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Planejamento 1 semestre de 2004 5 ABC

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Processo e procedimento – visão geral 
 
 
* Processo: Instrumento que o Estado coloca à disposição dos litigantes para administrar 
justiça (compor a lide). 
 
* Procedimento: Forma / modo pelo qual o processo se exerce. (Processo é conteúdo; 
procedimento é forma). 
 
 
O CPC15 prevê dois tipos de processos: 
 
a) Conhecimento: (tutela cognitiva) crise de certeza, visa a uma sentença de mérito. 
 
b) Execução: (tutela satisfativa) caráter de satisfação do direito do credor (exeqüente). Não se 
discute se há ou não o direito (como no processo de conhecimento), mas sim o cumprimento 
do referido direito, já previamente reconhecido. 
 
c) Cautelar: (tutela acautelatória) caráter de proteção / visa a garantir o sucesso no processo 
principal (seja de conhecimento ou de execução). 
 
O processo de conhecimento conhece dois tipos de procedimentos: 
- comum (que se divide em rito ordinário e sumário) 
- especial 
 
 
Procedimento comum: é o procedimento mais regulado, mais extenso, com mais fases 
devidamente delimitadas (postulatória, saneadora, instrutória, decisória e cumprimento de 
sentença). Aplica-se de forma subsidiária aos demais procedimentos e processos. 
 
Procedimentos especiais: em virtude de alguma especificidade do direito material, o 
procedimento padrão (comum) não se mostra adequado para a prestação da tutela 
jurisdicional. Há alguma modificação em relação a forma da inicial, prazos, audiências, 
instrução probatória etc. 
 
No CPC73 havia o seguinte: 
 
Processo Procedimento Rito 
Conhecimento Comum 
 
Especial 
- ordinário 
- sumário 
-- 
Execução Diversos 
(conforme a obrigação a ser 
cumprida: pagar, fazer, 
alimentos etc.) 
-- 
Cautelar Inominadas 
 
Nominadas 
 
 
 
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No CPC15 o quadro é o seguinte: 
 
Processo Procedimento 
Conhecimento Comum 
 
Especial 
Execução Diversos 
(conforme a obrigação a ser 
cumprida: pagar, fazer, 
alimentos etc.) 
 
As situações de urgência são tuteladas por meio da “tutela provisória”, que estão inseridas na 
parte geral do CPC15 – e, portanto, aplicável ao processo de conhecimento e execução. 
 
Procedimento comum no CPC15: 
 
Procedimento comum 
1) Inicial 
2) Audiência de conciliação ou mediação 
3) Contestação 
4) Réplica 
5) Saneamento 
6) Audiência de instrução 
7) Alegações finais 
8) Sentença 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Audiência de instrução e julgamento 
 
 
* Contextualização das audiências no processo civil 
 
O Processo Civil brasileiro prevê uma série de audiências, tanto no CPC como em leis 
extravagantes. 
 
Há dois grandes grupos de audiências: 
(i) audiência de instrução e julgamento 
(ii) audiência preliminar 
 
Na audiência de instrução, como o próprio nome já indica, haverá efetivamente a realização 
de atos instrutórios, que terão por objetivo formular a convicção do julgador. 
 
Além dessa audiência, é possível que ocorra outra, anterior à instrução, com objetivos 
distintos conforme o procedimento (desde tentativa de conciliação até a apresentação de 
defesa). Esta espécie de audiência não recebe um nome específico na legislação – assim, é 
usualmente denominada na doutrina como audiência preliminar. 
 
Audiências e princípio da oralidade 
 
O ato processual audiência é muito ligado ao princípio da oralidade (autor que mais 
desenvolveu o tema foi CHIOVENDA). 
 
Por oralidade pode se entender: 
(i) modo de realização dos atos do processo, quando verbalmente concretizados; 
(ii) em sentido mais amplo, princípio processual. 
 
Em relação ao primeiro conceito, vale esclarecer que os atos orais são, basicamente, os 
realizados em audiência. 
 
Como princípio processual, a oralidade estimula a realização dos atos processuais de forma 
verbal, de modo a aproximar o juiz das partes e das provas (princípio da imediatidade), dentre 
outros aspectos. 
 
 
* Momento de realização da audiência, no procedimento comum (CPC15). 
 
