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Procedimento cirúrgico de dentes inclusos eProcedimento cirúrgico de dentes inclusos e semi-inclusossemi-inclusos Os princípios e passos para a remoção de dentes inclusos/impactados são os mesmos para outras extrações cirúrgicas, porém dentes impactados frequentemente requerem seccionamento, enquanto outros tipos de extrações dentárias não o necessitam. Cinco passos básicos compõem a técnica: ■ Primeiro passo é ter adequada exposição da área do dente. ■ Segundo passo é avaliar a necessidade de remoção óssea e retirar a quantidade suficiente de osso para expor o dente para qualquer secção necessária e remoção. ■ Terceiro passo, quando necessário, é dividir o dente com broca para permitir a extração sem remover, desnecessariamente, grande quantidade de osso. ■ Quarto passo, o dente seccionado ou não é removido do processo alveolar com alavancas apropriadas. ■ Quinto passo o osso na área da elevação é alisado com uma lima para osso, a ferida é copiosamente irrigada com solução fisiológica estéril, e o retalho é reaproximado com suturas. Passo a passo cirúrgico Passo 1: Descolamento adequado do retalho para acessibilidade. Para obter acesso à área e visualizar o osso de recobrimento que deve ser removido, o cirurgião deve rebater um retalho mucoperiosteal adequado. O rebatimento deve ser de uma dimensão adequada o suficiente para permitir a colocação e a estabilização de afastadores e instrumentos para a remoção de osso. A incisão ideal para remoção de terceiros molares inferiores impactados é a incisão em envelope que se estende da papila mesial do primeiro molar inferior, circunda a cervical dos dentes em direção à linha distovestibular no ângulo do segundo molar e, então, posterior e lateralmente à margem anterior do ramo mandibular. A incisão não deve continuar posteriormente em linha reta, pois a mandíbula desvia-se lateralmente. A incisão deve sempre se manter sobre o osso, e por esta razão o cirurgião deve palpar cuidadosamente a área retromolar antes de iniciar a incisão. Passo 2: Remoção do osso de recobrimento. Em algumas situações o dente pode ser seccionado com uma broca e removido sem retirada de osso. Na maioria dos casos, entretanto, alguma remoção óssea é requerida. A quantidade de osso que deve ser removida varia com a profundidade da impacção, morfologia das raízes e angulação do dente. O osso não deve ser removido na face lingual da mandíbula em virtude da probabilidade de dano ao nervo lingual. As brocas que são usadas para remover o osso de recobrimento do dente impactado variam conforme a preferência dos cirurgiões. O osso na face oclusal do dente é removido primeiro, para expor a coroa do dente. Então, o osso cortical, na face vestibular do dente, é removido abaixo da linha cervical. A seguir, a broca pode ser usada para remover, o osso entre o dente e a cortical óssea na área medular do osso, por meio de uma manobra chamada canaleta. Isso promove acesso para as alavancas com o objetivo de obter pontos de apoio e trajeto para a saída do dente. Para dentes superiores a remoção óssea é quase sempre desnecessária, mas quando preciso o osso é removido, primariamente, na face vestibular do dente, abaixo da linha cervical, para expor a coroa clínica inteira. Crisley Lorrane Rocha Silva Passo 3: Seccionamento do dente. Odontosecção permite que porções do dente sejam removidas separadamente com alavancas através da abertura proporcionada pela remoção de osso. A direção na qual o dente impactado deve ser dividido depende, primariamente, da angulação do dente impactado. *Impactação mesioangular: o seccionamento dentário é realizado com uma broca e o dente é dividido em 3/4 em direção à face lingual. A broca não deve ser usada para seccionar o dente completamente de lado a lado, na direção lingual, porque é mais provável que haja lesão ao nervo lingual. Uma alavanca reta é inserida no desgaste feito pela broca e rotacionada para dividir o dente. Depois que uma quantidade suficiente de osso tenha sido removida a metade distal da coroa é seccionada na canaleta vestibular, logo abaixo da linha cervical, na face distal. Essa porção é removida. O restante do dente é removido com uma alavanca posicionada na face mesial da linha cervical. *Impacção horizontal: O dente é seccionado por divisão da coroa do dente das raízes na linha cervical. A coroa do dente é removida e as raízes são deslocadas com uma alavanca de Cryer para dentro do espaço previamente ocupado pela coroa. Se as