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CLORANFENICOL: O cloranfenicol foi originalmente isolado de culturas de estreptomices encontradas na Venezuela e mostrou ser um antibiótico potente, inibidor da síntese de proteínas. Pode ser administrado por via oral ou parenteral. É bacteriostático para a maioria das bactérias. Mecanismo de ação: O cloranfenicol inibe a síntese de proteínas ligando-se reversivelmente à subunidade 50S do ribossomo bacteriano e impedindo a formação da ligação peptídica na cadeia de aminoácidos. Espectro: Boa ação: tem amplo espectro. Haemophilus influenzae, gram-positivos e gram-negativos. Efeitos adversos: Depressão da medula óssea, gerando pancitopenia grave. Contudo, esse efeito é raro. Tem que ser utilizado com muito cuidado em recém-nascidos por que não é bem excretado e causa síndrome do bebê cinzento (40% de mortalidade). Para que serve? Febre tifoide, meningite bacteriana, rickettsiose e brucelose. TETRACICLINAS: Exemplos: doxiciclina, minociclina e tetraciclina. Uma vez consideradas antibióticos de amplo espectro, o avanço da resistência bacteriana reduziu o uso de tetraciclinas para indicações específicas. A doxiciclina é a preferida na maioria das situações em relação à tetraciclina e à minociclina. O uso concomitante de suplementos minerais (como cálcio e ferro – ou leite) pode interferir na absorção dessas drogas. Mecanismo de ação: As tetraciclinas se ligam à subunidade 30S do ribossomo bacteriano, impedindo o encaixe do RNA de transferência que transporta novos aminoácidos para adição à cadeia peptídica Espectro: · Boa ação: rickettsias, espiroquetas (por exemplo, Borrelia burgdorferi, Helicobacter pylori), espécies de Plasmodium (malária). · Ação moderada: estafilococos (incluindo MRSA), Streptococcus pneumoniae. · Ação fraca: a maioria dos bastonetes gram-negativos, anaeróbios, enterococos. Efeitos adversos: · Gastrointestinal: as tetraciclinas podem causar irritação esofágica e os pacientes devem tomar o medicamento com água. · Dermatológico: a fotossensibilidade é frequentemente vista. Os pacientes devem evitar de tomar sol ou usar protetor solar enquanto estiverem tomando tetraciclinas. · Sensorial: a minociclina pode causar tonturas e vertigens. · Desenvolvimento: todas as tetraciclinas podem causar descoloração dos dentes e são contraindicadas para mulheres grávidas e crianças menores de oito anos de idade. Para que serve? Infecções não complicadas do trato respiratório, sinusite e pneumonia adquirida na comunidade. São drogas de escolha para muitas doenças transmitidas por carrapatos. Também são ativas contra antraz, peste e tularemia. AMINOGLICOSÍDEOS: Exemplos: gentamicina, tobramicina, amicacina, estreptomicina, espectinomicina. Os aminoglicosídeos têm uma janela terapêutica estreita e a dosagem inadequada leva ao risco de toxicidade significativa (principalmente nefro-ototoxicidade) nos pacientes. Por esse motivo, houve uma redução no uso dessa classe como terapia primária para a maioria das infecções. Dito isso, eles apresentam boa atividade contra muitos patógenos problemáticos (como Pseudomonas e Acinetobacter) que desenvolveram resistência aos medicamentos mais benignos. Também são excelentes em sinergia com os β-lactâmicos, melhorando a eficiência do tratamento. Gentamicina e tobramicina são os medicamentos mais utilizados. Geralmente a amicacina é reservada a patógenos resistentes aos dois primeiros, e a estreptomicina tem usos limitados (enterococos, tuberculose e peste). Mecanismo de ação: Os aminoglicosídeos se ligam ao ribossomo bacteriano (a subunidade 30S), causando leitura incorreta do código genético, levando à formação de proteínas incorretas e também à interrupção na síntese. Espectro: · Boa ação: gram-negativos (Escherichia coli, Klebsiella, Pseudomonas, Acinetobacter, a maioria dos outros). · Ação moderada: em combinação com um β-lactâmico ou glicopeptídeo: estafilococos (incluindo MRSA), Streptococcus viridans, enterococos. · Ação fraca: anaeróbios, organismos gram-positivos (em monoterapia). Efeitos adversos · Nefrotoxicidade: insuficiência renal aguda é relacionada à dose de aminoglicosídeos. · Ototoxicidade: os aminoglicosídeos causam toxicidade coclear e vestibular relacionada à dose que não é reversível e pode afetar significativamente a qualidade de vida. · Neurológico: pode ocorrer bloqueio neuromuscular quando os aminoglicosídeos são administrados a pacientes que recebem bloqueio neuromuscular. Para que serve? Em combinação com um agente β-lactâmico, são utilizados para o tratamento de infecções graves com patógenos gram-negativos documentados incluindo sepse, osteomielite, exacerbações de fibrose cística e pneumonia associada à ventilação mecânica. POLIMIXINAS: Exemplos: colistina (colistimetato de sódio) e polimixina B. As polimixinas são uma classe bastante antiga de antibióticos que quase deixou de ser usada sistemicamente em função do desenvolvimento dos aminoglicosídeos “mais seguros”. Infelizmente, a evolução contínua da resistência bacteriana forçou a comunidade médica a revisitar o uso de colistina e polimixina B no tratamento de infecções gram-negativas resistentes, uma vez que são consideradas eficazes no tratamento de infecções causadas por organismos gram-negativos altamente resistentes, como Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa, enterobactérias resistentes a carbapeno, como a Klebsiella pneumoniae. É importante o monitoramento da função renal em pacientes