamamento em diário 
oficial quando passado considerável lapso temporal entre a realização ou a divulgação do resultado da etapa 
imediatamente anterior e a referida convocação, uma vez que é inviável exigir que o candidato acompanhe, 
diariamente, com leitura atenta, as publicações oficiais. 
3. Na espécie, o recorrente foi convocado para a avaliação de títulos do certame em edital publicado em 
27.1.2009, sendo convocado genericamente nesse mesmo edital para avaliação médica em 1.9.2009. 
4. E, mesmo não havendo previsão expressa no edital do certame de intimação pessoal do candidato acerca de 
sua nomeação, em observância aos princípios constitucionais da publicidade e da razoabilidade, a Administração 
Pública deveria, mormente em face do longo lapso temporal decorrido entre as fases do concurso (mais de 8 
meses), comunicar pessoalmente o candidato sobre a nova fase, para que pudesse exercer, se fosse de seu 
interesse, o exame médico. 
5. Recurso ordinário em mandado de segurança provido. 
(RMS 34304/ES, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/09/2011, DJe 
14/09/2011) 
 
Este entendimento acima exposto também é aplicável quando a Administração Pública 
demora muito tempo para nomear o candidato aprovado. Tendo passado longo período, 
deve-se realizar a comunicação pessoal, não sendo suficiente a publicação no DOE: 
Não é razoável exigir de aprovado em concurso público o acompanhamento da publicação 
da sua nomeação, por mais de dois anos, no Diário Oficial. 
(AgRg no Ag 1.369.564/PE, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, julgado em 
22.2.2011, DJe 10.3.2011) 
Processo Segunda Turma. AgRg no RMS 37.227-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/12/2012. 
 
 
Concurso público (candidata gestante e exames médicos entregues posteriormente) 
 
I – Ainda que o edital do concurso expressamente preveja a impossibilidade de realização 
posterior de exames ou provas em razão de alterações psicológicas ou fisiológicas temporárias, é 
ilegal a exclusão de candidata gestante que, seguindo a orientação médica de que a realização de 
alguns, dos vários exames exigidos, poderia causar dano à saúde do feto, deixe de entregá-los na 
data marcada, mas que se prontifique a apresentá-los em momento posterior. 
 
II – O encerramento do certame, o término do curso de formação ou a homologação do 
resultado final do concurso público não acarretam perda do objeto de mandado de segurança 
impetrado em face de suposta ilegalidade ou abuso de poder praticados durante uma de suas 
etapas. Entender como prejudicado o pedido nessas situações seria assegurar indevida 
perpetuação da eventual ilegalidade ou do possível abuso praticado. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
Juliana foi aprovada no concurso para a Polícia Militar. 
A 3ª etapa do certame consistia na apresentação de exames médicos. 
O andamento do concurso acabou atrasando e, na data prevista para a realização e entrega 
dos exames médicos, Juliana estava no 8º mês de gestação. Diante disso, ela deixou de 
 
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apresentar 3 dos 28 exames exigidos, justificando que a radiografia, o teste ergométrico e o 
preventivo seriam prejudiciais à saúde do feto, conforme laudos médicos juntados por ela. 
Pediu para apresentar tais exames após o nascimento da criança. 
O requerimento foi indeferido administrativamente e Juliana excluída do concurso. 
 
Ante o exposto, a candidata impetrou mandado de segurança contra sua exclusão. A 
questão chegou até o STJ. O que decidiu a Corte? 
O STJ entendeu que a impetrante tinha direito líquido e certo a permanecer no certame, 
devendo-lhe ser oportunizada uma nova data para apresentação dos exames 
remanescentes exigidos. 
 
Ainda que o edital do concurso expressamente preveja a impossibilidade de realização 
posterior de exames ou provas em razão de alterações psicológicas ou fisiológicas 
temporárias, é ilegal a exclusão de candidata gestante que, seguindo a orientação médica 
de que a realização de alguns, dos vários exames exigidos, poderia causar dano à saúde do 
feto, deixe de entregá-los na data marcada, mas que se prontifique a apresentá-los em 
momento posterior. 
 
É certo que, segundo a jurisprudência do STJ, não se pode dispensar tratamento 
diferenciado a candidatos em virtude de alterações fisiológicas temporárias, mormente 
quando existir previsão no edital que vede a realização denovo teste, sob pena de ofensa 
ao princípio da isonomia, principalmente se o candidato deixar de comparecer na data de 
realização do teste, contrariando regra expressa do edital que preveja a eliminação 
decorrente do não comparecimento a alguma fase. Todavia, diante da proteção conferida 
pelo art. 6º da CF à maternidade, deve-se entender que a gravidez não pode ser motivo 
para fundamentar qualquer ato administrativo contrário ao interesse da gestante, muito 
menos para impor-lhe qualquer prejuízo. 
 
Assim, em casos como o presente, ponderando-se os princípios da legalidade, da isonomia e 
da razoabilidade, em consonância com a jurisprudência do STF, há de ser possibilitada a 
remarcação da data para a avaliação, buscando-se dar efetivo cumprimento ao princípio da 
isonomia, diante da peculiaridade da situação em que se encontra a candidata 
impossibilitada de realizar o exame, justamente por não estar em igualdade de condições 
com os demais concorrentes. 
 
Se o resultado final do concurso já tivesse sido homologado e somente depois deste fato o 
MS fosse julgado, haveria perda do objeto do writ? 
NÃO. O STJ possui entendimento firmado no sentido de que, quando a ação busca aferir a 
suposta ilegalidade de uma das etapas do concurso, a homologação final deste não conduz 
à perda de objeto do mandamus. 
O encerramento do certame, o término do curso de formação ou a homologação do 
resultado final do concurso público não acarretam perda do objeto de mandado de 
segurança impetrado em face de suposta ilegalidade ou abuso de poder praticados durante 
uma de suas etapas. 
Entender como prejudicado o pedido nessas situações seria assegurar indevida perpetuação 
da eventual ilegalidade ou do possível abuso praticado. 
Tema 
correlato 
Candidata grávida e exame físico: vide INFORMATIVO Esquematizado 502 STJ. 
Processo Sexta Turma. RMS 28.400-BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/2/2013. 
 
 
 
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Concurso público (nomeação tardia e inexistência do dever de indenizar) 
 
A nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial 
NÃO gera direito à indenização. 
Comentários Candidato que postergou a assunção em cargo por conta de ato ilegal da Administração 
tem direito a receber a remuneração retroativa? 
NÃO. É indevida a indenização por danos materiais a candidato aprovado em concurso 
público cuja nomeação tardia decorreu de decisão judicial. 
 
O STJ mudou o entendimento sobre a matéria e passou a adotar a orientação do STF no 
sentido de que não é devida indenização pelo tempo em que se aguardou solução judicial 
definitiva para que se procedesse à nomeação de candidato para cargo público. 
Assim, não assiste ao concursado o direito de receber o valor dos vencimentos que poderia 
ter auferido até o advento da nomeação determinada judicialmente, pois essa situação 
levaria a seu enriquecimento ilícito em face da inexistência da prestação de serviços à 
Administração Pública. 
Posição 
pacífica 
no STJ 
Durante alguns anos houve intensa divergência quanto a este tema. 
Em julgamento de embargos de divergência (quando se resolve dissenso entre as Turmas 
do STJ), o STJ consolidou a posição de que não há direito à indenização em tais casos. 
Vale ressaltar que não há direito à indenização nem mediante o pagamento da 
remuneração atrasada nem a título de “perda de uma chance”. Simplesmente não há 
pagamento de qualquer valor. Nesse sentido: EREsp 1117974/RS, julgado em 21/09/2011; 
AgRg no AgRg no RMS 34792/SP, julgado em 17/11/2011. 
Processo Sexta Turma. AgRg nos EDcl nos EDcl no RMS 30.054-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/2/2013. 
 
 
Lei n. 8.112/90 (Licença para acompanhamento de cônjuge) 
 
É cabível a concessão de licença a servidor público para acompanhamento de cônjuge na 
hipótese em que se tenha constatado o preenchimento dos requisitos legais para tanto, ainda 
que o cônjuge/companheiro a ser acompanhado não seja servidor público e que o seu 
deslocamento não tenha sido atual. 
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética: 
Eduardo e Mônica são companheiros (vivem em união estável). Ela é servidora pública 
federal e ele trabalha na iniciativa privada. Eduardo consegue ser aprovado em um 
Doutorado a ser cursado na Inglaterra. 
 
Existe a previsão de alguma licença para que Mônica possa acompanhar seu companheiro? 
SIM. A Lei n. 8.112/90 estabelece o direito à licença para o servidor público afastar-se de 
suas atribuições, por prazo indeterminado e sem remuneração, com o fim de acompanhar 
cônjuge ou companheiro: 
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge 
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou 
companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou 
para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. 
§ 1º A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração. 
 
