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UNIVERSIDADE FUMEC FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA – FEA Leandro Carvalho Guimarães PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA: DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTO RÍGIDO PELO MÉTODO DA PCA/1984 Orientador: Prof. Dalter Pacheco Godinho Belo Horizonte, Dezembro/2019 Leandro Carvalho Guimarães PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA: DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTO RÍGIDO PELO MÉTODO DA PCA/1984 Trabalho de Conclusão do Curso de Pós- Graduação, apresentado à Universidade FUMEC, como requisito para obtenção do título de Especialista em Pavimentação e Restauração Rodoviária. Prof. Orientador: Dalter Pacheco Godinho Belo Horizonte, Dezembro/2019 _______________________________________________________________ Leandro Carvalho Guimarães assinatura Autor PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA: DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTO RÍGIDO PELO MÉTODO DA PCA/1984 _______________________________________________________ Prof. Dalter Pacheco Godinho (Orientador) Universidade FUMEC _______________________________________________________ Prof. Dalter Pacheco Godinho (Coordenador da Disciplina) Universidade FUMEC Belo Horizonte, Dezembro / 2019 RESUMO Este trabalho visa a elaboração de um projeto de pavimentação rodoviária através do dimensionamento em pavimento de concreto, utilizando a metodologia da Portland Cement Association (PCA), de 1984, consagrada mundialmente no campo da pavimentação rígida. Durante a elaboração do trabalho, foram consultadas diversas bibliografias, onde se basearam os cálculos e os descritivos apresentados. Podemos dizer que o trabalho ficou dividido em três grupos: introdução; metodologias e o estudo de caso. A introdução é apresentada de forma simples, descrevendo o objetivo e qual o foco do trabalho. Para as metodologias, são apresentados alguns conceitos importantes da pavimentação, métodos executivos para a implantação de um pavimento de concreto, descritivo dos materiais e referenciais teóricos para o entendimento no desenvolvimento dos cálculos e critérios adotados para a elaboração do projeto. Por fim, é apresentado o estudo de caso com o desenvolvimento de todo o trabalho, visando dimensionar uma estrutura apta a receber todo o tráfego fornecido para o período definido de projeto. Para o dimensionamento e a elaboração do trabalho, foi disponibilizado um projeto geométrico já definido, juntamente com os ensaios geotécnicos de subleito. Após a análise do projeto e do subleito, viu-se a necessidade da divisão do trecho em segmentos homogêneos, para posteriormente definir o ISC de projeto, premissa importante para o dimensionamento do pavimento rígido. Foram elaborados ainda, os desenhos de projeto, como a planta geométrica das placas, a seção transversal tipo do pavimento e detalhes, para posteriormente ser elaborado o orçamento, com os custos dos materiais da região da obra, como o concreto de cimento Portland (CCP) e o concreto compactado com rolo (CCR) para esta implantação. Palavras Chave: Pavimento Rígido. Dimensionamento. PCA/84 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS Figura 1 – Veículos adotados na classificação DNIT ........................................................ 19 Figura 2 – Resposta mecânica de pavimento flexível: pressões concentradas ................ 24 Figura 3 – Resposta mecânica de pavimento rígido: pressões distribuídas ...................... 25 Figura 4 – Pavimento de concreto simples sem barra de transferência ............................ 29 Figura 5 – Pavimento de concreto simples com barra de transferência ............................ 29 Figura 6 – Fatores de segurança para as cargas (Fsc) ..................................................... 51 Figura 7 – Resultados dos ensaios geotécnicos do subleito ............................................. 54 Figura 8 – Análise dos furos do subleito - Segmento 1 ..................................................... 58 Figura 9 – Análise dos furos do subleito - Segmento 2 ..................................................... 59 Figura 10 – Análise dos furos do subleito - Segmento 3 ................................................... 60 Figura 11 – Furos eliminados da análise estatística – Segmento 1 .................................. 62 Figura 12 – Furos eliminados da análise estatística – Segmento 2 .................................. 63 Figura 13 – Furos eliminados da análise estatística – Segmento 3 .................................. 64 Figura 14 – Gráficos dos resultados do subleito - Segmento 1 ......................................... 71 Figura 15 – Gráficos dos resultados do subleito - Segmento 2 ......................................... 72 Figura 16 – Gráficos dos resultados do subleito - Segmento 3 ......................................... 73 Figura 17 – Resumo do número total de solicitações por eixo (ES, ETD e ETT) .............. 83 Figura 18 – Alternativa 1A – Esp. Concreto: 21 cm; Sub-base: 10 cm (CCR) .................. 87 Figura 19 – Alternativa 1B – Esp. Concreto: 20 cm; Sub-base: 10 cm (CR) ..................... 89 Figura 20 – Alternativa 1C – Esp. Concreto: 19 cm; Sub-base: 10 cm (CR) ..................... 91 Figura 21 – Alternativa 2A – Esp. Concreto: 19 cm; Sub-base: 10 cm (CR) ..................... 94 Figura 22 – Alternativa 2B – Esp. Concreto: 20 cm; Sub-base: 10 cm (CR) ..................... 96 Figura 23 – Alternativa 3A – Esp. Concreto: 20 cm; Sub-base: 10 cm (CR) ..................... 99 QUADROS Quadro 1 – Relação aproximada entre o tipo de solo do subleito e o coeficiente de recalque............................................................................................................................. 15 Quadro 2 – Relação entre Índice de Suporte Califórnia (CBR) e coeficiente de recalque (k) do subleito ......................................................................................................................... 16 Quadro 3 – Teores dos componentes (% em massa) ....................................................... 45 Quadro 4 – Exigências químicas (% em massa) ............................................................... 45 Quadro 5 – Exigências físicas e mecânicas ...................................................................... 46 Quadro 6 – Diâmetro, comprimento e espaçamento de barras de transferência (barras lisas – aço CA-25) ........................................................................................................... 100 Quadro 7 – Custos das camadas de concreto simples e concreto rolado ....................... 108 FOTOS Foto 1 – Placa de inauguração da primeira estrada construída em concreto ................... 25 Foto 2 – Rodovia Caminho do Mar (Riacho Grande – Cubatão) ....................................... 26 Foto 3 – Rodovia Rio de Janeiro – Petrópolis (Serra dos Sinos) ...................................... 26 Foto 4 – Vibroacabadoras com formas deslizantes ........................................................... 30 Foto 5 – Preparo do subleito ............................................................................................. 30 Foto 6 – Marcação topográfica .......................................................................................... 31 Foto 7 – Lançamento do concreto rolado com caminhões basculantes ............................ 31 Foto 8 – Execução do concreto rolado com vibroacabadoras ........................................... 31 Foto 9 – Compactação com rolos duplos .......................................................................... 32 Foto 10 – Cura feita com emulsão asfáltica ...................................................................... 32 Foto 11 – Colocação das barras de transferênciasem DBI .............................................. 32 Foto 12 – Colocação das barras de transferência com DBI .............................................. 33 Foto 13 – Produção do concreto nas usinas ..................................................................... 33 Foto 14 – Lançamento do concreto na pista ..................................................................... 33 Foto 15 – Lançamento do concreto na pista ..................................................................... 34 Foto 16 – Inserção lateral das barras de ligação............................................................... 34 Foto 17 – Nivelamento e acabamento com float mecânico ............................................... 34 Foto 18 – Nivelamento e acabamento com float pan ........................................................ 35 Foto 19 – Nivelamento e acabamento com float manual .................................................. 35 Foto 20 – Texturização mecânica ..................................................................................... 35 Foto 21 – Texturização manual ......................................................................................... 36 Foto 22 – Processo de cura química ................................................................................. 36 Foto 23 – Conferência das barras de transferências......................................................... 36 Foto 24 – Colocação de forma metálica e acabamento manual........................................ 