que recebem polimixinas. Mecanismo de ação: As polimixinas se ligam à membrana externa das bactérias gram-negativas, levando à ruptura da estabilidade da membrana e ao vazamento do conteúdo celular. Espectro · Boa ação: muitos gram-negativos, incluindo A. baumannii, P. aeruginosa e K. Pneumoniae. · Ação moderada: Stenotrophomonas maltophilia. · Ação fraca: todos os organismos gram-positivos, anaeróbios, Proteus, Providencia, Burkholderia, Serratia e cocos gram-negativos. Efeitos adversos · Renal: o efeito adverso mais comum é a nefrotoxicidade devido à necrose tubular. · Neurológico: neurotoxicidade é menos comum. Pode se manifestar como tontura, fraqueza, parestesias ou alterações no estado mental. Também pode ocorrer o bloqueio neuromuscular, que pode levar a parada respiratória fatal. Para que serve? As polimixinas são úteis no tratamento de infecções por gram-negativos multirresistentes incluindo pneumonia, sepse e infecções urinárias complicadas. ANTAGONISTAS DO FOLATO: Exemplos: trimetoprim, sulfametoxazol, dapsona, pirimetamina, sulfadiazina, sulfadoxina. A combinação sulfametoxazol/trimetoprim é, na verdade, o exemplo mais utilizado nessa classe. Tal associação já foi, uma vez, considerada um medicamento antibacteriano de amplo espectro. Durante anos, a associação sulfametoxazol/trimetoprim foi a terapia de primeira linha para o tratamento de cistite não complicada aguda em mulheres. Entretanto, esse “status” caiu, vítima da marcha implacável da resistência a antibióticos. Apesar disso, ainda é um medicamento de escolha para várias indicações, uma vez que o perfil de resistência varia consideravelmente de acordo com a região geográfica. Daí a importância de sempre obter o antibiograma para confirmar a terapia empírica com sulfametoxazol/trimetoprim. Os outros agentes são usados contra infecções parasitárias/fúngicas. Mecanismo de ação: Esses fármacos inibem etapas da via da biossíntese do folato, esgotando o conjunto de nucleosídeos e, finalmente, levando à inibição da síntese de DNA em organismos suscetíveis. Enquanto o sulfametoxazol inibe a dihidropteroato sintetase, impedindo a formação do ácido dihidropteróico (primeira etapa da via sintética do folato), o trimetoprim inibe a dihidrofolato redutase, impedindo a formação do ácido tetrahidrofólico (última etapa da via). Espectro · Boa ação: Staphylococcus aureus (incluindo muitas cepas de MRSA), Haemophilus influenzae, Stenotrophomonas maltophilia, Listeria, Pneumocystis jirovecii, Toxoplasma gondii (pirimetamina e sulfadiazina). · Ação moderada: bastonetes gram-negativos entéricos, Streptococcus pneumoniae, Salmonella,Shigella, Nocardia, Streptococcus pyogenes. · Ação fraca: Pseudomonas, enterococos, anaeróbios. Efeitos adversos · Dermatológico: a associação sulfametoxazol/trimetoprim, frequentemente, causa erupção cutânea, em geral por causa do componente sulfametoxazol. Embora essas erupções cutâneas geralmente não sejam graves, as doenças como necrólise epidérmica tóxica e síndrome de Stevens-Johnson também ocorrem. · Hematológico: uma supressão da medula óssea dependente da dose pode também ocorrer com a associação sulfametoxazol/trimetoprim. · Renal: pode causar um aumento da creatinina sérica e hipercalemia. · Alergias: pacientes alérgicos à associação sulfametoxazol/trimetoprim podem ter reações cruzadas com outros medicamentos que contenham porções sulfonamida, como furosemida, sulfadiazina, acetazolamida, hidroclorotiazida e glipizida. Para que serve? Tratamento de infecções urinárias inferiores sem complicações (empiricamente em áreas com baixa resistência, definitivamente sempre que suscetível), tratamento da meningite por Listeria, tratamento e profilaxia para pneumonia por P. Jirovecii em pacientes imunossuprimidos e tratamento da encefalite por toxoplasma. A sulfadiazina é usada no tratamento de toxoplasmose. Verificando o Aprendizado 1. Apesar de apresentarem vários efeitos adversos potencialmente perigosos, as polimixinas voltaram a ser bastante utilizadas na clínica. Qual a explicação para esse fato? R: Seu excelente efeito no tratamento de infecções por gram-negativos multirresistentes. · As polimixinas, como vimos, representam uma antiga classe de antibióticos que praticamente não é mais usada devido ao desenvolvimento dos aminoglicosídeos “mais seguros”. A evolução contínua da resistência bacteriana forçou a comunidade médica a revisitar o uso de polimixinas no tratamento de infecções gram-negativas resistentes, uma vez que são consideradas eficazes no tratamento de infecções causadas por organismos Gram-negativos altamente resistentes, como Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa. 2. A sulfadiazina é um antibiótico frequentemente utilizado em formulações tópicas. Sobre as características deste fármaco, analise as afirmativas abaixo: I- É um aminoglicosídeo cujo mecanismo de ação envolve a sua ligação ao ribossomo bacteriano e, como consequência, formação de proteínas incorretas e bloqueio da síntese proteica. II- Pertence a classe dos antagonistas do folato, juntamente com trimetoprim e sulfametoxazol. III- Possui bom espectro de ação cepas de Staphylococcus aureus. É correto o que se afirma em: R: II e III · A sulfadiazina é um antibiótico da classe dos antagonistas do folato, que tem como mecanismo de ação a inibição de etapas da via da biossíntese do folato, levando à inibição da síntese de DNA em organismos suscetíveis.
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