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1 Laís Flauzino | ANATOMIA PATOLÓGICA | 7°P MEDICINA Corpo Do Útero E Endométrio: O útero tem dois componentes principais: • o miométrio – composto por feixes de músculo liso entrelaçados que formam a parede do útero • o endométrio – composto por glândulas embutidas em um estroma celular; reveste a cavidade interna do útero. O útero é afetado por uma variedade de distúrbios, dos quais os mais comuns resultam de desequilíbrios endócrinos, complicações da gravidez e proliferação neoplásica. DISTÚRBIOS ENDOMETRIAIS FUNCIONAIS SANGRAMENTO UTERINO DISFUNCIONAL: O sangramento uterino anormal comumente decorre de distúrbios hormonais que produzem sangramento uterino disfuncional. É o sangramento uterino não causado por uma anormalidade estrutural subjacente. A proliferação cíclica normal, diferenciação e eliminação do endométrio requer que todos os hormônios pituitários e ovarianos sejam liberados no momento adequado e em quantidades certas. Qualquer perturbação neste sistema finamente ajustado pode resultar em sangramento uterino disfuncional, cujas causas mais comuns são discutidas nas próximas seções. Ciclo anovulatório: A causa mais frequente de sangramento disfuncional é a anovulação. Os ciclos anovulatórios resultam de desequilíbrios hormonais e são mais comuns na menarca e no período da perimenopausa. Menos comumente, a anovulação é o resultado de: • distúrbios endócrinos – doenças da tireoide, das adrenais ou tumores pituitários • lesões ovarianas – tumor ovariano funcional ou ovários policísticos • perturbações metabólicas generalizadas – obesidade, desnutrição ou outras doenças sistêmicas crônicas. A falha da ovulação resulta em estimulação endometrial excessiva por estrógenos que não é balanceada pela progesterona. Nessas circunstâncias, as glândulas endometriais sofrem mudanças arquitetônicas leves, incluindo dilatação cística, que geralmente remite devido a um ciclo ovulatório subsequente. Contudo, a anovulação repetida pode resultar em sangramento que, em certas situações clínicas, pode exigir uma biopsia endometrial. Nesse cenário, as biopsias revelam condensação estromal e metaplasia epitelial eosinofílica, características semelhantes às observadas no endométrio menstrual. No entanto, ao contrário do endométrio menstrual, características morfológicas dependentes de progesterona (p. ex., alterações secretoras glandulares e pré-decidualização do estroma) estão ausentes porque a fonte de progesterona, o corpo lúteo, não se desenvolve sem ovulação. Mais comumente, o endométrio é composto de glândulas pseudoestratificadas e contém figuras mitóticas dispersas. Figura 22.20 Causas comuns de sangramento uterino anormal. A. O mais comum é o sangramento uterino disfuncional, observado aqui como um endométrio anovulatório com colapso do estroma. Note a associação do colapso com as glândulas proliferativas. DISTÚRBIOS INFLAMATÓRIOS O endométrio e o miométrio são relativamente resistentes a infecções, principalmente porque a endocérvice forma uma barreira à infecção ascendente. Assim, embora a inflamação crônica do colo uterino seja comum e geralmente insignificante, é uma preocupação quando encontrada no endométrio. ENDOMETRITE AGUDA: • Rara • Limitada a infecções bacterianas que surgem após o parto ou aborto. 