O servidor terá direito a esta licença mesmo que o companheiro ou cônjuge não seja 
servidor público e tenha sido deslocado por “interesse particular”? 
SIM. O art. 84 acima visto não exige a qualidade de servidor público do 
cônjuge/companheiro do servidor que pleiteia a licença, tampouco que o deslocamento 
 
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daquele tenha sido atual, não cabendo ao intérprete condicionar a respectiva concessão a 
requisitos não previstos pelo legislador. 
 
Sendo preenchidos os requisitos legais, esta licença ainda assim poderá ser negada pela 
Administração? 
NÃO. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a referida licença é um direito 
assegurado ao servidor público, de sorte que, preenchidos os requisitos legais, não há falar 
em discricionariedade da Administração quanto a sua concessão. 
Processo Primeira Turma. AgRg no REsp 1.243.276-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 5/2/2013. 
 
 
Responsabilidade civil 
 
NÃO é cabível indenização por danos morais/estéticos em decorrência de lesões sofridas por 
militar das Forças Armadas em acidente ocorrido durante sessão de treinamento, salvo se ficar 
demonstrado que o militar foi submetido a condições de risco excessivo e desarrazoado. 
Comentários Determinado militar do Exército, ao participar de manobra de treinamento militar, 
operando rádio em veículo blindado, recebeu, acidentalmente, choque da rede elétrica, que 
lhe ocasionou parada cardíaca e diversas queimaduras pelo corpo. 
O militar ajuizou ação contra a União pleiteando, dentre outros pedidos, indenização por 
danos morais. 
Após julgamento pelo juiz federal em 1ª instância e pelo TRF, a questão chegou até o STJ 
por meio de recurso especial. 
 
O que decidiu a Corte? 
O STJ rejeitou o pedido do autor, considerando que NÃO é cabível indenização por danos 
morais/estéticos em decorrência de lesões sofridas por militar oriundas de acidente 
ocorrido durante sessão de treinamento, salvo se ficar demonstrado que o militar foi 
submetido a condições de risco excessivo e desarrazoado. 
 
Para o STJ, os militares, no exercício de suas atividades rotineiras de treinamento, são 
expostos a situações de risco que ultrapassam a normalidade dos servidores civis, tais como 
o manuseio de armas de fogo, explosivos etc. 
 
As sequelas físicas decorrentes de acidente sofrido por militar em serviço não geram, por si 
sós, o direito à indenização por danos morais, os quais devem estar vinculados à 
demonstração de existência de eventual abuso ou negligência dos agentes públicos 
responsáveis pelo respectivo treinamento, de forma a revelar a submissão do militar a 
condições de risco que ultrapassem aquelas consideradas razoáveis no contexto no qual foi 
inserido. 
 
No caso concreto, o STJ entendeu que não houve demonstração de abuso ou negligência no 
treinamento nem que o militar tenha sido exposto a um risco excessivo e desarrazoado, 
razão pela qual foi negada a indenização por danos morais. 
Processo Primeira Turma. AgRg no AREsp 29.046-RS, Rel. Min. ArnaldoEsteves Lima, julgado em 21/2/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
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Improbidade administrativa (indisponibilidade de bens) 
 
Para a decretação da indisponibilidade de bens pela prática de ato de improbidade 
administrativa que tenha causado lesão ao patrimônio público, não se exige que seu 
requerente demonstre a ocorrência de periculum in mora. 
Nesses casos, a presunção quanto à existência dessa circunstância milita em favor do 
requerente da medida cautelar, estando o periculum in mora implícito no comando normativo 
descrito no art. 7º da Lei n. 8.429/1992, conforme determinação contida no art. 37, § 4º, da CF. 
Comentários Se a pessoa praticar um ato de improbidade administrativa, estará sujeita às sanções previstas 
no § 4º do art. 37 da CF/88, quais sejam: 
 suspensão dos direitos políticos 
 perda da função pública 
 indisponibilidade dos bens e 
 ressarcimento ao erário. 
 
A Lei n. 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) regulamenta as consequências no 
caso da prática de atos de improbidade administrativa. 
 
A LIA traz, em seus arts. 9º, 10 e 11, um rol exemplificativo de atos que caracterizam 
improbidade administrativa. 
 
Art. 9º: atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito do agente público 
Art. 10: atos de improbidade que causam prejuízo ao erário 
Art. 11: atos de improbidade que atentam contra princípios da administração pública 
 
Para garantir que a pessoa que praticou ato de improbidade responda pelas sanções do § 4º 
do art. 37, da CF, os arts. 7º e 16 da Lei n. 8.429/92 preveem a possibilidade de ser decretada 
a indisponibilidade (art. 7º) e o sequestro (art. 16) dos seus bens. Veja o que diz a Lei: 
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar 
enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa responsável pelo inquérito 
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. 
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens 
que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial 
resultante do enriquecimento ilícito. 
 
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao 
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a 
decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente 
ou causado dano ao patrimônio público. 
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 
do Código de Processo Civil. 
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, 
contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos 
da lei e dos tratados internacionais. 
 
Algumas perguntas relacionadas ao tema: 
 
1) Quem decreta essa indisponibilidade? 
O juiz, a requerimento do Ministério Público. 
A redação do art. 7º não é muito clara, mas o que a lei quer dizer é que a autoridade 
administrativa irá comunicar a suposta prática de improbidade ao MP e este irá analisar as 
informações recebidas e, com base em seu juízo, irá requerer (ou não) a indisponibilidade 
 
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dos bens do suspeito ao juiz, antes ou durante o curso da ação principal (ação de 
improbidade). Em outras palavras, a indisponibilidade pode ser requerida como medida 
preparatória ou incidental. 
Quando o art. 7º fala em “inquérito”, está se referindo a inquérito administrativo, mas essa 
representação pode ocorrer também no bojo de um processo administrativo ou de um 
processo judicial. 
Além disso, o MP poderá requerer a indisponibilidade ainda que não tenha sido provocado 
por nenhuma autoridade administrativa, desde que, por algum outro modo, tenha tido 
notícia da suposta prática do ato de improbidade (ex: reportagem divulgada em jornal). 
De qualquer forma, muito cuidado com a redação dos arts. 7º e 16 porque muitas vezes são 
cobrados na prova a sua mera transcrição, devendo este item ser assinalado, então, como 
correto. 
 
2) Essa indisponibilidade pode ser decretada em qualquer hipótese de ato de 
improbidade? 
 
Redação dos arts. 7º e 16 da LIA Julgado do STJ e doutrina 
NÃO. A indisponibilidade é decretada 
apenas quando o ato de improbidade 
administrativa: 
a) causar lesão ao patrimônio público; ou 
b) ensejar enriquecimento ilícito. 
 
Assim, só cabe a indisponibilidade nas 
hipóteses do arts. 9º e 10 da LIA. Não cabe 
a indisponibilidade no caso de prática do 
art. 11. 
SIM. Não se pode conferir uma 
interpretação literal aos arts. 7º e 16 da 
LIA, até mesmo porque o art. 12, III, da Lei 
n. 8.429/92 estabelece, entre as sanções 
para o ato de improbidade que viole os 
princípios da administração pública, o 
ressarcimento integral do dano - caso 
exista -, e o pagamento de multa civil de 
até cem vezes o valor da remuneração 
percebida pelo agente. Logo, em que pese 
o silêncio do art. 7º, uma interpretação 
sistemática que leva em consideração o 
poder geral de cautela do magistrado induz 
a concluir que a medida cautelar de 
indisponibilidade dos bens também pode 
ser aplicada aos atos de improbidade 
administrativa que impliquem violação dos 
princípios da administração pública, 
mormente para assegurar o integral 
ressarcimento de eventual prejuízo ao 
erário, se houver, e ainda a multa civil 
prevista no art. 12, III, da Lei n. 8.429/92 
(AgRg no REsp 1311013/RO, DJe 
13/12/2012). 
Na doutrina, esta é a posição de Emerson 
Garcia e Rogério Pacheco Alves 
(Improbidade Administrativa. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2011). 
 
3) A indisponibilidade pode ser decretada antes do recebimento da petição inicial da ação 
de improbidade? 
SIM. 
 
 
 
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4) Tendo sido instaurado procedimento administrativo para apurar a improbidade, 
conforme permite o art. 14 da LIA, a indisponibilidade dos bens pode ser decretada antes 
mesmo de encerrado esse procedimento? 
SIM. 
 
5) Essa indisponibilidade dos bens pode ser decretada sem ouvir o réu? 
SIM. É admissível a concessão de liminar inaudita altera pars para a decretação de 
indisponibilidade e sequestro de bens, visando assegurar o resultado útil da tutela 
jurisdicional, qual seja, o ressarcimento ao Erário. 
Desse modo, o STJ entende que, ante sua natureza acautelatória, a medida de 
indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa pode ser deferida nos 
autos da ação principal sem audiência da parte adversa e, portanto, antes da notificação 
para defesa prévia (art. 17, § 7º da LIA). 
 