37 Foto 25 – Microfresagem na região da junta de construção ............................................ 37 Foto 26 – Esquema de execução dos cortes transversais ................................................ 37 Foto 27 – Processo de serragem das juntas ..................................................................... 38 Foto 28 – Limpeza e selagem das juntas .......................................................................... 38 Foto 29 – Usina dosadora e misturadora .......................................................................... 39 Foto 30 – Ensaio do abatimento do tronco de cone (Slump test) ...................................... 40 Foto 31 – Processo de fabricação do cimento .................................................................. 42 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Classificação dos materiais para inspeção expedita de campo ...................... 13 Tabela 2 – Tipos de pavimentos de concreto em placas .................................................. 28 Tabela 3 – Valores típicos para o abatimento do tronco de cone para pavimento de concreto simples ............................................................................................................... 41 Tabela 4 – Tabela dos tipos de cimento ............................................................................ 44 Tabela 5 – Valor de K (coeficiente de risco associado ao tamanho da amostra) .............. 65 Tabela 6 – Composição do tráfego e crescimento anual .................................................. 76 Tabela 7 – Definição do Volume Diário Inicial (V0) ............................................................ 77 Tabela 8 – Distribuição de carga x frequência de ocorrência ............................................ 84 LISTA DE SIGLAS FUMEC – Fundação Mineira de Educação e Cultura FEA – Faculdade de Engenharia e Arquitetura DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes IPR – Instituto de Pesquisas Rodoviárias LL – Limite de liquidez LP – Limite de plasticidade ISC ou CBR – Índice de Suporte Califórnia k – Coeficiente de recalque ou módulo de reação MPa – Mega Pascal DEER-MG – Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais ES – Eixo Simples ETD – Eixo Tandem Duplo ETT – Eixo Tandem Triplo t – Tonelada fctm,k – Resistência característica à tração na flexão do concreto PCS – Pavimento de concreto simples CCR – Concreto compactado com rolo CCP – Concreto de cimento Portland ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11 1.1 Considerações Iniciais ...................................................................................... 11 1.2 Objetivo ............................................................................................................... 11 2. METODOLOGIA ......................................................................................................... 12 2.1 Estudo Geotécnico ............................................................................................. 12 2.2 Estudo de Tráfego .............................................................................................. 17 2.3 Pavimento de concreto ...................................................................................... 24 2.3.1 Definição de pavimentação......................................................................... 24 2.3.2 Breve histórico do pavimento de concreto no Brasil ............................... 25 2.3.3 Tipos de pavimento de concreto ................................................................ 27 2.3.4 Processo executivo do pavimento em concreto ....................................... 30 2.3.5 Características dos concretos empregados na pavimentação ............... 38 2.3.6 Materiais empregados no concreto ........................................................... 42 2.3.6.1 Cimento .................................................................................................. 42 2.3.6.2 Agregados miúdo e graúdos ................................................................ 46 2.3.6.3 Água ....................................................................................................... 48 2.3.6.4 Aditivos .................................................................................................. 49 2.3.7 Dimensionamento pelo método PCA/84 .................................................... 49 3. ESTUDO DE CASO.................................................................................................... 53 3.1 Estudo geotécnico ............................................................................................. 53 3.1.1 Segmentos de comportamento estrutural homogêneo............................ 57 3.1.1.1 Segmento 1 ............................................................................................ 57 3.1.1.2 Segmento 2 ............................................................................................ 57 3.1.1.3 Segmento 3 ............................................................................................ 57 3.1.2 Definição do ISC de projeto ........................................................................ 61 3.1.2.1 Análise estatística ................................................................................. 61 3.1.2.2 Análise gráfica ....................................................................................... 71 3.1.3 Substituição do subleito ............................................................................. 75 3.1.4 Corte em rocha ou rebaixo do subleito em rocha .................................... 75 3.2 Estudo de tráfego ............................................................................................... 76 3.2.1 Volume Diário Inicial (V0) ............................................................................ 77 3.2.2 Volume Diário Final (Vp) .............................................................................. 78 3.2.3 Volume Médio Diário durante o período de projeto (Vm) .......................... 78 3.2.4 Número de veículos totais no final do projeto (Nv) ................................... 793.2.5 Número das solicitações de eixo por tipo de veículo (Ne) ....................... 79 3.2.6 Número de solicitações de eixo totais (Nt) ................................................ 81 3.2.7 Número de solicitações por tipo de eixo (NES / NETD / NETT) ..................... 81 3.2.8 Distribuição carga x frequência por tipo de eixo (NES / NETD / NETT) ........ 84 3.3 Dimensionamento do pavimento rígido – Método PCA/84 ............................. 85 3.3.1 Considerações iniciais ................................................................................ 85 3.3.2 Dimensionamento da espessura da placa................................................. 86 3.3.2.1 Segmento 1 ............................................................................................ 86 3.3.2.2 Segmento 2 ............................................................................................ 93 3.3.2.3 Segmento 3 ............................................................................................ 98 3.3.3 Dimensionamento das barras de transferência ...................................... 100 3.3.4 Dimensionamento das barras de ligação ................................................ 101 3.3.5 Desenhos de projeto – Segmentos 1, 2 e 3 ............................................. 103 3.3.5.1 Geometria da placa de concreto ........................................................ 103 3.3.5.2 Seção transversal tipo ........................................................................ 104 3.3.5.3 Detalhes das juntas transversais e longitudinais ............................ 105 3.3.5.4 Detalhes do selante ............................................................................ 106 3.4 Custos dos materiais e orçamento ................................................................. 107 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 109 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 110 ANEXO A – Projeto Planialtimétrico ......................................................................... 112 ANEXO B – Aumento de k devido à presença de sub-base de concreto rolado .. 120 ANEXO C – Tensão equivalente – Com acostamento de concreto (Eixo simples/ Eixo tandem duplo) .................................................................................................... 121 ANEXO D – Tensão equivalente para eixos tandem triplos (Sem acostamento de concreto / Com acostamento de concreto).............................................................. 122 ANEXO E – Fatores de erosão – Juntas transversais com barras de transferência e acostamento de concreto (Eixo simples / Eixo tandem duplo) .............................. 123 ANEXO G – Análise de Fadiga: número admissível de repetições de carga em função do Fator de Fadiga (com e sem acostamento de concreto) ...................... 125 ANEXO H – Análise de Erosão: número admissível de repetições de carga em função do Fator de Erosão (com acostamento de concreto) ................................. 