1) inicial 
2) audiência de conciliação ou mediação 
3) contestação 
4) réplica 
5) saneamento 
6) audiência de instrução 
7) alegações finais / memoriais 
8) sentença (passível de recurso) 
 
Em muitos procedimentos especiais também existe a audiência de instrução. 
 
 
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* É obrigatória a realização da audiência de instrução? 
 
Se o juiz iniciar a produção de provas antes do julgamento conforme o estado do processo, 
toda atividade probatória pode vir a ser inútil. 
 
Isto porque, findas as providências preliminares, o juiz deverá apreciar se o processo tem 
condições de prosseguir ou se já é possível sua conclusão (com a prolação de sentença). Este é 
o julgamento conforme o estado do processo1, que pode se dar de três formas: 
1) extinção do processo (CPC15, art. 354) 
2) julgamento antecipado do mérito (CPC15, art. 355) 
3) julgamento antecipado parcial do mérito (CPC15, art. 356) 
3) audiência preliminar e saneamento (CPC15, art. 357) 
 
Nas hipóteses 1 e 2, já será proferida sentença, e portanto, não haverá necessidade na 
realização da audiência de instrução e julgamento. 
 
 
* Trâmite da audiência de instrução (CPC15, art. 358 e ss.) 
 
- antes do início, as partes e quem deve participar da audiência devem ser apregoados 
(CPC15, art. 358) 
 
- a audiência pode ser adiada, dentre outros motivos, por atraso injustificado superior a 30 
minutos (CPC15, art. 362, III) 
 
- no início da audiência, juiz tentará a conciliação (CPC15, art. 359) 
 
- a ordem de provas, em audiência, é preferencialmente a seguinte (CPC15, art. 361): 
(i) oitiva do perito e dos assistentes técnicos, para esclarecimentos (laudo já terá sido 
elaborado previamente) 
(ii) depoimento pessoal das partes; primeiro do autor, depois do réu (é proibido, a quem ainda 
não depôs, assistir ao interrogatório da outra parte.) 
(iii) oitiva de testemunhas; primeiro do autor, depois do réu 
 
Portanto, a formação de convicção do julgador em audiência (objetivo da instrução e, 
especificamente, desta audiência) se dará especialmente em virtude da produção de prova oral 
(depoimento pessoal das partes e oitiva de testemunhas), mas também pode ocorrer por meio 
de esclarecimentos do perito e pelos debates (além das provas documentais já juntadas aos 
autos). 
 
- ao final da audiência, as partes apresentam alegações finais orais (CPC15, art. 364), ou – se 
a causa for complexa – por escrito, em prazo sucessivo de 15, primeiro do autor e depois do 
réu, assegurada a vista dos autos, com os memorias já anexados (CPC15, art. 364, § 2º) 
 
- se os debates forem realizados de forma oral, é lícito que o juiz profira a sentença na própria 
audiência. 
 
- a audiência, em regra, será pública (CPC15, art. 368). 
 
 
1 Providências preliminares e julgamento conforme o estado do processo foram estudados no semestre anterior. 
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Sentença 
 
* Contextualização 
 
A sentença é o ápice, a conclusão, o fim do procedimento em 1º grau de jurisdição. 
 
I – procedimento comum 
1) inicial 
2) audiência de contestação ou mediação 
3) contestação 
4) réplica 
5) saneamento 
6) audiência de instrução 
7) alegações finais / memoriais 
8) sentença (passível de recurso) 
 
Assim, com a sentença o Estado-juiz se manifesta, aplicando a lei ao caso concreto, 
seja decidindo o litígio (sentença de mérito / definitiva, resolução do mérito, CPC15, 
art. 487), seja reconhecendo uma falha processual que impede a análise do mérito 
(sentença terminativa, sem resolução do mérito, CPC15, art. 485). 
 
* Conceito de sentença 
 
O conceito de sentença original do CPC73 era claro (e criticado por parte da doutrina, 
que o entendia insuficiente): sentença era o “ato que extinguia o processo”. 
 
Tendo em vista tal conceito pretérito de sentença, a exposiçãode motivos do CPC73 
afirmava: “Se o juiz põe termo ao processo, cabe apelação. Não importa indagar se 
decidiu ou não o mérito. A condição do recurso é que tenha havido julgamento final do 
processo” 
 
Contudo, com a L. 11.232/05, houve alteração no conceito de sentença. A última 
redação do § 1º do art. 162 do CPC afirmava que sentença é “o ato do juiz que implica 
alguma das situações previstas no art. 267 ou no art. 269”. 
 