6) Para que seja decretada a indisponibilidade dos bens da pessoa suspeita de ter 
praticado ato de improbidade exige-se a demonstração de fumus boni iuris e periculum in 
mora? 
NÃO. Basta que se prove o fumus boni iuris, sendo o periculum in mora presumido 
(implícito). Assim, é desnecessária a prova do periculum in mora concreto, ou seja, de que 
os réus estejam dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, exigindo-se apenas 
a demonstração de fumus boni iuris, consistente em fundados indícios da prática de atos de 
improbidade. 
A medida cautelar de indisponibilidade de bens, prevista na LIA, consiste em uma tutela de 
evidência, de forma que basta a comprovação da verossimilhança das alegações, pois, pela 
própria natureza do bem protegido, o legislador dispensou o requisito do perigo da demora. 
 
Conforme explica o Ministro Mauro Campbell Marques, em trechos de seu brilhante voto: 
“as medidas cautelares, em regra, como tutelas emergenciais, exigem, para a sua 
concessão, o cumprimento de dois requisitos: o fumus boni juris (plausibilidade do direito 
alegado) e o periculum in mora (fundado receio de que a outra parte, antes do julgamento 
da lide, cause ao seu direito lesão grave ou de difícil reparação). (...) 
No entanto, no caso da medida cautelar de indisponibilidade, prevista no art. 7º da LIA, não 
se vislumbra uma típica tutela de urgência,como descrito acima, mas sim uma tutela de 
evidência, uma vez que o periculum in mora não é oriundo da intenção do agente dilapidar 
seu patrimônio e, sim, da gravidade dos fatos e do montante do prejuízo causado ao erário, 
o que atinge toda a coletividade. O próprio legislador dispensa a demonstração do perigo 
de dano, em vista da redação imperativa da Constituição Federal (art. 37, §4º) e da própria 
Lei de Improbidade (art. 7º). (...) 
O periculum in mora, em verdade, milita em favor da sociedade, representada pelo 
requerente da medida de bloqueio de bens, porquanto esta Corte Superior já apontou pelo 
entendimento segundo o qual, em casos de indisponibilidade patrimonial por imputação de 
conduta ímproba lesiva ao erário, esse requisito é implícito ao comando normativo do art. 
7º da Lei n. 8.429/92. (...) 
A Lei de Improbidade Administrativa, diante dos velozes tráfegos, ocultamento ou 
dilapidação patrimoniais, possibilitados por instrumentos tecnológicos de comunicação de 
dados que tornaria irreversível o ressarcimento ao erário e devolução do produto do 
enriquecimento ilícito por prática de ato ímprobo, buscou dar efetividade à norma 
afastando o requisito da demonstração do periculum in mora (art. 823 do CPC), este, 
intrínseco a toda medida cautelar sumária (art.789 do CPC), admitindo que tal requisito seja 
presumido à preambular garantia de recuperação do patrimônio do público, da 
coletividade, bem assim do acréscimo patrimonial ilegalmente auferido (REsp 1319515/ES, 
Rel. p/ Acórdão Min. Mauro Campbell Marques, 1ª Seção, julgado em 22/08/2012). 
 
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7) Então, pode ser decretada a indisponibilidade dos bens ainda que o acusado não esteja 
se desfazendo de seus bens? 
SIM. A indisponibilidade dos bens visa, justamente, a evitar que ocorra a dilapidação 
patrimonial. Não é razoável aguardar atos concretos direcionados à sua diminuição ou 
dissipação. Exigir a comprovação de que tal fato esteja ocorrendo ou prestes a ocorrer 
tornaria difícil a efetivação da medida cautelar e, muitas vezes, inócua (Min. Herman 
Benjamin). 
Vale ressaltar, no entanto, que a decretação da indisponibilidade de bens, apesar da 
excepcionalidade legal expressa da desnecessidade da demonstração do risco de 
dilapidação do patrimônio, não é uma medida de adoção automática, devendo ser 
adequadamente fundamentada pelo magistrado, sob pena de nulidade (art. 93, IX, da 
Constituição Federal), sobretudo por se tratar de constrição patrimonial (REsp 1319515/ES). 
 
8) Pode ser decretada a indisponibilidade sobre bens que o acusado possuía antes da 
suposta prática do ato de improbidade? 
SIM. A indisponibilidade pode recair sobre bens adquiridos tanto antes como depois da 
prática do ato de improbidade. 
 
9) A indisponibilidade é decretada para assegurar apenas o ressarcimento dos valores ao 
Erário ou também para custear o pagamento da multa civil? 
Para custear os dois. A indisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimônio do réu de 
modo suficiente a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se 
em consideração, ainda, o valor de possível multa civil como sanção autônoma (STJ. AgRg no 
REsp 1311013 / RO). 
Vale ressaltar que é assegurado ao réu provar que a indisponibilidade que recaiu sobre o seu 
patrimônio foi muito drástica e que não está garantindo seu mínimo existencial. 
 
10) É necessário que o Ministério Público (ou outro autor da ação de improbidade), ao 
formular o pedido de indisponibilidade, faça a indicação individualizada dos bens do réu? 
NÃO. A jurisprudência do STJ está consolidada no sentido de que é desnecessária a 
individualização dos bens sobre os quais se pretende fazer recair a indisponibilidade prevista 
no art. 7º, parágrafo único, da Lei n. 8.429/92 (AgRg no REsp 1307137/BA, Rel. Min. Mauro 
Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 25/09/2012). A individualização somente é 
necessária para a concessão do “sequestro de bens”, previsto no art. 16 da Lei n. 8.429/92. 
 
11) A indisponibilidade de bens constitui uma sanção? 
NÃO. A indisponibilidade de bens não constitui propriamente uma sanção, mas medida de 
garantia destinada a assegurar o ressarcimento ao erário (DPE/MA – CESPE – 2011). 
Processo Segunda Turma. AgRg no REsp 1.229.942-MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/12/2012. 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
Prescrição (cobrança de honorários periciais) 
 
A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que o prazo prescricional para a cobrança de 
honorários periciais arbitrados em processo judicial em que a parte é beneficiária da 
gratuidade da justiça é de cinco anos, seja em razão do art. 12 da Lei 1.060/1950, seja por força 
do art. 1º do Decreto 20.910/1932, o qual deve prevalecer sobre os prazos prescricionais 
estipulados pelo Código Civil. 
 
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Comentários Fundamento legal: 
Lei n. 1.060/1950: 
Art. 12. A parte beneficiada pela isenção do pagamento das custas ficará obrigada a pagá-
las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. Se, dentro de 
cinco anos, a contar da sentença final, o assistido não puder satisfazer tal pagamento, a 
obrigação ficará prescrita. 
 
Decreto n. 20.910/1932: 
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e 
qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, estadual ou municipal, seja qual for a 
sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se 
originaram. 
Processo Segunda Turma. AgRg no REsp 1.337.319-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/12/2012. 
 
 
Locação (legitimidade ativa na ação de despejo) 
 
O locador, ainda que não seja o proprietário do imóvel alugado, é parte legítima para a 
propositura de ação de despejo fundada na prática de infração legal/contratual ou na falta de 
pagamento de aluguéis. 
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética: 
Pedro, rico empresário, entregou a posse de um de seus apartamentos para ser 
administrado por seu irmão João, podendo este morar no imóvel ou alugá-lo para outras 
pessoas e, assim, ficar com o valor dos aluguéis. 
Dessa forma, Pedro é o proprietário do apartamento e João o possuidor. 
 
João aluga o apartamento para Marcos. Ocorre que, após alguns meses, este começa a não 
mais pagar os aluguéis. 
João, como locador, ajuíza uma ação de despejo contra Marcos, objetivando a rescisão do 
contrato de locação, com a consequente retomada do imóvel e a cobrança os aluguéis 
atrasados. 
Na contestação, Marcos suscita a ilegitimidade de João para integrar o polo ativo da lide em 
virtude de ele não ser o proprietário do apartamento. 
 
A tese defendida por Marcos pode ser acolhida? 
NÃO. O locador, ainda que não seja o proprietário do imóvel alugado, é parte legítima para 
a propositura de ação de despejo fundada na prática de infração legal/contratual ou na falta 
de pagamento de aluguéis. 
 
A Lei n. 8.245/1991 (Lei de Locações) especifica as hipóteses nas quais é exigida a prova da 
propriedade para o ajuizamento da ação de despejo. Nos demais casos, entre os quais se 
encontram a falta de pagamento, é desnecessária a condição de proprietário para a 
propositura da demanda. 
 
Ademais, cabe invocar o princípio da boa-fé objetiva, em especial o venire contra factum 
proprium, considerando que o locatário aceitou celebrar contrato de locação com alguém 
que não era o proprietário (mas apenas possuidor) e agora vem alegar esta circunstância 
para evitar a discussão judicial sobre o pagamento dos aluguéis. 
Processo Terceira Turma. REsp 1.196.824-AL, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/2/2013. 
 
