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Semana 3-IESC

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Semana 3 - Refletir sobre as
diferentes concepções do
processo saúde-doença
❖ Compreender a história do
processo saúde e doença ao
longo dos anos.
O entendimento da saúde e da
doença tem sido uma preocupação
humana desde os tempos antigos. Ao
longo dos anos, o processo de
compreensão da saúde e da doença
tem evoluído significativamente,
passando por diferentes fases e
influenciado por diversas crenças e
teorias.
Na Antiguidade, as doenças
eram frequentemente atribuídas a
causas sobrenaturais ou divinas.
Acreditava-se que as doenças eram
um castigo dos deuses ou que eram
causadas por espíritos malignos. A
medicina da época baseava-se em
práticas como purificação, rituais
religiosos e curas mágicas.
Na Idade Média, a medicina foi
influenciada pelos escritos do médico
grego Hipócrates, que defendia que as
doenças eram causadas por
desequilíbrios dos humores do corpo.
Durante esse período, os hospitais
surgiram como locais de tratamento
para os doentes. A Igreja também teve
uma grande influência na medicina da
época, com muitos monges dedicados
ao cuidado dos doentes.
Na Renascença, a medicina
começou a ser influenciada pela
observação e pela experimentação.
Grandes médicos e cientistas como
William Harvey e Andreas Vesalius
fizeram importantes descobertas sobre
a anatomia e a fisiologia do corpo
humano. No final do século XIX, a
teoria germinal da doença foi
desenvolvida, que postulava que
muitas doenças eram causadas por
micróbios.
No século XX, a medicina
continuou a evoluir rapidamente, com
o desenvolvimento de novas
tecnologias e a descoberta de novos
tratamentos e medicamentos. A saúde
pública também tornou-se uma área
importante, com o objetivo de prevenir
doenças e promover a saúde da
população em geral. A partir da
década de 1970, houve um interesse
crescente na medicina alternativa e
complementar, como a acupuntura, a
homeopatia e a medicina tradicional
chinesa.
Atualmente, a medicina é uma
área complexa e multidisciplinar, que
combina ciência, tecnologia, ética e
cuidado humano. A compreensão da
saúde e da doença evolui
continuamente, com novas
descobertas sendo feitas a cada dia. A
medicina moderna tem como objetivo
prevenir, diagnosticar e tratar doenças,
melhorando a qualidade de vida e a
saúde da população em geral.
❖ Descrever o processo de cuidar
da perspectiva mágico religiosa
e medicina hipocrática.
O cuidado da perspectiva
mágico-religiosa e medicina
hipocrática é um processo que
envolve a combinação de diferentes
práticas e crenças. Na perspectiva
mágico-religiosa, o cuidado da saúde
envolve a interação com forças
sobrenaturais, incluindo deuses,
espíritos, demônios e outras
entidades. A medicina hipocrática, por
outro lado, enfatiza a importância da
observação e da razão para entender
as causas da doença e tratá-la.
Na perspectiva
mágico-religiosa, a cura pode ser
alcançada através de rituais, orações,
oferendas e outras práticas religiosas.
Por exemplo, pode-se realizar uma
cerimônia para pedir a ajuda de uma
divindade ou realizar uma oferenda
para apaziguar um espírito que se
acredita estar causando a doença.
Além disso, pode-se procurar um
curandeiro ou sacerdote especializado
em práticas mágicas para ajudar no
tratamento.
Na medicina hipocrática, o
tratamento da doença é baseado na
observação cuidadosa dos sintomas e
na identificação das causas
subjacentes. Isso envolve a coleta de
informações sobre a história médica
do paciente, exames físicos, análise
de fluidos corporais e outras técnicas
diagnósticas. Uma vez que a causa da
doença é identificada, o tratamento
pode envolver a administração de
medicamentos, dieta, exercícios e
outras intervenções terapêuticas.
Embora a perspectiva
mágico-religiosa e a medicina
hipocrática possam parecer muito
diferentes, elas muitas vezes se
complementam. Por exemplo, um
paciente pode buscar a ajuda de um
curandeiro para tratamento
mágico-religioso enquanto segue um
tratamento médico prescrito por um
médico. Além disso, muitas tradições
religiosas incluem práticas que
promovem a saúde e o bem-estar,
como meditação, yoga e jejum. Essas
práticas podem ser benéficas para a
saúde física e mental,
independentemente da crença
mágico-religiosa subjacente.
