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PLANEJAMENTO NUTRICIONAL PROF.A MA. MARIA CECILIA MEREGE Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Felipe Veiga da Fonseca Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Eudes Wilter Pitta Paião Márcio Alexandre Júnior Lara Marcus Vinicius Pellegrini Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................5 1. CONCEITOS DE NUTRIÇÃO, RELACIONADOS AO PLANEJAMENTO DE DIETAS .............................................6 1.1 MATEMÁTICA BÁSICA E LÓGICA RELACIONADOS COM O PLANEJAMENTO DIETÉTICO ............................7 1.1.1 REGRA DE TRÊS ..................................................................................................................................................7 1.1.2 CALCULO DE PORCENTAGEM ..........................................................................................................................8 1.1.3 MEDIDAS DE CAPACIDADE ...............................................................................................................................9 1.1.4 MEDIDA DE MASSA ...........................................................................................................................................9 1.1.5 MASSA X VOLUME ............................................................................................................................................10 1.2. CRITÉRIOS PARA ANÁLISES E ELABORAÇÕES DE DIETAS: QUANTITATIVOS, QUALITATIVOS E SEMI- QUANTITATIVOS. .......................................................................................................................................................11 INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO DE DIETAS PROF.A MA. MARIA CECILIA MEREGE ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PLANEJAMENTO NUTRICIONAL 4WWW.UNINGA.BR 1.2.1. CRITÉRIOS QUALITATIVOS .............................................................................................................................11 1.2.2. CRITÉRIOS SEMIQUANTITATIVOS ................................................................................................................13 1.2.3. CRITÉRIOS QUANTITATIVOS..........................................................................................................................16 1.3. CUIDADOS NECESSÁRIOS AO PLANEJAR UMA DIETA .................................................................................18 CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................................20 5WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O Planejamento Nutricional é baseado na estruturação de orientações nutricionais por meio de planos alimentares equilibrados de acordo com os critérios quantitativos, levando em considerações padrões de referências e cálculos nutricionais, e critério qualitativo e semiquantitativos, levando em considerações todos os princípios das ciências da Nutrição. Para tal finalidade, o Conselho Federal de Nutricionistas determina, por meio da resolução n° 380/05, que a “Composição física e química da dieta é estabelecida, exclusivamente pelo nutricionista por meio da seleção apropriada de alimentos que conferem à dieta os nutrientes necessários para a promoção e/ou recuperação da saúde do indivíduo”. Sendo assim, a disciplina de Planejamento por meio das quatro unidades tem por objetivo trabalhar os conceitos pertinentes, cálculos nutricionais, critérios para avaliação da dieta no intuito de ofertar a você ferramentas importantes na elaboração de um plano alimentar, visando o objetivo do seu cliente, mas pautado na ética e respeito para promoção, manutenção da saúde e prevenção de doenças. 6WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1. CONCEITOS DE NUTRIÇÃO, RELACIONADOS AO PLANEJAMENTO DE DIETAS A palavra dieta, do grego díaita, significa “maneira de viver” e seu conceito e sua utilização modificou-se ao longo dos anos. Antigamente, esteve ligada à restrição de nutrientes, visando suprir carências ou eliminar excessos e, quando associada a doenças, caracteriza--se por alterações na consistência e inclusão ou exclusão de alimentos. Em 1999 o termo “dieta” começou a ser utilizado para conceituar uma alimentação adequada, ou seja, aquela que atende as necessidades nutricionais do indivíduo. Sendo utilizada tanto na nutrição clínica quanto para caracterizar alimentação saudável, representando uma importante mudança em sua forma de utilização e