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SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA 2018 Profª Ana Manuela Silva João GABARITO DAS AUTOATIVIDADES 2 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA UNIDADE 1 TÓPICO 1 1 Em relação ao quadro que foi demonstrado no conteúdo, cite três exemplos de direitos que podem ser pactuados por meio de negociação coletiva. R.: São direitos que podem ser objeto de negociação coletiva todos aqueles que constam no artigo 611-A da Consolidação das Leis do Trabalho, tais como: pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; banco de horas anual; intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei nº 13.189, de 19 de novembro de 2015; plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; regulamento empresarial; representante dos trabalhadores no local de trabalho; teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual; modalidade de registro de jornada de trabalho; troca do dia de feriado; enquadramento do grau de insalubridade; prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho; prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; participação nos lucros ou resultados da empresa. Assim, dentro desse rol, poderão ser escolhidos três direitos que podem ser objeto de negociação coletiva. 2 Analisando o quadro comparativo, exponha três direitos que jamais poderão ser objeto de negociação coletiva. R.: Os direitos que jamais podem ser objeto de negociação coletiva são aqueles que fazem parte do rol constante no artigo 611-B da CLT. Dessa maneira, podem ser elencados três dos seguintes direitos: Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social; seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de 3 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); salário-mínimo; valor nominal do décimo terceiro salário; remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; salário-família; repouso semanal remunerado; remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal; número de dias de férias devidas ao empregado; gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias; licença-paternidade nos termos fixados em lei; proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho; adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas; aposentadoria; seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador; ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência; proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; medidas de proteção legal de crianças e adolescentes; igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso; liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho; direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender; definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve; tributos e outros créditos de terceiros; as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta Consolidação. 3 Como, a partir da reforma, será feita a contribuição sindical? R.: Antes da Reforma Trabalhista, a contribuição sindical se fazia obrigatória para qualquer trabalhador da categoria, ainda que não fosse filiado ao sindicato. Com o advento da Reforma, a contribuição deixou de ser obrigatória. Sendo a contribuição sindical facultativa, será devida apenas por aqueles trabalhadores que expressamente e de forma prévia autorizarem referida contribuição. 4 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA Isso quer dizer que a contribuição sindical continuará sendo descontada em folha pelos empregadores, mas para que isso possa acontecer, o empregado deverá de forma expressa e anterior à data da contribuição autorizar que a mesma seja descontada de sua folha de pagamento. 4 Analise a ordem de preferência entre a lei, acordos coletivos e negociações coletivas após a Reforma Trabalhista. R.: A Lei 13.467/2017 que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho estipulou uma nova ordem de preferência entre o que é estipulado por meio de lei e o que é estipulado por meio de negociações coletivas; e foi além, determinou também uma ordem de preferência dentre as formas de negociação coletiva, ou seja, entre acordos e convenções coletivas. Pois bem, com a Reforma, portanto, estabeleceu-se que o negociado terá prevalência sobre o legislado – a não ser que a lei trate dos assuntos constantes no art. 611-B da CLT. Dessa feita, como regra, as negociações coletivas terão prevalência sobre a lei, o que quer dizer que quando empregados e empregadores acordarem um direito por meio de negociação coletiva, esse acordo poderá, inclusive, estipular condições que contrariem o que foi disposto em lei. Além disso, a Reforma também determinou que sempre prevalecerão os acordos coletivos sobre as convenções coletivas, uma vez que os acordos são mais específicos que as convenções, por se tratarem de negociações que são feitas entre o sindicato de trabalhadores e a empresa, diferente das convenções que são realizadas entre sindicatos de empregadores e sindicatos profissionais da mesma categoria. Concluindo, portanto, temos que a ordem de preferência se demonstra como: acordos coletivos prevalecem sobre convenções coletivas e esses prevalecem sobre a lei, a não ser que a legislação trate de assuntos constantes no rol do artigo 611-B da CLT. 5 Julgue como Verdadeiras ou Falsas as sentenças a seguir: a) (F) As convenções coletivas sempre prevalecerão sobre os acordos coletivos. b) (F) Podem ser pactuadas horas extras diárias, em acordo coletivo, em número superior a duas horas. c) (V) A adesão ao Programa Seguro-Emprego pode ser objeto de negociação coletiva. d) (F) Em negociação coletiva poderá haver estipulação de horário noturno equivalente ao horário diurno. e) (V) O trabalhador poderá escolher se contribui ou não para o custeio do sindicato de sua categoria profissional. 5 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVAf) (F) Em negociação coletiva poderá ser estipulada a proibição do exercício de greve por determinada classe trabalhadora. g) (F) O tempo de licença-maternidade pode ser pactuado por meio de negociação coletiva. h) (V) Podem as partes pactuar, por meio de acordo coletivo, jornada de 12 horas por 36 de descanso. i) (F) O Regulamento Empresarial não pode ser negociado por meio de negociação coletiva, uma vez que diz respeito à própria empresa. j) (F) No que diz respeito ao seguro por acidente de trabalho, os sindicatos patronais e os sindicatos dos trabalhadores poderão, em convenção coletiva, decidir que o mesmo não será responsabilidade do empregador. TÓPICO 2 1 O que são Direitos Transindividuais? R.: Os direitos transindividuais são os direitos que ultrapassam a esfera de um indivíduo para se demonstrarem como direitos de uma coletividade. São espécies de direitos transindividuais: os direitos difusos, coletivos e os direitos individuais homogêneos. Referidos direitos, por irem além da esfera individual, diz-se que estão situados entre os interesses público e privado. 