raízes de um terceiro molar são divergentes, elas podem necessitar de seccionamento nas duas porções para que sejam removidas individualmente. *Impacção vertical: Os procedimentos de remoção óssea e seccionamento são similares na impacção mesioangular, isto é, remoção do osso nas posições oclusal, vestibular e distal. A metade distal da coroa é seccionada e removida, e o dente é elevado por aplicação de uma alavanca na face mesial da linha cervical do dente. *Impacção distoangular: A coroa é seccionada das raízes logo acima da linha cervical. A coroa inteira é quase sempre removida porque interfere na visibilidade e acesso à estrutura radicular do dente. Se as raízes estão fusionadas, uma alavanca de Cryer ou uma alavanca reta pode ser usada para elevar o dente no espaço previamente ocupado pela coroa. Se as raízes são divergentes, elas em geral são seccionadas em dois pedaços e individualmente removidas. A extração dessa impacção é difícil porque muito mais osso distal deve ser removido e o dente tende a ser distalmente elevado e na direção da porção do ramo mandibular. Em geral, dentes impactados em outra parte da boca são quase sempre seccionados somente na linha cervical. Isso permite a remoção da porção da coroa do dente, deslocamento da porção da raiz para dentro do espaço previamente ocupado pela coroa, e remoção da porção radicular. Passo 4: Remoção do dente seccionado com alavanca. Uma vez que quantidade adequada de osso tenha sido removida para expor o dente e este tenha sido seccionado de forma apropriada, o dente é removido do processo alveolar com alavancas. Na mandíbula, as alavancas mais frequentemente usadas são as retas, o par de alavancas de Cryer e de Crane. Devido ao dente impactado nunca ter sustentado forças oclusais, os ligamentos periodontais são frágeis e permitem deslocamento da raiz dentária se uma correta porção de osso é removida e são empregadas forças na direção correta. A retirada de terceiros molares superiores é realizada com alavancas retas, que luxam o dente de modo distovestibular. Alguns cirurgiões preferem alavancas curvas, como a de Potts, Miller ou Warwick, que ajudam na obtenção de acesso ao dente impactado. A ponta da alavanca é inserida na área mesial da linha cervical e é aplicada força para deslocar o dente na direção distovestibular. Em adição, pressão é aplicada para deslocar o dente posteriormente; o cirurgião deve manter um dedo na tuberosidade da maxila (especialmente se a impacção for mesioangular) para que, caso ocorra uma fratura, possam ser tomadas, providências para recuperar a tuberosidade da maxila, mantendo o tecido mole aderido. Fratura da Raiz O problema mais comum associado à extração de um dente é a fratura de suas raízes. Raízes longas, curvas e divergentes, que se encontram em osso denso são as mais prováveis de serem fraturadas. O principal método para prevenir fraturas de raízes é realizar a cirurgia da maneira correta, ou usar a técnica de extração aberta, e removendo o osso para diminuir a quantidade de força necessária para retirar o dente. Deslocamento da Raiz A raiz do dente que é mais comumente deslocada para dentro dos espaços anatômicos desfavoráveis é a raiz do molar superior, quando empurrada ou perdida dentro do seio maxilar. Se a raiz fraturada do molar superior for removida com uma alavanca reta utilizada com excesso de pressão apical, a raiz do dente poderá ser deslocada para dentro do seio maxilar. Se isso ocorrer, o cirurgião deverá fazer várias avaliações para determinar o tratamento apropriado.Primeiro, ele deverá identificar o tamanho da raiz perdida dentro do seio. O cirurgião deverá avaliar, em seguida, se existe alguma infecção no dente ou nos tecidos periapicais. Finalmente, o cirurgião deverá avaliar a condição pré-operatória do seio maxilar. Para o paciente que tem um seio maxilar saudável, é mais fácil tratar uma raiz deslocada do que se o seio está ou tenha sido cronicamente infectado. Se o fragmento do dente que foi deslocado é pequeno (2 ou 3 mm) ápice radicular e o dente e o seio não têm infecção preexistente, o cirurgião deverá fazer uma breve tentativa para remover a raiz. Primeiro, deverá ser realizada uma radiografia da raiz dentária fraturada para documentar sua posição e tamanho. Uma vez que tenha sido realizada, o cirurgião deverá irrigar através da pequena abertura no ápice do alvéolo e, então, sugar a solução irrigada do seio via alvéolo. Isso às vezes expulsa o ápice da raiz do seio através do alvéolo. O cirurgião deverá examinar