interpretação. Logo, a dietética é um ramo da ciência da nutrição, no qual se estuda e aplica os princípios básicos da alimentação no organismo humano, para o planejamento, execução e avaliação de dietas adaptadas às características biopsicossociais e às culturas e atitudes alimentares dos indivíduos, considerando-se crenças, pensamentos, sentimentos e comportamentos, relacionados aos alimentos e às técnicas dietéticas, utilizadas no intuito de proporcionar prazer gastronômico a pessoas e coletividades sadias. Quando a dietética se ocupa da alimentação dos enfermos, recebe o nome de dietoterapia, já que ocorrerão restrições ou atribuições específicas para cada afecção associada aos alimentos permitidos, restringidos ou proibidos. A prescrição de dietas é baseada em vários critérios de seleção de alimentos, pautados no conhecimento dos nutrientes e substancias alimentares necessários ao funcionamento adequado do organismo. Para tanto, o planejamento de uma dieta é uma tarefa complexa, pois se deve dispor dos alimentos de forma organizada e obedecer aos critérios científicos, culturais e pessoais. Lembrando que o planejamento dietético também é chamado de cardápio, trazendo a discriminação, a organização das preparações e dos alimentos e bebidas. A alimentação é a forma pela qual os indivíduos viabilizam o consumo dos alimentos de sua dieta, provenientes do meio ambiente. Sendo necessário uma variedade de alimentos a fim de compor sua alimentação de forma equilibrada e de orientação e planejamento que considerem suas características biopsicossociais, isto é, dados pessoais e demográficos (gênero, idade, escolaridade, renda, tipo de trabalho, nível de atividade física), hábitose práticas alimentares, frequência e local de refeições, disponibilidade de alimentos e refeições, além do estado nutricional (antropométrico, bioquímico e clínico) e também das atitudes alimentares e dos aspectos emocionais e sociais relacionados às escolhas. De modo simples, é ato de dar e consumir alimentos. Já os hábitos alimentares refletem o que a população come em seu dia a dia, sendo necessário realizar adequações na ingestão de alimentos, uma vez que a alimentação se relaciona com os critérios descritos anteriormente. Um fator importante a ser considerado é a sensibilidade do profissional no intuito de conseguir adequar as características, da população e até mesmo individualizar suas particularidades, a fim de favorecer o consumo alimentar de modo a promover a saúde. Para que ocorra uma qualificação adequada, compete ao profissional da área compreender e diferenciar alguns conceitos que são indispensáveis para um melhor entendimento da nutrição e dietética: Dieta é todo consumo de alimentos planejado nas 24 horas a fim de atender necessidades nutricionais de indivíduos sadios ou enfermos, assim como respeitar as culturas alimentares. Alimentos: produto in natura ou industrializado com diferentes consistências, sabores, aromas, cores e nutrientes, que compõem as refeições. 7WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Nutrição: ciência que estuda os alimentos com base em sua composição química, bem como sua forma de ingestão, digestão, absorção, transporte, utilização, armazenamento e excreção pelo organismo, avaliando os benefícios e prejuízos dos componentes químicos à saúde humana. Metabolismo: combinação de processos por meio dos quais o corpo obtém e gasta a energia proveniente dos alimentos. Divide-se em duas partes: anabolismo (obtenção) e catabolismo (degradação). Recomendações nutricionais: conjuntos de padrões de comparação usados para estimativa de energia e nutrientes dos alimentos consumidos que satisfazem as necessidades nutricionais da maioria dos indivíduos de uma população sadia. Necessidades nutricionais: quantidades de nutrientes necessárias diariamente de acordo com sexo, idade e condições fisiológicas do indivíduo, a fim de desenvolver, manter e/ou recuperar o estado nutricional, proporcionando o funcionamento adequado do organismo. Estado nutricional: condição física e química do corpo resultante da quantidade e qualidade dos alimentos consumidos, bem como o estado de saúde do indivíduo. Necessidade energética basal: quantidade mínima de calorias necessária para manter o metabolismo celular, secreção hormonal, manutenção da temperatura corpórea e atividade nervosa de um indivíduo em repouso. Cerca de 60 a 65% da energia gasta pelo ser humano provém da necessidade basal. Necessidade energética total: quantidade de calorias que um indivíduo deve consumir diariamente para manter seu estado nutricional. Relaciona-se à quantidade de energia necessária para suprir a necessidade basal sornada à quantidade de energia necessária para a realização da atividade física diária, de acordo com a sua intensidade. Dieta equilibrada: ingestão adequada de nutrientes, atendendo às recomendações nutricionais vigentes. Dieta balanceada: ingestão alterada dos valões descritos nas recomendações nutricionais de um ou mais nutrientes, atendendo às necessidades específicas de cada paciente de acordo com sua condição patológica. A partir do conhecimento destes conceitos e das características do indivíduo, o nutricionista deve propor o planejamento das refeições por horário, discriminando nome dos alimentos e/ou preparações, indicando a composição e o valor nutritivo da refeição, a forma de consumo e de preparo, medidas usuais, quantidades em gramas, além de recomendar escolhas alimentares por grupos alimentares, equivalentes em energia, densidade energética e alimentos- fonte. Assim como deve indicar locais de compra, seleção, armazenamento e orientar formas de preparo para obtenção de melhor valor nutritivo e qualidades sensoriais. 1.1 Matemática Básica e Lógica Relacionados com o Planejamento Dietético 1.1.1 Regra de três A regra de três estuda a proporção entre as grandezas, sendo que em nutrição, a regra de três simples é a mais utilizada, basicamente esta envolve quatro valores, sendo que três valores são conhecidos e apenas um valor se desconhece, devendo assim ocorrer a multiplicação dos meios e extremos entre si. Como exemplo tem-se: para a elaboração de 12 massas de pizza, é necessário 1 kg de farinha de trigo, logo, caso se deseje preparar 18 massas de pizza, quanto de farinha será necessário? 8WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Por meio da tabela a seguir, é possível visualizar as grandezas direta ou inversamente proporcionais, sendo que o valor desconhecido será chamado de X. Quantidade de farinha de trigo Número de massa de pizza 1 kg de farinha 12 massas X kg de farinha 18 massas Tabela 1 - Regra de três. Fonte: a autora. Logo, o total de farinha para a confecção das massas de pizza seria 1,5kg. 1.1.2 Calculo de Porcentagem O termo porcentagem representa a razão entre um número e o denominador Sendo assim, ao desejar calcular a porcentagem, é necessário multiplicar a porcentagem pelo valor que está procurando. Por exemplo, caso deseje calcular 40% de 500, deve-se multiplicar 40 por 500, que resultará em 20000, dividindo este resultado por 100 já que se trabalha com percentual (20000 ÷ 100) obtêm-se 200, logo este é o valor percentual (40% de 500). 9WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Outro exemplo de cálculo de porcentagem: em uma AUAN, prepara-se ao dia 50 kg de arroz, caso necessite aumentar a preparação em 10%, qual o valor final a ser preparado? Ao se desejar saber 20% de 500 com a calculadora, deve-se digitar 500 apertar a tecla de multiplicação: X e digitar 20, teclando o símbolo % em seguida, logo o resultado será 100. 1.1.3 Medidas de Capacidade Capacidade é o volume interno de um recipiente. Sendo que a unidade fundamental de capacidade se chama litro e a quantidade de líquido é igual ao volume interno de um recipiente. Na transformação de unidades de capacidade, deve-se saber que cada unidade de capacidade é 10 vezes maior que a unidade imediatamente inferior. Múltiplos Unidade fundamental Submúltiplos Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro Kl hl dal L dl Cl ml 1000L 100L 10L 1L 0,1L 0,01L 0,001L Tabela 2 - Múltiplo e submúltiplos do litro. Fonte: Gouveia (2011). Figura 1 - Transformação de unidades. Fonte: Gouveia (2011). 1.1.4 Medida de Massa Massa é a quantidade de matéria presente em um corpo, sendo esta constante, já peso refere-se à força com que o corpo é atraído, devido a gravidade para a Terra. Cada unidade de volume é dez vezes maior que a unidade imediatamente inferior. Múltiplos Unidade fundamental Submúltiplos Quilograma Hectograma Decagrama Grama Decigrama Centigrama Miligrama Kg hg Dag G dg cg mg 1000G 100G 10G 1G 0,1G 0,01G 0,001G Tabela 3 - Múltiplo e submúltiplos de gramas. Fonte: Gouveia (2011). 10WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 2 - Transformação de unidades. Fonte: Gouveia (2011). 