2 Qual o fundamento jurídico dos Direitos Transindividuais? Podemos encontrar fundamento na legislação brasileira tanto na carta constitucional como na legislação infraconstitucional. No entanto, a Constituição Federal, embora cite em determinadas passagens a existência desses direitos, não se preocupou em aprofundar-se na definição dos mesmos. Portanto, no ordenamento jurídico brasileiro, podemos retirar o fundamento desses direitos transindividuais do Código de Defesa do Consumidor, que no artigo 81 vai prever que: I- interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II- interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III- interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. 6 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA Assim, a base jurídica dos direitos transindividuais é, principalmente, o artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor. 3 Quais dos Direitos Transindividuais podem ser aplicados às Relações Coletivas do Trabalho? Por quê? R.: Tanto os direitos difusos, quanto os direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos podem ser encontrados nas relações coletivas de trabalho em maior ou menor grau. Tem-se que, como regra, as relações coletivas de trabalho não envolverão os direitos difusos pois a principal característica dos mesmos é o fato de ser praticamente impossível determinar quem são os sujeitos detentores dos interesses em jogo, uma vez que se tratam de interesses de toda uma coletividade. No entanto, há situações que poderemos ver, por exemplo, os sindicatos atuando na defesa de interesses difusos, como é o caso de uma oferta de emprego, por parte de uma empresa, que seja amplamente divulgada e, portanto, disponível para toda a coletividade, que seja discriminatória. Nesse caso, estaremos diante de um interesse difuso que será protegido pelo órgão sindical e que, portanto, demonstra que esse tipo de interesse poderá ser objeto de uma relação coletiva de trabalho já que envolverá o sindicato profissional, representando os interesses dos empregados e da coletividade, de um modo geral contra a empresa que veiculou propaganda discriminatória. Por outro lado, a grande maioria das relações coletivas de trabalho, nomeadamente no que tange às negociações coletivas de trabalho abordarão os direitos e interesses coletivos, uma vez que esses são os direitos e interesses pertencentes a uma coletividade bem definida, como é o caso, por exemplo, de uma coletividade de empregados pertencentes à mesma categoria profissional. Assim, é fácil perceber que é possível a relação desses direitos com as relações coletivas de trabalho. Por fim, os direitos individuais homogêneos também poderão se relacionar com as relações coletivas de trabalho, pois, apesar de serem interesses que em regra dizem respeito a um número mais reduzido de pessoas facilmente determináveis pelo vínculo fático-jurídico que as une, é necessário que sem interesses que extrapolam os interesses simplesmente individuais. Com isso, casos haverá em que, por exemplo, em caso de acidente dentro de uma empresa, os sindicatos devam defender os interesses dos envolvidos contra a empresa, demonstrando a presença de uma relação coletiva. 7 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA 4 O que diferencia os Direitos Difusos dos Direitos Coletivos em sentido estrito? R.: Basicamente, os direitos difusos se diferenciam dos direitos coletivos pela possibilidade de definição dos titulares dos direitos que estão em jogo. Isso quer dizer que quando se tratar de direitos difusos, a coletividade será titular desses direitos, sendo quase ou totalmente impossível determinar exatamente as pessoas que fazem parte dessa coletividade, uma vez que se trata da própria sociedade, como um todo. Já os direitos coletivos são aqueles que, embora titularizados por um grande número de pessoas, o grupo é plenamente identificável, como ocorre, por exemplo, por uma categoria profissional de trabalhadores. 5 O que são Relações Coletivas de Trabalho? R.: As relações coletivas de trabalho são aquelas que envolvem um grupo de pessoas, de forma diferente da relação individual de trabalho que se dá entre empregado e empregador, ou seja, para que se possa falar em relação coletiva de trabalho, deve-se estar diante de relações que envolvam os sindicatos das categorias profissionais ou econômicas, ou mesmo relações que envolvam a coletividade de empregados de uma empresa e os seus empregadores. O importante aqui é que haja uma coletividade de pessoas que sejam reguladas pela mesma situação. 6 Como podem ser classificadas as Relações Coletivas de Trabalho? R.: As relações coletivas de trabalho podem ser classificadas como relações sindicais e não sindicais. Quando houver a participação dos sindicatos representando as categorias, estar-se-á diante de uma relação coletiva de trabalho sindical. Quando os próprios empregados, por meio de seus representantes eleitos ou não, unirem- se para buscar a garantia de seus interesses e direitos, estaremos diante de uma relação coletiva não sindical dentro do âmbito da própria empresa. 7 É possível que uma categoria de trabalhadores busque a concreção de interesses e direitos coletivos sem a participação do sindicato? Cite exemplos. R.: Sim, é possível. Acontecerá nos casos de relações não sindicais, nas quais os próprios empregados buscarão a concretização de seus direitos. Com isso, poderemos ver um exemplo quando estivermos diante da Comissão 8 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA de Representantes dos Empregados, que nada mais é que uma comissão eleita entre os próprios empregados para que esses defendam os interesses dos trabalhadores da empresa frente aos empregadores, ou ainda, em qualquer tipo de relação que surja, ainda que não regida por lei, mas que se configure por uma coletividade de empregados unidos em busca da defesa de seus direitos. 8 Classifique como Verdadeiras ou Falsas as sentenças a seguir: a) (F) As Relações Coletivas de Trabalho sempre serão consideradas relações sindicais. b) (F) Tanto interesses difusos, quanto coletivos e individuais homogêneos podem ser encontrados no estudo das negociações coletivas, embora vejamos com mais frequência a incidência de defesa dos interesses difusos. c) (V) A diferença dos interesses coletivos para os interesses difusos está na capacidade de determinara existência ou não de um grupo específico de pessoas. d) (V) Embora extremamente importantes para a busca de concretização de interesses de uma coletividade de trabalhadores, haverá casos em que os sindicatos não serão necessários para intermediar uma negociação coletiva. e) (F) A eleição de representantes de empregados, dentro de uma empresa, será obrigatória quando, na empresa, houver um número maior do que 100 empregados. f) (V) Uma empresa que veicule propostas de emprego discriminatórias na internet, ou em jornais de grande circulação, estará diretamente afetando interesses difusos, uma vez que não se pode determinar a quem essas propostas atingirão e os sindicatos poderão atuar na defesa desses interesses. g) (V) São interesses individuais homogêneos capazes de ensejar a participação dos sindicatos de trabalhadores na defesa dos mesmos, aqueles que decorrem de um acidente de trabalho que atinge diversos trabalhadores da mesma empresa. 