Naquele momento, o art. 267 (sentença terminativa) fazia menção à extinção do 
processo sem resolução do mérito, sendo que o art. 269 (sentença definitiva) apenas 
mencionava a resolução do mérito2. 
 
No CPC15, tem-se o seguinte: 
- art. 203, § 1º destaca que sentença (i) salvo as disposições dos procedimentos 
especiais, (ii) é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 
485 e 487, (iii) põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, e extingue a 
execução. 
 
2 Esta distinção é justificativa por força na alteração ocorrida no processo de execução / fase de cumprimento de 
sentença – que não é objeto de estudo neste semestre. 
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- nem o art. 485 nem o 487 fazem menção a sentença ou extinção. 
 
Afinal, qual é o conceito de sentença atualmente? 
 
* Elementos da sentença 
 
A sentença é dividida em (CPC15, art. 489): 
- relatório 
- fundamentação 
- dispositivo 
 
Em relação à fundamentação da sentença, inova o CPC15. 
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar 
sua relação com a causa ou a questão decidida; 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de 
sua incidência no caso; 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta 
àqueles fundamentos; 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado 
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a 
superação do entendimento. 
§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios 
gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência 
na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. 
 
Trata-se de algo viável? 
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com-o-novo-cpc-26062017 
 
* Vícios da sentença 
 
A sentença deve ser dada conforme o pedido da parte (CPC15, art. 492), pena de vício: 
 
(i) se o juiz conceder além do que foi pedido? Julgamento ultra petita 
 
(ii) se o juiz conceder diferente do que foi pedido? Julgamento extra petita 
 
(iii) se o juiz apreciar aquém do que foi pedido? Julgamento infra petita (ou citra) 
 
 
 
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Modificações da sentença 
 
 
* Momento de prolação 
 
a) Na própria audiência de instrução e julgamento, após os debates 
b) após a audiência, se os debates nela aconteceram (pelo CPC, art. 366, no prazo de 
30 dias). 
c) após os memoriais apresentados (CPC, arts. 364, § 2º e 366). 
 
 
* Publicação e intimação da sentença 
 
A sentença será publicada: 
a) na própria audiência, já com a intimação das partes 
b) em cartório. 
 
Publicar = tornar público (em audiência ou em cartório, com juntada nos autos) 
Intimar = dar ciência às partes (via diário oficial ou pessoalmente) 
 
Quando haverá a intimação pessoal? 
- MP 
- Defensor público 
- Fazenda pública 
 
 
* Alteração da sentença pelo próprio juiz 
 
Uma vez publicada (e, a rigor, antes mesmo da intimação), o juiz pode alterar sua 
sentença? 
 
NCPC, art. 494 
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: 
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou 
erros de cálculo; 
II - por meio de embargos de declaração 
 
O que seriam as inexatidões materiais? 
- erro de nome ou grafia das partes 
- indicação errada no número do processo 
- inserção de trechos / parágrafos estranhos à sentença 
- soma equivocada de valores mencionados na decisão 
- dispositivo que não reflete a fundamentação 
etc 
 
 
Até quando o juiz pode fazer isso? 
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Quais seriam os vícios sanáveis por embargos de declaração? 
 
Seria possível para decisão ultra, extra ou infra petita? 
 
 
Salvo essas situações, é possível ao juiz alterar sua decisão? 
 
E é possível ao juiz alterar a sentença no mérito? 
 
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no 
prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. 
 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da 
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. 
 
Art. 487, § 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos 
deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. 
 
Fora essas hipóteses, mais alguma? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Recurso: introdução 
 
 
* Justificativa da existência de recursos: 
(i) permitir nova análise de determinada decisão judicial, por um órgão 
hierarquicamente superior, em que haverá um julgamento colegiado (em tese, maior 
experiência dos julgadores – e maior número de julgadores); 
(ii) permitir maior convencimento da parte vencida; 
(iii) o recurso é inerente à ampla defesa e ao contraditório (porém, não há na CF 
previsão expressa do duplo grau de jurisdição – mas doutrina majoritária entende que 
se trata de um princípio implícito). 
 