126 11 1. INTRODUÇÃO 1.1 Considerações Iniciais Podemos dizer que uma infraestrutura segura, forte e eficiente é a espinha dorsal da economia de qualquer país, pois cada vez mais as redes de transporte construídas conectam grandes e pequenas empresas à economia global. Devido a este fato, percebe-se que obras construídas em concreto são duráveis, resilientes e um bom investimento para todos os contribuintes. Os pavimentos de concreto têm sido um dos pilares da infraestrutura, com muitas estruturas originais ainda em serviço. O concreto não enferruja ou apodrece e é resistente a incêndios. Além de ser um material forte o suficiente para suportar as mais diversas estruturas criadas pelo homem, é ao mesmo tempo flexível o suficiente para ser moldado em qualquer tamanho ou forma, suportando elevadas variações de temperatura. Podemos dizer que a utilização de nossas estradas, pontes, aeroportos, portos e várias outras estruturas essenciais no dia a dia, em sua maioria, são graças ao concreto que nos atende com excelência, como também ainda atenderá as próximas gerações que estão por vir. 1.2 Objetivo O presente trabalho visa apresentar todo o critério para o dimensionamento de um trecho rodoviário, com a implantação do pavimento em concreto. Para o dimensionamento deste pavimento, foi utilizado critérios em conformidade com a normatização da PCA/84, descrita também no Manual de Pavimentos Rígidos do DNIT – Publicação IPR-714 de 2005. 12 2. METODOLOGIA 2.1 Estudo Geotécnico Segundo o DNIT (2006), podemos dividir os estudos geotécnicos para os projetos de pavimentação em: a) Estudos do subleito b) Estudos de ocorrências de materiais para a pavimentação O estudo do subleito visa conhecer dos solos quanto à caracterização das diversas camadas e o posterior traçado os perfis dos solos para efeito do projeto de pavimentação. Já o estudo de ocorrências de materiais, visa conhecer as jazidas próximas, servindo como fonte de matéria-prima na construção das diversas camadas como: reforço do subleito, sub-base, base e revestimento. Dentre as caracterizações na execução do estudo do subleito, citamos alguns ensaios importantes para a elaboração do projeto de pavimentação: a) Granulometria por peneiramento com lavagem do material na peneira de 2,0 mm (nº10) e de 0,075 mm (nº 200); b) Limite de Liquidez (LL); c) Limite de Plasticidade (LP); d) Compactação; e) Massa específica aparente “in situ”; f) Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR); g) Expansibilidade. Os materiais para efeito de sua inspeção expedida de campo, serão classificados de acordo Tabela 1 a seguir. 13 Tabela 1 – Classificação dos materiais para inspeção expedita de campo Materiais Classificação Bloco de rocha Pedaço isolado de rocha que tenha diâmetro superior a 1 m Matação Pedaço de rocha que tenha diâmetro médio superior a 25 cm e inferior a 1 m Pedra de mão Pedaço de rocha que tenha diâmetro médio compreendido entre 76 mm e 25 cm Pedregulho Fração de solo que passa na peneira de 76 mm (3") e é retida na peneira de 2,0 mm (nº 10) Areia Grossa Fração de solo compreendida entre as peneiras de 2,0 mm (nº 10) e 0,42 mm (nº 40) Fina Fração de solo compreendida entre as peneiras de 0,42 mm (nº 40) e 0,075 mm (nº 200) Silte e Argila Fração do solo constituída por grãos de diâmetro abaixo de 0,075 mm Fonte: Adaptado DNIT (2006) Os ensaios para o conhecimento do índice de suporte Califórnia (ISC ou CBR) do subleito e a definição deste parâmetro no projeto é de extrema importância para a pavimentação rígida, devendo ficar sempre atento quanto a ocorrência de variações bruscas nas características do subleito, especialmente à presença de solos expansivos e de camadas espessas de argila mole. Definindo o ensaio de ISC, temos: O ISC exprime uma porcentagem da resistência à penetração de dado material, tido como valor de referência, na época de sua concepção, o resultado de penetração obtido em inúmeros materiais britados e bem graduados, que foi tratado como “valor padrão” (o ISC de britas ou pedregulhos graduados é tomado genericamente como 100%). Deve-se lembrar que o resultado é válido quando a maior fração de penetração do pistão é resultante de deformações cisalhantes que ocorrem nos extratos superiores do corpo de prova que está sendo ensaiado. (BALBO, 2007) Para o dimensionamento da espessura do pavimento rígido a ser adotado, depende basicamente do valor medido pelo coeficiente de recalque ou módulo de reação, simbolizando a letra k, o qual é determinado diretamente por uma prova de 14 carga estática sobre a fundação preparada, onde se avalia a pressão necessária para produzir umadeformação unitária no terreno, sendo expresso no Sistema Internacional de Unidades (SI) em megapascais por metro (MPa/m). Devido a trabalhosa execução, além de dispendiosa, o ensaio pode ser substituído por tabelas com precisões satisfatórias, da correlação entre os ensaios de índice de suporte Califórnia (ISC ou CBR) para fins de dimensionamento, visto que a determinação exata do k não é essencial e as variações pequenas de seu valor não têm tanta influência no resultado do cálculo da espessura da placa de concreto. No Quadro 1 é apresentado a relação aproximada entre o tipo de solo do subleito e o coeficiente de recalque e no Quadro 2, a relação entre Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR) e coeficiente de recalque (k) do subleito. 15 Quadro 1 – Relação aproximada entre o tipo de solo do subleito e o coeficiente de recalque Fonte: DNIT (2005) 16 Quadro 2 – Relação entre Índice de Suporte Califórnia (CBR) e coeficiente de recalque (k) do subleito Fonte: DNIT (2005) 17 2.2 Estudo de Tráfego Conforme DNIT (2006, p.19) é descrito que: Por meio do estudo de tráfego é possível conhecer o número de veículos que circula por uma via em um determinado período, suas velocidades, suas ações mútuas, os locais onde seus condutores desejam estacioná-los, locais onde se concentram os acidentes de trânsito, etc. Permitem a determinação quantitativa da capacidade das vias e, em consequência, o estabelecimento dos meios construtivos necessários à melhoria da circulação ou das características de seu projeto. De acordo com o DEER-MG (2013), dependendo da aplicação a ser realizada na rodovia, o estudo de tráfego abrange alguns itens que podem ser coletados e compilados, podendo apresentar as seguintes informações para estudos: • Séries Históricas de Volumes de Tráfego; • Resultados de Contagens Volumétricas ou de Pesquisas de Origem Destino; • VMD - Volume Médio Diário de Tráfego; • Composição da Frota; • Avaliações de Geração de Tráfego e possíveis Desvios de Tráfego; • Indicadores das Variações Sazonais de Tráfego; e, • Resultados de Pesagens de Veículos da Frota Comercial. Como o objetivo principal deste trabalho é o dimensionamento de um pavimento em concreto, o estudo de tráfego permite conhecer os tipos de cargas do tráfego da frota comercial, estabelecendo o método construtivo que mais se adequa a situação, sempre visando a economicidade e a melhor prática, aliado a segurança e ao conforto dos usuários. Diferentemente do cálculo do número N do pavimento flexível, o método para o dimensionamento de um pavimento em concreto, requer o conhecimento da distribuição de frequência das cargas por tipo de eixo dos veículos da frota comercial: • eixo simples (ES); • eixo tandem duplo (ETD); 18 • eixo tandem triplo (ETT). A obtenção da distribuição das cargas por tipo de eixo pode ser realizada através de levantamentos dos postos de pesagem, localizados em pontos estratégicos na rodovia para a coleta dos dados. Apesar de algumas rodovias não se disporem de dados detalhados, devem ser utilizadas tabelas simplificadas de cálculo, as quais permitem estimar a espessura necessária da placa de concreto, sem que seja preciso proceder às análises de consumo de fadiga e de danos por erosão, necessárias para o dimensionamento. Visando o melhor entendimento na classificação dos veículos e a repetição dos eixos adotados, abaixo têm-se exemplos de tipos de veículos classificados em conformidade com a normatização do Manual de Estudos de Tráfego do DNIT (IPR- 723, p.51), apresentado pela Figura 1. • Veículo 3S3 → Tipos de Eixos: 1 ES / 1 ETD / 1 ETT = 1 repetição para cada eixo: 1 eixo simples (6 toneladas), 1 eixo tandem duplo (17 toneladas) e 1 eixo tandem triplo (25,5 toneladas). • Veículo 2I3 → Tipos de Eixos: 1 ES / 1 ES / 1 ES / 1 ES / 1 ES = 1 repetição para o eixo simples (6 toneladas) e 4 repetições para o eixo simples (10 toneladas). • Veículo 3J3 → Tipos de Eixos: 1 ES / 1 ETD / 1 ES / 1 ETD = 1 repetição para o eixo simples (6 toneladas), 1 repetição para eixo simples (10 toneladas) e 2 repetições para o eixo tandem duplo (17 toneladas) 19 Figura 1 – Veículos adotados na classificação DNIT (continua) 20 (continua) 21 (continua) 22 (continua) 23 Fonte: DNIT (2006, p.51) Em resumo, conhecendo o período de vida útil do projeto e as frequências de cargas por eixos: ES, ETD e ETT, podemos dizer que a verificação do dimensionamento, seja ela pelo consumo à fadiga ou dano por erosão, se dá através da relação entre o número de repetições de cargas previstas em projeto para cada tipo de eixo, e o número de repetições admissíveis da estrutura a ser dimensionada, também para cada tipo de eixo. 24 2.3 Pavimento de concreto 2.3.1 Definição de pavimentação As estruturas de pavimento são sistemas de camadas de espessuras finitas assentadas sobre a fundação, chamada de