9 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA TÓPICO 3 1 Qual foi o contexto do surgimento da OIT? R.: O contexto que se apresentava para que, futuramente, se fizesse necessária a criação da OIT, era o da Revolução Industrial, momento no qual as indústrias começaram a atrair as pessoas para os centros industriais, em busca de trabalho; porém, esse trabalho era extremamente precário, uma vez que não havia nem a presença dos sindicatos, que ainda não haviam sido criados, nem tampouco um órgão como a OIT que fosse responsável por criar regras e garantir o respeito aos direitos dos trabalhadores. Assim, após o fim da guerra e a assinatura da Conferência de Paz em Versalhes, já visualizando essa situação deplorável de trabalho nas fábricas, criou-se a Organização Internacional do Trabalho para corrigir as condições de trabalho e criar normas internacionais referentes aos direitos trabalhistas. 2 Qual a finalidade da criação da OIT? R.: A criação da OIT se deu por dois motivos principais (motivo humanista e político), com a finalidade de garantir tanto que fossem ajustadas as condições de trabalho nas indústrias, já que as mesmas eram deploráveis e não garantiam sequer a dignidade dos trabalhadores; bem como a finalidade de criar normas internacionais regulamentadoras dos direitos trabalhistas. 3 Discorra sobre a vertente humanista e sobre a vertente política que motivaram a criação da OIT. R.: A vertente humanista é justamente a motivação que se preocupava especificamente com a vida dos trabalhadores nas fábricas. Isso porque, como as pessoas trabalhavam em condições insalubres, por longas horas, sendo mal remuneradas, em busca apenas de satisfazer os interesses do capital, era necessário que fosse criado um órgão capaz de fiscalizar e garantir que os trabalhadores além de possuir determinados direitos, que os mesmos fossem efetivamente cumpridos. Inclusive no que diz respeito ao trabalho das crianças e das mulheres, que em situação de vulnerabilidade, não possuíam quem os defendesse e garantisse melhores condições de trabalho. Já a vertente política diz respeito à finalidade de se criar um órgão capaz de editar normas internacionais regulamentadoras dos direitos trabalhistas, bem como na questão de permitir uma intervenção estatal nas relações sociais de caráter trabalhista, uma vez que até então o liberalismo fazia com que o Estado não interviesse na economia e consequentemente na forma como os empregadores conduziam as relações de trabalho em suas empresas. 10 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA 4 Quais são os principais órgãos que estruturam a OIT e suas respectivas funções? R.: Os principais órgãos que compõem a estrutura da OIT são: a) Conferência Geral dos Representantes dos Estados-Membros; b) Conselho de Administração; c) Repartição Internacional do Trabalho. A Conferência Geral é o órgão supremo da Organização Internacional do Trabalho, tem o objetivo de convocar as sessões, elaborar as convenções internacionais e as recomendações que são feitas aos Estados-Membros. Por sua vez, o Conselho de Administração é o responsável pela Organização, devendo elaborar e controlar a execução das políticas que são adotadas na Conferência Geral. Finalmente, a Repartição Internacional do Trabalho será responsável pela centralização e distribuição de todas as informações referentes à regulamentação internacional e, ainda, pelo estudo das questões que serão submetidas às discussões da Conferência Geral; também será responsável pela realização de inquéritos, preparação de documentos para as sessões da Conferência, fornecimento de auxílio aos Estados-membros para o desenvolvimento de leis de caráter trabalhista e a publicação de informações de interesse internacional sobre indústria e trabalho. 5 O que caracteriza a estrutura tripartite dos órgãos da OIT? R.: A estrutura tripartite nada mais é que a característica que detém os órgãos da OIT de serem compostos não só pelos Estados-Membros, como também por representantes dos empregados e dos empregadores de cada Estado participante. 6 No que tange ao direito coletivo do trabalho, quais são as mais importantes convenções internacionais e qual é o objeto da sua regulamentação? R.: São diversas as convenções sobre o direito do trabalho editadas pela OIT; porém, no que concerne às relações coletivas de trabalho, as mais importantes que podemos elencar são: Convenção nº 87, que dispõe sobre a não interferência do Estado nas Associações Sindicais. 7 Por que a Convenção nº 87 da OIT é incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro? Cite, pelo menos, três motivos determinantes. R.: O Brasil não foi capaz de ratificar a Convenção n. 87 porque o ordenamento brasileiro contém normas que vão de encontro com o que foi previsto em referida convenção, ou seja, normas que limitam a liberdade sindical 11 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA plena, tais como: o artigo 8º da CF que impõe restrições à organização dos sindicatos; a imposição de unicidade sindical – que nada mais é que uma forma de tolher a plena liberdade de associação sindical, já que determina a existência de apenas uma entidade sindical da categoria dentro de uma mesma base territorial mínima, que se configura como a área de um município; bem como a restrição para criação de mais de uma entidade de grau maior de caráter sindical – federação ou confederação – também dentro de uma mesma base territorial. 