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– Demências - Transtorno neurocognitivo maior: prejuízo cognitivo progressivo que interfere nas funções sociais e funcionais do individuo DSM – V (diagnóstico) A -> declínio cognitivo significativo em um ou mais domínios *Memória ou aprendizagem (recente, longo prazo e semântica); *Linguagem (nomeação, fluência, compreensão, interação); *Praxia (movimentos coordenados); *Gnosia (atenção, orientação e reconhecimento ); *Funções executivas (planejamento, tomada de decisões); B -> os déficits cognitivos interferem na independência nas atividades diárias C -> os déficits não ocorrem exclusivamente no contexto delirium D -> não são melhor explicados por outras desordens mentais EPIDEMIOLOGIA - Demências são mais comuns em indivíduos com baixo nível educacional e socioeconômicos; ETIOLOGIA -> Com comprometimento do SNC: - Primárias (neurodegenerativas) => Alzheimer, frontotemporal, Parkinson, corpúsculos de Lewi; - Secundárias (morte neuronal consequente de outra doença) => vascular, hidrocefalia de pressão normal; -> Sem comprometimento do SNC: - Metabólicas: deficiência de vit B12, drogas, insuficiência renal, insuficiência hepática; DEMÊNCIAS REVERSÍVEIS (“DEMENTIA”) Drogas (abuso de drogas e álcool); Emotional depression (depressão); Metabolic (hipotireoidismo); Eyes and ear declining (sensorial); Normal pressure of hidrocephalus (HPN); Tumor/trauma (este é não reversível); Infecção; Anemia (deficiência de vit. B12 e folato); INVESTIGAÇÃO DAS DEMÊNCIAS - Diagnóstico é clínico!!! - Pacientes podem apresentar anosognosia (percepção inadequada da própria doença); - Necessário investigar o ponto de vista do paciente e do seu acompanhante; - Entrevistar acompanhante na ausência do paciente, visto que pode se sentir inibido; → Anamnese - Quais os sintomas o paciente apresenta? - Quando os sintomas se iniciaram? - Como os sintomas estão evoluindo? - Como é a vida diária do paciente? (alimentação, vestimenta, higiene, tarefas realizadas, capacidade de lidar com instrumentos); - Histórico do paciente: doenças neurológicas prévias, doenças sistêmicas, doenças infecciosas e uso de drogas e alcoolismo; - História familiar: importante relação familiar; → Exame neurológico - Atitude/fácies; equilíbrio; motricidade; sensibilidade; linguagem; praxias; gnosias; função neurovegetativas (micção, hipotensão postural); nervos cranianos; → Instrumentos de rastreamento - Miniexame do Estado Mental (MEEM): *Ponto de corte (não consensual): 20 pontos para analfabetos e 25 pontos para idosos com escolaridade; - Teste do desenho do relógio; - Montreal Cognitive Assement (MOCA) →Exame laboratorial - Hemograma; Glicemia; Sódio, Cálcio e Potássio; Creatinina e ureia; Albumina, TGO, TGP e GGT; TSH e T4L; Vitamina B12; Sorologia para HIV; Sorologia para sífilis; → Exames complementares - TC e RNM: *Redução de hipocampo, córtex entorrinal e cíngulo posterior => DA; *Redução de lobos frontais e temporais => DFT; *Redução volumétrica global ou normal => corpúsculos de Lewy; - Pet-Scan (Pet-CT, spect); - LCR; TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS → TRANSTORNO COGNITIVO LEVE - Estado pré-demencial: prejuízo de algum domínio cognitivo, sem interferência nas atividades diárias; - Critérios clínicos: *Queixa subjetiva de prejuízo ou declínio cognitivo; *Evidência objetiva de comprometimento em uma área cognitiva; *Funcionalidade normal das atividades diárias; *Ausência de demência; - Intervenções não farmacológicas: atividade física, leitura, atividades em grupo, exercícios cerebrais; → DOENÇA DE ALZHEIMER - Doença neurodegenerativa mais comum (50-70%) -> Fatores de risco: idade avançada, história familiar positiva, HAS e DM, dislipidemia, sedentarismo, TCE, hiperhomocisteinemia; -> Fisiopatologia: - Não está totalmente esclarecida; - Hipótese colinérgica: disfunção do sistema colinérgico (hipocampo) devido a morte de neurônios secundária a acúmulo de proteína tau; - Hipótese da cascata amiloide: acúmulo de proteínas Beta amiloide nos neurônios causando