 
 
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Locação (venda de imóvel locado) 
 
O comprador de imóvel locado não tem direito a proceder à denúncia do contrato de locação 
ainda vigente sob a alegação de que o contrato não teria sido objeto de averbação na matrícula 
do imóvel se, no momento da celebração da comprae venda, tivera inequívoco conhecimento 
da locação e concordara em respeitar seus termos. 
Comentários O que acontece se determinado imóvel, que está alugado, for vendido, para outra pessoa 
que não o locatário? Ex: Carlos é proprietário de um apartamento que está alugado para 
Sheila. Carlos vende o imóvel para Reginaldo. 
Regra: o adquirente poderá denunciar o contrato de locação, tendo o locatário que 
desocupar o imóvel no prazo máximo de 90 dias. 
 
Exceção: o contrato não poderá ser denunciado e a locação continuará em vigor se 
estiverem presentes os seguintes requisitos cumulativos: 
a) o contrato de locação for por tempo determinado; 
b) o contrato de locação contiver cláusula de vigência em caso de alienação; 
c) o contrato de locação estiver averbado junto à matrícula do imóvel. 
 
Neste caso, o adquirente, ao comprar o imóvel, já estava ciente da existência da locação e, 
portanto, terá que respeitar o contrato, que irá vigorar até que termine o seu prazo. 
 
O que foi explicado acima está previsto expressamente na Lei n. 8.245/91: 
Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o 
contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por 
tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e 
estiver averbado junto à matrícula do imóvel. 
 
Imagine agora que o contrato de locação é por tempo determinado e que nele há uma 
cláusula de vigência em caso de alienação. Ocorre que este contrato não foi averbado junto 
à matrícula do imóvel. Dessa forma, estão presentes os requisitos “a” e “b” (acima listados) 
mas não o “c”. Ocorre que o locatário conseguiu provar, por outros meios, que o adquirente 
sabia da existência do contrato quando comprou o imóvel. Neste caso, o contrato de 
locação poderá ser denunciado pelo comprador? 
NÃO. A 3ª Turma do STJ decidiu que, apesar de o contrato não ter sido averbado na 
matrícula do imóvel, se ficar provado, por outros meios, que o adquirente sabia da 
existência da cláusula de vigência do contrato de locação, este comprador terá a obrigação 
de respeitar a locação até o seu termo final, em homenagem ao princípio da boa-fé. Isso 
porque a finalidade da averbação é apenas a de dar publicidade erga omnes da existência 
da locação. Se, mesmo sem a averbação, consegue-se dar esta ciência ao comprador, está 
suprida a finalidade precípua do registro público. 
 
O STJ construiu, portanto, uma nova ressalva à regra do art. 8º da Lei de Locações. Vejamos 
como fica: 
 
O que acontece se determinado imóvel, que está alugado, for vendido, para outra pessoa 
que não o locatário? 
 
Regra: o adquirente poderá denunciar o contrato de locação, tendo o locatário que 
desocupar o imóvel no prazo máximo de 90 dias. 
 
 
 
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Exceção: o contrato não poderá ser denunciado e a locação continuará em vigor se 
estiverem presentes os seguintes requisitos cumulativos: 
a) o contrato de locação for por tempo determinado; 
b) o contrato de locação contiver cláusula de vigência em caso de alienação; 
c) o contrato de locação estiver averbado junto à matrícula do imóvel OU ficar provado, 
por outros meios, que o adquirente sabia da existência da locação e da cláusula de 
vigência em caso de venda. 
Processo Terceira Turma. REsp 1.269.476-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, julgado em 5/2/2013. 
 
 
Responsabilidade civil (ação ajuizada contra pai por ato ilícito de filho menor) 
 
O filho menor não tem interesse nem legitimidade para recorrer da sentença condenatória 
proferida em ação proposta unicamente em face de seu genitor com fundamento na 
responsabilidade dos pais pelos atos ilícitos cometidos por filhos menores. 
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética (com adaptações em relação ao caso concreto): 
Em uma festa, Eduardo (16 anos) agride Marcelo. 
A vítima ajuíza uma ação de indenização contra Antônio (pai do agressor). 
A ação foi proposta contra o pai com fundamento no art. 932, I, do CC: 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
 
Reparem como as formalidades podem ser imprescindíveis no processo civil: 
Na peça de contestação oferecida, ao invés de aparecer o nome de Antônio (réu) como 
contestante, figurou o de Eduardo: 
“Eduardo da Silva vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar 
CONTESTAÇÃO aos fatos articulados na petição inicial, fazendo-o nos seguintes termos...” 
 
Ocorre que a ação havia sido proposta somente contra Antônio (e não contra Eduardo, 
mesmo ele tendo sido o autor das agressões). Diante disso, o que o juiz fez? Decretou a 
revelia de Antônio por ausência jurídica de contestação. Os argumentos apresentados na 
contestação de Eduardo não foram considerados. 
 
A sentença foi de procedência, condenando Antônio a indenizar a vítima. 
 
Contra esta sentença, houve recurso. Quem recorreu? 
Eduardo. 
 
O recurso foi conhecido? 
NÃO, porque quem sucumbiu não foi Eduardo, mas sim Antônio. 
 
Quem tem legitimidade para interpor recurso? 
Em regra, quem tem legitimidade para recorrer é a parte sucumbente. No entanto, o art. 
499 do CPC permite que o recurso seja interposto também pelo terceiro prejudicado. 
 
Vale ressaltar, porém, que, para que o terceiro prejudicado possa interpor o recurso, é 
indispensável que ele demonstre “o nexo de interdependência entre o seu interesse de 
intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial” (§ 1º do art. 499 do CPC). 
 
 
 
 
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Em outras palavras, para que seja admissível o recurso de terceiro, é necessário que este 
explique qual foi o prejuízo sofrido para si em razão da decisão judicial proferida, ou seja, o 
terceiro deve demonstrar seu interesse recursal, caracterizado pelo binômio “necessidade- 
utilidade” do recurso. 
 
Este interesse deve ser jurídico, não se admitindo o recurso do terceiro prejudicado quando 
seu interesse é meramente econômico. 
 
No caso concreto, o STJ entendeu que o menor não tinha interesse jurídico em recorrer 
porque a ação não foi proposta contra ele. Logo, o patrimônio do menor não seria atingido 
pelos efeitos da condenação. 
 
O STJ ressaltou que, mesmo que o pai do menor pague a indenização fixada na sentença 
condenatória, ainda assim o patrimônio deste menor não será atingido porque, embora nos 
outros casos de atribuição de responsabilidade, previstos no art. 932, seja cabível o direito 
de regresso em face do causador do dano, o art. 934 afasta essa possibilidade na hipótese 
de pagamento efetuado por ascendente. Dito de outra forma, o pai que pagar a indenização 
por ato do seu filho menor, não tem direito de regresso contra seu descendente. 
 
A situação seria diferente caso a vítima já tivesse proposto a ação de indenização contra o 
pai e o menor, invocando o art. 928 do CC, hipótese na qual o menor também seria parte. 
No entanto, não foi isso que aconteceu. 
Processo Terceira Turma. REsp 1.319.626-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/2/2013. 
 
 
Responsabilidade civil (legitimidade da mãe para ação de indenização pela morte de filho casado) 
 
A mãe tem legitimidade para ajuizar ação objetivando o recebimento de indenização pelo dano 
moral decorrente da morte de filho casado e que tenha deixado descendentes, ainda que a 
viúva e os filhos do falecido já tenham recebido, extrajudicialmente, determinado valor a título 
de compensação por dano moral oriundo do mesmo fato. 
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética: 
Ruy faleceu, em decorrência de uma falha do hospital, deixando uma mulher e dois filhos. 
A mulher celebra um acordo extrajudicial com o hospital e recebe uma indenização por 
danos morais e materiais para ela e os filhos. 
Após ter sido firmado este pacto, a mãe de Ruy, ainda viva, ajuíza uma ação de indenização 
por danos morais contra o hospital. Este alega que a mãe não teria direito porqueo falecido 
já era casado. 
 
A discussão jurídica passa, portanto, pela seguinte indagação: a mãe do falecido possui 
legitimidade para ajuizar ação de indenização por danos morais mesmo que ele já fosse 
casado e tivesse filhos? 
SIM. 
 
Segundo decidiu o STJ, a mãe tem legitimidade para ajuizar ação objetivando o recebimento 
de indenização pelo dano moral decorrente da morte de filho casado e que tenha deixado 
descendentes, ainda que a viúva e os filhos do falecido já tenham recebido, 
extrajudicialmente, determinado valor a título de compensação por dano moral oriundo do 
mesmo fato. 
 
 
 
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É certo que existem parentes mais próximos que a mãe na ordem de vocação hereditária, 
os quais, inclusive, receberam indenização e deram quitação, o que poderia, à primeira 
vista, levar à interpretação de estar afastada sua legitimidade para o pleito indenizatório. 
 
Ocorre que, não obstante a formação de um novo grupo familiar com o casamento e a 
concepção de filhos, é de se considerar que o laço afetivo que une mãe e filho jamais se 
extingue, de modo que o que se observa é a coexistência de dois núcleos familiares com os 
quais o falecido tinha ligação. 
 
