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Planejamento Nutricional Esportivo MSc. Daniel Chreem (@danielchreem) Mestre em Alimentos e Nutrição: UNIRIO Especialista e Nutrição Esportiva e Fitness Corporativo: UFRJ Professor de Nutrição Esportiva, Avaliação Nutricional e Bioquímica Fisiológica: Graduação Celso Lisboa (UCL) e Universidade Iguaçu (UNIG) Professor de Tópicos Avançados em Nutrição Esportiva: Pós Graduação (UCL, ILH, PO2 e UNESA) Coordenador de Pós Graduação em Nutrição Esportiva e Paradesportiva –FABA) Consultor Nutricional Esportivo: Nutrição de Alta Performance, Copacabana/RJ Ex Membro do Departamento Médico da Confederação Brasileira de Atletismo - CBAt. Massa Corporal Ideal A massa corporal ideal pode ser determinada de acordo com variações em índices ou medidas antropométricas de interesse. • Neste método estima-se IMC desejado dentro da faixa de eutrofia (18,5 - 24,9 Kg/M2) para multiplicação pela estatura ao quadrado. • Por se tratar de método que não diferencia compartimentos corporais da massa total é possível que valores de massa livre de gordura sejam subestimados. • Exemplo 1: Sr Cabeça-de-Batata, 88 Kg e 1,72m. • IMC atual = 88/ (1,72)2 = 29,7 Kg/M2 (Sobrepeso) • IMC desejado = 24,9 Kg/M2 (escolha arbitrária dentro da faixa ideal) • MC ideal = 24,9 x (1,72)2 = 73,7 Kg Massa Corporal Ideal por IMC desejado Massa Corporal Ideal • Neste método estima-se % de Gordura desejado dentro da faixa média por gênero (Pollock, 1980). • Homens: Acima de 5% e abaixo de 24%, sendo 15% a exata média. • Mulheres: Acima de 8% e abaixo de 31%, sendo 23% a exata média. • É importante avaliar a capacidade de indução ao aumento de Massa Livre de Gordura pelo esporte praticado pelo paciente, uma vez que compartimentos magros também podem ser alterados ao longo do tratamento dietético. • Exemplo 2: Sra Mommy Shark, 74 Kg, % de Gordura de 34,5% e 1,62m. • Massa Gorda atual (MGa) = 74 x 34,5 / 100 = 25,5 Kg • Massa Magra atual (MMa) = 74 – 25,5 = 46,5 Kg • % de Gordura desejado = 23% (Medida arbitrária dentro da faixa média) • Massa Gorda desejada (MGd) = 74 x 23 / 100 = 17 Kg • MC ideal = Peso atual – (MGa – MGd) = 74 – (25,5 – 17) = 65,5 Kg Massa Corporal Ideal por % de Gordura desejado Massa Corporal Ideal • Exemplo 3: Sr. Bartobi, 92Kg, % de Gordura de 17% e 1,88m. • Massa Gorda atual (MGa) = 92 x 17 / 100 = 15,6 Kg • Massa Magra atual (MMa) = 92 – 15,6 = 76,4 Kg • % de Gordura desejado = 10% (Medida arbitrária dentro da faixa média) • Massa Gorda desejada (MGd) = 92 x 10 / 100 = 9,2 Kg • MC ideal = Peso atual – (MGa – MGd) = 92 – (15,6 – 9,2) = 85,6 Kg Massa Corporal Ideal por % de Gordura desejado Massa Corporal Ideal • Exemplo 4: Sra. Corujita, 73Kg, % de Gordura de 19% e 1,61m. • Massa Gorda atual (MGa) = 73 x 19 / 100 = 13,9 Kg • Massa Magra atual (MMa) = 73 – 13,9 = 59,1 Kg • % de Gordura desejado = 12% (Medida arbitrária dentro da faixa média) • Massa Gorda desejada (MGd) = 73 x 12 / 100 = 8,8 Kg • MC ideal = Peso atual – (MGa – MGd) = 73 – (13,9 – 8,8) = 67,9 Kg Massa Corporal Ideal por % de Gordura desejado Estimativa de VET da Dieta A partir da definição da Massa Corporal Ideal é possível elaboração dos cálculos de VET a partir da medida calculada. Basta substituir a Massa Corporal Ideal na fórmula de VET escolhida. Todavia, é possível estabelecer diretamente valor de VET a partir da diferença entre MGa e MGd de acordo com método de Valor