8 Classifique como Verdadeiras ou Falsas as sentenças a seguir: a) (F) As convenções editadas no âmbito da OIT são autoaplicáveis nos Estados Membros. b) (V) Segundo o que foi estipulado pela Convenção nº 87 da OIT, os trabalhadores e empregadores podem constituir, sem necessidade de autorização pelo poder público, organização sindical. c) (F) No Brasil, o texto da Constituição é claro em permitir a pluralidade de sindicatos da mesma categoria em uma única base territorial. d) (V) De acordo com a Convenção nº 98 da OIT, que foi ratificada pelo Estado brasileiro, os empregados que forem filiados a qualquer sindicato não poderão sofrer qualquer tipo de tratamento diferenciado – discriminatório – por parte do empregador. e) (V) Dentro do quadro estruturante da OIT, podemos encontrar não apenas os Estados Membros, como representantes da classe trabalhadora e empresarial de todos os Estados que fazem parte da Organização. f) (F) São órgãos que compõem a OIT: Tribunal dos Estados; Conselho Administrativo e Repartição Internacional. g) (F) É responsabilidade do Conselho de Administração da OIT elaborar as convenções internacionais, ao passo que cabe à Conferência Internacional a gestão da Organização. h) (V) As Convenções de Direito Coletivo do Trabalho que são discutidas e elaboradas pela Conferência Internacional do Trabalho nada mais são que tratados, de caráter normativo, celebradosentre diversos Estados e ratificados por aqueles que quiserem, sem prazo para essa aceitação. i) (F) No Brasil há uma estrutura piramidal no que se refere à organização sindical, na qual se encontram no todo as federações – união de cinco confederações, no meio as confederações – união de cinco sindicatos – e embaixo os sindicatos. 12 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA TÓPICO 1 1 Sabendo que a liberdade sindical é uma realidade brasileira, explique por que não podemos falar em uma liberdade sindical plena. R.: Embora exista o princípio da liberdade sindical no Brasil, inclusive garantindo a não intervenção do Estado nos mesmos, não podemos afirmar que se trata de uma liberdade sindical plena, já que há obrigatoriedade de garantir a unicidade sindical, o que impede a livre criação de vários sindicatos representantes da mesma categoria dentro de uma mesma base territorial, que tem como menor área possível o limite de um município; o que quer dizer que, ao menos dentro de um município, não se vislumbra a liberdade de criação de mais de um sindicato para a mesma categoria profissional ou econômica. 2 No que consiste a noção de unicidade sindical? R.: A unicidade sindical é, justamente, a garantia de que em uma mesma base territorial exista apenas um sindicato capaz de representar uma categoria profissional ou econômica. Diz-se, ainda, que a unidade sindical garante uma maior concentração de forças visando a defesa dos interesses dos representados pelo sindicato, o que, talvez, não aconteceria se houvesse uma pluralidade de sindicatos representantes de uma mesma categoria. 3 De acordo com o princípio da autorregulamentação, pode-se dizer que os empregados e empregadores, por meio de seus representantes, podem produzir normas? Justifique. R.: Sim. Isso porque o princípio da autorregulamentação nada mais é que a possibilidade de criação de normas por parte dos próprios destinatários das mesmas, ou seja, não se tratam de normas heterônomas, impostas pelo Estado. Assim, por meio das negociações e contratos coletivos, os sindicatos, empregados e empregadores criam leis que serão aplicadas às próprias relações. 4 Há limites para a criação de normas contratuais por meio de negociação coletiva? Aponte os princípios e as normas que fundamentam sua resposta. UNIDADE 2 13 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA R.: Embora haja liberdade para criação de normas coletivas, há limites impostos a essa liberdade. O próprio artigo 611-B nos demonstra uma lista de direitos que não podem ser suprimidos por meio de negociações coletivas, notadamente os direitos constitucionais. Nesse sentido, o princípio da adequação setorial negociada é o responsável por nortear essa criação normativa, que deve respeitar os limites constitucionais e legais impostos no que diz respeito às negociações coletivas para que essa atividade criativa não ultrapasse os limites, principalmente no que tange à redução ou supressão dos direitos. 5 Em que consiste o princípio da Transparência nas negociações coletivas e por que ele é tão importante para a realização das mesmas? R.: O princípio da transparência nada mais é que a garantia de que as negociações coletivas sejam realizadas com base na boa-fé de ambas as partes, ou seja, o que se pretende é que, ao negociar, nenhuma das partes haja deliberadamente para prejudicar a outra, devendo apenas lutar para garantir os próprios direitos. Trata-se de princípio de suma importância porque as negociações coletivas fazem normas aplicáveis aos empregados e empregadores e, caso não sejam realizadas de forma transparente, estar-se-ia diante de uma norma que não respeitou sequer os limites sociais a elas imposto. 6 Julgue como Verdadeiros ou Falsos os itens a seguir: a) (F) O princípio da boa-fé nada mais é que uma garantia de que serão observados os limites legais e constitucionais impostos às negociações coletivas. b) (F) No Brasil, dentro de uma mesma base territorial podemos encontrar mais de um sindicato que defenda a mesma categoria, devido ao princípio da Liberdade sindical e Pluralidade de sindicatos. c) (V) A criação de normas contratuais por meio de negociação coletiva é reflexo do princípio da autorregulamentação que pauta os acordos e convenções coletivas. d) (V) Os sindicatos podem se organizar e definir sua forma de administração sem que o poder público possa interferir nas decisões, a não ser que cometam ato ilícito. e) (F) A adequação setorial negociada diz respeito à liberdade que possuem as categorias profissionais de se associar em sindicatos nos mais diversos setores de um município. 14 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA f) (V) Em consonância com a Convenção nº 87 da OIT, o Brasil definiu que o poder público jamais poderá interferir na criação de um sindicato. g) (V) Os trabalhadores são livres para se filiar aos sindicatos das respectivas categorias que os representam, bem como para, se não quiserem, não se filiar, no exercício do seu direito negativo de filiação. TÓPICO 2 1 Cite e explique as formas de financiamento dos sindicatos no Brasil. R.: As formas de custeio das associações sindicais são: contribuição sindical; contribuição federativa; contribuição assistencial e mensalidade sindical. A contribuição sindical nada mais é que a parcela do salário do trabalhador que é destinada, de forma facultativa – e com expressa anuência – ao custeio do sindicato, bem como o valor destinado pelos empregadores para financiar os sindicatos de natureza econômica. Já a contribuição federativa se destina ao financiamento do sistema confederativo; ocorre que essa contribuição é devida apenas pelos empregados filiados ao sindicato, uma vez que surge de deliberação interna na assembleia geral dos próprios sindicatos. Por sua vez, a contribuição assistencial tem como objetivo suprir os gastos decorrentes da participação dos sindicatos em negociações coletivas e são cobradas dos filiados ao sindicato e deve ser prevista na própria negociação coletiva. Por fim, a mensalidade sindical é o valor pago pelos associados como contraprestação pelos serviços assistenciais oferecidos pelos sindicatos, tais como médicos, dentistas, advogados ou até mesmo clubes recreativos para os filiados do sindicato. 