Assim, em regra, os pais/mães têm legitimidade para propor ação de indenização em 
decorrência da morte do filho, ainda que este já tenha constituído o seu grupo familiar 
imediato. O fato do filho morto já ter se casado servirá apenas para balizar (ponderar) o 
valor global da indenização devida. 
Processo Quarta Turma. REsp 1.095.762-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/2/2013. 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
Contrato de fidelidade com empresa de telefonia 
 
A cláusula de fidelização prevista em contrato de telefonia é, em regra, legítima. 
O prazo máximo de fidelidade que as empresas de telefonia podem exigir do cliente é de 12 meses. 
Comentários É muito comum o consumidor comprar um aparelho na loja de uma operadora de telefonia 
celular a preços mais baratos e, em contrapartida, ter que assinar um contrato de fidelidade 
de 12 meses. Esta cláusula de fidelização é abusiva ou válida? 
Válida. A jurisprudência do STJ entende que a cláusula de fidelização em contrato de 
telefonia é legítima, na medida em que o assinante recebe benefícios e em face da 
necessidade de garantir um retorno mínimo em relação aos gastos realizados. 
 
Sobre o tema, o Min. Marco Buzzi já pontuou: 
“no caso do contrato de prestação de serviços de telefonia móvel, a vinculação do 
consumidor a um prazo mínimo é legítima sempre que este obtiver, durante a vigência 
desse período, vantagem pecuniária decorrente da cobrança de valores reduzidos (em 
comparação ao consumidor que contrata os mesmos serviços, sem, entretanto, vincular-se 
à cláusula de fidelidade)” (REsp 1097582/MS, DJe 08/04/2013). 
 
Vale ressaltar, no entanto, que o prazo máximo de fidelidade que as empresas de telefonia 
podem exigir do cliente é de 12 meses (Resolução 477/2007 da ANATEL). Acima disso, a 
cláusula será considerada abusiva por atentar diretamente contra a liberdade de escolha do 
consumidor (REsp 1097582/MS, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 
19/03/2013). 
Processo Segunda Turma. AgRg no AREsp 253.609-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/12/2012. 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
Classificação dos créditos de falência 
 
É possível a inclusão de multa moratória de natureza tributária na classificação dos créditos de 
falência decretada na vigência da Lei n. 11.101/2005, ainda que a multa seja referente a 
créditos tributários anteriores à vigência da lei mencionada. 
 
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Comentários Conceito 
Falência é o processo coletivo de execução forçada de um empresário ou sociedade 
empresária cuja recuperação mostra-se inviável. 
 
Finalidade 
A falência tem como objetivo reunir os credores e arrecadar os bens, ativos e recursos do 
falido a fim de que, com os recursos obtidos pela alienação de tais bens, possam os 
credores ser pagos, obedecendo a uma ordem de prioridade estabelecida na lei. 
 
Legislação aplicável 
Atualmente, a falência do empresário e da sociedade empresária é regida pela Lei n. 
11.101/05. 
Antes da Lei n. 11.101/05, a falência era regulada pelo Decreto-Lei n. 7.661/45. 
 
Procedimento: 
I – PROCEDIMENTO PRÉ-FALIMENTAR II – PROCESSO FALIMENTAR 
O procedimento pré-falimentar vai do 
pedido de falência até a sentença do juiz. 
Engloba, resumidamente, três atos 
principais: 
1) Pedido de falência; 
2) Resposta do devedor; 
3) Sentença. 
 
Ao final desta fase, a sentença pode ser: 
• Denegatória: o processo se extingue sem 
a instauração da falência. 
• Declaratória: hipótese em que se iniciará 
o processo falimentar propriamente dito. 
O processo falimentar vai da sentença 
declaratória de falência até a sentença de 
encerramento. 
 
É no processo falimentar propriamente 
dito que ocorre a verificação e habilitação 
dos créditos e o pagamento dos credores. 
 
Classificação dos créditos da falência: 
Como vimos, o objetivo da falência é arrecadar valores para efetuar o pagamento dos 
credores, obedecendo a uma ordem de prioridade estabelecida na lei. 
 
 
O art. 83 da Lei n. 11.101/05 estabelece a ordem em que os créditos concursais devem ser 
organizados para serem pagos. O inciso VII prevê o seguinte: 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 
(...) 
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou 
administrativas, inclusive as multas tributárias; 
 
Ao falar em “multas tributárias” este inciso VII abrange também a “multa moratória de 
natureza tributária”. 
 
Na vigência da antiga Lei de Falências (Decreto-Lei n. 7.661/45), a multa moratória de 
natureza tributária não podia ser habilitada como crédito na falência. Era o que dizia a 
Súmula 565 do STF (atualmente superada): A multa fiscal moratória constitui pena 
administrativa, não se incluindo no crédito habilitado em falência. 
 
 
 
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Antes da Lei n. 11.101/2005 Depois da Lei n. 11.101/2005 
Multa moratória tributária não podia ser 
cobrada na falência. 
Multa moratória tributária pode ser 
cobrada na falência (inciso VII do art. 83). 
 
Se a multa moratória tributária é referente a período anterior à Lei n. 11.101/2005, mas a 
falência somente foi decretada após a vigência da referida Lei, é possível que esta multa 
seja cobrada na falência? 
SIM. O STJ decidiu que é possível a inclusão da “multa moratória de natureza tributária” 
decretada na vigência da Lei n. 11.101/2005, ainda que a multa seja referente a créditos 
tributários anteriores à vigência da lei mencionada. 
 
É comum que o operador do Direito fique na dúvida se, no caso concreto, deverá aplicar as 
regras do Decreto-Lei n. 7.661/45 (antiga Lei de Falências) ou da Lei n. 11.101/2005. 
Vamos tentar sintetizar a resposta: 
 
Falência ajuizada e decretada antes da 
vigência da Lei 11.101/05 
Aplica-se o antigo DL 7.661/45 
Falência ajuizada e decretada após a 
vigência da Lei 11.101/05 
Aplica-se a Lei 11.101/05 
Falência requerida antes, mas decretada 
após a vigência da Lei 11.101/05 
Aplica-se o DL 7.661/45 até a sentença. 
A partir da sentença, incide a Lei 
11.101/05. 
 
Em outras palavras, não importa a fase pré-falimentar. 
O marco para saber se será aplicado o revogado DL 7.661/45 ou a Lei 11.101/05 é a 
sentença declaratória da falência, que inicia o processo falimentar propriamente dito. Se 
esta foi prolatada após o dia 9 de junho de 2005, inclusive, a falência será regida pela Lei 
11.101/05. 
 
Estas são as conclusões que se extraem do art. 192, caput e § 4º da Lei n. 11.101/05: 
Art. 192. Esta Lei não se aplica aos processos de falência ou de concordata ajuizados 
anteriormente ao início de sua vigência, que serão concluídos nos termos do Decreto-Lei n. 
7.661, de 21 de junho de 1945. 
 
§ 4º Esta Lei aplica-se às falências decretadas em suavigência resultantes de convolação de 
concordatas ou de pedidos de falência anteriores, às quais se aplica, até a decretação, o 
Decreto-Lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945, observado, na decisão que decretar a 
falência, o disposto no art. 99 desta Lei. 
 
Este é o entendimento do STJ: 
3ª Turma. REsp 1.096.674-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 
13/12/2011. 
4ª Turma. REsp 1.105.176-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 6/12/2011. 
Processo Segunda Turma. REsp 1.223.792-MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 19/2/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Julgamento por amostragem de recursos especiais repetitivos 
 
É irrecorrível o ato do presidente do tribunal de origem que, com fundamento no art. 543-C, § 
1º, do CPC, determina a suspensão de recursos especiais enquanto se aguarda o julgamento de 
outro recurso encaminhado ao STJ como representativo da controvérsia. Com efeito, este ato 
não ostenta conteúdo decisório, tendo em vista que não há efetivo juízo de admissibilidade 
neste momento processual. Em verdade, a referida manifestação judicial é um despacho, de 
modo que tem incidência o regramento previsto no art. 504 do CPC, segundo o qual “dos 
despachos não cabe recurso”. 
Haverá possibilidade de interposição de recurso após o julgamento do recurso representativo 
da controvérsia no STJ, ocasião em que poderá ser manejado agravo regimental, no tribunal de 
origem, contra eventual equívoco no juízo de admissibilidade efetivado na forma do art. 543-C, 
§ 7º, do CPC. 
Comentários Observou-se que havia no STF e no STJ milhares de recursos que tratavam sobre os mesmos 
temas jurídicos. Em outras palavras, identificou-se que existiam inúmeros recursos 
“repetitivos” endereçados aos Tribunais Superiores. 
Diante disso, a fim de otimizar a análise desses recursos, a Lei n. 11.672/2008 acrescentou 
os arts. 543-B e 543-C ao CPC, prevendo uma espécie de “julgamento por amostragem” dos 
recursos extraordinários e recursos especiais que tiverem sido interpostos com fundamento 
em idêntica controvérsia ou questão de direito. 
Vamos estudar, agora, o julgamento por amostragem no caso dos recursos especiais 
repetitivos, que é previsto no art. 543-C do CPC: 
Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica 
questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. 
 