2 Laís Flauzino | ANATOMIA PATOLÓGICA | 7°P MEDICINA Os produtos da concepção que ficaram retidos são os fatores predisponentes usuais; os agentes causadores incluem estreptococos hemolíticos do grupo A, estafilococos e outras bactérias. A resposta inflamatória limita-se principalmente ao estroma e é totalmente inespecífica. A remoção dos produtos gestacionais retidos por curetagem e a antibioticoterapia eliminam prontamente essas infecções. A peça mostra um útero aberto, cujo endométrio está recoberto por pseudomembrana – camada de exsudato purulento. O diagnóstico é endometrite aguda purulenta. Grande parte das endometrites agudas é por contaminação bacteriana da cavidade durante interrupção da gravidez por curetagem ou introdução de objetos. Como o endométrio gravídico (também chamado decídua) é muito vascularizado, as bactérias proliferam rapidamente, ganham acesso aos grandes vasos pélvicos e podem causar septicemia. ENDOMETRITE CRÔNICA: Ocorre em associação com os seguintes distúrbios: • Doença inflamatória pélvica crônica • Tecido gestacional retido, pós-parto ou pós- aborto • Dispositivos anticoncepcionais intrauterinos • Tuberculose, seja por disseminação miliar, seja, mais frequentemente, por drenagem de salpingite tuberculosa. A tuberculose endometrial é rara em países de alta renda. O diagnóstico de endometrite crônica baseia-se na identificação de plasmócitos no estroma. Em aproximadamente 15% dos casos, não há causa aparente. Algumas mulheres com endometrite inespecífica apresenta queixas ginecológicas como: • Sangramento anormal • Dor • Corrimento • Infertilidade Chlamydia pode estar envolvida e está comumente associada a infiltrados inflamatórios agudos (p. ex., neutrófilos) e crônicos (p. ex., linfócitos, plasmócitos). Os organismos responsáveis podem não ser detectados por cultura. Quando há suspeita de infecção com base clínica, a antibioticoterapia é indicada, mesmo em face de culturas negativas, pois pode prevenir outras sequelas (p. ex., salpingite). B. Endometrite crônica com plasmócitos (seta). ENDOMETRIOSE E ADENOMIOSE: ENDOMETRIOSE: Endometriose: presença de tecido endometrial “ectópico” em um local fora do útero. O tecido anormal mais comum inclui glândulas e estroma endometrial. Ocorre nos seguintes locais, em ordem decrescente de frequência: • Ovários • Ligamentos uterinos • Septo retovaginal • Fundo de saco de Douglas • Peritônio pélvico • Serosa do intestino grosso e delgado e apêndice • Mucosa do colo uterino, vagina e tubas uterinas • Cicatrizes de laparotomia Consequências da endometriose: • Infertilidade • Dismenorreia (menstruação dolorosa) • Dor pélvica A doença acomete principalmente mulheres em vida reprodutiva ativa, mais frequentemente na terceira e quarta décadas, e afeta aproximadamente 10% das mulheres. Existem três tipos de endometriose: • endometriose peritoneal superficial, • endometriose ovariana e • endometriose infiltrativa profunda – extremamente raro sofrerem transformação maligna 3 Laís Flauzino | ANATOMIA PATOLÓGICA | 7°P MEDICINA As formas superficiais e ovarianas da endometriose estão raramente associadas ao desenvolvimento de tumores malignos. Patogênese: • Indefinida – Duas propostas • Origem a partir do endométrio uterino • Origem a partir de células externas ao útero que têm capacidade de originar o tecido endometrial Principais teorias: • Teoria da regurgitação propõe que o tecido endometrial se implanta em regiões ectópicas via fluxo retrógrado do endométrio menstrual • Teoria da metástase benigna postula que o tecido endometrial do útero pode “se espalhar” para locais distantes (p. ex., osso, pulmão e cérebro) via vasos sanguíneos e canais linfáticos • Teoria metaplásica sugere que o endométrio surge diretamente do epitélio celômico (mesotélio da pelve ou abdome), a partir do qual os ductos de Müller e, finalmente, o próprio endométrio se originam durante o período embrionário desenvolvimento. Além disso, os vestígios mesonéfricos podem sofrer diferenciação endometrial e originar o tecido endometrial ectópico • Teoria das células-tronco/progenitoras extrauterinas propõe que células- tronco/progenitoras da medula óssea se diferenciam no tecido endometrial. Os implantes endometrióticos apresentam: • Liberação de fatores pró-inflamatórios e angiogênicos como PGE2, IL-1β, TNF-α, IL-6, IL- 8, NGF, VEGF, MCP-1, MMPs e TIMPs. Esses fatores podem contribuir para evitar a eliminação imunológica.