 
* Conceito: ato (remédio) voluntário da parte capaz de ensejar, dentro do mesmo 
processo, a reforma, invalidação, integração (esclarecimento ou complementação) da 
decisão judicial que se ataca. 
 
Assim, recurso não se confunde com ação autônoma de impugnação. Nas ações 
autônomas, a busca de alteração da decisão judicial é feita mediante a instauração de 
uma outra relação processual, seja por não existirem recursos previstos, seja porque a 
decisão transitou em julgado (não mais cabendo recurso contra seu teor no processo 
em que foi proferida). 
 
O recurso poderá objetivar a invalidação da decisão. Caso a decisão seja inválida, 
estaremos diante de erro procedimental (error in procedendo), defeito de forma, 
burocrático, processual. Sendo tal decisão inválida, o Tribunal deverá decretar sua 
anulação e determinar a remessa dos autos ao primeiro grau, para que nova decisão 
seja proferida. 
 
Também, o pedido do recurso poderá ser a reforma da decisão pelo Tribunal. Caso a 
decisão seja válida, mas tenha defeito no conteúdo do julgamento, violando o melhor 
entendimento sobre o dispositivo legal aplicável, a hipótese será de erro de julgamento 
(error in judicando). Em tal situação, o Tribunal reformará a decisão, substituindo-a 
por uma outra. 
 
Por fim, o recurso poderá prestar-se a esclarecer ou completar (integrar) uma decisão 
que se revele obscura, contraditória ou omissa, pela via dos embargos de declaração. 
 
 
* Desvirtuamento: o recurso no país se transformou não só em uma forma de tentar 
modificar uma decisão desfavorável,mas principalmente em uma tentativa de 
postergar o cumprimento dos julgados – caráter protelatório dos recursos. 
 
Possíveis soluções: maior prestígio às súmulas / jurisprudência (NCPC, art. 926 e 
927), súmula vinculante (L. 11.417/06); elevação dos juros de mora (CC, art. 406); 
julgamento monocrático dos recursos (NCPC, art. 932), honorários recursais (NCPC, 
art. 85, § 11) 
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* Enumeração dos recursos (NCPC, art. 994): 
(i) apelação (NCPC, art. 1.009) 
(ii) agravo de instrumento (NCPC, art. 1.015) 
(iii) agravo interno (NCPC, art. 1.021) 
(iv) embargos de declaração (NCPC, art. 1.022) 
(v) recurso ordinário constitucional (ROC – NCPC, art. 1.027 e CF, art. 102, II e 105, 
II) 
(vi) recurso especial (REsp – NCPC, art. 1.029 e CF, art. 105, III) 
(vii) recurso extraordinário (RE – NCPC, art. 1.029 e CF, art. 102, III) 
(viii) agravo em recurso especial ou extraordinário (AREsp ou ARE – NCPC, art. 
1.042). 
(ix) embargos de divergência (NCPC, art. 1.043 e 1.044) 
 
Além disso, recurso adesivo (NCPC, art. 997), cabível quando houver sucumbência 
recíproca, nos seguintes casos: 
- apelação, 
- RE e 
- REsp 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Princípios recursais 
 
 
* Princípios: permeiam todo o sistema. Existem princípios do processo de uma forma 
geral, e princípios específicos do processo de conhecimento, execução – e, também, 
dos recursos. 
 
 
*Rol dos princípios recursais 
 
1) Princípio da taxatividade 
Apenas é recurso o que a lei processual apontar como tal (NCPC, art. 994). 
Há exceções? 
NCPC, art. 997 (recurso adesivo) 
L. 9099/90, art. 41 (recurso inominado) 
 
2) Princípio da unirrecorribilidade, singularidade ou unicidade 
Para cada decisão, somente será cabível um recurso. 
Há exceções? 
E os declaratórios? 
E o REsp e RE? 
 
3) Princípio da voluntariedade. 
Para ser considerado recurso, há de existir vontade de parte (vide conceito de recurso) 
Decorre do princípio dispositivo. 
 
4) Princípio da vedação da reformatio in pejus 
Para a parte que recorre, não é possível a reforma para pior. 
Por quê? 
Há exceções? 
Matéria de ordem pública, que pode ser reconhecida de ofício (ex: ilegitimidade) 
Jurisprudência variável no tema. 
 