2 Quais os órgãos que compõem os sindicatos e quais as funções de cada um e suas formas de composição? R.: Os sindicatos são compostos por Assembleia Geral, Diretoria e Conselho Fiscal. A Assembleia Geral é o órgão deliberativo do sindicato, responsável pela eleição dos dirigentes sindicais, bem como pela aprovação de contas, aplicação do patrimônio do sindicato, julgamento dos atos da diretoria e pronunciamento sobre dissídios trabalhistas. Já a Diretoria é composta por no mínimo 3 e no máximo 7 membros, que gozam de estabilidade no emprego – são eleitos pela Assembleia Geral –, e é responsável pela administração do sindicato, e pela eleição do Presidente do Sindicato. 15 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA Por fim, o Conselho Fiscal é formado por 3 membros – que não adquirem estabilidade – e é responsável pela gestão financeira do sindicato; seus membros também são eleitos pela Assembleia Geral. 3 No que consiste o sistema confederativo? Explique como se dá a formação de cada uma das entidades que o compõem. R.: O sistema confederativo nada mais é que o sistema que é formado pelos sindicatos, federações e confederações numa estrutura piramidal, na qual a base é composta pelos sindicatos, que unidos formam o meio da pirâmide que são as federações, que, por sua vez, unidas formam as confederações. Portanto, a união de, no mínimo, cinco sindicatos forma uma federação e a união de, no mínimo, três federações é capaz de formar uma confederação. 4 Em se tratando de negociações coletivas, qual é o papel dascentrais sindicais? R.: Embora prestem importante serviço na defesa dos interesses políticos dos empregados, as centrais sindicais não fazem parte do sistema confederativo e não são, propriamente, sindicatos. Por conta disso, não estão habilitadas a participar nas negociações coletivas representando os empregados, já que esse é papel dos sindicatos. 5 O que são categorias e como se classificam? R.: As categorias são o que diferenciam os sindicatos que defendem interesses patronais e interesses dos trabalhadores. Assim, no Brasil, podemos encontrar a categoria dos trabalhadores, a categoria econômica e ainda a categoria profissional diferenciada para a qual não existe uma categoria econômica correspondente. 6 Classifique como Verdadeiros ou Falsos os itens a seguir: a) (V) A Assembleia Geral dos sindicatos possui competência para deliberar sobre a criação de contribuição adicional, que não diz respeito à contribuição sindical ou confederativa. b) (F) Podem participar de negociações coletivas: os sindicatos, as federações, as confederações e as centrais sindicais. c) (F) A contribuição confederativa deve ser paga por todos os empregados da categoria, independente de filiação ao sindicato. d) (F) A forma de custeio dos serviços de assistência prestados pelo sindicato, como manutenção de clubes de recreação, fornecimento de serviços de saúde etc. é chamada de contribuição assistencial. 16 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA e) (V) A contribuição sindical é facultativa, cabendo aos empregados anuir prévia e expressamente com o desconto no salário para esse fim. f) (F) Apenas os trabalhadores podem reunir-se em sindicatos, sendo vedada essa prática àqueles que pertencem à classe dos empregadores, uma vez que já possuem vantagens nas relações trabalhistas, por sua posição de superioridade. g) (V) Caso um empregado não filiado ao sindicato da sua categoria tenha descontada em sua folha de pagamento a contribuição confederativa, o mesmo poderá pedir ressarcimento pelos meios cabíveis. h) (V) A contribuição sindical pode ser paga por qualquer trabalhador da categoria, filiado ou não ao sindicato, desde que concorde com o desconto em folha. Já as contribuições confederativa e assistencial só poderão ser cobradas dos empregados filiados ao sindicato. i) (V) Os órgãos que compõem o sindicato são: Assembleia Geral, Diretoria e Conselho Fiscal. j) (F) É de responsabilidade da Assembleia Geral a eleição do presidente do sindicato. k) (F) O sistema confederativo é composto pelas centrais sindicais, confederações, federações e sindicatos. TÓPICO 3 1 Quais os limites para a negociação coletiva? Onde podem ser encontrados? R.: Os limites para as negociações coletivas podem ser encontrados no artigo 611-B da CLT e dizem respeito, principalmente, às garantias constitucionais dos trabalhadores que não poderão ser objeto de negociações coletivas. 2 Discorra sobre os acordos e as convenções coletivas, apontando os critérios que os aproximam e que os diferenciam. R.: Tanto os acordos como as convenções coletivas são espécies do gênero negociação coletiva, assim, se aproximam no sentido de que ambos visam a negociação de normas coletivas que serão aplicadas às partes negociantes. Porém, cada um tem suas peculiaridades. Os Acordos Coletivos são negociações feitas entre o sindicato profissional e a empresa – sendo, portanto, facultativa a presença do sindicato de natureza econômica. Sendo assim, essa espécie de negociação é mais restrita e específica, uma vez que realizada dentro do âmbito da própria empresa, não se estendo às demais empresas do mesmo ramo. 17 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA Já a Convenção Coletiva, por sua vez, é forma de negociação coletiva mais ampla, uma vez que realizada entre sindicatos profissional e econômico, visando a estipulação de condições de trabalho gerais para aquele setor e não apenas para uma empresa específica. Por conta disso é que os acordos coletivos, desde a Reforma Trabalhista, prevalecem sobre as convenções coletivas, já que são mais específicos e capazes de abranger melhor as necessidades dos trabalhadores e empregadores de determinada empresa. 3 Por quanto tempo pode durar um acordo coletivo? R.: Com a reforma trabalhista, vedou-se a ultratividade, o que quer dizer que pela leitura do artigo 614, §3º da CLT um acordo coletivo não poderá valer por mais que dois anos, ressalvada a possibilidade de ser pactuado um prazo menor no acordo coletivo. 4 As normas que regem os contratos de trabalho, fruto de negociações coletivas, se incorporam ao contrato? R.: O objeto de acordo coletivo ou de convenção coletiva não se incorpora ao contrato, uma vez que são normas transitórias que não poderão passar de 2 anos, portanto, não faria sentido que essas fossem incorporadas ao contrato de trabalho, uma vez que se assim fosse, permaneceriam surtindo efeito mesmo depois de encerrado o prazo de vigência da negociação coletiva. 