subleito. O comportamento estrutural do pavimento depende da rigidez de cada camada, da interação entre elas e o subleito. O comportamento de cada camada do pavimento depende das características e propriedades do material que a constitui, da espessura e da sua posição relativa na estrutura do pavimento. Esta estrutura é concebida para receber e transmitir esforços de maneira a aliviar as pressões sobre as camadas inferiores, que geralmente são menos resistentes. Segundo Balbo (2007), podemos dizer que a diferença mais expressiva entre pavimentos rígidos e os flexíveis, é a forma da distribuição dos esforços aplicados no solo da fundação (subleito). Enquanto uma dada carga atuante sobre um pavimento flexível impõe tensões mais concentradas, nas proximidades do ponto de aplicação dessa carga (Figura 2); em um pavimento rígido, verifica-se tensões bem mais dispersas, com efeitos de cargas distribuídas em toda a dimensão da placa (Figura 3), o que proporciona menores esforços verticais sobre o subleito. Em resumo, o pavimento rígido impõe pressões bem mais reduzidas sobre o subleito, para uma mesma carga aplicada. Figura 2 – Resposta mecânica de pavimento flexível: pressões concentradas Fonte: Balbo (2007) 25 Figura 3 – Resposta mecânica de pavimento rígido: pressões distribuídas Fonte: Balbo (2007) 2.3.2 Breve histórico do pavimento de concreto no Brasil De acordo com Balbo (2009) a primeira estrada em pavimento de concreto construída no Brasil, foi o antigo Caminho do Mar, entre Riacho Grande e Cubatão, localizado no Estado de São Paulo (Foto 1 e Foto 2). A construção teve início em 1925 e foi concluída em 1926, com uma extensão de 8 km. Foi realizada com um pavimento de concreto de 20 cm de espessura, com a sub- base de macadame hidráulico. Na época a mistura do concreto era feita em uma betoneira deslocada sobre trilhos. Foto 1 – Placa de inauguração da primeira estrada construída em concreto Fonte: Disponível em: <http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0102x4.htm> Acesso em:21, dez., 2019. 26 Foto 2 – Rodovia Caminho do Mar (Riacho Grande – Cubatão) Fonte: Balbo (2009) Já em 1927, com o pavimento totalmente de concreto e faixas de larguras de 3,25 m, em pista simples, foram realizadas a construção da estrada na Serra de Petrópolis (Foto 3), no Estado do Rio de Janeiro, com 23 km de extensão no trecho em Serra. Foto 3 – Rodovia Rio de Janeiro – Petrópolis (Serra dos Sinos) Fonte: Disponível em: < https://br.pinterest.com/pin/147774431499007671/> Acesso em:21, dez., 2019. A partir destas primeiras obras já citadas, nesta época algumas outras viriam a ser implantadas, como no ano de 1938, iniciou-se a construçãoda longa rodovia BR- 232 (atual Rodovia Luiz Gonzaga), entre Recife e Caruaru, com aproximadamente 120 km de extensão, em pista simples. Nota-se que até então as rodovia em concreto foram todas em pista simples, quando no ano de 1939, veio a implantação da primeira autoestrada do país, a Via Anchieta, ligando São Paulo à Baixada Santista, com pistas duplas de 6 m de largura cada uma, com a extensão de 62 km, abrindo espaço para vários outros estudos e rodovias pavimentadas em concreto 27 2.3.3 Tipos de pavimento de concreto Dentro das metodologias previstas, existem diversas técnicas para a implantação de pavimentos de concreto, como pré-moldados ou as produções in loco, onde cada proposta apresenta as suas particularidades de projeto, execução, operação e manutenção. Na Tabela 2 é apresentado um resumo e um panorama geral dos tipos de pavimentos de concreto em placas, com suas principais características estruturais e construtivas, no quais podemos encontrar no mercado. 28 Tabela 2 – Tipos de pavimentos de concreto em placas Denominação Símbolo Principais características estruturais e construtivas Pavimento de concreto simples PCS Concreto de alta resistência em relação a concreto estruturais para edifícios, que combate os esforços de tração na flexão gerados na estrutura, por não possuir armaduras para isso. A presença de juntas serradas de contração (para controle da retração) pouco espaçadas é marcante. Pavimento de concreto armado PCA Concreto que trabalha em regime de compressão no banzo comprimido, mas sem sofrer esmagamento. No banzo tracionado estão as armaduras resistentes as esforços de tração, o que faz dele um concreto convencional armado. Há juntas serradas, porém de modo mais espaçado que no PCS. Pavimento de concreto com armadura contínua PCAC Concreto que tolera à fissuração retração, transversalmente, de modo aleatório. À armadura contínua, coloca um pouco acima da linha neutra, na seção transversal da placa, cabe a tarefa de manter as faces fissuradas fortemente unidas. Não se executam juntas de contração nesse pavimento, com exceção das construtivas. Pavimento de concreto protendido PCPRO Concreto que permite placas de grandes dimensões planas e menores espessuras, trabalhando em regime elástico. Pavimento de concreto pré- moldado PCPM As placas de concreto pré-moldadas atendem à necessidade de transporte. São normalmente fabricadas sob medidas, com elevado controle e precisão, para a rápida substituição de placas em pavimentos de concreto deteriorados. Whitetopping WT Nova camada de revestimento de um antigo pavimento asfáltico de concreto, que poderá ser em PCS, PCA, PCAC, PCPRO ou PCPM, de acordo com os respectivos padrões construtivos dessas soluções. Whitetopping ultradelgado WTUD Camada delgada de concreto, de elevada resistência, lançada sobre a antiga superfície asfáltica fresada, que apresenta placas pequenas dimensões e trabalha por flexão e deflexão. As juntas de contração são serradas com espaçamentos pequenos e, em geral, utiliza-se concreto de alta resistência. Fonte: Adaptado de Balbo (2009) 29 Figura 4 – Pavimento de concreto simples sem barra de transferência Fonte: Disponível em: <https://construcaociviltecnicas.blogspot.com/2013/11/sistema-de-pavimentacao- industrial-e.html> Acesso em:18, dez., 2019. Figura 5 – Pavimento de concreto simples com barra de transferência Fonte: Disponível em: <https://construcaociviltecnicas.blogspot.com/2013/11/sistema-de-pavimentacao- industrial-e.html> Acesso em:18, dez., 2019. No caso do trabalho em questão, o dimensionamento é todo realizado em pavimento de concreto simples, constituídas de placas moldadas in loco com vibroacabadoras em formas deslizantes (Foto 4) , onde após algumas horas da moldagem do concreto, devem ser previstas juntas serradas transversais e longitudinais, com a aplicação de selantes, igualmente espaçadas com o objetivo de controlar a retração hidráulica da massa de concreto fresca, uma vez que em grandes áreas e elevados volumes de concreto expostos às condições ambientais mais 30 desfavoráveis, podem trazer problemas construtivos. Daí também a importância de uma cura bem-feita para os pavimentos de concreto. Foto 4 – Vibroacabadoras com formas deslizantes Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 2.3.4 Processo executivo do pavimento em concreto De forma a facilitar o entendimento de um pavimento em concreto, apresentamos a sequência executiva de sua implantação: a) Preparo do subleito Foto 5 – Preparo do subleito Fonte: : ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 31 b) Execução da sub-base – CCR Foto 6 – Marcação topográfica Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) Foto 7 – Lançamento do concreto rolado com caminhões basculantes Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) Foto 8 – Execução do concreto rolado com vibroacabadoras Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 32 Foto 9 – Compactação com rolos duplos Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) Foto 10 – Cura feita com emulsão asfáltica Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) c) Execução das placas • Colocação de barras de transferência sem ou com DBI (Insersor de barra de pinos totalmente automático) Foto 11 – Colocação das barras de transferência sem DBI Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 33 Foto 12 – Colocação das barras de transferência com DBI Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) • Produção, transporte e lançamento do concreto Foto 13 – Produção do concreto nas usinas Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) Foto 14 – Lançamento do concreto na pista Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 34 • Espalhamento e adensamento do concreto Foto 15 – Lançamento do concreto na pista Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) • Inserção das barras de ligação Foto 16 – Inserção lateral das barras de ligação Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) • Nivelamento e acabamento do concreto Foto 17 – Nivelamento e acabamento com float mecânico Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 35 Foto 18 – Nivelamento e acabamento com float pan Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) Foto 19 – Nivelamento e acabamento com float manual Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) • Texturização Foto 20 – Texturização mecânica Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 36 Foto 21 – Texturização manual Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) • Cura química Foto 22 – Processo de cura química Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) • Juntas de construção Foto 23 – Conferência das barras de transferências Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 37 Foto 24 – Colocação de forma metálica e acabamento manual Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) Foto 25 – Microfresagem na região da junta de construção Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologiade pavimentos de concreto – Módulo 4) Foto 26 – Esquema de execução dos cortes transversais Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 38 • Serragem das juntas transversais e longitudinais Foto 27 – Processo de serragem das juntas Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) • Limpeza e selagem das juntas Foto 28 – Limpeza e selagem das juntas Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) 2.3.5 Características dos concretos empregados na pavimentação O concreto é composto de cimento Portland, água, agregados miúdo e graúdo, aditivos e outros componentes que podem ser recomendados em projeto. De modo a garantir o controle rigoroso das características técnicas do concreto, é importante manter na obra, um laboratório operado por pessoal especializado em tecnologia do concreto para condução dos trabalhos. 