5) Princípio da dialeticidade 
Não basta a informação de que há interesse em recorrer: deve-se argumentar, trazer as 
razões de reforma da decisão. 
Viola o princípio o recurso que trate de tema estranho ao processo. 
NCPC, art. 932, III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não 
tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; 
 
6) Princípio da fungibilidade recursal. 
Princípio relativamente ao cabimento dos recursos: em casos excepcionais, admite-se 
um recurso que foi interposto pelo outro. 
Não estava previsto no CPC/73 nem no NCPC (estava no CPC/39, art. 810). 
No CPC73, admitia-se o princípio somente quando existisse: 
(i) dúvida objetiva quanto ao recurso cabível (ausência de erro grosseiro) e 
(ii) interposição no prazo menor, se distintos (do recurso a ser convertido). 
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7) Princípio do duplo grau. 
Pode ser definido como a possibilidade de reexame de uma decisão judicial, por um 
outro órgão jurisdicional, usualmente superior. 
O duplo grau de jurisdição não é expressamente previsto na CF. Exatamente por isso 
surge a divergência: seria um princípio? 
A posição dominante na doutrina defende que se trata de um princípio implícito, 
decorrente do princípio do devido processo legal e da própria sistemática da 
Constituição, que prevê a existência de tribunais e de recursos. 
Contudo, também a doutrina dominante aponta que o princípio pode, por vezes, ser 
excepcionado – como se percebe do próprio texto constitucional (ex.: qual o recurso de 
ADin?). 
Assim, conclui-se que o princípio não é absoluto (se fosse absoluto, estaríamos diante 
não só de um princípio, mas também de uma garantia; como esta não é a hipótese, 
estamos diante de um princípio, mas não de uma garantia). 
 
Porém, está previsto no Pacto de San José da Costa Rica (art. 8º, n. 2, letra h): 
“Art. 8º.2: Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se 
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua 
culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, 
às seguintes garantias mínimas: [...] h) Direito de recorrer da sentença a 
juiz ou tribunal superior”. 
 
Como se percebe, o Pacto prevê o princípio do duplo grau para o processo penal. 
Como não há qualquer menção ao processo civil, trata-se de uma garantia exclusiva ao 
processo penal. 
 
Assim, no processo civil, o duplo grau de jurisdição: 
- é um princípio processual constitucional implícito; 
- apesar de ser princípio, pode ser excepcionado (portanto, não se trata de uma 
garantia). 
Já no âmbito processual penal, trata-se de um princípio e de uma garantia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Recurso: admissibilidade e efeitos 
 
 
* Juízo de Admissibilidade e Juízo de Mérito: Como usualmente em processo, o 
recurso é objeto de duas análises. 
 
Em linguagem técnica, fala-se em CONHECIMENTO (admissão) do recurso, para que 
depois seja analisado o MÉRITO (objeto) recursal, com o PROVIMENTO ou NÃO-
PROVIMENTO. 
Assim, a ausência dos pressupostos de admissibilidade leva ao NÃO-
CONHECIMENTO ou à NÃO-ADMISSÃO do recurso. 
 
- na admissibilidade, será verificado se estão presentes os requisitos para que o recurso 
seja analisado (requisitos de admissibilidade, semelhante às condições da ação e 
pressupostos processuais); 
- se tais requisitos estiverem ausentes, o recurso não será conhecido; 
- presentes os requisitos, o recurso será conhecido. 
 
- conhecido o recurso (análise preliminar ao mérito), passa-se à análise do juízo de 
mérito – que é efetivamente a análise da impugnação realizada pelo recorrente 
(momento em que se aponta o error in procedendo – erro no processamento – e/ou o 
error in judicando – erro no julgamento) 
- poderá o recurso ser provido ou desprovido (após ser conhecido) 
 
A matéria atinente aos pressupostos processuais é de ordem pública, podendo ser 
(re)examinada a qualquer tempo pelos julgadores, não se sujeitando à preclusão (perda 
da faculdade processual de alegar seu teor). 
 
Quanto à apelação, a análise da admissibilidade é feita apenas pelo tribunal (NCPC, 
art. 1.010, § 3º). 
 
Quanto ao recurso especial e extraordinário, a análise é feita tanto pelo juízo que 
proferiu a decisão (a quo, de origem) como pelo juízo de destino (ad quem, a quem 
recorre o recorrente). 
 
