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Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica → Conceito: “É uma lesão cerebral originada através de um trauma”. → Epidemiologia: Cerca de 10% morrem antes de chegar ao hospital; Cerca de 80% têm lesões leves, e 10% são lesões moderadas, e 10% são lesões graves. E cerca de 10% dos casos de TCE estão associados a lesão raquimedular. Além de ser uma das principais causas de morte pré-hospitalar relacionada ao trauma. → Introdução: O TCE precisa de um atendimento rápido e eficiente com o objetivo de prevenir uma lesão cerebral secundária. A depender de como ocorreu o acidente e o tipo de trauma sofrido, existem inúmeros desfechos possíveis como: hemorragias meníngeas, lesões com perda de funções executivas e/ou motoras, choque hemorrágico, entre outros. O fornecimento de oxigênio adequado e a manutenção da PA são fatores essenciais para garantir uma boa irrigação cerebral; O paciente deve ser encaminhado para uma unidade preparada para realizar intervenções neurocirúrgicas definitivas e estabilização adequada do paciente; A presença de hipóxia + hipotensão aumenta o risco de morte em 75% dos acidentados. Tipos: Contusos ou fechados ● Alta ou baixa energia Penetrantes ● Ferimento por arma de fogo ● Outros ferimentos → Classificação: Leve ● Glasgow 13 a 15 ● 3% desses pacientes são submetidos a craniotomia Moderado ● Glasgow 9 - 12 ● 9% desses pacientes são submetidos a craniotomia Grave ● Glasgow 3 a 8 ● 19% desses pacientes são submetidos a craniotomia Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica → Morfologia: Iremos dividir em lesões no crânio , e lesões intracranianas (dentro do crânio). E tem as lesões intracranianas são subdivididas em focais (hematomas) e difusas. → Fisiopatologia: Dentro do crânio temos um regime de pressão intracraniana normal varia de 5 - 15 mmHg. E de 15 a 40 mmHg ela está moderadamente elevada e acima de 40 mmHg muito alta. Pequenas flutuações irregulares, variando de 15 a 35 mmHg, po- dem ser consideradas normais Caso ocorra uma lesão, e gere um hematoma, vai aumentar o conteúdo dentro do crânio, aumentando assim a pressão intracraniana. Esse processo é chamado de Hipertensão Intracraniana. Se o sangue arterial, encontra uma pressão intracraniana maior do que a pressão de perfusão, o cérebro pode ter uma isquemia . Pressão de perfusão = PAM - PIC Além disso, com o aumento do conteúdo dentro do crânio, não há pra onde fugir, pois a calota craniana é dura. Saindo assim, pelo único lugar possível pelo forame magno, gerando uma Herniação Supratentorial , que leva a compressão dos pares cranianos e o paciente vai a óbito. É difícil chegar nesse ponto, mas pode acontecer caso demore a receber atendimento médico. E clinicamente por meio da Escala de Glasgow sabemos que há uma alteração da pressão intracraniana, devido a alterações do nível de consciência, alterações verbais, alterações pupilares e alterações motores. Há também mecanismos de compensação , para quando ocorra um aumento do conteúdo dentro do crânio. Doutrina de Monro-Kellie: É o mecanismo de compensação que diminui o venoso e glicólico (líquor), é chamado de doutrina de Monro-Kellie. Caso tenha uma massa, vai ter uma diminuição do líquor e diminuição do volume venoso, até certo ponto. Mas quando a massa cresce exageradamente, descompensa e não vai perfundir mais nada. Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica Ou seja, tem uma enorme importância de manter a PAM. Porém, não adianta mantermos uma PAM normal, se não houver uma boa pressão de perfusão arterial chegando ao cérebro. Portanto, uma perfusão de < 70 mmHg é desfavorável. Por isso, temos que tratar o choque hipovolêmico antes de avaliar o neurológico. Deve-se manter o fluxo sanguíneo cerebral (FSC) em 50 mL/100g cerebros/min. Menor que isso leva a morte cerebral . Princípio da abordagem do TCE: 1. Deve-se manter o sangue oxigenado com uma pressão adequada mantendo a perfusão do cérebro (realizar o ABC) ● Ou seja, para ter uma boa perfusão precisamos de: ○ A = manter uma via aérea pérvia ○ B = bom mecanismo de oxigenação = boa troca gasosa ○ C = manter uma boa circulação (não deixar chegar ao choque) 2. Evitar aumento da PIC 3. Evitar lesão secundária → Avaliação Inicial do TCE: ATLS → ABCDE A = Vias Aéreas e Coluna Cervical ● A via aérea deve ser avaliada em primeiro lugar para assegurar sua permeabilidade. ● Identifica-se sinais de obstrução por meio de aspiração e inspeção para a presença de corpos estranhos e fraturas; ● As manobras servem para estabelecer permeabilidade, e devem ser feitas com proteção da coluna cervical, sendo a manobra de elevação do mento (chin lift) ou de tração da mandíbula (jaw thrust). ● Se o doente se comunica verbalmente, é pouco provável que haja obstrução que represente risco imediato; ● Situações que exigem via aérea definitiva são o trauma cranioencefálico (TCE) grave, rebaixamento do nível de consciência ou escala de coma de Glasgow (ECG) igual ou menor que 8 e respostas motoras descoordenadas (não obrigatória, mas sugere fortemente). B = Ventilação e Respiração ● A permeabilidade da via aérea por si só não garante ventilação adequada, sendo a troca gasosa adequada necessária para que ocorra oxigenação tecidual e eliminação de gás carbônico. Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica ● Em todo paciente traumatizado, deve-se suplementar oxigênio utilizando máscara (de Venture ou reinalante) e monitorando a saturação de oxigênio da hemoglobina com oxímetro de pulso. C = Circulação com controle de hemorragia ● O comprometimento circulatório em pacientes de trauma pode resultar de uma grande variedade de lesões, o que leva a necessidade da avaliação de fatores hemodinâmicos chave: volume sanguíneo, débito cardíaco e sangramento. ● A hemorragia é considerada a principal causa prevenível de morte após lesão; ● É de suma importância a identificação da fonte do sangramento, se o mesmo é externo e/ou interno. D = Disability = disfunção neurológica ● Uma rápida avaliação neurológica onde estabelece o nível de consciência do paciente, bem assim como a reatividade pupilar e reação, dessa forma identificando a presença de sinais de lateralização, por fim, o nível do comprometimento medular (se presente). ● Dessa forma, a Escala de Coma de Glasgow (ECG) confere uma rápida e objetiva avaliação para averiguar o nível de consciência do paciente. ● Lembrar que sempre devemos refazer Glasgow, a fim de, acompanhar a evolução do paciente; A Reação Pupilar Glasgow pupilar não foi adotado no ATLS, mas ainda é usadona prática, principalmente por neuro. Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica E = Exposição e controle do ambiente ● Deve-se despir totalmente o paciente, cortando as roupas para facilitar o exame e avaliação adequados. ● Em seguida, ele deve ser coberto com cobertores aquecidos ou dispositivo de aquecimento externo para prevenção de hipotermia. → Gravidades do TCE: Leve ( ECG - 13 A 15) : Cerca de 80% dos pacientes com TCE são de gravidade leve; Apenas 3% dos casos do TCE leve, desenvolvem disfunção neurológica grave. Exame de imagem de escolha é a Tomografia Computadorizada de Crânio. Seria o ideal realizar em todos os casos de TCE. Todavia nem todo hospital tem TC de crânio. Casos que cursam com obrigatoriedade deve ser feita a tomografia : ● Suspeita de lesão intracraniana, ● Fratura de base ou calota craniana, ● 1 mais ou mais de dois episódios de vômito, ● Maiores de 65 anos, ● Uso de anticoagulante ou portador de coagulopatia, ● Amnésia retrógrada, ● Intoxicação exógena. A observação do paciente deve ser no hospital, não indicado em domiciliar (precisaria ter alguém qualificado, e orientado, ter um acesso rápido ao hospital). Considerações para internação em casos de TCE: ● Hospitais sem tomografia ● TCE penetrante ● Perda de consciência ● Cefaleia ● Intoxicação por álcool ou drogas ● Fratura de crânio ● Rinorreia ou otorreia ● Falta de acompanhante confiável ● Impossibilidade de retorno Se ECG = 15 e a vítima estiver assintomática, pode-se abrir mão da tomografia, desde que haja a possibilidade de manter observação do paciente, e que ele e os familiares estejam devidamente orientados. Além disso, pode-se considerar, mesmo nesses casos, realizar a tomografia para pacientes idosos e/ou em uso de antiagregantes plaquetários ou anticoagulantes. Moderado (ECG 9 a 12) Cerca de 10% dos pacientes com TCE são de gravidade moderada; Cerca de 10 - 20% dos casos do TCE moderado, desenvolvem piora na disfunção neurológica, e ficam grave. TC de crânio é IMPRESCINDÍVEL. Logo, se estiver num hospital sem TC deve ser feita sua transferência; Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica E deve ter uma Avaliação neurocirúrgica; Grave ( ECG 3 a 8 ) No TCE grave é de extrema importância uma estabilização hemodinâmica. Pois a hipotensão leva a mortalidade (cerca de 60 % dos casos, já em não hipotensos é de 27%). Pois a Lesão cerebral é agravada por lesão secundária. ABC devem estar resolvidos ! Ou seja, devemos tratar primeiro o choque hipovolêmico primeiro (ex: cirurgia no abdômen), para depois tratar a cabeça. Não é à toa que o D neurológico vem depois do ABC (só ter raciocínio clínico) Conduta no TCE Grave: ● 9% necessitarão de intervenção cirúrgica ● Tomografia de crânio (repetidas) ● Intubação precoce ● Ventilação com oxigênio a 100% ● Hiperventilação cautelosa ● pCO2 entre 25 - 35% ● Avaliação neurocirúrgica → Conduta do Paciente Hipovolêmico com TCE: PAS < 100 mmHg (grau 3) ● Ringer lactato ● Temos que procurar origem de sangramento PAS > 100 mmHg ● Avaliação neurológica ● Tomografia → Lesões Específicas: Fratura de Crânio: Calota Craniana: ● Tipos de fratura: ○ Lineares ○ Estreladas ○ Com afundamento ○ Sem afundamento ○ Fechada ○ Exposta ● Indicação Cirúrgica: ○ Afundamento maior ○ Sinais de hipertensão intracraniana ○ Perda de líquido cerebrospinal ○ Fraturas expostas Fratura de Base de Crânio: ● Sinais do Guaxinim / Sinal de Battle ● Observações ○ Alta suspeita clínica ○ Sonda gástrica (lembrando da CONTRA INDICAÇÃO de sonda nasogástrica) Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica ○ TC coronal deve ser avaliado (além dos outros cortes) ○ Tratamento do TCE ○ Tratamento ósseo conservador Lesões Intracranianas: Focais: ● Hematomas ○ H. Extradural ○ H. Subdural ○ H. Intracerebral (contusão) Difusas: ● São mais comuns que as focais ● Pode ocorrer por mecanismo é de aceleração e desaceleração ● Temos 3 lesões clássicas: ○ Concussão Leve ○ Contusão cerebral clássica ○ Lesão axonal difusa → Hematoma Extradural: Não é o mais comum. E pode ser chamado também de Epidural / Peridural. Ocorre fora da dura-máter. Mais comum é a rotura da arteria meníngea média ! Em sua maioria o hematoma tem origem arterial; Mas pode ser de origem venosa, só ⅓ ocorre na rotura do seio parieto-occipital ou fossa anterior; É frequente o ter um intervalo onde o paciente está lúcido entre o trauma e os sintomas neurológicos . Na imagem da TC de crânio, vai aparecer uma lente biconvexa . E necessita de drenagem precoce. Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica O que lemos na TC? ● O branco é o sangue / hematoma ● Analisamos as partes moles ● Analisamos a calota craniana ● Analisamos o parênquima cerebral O que podemos achar na TC : ● Hematoma em lente biconvexa ● Diminuição dos sulcos cerebrais ● Desvio da linha média ● Presença ou não de coágulos ● Calcificações ● Entre outros → Hematoma Subdural: É o tipo de lesão intracraniana mais comum, cerca de 30% dos TCE; É mais comum pela rotura do plexo venoso meníngeo , entre o córtex cerebral e o seio venoso ; Os hematomas subdurais são mais comuns em pacientes com quedas repetidas, principalmente estilistas e idosos (subdural crônico). Na TC de crânio, mostra