• Aumento da produção de estrógeno e ácido retinóico por células estromais endometrióticas – devido aos altos níveis da enzima-chave aromatase esteroidogênica. • Mutações em genes supressores de tumor e oncogenes – é possível que contribuam ao comportamento localmente agressivo da endometriose infiltrativa profunda. Figura 22.22 Patogênese da endometriose. A interação entre fatores expressos em implantes endometrióticos e macrófagos ativados que supostamente desempenham um papel no estabelecimento e manutenção de implantes endometrióticos é detalhada. E, Estrógeno. Morfologia: Lesões endometrióticas sangram periodicamente em resposta a estimulação hormonal extrínseca cíclica (ovariana) e intrínseca. O sangramento produz nódulos com uma aparência vermelho-azulada a amarelo-acastanhada sobre ou logo abaixo das superfícies mucosas e/ou serosas nos locais de envolvimento. Quando as lesões são generalizadas, a hemorragia em organização causa aderências fibrosas extensas entre as tubas, ovários e outras estruturas, além de obliterar a bolsa de Douglas. Os ovários podem se tornar marcadamente distorcidos por grandes massas císticas (3 a 5 cm de diâmetro) preenchidos com líquido marrom resultante de hemorragia anterior, chamados clinicamente de cistos de chocolate ou endometriomas. A endometriose infiltrativa profunda pode invadir tecidos e também causar fibrose e aderências. O diagnóstico histológico da endometriose é geralmente direto, mas pode ser difícil em casos de longa data em que o tecido endometrial é obscurecido por fibrose secundária. O diagnóstico é prontamente realizado quando as glândulas endometriais e estroma estão presentes, com presença ou ausência de hemossiderina. Em casos raros, apenas o estroma é identificado. Quando apenas glândulas estão presentes, outros diagnósticos com diferentes ramificações clínicas, como endossalpingiose, devem ser considerados. Endometriose atípica: • Provável precursor do carcinoma de ovário relacionado à endometriose. • Apresenta duas aparências morfológicas. 4 Laís Flauzino | ANATOMIA PATOLÓGICA | 7°P MEDICINA • Uma mostra a atipia citológica do epitélio que reveste o cisto endometriótico, sem grandes alterações arquitetônicas • Outra é marcada por agrupamento glandular devido a proliferação epitelial excessiva, frequentemente associada atipia citológica, produzindo uma aparência que se assemelha a hiperplasia endometrial atípica complexa. Características clínicas: • Dismenorreia grave • Dispareunia • Dor pélvica devido ao sangramento intrapélvico e aderências periuterinas. • Irregularidades menstruais • Infertilidade Podem desenvolver-se doenças malignas dentro dos endometriomas, sugerindo que essas lesões contêm epitélio “em risco”. ADENOMIOSE: • É um distúrbio relacionado à endometriose. • Presença de tecido endometrial dentro do miométrio. • Pode coexistir com a endometriose. A adenomiose permanece em continuidade com o endométrio, presumivelmente significando um crescimento descendente do tecido endometrial para dentro e entre os fascículos da musculatura lisa do miométrio. Microscopia: • Ninhos irregulares de estroma endometrial • Com ou sem glândulas • Arranjados dentro do miométrio Sintomas clínicos: • Menometrorragia (menstruação irregular e forte) • Dismenorreia com cólica • Dispareunia • Dor pélvica PÓLIPOS ENDOMETRIAIS: Massas exofíticas de tamanho variável que se projetam na cavidade endometrial. • Únicos ou múltiplos • Sésseis • Pequenos: 0,5 – 3 cm de diâmetro • Podem ser grandes e pedunculados. • Assintomáticos ou pode causar sangramento anormal e infertilidade. Estudos citogenéticos indicam que as células estromais dos pólipos endometriais contêm rearranjos cromossômicos adquiridos que são semelhantes aos encontrados em outros tumores mesenquimais benignos, sugerindo que essas lesões são mais bem representadas como neoplasias epiteliais. • Respondem ao estrógeno. • Pouca resposta à progesterona. • Podem ocorrer em associação à administração de tamoxifeno (terapia de CA de mama). Os pólipos atróficos, que ocorrem principalmente em mulheres na pós-menopausa, representam o vestígio atrófico de pólipos que se desenvolveram antes da menopausa. Raramente, um adenocarcinoma surge dentro de pólipos endometriais. Figura 22.20 Causas comuns de sangramento uterino anormal. C. Pólipo endometrial. TUMORES MALIGNOS DO ENDOMÉTRIO: CARCINOMA DO ENDOMÉTRIO: Carcinoma endometrial é o câncer invasivo mais comum do sistema genital feminino. Patogênese: 2 categorias de carcinoma endometrial: • Tipo I • Tipo II 4 subtipos moleculares entre carcinomas endometrioides e serosos: • Tumores ultramutados/POLE – presença de mutações na DNA polimerase ε (POLE) que produzem mutações somáticas, a maioria casuais. • Tumores hipermutados/MSI (instabilidade de microssatélites) – mutações ou silenciamento epigenético de genes de reparo de bases malpareadas. • Tumores com baixo número de cópias/MSS (microssatélites estáveis) – associado a morfologia endometrioide e a mutações que regulam positivamente a sinalização por meio da via PI3K/AKT • Tumores de alto número de cópias/do tipo seroso – agressivos com morfologia endometrioide serosa ou de alto grau. 5 Laís Flauzino | ANATOMIA PATOLÓGICA | 7°P MEDICINA CARCINOMA ENDOMETRIAL ENDOMETRIOIDE: • Tipo mais comum de carcinoma endometrial – 80- 85% dos casos. • A maioria se enquadra na categoria tipo I. • Bem diferenciado e mimetiza as glândulas endometriais proliferativas. • Surgem no contexto da hiperplasia endometrial. • Há associação a condições nas quais a estimulação estrogênica do endométrio ocorre sem oposição de progesterona. • Há associação com a obesidade – subjacente a outras condições que comumente coocorrem no carcinoma endometrial (HAS e DM2). O desenvolvimento do carcinoma endometrioide decorre da aquisição gradual de alterações genéticas em genes supressores de tumor e oncogenes. As mutações dos carcinomas endometrioides agem para aumentar a sinalização pela via PI3K/AKT. A sinalização PI3K/AKT aumenta a expressão de genes-alvo dependentes do receptor de estrógeno em células endometriais. Outras mutações comumente observadas no carcinoma endometrioide causam a disrupção de genes necessários para a manutenção da estabilidade genômica, presumivelmente agindo em parte para criar um fenótipo mutado que aumenta a taxa de aquisição de mutações em oncogenes e genes supressores de tumor. Morfologia: • Pode assumir a forma de uma massa polipoide ou envolver difusamente o revestimento endometrial. • Disseminação por invasão do miométrio seguida por extensão direta a estruturas/órgãos adjacentes. • Invasão dos ligamentos largos – massa palpável. • Disseminação para os linfonodos regionais. • Estágios finais – disseminação para pulmões, fígado, ossos. Os adenocarcinomas endometrioides apresentam padrões de crescimento glandular que se enquadram em 3 graus histológicos: • Bem diferenciados – grau 1: glândulas bem formadas. • Moderadamente diferenciados – grau 2: glândulas bem formadas mescladas com áreas compostas de folhas sólidas de células que constituem 50% ou menos do tumor. • Pouco diferenciados – grau 3: padrão de crescimento sólido superior a 05%. 