1.1.5 Massa X Volume ]Quando se trabalha com medidas diferentes, é necessário saber a densidade para a conversão, para tanto, se utiliza a fórmula: D=m (massa) ÷ v (volume). A água em condições normais é o único líquido que apresenta densidade 01, sendo assim 01 litro de água equivale a aproximadamente 1kg ou 1000 gramas. Para outros alimentos como o óleo, é necessário conhecer a densidade, logo o óleo apresenta densidade de 0,9g/mL, logo para a conversão de 1000mL de óleo de cozinha em grama tem-se: 0,9 ---- 1ml X ---- 1000ml X= 900g OU seja: 1000 ml de óleo pesam aproximadamente900 gramas. Figura 3 - Fatores de conversão para unidades comumente utilizadas em nutrição. Fonte: a autora. 11WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.2. Critérios para Análises e Elaborações de Dietas: Quantitativos, Qualitativos e Semiquantitativos. 1.2.1. Critérios Qualitativos No intuito de se ter uma alimentação equilibrada, consumindo alimentos que contenham todos os nutrientes necessários, deve-se conhecer a forma correta de se alimentar e para isso têm- se as Leis da Alimentação/Nutrição, propostas pelo nutrólogo argentino Pedro Escudero (1037), as quais foram criadas para que as pessoas tivessem uma orientação cientificamente comprovada para consumir os alimentos de forma correta. São elas: • Lei da qualidade: característica dietética de controlar a ingestão de calorias de acordo com a necessidade energética específica a fim de manter ou recuperar o estado nutricional adequado. Tudo que ingerimos deve estar em proporção suficiente para ser utilizado pelo corpo, visando o funcionamento orgânico adequado, considerando o gasto energético, o qual varia de acordo com o estado geral e nutricional. • Lei da quantidade: característica dietética de fornecer todos os nutrientes, sejam eles carboidratos, proteínas, lipídeos, fibras, vitaminas e sais minerais, guardando a proporção precisa de alimentos capazes de fornecer tudo de que o organismo necessita. • Lei da harmonia: característica dietética de fornecer as quantidades recomendadas de todos os nutrientes. Cada grupo alimentar tem determinados nutrientes e é primordial que se entenda quanto de cada fonte deve-se comer: que quantidade de carboidratos é preconizada em proporção ao cálculo do valor energético total? A fonte de proteína é de alto ou baixo valor biológico? Quanto colesterol, há em uma preparação executada com gordura animal? Todos esses questionamentos devem ter embasamento científico para as refeições estejam em equilíbrio com os nutrientes. ∘Nesta lei, as quantidades dos diversos nutrientes presentes na alimentação devem guardar uma relação de proporção entre si. Pode-se dizer que seria a junção das leis de qualidade e quantidade. • Lei da adequação: característica dietética relacionada as preferências alimentares, hábitos regionais, culturais e religiosos, condições socioeconômicas, momento biológico da vida e alterações patológicas. 12WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Na análise qualitativa, devem-se considerar, além das Leis da Alimentação de Escudero, a presença de alimentos de todos os grupos, a compensação entre as refeições, as características organolépticas, a variedade e a disponibilidade. Para Escudero, nutriente é toda substância que, introduzida no nosso organismo, vai exercer uma função de nutrição. O predomínio de determinados nutrientes na composição dos alimentos determinará sua classificação em construtores, energéticos e/ou reguladores. • Alimentos Construtores: carnes, vísceras, miúdos, ovos, leguminosas secas, leite, queijo. Neles predominam os seguintes nutrientes: • Proteínas – essenciais à formação de todos os tecidos. • Minerais – principais constituintes de ossos e dentes, mas praticamente encontráveis e todas as células. • Água – constituinte de todos os tecidos. • Alimentos Reguladores: hortaliças (legumes e verduras) e frutas. Nelas predominam os nutrientes: água, minerais, fibras, vitaminas, que regulam os processos orgânicos e as condições internas. • Alimentos Energéticos: cereais e subprodutos, feculentos, cana-de-açúcar e derivados, mel e gorduras. Nos quais predominam os nutrientes: • Carboidratos – fonte de energia mais eficaz para o organismo. • Lipídios – fonte de energia mais concentrada. • Proteínas – fornecem energia, mas sua principal função é construir e reparar tecidos orgânicos. 13WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.2.2. Critérios semiquantitativos O critério semiquantitativo se baseia em guias alimentares, que determinam o número de porções de alimentos de todos os grupos que devem ser consumidos pelos indivíduos. Os grupos são propostos em função da classificação dos alimentos segundo seu valor nutricional. Partindo dessa classificação, listas de equivalência nutricional são construídas a partir do porcionamento dos alimentos em medidas caseiras e porções em gramas, de tal forma a apresentarem aproximadamente o mesmo valor calórico, o que permite a substituição entre os alimentos do mesmo grupo. No Brasil, existe para a população adulta, o guia adaptado proposto por conhecido como Pirâmide Alimentar de 2000 kcal, a qual tem como objetivo transformar e reunir os conhecimentos científicos sobre a ingestão alimentar em um instrumento que facilitasse a seleção e o consumo de todos os grupos de alimentos, sendo assim alimentos habituais e tradicionais da população brasileira foram utilizados. Os alimentos estão distribuídos na Pirâmide Alimentar em oito grupos de alimentos e em quatro níveis, de acordo com o nutriente que mais se destaca em sua composição. Para cada grupo, são estabelecidas uma faixa de porções, sendo que cada porção possui uma equivalência calórica que deve ser respeitada, de forma que o consumo se torne adequado. Os valores para gramas, quilocalorias (kcal) e medidas usuais estão aproximados para facilitar o entendimento e transmissão das orientações. As porções da pirâmide alimentar são estabelecidas com base nas medidas usuais, ou seja, a quantidade de alimento em sua forma de consumo, expressa em medidas como xícaras, fatias, colheres de sopa ou unidades (4 gomos de laranja, 1 fatia de mamão, 4 unidades de biscoitos), o que permite melhor entendimento por parte do indivíduo da quantidade de alimento a ser consumido. Lembrando que ao se utilizar a pirâmide alimentar, deve-se respeitar as culturas alimentares e os hábitos alimentares da população e os grupos de alimentos devem ser distribuídos ao longo do dia e os alimentos. 14WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 4 - Pirâmide Alimentar. Fonte: Phillip (2014). A necessidade energética deve ser determinada pelo nutricionista, pois varia de acordo com o sexo, idade, peso, estatura, nível de atividade física e estado fisiológico do indivíduo. Para que a escolha alimentar seja melhor, pode-se organizar cada grupo por ordem de prioridade nutricional. Os grupos alimentares podem ser divididos em três categorias, de acordo com o nível de escolha: Grupo 1 ›› Primeira escolha: pães, cereais e massas integrais. ›› Segunda escolha: pães, cereais e massas, batatas, mandioca, mandioquinha. ›› Limitar a escolha: croissants, pastéis, pães doces, coxinha, quibe, croquete. Grupo 2 ›› Primeira escolha: verduras e legumes in natura ou no vapor. ›› Segunda escolha: verduras e legumes refogados. ›› Limitar a escolha: verduras e legumes na forma de frituras. Grupo 3 ›› Primeira escolha: frutas in natura. ›› Segundo escolha: frutas secas e abacate. ›› Limitar a escolha: frutas em caldas, congeladas e coco. Grupo 4 ›› Primeira escolha: leite, iogurtes e queijos desnatados ou com 0 % de gordura. ›› Segunda escolha: leite, iogurtes e queijos semidesnatados ou com teor reduzido de gordura. ›› Limitar a escolha: leite, iogurtes e queijos integrais. 15WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Grupos 5 e 6 ›› Primeira escolha: peixes e peito de aves sem pele grelhados, assados ou cozidos; leguminosas, principalmente a soja e seus derivados. ›› Segunda escolha: coxas e sobrecoxas das aves sem pele; carnes magras, grelhadas, assadas ou cozidas; ovo cozido ou mexido. ›› Limitar a escolha: aves com pele; carnes gordas grelhadas, assadas ou cozidas; ovo frito, empanados, embutidos e frituras em geral. Grupo 7 ›› Primeira escolha:azeite, óleo de canola, girassol, milho algodão e soja. ›› Segunda escolha: manteiga e margarina. ›› Limitar a escolha: banha, gordura hidrogenada, creme de leite, queijo amarelo e queijo cremoso, maionese etc. Grupo 8 ›› Primeira escolha: açúcar demerara, compota de frutas, sorvete de frutas no palito. ›› Segunda escolha: açúcar refinado, chocolate, chantili, sorvete de massa, biscoito recheado etc. Foi definida a recomendação de porções a serem consumidas para uma dieta de 2000 kcal/dia, segundo o quadro a seguir, cabendo ao nutricionista o papel de individualizar o número de porções de acordo com as necessidades nutricionais de cada indivíduo: Figura 5 - Valor energético e número de porções por grupo de alimentos da Pirâmide Alimentar no exemplo da dieta de 2.000 kcal. Fonte: Phillip (2014). Ao mesmo tempo, tem-se o Guia Alimentar para a população Brasileira, o qual tem por objetivo a promoção da saúde por meio de orientações quanto às práticas alimentares saudáveis e prevenção de doenças relacionadas a alimentação. 16WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Guia Alimentar para a População Brasileira: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf>. 1.2.3. Critérios quantitativos A análise quantitativa pressupõe a quantificação dos nutrientes que compõem a dieta e, para tanto, é necessário o emprego das tabelas de composição dos alimentos, devidamente confiáveis e elaborados segundo os métodos utilizados pelo INFOODS/BRASILFOODS/ LATINFOODS. Dentre as tabelas confiáveis e que podem ser empregadas no cálculo de dietas tem-se como exemplo a Tabela de Composição de Alimentos TACO (NEPA/UNICAMP), Tabela para Avaliação do Consumo Alimentar em Medidas Caseiras, Tabela de Composição dos Alimentos: Suporte para decisão nutricional, Tabela de Equivalentes, Medidas Caseiras e Composição Química dos Alimentos. Uma vez definida, a tabela de composição que será utilizada, o próximo passo é a definição dos alimentos e de suas respectivas quantidades a serem analisadas. O cálculo dos nutrientes pode ser realizado baseando-se no alimento pronto (cozido / preparado) ou no alimento in natura (cru). Como os métodos de preparo dos alimentos influem na composição nutricional acrescentando ou eliminando nutrientes seria mais adequado o cálculo pelo alimento já pronto e os alimentos que serão consumidos crus, por sua composição in natura. O cálculo da quantidade de nutrientes da dieta segundo as tabelas de composição química dos alimentos deve ser feito conforme a formula a seguir: 100g de alimentos da tabela ---------- quantidade de nutrientes da tabela (g, mg, mcg) Quantidade de alimentos da dieta ---------- X (g, mg, mcg) No estabelecimento da quantidade de alimentos, devem-se converter medidas caseiras/ porções em gramas. Para tanto, pesar as porções dos alimentos que compõem a dieta ou utilizar bibliografia especializada que apresente tabelas de conversão de medidas caseiras. Quando os cálculos não forem pelo alimento in natura ou pronto, as receitas das preparações devem ser desmembradas em seus diferentes alimentos e respectivas frações em gramas, caso não tenha na tabela de composição a preparação pronta. Para produtos industrializados (refrigerantes, bolos, biscoitos, congelados, sorvetes, doces), caso não tenha a composição na tabela de alimentos deve-se verificar a composição centesimal no rótulo do produto. 17WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Após a determinação dos alimentos e gramas que farão parte da dieta, deve determinar o valor energético ou calórico total por meio da soma total de carboidrato, proteína e lipídios provenientes de todos os alimentos e multiplicar por seu valor energético. • Total de carboidratos em gramas × 4 = total de carboidratos em kcal. • Total de proteínas em gramas × 4 = total de proteínas em kcal. • Total de lipídios em gramas × 9 = total de lipídios em kcal. • O somatório proveniente de carboidratos, proteínas e lipídios será igual ao valor energético total (VET) da dieta. Para calcular os percentuais provenientes de cada macronutriente é necessário considerar o VET obtido, por exemplo: em uma dieta que após o cálculo dos macronutrientes apresenta 300 g de carboidrato, 70 g de proteína e 70 de lipídios, diga o valor energético total da dieta e o percentual de cada macronutriente. • Carboidratos: 300 g × 4 = 1.200 kcal. • Proteínas: 70 g × 4 = 280 kcal. • Lipídios: 70 g × 9 = 630 kcal. • VALOR ENERGÉTICO TOTAL = 2.110 KCAL. • Porcentagem de macronutrientes: • Carboidratos: 2110 kcal ---- 100% 1200 kcal ---- X X= 56,9% • Proteínas: 2110 kcal ---- 100% 280 kcal ---- X X= 13,3% • Lipídios: 2110 kcal ---- 100% 630 Kcal ---- X X= 29,8% • Lembre-se que o total ao somar os percentuais tem que ser 100%. Conhecendo os critérios utilizados na elaboração de um cardápio, qual a importância de se coletar o maior número de informações possíveis do indivíduo que se pretende planejar uma dieta? 18WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Utilize sempre duas casas após a vírgula quando possível, lembrando-se da regra de arredondamento de números decimais segundo a ABNT NBR 5891, sendo que quanto o número seguinte ao último algarismo a ser mantido for inferior a 5, não deve ocorrer modificação. Ex.: 1,454 = 1,45. Já quando o número seguinte ao último algarismo a ser mantido for ≥ deve ser aumentado em uma unidade. Ex.: 1,666 = 1,67. 