a solução aspirada e confirmar, radiograficamente, se a raiz foi removida. Passo 5: Preparando o fechamento da ferida. A lima para osso é usada para alisar qualquer ponta aguçada, margem áspera de osso, particularmente onde uma alavanca esteve em contato ósseo. O cirurgião deve direcionar a próxima atenção para a remoção de todos os fragmentos de osso particulado e resíduos para fora da ferida. Isso é feito com irrigação vigorosa com solução salina estéril. Especial cuidado deve ser tomado para irrigar a fundo, embaixo do retalho de tecido mole rebatido. Um hemostato mosquito pode ser usado para remover qualquer remanescente de folículo, se presente. O cirurgião deve checar a hemostasia adequada, hemorragia, pode ocorrer de um vaso no retalho, do osso medular que tenha sido cortado com uma broca, ou os vasos alveolares inferiores. Hemorragia pós- operatória até certo grau ocorre com alguma frequência após extrações de terceiros molares, mas é quase sempre autolimitante se for realizada a hemostasia adequada no momento da operação. Nesses casos muitos cirurgiões utilizam antibióticos como a tetraciclina para ajudar a prevenir, no alvéolo de terceiros molares inferiores, a ocorrência de alveolite. O fechamento da incisão feita para um terceiro molar impactado em geral é um fechamento primário. Se o retalho foi bem desenhado e não foi traumatizado durante o procedimento cirúrgico, ele será adaptado dentro da sua posição original. A sutura inicial deve ser posicionada de um extremo ao outro no tecido aderido na face posterior do segundo molar. Suturas adicionais são posicionadas posteriormente àquela posição, e anteriormente, através da papila, no lado mesial do segundo molar. Usualmente, duas ou três suturas são necessárias para fechar uma incisão de envelope. Se uma incisão de alívio foi usada, deve ser direcionada atenção especial para o fechamento daquela porção da incisão igualmente. Se o retalho para um terceiro molar superior se encontra passivamente na posição de modo posterior, suturas poderão não ser necessárias. Principais complicações cirúrgicas Se essa técnica não for bem-sucedida, nenhum procedimento cirúrgico adicional deverá ser realizado através do alvéolo e a ponta da raiz deverá ser deixada no seio. Um pequeno e não infectado ápice radicular poderá ser deixado no lugar porque é improvável que cause alguma sequela inoportuna. O paciente deve ser informado da decisão e deve receber instruções pós-operatórias peculiares para monitoramento regular da raiz e do seio. A comunicação oroantral deverá ser tratada como discutida posteriormente, com uma sutura em oito figurada sobre o alvéolo, precauções em relação ao seio, antibióticos, e um spray nasal para diminuir a chance de infecção pela manutenção do óstio aberto. O acontecimento mais comum é que o ápice da raiz fibrose dentro da membrana do seio com nenhum problema subsequente. Se a raiz do dente está infectada ou o paciente tem sinusite crônica, o paciente deverá ser encaminhado a um cirurgião oral e maxilofacial para remover o ápice da raiz via acesso de Caldwell-Luc. Se um fragmento grande ou um dente inteiro é deslocado para dentro do seio maxilar, este deverá ser removido O método usual é um acesso de Caldwell-Luc ao seio maxilar na região da fossa canina e em seguida remoção do dente. Terceiros molares superiores impactados são ocasionalmente deslocados para dentro do seio maxilar (do qual são removidos via acesso de Caldwell-Luc). Mas caso ocorra o deslocamento, é mais comum para dentro do espaço infratemporal. O dente está quase sempre lateral à lâmina pterigóide lateral e inferior ao músculo pterigóideo lateral. Se bom acesso e boa iluminação estão disponíveis, o cirurgião poderá fazer uma simples tentativa cautelosa para recuperar o dente com uma pinça hemostática. Contudo, o dente normalmente não está visível, e uma sondagem cega resulta num deslocamento mais distante. Se o dente não é recuperado após uma simples tentativa, a incisão deverá ser fechada e a cirurgia encerrada. O paciente deverá ser informado de que o dente foi deslocado e será removido posteriormente. Antibióticos devem ser administrados para ajudar a diminuir a possibilidade de uma infecção, e uma rotina de cuidados pós- operatórios deverá ser providenciada. Fratura do Processo Alveolar A extração de um dente normalmente requer que o osso alveolar circunjacente seja expandido a fim de possibilitar um trajeto livre para remoção do dente. Porém, em algumas situações o osso fratura e é removido