5 Classifique como Verdadeiros ou Falsos os itens a seguir: a) (F) É válida cláusula de negociação coletiva que suprima intervalo intrajornada da classe operária. b) (F) Nas convenções coletivas é facultada a presença dos sindicatos econômicos. c) (F) É plenamente possível a estipulação de acordo coletivo que dure por três anos, uma vez que o negociado sempre prevalecerá sobre o legislado. d) (V) Já que as negociações coletivas devem ter prazo máximo de dois anos, aquilo que for pactuado entre as partes não se incorpora ao contrato de trabalho. e) (F) Podem os sindicatos, no exercício da sua autoridade como representante da categoria, apreciar os pedidos de negociação coletiva, julgando em quais momentos deve agir ou arquivando os pedidos que não tenham razão de ser. f) (F) Os acordos coletivos são celebrados entre sindicatos profissionais e sindicatos econômicos, obrigatoriamente. 18 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA UNIDADE 3 TÓPICO 1 1 Quais empresas serão obrigadas a constituir comissão de representantes? R.: Segundo o artigo 11 da Constituição Federal e o recém-criado artigo 510-A da Consolidação das Leis do Trabalho, serão obrigadas a constituir comissão de representantes as empresas que tiverem mais de 200 empregados. Isso, no entanto, não quer dizer que empresas com menos empregados não possam constituí-las, se acharem necessário, porém a obrigatoriedade recai apenas para aquelas que empregarem mais de 200 pessoas. 2 Quais são as vantagens aos empregados no que tange à eleição de uma comissão que os representa? R.: Partindo-se do pressuposto de que as empresas com mais de 200 empregados são empresas de porte considerável, podemos perceber que a comunicação direta entre empregados e empregadores se torna mais dificultada, ou seja, é difícil para os empregados fazerem reconhecer seus anseios perante os empregadores, já que o contato entre eles é mais complicado. Assim, a eleição de uma Comissão que irá atuar especialmente com o intuito de viabilizar essa comunicação é de extrema relevância à classe trabalhadora, uma vez que ao permitir o diálogo entre patrões e empregados, poderão ser evitados diversos conflitos e o meio ambiente da empresa será muito mais agradável para ambas as partes da relação contratual. Além do mais, será de responsabilidade da Comissão zelar para que as promessas feitas pelos empregadores sejam colocadas em prática, mas não apenas isso, que essas sejam implantadas de maneira rápida e eficaz, cobrando dos empregadores a sua implantação. E isso será possível porque os membros da Comissão de Representantes adquirem estabilidade provisória no emprego desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, garantindo uma atuação mais incisiva desses representantes que só poderão ser demitidos durante o período deestabilidade por justa causa, seja ela de motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. 19 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA 3 Cite e explique as atribuições da comissão de representantes dos empregados. R.: De acordo com o artigo 510-B da CLT a Comissão de Representantes será responsável por: a) Representar os empregados perante a administração da empresa: atuando como mediadora do diálogo, uma vez que receberá dos empregados as demandas e as repassará para os responsáveis pela administração da empresa. b) Aprimorar o relacionamento entre a empresa e empregados com base nos princípios da boa-fé e respeito mútuos: isso quer dizer que não apenas a comissão deverá levar os anseios dos empregados aos empregadores, como também será responsável por demonstrar aos trabalhadores o que tem sido feito pela empresa, visando atender às demandas que lhe são propostas, para que se viabilize um bom relacionamento entre as partes. c) Promover o diálogo e o entendimento no ambiente de trabalho com o fim de prevenir conflitos: entende-se assim que, não apenas a comissão deverá zelar por um ambiente saudável de trabalho entre empregados e empregadores, mas também deverá prezar pela eliminação de conflitos entre os empregados, para que haja sempre um ambiente propício para o bom desenvolvimento das atividades laborais. d) Buscar soluções para os conflitos decorrentes da relação de trabalho, de forma rápida e eficaz, visando à efetiva aplicação das normas legais e contratuais: será, portanto, missão da comissão pressionar a empresa para que a mesma possa cumprir com o que foi prometido após as demandas dos trabalhadores e que esse cumprimento se dê de forma rápida e eficaz, trazendo respostas aos empregados e garantindo que as normas trabalhistas decorrentes das leis e dos contratos sejam efetivamente aplicadas. e) Assegurar tratamento justo e imparcial aos empregados, impedindo qualquer forma de discriminação por motivo de sexo, idade, religião, opinião política ou atuação sindical: será responsabilidade da comissão, ainda, não permitir que haja qualquer tipo de discriminação no ambiente de trabalho, tanto acerca das características das pessoas, das suas convicções, como também no que concerne à atuação sindical dos empregados, para que os empregadores não os trate de forma diferente, desestimulando que façam parte dos movimentos sindicais. f) Encaminhar as reivindicações específicas dos empregados de seu âmbito de representação: a comissão será responsável por receber dos empregados as suas demandas e repassá-las para a administração da empresa, não podendo escolher quais demandas serão encaminhadas, uma vez que deve garantir que todos os anseios dos trabalhadores sejam submetidos ao conhecimento dos empregadores. 20 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA g) Acompanhar o cumprimento das leis trabalhistas, previdenciárias e das convenções coletivas e acordos coletivos de trabalho: a comissão deverá fiscalizar dentro da empresa se as negociações coletivas estão sendo devidamente implementadas, bem como se as normas trabalhistas e previdenciárias estão sendo respeitadas pela empresa. 4 Julgue como Verdadeiras ou Falsas as proposições a seguir: a) (F) Uma empresa que possui mais de um estabelecimento comercial jamais poderá instituir mais de uma comissão de representantes, haja vista que a lei determina que cada empresa instituirá apenas uma comissão. b) (V) A empresa que possuir entre 200 e 3000 empregados deverá constituir comissão de representantes com três membros. c) (F) Não é possível a instauração de uma comissão de representantes com número menor que aqueles estipulados por lei. Dessa feita, se houver menos candidatos que número de vagas, deverá ser instaurada nova eleição no prazo de um ano. d) (F) Não cabe à comissão de representantes mediar os conflitos entre empregados e empregadores, já que para esse fim existe a Comissão de Conciliação Prévia. e) (V) Qualquer decisão tomada pela comissão de representantes deve ser feita em conjunto, ou seja, de forma colegiada, sendo vedada a decisão individual de um membro da comissão sobre qualquer assunto. f) (F) Para a tomada de decisão da comissão deverá ser respeitado o critério da maioria absoluta dos membros em concordância. g) (F) O sindicato representante da categoria poderá auxiliar na escolha dos representantes dos empregados, uma vez que está entre suas atribuições zelar pelo bom relacionamento entre os empregados e os empregadores daquele setor. h) (F) O empregado eleito para a comissão de representantes poderá, após o fim do mandato, candidatar-se à reeleição. i) (F) Ao exercer a função de representante dos empregados, o membro da comissão ficará dispensado das suas funções originais, para melhor atender às necessidades e demandas dos empregados daquela empresa. j) (V) Gozarão de estabilidade provisória no emprego os membros da comissão de representantes, desde o registro da candidatura até um ano após o término do mandato. 