 
* Requisitos de admissibilidade do recurso: como exposto, se não estiverem presentes, 
o recurso não será conhecido. 
 
(i) cabimento (possibilidade jurídica de interposição do recurso conforme a decisão) 
(ii) legitimidade para recorrer (legitimidade de parte na esfera recursal) 
(iii) interesse em recorrer (necessidade de interposição do recurso, diante da 
sucumbência) 
(iv) inexistência de fato impeditivo de recorrer (NCPC, art. 998[desistência], 999 
[renúncia] e 1.000[aquiescência]) 
(v) tempestividade (interposição no prazo fixado em lei) 
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(vi) preparo (pagamento de custas e porte de remessa e retorno, sob pena de deserção; 
no caso de recolhimento a menor, é possível a complementação – NCPC, art. 1.007, § 
2º; se não houve qualquer recolhimento, haverá intimada para pagar em dobro – 
NCPC, art. 1.007, § 4º) 
(vii) regularidade formal (aspectos formais, como a forma escrita, assinatura da peça, 
português, documentos necessários à instrução do recurso etc) 
 
 
* Efeitos da interposição dos recursos: é possível se falar em efeito devolutivo 
(transferência ao órgão julgador da matéria impugnada) e efeito suspensivo (ineficácia 
da decisão proferida, bem como impedimentodo trânsito em julgado da decisão). 
 
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Efeitos dos recursos 
 
Diante da interposição de algum recurso, decorrem alguns efeitos. 
 
 
* Efeito suspensivo: Impede que a decisão judicial surta seus efeitos imediatamente. 
 
Apesar da prolação de uma decisão judicial a favor de uma das partes, o efeito 
suspensivo impede que os efeitos de tal decisão sejam desde logo observados. 
 
Assim, se uma sentença condena o réu a pagar R$ 10 mil e há interposição da 
apelação, o efeito suspensivo impede a efetiva execução da quantia. 
 
Trata-se da regra no sistema processual – mas não são todos os recursos que são 
dotados de efeito suspensivo; 
 
No NCPC, o projeto inicialmente afastava o efeito suspensivo como regra da apelação. 
Mas, durante a tramitação, voltou o efeito suspensivo como regra geral. A escolha foi 
acertada? 
 
 
* Efeito devolutivo: é a possibilidade de nova discussão da matéria impugnada por 
parte do Poder Judiciário 
 
A “devolução” não é ao mesmo juiz que prolatou a decisão recorrida, mas sim ao 
Judiciário. 
 
Todos os recursos são dotados de efeito devolutivo. 
 
A regra do efeito devolutivo é que o Tribunal somente irá apreciar o que foi objeto de 
recurso. Assim, se houve sentença condenando a pagar danos morais e materiais e o 
réu somente apela dos danos morais, usualmente o Tribunal somente apreciará a 
questão dos danos morais – até por força do princípio da vedação da reformatio in 
pejus, como já visto. 
 
Contudo, tratando-se de matérias que o juiz pode conhecer de ofício, será possível a 
atuação do Tribunal mesmo sem provocação da parte. Como exemplo, as condições 
da ação. Portanto, na hipótese acima, mesmo que a apelação apenas trate dos danos 
morais, se o desembargador entender que alguma parte é legítima, poderá assim 
concluir, extinguindo o processo; 
 
 
* Efeito translativo 
 
Como visto acima, a base do efeito devolutivo é o princípio dispositivo. O Tribunal só 
aprecia o que a parte impugnar no recurso. 
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Porém, por vezes o Tribunal pode ir além (como no exemplo acima, exatamente por 
força de matérias que podem ser conhecidas de ofício pelo Tribunal). 
 
Para alguns autores (Nelson Nery Jr.), esse seria o efeito translativo do recurso, ou 
seja, a possibilidade de que o Tribunal aprecie algumas questões não apresentadas na 
impugnação da parte; 
 
 
* Efeito expansivo: o mesmo autor acima reconhece também a existência do efeito 
expansivo do recurso, o que significa dizer que, por vezes, a apreciação do recurso 
pode acarretar uma decisão mais abrangente que seu próprio objeto. 
 
Como exemplo, o fato de o recurso de um dos litisconsortes unitários, uma vez 
provido, aproveitar ao outro litisconsorte (NCPC, art. 1.005). Também chamado, por 
alguns, de efeito substitutivo (Barbosa Moreira) 
 
Tanto o efeito translativo como o efeito expansivo podem ser interpretados como 
variações do efeito devolutivo. 
 