Procedimento (art. 543-C do CPC e Resolução n. 08/2008-STJ): 
 
1) O Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem (TJ ou TRF) irá identificar e separar 
todos os recursos especiais interpostos que tratem sobre o mesmo assunto. 
Exemplo: reunir os recursos especiais nos quais se discuta se o prazo prescricional das ações 
contra a Fazenda Pública é de 3 ou 5 anos. 
 
2) Desses recursos, o Presidente do tribunal selecionará um ou mais recursos que 
representem bem a controvérsia discutida e os encaminhará ao STJ. 
Serão selecionados os que contiverem maior diversidade de fundamentos no acórdão e de 
argumentos no recurso especial. 
 
Os demais recursos especiais que tratem sobre a mesma matéria e que não foram remetidos 
como paradigma (modelo) ficarão suspensos no tribunal de origem até que o STJ se 
pronuncie sobre o tema central. 
 
Cabe algum recurso contra a decisão proferida no Tribunal de origem que tenha 
determinado o sobrestamento do Resp com fundamento no § 1º do art. 543-C do CPC? 
NÃO. É irrecorrível o ato do presidente do tribunal de origem que, com fundamento no art. 
543-C, § 1º, do CPC, determina a suspensão de recursos especiais enquanto se aguarda o 
julgamento de outro recurso encaminhado ao STJ como representativo da controvérsia. 
Com efeito, este ato não ostenta conteúdo decisório, tendo em vista que não há efetivo 
juízo de admissibilidade neste momento processual. Em verdade, a referida manifestação 
judicial é um despacho, de modo que tem incidência o regramento previsto no art. 504 do 
CPC, segundo o qual “dos despachos não cabe recurso”. 
 
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Haverá possibilidade de interposição de recurso após o julgamento do recurso 
representativo da controvérsia no STJ, ocasião em que poderá ser manejado agravo 
regimental, no tribunal de origem, contra eventual equívoco no juízo de admissibilidade 
efetivado na forma do art. 543-C, § 7º, do CPC. 
 
3) Pode acontecer de o Presidente do tribunal de origem não perceber que haja essa 
multiplicidade de recursos sobre o mesmo assunto e não tomar essas providências 
explicadas acima. Nesse caso, o Ministro Relator do REsp, no STJ, ao identificar que sobre a 
controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, 
poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais 
a controvérsia esteja estabelecida. 
 
4) Antes de decidir o Resp submetido ao regime de recurso repetitivo, o Ministro Relator 
poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de 15 dias, aos tribunais federais 
ou estaduais a respeito da controvérsia. 
 
5) Se a matéria for relevante, o Ministro Relator poderá admitir manifestação de pessoas, 
órgãos ou entidades com interesse na controvérsia, que atuarão como amicus curiae. 
 
6) Após as informações prestadas pelos Tribunais e pelos amici curiae (plural de amicus 
curiae), o Ministério Público será ouvido no prazo de 15 dias. 
 
7) Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais 
Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial do STJ, devendo 
ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e 
os pedidos de habeas corpus. 
 
 
8) Após todas essas providências, o STJ irá julgar o recurso especial que foi submetido ao 
regime de recurso repetitivo. Essa decisão irá afetar os recursos que ficaram suspensos nos 
TJ’s ou TRF’s. Veja o que diz o § 7º do art. 543-C: 
§ 7º Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados 
na origem: 
I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a 
orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou 
II - serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão 
recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. 
 
Explicando melhor esse § 7º: 
Inciso I: se o recurso especial sobrestado na origem defender a tese jurídica que não foi aceita 
pelo STJ, este recurso terá seu seguimento negado e, portanto, nem será enviado ao STJ. 
Exemplo: o TJ decidiu que o prazo prescricional contra a Fazenda Pública era de 5 anos. A 
Fazenda interpôs recurso especial alegando que esse prazo era de 3 anos. O REsp estava 
aguardando a definição do tema em sede de recurso repetitivo. O STJ decidiu que o prazo é 
de 5 anos. Logo, este recurso da Fazenda, que estava sobrestado, terá seu seguimento 
negado e nem será mais apreciado pelo STJ. 
 
Inciso II: se o recurso especial sobrestado na origem defender a tese jurídica que foi acolhida 
pelo STJ, o acórdão que estava sendo impugnado será novamente analisado pelo Tribunal de 
origem, que poderá modificar sua decisão para adequá-la ao entendimento firmado pelo STJ. 
Exemplo: o TJ decidiu que o prazo prescricional contra a Fazenda Pública era de 3 anos. O 
 
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particular interpôs recurso especial alegando que esse prazo era quinquenal. O REsp estava 
aguardando a definição do tema em sede de recurso repetitivo. O STJ decidiu que o prazo é 
de 5 anos. Logo, o TJ terá a oportunidade de analisar novamente esta questão e poderá 
modificar sua decisão com base na orientação firmada pelo STJ. Em outras palavras, o TJ 
poderá voltar atrás e decidir que o prazo prescricional é de 5 anos realmente. Vale ressaltar, 
no entanto, que nesse reexame, o Tribunal poderá manter sua decisão, considerando que o 
posicionamento adotado pelo STJ não é vinculante.9) Se o tribunal de origem mantiver a decisão divergente, irá ser realizado o exame de 
admissibilidade do recurso especial para que seja encaminhado ao STJ. 
Exemplo: o TJ decidiu manter seu entendimento de que o prazo prescricional é de 3 anos, 
mesmo o STJ tendo afirmado que era quinquenal. Logo, o recurso especial interposto pelo 
particular será examinado e, se preencher os pressupostos de admissibilidade, será 
encaminhado ao STJ para análise do mérito. 
 
10) Voltando à hipótese do inciso I do § 7º do art. 543-C. Pode acontecer de o Presidente do 
tribunal de origem negar seguimento a um recurso especial, aplicando o entendimento do 
STJ, e a parte recorrente não concordar com isso, sob o argumento de que o caso que 
envolve o seu processo é diferente do que foi examinado pelo STJ. Em outros termos, a parte 
afirma que há um distinguishing. 
A pergunta que surge é a seguinte: 
Será possível que esta parte interponha algum recurso contra a decisão do Presidente do 
tribunal de origem que negou seguimento ao recurso especial com base no inciso I do § 7º 
do art. 543-C do CPC? 
SIM. Será cabível agravo regimental, a ser julgado no Tribunal de origem, destinado a 
impugnar decisão monocrática que nega seguimento a recurso especial com fundamento 
no art. 543-C, § 7º, I, do CPC. 
 
Vale ressaltar que um erro muito comum tanto dos candidatos em concurso público como 
dos profissionais na prática forense, é imaginar que seria possível o ajuizamento de agravo 
de instrumento contra essa decisão. Na verdade, é firme o entendimento do STJ de que 
“não cabe agravo de instrumento contra decisão que nega seguimento a recurso especial 
com base no art. 543, § 7º, inciso I, do CPC” (QO no Ag 1154599/SP, Rel. Min. Cesar Asfor 
Rocha, Corte Especial, DJe 12/05/2011). 
Para o STJ, a mencionada decisão somente pode ser atacada por agravo regimental, a ser 
processado e julgado no tribunal de origem. 
 
Imagine agora que o Tribunal de origem, no julgamento do agravo regimental, manteve a 
decisão monocrática do Presidente (ou Vice-Presidente), ou seja, aplicando o art. 543, § 7º, 
I, do CPC. Nesta hipótese, cabe algum outro recurso contra esta decisão? 
NÃO. 
 
Seria possível, então, interpor uma reclamação ao STJ? 
Também NÃO. Segundo o STJ, não há previsão legal para o ajuizamento de reclamação 
neste caso. 
Além disso, o cabimento da reclamação impediria a realização do fim precípuo da reforma 
processual introduzida pela Lei n. 11.672/2008, qual seja, o de evitar a reiterada análise de 
questão idêntica, otimizando o julgamento dos incontáveis recursos que chegam ao STJ 
com o intuito de discutir a mesma matéria. Em outras palavras, se fosse admitida 
reclamação, o “filtro” imposto para evitar a subida de uma enorme quantidade de 
processos no STJ não teria eficácia, considerando que a Corte teria que examinar inúmeras 
reclamações. 
 
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Em suma, contra a decisão do Tribunal de origem que, com fulcro no art. 543-C, §7º, I, do 
CPC, aplica entendimento firmado em recurso especial submetido ao procedimento dos 
recursos representativos de controvérsia, não cabe nenhum recurso nem reclamação. 
Processo Segunda Seção. AgRg na Rcl 6.537-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 27/2/2013. 
 