21 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA TÓPICO 2 1 Discorra sobre os três momentos pelos quais passou o movimento de greve, historicamente. R.: Durante a evolução da história, a greve passou por vários momentos no que se refere a sua aceitação social. Num primeiro momento a greve era considerada como um delito, já que afrontava os interesses dos donos do capital, e, portanto, era considerada como crime para que fosse desestimulada afim de inviabilizar os protestos acerca da situação das indústrias e dos meios de produção. Em seguida, os movimentos de greve passaram por períodos de permissão, mas ainda não eram considerados como direitos dos trabalhadores, o que quer dizer que apesar de não serem mais considerados como crime, ainda sofriam muitas restrições, exigindo permissão do poder público para que pudessem acontecer, por exemplo, ou impondo diversas situações que fariam o movimento se tornar um movimento ilegal, inviabilizando o seu real objetivo. Por fim, no Brasil, foi só com a constituição de 1988 que pudemos ver o direito de greve surgir, sendo, portanto, um direito fundamental dos trabalhadores que tem a liberdade de o exercer sempre que não foi possível empreender negociações com os empregadores. 2 Conceitue o movimento de greve, de acordo com o ordenamento brasileiro. R.: Para o ordenamento brasileiro, para que a greve seja considerada legítima é necessário que a mesma seja considerada uma greve típica. Isso quer dizer que deverá perseguir objetivos trabalhistas e não meramente políticos ou econômicos. No entanto, isso não quer dizer que as mesmas serão totalmente desvinculadas de interesse político, uma vez que os interesses dos trabalhadores podem estar atrelados a interesses políticos, desde que esses não sejam os únicos objetivos. Outrossim, as greves poderão se revestir de diversas formas, não havendo apenas um modelo de exercício, podendo se configurar como greve de ocupação, greve de rodízio, de zelo etc. Importante salientar que não há na constituição ou na lei uma taxatividade de modelos que a greve poderá ser exercida, desde que a mesma respeite os limites de um exercício legítimo, a mesma poderá ser implementada, sem maiores problemas para os empregados. 22 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA 3 Quais são os serviços considerados essenciais pela Lei de Greve? Quais os reflexos da existência deles no que se refere ao movimento de greve? R.: A lei de greve considera como essenciais os seguintes serviços: (i) tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; (ii) assistência médica e hospitalar; (iii) distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; (iv) funerários; (v) transporte coletivo; (vi) captação e tratamento de esgoto e lixo; (vii) telecomunicações;(viii) guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; (ix) processamento de dados ligados a serviços essenciais; (x) controle de tráfego aéreo; (xi) compensação bancária. 4 É possível que um trabalhador, individualmente, proceda a uma paralisação dentro da empresa? R.: Não existe greve de apenas uma pessoa. Trata-se de um instrumento coletivo de pressão ao empregador, por conta de uma impossibilidade de negociação coletiva entre os trabalhadores e os empregadores, portanto, caso um empregado resolva, por conta própria, paralisar suas atividades, o mesmo poderá ser demitido por justa causa, já que não estará prestando o serviço ao qual é contratualmente obrigado. 5 Aponte três direitos e três deveres que devem ser respeitados durante a greve, explicando cada um deles. R.: São direitos no movimento paredista: o direito dos empregados de decidirem o momento oportuno para a deflagração da greve, o que quer dizer que não precisarão de autorização nem do poder público nem dos empregadores para iniciarem o movimento paredista; outro direito que surge aliado ao direito de greve é o direito de decidir sobre quais são os interesses que serão defendidos por meio do movimento de grevista, não havendo, portanto, restrição legal ou constitucional sobre quais direitos trabalhistas poderão ser defendidos; por fim, um terceiro direito é o direito de arrecadar fundos e a livre divulgação dos movimentos, ou seja, não se pode restringir o movimento grevista impedindo que os trabalhadores atuem no convencimento dos outros empregados para que procedam ao movimento, ou que arrecadem os valores suficientes para a viabilização do movimento. Por outro lado, o movimento paredista traz consigo alguns deveres, como: a necessidade de se empregarem apenas meios pacíficos para convencer os trabalhadores da necessidade de greve, sendo, portanto, proibido o uso de força para obrigar a adesão ao movimento; além disso, os meios adotados 23 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA tanto pelos empregados quanto pelos empregadores, durante o período de paralisação jamais poderão infringir os direitos e garantias fundamentais reciprocamente considerados; além disso, é dever da empresa aceitar que os empregados exerçam o direito constitucional de greve, sendo vedada a essas que usem de qualquer meio para constranger os empregados a comparecerem ao trabalho. 6 Qual é o papel do sindicato antes e durante a deflagração da greve? R.: Aos sindicatos é exigido que participem das negociações coletivas e a tentativa de implementação dessas antes do movimento de greve é necessária, ou seja, o papel do sindicato antes da greve é o de participar da negociação coletiva que, caso frustrada, poderá ensejar um movimento paredista. Se necessário for o movimento de greve, cabe ao sindicato a convocação da assembleia geral para que nessa possam ser definidas as reivindicações da categoria e feitas as deliberações acerca de como se dará o movimento. 7 Discorra sobre os requisitos para o exercício da greve. R.: Para que a greve possa ocorrer, precisa respeitar alguns requisitos. São eles: o respeito dos direitos e deveres dos empregados e dos empregadores; que haja uma negociação coletiva frustrada; a convocação de assembleia geral pelo sindicato para que sejam definidos os contornos da greve; e a comunicação prévia – que não é um pedido de autorização – de 48h para as greves, de um modo geral e 72h quando se tratarem de serviços essenciais à população. 