Energético por Tecido Adiposo, ou simplesmente VENTA (Wishnofsky, 1960). De acordo com o método VENTA cada Kg de Tecido Adiposo apresenta 7700 Kcal. Nesta condição multiplicando-se a diferença (MGa – MGd) é possível determinar conteúdo energético que deve ser diretamente subtraído do VET atual do indivíduo ao se dividir o valor encontrado pelo número de dietas de projeção da dieta. As seguintes ressalvas devem ser consideradas: I. Não se recomenda VET abaixo da TMB em virtude do risco de redução razoável de MLG. II. Não existem garantias que apenas a MG será reduzida III. A estimativa de dias da dieta é de difícil precisão. Estimativa de VET da Dieta Exemplo 1: Srta Magali da Turma da Mônica. Peso: 72 Kg % de Gordura: 34% TMB: 1450 Kcal VET: 2200 Kcal MGa: 72 x 34 /100 = 24,5 Kg MGd: 72 x % de Gordura Desejado (31) / 100 = 22,3 Kg Diferença MGa e MGd = 24,5 – 22,3 = 2,2 Kg VENTA: 2,2 x 7700 = 16940 Kcal / 30 dias = 565 Kcal/dia VET Dieta = 2200 – 565 = 1635 Kcal Estimativa de VET da Dieta - VENTA Exemplo 2: Paciente Joe Pesci. Peso: 89 Kg; % de Gordura atual: 29%; % de Gordura desejado: 20% VET Paciente = 2500 Kcal; TMB = 1900 Kcal MGa = 89 x 29 / 100 = 25,8 MGd = 89 x 20 / 100 = 17,8 MGa – MGd = 8 Kg VENTA = 8 Kg x 7700 Kcal = 61600 Kcal Retirada de 61600 Kcal em 1 mês = 61600 Kcal / 30 dias = 2053 Kcal VET Dieta = VET Paciente – VET VENTA = 2500 – 2053 = 447 Kcal/dia (Valor bem abaixo da TMB de 1900 Kcal) Nestas condições aumenta-se o número de dias para se oferecer a dieta: Retirada de 61600 Kcal em 4 meses = 61600 / 120 dias = 513 Kcal VET dieta = 2500 – 513 Kcal VET dieta = 1987 Kcal/dia • 4 a 12g/Kg MC/dia • Sendo valores inferiores a 4g associados a dietas de redução de massa corporal total Carboidratos • 1,2 a 2,0/Kg/MC/dia para indivíduos engajados no esporte em geral: • 1,2 a 1,6g/KgMC/dia para atletas de Endurance • 1,4 a 2,0g/KgMC/dia para atletas de força, hipertrofia ou potência • 2,0 a 3,1g para Cutting em Fisioculturistas ou Termogênese induzida pela dieta Proteínas • 20 a 35% VET • Complementado ao VET após cálculo de Carboidratos e Proteínas Lipídeos Recomendações de Macronutrientes no Esporte (ACSM, 2016) Recomendações de Macronutrientes no Esporte (ACSM, 2016) Exemplo 1: Mestre Yoda VET: 2300 Kcal MC: 70 Kg CHO: 4 x 70 = 280g; 1120 Kcal; 49% do VET PTN: 1,6 x 70 = 112g; 448 Kcal; 19 % do VET LIP: 2300 - (1120 + 448) = 732 Kcal; 81g; 32% do VET Exemplo 2: Yagami Light VET: 2500 Kcal MC: 75 Kg Objetivo: Hipertrofia Muscular Treinamento: Baixo nível CHO: 5 x 75 = 375g; 1500 Kcal; 60% VET PTN: 2 x 75 = 150g; 600 Kcal; 24% VET LIP: 2500 – (1500 + 600) = 400 Kcal; 44g; 16% VET Recomendações de Macronutrientes no Esporte (ACSM, 2016) Exemplo 3: Chloe Borgeous VET: 1950 Kcal Peso desejado: 57 Kg Objetivo: Desempenho, atleta treinada de ciclismo CHO: 4-12; x4 = 285g; 1140 Kcal; 58% PTN: 1,2 x 57 = 68,4g; 274 Kcal; 14% LIP: 1950 - (1140+274) = 59,6g; 536 Kcal; 28% Preparo Energético • 1,5 a 2g de CHO/Kg de MC de 4 a 1h antes (a dose pode ser fragmentada) • Índice ou Carga Glicêmica deve respeitar condições de: • Adaptação Alimentar • Resistência a glicose/insulina • Disbiose • Nível de Condicionamento Físico • Tempo de prova/treino Preparo Hídrico • 5-10mL/Kg MC de 2 a 4h antes • Reservar estratégia via Teste de Hidratação e Teste de Teor de Suor Turnover Protéico • Oferecer 1g de PTN de AVB para cada 3g de CHO • Preferencialmente de forma líquida • Respeitar