39 Conforme Senço (2001), a construção das placas de concreto dos pavimentos rígidos exige obediência às recomendações e especificações aos materiais utilizados e suas dosagens, além do controle dos processos executivos. Foto 29 – Usina dosadora e misturadora Fonte: ABCP – CTPC – M4 (Curso Tecnologia de pavimentos de concreto – Módulo 4) De acordo com DNIT (2004) o estudo da dosagem deve ser efetuado visando obter concreto que apresente características que atendam aos seguintes requisitos: a) Resistências características • A resistência característica à tração na flexão do concreto (fctm,k) a ser empregada nos pavimentos rodoviários, devendo corresponder à idade de 28 dias, no mínimo, ou de 90 dias, no máximo. b) Consistência (Trabalhabilidade) Segundo Balbo (2009, p.71) “Por trabalhabilidade do concreto entende-se a resistência que a própria massa de concreto opõe ao seu movimento, por ação da gravidade”. 40 A composição do concreto destinado a execução de pavimentos rígidos deve ser determinada por método racional, conforme normas NBR 12655:2006 e NBR 12821:2009, de modo a obter-se com os materiais disponíveis uma mistura fresca de trabalhabilidade adequada ao processo construtivo empregado e um produto endurecido composto e durável, de baixa permeabilidade e que satisfaça às condições de resistência mecânica e de acabamento superficial imposta pela especificação, que deve acompanhar o projeto do pavimento. (DNIT, 2013) Normalmente a mensuração da trabalhabilidade é dada para o concreto fresco, o que, para os concretos convencionais, normalmente é feito com o cone de Abrams, no qual é medida o abatimento (slump), que equivale à diferença entre a altura inicial do concreto (do tronco de cone) e a sua altura final depois da retirada do cone de compactação que envolve a massa fresca. Foto 30 – Ensaio do abatimento do tronco de cone (Slump test) Fonte: Disponível em: <https://www.escolaengenharia.com.br/slump-test/>. Acesso em:20 Dez. 2019. Dependendo do tipo e do processo de produção do pavimento de concreto, os valores do abatimento do tronco de cone podem ser bastante diferentes. É apresentado na Tabela 3, os valores admissíveis para um pavimento de concreto simples e uma sub- base em concreto compactado com rolo, assuntos deste trabalho. 41 Tabela 3 – Valores típicos para o abatimento do tronco de cone para pavimento de concreto simples Tipo de pavimento Tipo de concreto Método construtivo Abatimento Pavimento de concreto simples Concreto Convencional Fôrmas-trilho 60 - 90 Régua vibratória e fôrmas laterais desmontagens 60 - 90 Fôrmas deslizantes 0 - 40 laser screed 60 - 100 Concreto compactado com rolo Rolo liso vibratório 0 Fonte: Adaptado de Balbo (2009) c) Outras características • Possuir um consumo de cimento igual ou acima de 320 kg/m³ no concreto. • Relação água/cimento entre 0,40 e 0,56. • Dimensão máxima do agregado graúdo: 1/5 a 1/4 da espessura da placa, e nunca superior a 50 mm. • Teor de ar incorporado máximo – 0,5% • Exsudação: 1,5% máximo • Não apresentar reações álcali-agregado: As reações álcali-agregados são processos químicos que envolvem álcalis (sódio e potássio), normalmente, provenientes do cimento e agregados reativos. Essas reações, de agentes que se encontram dentro do concreto, podem gerar deteriorações do pavimento. A ocorrência das reações álcali-agregado é normalmente em locais de alta permeabilidade, juntas e defeito no concreto, como por exemplo, fissuras, que favorecem a entrada de água e a mobilidade dos álcalis. 42 2.3.6 Materiais empregados no concreto 2.3.6.1 Cimento Conceitua-se o cimento, como um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob a ação de água. Na forma de concreto, torna-se uma pedra artificial, que pode ganhar formas e volumes, de acordo com as necessidades de cada obra. Foto 31 – Processo de fabricação do cimento Fonte: Disponível em: < https://abcp.org.br/cimento/>. Acesso em:28 Dez. 2019. É composto de clínquer e de adições que distinguem os diversos tipos existentes, conferindo diferentes propriedades mecânicas e químicas a cada um. As adições ao cimento melhoram certas características no concreto, além de preservar o meio ambiente com a utilização de resíduos. Dentre os cimentos existentes no mercado, temos: a) Cimento Portland comum – Tipo CPI • Sem adição: tipo CPI • Com adições de materiais carbonáticos: tipo CPI-S b) Cimento Portland composto – tipo CPII • Com adição de escória: tipo CPII-E • Com adição de materiais pozolânicos: tipo CPII-Z • Com adições de materiais carbonáticos: tipo CPII-F 43 c) Cimento Portland de alto forno – tipo CPIII d) Cimento Portland Pozolânico – tipo CPIV e) Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (ARI) – tipo CPV f) Outros tipos: • Cimento Portland Branco Estrutural – tipo CPB • Cimento Portland resistente aos sulfatos • Cimento Portland de baixo calor de hidratação Conforme DNIT (2005, p.27) é descrito que: Para a execução dos pavimentos de concreto não são feitas exigências especiais quanto ao tipo de cimento e quanto aos índices físicos e químicos que estes tipos devem apresentar. Entretanto, os cimentos que apresentam maior eficiência no concreto (com maiores resistências para menores consumos) são aqueles cujo processo de endurecimento com o tempo seja mais lento (desde que não haja necessidade de abertura rápida ao tráfego), têm-se mostrados mais adequados para este tipo de obra. A escolha do tipo ou marca do cimento mais conveniente, quando esta escolha for possível, poderá trazer maior economia para a obra, além de maior qualidade e durabilidade, pela redução da probabilidade de fissuração. De acordo com a ABCP, é indicado na Tabela 4, a aplicação de cada tipo de cimento em concretos. Destaco em negrito, os tipos de cimentos recomendados a serem utilizados para pavimento em concreto. 44 Tabela 4 – Tabela dos tipos de cimento Aplicação Tipo de Cimento Concreto simples (sem armadura) Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPI-F), de Alto-Forno (CPIII) e Pozolânico (CPIV) Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F), Concreto armado com função estrutural de Alto-Forno (CPIII), Pozolânico (CPIV), de Alta Resistência Inicial (CPV-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) De Alta Resistência Inicial (CPV-ARI), Comum (CPI, Concreto armado para desforma rápida, curado CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F), de Alto-Forno por aspersão de água ou produto químico (CPIII), Pozolânico (CPIV) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F), Concreto armado para desforma rápida, curado de Alto-Forno (CPIII),Pozolânico (CPIV), de Alta a vapor ou com outro tipo de cura térmica Resistência Inicial (CPV-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F), Concreto pré-moldado curado por aspersão de de Alto-Forno (CPIII), Pozolânico (CPIV), de Alta água. Resistência Inicial (CPV-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Concreto pré-moldado para desforma rápida, De Alta Resistência Inicial (CPV-ARI), Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F) e Branco curado por aspersão de água Estrutural (CPB Estrutural) Concreto pré-moldado para desforma rápida, Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F), curado a vapor ou com outro tipo de cura de Alto-Forno (CPIII), Pozolânico (CPIV) e Branco térmica Estrutural (CPB Estrutural Concreto protendido com protensão das barras Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-Z, CPII-F), de Alta Resistência Inicial (CPV-ARI) e Branco Estrutural (CPB antes do lançamento do concreto Estrutural) Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F), Concreto protendido com protensão das barras de Alto-Forno (CPIII), Pozolânico (CPIV), de Alta após o endurecimento do concreto Resistência Inicial (CPV-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Pavimento de concreto simples ou armado Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F), de Alto-Forno (CPIII) e Pozolânico (CPIV) Comum (CPI, CPI-S), Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F), Pisos industriais de concreto de Alto-Forno (CPIII), Pozolânico (CPIV) e de Alta Resistência Inicial (CPV-ARI) Fonte: Adaptado da ABCP (2019) 45 De modo a obedecer às exigências estabelecidas para o cimento nas obras de pavimentação rígida, é apresentado em conformidade com a norma DNIT 050/2004 – EM, os seguintes critérios apresentados no Quadro 3, Quadro 4 e Quadro 5. Quadro 3 – Teores dos componentes (% em massa) Fonte: DNIT (2004) Quadro 4 – Exigências químicas (% em massa) Fonte: DNIT (2004) 46 Quadro 5 – Exigências físicas e mecânicas Fonte: DNIT (2004) 2.3.6.2 Agregados miúdo e graúdos Conforme DNIT (2005), para a pré-seleção das jazidas de fornecimento dos agregados para o concreto a ser utilizado no pavimento, deve-se sempre realizar ensaios e estudos com os próprios agregados, em argamassas e no concreto obtido por eles. Visando não prejudicar a resistência do concreto do pavimento, alguns ensaios básicos das jazidas são essenciais, como: a) Agregados graúdos • Granulometria, dimensão máxima característica e modulo de finura; • Teor de argila em torrões e materiais friáveis; • Absorção e massa específica; • Teor de material pulverulento; • Índice de forma; • Abrasão Los Angeles; • Esmagamento; • Teor de partículas leves; • 10% de finos; 47 b) Agregados miúdos • Granulometria, dimensão máxima característica e modulo de finura; • Teor de argila em torrões e materiais friáveis; • Massa específica e absorção; • Teor de material pulverulento; • Teor das impurezas orgânicas húmicas; • Teor de partículas leves. Podemos dizer que os agregados graúdos devem ser constituídos de pedras duras, resistentes, não porosas, duráveis, inativas e sem quantidades nocivas de impurezas. Já os agregados miúdos devem ser constituídos de partículas duras, resistentes, não porosas, quimicamente inativas, duráveis e sem quantidade nocivas de impurezas. Ainda no decorrer da obra, para que haja a liberação das concretagens, deverão ser verificadas as características dos agregados miúdos e graúdos, através de sua: ✓ Granulometria, dimensão máxima característica e módulo de finura; ✓ Teor de argila em torrões e materiais friáveis; ✓ Massa específica e absorção; ✓ Teor de material pulverulento; ✓ Teor das impurezas orgânicas húmicas; ✓ Teor de umidade. Para a confiabilidade da aceitação da concretagem, o ideal seria realizar ensaios no próprio concreto, nos estados frescos e endurecidos, onde dependendo dos resultados, poderiam indicar a necessidade de outros ensaios no programa de controle, como por exemplo: a reatividade dos agregados aos álcalis. 48 2.3.6.3 Água A água utilizada no amassamento do concreto deverá ser previamente qualificada e submetida à aprovação através de análises químicas e ensaios. Não deverá ter quantidades prejudiciais de óleos, ácidos, cloretos, sulfatos, matérias orgânicas ou outras impurezas que possam interferir nas reações de hidratação do cimento afetando a cura, o aspecto (coloração) final do concreto e íons capazes de acelerar o processo de corrosão das armaduras. De acordo com o DNIT (2005, p.37) sobre a relação da utilização de tipos de águas e as resistências do concreto, têm-se: “Tomando como base um valor mínimo de 90% para a relação entre as resistências, foram consideradas não satisfatórias as seguintes águas”: • Águas ácidas; • Águas residuais de curtumes; • Águas minerais carbonatadas; • Águas contendo mais de 3,0% de cloreto de sódio, ou mais de 3,5% de sulfatos; • Águas contendo açucares ou compostos similares. Foram consideradas satisfatórias as seguintes águas para o amassamento do concreto: • Águas de pantânos e brejos; • Águas mostrando a concentração máxima de 1,0% do ion SO4-; • Águas alcalinas, contendo até 0,15% de sulfatos de sódio (Na2SO4) e até 0,15% de cloreto de sódio (NaCI); • Águas provenientes de minas de carvão e gesso; • Alguns tipos de águas servidas, como as provenientes de matadouros, cervejarias, fábricas de tintas de sabão. 49 2.3.6.4 Aditivos Visando sempre favorecer os métodos construtivos, nas últimas décadas a indústria química buscou realizar ensaios de modo a obter novos conceitos sobre aditivos de concreto, com destaque para os superplastificantes e os produtos inibidores de evaporação e de retração, além dos produtos para a cura, aplicados na superfície do concreto fresco, criando películas de impedimentos de possíveis evaporações da água presente no concreto. Nos dias atuais, além do cimento, água e agregados na composição do concreto, podemos considerar os aditivos como o quarto elemento essencial, trazendo muita das vezes mudanças no estado fresco e endurecido, além de influenciar nas proporções da mistura e garantindo redução de custos e baixa permeabilidade. 2.3.7 Dimensionamento pelo método PCA/84 Segundo Pitta (1998, p.1), “os métodos clássicos de dimensionamento de pavimentos rígidos baseiam-se na consideração das propriedades mecânicas do concreto (representadas pelas resistências à tração na flexão), no suporte da fundação do pavimento (medido pelo coeficiente de recalque) e nas características do carregamento (dadas pela magnitude das cargas, sua posição crítica em relação à geometria das placas de concreto e o efeito do número de repetições de eixo durante o período de projeto)”. Geralmente a resistência à tração na flexão do concreto empregado para pavimentos em concreto simples, é na ordem de 4,5 MPa. Versão atualizada do método da Portland Cement Association (PCA) de 1966, a metodologia de 1984, onde para o cálculo da espessura da placa de concreto, baseia- se na verificação à ruína por erosão ou por fadiga atuante na placa, passou-se a aplicar as verificações também para pavimentos de concreto simples com juntas, com juntas e barras de transferência e em pavimentos de concreto continuamente armado, onde a armadura não apresenta função estrutural. O fator de erosão foi introduzido ao método em 1984, pois os danos causados pela erosão não poderiam ser previstos nem medidos pelo modelo de fadiga 50 (PCA/1966). Os efeitos da erosão se manifestam sob a forma de deformaçõesverticais, principalmente nos cantos e nas bordas longitudinais livres, bombeamento de finos do subleito sob ação de cargas, erosão do solo da fundação e consequentemente o descalçamento da placa, o que pode conduzir o pavimento à ruína precocemente. No Brasil, temos como consulta a esta metodologia, o Manual de Pavimentos Rígidos do DNIT, publicação IPR-714 de 2005 e várias publicações da ABCP, em especialmente a ET-97 – Estudo Técnico: Dimensionamento de Pavimentos Rodoviários e Urbanos pelo Método da PCA/1984. • Dimensionamento da espessura do pavimento De acordo com o DNIT (2005) para o dimensionamento da espessura do pavimento de concreto pelo Método da PCA/1984, deve-se inicialmente calcular o número de eixos totais por classe de carga, que irão atuar no pavimento, durante o período de projeto (geralmente para 20 anos). Após a definição deste parâmetro de tráfego, recomenda-se os seguintes passos: a) Definição dos parâmetros de dimensionamento: ✓ escolher o tipo de acostamento, juntamente com adoção ou não de barras de transferência; ✓ definição pelo projetista, da resistência à tração na flexão aos 28 dias (geralmente 4,5 MPa); ✓ coeficiente de recalque (em função dos subleitos e das sub-bases adotadas, caso necessária); ✓ definição do fator de segurança, em função do tipo do tráfego no local estudado (ver Figura 6); 51 Figura 6 – Fatores de segurança para as cargas (Fsc) Fonte: DNIT (2005) b) Após a definição dos parâmetros de dimensionamento, deve-se adotar espessuras para o pavimento de concreto por tentativa, definindo com isso as tensões equivalentes encontradas para os eixos simples, duplos e triplos, através do ANEXO C (p.121) e ANEXO D (p.122). c) Com as tensões equivalentes encontradas, define-se os fatores de fadiga, para cada um dos eixos: simples, duplo e triplo, dividindo as tensões equivalentes encontradas de cada eixo pela resistência à tração na flexão de projeto. d) Após a definição do fator de fadiga e com as cargas por eixos: simples, duplos e triplos, determina-se as repetições admissíveis para o critério da ruína por fadiga, através do ANEXO G (p.125). e) Seguindo o mesmo critério das tensões equivalentes, deve-se encontrar os valores dos fatores de erosão, determinados para cada um dos eixos: simples, duplos e triplos, através do ANEXO E (p.123) e ANEXO F (p.124). f) Após a definição dos fatores de erosão para cada tipo de eixo: simples, duplo e triplo, determina-se as repetições admissíveis para o critério da ruína por erosão, pelo ANEXO H (p.126). g) Dividem-se as repetições esperadas por eixos ao longo da vida útil do projeto pelas respectivas repetições admissíveis, determinadas tanto na análise por fadiga, quanto na análise por erosão, encontrando as porcentagens de resistência à fadiga e o dano por erosão consumidas. 52 h) Soma-se todas as porcentagens de resistência à fadiga consumidas, não devendo esta ultrapassar o limite de 100%. i) Soma-se também todas as porcentagens encontradas da resistência por dano a erosão consumidas, não devendo também ultrapassar o limite de 100%. j) Por fim, caso a espessura da tentativa seja insuficiente, deve-se repetir o cálculo com uma espessura maior. k) Recomenda-se que caso a porcentagem de resistência à fadiga ou a porcentagem de dano por erosão consumidas ficarem próximas de zero, as condições estarão satisfeitas, porém a placa estará superdimensionada, devendo diminuir a espessura do pavimento, buscando obter porcentagens o mais perto possível de 100%. 