morte neuronal; - Estudos mais recentes: aumento de glutamato na fenda sináptica (promoção de entrada de Ca++ nos neurônios); Explicação: proteína precursora amiloide -> quando quebrada pela enzima β -> forma resíduos β-amiloide (lipossolúveis) -> se agregam -> forma placa β-amiloide -> [...] *Placa β-amiloide -> inflamação (ERO’s e citocinas) -> morte neuronal *Placa β-amiloide -> fosforilação de proteína tau -> se agrega -> forma emaranhado neurofibrilar (ENF) -> morte neuronal -> Clínica 1. Estágio inicial da doença: *Episódios de perda de memória recente; *Frases curtas; *Realiza atividades básicas sozinho; *Dificuldades com planejamento; *Dificuldades com finança; 2. Estágio moderado: *Perda total de memória recente; *Confusão sobre os fatores de vida passado; *Alterações comportamentais (compulsão e repetição, hipersexualidade, confusão mental); *Desorientação em tempo e espaço; *Necessita ajuda para realizar atividades básicas; *Mudança nos padrões de sono; 3. Estágio avançado: *Comprometimento motor e cognitivo grave; *Geralmente acamados; *Pode estar presente mutismo; *Necessita de assistência 24 horas (cuidados pessoais e atividades diárias); -> Diagnóstico - Predominantemente clínica!!!; - Exame físico completo: *Avaliação de outros sintomas neurológicos; *Avaliação do estado mental; - Exames laboratoriais e de imagem para afastar outras causas; *TSH, T4L, vit. B12, VDRL; *TC ou RNM; -> Doença de Alzheimer provável - Presença de síndrome demencial; - Déficits em 2 ou mais áreas da cognição; - Piora progressiva da memória e de outra função cognitiva; - Início entre os 40 e 90 anos de idade; - Ausência de doenças sistêmicas que podem causar a síndrome - Achados que sustentam da provável: *Afasia, apraxia e agnosia progressivas (incluindo disfunção visuoespacial); *Atividades de vida diária (AVDs) comprometidas e alteração comportamental História familiar; *Achados inespecíficos (ou exames normais) de líquor, eletroencefalograma (EEG) e tomografia computadorizada (TC) de crânio. - Achados consistentes com diagnóstico de da provável: *Platô no curso da progressão da doença *Sintomas psiquiátricos e vegetativos associados (depressão, insônia, delírio, alucinações, problemas de controle comportamental, transtorno de sono e perda de peso) *Outras anormalidades neurológicas na doença avançada (aumento do tônus muscular, mioclonia ou distúrbios da marcha) *Convulsões na doença avançada *TC normal para a idade *TC => redução dos sulcos, aumento dos ventrículos *Pet scan => regiões vermelhas são de hiperatividade -> Tratamento - Não há cura para o Alzheimer; - Objetivo: reduzir a progressão; - Tto envolve 3 aspectos: *Tto não farmacológico: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, atividades em grupo; *Tratamento das alterações de comportamento: agitação, insônia, depressão; *Tratamento medicamentoso específico; - Medicações: a. Inibidores da colinesterase: *Donepezila 5-10 mg, 1x/dia, galantamina 16-24 mg 1x/dia, rivastigmina 1,5 mg 2x/dia; *Efeitos adversos: náuseas e vômitos, diarreia; síncope e bradicardia em pacientes suscetíveis; b. Antagonistas de receptores NMDA do glutamato: *Memantina 10-20 mg, 1-2x/dia; c. Vitamina E e seleginilina (antioxidantes)*** Obs.: - Casos iniciais, leves: Inibidores da colinesterase; - Casos moderados a grave: Inibidores da colinesterase + memantina; - Vit. E: usada em qualquer fase => faltam estudos → DEMÊNCIA VASCULAR - 2ª maior causa de demência irreversível no Brasil -> Classificação: - Múltiplosinfartos; - Infarto estratégico (AVC em área importante); - Vascular subcortical (primeira função executiva e, depois memória); -> Características: - Piora súbita + evolução em degrau; - Evidência de alteração cerebrovascular em exames de imagem => lesões oriundas de lesões isquêmicas - Presença de alterações motoras (sequela); -> Fatores de risco: - HAS; - DM; - Dislipidemia; - Tabagismo; - Alcoolismo; - Sedentarismo; - Obesidade; Obs.: ocorre mais em idade > 65 anos -> Diagnóstico: - História familiar; - Exame físico, ênfase no