intervalo de 90 min para mínimia digestibilidade protéica Orientações Nutricionais para Pré-treino - Desempenho Reposição e controle hídrico ou de fluidos • Completar conteúdo remanescente de água (ad libitum – 100 a 120%) Resposta antioxidante • Ingestão dietética e/ou suplementada (dependendo da temporada ou status nutricional / antioxidante) • Magnésio, Zinco, Vitamina C e COQ10 pref. Turnover Protéico • Oferecer 1g de PTN de AVB para cada 4g de CHO • Preferencialmente de forma líquida • O mais breve possível • Periodicidade Pós Treino de 2 em 2h Reconstituição de Glicogênio Muscular • A partir de 1,2g de CHO/Kg MC até 2h após o treino OU Entre 0,4 e 1,1g de CHO/Kg MC + 20g de PTN de AVB até 2h após o treino Orientações Nutricionais para Pós-treino - Desempenho Burke, 2011. Orientações Nutricionais para Pós-treino – Desempenho (Carboidratos) Bytomski, 2018. Timing Proteínas Carboidratos Lipídios Observação Pré 20-30g 200 a 300g Limitar em virtude de desconforto GI Caso esteja na fase de supercompensação, ofereça 8-10g de CHO/Kg MC em 1 a 3 dias antes da competição Durante Não há necessidade30-60g a 90g/h dependendo da duração ou prolongamento da atividade Não há necessidade Caso seja oferecido CHO durante, apenas na forma líquida ou em gel para melhor digestibilidade Pós 20-30g dentro de 30 min 60-120g dentro de 30 min (manter razão 1:3 c/ PTN) Em razão normal a CHO e PTNs - Orientações Nutricionais Gerais – Competitividade em Força • Menor ingestão de carboidratos é mais eficiente no emagrecimento. • Crença na alteração de combustível metabólico. • Quanto menor seu % gordura, melhor sua capacidade de ingestão de Carboidratos. • Carboidratos são essenciais para aumento do volume muscular. • A ciclagem de carboidratos atinge condições lipolíticas e músculo- hipertróficas de acordo com o timing de inserção dietética. Entretanto, recomenda-se redução drástica no %G antes do início deste plano. Premissas da Ciclagem de Carboidratos Orientações Ciclagem de Carboidratos • Ciclagem diária • 1-4 refeições com e 2-5 refeições sem carboidratos • Nas refeições com carboidratos serão consumidas quantidades do nutriente de acordo com o volume/carga do treino do dia, • Hiper: Dias mais intensos e volumosos • Normo: Dias menos intensos e volumosos • Hipoglicídicas: Dias OFF • Supercompensação • 3 dias de restrição glicídica significativa • 4 dias de ingestão hiperglicídica • Protocolo de Sherman Metodologias Orientações Ciclagem de Carboidratos • 3 dias de restrição (< 2g de CHO/KgMC/dia) • 4 dias de supercompensação (7-12g de CHO/ KgMC/dia) • Dia da competição Protocolo de Sherman Costill, et al, 1981 Orientações Ciclagem de Carboidratos • Ex1: • Consumo de carboidratos na ciclagem semanal de atleta canoísta, com peso de 65 Kg • Horário do treino: 06:00-09:00 • Desperta: 04:30 • Dorme: 22:00 • Ex2: • Consumo de carboidratos na ciclagem semanal de atleta fisiculturista com peso de 87 Kg • Horário do treino: 21:00 • Desperta: 07:00 • Dorme: 01:30 Supercompensação Orientações Ciclagem de Carboidratos Rauch, et al, 1995 Supercompensação de Carboidratos – efeitos na síntese de glicogênio Supercompensação de Carboidratos – efeitos na síntese de glicogênio Supercompensação de Carboidratos – efeitos na força Supercompensação de Carboidratos – efeitos no tempo de exaustão • < 2,0g/Kg = Low Carb. Depleção glicogênica e aceleração de oxidação de macronutrientes. • 3,0 – 5,0g/Kg = Intensidade baixa, redução de massa corporal. Total de atividades abaixo de 60min/d • 5,0 – 7,0g/Kg = Intensidade moderada. Total de atividades ~60min/d. • 6,0 – 10,0g/Kg = Intensidade alta. 1 a 3h/d. Intermitência de intensidade de exercício. • 8,0 – 12,0g/Kg = intensidade muito alta. >4h/d. Intermitência de intensidade de exercício. Requerimento de carboidratos • Refeição proximal e overload para sessão específica. • Fueling: 1,5 – 2,0g/Kg entre 4 e 1h no Pré-Treino • Recuperação: 30-60g/h de treino + 1,5g-2,0g imediatamente após • Caso não haja necessidade emergencial (não competitiva) ingestão distribuída na forma de maior conforto ao paciente/atleta. • Exercícios inferiores a 45 min – 60 min = Zero • Exercícios de alta intensidade 60- 75 min = bochecho + 5-10g • Exercícios de endurance 60 – 150 min = bochecho + 30-60g/h • Exercícios de ultra endurance > 3h = bochecho + 90g/h • Leitura de carga e índice glicêmico de acordo com características do paciente/atleta. Tipo/Timing Ergogênese induzida por Carboidratos Ergogênese induzida por Carboidratos Ergogênese induzida por Carboidratos – doses/Kg MC Ergogênese induzida por Carboidratos – doses/Kg MC Distribuição Energética e de Substratos de acordo com objetivo da dieta • Desempenho: • Aumentar oferta de energia, carboidratos (+4g/Kg) e proteínas (1,4-2g/Kg) para estímulo a síntese de glicogênio e fosfocreatina • Emagrecimento: • A oferta de carboidratos pode ser menor, reduzindo performance e reposição de glicogênio. Dieta hipoenergética, hiperprotéica. Normo a hipolipídica; Normo a hipoglicídico. Baixa velocidade de recuperação. Treinos intensos • Desempenho: • Hiperenergética, hiperprotéica e oferta moderada de carboidratos e lipídios • Emagrecimento: • Hipoenergética, hiperprotéica e variação de oferta entre carboidratos e lipídios dependendo do interesse termogênico ou cetogênico (ambos reduzirão performance). Treinos leves ou moderados Ajuste protéico da dieta • Oferecer a MESMA dose de proteínas INDEPENDENTEMENTE do dia de treinamento (intervalo de Turnover Protéico de 48h – Phillips et al, 2014). • Os periodos de 3h, 24h e 48h são críticos para oferta protéica, pois coincidem com o pico, manutenção e reestabelecimento da MPS relacionado ao período de repouso. • Doses de 0,25g de PTN/Kg/Refeição são mais interessantes para manter a aminoacidemia adequada para MPS ao longo do dia. • Proteínas completas (contendo todos EAA) e com bom conteúdo de leucina (de 1 a 3g por dose de consumo) são mais indicadas para estimular a MPS. • Indivíduos destreinados devem receber dieta ligeiramente mais hiperprotéica que pessoas treinadas devido a maior demanda da inflamação induzida pelo exercício ainda não adaptado (Burd et al 2008). • O Balanço Energético Positivo favorece significativamente a hipertrofia e o ganho de força por gerarem MPS acima da curva de evolução. Todavia, mesmo em dietas de BE negativo é possível estímulo da MPS (abaixo da curva de crescimento (Minor et al 2012). • A ingestão protéica pré-sono reduz os efeitos da atrofia muscular do pernoite. Preferencialmente através de Proteínas de menor velocidade de absorção. • Em casos de dificuldade de estímulo a hipertrofia e ganho de força, observar valores de NDPCal e Nitrogênio da dieta. Dietas exageradamente hiperprotéicas atrapalham evolução da MPS. Recomendações de estímulo a síntese protéica muscular (MPS)
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