-x- 
 
Ainda: efeito de obstar o trânsito em julgado (Barbosa Moreira) 
 
 
 
 
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Recurso: cabimento 
 
 
* Enumeração dos recursos (NCPC, art. 994): 
(i) apelação (NCPC, art. 1.009) 
(ii) agravo de instrumento (NCPC, art. 1.015) 
(iii) agravo interno (NCPC, art. 1.021) 
(iv) embargos de declaração (NCPC, art. 1.022) 
(v) recurso ordinário constitucional (ROC – NCPC, art. 1.027 e CF, art. 102, II e 105, 
II) 
(vi) recurso especial (RESP – NCPC, art. 1.029 e CF, art. 105, III) 
(vii) recurso extraordinário (RE – NCPC, art. 1.029 e CF, art. 102, III) 
(viii) agravo em recurso especial ou extraordinário (NCPC, art. 1.042 ) 
(ix) embargos de divergência (NCPC, art. 1.043) 
 
 
* Cabimento de cada recurso: para cada espécie de decisão judicial a lei prevê um 
determinado recurso. É o chamado princípio da unirrecorribilidade 
(e o acórdão que viola lei federal e Constituição? cabível RE e RESP). 
 
Em hipóteses restritas (dúvida objetiva acerca de qual seria o recurso cabível), é 
aplicável o princípio da fungibilidade recursal. 
No NCPC, expressa previsão de fungibilidade: 
a) embargos de declaração em agravo interno (art. 1.024, § 3º); 
b) REsp em RE (art. 1.032); 
c) RE em REsp (art. 1.033). 
 
A regra mais fácil é analisar a natureza da decisão: conforme a natureza da decisão 
impugnada, determina-se o recurso cabível. 
 
 
1º grau. 
As decisões do juiz estão previstas no NCPC, art. 203: 
- sentença (§ 1o), 
- decisão interlocutória (§ 2o) e 
- despacho (§ 3o) 
 
a) da sentença, cabe apelação (NCPC, art. 1.009) 
b) de decisão interlocutória, cabe agravo de instrumento (NCPC, art. 1.015 – vide rol ) 
c) de despacho não cabe recurso – trata-se de decisão irrecorrível (NCPC, art. 1.001) 
 
 
Tribunal. 
Possível, em 2° grau, os seguintes tipos de decisões: 
- acórdão (NCPC, art. 204) 
- decisão monocrática (decisões individuais dos julgadores; art. 932, III, IV e V) 
 
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a) dos acórdãos (NCPC, art. 204), podem caber, conforme o caso e segundo o 
cabimento específico de cada recurso: 
- ROC 
- RESP 
- RE 
- Embargos de divergência 
 
b) de decisões monocráticas dos relatores (decisões individuais dos julgadores, 
previstas tanto no NCPC quanto nos regimentos internos dos Tribunais): 
- Agravo interno (NCPC, art. 1.021). 
- Agravo em recurso especial ou extraordinário (NCPC, art. 1.042 – nome mais 
comum é agravo de decisão denegatória), quando o REsp / RE não forem admitidos no 
Tribunal de origem. 
 
 
Cabível de qualquer decisão, de 1° ou 2° grau: 
- Embargos de declaração (NCPC, art. 1.022 – obscuridade, omissão, contradição). 
 
Especificidades: recurso julgado pelo próprio órgão prolator da decisão (NCPC, art. 
1.024), seu uso interrompe o prazo para interposição de outros recursos (NCPC, art. 
1.026). 
 
 
* Pedido de reconsideração. 
Não tem previsão legal. De qualquer forma, mediante esse pedido alguns juízes 
acabam por reconsiderar as decisões, o que acaba tornar comum seu uso. 
Atenção: não interrompe nem suspende o prazo para a interposição do recurso cabível. 
 
 
* Recursos extintos no NCPC: 
 
(i) agravo retido. 
No NCPC 
Art. 1.009, § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu 
respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e 
devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a 
decisão final, ou nas contrarrazões. 
 
(ii) embargos infringentes. 
No NCPC 
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá 
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que 
serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número 
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às 
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os 
novos julgadores. 
 
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