neurológico; - MEEM; - Exame de imagem; Observação: pode haver presença de DA e DV no mesmo paciente => demência mista (clínica típica de DA com piora súbita e outros sinais sugestivos de AVC); -> Tratamento - Não existe tratamento específico; - Medicação para controle dos sintomas: agitação, depressão e insônia; - Se houver déficit colinérgico: Inibidores da colinesterase (inibidor da captação de serotonina); - Prevenção de novo AVC; - Reabilitação: fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional; → DEMÊNCIA DOS CORPÚSCULOS DE LEWY - 3ª causa mais comum de internação por demência; - Resulta do acúmulo de alfasinucleoproteínas nos neurônios: formação e estruturas esféricos (corpúsculos de Lewy) -> morte neuronal - Corresponde a 10% do total de demências; - Tem como característica presença de sintomas parkinsonianos (bradicinesia, rigidez e tremores); -> Características clínicas: - Alucinações visuais precoces, seguidas de alucinações auditivas; - Flutuações cognitivas; - Parkisonismo (bradicinesia, tremor e rigidez) que não melhoram ao uso de levodopa; - Síncopes; - Quedas sem explicação; - Sintomas psicóticos que pioram ao uso de neurolépticos (haloperidol, clorpromazina, levomepromazina, olanzapina, risperidona); -> Diagnóstico: - Anamnese; - Exame físico; - Exame neurológico; - Exame do estado mental; - Exames de imagem: só faz para afastar outras causas), pois é normal na maioria das vezes; *Pode ser normal ou redução volumétrica -> Tratamento: - Não há tratamento específico; - Inibidores da acetilcolinesterase podem atrasar desenvolvimento dos sintomas; - Controle de agitação, depressão e insônia pode ser feita com neurolépticos; → DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL - Resulta da degeneração progressiva do lobo frontal e/ou temporal; - Causa importante de demência pré-senil (40-65 anos) - 2ª causa de demência degenerativa em pacientes < 65 anos (demência pré-senil – idade: 40-65 anos) - 40% dos pacientes apresentam história familiar positiva de demência; - 10-20% padrão autossômico dominante; - Lobo frontal: desinibição sexual; agressividade; impulsos alimentares; hiperoralidade; perseveração (repetição de ideias); - Lobo temporal: anomia; ecolalia; discurso reduzido; perda de memória (estágios avançados); -> Variantes clinicas 1. Comportamental: perda da empatia cognitiva e emocional, letargia e falta de iniciativa, desinibição com comportamento social inadequado, baixa tolerância a frustrações, labilidade emocional, inflexibilidade, apatia, compulsão; 2. Agramática da afasia progressiva primária: redução progressiva da fluência da fala (agramatismo), apraxia de fala; 3. Demência semântica: dificuldade progressiva de compreensão e nomeação, dislexia e disgrafia; -> Diagnóstico: - Anamnese; - Exame físico; - Exame neurológico; - Exame do estado mental; - Exames de imagem: atrofia de lobos frontais e/ou temporais -> Tratamento: - Não há tratamento específico; - Inibidores da acetilcolinesterose: controverso; - Controle dos sintomas de desinibição: *Medicamentos que inibem recaptação de serotonina: citalopram, fluoxetina, paroxetina, desvenlafaxina; → PARALISIA SUPRANUCLEAR PROGRESSIVA - Variante da DFT (demência frontotemporal) que se manifestar a partir da 4ª década; - Parkisonismo + queda + demência + paralisia do olhar conjugado; - No quadro pode ocorrer: disfagia, redução da capacidade de piscar, apraxia da abertura palpebral, paralisia vertical do olhar conjugado; - Exames de imagem: degeneração do mesencéfalo (sinal do beija-flor); - Resposta a medicamentos é nula!!!; → HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL - Acúmulo crônico de líquor nos ventrículos; - Não gera aumento da pressão intracraniana; - Pode ser reversível, se tratada adequadamente -> Etiologia obscura: idiopática ou secundária a traumas, infecções, malformações na coluna vertebral; -> Tríade de Hakim-Adams: alteração de memória + alteração de marcha + alteração urinária; *Outras alterações cognitivas: orientação temporo- espacial, atenção e linguagem; -> Diagnóstico: - Anamnese; - Exame físico completo; - Exame de imagem: aumento do volume ventricular; - Tap test: punção liquórica com melhora de sintomas; -> Tratamento: - Cirúrgico; - Derivação ventrículo-peritoneal: cateter entre o ventrículo e a cavidade peritoneal, por via subcutânea -> drenagem - Não tem medicação → DOENÇA DE PARKINSON - Distúrbio de movimento hipocinético; - Afeta 1% dos indivíduos com mais de 60 anos e 5% dos com mais de 80 anos; - Crônica e incapacitante; - Sintomas motores desde o princípio; - Síndromes demenciais ocorrem nas fases mais avançadas; - Diagnóstico essencialmente clínico!!! -> Etiologia: - Fatores ambientais: pesticidas; herbicidas; manganês; ferro; - Fatores genéticos: história familiar; parentes de 1º grau; -> Fisiopatologia: - Substância negra (dopaminérgica): via nigro- estriatal (mesencéfalo) => fluidez e amplitude dos movimentos; - Acúmulo de proteínas em neurônios da substância branca => formação de corpos de Lewy => morte neuronal => incapacidade da modulação de movimentos => progressão para áreas corticais (demência); -> Diagnóstico: - Anamnese: início e progressão dos sintomas, história familiar, tratamento prévio e atual, sintomas demenciais, comorbidade, uso de medicações e drogas; - Exame físico: avaliar marcha, bradicinesia, rigidez, tremor em repouso, avaliar escrita e olfato; - Tríade (inicialmente unilateral): tremor de repouso + bradicinesia + rigidez em roda dentada; *Outros sintomas: instabilidade postural; hiposmia; micrografia; sintomas demenciais; -> Diagnósticos diferenciais (Parkinsonismos): - Medicações (antipsicóticos, antieméticos, antivertiginosos, anticonvulsivantes) => sintomas desde o início do quadro; - Doenças cerebrovasculares => início súbito dos sintomas; - Demência por corpúsculos de Lewy => parkisonismo + demência desde o quadro inicial; -> Indicativos de que não é Parkinson: sinais inicialmente simétricos, alucinações precoces, disfunção precoce de marcha, dependência de cadeira de rodas nos primeiros cinco anos, apraxia, ausência de resposta a medicação; Obs.: Parkinson é um diagnóstico de exclusão (deve excluir todos os outros possíveis dx) -> anamnese + exame clinico + exame de imagem -> Tratamento: - Não há cura!!!; - Tratamento objetivo reduzir a progressão da doença; - Inibidores da monoaminoxidase: selegilina; *Ação neuroprotetora; *Utilizada na fase inicial, porém uso carece de evidências; - Agonistas dopaminérgicos: pramipexol; *Pode ser utilizada em monoterapia nas fases inicias ou combinação nas fases avançadas da doença; *Retarda o uso de levodopa; *Não usar em pacientes > 70 anos (pode causar confusão mental e alucinações); - Anticolinérgicos: biperideno e triexifenil *Indicado para terapia inicial em pacientes jovens (< 65 anos) em que o tremor seja predominante; *Em mais velhos, leva a confusão mental, barramento visual e retenção urinária; - Aminoácido precursor da dopamina: levodopa (associar com carbidopa– aumenta absorção); *Padrão-ouro, com melhor efeito sobre sintomas motores e progressão da doença; *Precisa ir aumentando a dose *Efeitos colaterais a longo prazo (+ 5 anos): náuseas e vômitos, diarreia, hipotensão postural, coreia, discinesias; - Inibidores da COMT (catecol-o-metil- transferase): entacopone e tolcapone *Associada a levodopa em fases mais avançadas -> faz sinergismo com essa medicação - Bloqueador da receptação de serotonina: amantadina; *Fraco antiparkisoniano; *Útil nos sintomas inicias ou estágios em que a discinesia é incapacitante; - Cirurgia (estimulação cerebral profunda): *Última linha de tratamento; *Estimulação elétrica por meio de gerador implantando no paciente (marcapasso); *Indicado quando: sintomas incapacitantes apesar da terapia medicamentosa; sintomas > 5 anos; ausência de distúrbios cognitivos e psiquiátricos graves; condições clínicas favoráveis; COMO USAR MEDICAÇÕES? 1º) Pramipexol < 70 anos; 2º) Levodopa ou levodopa + carbidopa; 3º) Levodopa + inibidores da COMT; 4º) Cirurgia (se tiver, condições clínicas);
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