1.3. Cuidados Necessários ao Planejar uma Dieta Ao planejar uma dieta, é necessário saber olhar, escutar seu paciente/cliente e compor com seus conhecimentos técnico-científicos, criatividade e sensibilidade para o cultural e momento de vida, uma proposta real que seja incorporada ao cotidiano. Ao mesmo tempo, as decisões e orientações contidas no plano dietético devem ser individuais e discutidas com paciente/ cliente permitindo, melhores escolhas alimentares, prazer ao comer, adesão e manutenção à dieta planejada. O cardápio caracteriza-se por um conjunto de preparações que compõem uma refeição ou as refeições de um dia. Já a Refeição é a composição de alimentos e preparações culinárias, divididos em desjejum, colação almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. • Desjejum: a primeira refeição do dia, ou seja, o café da manhã. • Colação: a refeição entre o café da manhã e o almoço. • Almoço: refeição mais elaborada efetuada, em geral, no meio do dia. • Lanche da tarde: refeição menor entre o almoço e o jantar. • Jantar: refeição mais elaborada feita no período noturno. • Ceia: última refeição do dia. Para elaborar um cardápio, é necessário dividir as refeições em quatro a seis refeições por dia, como descrito anteriormente, mas nunca omitir as refeições mais elaboradas, como almoço e jantar. Deve-se organizar cada refeição de forma que os nutrientes sejam distribuídos em proporções adequadas para cada refeição que compuser o cardápio de forma equilibrada, de modo a satisfazer a necessidade energética e nutricional e manter o indivíduo em perfeita saúde. Um cardápio bem elaborado estimula no indivíduo a vontade de consumir, obedecendo aos princípios básicos de nutrição. Para isso, deve-se combinar as formas de apresentar as preparações, incentivando o equilíbrio desse cardápio. Visualmente falando, é necessário se preocupar com a forma, a cor, as texturas, os contrastes e as combinações de sabores, sem esquecer a variedade. Pode-se variar o modo de oferecer um mesmo alimento; por exemplo, a abobrinha pode ser servida nas seguintes versões refogada, recheada ou cozida com outros ingredientes; a batata é oferecida frita, cozida em forma de salada, recheada, na formade purê etc. 19WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Sendo assim as regras para a elaboração e montagem de cardápios são: • Cores: variar o máximo possível às cores das preparações para que o cardápio não seja monocromático. A monotonia pode causar uma sensação de má aparência. Se a salada for composta de folhas verdes, os outros alimentos devem ser de outras cores: vermelho, roxo, amarelo, laranja ou branco. • Formatos: cada corte executado nos alimentos pode atribuir uma forma diferente à sua apresentação; por exemplo, rodelas, fatias, cubos, tiras, iscas, postas, bife, bastões etc. • Sabores: são peculiares a cada alimento e podem determinar o gosto final das preparações. Azedo, amargo, doce, salgado, adstringente, picante, entre outros. Deve-se combiná-los de forma a ser um atrativo para quem vai comer. • Texturas: devem ser diferentes para que, ao ingerir, seja possível uma percepção de variedade dos alimentos. Os alimentos podem ser modificados, usando as formas cruas e cozidas em vários pontos, a fim de se ter consistências diferentes: líquidas, cremosas, secas, crocantes, moídas, elásticas, úmidas etc. • Formas de preparo: é agradável servir preparações de modos variados, como sugerir uma preparação crua, outra assada, outra frita, um ensopado, outra refogada, outra al dente etc. Todos esses critérios devem ser respeitados levando em consideração os hábitos alimentares da população em questão, as diversidades culturais, a disponibilidade dos alimentos, as condições financeiras e até mesmo religiosas. 20WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Cada vez mais a busca por mudanças no padrão alimentar pela sociedade vem aumentando, logo a partir do exposto, nota-se a importância da matemática básica e deter todos os conhecimentos acerca do planejamento dietético para a elaboração de um cardápio de forma completa e que cumpra o objetivo proposto, visando a recuperação e manutenção da saúde, visto que a escolha de alimentos em proporções corretas é considerado um fator essencial para a qualidade de vida, mantendo a funcionalidade do organismo na preservação e promoção da saúde. O profissional nutricionista precisa ao mesmo tempo saber que cada fase do ciclo da vida apresenta necessidades específicas e o conhecimento dos critérios envolvidos na elaboração de cardápios, assim como cálculos e composição dos alimentos são importantes para o desenvolvimento do organismo, uma vez que permitem a divisão correta das porções e calorias diárias, auxiliando assim no equilíbrio da alimentação. 