❖ Identificar a medicina primitiva
praticada na idade média.
Na Idade Média, a medicina
primitiva praticada incluía uma mistura
de conhecimentos médicos antigos,
como os da Grécia e Roma antiga,
com crenças e práticas populares.
Algumas das práticas mais comuns na
medicina primitiva da Idade Média
incluíam:
1. Sangria: acreditava-se que a
retirada de sangue do paciente
ajudava a equilibrar os humores
do corpo e curar a doença.
2. Purgação: o uso de laxantes e
eméticos para limpar o corpo
de toxinas.
3. Fitoterapia: o uso de plantas
medicinais para tratar doenças.
4. Amuletos e talismãs: objetos
considerados mágicos ou
sagrados que se acreditava
terem poderes de cura.
5. Fé e oração: a crença de que a
doença poderia ser curada
através da fé em Deus e da
oração.
Além disso, os médicos da
Idade Média acreditavam na teoria dos
humores, que afirmava que o corpo
humano era composto por quatro
humores (sangue, fleuma, bile
amarela e bile negra) e que o
desequilíbrio desses humores era a
causa de doenças. Para equilibrar os
humores, os médicos usavam práticas
como as mencionadas acima.
Embora algumas das práticas
da medicina primitiva da Idade Média
possam ter tido benefícios, muitas
delas também foram ineficazes ou
prejudiciais à saúde. Foi somente com
o Renascimento e a Revolução
Científica que a medicina começou a
se desenvolver de maneira mais
científica e baseada em evidências.
❖ Compreender o saber técnico
estabelecido nas bases do
pensamento científico no
renascentismo.
Durante o Renascimento,
houve uma valorização do
conhecimento científico e da razão
como formas de compreender o
mundo e de buscar soluções para os
problemas que a humanidade
enfrentava. Na medicina, em
particular, houve um grande avanço no
conhecimento científico, com o
desenvolvimento de novas técnicas e
métodos de tratamento.
Um dos principais marcos do
renascimento na medicina foi a obra
"De Humani Corporis Fabrica",
publicada em 1543 pelo médico e
anatomista Andreas Vesalius. Nessa
obra, Vesalius descreveu com grande
precisão a estrutura do corpo humano,
com base em observações
anatômicas realizadas por ele mesmo.
Essa abordagem foi fundamental para
o desenvolvimento da anatomia e para
o avanço da medicina.
Além de Vesalius, outros
médicos e cientistas do renascimento
também contribuíram para o avanço
da medicina. Por exemplo, o médico e
astrônomo italiano Girolamo
Fracastoro desenvolveu a teoria dos
germes como causa de doenças,
enquanto o médico suíço Paracelso
defendeu a importância da química na
medicina, buscando tratamentos à
base de plantas e minerais.
O saber técnico estabelecido
nas bases do pensamento científico
no renascimento sobre a medicina foi
caracterizado por uma abordagem
mais objetiva, baseada na
observação, na experimentação e na
razão. Os médicos renascentistas
buscavam entender o funcionamento
do corpo humano de forma mais
precisa e detalhada, para desenvolver
tratamentos mais eficazes e prevenir
doenças. Além disso, eles valorizavam
a importância da ética e da moralidade
na prática médica, buscando um
tratamento humanizado e respeitoso
aos pacientes.
Em resumo, o Renascimento
representou um período de grande
avanço na medicina, com a
valorização da razão e do
conhecimento científico como formas
de compreender e tratar as doenças.
Os médicos renascentistas buscaram
entender a anatomia e o
funcionamento do corpo humano de
forma mais precisa e detalhada, além
de valorizarem a ética e a moralidade
na prática médica.
● Caracterizar a medicina social
no âmbito da idade moderna,
considerando aspectos
econômicos, sociais e culturais
envolvidos no processo
saúde/doença da população.