6 Laís Flauzino | ANATOMIA PATOLÓGICA | 7°P MEDICINA Tumores portadores de mutações da polimerase ε ou defeitos de reparo de incompatibilidade do DNA estão frequentemente associados a um grande número de células T infiltrantes. Acredita-se que essas células representem uma resposta ineficaz do hospedeiro a neoantígenos criados por mutações que levam a substituições de aminoácidos tumor- específicas nas proteínas. Até 20% dos carcinomas endometrioides contêm focos de diferenciação escamosa. Oselementos escamosos podem ter aparência histologicamente benigna quando estão associados a adenocarcinomas bem diferenciados. Menos comumente, carcinomas endometrioides moderadamente ou pouco diferenciados contêm elementos escamosos que parecem francamente malignos. Os sistemas de classificação atuais avaliam os carcinomas com base apenas na diferenciação glandular e ignoram as áreas de diferenciação escamosa. CARCINOMA ENDOMETRIAL SEROSO: • Geralmente ocorre em mulheres mais velhas. • Surge no contexto de atrofia endometrial. • São considerados tumores do tipo II e são pouco diferenciados (grau 3). • Eles representam aproximadamente 15% dos casos de carcinoma endometrial. Patogênese: Associado a mutações disruptivas no gene supressor de tumor TP53. A maioria consiste em mutações de sentido incorreto (missense), que resultam no acúmulo da proteína p53 alterada. Além das mutações pontuais, os carcinomas serosos normalmente estão associados a instabilidade cromossômica significativa e inúmeras alterações de número de cópias, uma característica geral dos cânceres com TP53 mutado. O tumor presumivelmente surge como uma neoplasia epitelial de superfície que então estende-se em estruturas glandulares adjacentes e posteriormente invade o estroma endometrial. Acredita-se que seu prognóstico geralmente negativo seja consequência de uma propensão a esfoliar, viajar pelas tubas uterinas e se implantar nas superfícies peritoneais como ocorre com suas contrapartes ovarianas. Como resultado, eles muitas vezes estão espalhados para fora do útero no momento do diagnóstico. Morfologia: Geralmente, os carcinomas serosos surgem em úteros pequenos e atróficos, e são com frequência tumores grandes e volumosos ou profundamente invasivos do miométrio. A lesão precursora, o carcinoma intraepitelial endometrial seroso, consiste em células malignas idênticas às do carcinoma seroso confinado à superfície epitelial. Figura 22.26 Carcinoma endometrial do tipo II. A. Carcinoma intraepitelial endometrial, o precursor do carcinoma seroso, mostrando células malignas (seta) com características morfológicas idênticas ao carcinoma seroso que reveste as superfícies das glândulas endometriais, sem invasão estromal óbvia. B. Expressão intensa e difusa de p53 detectada por imuno-histoquímica no carcinoma intraepitelial endometrial. As lesões invasivas podem ter um padrão de crescimento papilar composto de células com atipia citológica marcante, incluindo alta relação núcleo- citoplasma, figuras mitóticas atípicas, hipercromasia e nucléolos proeminentes. C. Carcinoma seroso do endométrio com padrão de crescimento papilar que consiste em células malignas com atipia citológica marcada, incluindo alta proporção núcleo-citoplasma, figuras mitóticas atípicas e hipercromasia. D. Como na lesão anterior, há acúmulo da proteína p53 no núcleo. As lesões podem também apresentar um padrão de crescimento predominantemente glandular; em tais casos, elas se distinguem do carcinoma endometrioide pela marcada atipia citológica. Todos os tumores dessa categoria são classificados como grau 3, independentemente do padrão arquitetônico. Apesar do envolvimento endometrial relativamente superficial, o carcinoma seroso pode estar associado a doença peritoneal extensa, sugerindo disseminação por outras rotas que não a invasão direta (i. e., regurgitação tubária). Características clínicas: • Carcinoma do endométrio é raro em mulheres com menos de 40 anos. • Pico de incidência ocorre em mulheres na pós- menopausa com 55 a 65 anos. • Não há teste de triagem disponível. • Pode ser assintomático • Produz sangramento vaginal irregular. 