com o dente, em vez de expandir. A causa mais provável de fratura do processo alveolar é o uso de força excessiva com o fórceps, que fratura grandes porções da lâmina cortical. Se o cirurgião perceber que uma força excessiva é necessária para remover um dente, um retalho de tecido mole deverá ser elevado e quantidades controladas de osso deverão ser removidas para que o dente possa ser facilmente solto ou, no caso de dentes multirradiculares, seccionado. As lâminas mais prováveis de provocar fratura óssea são a lâmina cortical vestibular sobre o canino superior, a lâmina cortical vestibular sobre os molares superiores (especialmente o primeiro molar), a porção do assoalho do seio maxilar associada aos molares superiores, a tuberosidade maxilar, e o osso vestibular dos incisivos inferiores. O principal método de prevenção dessas fraturas é fazer um cuidadoso exame pré-operatório do processo alveolar, tanto clínica quanto radiograficamente. Os cirurgiões devem observar a forma da raiz do dente a ser removido e avaliar a proximidade das raízes com o seio maxilar. Os cirurgiões também devem checar a espessura da lâmina cortical vestibular que recobre o dente a ser extraído. Se as raízes divergem amplamente, se elas se encontram próximas ao seio, ou se o paciente tem uma cortical vestibular com grande quantidade de osso, os cirurgiões devem tomar medidas especiais para prevenir fraturas de porções excessivas de osso. A idade é um fator a ser considerado porque os ossos de pacientes mais velhos provavelmente estão menos elásticos e, por isso, têm mais possibilidade de fraturar do que de expandir. O cirurgião que determina, pré- operatoriamente, que existe uma alta probabilidade para fratura óssea deverá considerar a realização da extração pela técnica cirúrgica aberta. Usando esse método o cirurgião pode remover uma menor e mais controlada quantidade de osso, o que resulta em uma cicatrização mais rápida e uma forma mais ideal da crista para reconstrução protética. Quando os molares superiores se encontram próximos ao seio maxilar, a exposição cirúrgica do dente, com seccionamento de suas raízes em duas ou três porções, previne a remoção de uma porção do assoalho do seio maxilar. Isso, então, previne a formação de uma fístula oroantral crônica, que requer procedimento secundário para ser fechada. Em resumo, a prevenção de fraturas de grandes porções da lâmina cortical depende de uma avaliação radiográfica e clínica pré- operatória, de evitar o uso de quantidades excessivas de força descontroladae da antecipada decisão de realizar uma extração aberta com remoção de quantidade controlada de osso e secção de dentes multirradiculares. Durante uma extração a fórceps, se não ocorrer uma relevante mobilidade do dente inicialmente, então o cirurgião, criterioso e prudente, mudará o plano de tratamento para a técnica cirúrgica em vez de prosseguir com o método fechado. O tratamento das fraturas do osso alveolar toma diferentes formas, dependendo do tipo e da gravidade da fratura: se o osso do alvéolo dentário foi completamente removido juntamente com o dente, ele não deverá ser recolocado. O cirurgião deverá, simplesmente, fazer com que o tecido mole seja reposicionado tão bem quanto possível a fim de recobrir o osso remanescente e prevenir retardo na cicatrização. O cirurgião também deve regularizar algumas margens pontiagudas que possam ter sido causadas pela fratura. Se existirem tais margens pontiagudas de osso, o cirurgião deverá rebater uma pequena porção de tecido mole e usar uma lima de osso para arredondá-las, ou uma goiva para remover a irregularidade. O cirurgião que apoia o osso alveolar com os dedos durante a extração normalmente sente quando ocorre a fratura da lâmina cortical vestibular. Dessa vez o osso permanece unido ao periósteo e normalmente cicatriza se puder ser separado do dente e deixado aderido ao recobrimento do tecido mole. O cirurgião deve dissecar cuidadosamente o osso, unido ao tecido mole que o acompanha, do dente. Para esse procedimento o dente deve ser estabilizado com o fórceps, e um instrumento com uma pequena ponta afiada, tal como o descolador de periósteo no 9, deve ser usado para descolar o osso vestibular da raiz do dente. É preciso compreender que se o retalho de tecido mole está separado do osso, o suprimento sanguíneo para o recobrimento ósseo será rompido e o osso, então, sofrerá necrose. Uma vez que o osso e o tecido mole tenham sido descolados do dente, este deve ser removido e o osso e o retalho de