o hematoma de forma côncava , revestindo e comprimindo os giros e os sulcos causando desvio da linha ventricular e da linha média . O prognóstico é pior do que o hematoma extradural, devido a presença de lesão parenquimatosa grave mais comumente associada. O tratamento é cirúrgico quando indicado, deve ser feito rapidamente. MACETE: Hematoma Subdural Agudo X Crônico: Agudo: Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica ● O sangue é branco devido ao ferro que contém na hemoglobina. Crônico: ● Quando se passa um tempo, o ferro é absorvido, deixando o sangue escuro. → Hematoma IntraCerebral: São áreas de sangramento dentro do parênquima cerebral . É o tipo de lesão focal mais comum. E é frequentemente associada ao hematoma subdural. Localizados preferencialmente nos lados frontal e temporal. As contusões com possível expansão e coalescência, formando hematoma intracerebral. É difícil drenar sem lesionar o parênquima. A não ser que ele seja o único grande hematoma. → Concussão Leve: É quando tem um trauma, mas mantém uma consciência preservada, porém pode ter uma disfunção neurológica temporária , podendo até passar despercebida. Tem um quadro de sintomas mais leve, como: Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica ● Confusão ● Desorientação sem amnesia Não hásequelas, e os sintomas são totalmente reversíveis. Já o quadro mais grave, tem como sintoma: ● Amnésia retrógrada e anterógrada Logo, tem bom prognóstico! → Contusão Cerebral Clássica: É quando tem um trauma e gera uma perda de consciência, porém é transitória e reversível . Podendo haver um grau de amnésia relacionada à magnitude da lesão. Os déficits estarão provavelmente ausente ou permanentes, como: ● Perda de memória ● Tonturas ● Náuseas ● Anemia ● Depressão )síndrome pós-concussão) Também cursa com bom prognóstico. → Lesão Axonal Difusa: É quando o trauma leva a um coma prolongado, sem lesão de massa ou lesão isquêmica . É possível decorticação ou descerebração e disfunções autonômicas (hipertensão-hiper-hidrose), além de sequelas neurológicas tardias. A TC de crânio muitas vezes, tem resultado normal. Pacientes com TCE grave e vem com TC normal é provável que seja lesão axonal difusa. Essa lesão se deve ao mecanismo de cisalhamento devido a aceleração rotacional da cabeça. Anormalidades descritas: ● Lesão focal do corpo caloso ● Lesão de porção rostral de tronco encefálico ● Alterações morfológicas dos axônios sob forma de esferóides de retração → Ferimentos Penetrantes do Crânio: Tem as mesmas abordagens das contusas; Tem um pior prognóstico em pacientes com: ● Glasgow < 5; ● Descerebração ● Decorticação ● Lesão cruzando linha média Causas → Projetos de alta velocidade / projeto de armas de fogo. → Tratamento Clínico do TCE: ● ABC ● Evitar lesões secundárias Ra ya nn e P ers i Resumo Rayanne Persi - ano 2023 - Internato em Cirurgia do Trauma / Clínica Cirúrgica ● Estabilizar a vítima ● Em pacientes TCE grave → via aérea definitiva → hiperventilação → manter o pCO2 entre 25 - 35 mmHg → tomografía → neurocirurgia Medicamentos: ● Manitol (usado em piora do quadro) → quando as pupilas normais evoluem para pupilas dilatadas ou hemiparesia / pupilas dilatadas. E os pacientes NÃO podem estar hipotensos ● Fluidos intravenosos (repor volemia / transfusão de sangue) ● Esteroides → não tem evidência clínica ● Barbitúricos → Elevação da PIC refratária ● Fenitoína → quando paciente convulsiona SEMPRE avaliação do Neurocirurgião ● Solução salina hipertônica ○ Cloreto de ódio 3 - 23,4% ○ Mesmas indicações do manitol mas pode-se usar em pacientes hipotensos ○ Os resultados são semelhantes ao do manitol sem efeito diurético → Tratamento Cirúrgico: ● Quando tem lesões intracranianas de massa (extradural / subdural / intracerebral) ● Lesões de couro cabeludo ● Quando tem fraturas com afundamento de crânio ● Quando tem lesões intracranianas de massa
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