 
Execução (recurso contra decisão que exclui um dos litisconsortes passivos) 
 
A decisão que exclui um dos litisconsortes passivos da execução não extingue o processo e, 
portanto, é impugnável mediante agravo de instrumento. Se a parte, neste caso, interpõe 
apelação, trata-se de erro grosseiro, não podendo ser aplicado o princípio da fungibilidade. 
Comentários Imagine a seguinte situação: 
Carla ajuizou ação de execução contra João e Pedro. 
O juiz excluiu Pedro do polo passivo da lide, mantendo a execução contra João. 
Inconformado com esta decisão, João interpôs recurso de apelação. 
 
João interpôs o recurso correto? 
NÃO. O recurso cabível na espécie seria o agravo de instrumento, uma vez que a exclusão 
de um dos litisconsortes da lide não põe termo ao processo. 
 
Esta apelação poderá ser aproveitada como se fosse um agravo de instrumento, aplicando-
se o princípio da fungibilidade? 
NÃO, porque neste caso trata-se de erro grosseiro. 
 
(...) É pacífico nesta Corte Superior que a decisão que exclui do processo um dos 
litisconsortes, prosseguindo-se a execução com relação aos demais co-executados, é 
recorrível por meio de agravo de instrumento, caracterizando-se erro grosseiro a 
interposição de apelação. (...) (AgRg no Ag 1236181/PR, Rel. Min. Vasco Della Giustina 
(Desembargador convocado do TJ/RS), Terceira Turma, julgado em 02/09/2010) 
Processo Quarta Turma. AgRg no REsp 1.184.036-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 7/2/2013. 
 
 
Execução fiscal e indisponibilidade de bens do devedor 
 
Para que seja efetuado o bloqueio de ativos financeiros do executado por meio do sistema Bacen 
Jud, é necessário que o devedor tenha sido validamente citado, não tenha pago nem nomeado bens 
à penhora e que tenha havido requerimento do exequente nesse sentido. 
Comentários Execução fiscal é a ação judicial proposta pela Fazenda Pública (União, Estados, DF, 
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações) para cobrar do devedor créditos 
(tributários ou não tributários) inscritos em dívida ativa. 
 
A execução fiscal é regida pela Lei n. 6.830/80 (LEF) e, subsidiariamente, pelo CPC. 
 
Qual é o procedimento da execução fiscal até chegar à penhora? 
1) Petição inicial da execução (art. 6º); 
2) Despacho do juiz deferindo a inicial e determinando a citação do executado (art. 7º); 
3) Citação do executado para, em 5 dias, pagar a dívida ou garantir a execução (art. 8º); 
4) Executado pode: a) pagar; b) garantir a execução; c) não pagar nem garantir; 
5) Se pagar, extingue-se a execução; 
6) Se garantir a execução, poderá opor embargos à execução; 
7) Se não pagar nem garantir a execução, o juiz determinará a penhora de bens; 
 
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Penhora on line 
Atualmente, uma das formas mais eficazes de se realizar a penhora é o sistema BACEN-JUD 
(conhecido como penhora on line) no qual o magistrado consulta, eletronicamente, a 
existência de saldo em contas bancárias do devedor e, em caso positivo, efetua o bloqueio e 
a transferência dos valores para satisfação do crédito. 
 
No âmbito da execução fiscal, o CTN prevê a penhora on line nos seguintes termos: 
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem 
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz 
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, 
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de 
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades 
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de 
suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. 
 
É possível que seja realizada a penhora on line antes do devedor ser citado sobre a 
existência da execução? 
NÃO. Segundo decidiu o STJ, para que seja efetuado o bloqueio de ativos financeiros do 
executado por meio do sistema Bacen Jud, é necessário que o devedor tenha sido 
validamente citado, não tenha pago nem nomeado bens à penhora e que tenha havido 
requerimento do exequente nesse sentido. 
De acordo com o art. 185-A do CTN, apenas o executado validamente citado que não pagar 
nem nomear bens à penhora poderá ter seus ativos financeiros bloqueados por meio do 
sistema Bacen Jud, sob pena de violação do princípio do devido processo legal. 
 
É possível a decretação da penhora on line de ofício pelo juiz, ou seja, sem requerimento do 
executante? 
NÃO. A constrição de ativos financeiros do executado pelo referido sistema depende de 
requerimento expresso do exequente, não podendo ser determinada de ofício pelo 
magistrado, aplicando-se a regra contida no art. 655-A do CPC:Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o 
juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema 
bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos 
em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o 
valor indicado na execução. 
 
Processo Primeira Turma. AgRg no REsp 1.296.737-BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 5/2/2013. 
 
 
Execução fiscal (reavaliação dos bens penhorados) 
 
Na execução fiscal, impugnada a avaliação realizada por ocasião da penhora, faz-se necessária 
a nomeação de um avaliador oficial para nova avaliação. 
Assim, ainda que a avaliação dos bens penhorados em execução fiscal tenha sido efetivada por 
Oficial de Justiça, caso o exame seja objeto de impugnação pelas partes antes de publicado o 
edital de leilão, é necessária a nomeação de avaliador oficial para que proceda à reavaliação. O 
referido entendimento deriva da redação do art. 13, § 1º, da Lei n. 6.830/1980, estando 
consagrado na jurisprudência do STJ. 
Comentários Como vimos no julgado acima, execução fiscal é a ação judicial proposta pela Fazenda 
Pública (União, Estados, DF, Municípios e suas respectivas autarquias e fundações) para 
cobrar do devedor créditos (tributários ou não tributários) inscritos em dívida ativa. 
 
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A execução fiscal é regida pela Lei n. 6.830/80 (LEF) e, subsidiariamente, pelo CPC. 
 
Qual é o procedimento da execução fiscal até chegar à avaliação dos bens penhorados? 
1) Petição inicial da execução (art. 6º); 
2) Despacho do juiz deferindo a inicial e determinando a citação do executado (art. 7º); 
3) Citação do executado para, em 5 dias, pagar a dívida ou garantir a execução (art. 8º); 
4) Executado pode: a) pagar; b) garantir a execução; c) não pagar nem garantir; 
5) Se pagar, extingue-se a execução; 
6) Se garantir a execução, poderá opor embargos à execução; 
7) Se não pagar nem garantir a execução, o juiz determinará a penhora de bens; 
8) O executado será intimado da penhora, mediante publicação, no órgão oficial, do ato de 
juntada do termo ou do auto de penhora; 
9) O termo ou auto de penhora conterá a avaliação dos bens penhorados, efetuada por 
quem o lavrar. Normalmente, quem faz esta avaliação é o próprio Oficial de Justiça, 
podendo o juiz nomear outra pessoa habilitada para realiza-la (§ 2º do art. 13). 
10) O executado ou a Fazenda Pública (exequente) poderão impugnar a avaliação feita em 
relação aos bens penhorados. 
11) O juiz, ouvirá a parte contrária, e nomeará um avaliador oficial para que realize uma 
nova avaliação dos bens penhorados. Esta regra consta do § 1º do art. 13 da LEF: 
Art. 13 (...) § 1º - Impugnada a avaliação, pelo executado, ou pela Fazenda Pública, antes de 
publicado o edital de leilão, o Juiz, ouvida a outra parte, nomeará avaliador oficial para 
proceder a nova avaliação dos bens penhorados. 
 
No caso concreto julgado pelo STJ, o Oficial de Justiça, no âmbito da execução fiscal, ao 
efetuar a penhora de determinado imóvel, realizou a avaliação deste bem no auto de 
penhora. 
O executado não concordou com o valor atribuído e impugnou a avaliação feita, pedindo 
uma reavaliação do bem constrito. 
A Fazenda Pública foi ouvida sobre esta impugnação e manifestou-se contrariamente ao 
pedido alegando que o Oficial de Justiça, no exercício de suas atribuições, goza de fé pública 
e que suas certidões presumem-se verdadeiras, só podendo ser repelidas por prova cabal 
em sentido contrário, inexistente nos autos. 
 
Este debate chegou até o STJ. O que decidiu a Corte? 
Assiste razão ao executante. Segundo o STJ, impugnada a avaliação realizada por ocasião da 
penhora, faz-se necessária a nomeação de um avaliador oficial para nova avaliação. 
Assim, ainda que a avaliação dos bens penhorados em execução fiscal tenha sido efetivada 
por Oficial de Justiça, caso o exame seja objeto de impugnação pelas partes antes de 
publicado o edital de leilão, é necessária a nomeação de avaliador oficial para que proceda 
à reavaliação. O referido entendimento deriva da redação do art. 13, § 1º, da Lei n. 
6.830/1980, estando consagrado na jurisprudência do STJ. 
Processo Segunda Turma. REsp 1.352.055-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/12/2012. 
 
 
Prazo prescricional para ajuizamento da execução individual de sentença proferida em ACP 
 
O prazo para o ajuizamento da ação civil pública é de 5 anos, aplicando-se, por analogia, o 
prazo da ação popular, considerando que as duas ações fazem parte do mesmo microssistema 
de tutela dos direitos difusos. 
É também de 5 anos o prazo prescricional para ajuizamento da execução individual em pedido 
de cumprimento de sentença proferida em ACP. 
 