tecido mole serão reaproximados e firmados com sutura. Quando tratado desse modo, é altamente provável que o osso cicatrize com uma forma de crista mais favorável para reconstrução protética do que se o osso tivesse sido removido juntamente com o dente. Por essa razão, vale a pena o grande esforço para dissecar o osso do dente. Fratura da Tuberosidade Maxilar A fratura de uma grande parte de osso na área da tuberosidade maxilar é uma situação de especial interesse. A tuberosidade maxilar é importante para a confecção de uma prótese total superior retentiva e estável. Se uma grande porção dessa tuberosidade é removida juntamente com o dente superior, a estabilidade da dentadura provavelmente está compromissada. A tuberosidade maxilar fratura com mais facilidade como resultado da extração de um terceiro molar superior erupcionado ou da extração do segundo molar, caso este seja o último dente no arco. Se a fratura da tuberosidade ocorre durante uma extração, o tratamento é similar ao que já foi discutido para outras fraturas ósseas. O cirurgião, com o dedo, apoia o processo alveolar durante a fratura (se osso permanecer unido ao periósteo) e deverá tomar medidas para assegurar a sobrevivência daquele segmento ósseo. Se for possível, o segmento ósseo deverá ser dissecado do dente e este deverá ser removido de modo normal. A tuberosidade é então estabilizada com a sutura da mucosa, como previamente indicada. No entanto, se a tuberosidade estiver excessivamente móvel e não puder ser dissecada do dente, o cirurgião terá várias opções. A primeira opção é colocar uma tala no dente que está sendo extraído aos dentes adjacentes e adiar a extração por 6 a 8 semanas, dando tempo para cicatrização óssea. O dente é então extraído pela técnica cirúrgica aberta. A segunda opção é seccionar a coroa do dente das raízes e deixar a tuberosidade e a raiz seccionada cicatrizarem. Após 6 a 8 semanas o cirurgião pode acessar a área e remover as raízes dentárias de maneira normal. Se o molar superior estava infectado antes da cirurgia, essas duas técnicas deverão ser usadas com cautela. Caso a tuberosidade maxilar seja completamente separada do tecido mole, os passos normais são regularizar as cristas pontiagudas do osso remanescente e reposicionar e suturar o tecido mole remanescente. O cirurgião deve, cuidadosamente, verificar uma comunicação oroantral e tratar, caso necessário. As fraturas de tuberosidade maxilar deverão ser vistas como uma importante complicação. O principal objetivo do tratamento terapêutico é manter o osso fraturado no lugar e conseguir o melhor meio para cicatrização. Esta pode ser uma situação que pode ser mais bem conduzida através do encaminhamento a um cirurgião oral e maxilofacial. Lesões a Estruturas Nervosas Regionais Os ramos do quinto nervo craniano, que fornece a inervação da mucosa e da pele, são as estruturas adjacentes mais prováveis de serem traumatizadas durante a extração. Os mais frequentes ramos específicos envolvidos são o nervo mentual, o nervo lingual, o nervo bucal e o nervo nasopalatino. Os nervos nasopalatino e bucal são frequentemente seccionados durante a realização de retalhos para remoção de um dente impactado. A área de inervação sensorial desses dois nervos é relativamente pequena, e a reinervação da área afetada quase sempre ocorre de modo rápido. Portanto, os nervos nasopalatino e bucinador podem ser cirurgicamente seccionados sem que haja sequela permanente ou muito incômodo para o paciente. A remoção cirúrgica de raízes de pré-molares inferiores ou pré- molares inferiores impactados e cirurgia periapical na região do nervo mentual e forame mentoniano devem ser realizadas com grande cautela. Se o nervo mentual for traumatizado, o paciente terá uma parestesia ou anestesia do lábio e do mento. Se a lesão for resultado do descolamento ou da manipulação do retalho, a sensação normal comumente retornará em poucos dias ou poucas semanas. Se o nervo mentual for seccionado na sua saída do forame mentual ou dilacerado ao longo de seu curso, é bem provável que sua função não retorne, e que o paciente fique num estado permanente de anestesia. Se a cirurgia for realizada na área do nervo ou forame mentual, é imprescindível que os cirurgiões tenham uma forte consciência do potencial de morbidade da lesão desse nervo. Se os cirurgiões têm alguma dúvida a respeito de suas habilidades em realizar o procedimento cirúrgico indicado, eles devem encaminhar o paciente a um cirurgião oral e maxilofacial. Se um retalho em “L” é usado na região do nervo mentual, a incisão vertical relaxante deve ser colocada anteriormente, o mais distante possível a fim de evitar o rompimento de alguma porção do nervo mentual. O nervo lingual normalmente é localizado de modo anatômico, precisamente diante da parede lingual da mandíbula no coxim da região retromolar. O nervo lingual raramente se regenera quando gravemente traumatizado. As incisões feitas na parte mole da região retromolar da mandíbula devem ser colocadas de modo a evitarem a aproximação desse nervo. Por isso, incisões feitas para exposição cirúrgica de terceiros molares impactados ou de áreas ósseas na região molar posterior deve ser feita no lado vestibular da mandíbula. Igualmente, ao dissecar um retalho envolvendo o coxim retromolar, deve ser tomado cuidado para evitar dissecção excessiva ou dilaceração dos tecidos na face lingual dessa região. A prevenção da lesão do nervo lingual é de extrema importância para evitar essa difícil complicação. Finalmente, o nervo alveolar inferior pode ser traumatizado ao longo do curso de seu canal ósseo. O local mais comum da lesão é a região de terceiro molar inferior. A remoção de terceiros molares inferiores pode ofender, esmagar ou traumatizar intensamente o nervo em seu canal. Essa complicação é tão comum durante a extração de terceiros molares que é importante informar de modo rotineiro, aos pacientes, no pré-operatório, que ela é uma possibilidade. O cirurgião deve, então, tomar todas as precauções possíveis para evitar a lesão do nervodurante a extração. Lesões à Articulação Temporomandibular Outra principal estrutura que pode ser traumatizada durante um procedimento de extração na mandíbula é a articulação temporomandibular. A remoção dos molares inferiores frequentemente requer a aplicação de uma grande quantidade de força. Se a mandíbula estiver inadequadamente apoiada, durante a extração, para ajudar a neutralizar as forças, o paciente poderá experimentar dor nessa região. Forças controladas e apoio adequado da mandíbula previnem a dor na mesma. O uso de blocos de mordida no lado contralateral pode proporcionar um equilíbrio adequado das forças fazendo com que a lesão não ocorra. O cirurgião ou assistente também deve apoiar a mandíbula segurando sua margem inferior. Se o paciente se queixa de dor na articulação temporomandibular imediatamente após o procedimento de extração, o cirurgião deverá recomendar o uso de calor úmido, repouso da mandíbula, uma dieta pastosa, e 600 a 800 mg de ibuprofeno a cada 4horas por vários dias. Pacientes que não podem tolerar drogas anti-inflamatórias não- esteroides podem tomar de 500 a 1.000 mg de acetaminofeno. Trismo Extração dentária pode resultar em trismo ou limitação na abertura da boca. O trismo resulta da inflamação que envolve os músculos da mastigação. Ele pode resultar de múltiplas injeções locais de anestésico, especialmente se estas tiverem penetrado os músculos. O músculo mais provável de estar envolvido é o músculo pterigóideo medial, que pode ser penetrado com a agulha da anestesia local durante o bloqueio do nervo alveolar inferior. Extrações cirúrgicas de terceiros molares inferiores impactados resultam, usualmente, em algum grau de trismo porque a resposta inflamatória do procedimento cirúrgico é suficientemente extensa e envolve alguns músculos da mastigação. Em geral o trismo não é grave, tampouco um empecilho para as atividades do paciente. Entretanto, a fim de evitar que o paciente se assuste, este deve ser avisado sobre a possibilidade de o fenômeno ocorrer. Fraturas da mandíbula A fratura da mandíbula durante a extração é uma complicação rara e está associada, quase exclusivamente, à remoção de terceiros molares impactados. A fratura da mandíbula normalmente é o resultado da aplicação de uma força que excede a necessária para remover um dente e frequentemente ocorre durante o uso forçado da alavanca dental. No entanto, quando um terceiro molar inferior está profundamente impactado, somente uma pequena quantidade de força pode causar uma fratura. As fraturas também podem ocorrer durante a remoção de dentes impactados de uma mandíbula gravemente atrofiada. Caso uma fratura ocorra, deve ser tratada pelos métodos normalmente utilizados para fraturas de mandíbula. A fratura deve ser adequadamente reduzida e estabilizada. Normalmente isso significa que o paciente deverá ser encaminhado a um cirurgião oral e maxilofacial para o tratamento definitivo.
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