Na Idade Moderna, a medicina
social se desenvolveu em resposta às
mudanças sociais e econômicas que
ocorreram na Europa. O
desenvolvimento do capitalismo e a
urbanização levaram a uma série deproblemas de saúde pública, incluindo
epidemias, fome e pobreza. Esses
problemas foram abordados por meio
de políticas de saúde pública, que
buscavam melhorar as condições de
vida da população.
Entre os principais aspectos
econômicos envolvidos no processo
de saúde/doença da população,
estavam a desigualdade social e a
pobreza. A medicina social reconhecia
que a pobreza era um dos principais
fatores que contribuem para a saúde
precária da população e buscava
abordar esse problema por meio de
políticas de assistência social, como a
distribuição de alimentos e a criação
de hospitais para os pobres.
Além disso, a medicina social
levou em consideração os aspectos
culturais envolvidos na saúde da
população. Por exemplo, durante o
período da Reforma, a medicina social
teve que lidar com o aumento das
doenças mentais causadas por
tensões religiosas e políticas. A
medicina social também abordou a
influência da cultura no
comportamento de saúde,
promovendo mudanças nos hábitos
alimentares e de higiene.
As políticas de saúde pública
da Idade Moderna também buscaram
melhorar as condições sanitárias das
cidades, que eram muitas vezes
insalubres e superpovoadas. A
construção de sistemas de esgoto e
água potável ajudou a reduzir a
incidência de doenças transmitidas
pela água, como a cólera e a febre
tifóide.
A medicina social da Idade
Moderna foi influenciada pelo
pensamento iluminista, que enfatizava
a razão e a ciência. Os médicos
começaram a utilizar métodos
científicos para estudar as causas das
doenças e desenvolver tratamentos
mais eficazes. A medicina social
também reconheceu a importância da
prevenção, promovendo campanhas
de vacinação e educação em saúde
pública.
Em resumo, a medicina social
da Idade Moderna foi um movimento
que buscou abordar os problemas de
saúde pública decorrentes das
mudanças sociais e econômicas que
ocorreram na Europa. As políticas de
saúde pública foram criadas para
melhorar as condições de vida da
população, levando em consideração
os aspectos econômicos, sociais e
culturais envolvidos no processo de
saúde/doença.
❖ Definir as inter-relações do
agente, do suscetível e do meio
ambiente (teoria da
unicausalidade).
A teoria da unicausalidade é
uma teoria da epidemiologia que
propõe que a presença de uma única
causa é suficiente para explicar a
ocorrência de uma doença. Segundo
essa teoria, as inter-relações entre
agente, suscetível e meio ambiente
podem ser descritas da seguinte
forma:
1. Agente: é o elemento
causador da doença, como um vírus,
bactéria, toxina ou agente físico. A
presença e a quantidade do agente no
meio ambiente podem afetar a
probabilidade de uma pessoa se
tornar doente. Por exemplo, a
exposição a uma grande quantidade
de bactérias pode aumentar a
probabilidade de uma pessoa
desenvolver uma infecção.
2. Suscetível: é o indivíduo que
pode ser afetado pela doença. A
suscetibilidade pode ser influenciada
por fatores como a idade, sexo, estado
de saúde e imunidade. Quanto mais
suscetível um indivíduo for, maior a
probabilidade de desenvolver a
doença se exposto ao agente. Por
exemplo, uma pessoa idosa pode ser
mais suscetível a uma infecção do que
uma pessoa jovem e saudável.
3. Meio ambiente: é o contexto
no qual o agente e o suscetível
interagem, e inclui fatores como o
clima, a geografia, a infraestrutura e
os comportamentos humanos. O meio
ambiente pode afetar a probabilidade
de exposição ao agente e a
suscetibilidade do indivíduo. Por
exemplo, a falta de saneamento
básico pode aumentar a exposição a
bactérias e, consequentemente, a
probabilidade de desenvolver uma
infecção.
De acordo com a teoria da
unicausalidade, a presença do agente
é suficiente para explicar a ocorrência
da doença, e os fatores relacionados
ao suscetível e ao meio ambiente são
considerados apenas como fatores
moduladores da relação entre o
agente e a doença. No entanto, é
importante ressaltar que essa teoria
tem sido criticada por sua simplicidade
excessiva e falta de consideração pela
complexidade das interações entre os
elementos envolvidos na ocorrência
de doenças.