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Comentários A Lei n. 7.347/85 (Lei da ACP) não previu um prazo prescricional para o ajuizamento da 
ação civil pública. Diante disso, qual prazo deverá ser aplicado segundo o STJ? 
 
Regra geral: 
O prazo para o ajuizamento da ação civil pública é de 5 anos, aplicando-se, por analogia, o 
prazo da ação popular (art. 21 da Lei n. 4.717/65), considerando que as duas ações fazem 
parte do mesmo microssistema de tutela dos direitos difusos (REsp 1070896/SC). 
 
Exceções: 
a) ACP para exigir o ressarcimento de dano ao erário é imprescritível (art. 37, § 5º, CF/88). 
b) ACP em caso de danos ambientais também é imprescritível (Resp 1120117/AC). 
 
Execução individual de sentença proferida em ação coletiva: 
O prazo também é de 5 anos, contados do trânsito em julgado da sentença coletiva. Isso 
porque a execução prescreve no mesmo prazo de prescrição da ação (Súmula 150-STF). 
 
Neste julgado do STJ, reiterou-se o entendimento acima explicado. No caso concreto, 
contudo, havia uma peculiaridade: na fase de conhecimento, o juiz, com base no CC-1916, 
reconheceu que o prazo para ajuizamento da ação era vintenário (20 anos). Em razão desta 
decisão, qual será o prazo da execução individual desta sentença coletiva? 
R: Continua sendo de 5 anos. O prazo prescricional para o ajuizamento da execução 
individual em cumprimento de sentença proferida em ACP é de 5 anos, mesmo na hipótese 
em que, na ação de conhecimento, já transitada em julgado, tenha sido reconhecida a 
prescrição vintenária. Em outras palavras, não importa que o juiz tenha adotado um outro 
prazo prescricional para a ação de conhecimento. Isso não irá obrigar que o prazo da ação 
de execução seja alterado, devendo ser adotado o prazo consagrado pela jurisprudência. 
Recurso 
repetitivo 
Julgamento proferido sob a sistemática de recurso repetitivo. 
Processo Segunda Seção. REsp 1.273.643-PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 27/2/2013. 
 
 
Medida cautelar (sequestro) 
 
Não é cabível o deferimento de medida cautelar de sequestro no caso em que se busque apenas 
assegurar a satisfação futura de crédito em ação a ser ajuizada, inexistindo disputa específica 
acerca do destino dos bens sobre os quais se pleiteia a incidência da constrição. O sequestro é 
medida destinada à apreensão de bens determinados com o objetivo de assegurar a futura 
efetivação de provimento judicial que os tenha como objeto. Para o deferimento da medida, é 
necessário que o juiz se convença de que, sobre o bem objeto da ação principal cujo sequestro 
se pleiteia, tenha-se estabelecido, direta ou indiretamente, uma relação de disputa entre as 
partes da demanda. Assim, se a ação principal versa sobre pretensão creditícia, não se 
identifica a presença dos requisitos exigidos pelo art. 822, I, do CPC, pois inexiste, em tal caso, 
específica disputa sobre posse ou propriedade dos bens que seriam objeto da referida medida. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
A empresa “X” propôs ação cautelar contra a empresa “Y” objetivando o sequestro de 
determinada máquina agrícola pertencente a “Y”, afirmando que ajuizaria, no prazo legal de 
30dias, a ação principal, que seria uma ação de cobrança de dívida não relacionada com 
esta máquina. 
O sequestro do maquinário seria para garantir a satisfação do crédito. 
O juiz deferiu o sequestro com base no art. 822, I, do CPC. 
 
 
 
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A decisão foi correta, segundo o STJ? 
NÃO. A medida cautelar de sequestro está prevista no art. 822 do CPC. 
 
Art. 822. O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o sequestro: 
I - de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando lhes for disputada a propriedade ou a 
posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações; 
II - dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado por 
sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar; 
III - dos bens do casal, nas ações de separação judicial e de anulação de casamento, se o 
cônjuge os estiver dilapidando; 
IV - nos demais casos expressos em lei. 
 
Segundo o STJ, o caso em tela não se enquadra no art. 822, I, do CPC e em nenhuma das 
outras hipóteses de sequestro. 
 
Se a ação principal versa sobre pretensão creditícia, não se verifica a presença dos 
requisitos exigidos pelo art. 822, I, do CPC, pois não há, em tal caso, disputa sobre posse ou 
propriedade do bem que seria objeto da referida medida. Em outras palavras, a ação de 
cobrança nada tem a ver com a máquina em questão que foi objeto do sequestro. 
 
Diferente seria a situação se, na ação principal, estivesse sendo discutida a posse ou 
propriedade da máquina agrícola. Se assim fosse, o sequestro seria, em tese, possível. 
Processo Terceira Turma. REsp 1.128.033-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/2/2013. 
 
 
DIREITO PENAL 
 
Crime de dano 
 
O art. 163, parágrafo único, III, do CP prevê que o dano será qualificado no caso de ter sido 
praticado contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de 
serviços públicos ou sociedade de economia mista. 
Como o inciso III não fala no “Distrito Federal”, o STJ decidiu que a conduta de destruir, 
inutilizar ou deteriorar o patrimônio do DF não configura, por si só, o crime de dano 
qualificado, subsumindo-se, em tese, à modalidade simples do delito. 
É inadmissível a realização de analogia in malam partem a fim de ampliar o rol contido no art. 
163, III, do CP, incluindo o Distrito Federal. 
Comentários O crime de dano é previsto no art. 163 do CP: 
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
No parágrafo único estão previstas as hipóteses de dano qualificado. 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; 
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais 
grave; 
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços 
públicos ou sociedade de economia mista; 
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência. 
 
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Repare na situação prevista no inciso III: 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços 
públicos ou sociedade de economia mista; 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência. 
 
Atente para o fato de que o inciso III não menciona o Distrito Federal. Diante disso, indaga-
se: caso seja praticado o crime de dano contra o patrimônio do DF, haverá dano qualificado 
com base neste inciso III? 
NÃO. Para o STJ, a conduta de destruir, inutilizar ou deteriorar o patrimônio do Distrito 
Federal não configura, por si só, o crime de dano qualificado, subsumindo-se, em tese, à 
modalidade simples do delito. 
É inadmissível a realização de analogia in malam partem a fim de ampliar o rol contido no 
art. 163, III, do CP, cujo teor impõe punição mais severa para o dano “cometido contra o 
patrimônio da União, Estados, Municípios, empresa concessionária de serviços públicos ou 
sociedade de economia mista”. 
Assim, na falta de previsão do Distrito Federal no referido preceito legal, impõe-se a 
desclassificação da conduta analisada para o crime de dano simples, nada obstante a mens 
legis do tipo, relativa à necessidade de proteção ao patrimônio público, e a discrepância em 
considerar o prejuízo aos bens distritais menos gravoso do que o causado aos demais entes 
elencados no dispositivo criminal. 
Autarquias 
e fundações 
Repare que, por erro do legislador, o inciso III não menciona expressamente autarquias, 
fundações e empresas públicas. Assim, se o dano é cometido contra o patrimônio dessas 
entidades, sejam elas federais, estaduais, municipais ou distritais, não há dano qualificado, 
mas sim dano simples. Isso porque não se pode fazer analogia in malan partem. 
Ação penal Qual é a ação penal no caso do crime de dano? 
 Art. 163, caput (dano simples): ação penal privada. 
 Art. 163, parágrafo único, incisos I, II, III: ação penal pública incondicionada. 
 Art. 163, parágrafo único, inciso IV: ação penal privada. 
Processo Sexta Turma. HC 154.051-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2012. 
 
 
Venda de CDs e DVDs falsificados (art. 184, § 2º do CP) 
 
O ato de vender ou expor à venda CDs e DVDs falsificados é conduta formal e materialmente 
típica, estando prevista no art. 184, § 2º, do Código Penal. 
Assim, não se pode alegar que tal conduta deixou de ser crime por conta do princípio da 
adequação social. 
Comerciali-
zação de 
CDs e DVDs 
piratas 
configura 
crime? 
Qual? 
A pessoa que vende CD ou DVD pirata pratica qual fato típico? 
R: Esta conduta amolda-se ao § 2º do art. 184 do CP: 
Violação de direito autoral 
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. 
 
§ 1º Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou 
indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou 
fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do 
produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
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§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, 
distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, 
original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de 
autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de 
fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a 
expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente. 
 
§ 3º Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, 
ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou 
produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem 
formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, 
conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, 
ou de quem os represente: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
§ 4º O disposto nos §§ 1º, 2º e 3º não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao 
direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 
9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só 
exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto. 
 
No caso concreto julgado pelo STJ, o réu foi denunciado por ter sido encontrado logo após 
adquirir e ocultar, em sua mochila, centenas de CDs e DVDs “piratas” que seriam por ele 
revendidos. Desse modo, o agente praticou o §

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