7 Laís Flauzino | ANATOMIA PATOLÓGICA | 7°P MEDICINA • Diagnóstico por exame histológico de tecido obtido por biopsia ou curetagem. O prognóstico depende do estágio no diagnóstico e do grau histológico e subtipo. O sistema de estadiamento para adenocarcinoma endometrial é: • Estágio I – Carcinoma confinado ao próprio corpo do útero. • Estágio II – Carcinoma que envolve o corpo e o colo uterino. • Estágio III – Carcinoma que se estende para fora do útero, mas não fora da pelve verdadeira. • Estágio IV – Carcinoma que se estende para fora da pelve verdadeira ou envolve a mucosa da bexiga ou do reto. O carcinoma seroso tem uma propensão para disseminação extrauterina (linfática ou transtubária). • Ocorre com mais frequência em mulheres de descendência afro-americana. • A sobrevida de 5 anos para mulheres com carcinoma seroso é de 18 a 27%. • Mesmo quando está confinado ao útero, a taxa de recorrência chega a 80%. Tratamento: • Varia de acordo com o tipo de tumor. • Carcinoma endometrioide: radiação como adjuvante para reduzir a recorrência local e quimioterapia quando o tumor se espalhou para além do útero. • Carcinoma seroso: pode ser tratado com quimioterapia mesmo na ausência de disseminação extrauterina detectável. CARCINOSSARCOMA (TUMORES MÜLLERIANOS MISTOS MALIGNOS): Tumores epiteliais mesenquimais mistos. • Componente epitelial se assemelha ao carcinoma endometrioide pouco diferenciado ou seroso. • Componente mesenquimal pode assumir uma série de formas. • Alguns tumores contêm elementos mesenquimais uterinos (sarcoma estromal, leiomiossarcoma), enquanto outros contêm tipos celulares heterólogos malignos (rabdomiossarcoma, condrossarcoma). • As mutações encontradas em carcinossarcomas envolvem os mesmos genes que estão mutados no carcinoma endometrial, tais como PTEN, TP53 e PIK3CA, enquanto as alterações típicas de sarcomas estão ausentes, sugerindo que esses tumores são carcinomas que adquiriram a capacidade de diferenciação mesenquimal. Morfologia: • Volumosos, polipoides e podem se projetar pelo óstio cervical. • Geralmente contêm áreas de adenocarcinoma (endometrioide, seroso ou de células claras) mescladas com elementos mesenquimais malignos (sarcomatosos). • O tumor pode conter dois componentes epiteliais e mesenquimais distintos e separados. • Os componentes sarcomatosos também podem mimetizar tecidos extrauterinos (p. ex., músculo estriado, cartilagem, tecido adiposo e osso). • As metástases geralmente contêm apenas componentes epiteliais. Características: • Ocorrem em mulheres na pós-menopausa. • Se apresentam com sangramento. • A evolução dos carcinossarcomas é determinada principalmente pela profundidade de invasão e pelo estágio. • O único outro fator prognóstico conhecido é a diferenciação do componente mesenquimal; pacientes portadoras de tumores que apresentam componentes heterólogos têm um prognóstico pior do que aquelas cujos tumores não apresentam esses componentes. • A taxa geral de sobrevida em 5 anos é de 25 a 30% para pacientes com doença em estágio avançado. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins & Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023. E-book. ISBN 9788595159167. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9 788595159167/. Acesso em: 16 mar. 2023. https://anatpat.unicamp.br/pecasgin5.html https://anatpat.unicamp.br/pecasgin5.html
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