Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CÁLCULO DIFERENCIAL AULA 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo(a) a esta aula, na qual seremos convidados a generalizar um pouco mais o conceito de limite de funções, compreendendo, principalmente, os casos em que Faremos isso com base em um exemplo intuitivo. Além disso, reservamos um espaço para discutirmos melhor o que Prof. Guilherme Augusto Pianezzer significa uma função contínua e que tipo de informações podemos extrair dessa interpretação. Como discutido anteriormente, uma das passagens na resolução de limites envolve o fato de que uma função contínua tem limite no ponto igual ao valor da função. Voltaremos a discutir a diferença entre limite de função e valor da função no ponto. TEMA 1 – LIMITE NO INFINITO: POR QUE PRECISAMOS ANALISAR O LIMITE DE UMA FUNÇÃO QUANDO X CRESCE INDEFINIDAMENTE? Suponha que conheçamos uma função que descreve o tamanho da população de moscas à medida que o tempo passa. Então, um cientista preocupado com saber o comportamento dessa população daqui a muito tempo poderia investigar: . Em um caso muito simplificado de crescimento populacional, podemos imaginar as moscas se multiplicando indefinidamente. Assim, vários modelos irão indicar que: . Tais modelos querem dizer que a quantidade de moscas tende ao infinito. Entretanto, os modelos mais próximos da realidade indicarão que a quantidade de moscas possui um limitante superior, o qual chamaremos de assíntota horizontal. Isso porque existem limitantes reais, como espaço físico, disponibilidade de alimentos e tantos outros, que restringem o tamanho da população a longo prazo. Veja que a análise que faremos pressupõe , o que aparentemente não tem aplicação real (visto que não existe nenhum tempo tão grande quanto o infinito), mas podemos identificar uma forte interpretação de convergência em certos casos. TEMA 2 – ANÁLISE DA FUNÇÃO Y = 1/XN: COMO ENTENDER O COMPORTAMENTO DA FUNÇÃO Y = 1/XN PARA N ≥ 1? A principal técnica de resolução de limite pressupõe a análise das funções: . Então, considere o Gráfico 1. Note que, por se tratar da função , podemos entender o comportamento dessa função ao substituir valores crescentes de . Para obtemos ; para , obtemos 1/2; para , obtemos e assim por diante. Precisamos observar, e isso fica claro com a leitura do Gráfico 1, que, à medida que cresce indefinidamente, isto é, sem parar, o resultado dessa função tende a 0. Gráfico 1 – Função y = 1/x no domínio x = [0,11], desenvolvida com uso do software Geogebra Em termos de limite de funções, podemos afirmar que: . Veja, também, que, ao escolher , também podemos observar que . Note que tal resultado pode ser explorado, intuitivamente, da mesma forma que induzimos o resultado para . Inclusive, para valores maiores de , a função converge mais rapidamente para 0. Poderíamos estar interessados, também, em investigar o que ocorre com essas funções quando Note, observando o Gráfico 2, que Gráfico 2 – Função y = 1/x no domínio x = [-3, 3], desenvolvida com uso do software Geogebra Intuitivamente, também podemos observar, pelo Gráfico 2, que ; . Daí, temos três conclusões. Em primeiro lugar, que , visto que os limites laterais são diferentes. Em segundo lugar, que existe uma diferença entre limite no infinito e limite infinito. Essa nomenclatura fica clara à medida que é utilizada. Em terceiro lugar, dizemos que a reta , nesse caso, é uma assíntota horizontal, visto que a função nunca retorna 0 nas vizinhanças de TEMA 3 – TÉCNICA PARA RESOLUÇÃO DE LIMITES NO INFINITO: COMO UTILIZAR A ÁLGEBRA PARA DETERMINAR O COMPORTAMENTO DE DETERMINADAS FUNÇÕES QUANDO X→∞? Então, vejamos como utilizar os resultados discutidos na seção anterior para encontrar . Note, inicialmente, que, se tentarmos substituir por infinito, o que é matematicamente inviável, visto que não é um número, encontraremos , que também é uma indeterminação. Mais uma vez, estamos tentando substituir uma inconsistência e a álgebra está apresentando que não existe tal valor da função no ponto. Entretanto, pode existir o limite da função quando , isto é, para a vizinhança de Para extrair tal valor, podemos operar evidenciando uma determinada potência de no numerador e no denominador. Veja que, escolhendo , escrevemos: . Então, usamos a propriedade de limites para separar cada um dos termos e analisá-los separadamente. Assim, . Nesse caso, evidenciamos que existem alguns limites cujos resultados tendem a zero. Assim, escrevemos: . Nessa passagem, observamos que , visto que se trata da função constante que mantém esse comportamento quando Por fim, verificamos que . Pelo mesmo raciocínio utilizado para mostrar que , alguém poderia decidir colocar em evidência, em um primeiro momento. Nesse caso, chegaria a Ou seja, chegaria ao mesmo resultado. O Gráfico 3 confirma esse resultado. Gráfico 3 – Função Vejamos um segundo exemplo, em que estamos interessados em determinar: . Assim, escolhemos colocar em evidência, obtendo: . Esse segundo caso mostra com mais facilidade a assíntota horizontal, nesse caso, Veja que isso pode ser observado no Gráfico 4. Gráfico 