53 3. ESTUDO DE CASO 3.1 Estudo geotécnico Para a elaboração do cálculo do ISC de projeto, foram utilizados dados fornecidos pelo Prof. José Flávio Nascimento, onde serviu de base para toda a elaboração do estudo, conforme Figura 7, apresentando os resultados de ensaios de subleito referente ao projeto geométrico do trabalho. 54 Figura 7 – Resultados dos ensaios geotécnicos do subleito (continua) 55 (continua) 56 Fonte: Dados fornecidos pelo Prof. José Flávio, 2019 57 3.1.1 Segmentos de comportamento estrutural homogêneo Após a análise dos dados fornecidos do subleito, verificou-se algumas variações comportamentais dos ensaios, especialmente quanto a observação do ISC dos furos apresentados. Portanto, com a finalidade de determinar o ISC ao longo do trecho do projeto, houve a divisão em segmentos homogêneos. De acordo com o DNIT (2006, p.128): Para fins de estudos estatísticos dos resultados dos ensaios realizados nas amostras coletadas no subleito, as mesmas devem ser agrupadas em trechos com extensão de 20 km ou menos, desde que julgados homogêneos dos pontos de vista geológico e pedológico. Para a divisão dos segmentos homogêneos, foram adotados os seguintes critérios: a) Classificação pelo mesmo material, verificado pelos ensaios geotécnicos, apresentados na Figura 7. b) Valores de ISC próximos entre si; Após a análise dos critérios mencionamos acima, o trecho foi dividido em 3 (três) segmentos homogêneos: 3.1.1.1 Segmento 1 ➢ Furo 1 ao 27, conforme Figura 8. Segmento 1 considerado entre as estacas 0 a 190 3.1.1.2 Segmento 2 ➢ Furo 28 ao 43, conforme Figura 9. Segmento 2 considerado entre as estacas 190 a 293. 3.1.1.3 Segmento 3 ➢ Furo 44 ao 71, conforme Figura 10. Segmento 3 considerado entre as estacas 293 a 506. 58 Figura 8 – Análise dos furos do subleito - Segmento 1 Fonte – Elaborado pelo Autor (2019) 59 Figura 9 – Análise dos furos do subleito - Segmento 2 Fonte – Elaborado pelo Autor 60 Figura 10 – Análise dos furos do subleito - Segmento 3 Fonte – Elaborado pelo Autor (2019) 61 3.1.2 Definição do ISC de projeto 3.1.2.1 Análise estatística Para calcular o ISC de cada segmento homogêneo do projeto pela análise estatística, foram adotados os seguintes critérios: a) Eliminar furos que obtiveram valores de ISC < 5%; b) Eliminar furos que obtiveram valores com expansão > 2% c) Eliminar os furos que estão acima do greide, após a análise do Projeto Planialtimétrico fornecido pelo Prof. José Flávio (ANEXO A – p.112); d) Eliminar os furos que deram sondagem como impenetrável a trado. Na Figura 11, Figura 12 e Figura 13, foram destacadas em “vermelho” os furos que tiverem o ISC desconsiderados dos cálculos para definição do ISC de projeto dos segmentos homogêneos, com suas devidas justificativas na coluna observação (OBS). 62 Figura 11 – Furos eliminados da análise estatística – Segmento 1 Fonte – Elaborado pelo Autor (2019) 63 Figura 12 – Furos eliminados da análise estatística – Segmento 2 Fonte – Elaborado pelo Autor (2019) 64 Figura 13 – Furos eliminados da análise estatística – Segmento 3 Fonte – Elaborado pelo Autor (2019) 65 e) Foi aplicada a análise estatística, onde o valor característico que representa a resistência do subleito num determinado segmento homogêneo pode ser definido como: ISC DE PROJETO = Xmínimo = Xmédia ─ K x S Xmédia = média aritmética da amostra S = desvio padrão da amostra K = coeficiente de risco associado ao tamanho da amostra, conforme Tabela 5. Tabela 5 – Valor de K (coeficiente de risco associado ao tamanho da amostra) N 5 6 7 8 9 10 12 13 14 15 16 17 19 21 K 1,55 1,41 1,36 1,31 1,25 1,21 1,16 1,13 1,11 1,10 1,08 1,06 1,04 1,01 N = número de amostras K = coeficiente multiplicador. Fonte – Elaborado pelo Autor (2019) Aplicando o controle estatístico, tem-se: SEGMENTO 1 = ESTACA 0 ATÉ A ESTACA 190 Tentativa 1 N = 25 valores K = 1,01 Xmédia = 13,62 % Xmínimo = 9,63 % S = 3,95 % Análise para otimizar aresistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 7,70 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 24 % (maior valor superior à média) 66 Tentativa 2 N = 24 valores K = 1,01 Xmédia = 13,21 % Xmínimo = 9,74 % S = 3,44 % Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 7,79 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 23 % (maior valor superior à média) Tentativa 3 N = 23 valores K = 1,01 Xmédia = 12,78 % Xmínimo = 9,96 % S = 2,80 % Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 7,97 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 19 % (maior valor superior à média) Tentativa 4 N = 22 valores K = 1,01 Xmédia = 12,50 % Xmínimo = 9,97 % S = 2,50 % Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 7,98 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 18 % (maior valor superior à média) Tentativa 5 N = 21 valores K = 1,01 67 Xmédia = 12,24 % Xmínimo = 9,98 % S = 2,23 % Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 7,98 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se os valores individuais de 16 % (maior valor superior à média) Tentativa 6 N = 19 valores K = 1,04 Xmédia = 11,84 % Xmínimo = 9,81 % S = 1,95 % Maior valor obtido do ISC foi de 9,98 %, sendo adotado o ISC de projeto para este segmento de 10,0 %. SEGMENTO 2 = ESTACA 190 ATÉ A ESTACA 293 Tentativa 1 N = 10 valores K = 1,21 Xmédia = 28,05 % Xmínimo = 14,27 % S = 11,39 % Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 11,42 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 54 % (maior valor superior à média) Tentativa 2 N = 9 valores K = 1,25 Xmédia = 25,17 % Xmínimo = 16,12 % 68 S = 7,24 % Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 12,90 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 42 % (maior valor superior à média) Tentativa 3 N = 8 valores K = 1,31 Xmédia = 23,09 % Xmínimo = 17,95 % S = 3,92 % Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 14,36 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 28 % (maior valor superior à média) Tentativa 4 N = 7 valores K = 1,36 Xmédia = 22,39 % Xmínimo = 17,41 % S = 3,92 % Maior valor obtido do ISC foi de 17,95 %, sendo adotado o ISC de projeto para este segmento de 18,0 %. SEGMENTO 3 = ESTACA 293 ATÉ A ESTACA 506 Tentativa 1 N = 25 valores K = 1,01 Xmédia = 14,45 % Xmínimo = 9,85 % S = 11,39 % 69 Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 7,88 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 28 % (maior valor superior à média) Tentativa 2 N = 24 valores K = 1,01 Xmédia = 13,88 % Xmínimo = 10,20 % S = 3,65 % Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 8,16 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 23 % (maior valor superior à média) Tentativa 3 N = 23 valores K = 1,01 Xmédia = 13,49 % Xmínimo = 10,30 % S = 3,16 % Análise para otimizar a resistência do segmento 0,80 x ISC DE PROJETO = 8,24 % - não existe ISC individual menor que este valor. Exclui-se o valor individual 19 % (maior valor superior à média) Tentativa 4 N = 22 valores K = 1,01 Xmédia = 13,24 % Xmínimo = 10,22 % S = 2,99 % Maior valor obtido do ISC foi de 10,30 %, sendo adotado o ISC de projeto para este segmento de 10,0 %. 70 Resumo do ISC de projeto a ser utilizado para os segmentos: Segmento 1 = 10,0 % Segmento 2 = 18,0 % Segmento 3 = 10,0 % 71 3.1.2.2 Análise gráfica Figura 14 – Gráficos dos resultados do subleito - Segmento 1 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 72 Figura 15 – Gráficos dos resultados do subleito - Segmento 2 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 73 Figura 16 – Gráficos dos resultados do subleito - Segmento 3 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 74 Conforme DNER-PRO-277/97, o ISC de projeto é um valor de índice de suporte Califórnia em que 90% das estacas tenham ISC maior ou igual do que este valor. Portanto, através de análise gráfica e da análise estatística foi possível definir o valor do ISC de projeto de cada segmento homogêneo. • Segmento 1 – Estacas 0 a 190 ISCp = 10,0 % (92% das avaliações possuem ISCindividual ≥ 10,0%) • Segmento 2 – Estacas 190 a 293 ISCp = 18,0 % (90% das avaliações possuem ISCindividual ≥ 18,0%) • Segmento 3 – Estacas 293 a 506 ISCp = 10,0 % (96% das avaliações possuem ISCindividual ≥ 10,0%) 75 3.1.3 Substituição do subleito a) Segmento 1 Não é necessária a realização de substituição do subleito. b) Segmento 2 • Entre as estacas 200 e 204 Escavar abaixo da cota da linha do greide na espessura de 60 cm e substituir por um material cuja expansão seja menor do que 2,00% e ISC ≥ 18%. • Entre as estacas 224 e 229+10,00 Escavar abaixo da cota da linha do greide na espessura de 60 cm e substituir por um material cuja expansão seja menor do que 2,00% e ISC ≥ 18%. • Entre as estacas 273+10,00 e 277 Escavar abaixo da cota da linha do greide na espessura de 60 cm e substituir por um material cuja expansão seja menor do que 2,00% e ISC ≥ 18%. c) Segmento 3 • Entre as estacas 503 e 507+10,00 Escavar abaixo da cota da linha do greide na espessura de 60 cm e substituir por um material cuja expansão seja menor do que 2,00% e ISC ≥ 10%. 3.1.4 Corte em rocha ou rebaixo do subleito em rocha Para os trechos entre as estacas 188 e 200, entre as estacas 368 e 373 e entre as estacas 441 e 443, onde foi verificada a ocorrência de rocha sã ou em decomposição, deve-se promover o rebaixamento do greide da ordem de 1,00 metro. 