❖ Entender a teoria da
multicausalidade na idade
contemporânea, no tocante à
tríade epidemiológica de
doenças.
A teoria da multicausalidade é
uma abordagem da epidemiologia que
considera a interação de múltiplos
fatores na origem e na evolução das
doenças. Essa teoria surgiu na idade
contemporânea, em um contexto no
qual as doenças crônicas não
transmissíveis, como as doenças
cardiovasculares, o câncer e o
diabetes, se tornaram as principais
causas de morbidade e mortalidade
em todo o mundo. A tríade
epidemiológica, que antes era
composta apenas pelo agente, pelo
suscetível e pelo meio ambiente,
passou a ser ampliada com a inclusão
de outros fatores determinantes da
saúde, como os comportamentais,
sociais e os ambientais.
Nesse contexto, a teoria da
multicausalidade propõe que a
ocorrência e a evolução das doenças
são influenciadas por múltiplos fatores
interdependentes, que atuam em
diferentes níveis de complexidade.
Alguns desses fatores incluem:
1. Fatores biológicos: como idade,
sexo, genética, estado de
saúde e imunidade.
2. Fatores comportamentais:
como dieta, atividade física,
tabagismo, consumo de álcool
e drogas, comportamentos
sexuais de risco e exposição a
agentes ambientais.
3. Fatores sociais: como nível
educacional, renda, status
socioeconômico, acesso a
serviços de saúde, suporte
social e exposição a
estressores sociais.
4. Fatores ambientais: como
qualidade do ar e da água,
saneamento básico, segurança
alimentar, urbanização e
mudanças climáticas.
Esses fatores podem interagir
de maneira complexa e sinérgica,
amplificando ou reduzindo seus efeitos
sobre a saúde. Por exemplo, uma
dieta pobre em nutrientes pode
aumentar a probabilidade de
desenvolver doenças crônicas, como o
diabetes, mas essa probabilidade
pode ser ainda maior se o indivíduo
também for sedentário, tiver uma
predisposição genética e viver em um
ambiente poluído.
Em resumo, a teoria da
multicausalidade reconhece a
complexidade das interações entre os
determinantes da saúde e propõe uma
abordagem integrada e holística para
a prevenção e o controle das doenças.
Isso requer a adoção de políticas
públicas e estratégias de saúde que
abordem os diferentes fatores
determinantes da saúde em seus
contextos sociais, culturais e
ambientais, e que promovam estilos
de vida saudáveis e sustentáveis.
❖ Conceituar saúde com base na
OMS e Constituição Federal de
1988: conceito ampliado de
saúde.
A Organização Mundial da
Saúde (OMS) define saúde como "um
estado de completo bem-estar físico,
mental e social e não apenas a
ausência de doença ou enfermidade".
Esse conceito de saúde, introduzido
pela OMS em 1948, é conhecido como
conceito ampliado de saúde.
Esse conceito reconhece que a
saúde não se limita apenas à ausência
de doenças ou enfermidades, mas
também envolve aspectos positivos,
como a capacidade de se adaptar às
mudanças e estresses da vida, de
trabalhar e desempenhar atividades
diárias, de se relacionar com os outros
de forma saudável e de encontrar
significado e propósito na vida.
Além disso, o conceito
ampliado de saúde considera que a
saúde é influenciada por fatores
biológicos, psicológicos, sociais,
econômicos e ambientais, que
interagem de maneira complexa e
dinâmica ao longo do tempo. Isso
significa que a promoção da saúde
requer ações integradas em diferentes
áreas, como saúde, educação,
trabalho, habitação, meio ambiente e
justiça social.
A Constituição Federal de 1988
também adota o conceito ampliado de
saúde, estabelecendo que a saúde é
um direito de todos e um dever do
Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doenças e de
outros agravos, e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços de
promoção, proteção e recuperação da
saúde.
Dessa forma, o conceito
ampliado de saúde reconhece a
complexidade e a
multidimensionalidade da saúde, e
propõe uma abordagem integrada e
holística para a promoção da saúde e
prevenção das doenças, com ênfase
na equidade, naparticipação social e
na responsabilidade compartilhada
entre indivíduos, comunidades e poder
público.

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