4 – Função , além da assíntota Em um terceiro caso, podemos estar interessados em investigar o que ocorre quando . Então, colocamos em evidência, obtendo: , o que indica que existem funções que divergem quando , isto é, que crescem indefinidamente. Isso é confirmado no Gráfico 5. Gráfico 5 – Função y = (2x^3-3x^2+1)/(x^2+2x+4) TEMA 4 – ANÁLISE DE UM CASO APLICADO: COMO O ESTUDO DE FUNÇÕES EM X → ∞ PODE SER UTILIZADO PARA CONCLUIR O CENÁRIO DE CASOS REAIS? Considere uma função custo que descreve o custo da produção de uma determinada quantidade de livros. Então, suponha que se refere à quantidade de livros e ao seu custo em reais, de forma que relacionamos a com base em Alguém poderia estar interessado em investigar o que ocorre na produção de uma grande quantidade de livros. Mesmo sendo inviável produzir infinitos livros, vejamos o que essa análise nos diz. Então, suponha que o modelo é dado por: . Note que podemos separar essa função em duas partes: a primeira refere-se ao custo variável, visto que ele varia à medida que você escolhe produzir mais livros. Isso porque haverá, com essa decisão, gastos crescentes de matéria-prima, mão de obra e tantos outros fatores. A segunda parte refere-se ao custo fixo, visto que ele existe mesmo quando se decide produzir livro nenhum. Isso porque há um custo de aluguel, de contratos de maquinários e tantos outros fatores que devem ser pagos mesmo sem produção nenhuma. É fácil observar que: . Isso mostra que, quando se decide produzir infinitos livros, não se terá condições de pagar por tal coisa. Entretanto, vejamos o que ocorre com o custo médio quando . O custo médio é dado por: , o que indica quanto custa produzir cada um dos livros para um determinado nível de produção. Assim, para dado, podemos chegar a . Agora, vejamos o que ocorre com o custo médio quando cresce indefinidamente. Nesse caso, é fácil observar que . o que indica para nós que, à medida que produzimos mais livros, o custo médio, isto é, o custo por livro se aproxima do custo variável. De forma equivalente, observarmos que o custo fixo é diluído ao longo de cada um dos livros, de forma que, para , tal custo é irrelevante para a produção. TEMA 5 – CONTINUIDADE: COMO CONSTRUIR O CONCEITO DE CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO? Vejamos o conceito de continuidade de função. De forma intuitiva, verificamos que existe continuidade em diversos tipos de fenômenos. Por exemplo, quando soltamos um objeto em queda livre do quinto andar de um prédio, não podemos imaginar que ele tenha chegado ao térreo sem passar no terceiro ou no quarto andar. Sobre esse comportamento de uma função, dizemos que ela é contínua. Mas, para realizarmos a definição corretamente, vejamos o que ocorrequando a função não é contínua em um ponto, isto é, que é descontínua. Por exemplo, temos o Gráfico 6. Nele, traçamos a função e uma assíntota vertical . Tal função não é contínua, visto que, quando pela esquerda, ; já quando pela direita, . Então, observamos que uma condição necessária, mas não suficiente, para que a função seja contínua é que deve existir limite de função no ponto. Gráfico 6 – Função , além da assíntota vertical Então, vejamos o caso da função apresentada no Gráfico 7. Nela, apresentamos a função vista anteriormente, representando a velocidade de um trem. Note que, para o caso em que , a função apresenta limite para , cujo resultado é 4. Entretanto, a função não está definida no ponto. Assim, verificamos a necessidade de existir o valor da função no ponto como a segunda condição necessária, mas ainda não suficiente para determinar se a função é contínua no ponto. Gráfico 7 – Função No último caso, apresentamos a função , quando ; e quando , no Gráfico 8. Essa função separada por partes é descontínua, mesmo existindo valor da função em e existindo limite da função quando Gráfico 8 – Função y = x2, quando x ≠ 0; e y = 1, quando x = 0 Assim, podemos escrever que uma função é contínua, em um ponto , quando atender às seguintes condições: a. existe ; b. existe ; c. . Ressaltamos que existe diferença entre ambos os conceitos. Também definimos que uma função é dita contínua (ou inteiramente contínua) quando ela é contínua em todos os pontos. Por exemplo, vamos considerar a função definida por . Será que existe algum valor de de forma que seja contínua em ? Primeiro, encontramos . Observamos que . Na sequência, devemos verificar . Como a função é separada por partes, devemos verificar os limites laterais. No caso esquerdo, verificamos que: . No caso direito, que: . Para existir limite, devemos ter: ; ; . Assim, para o caso em que , . Para mostrar que a função é contínua, devemos garantir que ; . Como essa equação é uma identidade, garantimos a continuidade da função. NA PRÁTICA Calcule os seguintes limites: a. ; b. ; c. ; d. ; e. ; f. ; g. ; h. ; i. ; j. ; k. . FINALIZANDO Nesta aula, aproveitamos para reforçar um pouco mais o tipo de operação em que estamos interessados quando estamos calculando o limite de funções. Com isso, já temos ferramentas disponíveis para determinar o que seria a derivada de uma função.
Compartilhar