76 3.2 Estudo de tráfego Para a elaboração do cálculo do número de solicitações por tipo de eixo, necessário para o dimensionamento do pavimento em concreto, foram adotados os dados resumidos da pesquisa de tráfego local, da composição do ano de 2017, conforme Tabela 6. Tabela 6 – Composição do tráfego e crescimento anual Classificação/ Configuração dos Veículos VMDAT 2017 Taxa de Crescimento Anual (%) Ida Volta MOTO 204 210 4,1 PASSEIO 801 818 3,1 UTILITÁRIO 190 201 3,1 ÔNIBUS 2C 30 29 2,5 CAMINHÃO 2C 54 55 2,5 CAMINHÃO 3C 89 81 2,5 SEMI-REBOQUE 2S3 38 33 2,5 SEMI-REBOQUE 3S3 78 79 2,5 SEMI-REBOQUE 2I2 4 5 2,5 SEMI-REBOQUE 3I3 3 2 2,5 REBOQUE 3C3 9 11 2,5 BITREM 3S2S2 78 69 2,5 RODOTREM 3S2C4 11 10 2,5 Fonte: Dados fornecidos pelo Prof. José Flávio, 2018 Premissas adotadas para o estudo de tráfego: • Foi considerada a parcela de tráfego desviado igual a 3% e a parcela de tráfego gerado igual a 5% do VMDAT 2017. • O período de análise do projeto foi de 20 anos, considerando o ano de abertura da rodovia ao tráfego em 2021. • Taxa do crescimento do tráfego em progressão geométrica. 77 3.2.1 Volume Diário Inicial (V0) Em conformidade com as premissas adotadas para o estudo de tráfego, é apresentada na Tabela 7 o cálculo de V0, onde foram considerados apenas os veículos comerciais, sendo motos, veículos de passeio e utilitários, excluídos do cálculo. A expansão dos dados com o acréscimo de 3% do tráfego desviado e 5% do tráfego gerado, obteve-se um total do V0 = 492 veículos/dia no ano de 2021 (ano de abertura da rodovia ao tráfego). Tabela 7 – Definiçãodo Volume Diário Inicial (V0) Fonte: Autor, 2019 78 3.2.2 Volume Diário Final (Vp) 𝑉𝑝 = 𝑉𝑜 𝑥 (1 + 𝑡)𝑝−1 Onde: • Vp = volume diário final; • V0 = volume diário inicial → V0 = 492 veículos/dia; • t = taxa de crescimento anual → t = 2,5% ao ano (P.G); • p = período de projeto → p = 20 anos. 𝑉𝑝 = 492 𝑥 (1 + 0,025)20−1 → 𝑉𝑝 = 787 𝑣𝑒í𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠/𝑑𝑖𝑎 3.2.3 Volume Médio Diário durante o período de projeto (Vm) 𝑉𝑚 = 𝑉𝑜 + 𝑉𝑝 2 Onde: • Vm = volume médio diário durante o período de projeto; • V0 = volume diário inicial → V0 = 492 veículos/dia; • Vp = volume diário final → Vp = 787 veículos/dia; 𝑉𝑚 = 492 + 787 2 𝑉𝑚 = 639 𝑣𝑒í𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠/𝑑𝑖𝑎 79 3.2.4 Número de veículos totais no final do projeto (Nv) 𝑁𝑣 = 365 𝑥 𝑝 𝑥 𝑉𝑚 Onde: • Nv= número de veículos totais no final do período de projeto; • p = período de projeto → p = 20 anos. • Vm = volume médio diário → Vm = 639 veículos/dia; 𝑁𝑣 = 365 𝑥 20 𝑥 639 → 𝑁𝑣 = 4.666.988 𝑣𝑒í𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠 3.2.5 Número das solicitações de eixo por tipo de veículo (Ne) 𝑁𝑒 = 𝑂𝑐𝑜𝑟𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑥 𝑁𝑣 𝑥 𝐹𝑒 Onde: • Ocorrência = % representativa por tipo de veículo; • Nv = número de veículos totais → Nv = 4.666.988 veículos; • Fe = Fator de eixo de acordo com o tipo do veículo. a) Ônibus 2C → Fe = 2 • Ocorrência = 7,61% N2C = 0,0761 x 4.666.988 x 2 → N2C = 710.709 eixos b) Caminhão 2C → Fe = 2 • Ocorrência = 13,71% N2C = 0,1371 x 4.666.988 x 2 → N2C = 1.279.276 eixos 80 c) Caminhão 3C → Fe = 2 • Ocorrência = 22,59% N3C = 0,2259 x 4.666.988 x 2 → N3C = 2.108.436 eixos d) Semi-reboque 2S3 → Fe = 3 • Ocorrência = 9,64% N2S3 = 0,0964 x 4.666.988 x 3 → N2S3 = 1.350.347 eixos e) Semi-reboque 3S3 → Fe = 3 • Ocorrência = 19,80% N3S3 = 0,1980 x 4.666.988 x 3 → N3S3 = 2.771.765 eixos f) Semi-reboque 2I2 → Fe = 4 • Ocorrência = 1,02% N2I2 = 0,0102 x 4.666.988 x 4 → N2I2 = 189.522 eixos g) Semi-reboque 3I3 → Fe = 5 • Ocorrência = 0,76% N3I3 = 0,0076 x 4.666.988 x 5 → N3I3 = 177.677 eixos h) Reboque 3C3 → Fe = 4 • Ocorrência = 2,28% N3C3 = 0,0228 x 4.666.988 x 4 → N3C3 = 426.425 eixos i) Bitrem 3S2S2 → Fe = 4 • Ocorrência = 19,80% N3S2S2 = 0,1980 x 4.666.988 x 4 → N3S2S2 = 3.695.686 eixos 81 j) Rodotrem 3S2C4 → Fe = 5 • Ocorrência = 2,79% N3S2C4 = 0,0279 x 4.666.988 x 5 → N3S2C4 = 651.483 eixos 3.2.6 Número de solicitações de eixo totais (Nt) 𝑁𝑡 = ∑𝑁𝑒 Onde: • Nt = número de solicitações de eixos totais; • Ne = número de solicitações de eixos por tipo de veículos. Nt = 710.709 + 1.279.276 + 2.108.436 + 1.350.347 + 2.771.765 + 189.522 + 177.677 + 426.425 + 3.695.686 + 651.483 = 13.361.327 Nt = 13.361.327 ou 1,34 x 107 3.2.7 Número de solicitações por tipo de eixo (NES / NETD / NETT) a) Eixo simples (NES) 𝑁𝐸𝑆 = 𝑁2𝑐 ô𝑛𝑖𝑏𝑢𝑠 + 𝑁2𝑐 𝑐𝑎𝑚𝑖𝑛ℎã𝑜 + 𝑁3𝑐 2 + 2𝑁2𝑠3 3 + 𝑁3𝑠3 3 + 𝑁2𝐼2 + 4𝑁3𝐼3 5 + 2𝑁3𝑐3 4 + 𝑁3𝑠2𝑠2 4 + 𝑁3𝑠2𝑐4 5 𝑁𝐸𝑆 = 710.709 + 1.279.276 + 2.108.436 2 + 2 𝑥 1.350.347 3 + 2.771.765 3 + 189.522 + 4 𝑥 177.677 5 + 2 𝑥 426.425 4 + 3.695.686 4 + 651.483 5 𝑁𝐸𝑆 = 6.467.451 82 b) Eixo tandem duplo (NETD) 𝑁𝐸𝑇𝐷 = 𝑁3𝑐 2 + 𝑁3𝑠3 3 + 𝑁3𝐼3 5 + 2𝑁3𝑐3 4 + 3𝑁3𝑠2𝑠2 4 + 4𝑁3𝑠2𝑐4 5 𝑁𝐸𝑇𝐷 = 2.108.436 2 + 2.771.765 3 + 177.677 5 + 2 x 426.425 4 + 3 𝑥 3.695.686 4 + 4 𝑥 651.483 5 𝑁𝐸𝑇𝐷 = 5.519.839 c) Eixo tandem triplo (NETT) 𝑁𝐸𝑇𝑇 = 𝑁2𝑠3 3 + 𝑁3𝑠3 3 𝑁𝐸𝑇𝑇 = 1.350.347 3 + 2.771.765 3 𝑁𝐸𝑇𝑇 = 1.374.037 Na Figura 17 é apresentada a planilha com o resumo dos cálculos para a definição total de solicitações por tipo de eixo (ES, ETD e ETT). 83 Figura 17 – Resumo do número total de solicitações por eixo (ES, ETD e ETT) Fonte: Autor, 2019 84 3.2.8 Distribuição carga x frequência por tipo de eixo (NES / NETD / NETT) Para a distribuição das cargas e frequência de ocorrência para cada tipo de eixo, foram considerados os dados fornecidos apresentados pela Tabela 8. Tabela 8 – Distribuição de carga x frequência de ocorrência Fonte: Autor, 2019 85 3.3 Dimensionamento do pavimento rígido – Método PCA/84 3.3.1 Considerações iniciais Para o dimensionamento da estrutura de pavimento a ser implantada, foram adotados os seguintes dados: • Caraterísticas geométricas: ✓ Largura da faixa de rolamento: 3,60 m ✓ Largura do acostamento: 2,40 m ✓ Largura da drenagem: 0,90 m ✓ Comprimento das placas: 6,00 m Conforme DNIT (2005), de acordo com a experiência brasileira, através de estudos e ensaios, a distância máxima entre as juntas transversais de 6,00 m, tem-se demonstrado adequada às nossas condições rodoviárias. • Foram adotados os valores dos subleitos, conforme definido no Item 3.1.2; Além dos parâmetros apresentados acima, o projeto terá as seguintes premissas para o dimensionamento do pavimento rígido para cada segmento homogêneo estudado, no item a seguir. 86 3.3.2 Dimensionamento da espessura da placa 3.3.2.1 Segmento 1 Dados de projeto: • Pavimento com a implantação de acostamento de concreto • Dimensionamento com barras de transferência • Período de projeto: 20 anos • Concreto: fctM,k = 4,5 MPa • Tráfego ✓ Fator de Segurança (Fsc) = 1,2 ✓ Número total de solicitações previstas (Tabela 8 – Distribuição de carga x frequência de ocorrência). • Fundação ✓ Subleito: CBRsubl = 10,0% ✓ Sub-base em concreto rolado = 10 cm; ✓ Coeficiente de Recalque sobre a sub-base = 144 MPa/m, conforme ANEXO B – (Página 120) Dimensionamento do pavimento: • Alternativa 1A – Folha de Cálculo (Figura 18) ✓ Espessura do concreto = 21 cm; • Alternativa 1B – Folha de Cálculo (Figura 19) ✓ Espessura do concreto = 20 cm; • Alternativa 1C – Folha de Cálculo (Figura 20) ✓ Espessura do concreto = 19 cm; 87 Figura 18 – Alternativa 1A – Esp. Concreto: 21 cm; Sub-base: 10 cm (CCR) Fonte: Autor, 2019 Projeto: Segmento 1 - Estaca 0 a 190 Espessura: 21 cm Juntas com BT: sim Ksist. 144 MPa/m Acostamento de concreto: sim Período de projeto: 20 anos 4,5 Mpa 1,2 Número de repetições admissíveis Consumo de fadiga (%) Número de repetições admissíveis Danos por erosão (%) 1 2 3 4 5 6 7 1,12 10 - Fator de Erosão 2,26 EIXOS SIMPLES 0,249 130 156 323.373 5.000.000 6,47 1.900.000 17,02 120 144 646.745 ilimitado 0,00 4.000.000 16,17 110 132 970.118 ilimitado 0,00 15.000.000 6,47 80 96 2.586.980 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 70 84 646.745 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 60 72 1.293.490 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 0,93 13 - Fator de Erosão 2,26 0,207 190 228 551.984 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 180 216 1.103.968 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 170 204 2.759.920 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 160 192 1.103.968 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 0 0 0 0,76 16 - Fator de Erosão 2,28 0,169 270 108 137.404 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 260 104 412.211 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 250 100 824.422 ilimitado 0,00 ilimitado 0,00 0 0 0 0 TOTAL 6,47 TOTAL 39,66 EIXOS TANDEM TRIPLOS 15 - Fator de fadiga 8 - Tensão equivalente 9 - Fator de fadiga 11 - Tensão equivalente EIXOS TANDEM DUPLOS 12 - Fator de fadiga 14 - Tensão equivalente DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTO DE CONCRETO PCA/84 Resistência Característica à tração na flexão, FctM,k Fator de Segurança de cargas, Fsc Cargas por eixo (kN) Cargas por eixo x Fsc Número de repetições previstas ANÁLISE DA FADIGA ANÁLISE DA EROSÃO 88 Na Figura 18, mostra a folha de cálculo da Alternativa 1A, correspondente ao dimensionamento do emprego de 10 cm de sub-base em concreto compactado com rolo ou concreto rolado e a espessura de concreto
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