8 Julgue como Verdadeiras ou Falsas as proposições a seguir: a) (V) A greve, no Brasil, só passou a ser considerada um direito do povo brasileiro a partir de 1988, com a promulgação da Constituição Federal de 88. b) (F) No que concerne à greve, aos trabalhadores cabe a decisão sobre a oportunidade de exercê-la, mas só os sindicatos poderão definir quais os interesses que serão defendidos, pois a eles cabe a representação dos empregados. c) (F) O empregador poderá demitir os empregados que não estão exercendo suas funções por conta da greve, uma vez que é liberalidade do empregador decidir sobre quem a ele presta serviços, podendo escolher apenas aqueles que não se manifestam contra ele. d) (V) Quando a empresa prestar serviços essenciais à população, os empregados, mesmo que em greve, não poderão proceder à paralisação total das atividades. 24 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA e) (V) Os serviços que atendem às necessidades inadiáveis da população são aqueles que dizem respeito à saúde, sobrevivência e segurança da população. f) (V) As empresas que prestam serviços de transporte coletivo devem sempre garantir a prestação mínima dessa atividade, mesmo que durante o movimento paredista. g) (F) Para que haja a deliberação acerca da deflagração do movimento de greve, não é necessário que haja negociação coletiva frustrada anterior, haja vista que o próprio objetivo da greve é forçar uma negociação coletiva. h) (F) O dever de notificar o empregador acerca do movimento de greve se configura com o simples aviso, ainda que a greve já tenha, efetivamente, se iniciado. i) (V) Aos sindicatos é concedida a legitimidade para convocar a assembleia geral que definirá a pauta da greve; bem como a eles é transferida a responsabilidade de negociar com os empregadores e representar os empregados, também, na Justiça do Trabalho, nos assuntos referentes à greve. j) (F) Segundo a Lei de Greve, não há diferença de prazo para notificação da greve entre os movimentos paredistas comuns e aqueles relacionados aos serviços essenciais, bastando que a notificação seja anterior ao exercício do movimento. TÓPICO 3 1 Do que se tratam os planos de contingência? R.: Os planos de contingência nada mais são que atitudes preventivas das empresas que consistem em entender os riscos da atividade e a partir desse entendimento, traçar procedimentos, regras e atribuições de responsabilidades para que, caso se configure o risco esperado, todos estejam aptos a agir em conformidade para garantir a continuidade da prestação de serviços e operações. 2 Qual a relação dos planos de contingência com os movimentos paredistas? R.: O movimento de greve pode ser considerado como uma contingência, um risco a que as atividades empresariais estão submetidas. A empresa precisa estar preparada para agir caso seja deflagrado um movimento paredista e, para isso, precisa que sejam estabelecidos previamente os planos de contingência para que administração esteja preparada a agir numa situação 25 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA anormal como essa, tendo distribuído corretamente as atribuições e os objetivos que visem lidar com o movimento e possibilitar o seu fim o mais rápido possível, bem como a continuação das operações. 3 Qual a importância do setor de Recursos Humanos em uma empresa? R.: O setor de Recursos Humanos tem valor essencial numa empresa, uma vez que deve estar a par de tudo o que acontece na empresa e ser capaz de atuar como mediador entre os interesses dos empregadores com os empregados, bem como auxiliar nas negociações coletivas e na feitura dos planos de contingência. Além disso, é função do RH garantir que os empregados estejam sempre motivados no ambiente de trabalho para que se possa não apenas garantir a perfeita execução das atividades da empresa, mas que também os trabalhadores estejam satisfeitos com o meio ambiente de trabalho, fazendo com que não seja necessária a deflagração de movimentos de greve. 4 Como deve agir o RH de uma empresa antes e durante o movimento grevista? R.: O RH deve agir de modo preventivo para que a greve não aconteça, administrando os eventuais conflitos que venham a existir, participando das negociações coletivas, para evitar maiores problemas no futuro, tal como a paralisação dosserviços por meio do movimento paredista. No entanto, se, ainda assim, não for possível evitar que seja deflagrada a greve, o RH deverá colocar em prática os planos de contingência, agir na negociação para o fim da greve, empreendendo a comunicação com os empregados, inclusive sendo responsável por redigir o acordo que resultar das negociações e tomar as providências para que ambas as partes cumpram seus deveres decorrentes do acordo. 5 De que maneira devem se relacionar, com a Reforma Trabalhista, os representantes dos empregados e o RH da empresa? R.: Com a Reforma Trabalhista e a necessidade de implementação da Comissão de Empregados nas empresas que possuírem mais de 200 empregados, essa será responsável por enviar as demandas dos empregados aos empregadores. Por sua vez, cabe ao RH da empresa receber essas demandas, para que possa levá-las aos empregadores, ou mesmo resolvê-las, quando possível. Portanto, com a mudança na CLT, agora os RH das grandes empresas vão ter de atuar conjuntamente com a Comissão de Empregados para possibilitar um 26 SINDICALISMO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA saudável meio ambiente de trabalho, para que empregados e empregadores se respeitem mutuamente, tanto no que tange aos direitos como aos deveres recíprocos. 6 Julgue como Verdadeira ou Falsa cada proposição a seguir: a) (F) Os planos de contingência são elaborados a partir de uma situação de crise concreta. b) (F) Contingência é uma situação futura, porém certa de acontecer, por conta disso é que se traça um plano para lidar com esse evento cujos aspectos já são totalmente delineados. c) (V) Uma das atribuições do RH é a de negociar. Negocia tanto para que não ocorram conflitos, quanto para sanar conflitos já instaurados. d) (V) A greve é uma contingência, pois embora incerta, sempre se configura como algo possível de acontecer no âmbito da empresa. e) (V) Relações Trabalhistas é como se chama o setor que lida diretamente com os trabalhadores e sindicatos, devendo estar a par do que acontece nas negociações coletivas, inclusive fazendo parte do processo de negociação. f) (F) No ambiente empresarial os conflitos são exceção, haja vista a dificuldade de acontecerem na prática, pois as regras da relação entre trabalhadores e empregadores já são previamente estipuladas nos contratos trabalhistas. g) (F) Em uma negociação coletiva, o Recursos Humanos, como representante da empresa, defenderá os interesses da mesma, sempre em detrimento das demandas dos trabalhadores.
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