2121WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................23 1. EQUAÇÕES PARA CÁLCULO DE NECESSIDADE ENERGÉTICA..........................................................................24 2. CÁLCULO PARA GANHO DE PESO E PERDA DE PESO ......................................................................................33 2.1. MÉTODOS PARA PERDA DE PESO .................................................................................................................. 35 2.2. CALCULANDO A PERDA DE PESO, EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................37 2.3. COMO SABER SE O VET FINAL SATISFARÁ O QUE SE PRETENDE? ........................................................... 38 2.4. CUIDADOS IMPORTANTES .............................................................................................................................. 38 3. CONCEITO DE BALANÇO ENERGÉTICO E UTILIZAÇÃO NA AVALIAÇÃO DE DIETAS .................................... 39 4. DISTRIBUIÇÃO DE MACRONUTRIENTES ......................................................................................................... 40 5. DISTRIBUIÇÃO DO VALOR NUTRICIONAL DA DIETA PELAS REFEIÇÕES .................................................... 44 ESTUDO E APLICAÇÃO DAS EQUAÇÕES PREDITIVAS E ETAPAS PARA O PLANEJAMENTO DE DIETAS PROF.A MA. MARIA CECILIA MEREGE ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PLANEJAMENTO NUTRICIONAL 22WWW.UNINGA.BR 6. ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO DE CARDÁPIO PARA COLETIVIDADE SADIA .................................................45 6.1 DENSIDADE ENERGÉTICA DA DIETA ................................................................................................................. 51 6.2 ÍNDICE DE ADEQUAÇÃO DA DIETA ...................................................................................................................52 CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................................54 23WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Na prática clínica, quanto à elaboração de dietas a determinação da necessidade energética de um indivíduo, é uma etapa extremamente importante, pois é a partir deste requerimento energético que se elaborará todo o plano alimentar, visando à manutenção do peso, ganho de peso ou emagrecimento. Sendo assim, é necessário conhecer as inúmeras fórmulas científicas disponíveis para o cálculo da necessidade energética, as diferenças existentes em cada uma delas, fatores que influenciam no cálculo da necessidade energética e sua aplicabilidade na prática clínica. Ao mesmo tempo, no intuito de evitar déficits ou excessos nutricionais, é importante saber como programar uma perda ou ganho de peso adequado, associando-se a uma correta distribuição de macronutrientes, conforme as recomendações vigentes. Para tanto, na presente unidade, será trabalhado todas as etapas envolvidas no planejamento de dietas desde o cálculo da recomendação energética, programação de perda ou ganho de peso, distribuição de macronutrientes e refeições, cálculo de cardápios com base na tabela de composição e na pirâmide alimentar. 24WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1. EQUAÇÕES PARA CÁLCULO DE NECESSIDADE ENERGÉTICA A determinação do valor energético total (VET), isto é a quantidade de energia necessária, considerando a necessidade energética do indivíduo é o primeiro passo para o planejamento dietético. Ao mesmo tempo, o gasto calórico diário ou valor energético total do indivíduo é determinado pelo seu gasto energético de repouso ou basal chamado metabolismo basal (TMB), acrescido do gasto energético para desempenho das atividades diárias (EGAT), da digestão, da absorção e metabolismo dos nutrientes (conhecido como efeito térmico dos alimentos ETA), e da manutenção da temperatura corporal. Segundo a WHO (1985), “a necessidade de energia de um indivíduo é o nível de ingestão de energia a partir do alimento que irá equilibrar o gasto de energia quando o indivíduo possui um tamanho e composição corporal e nível de atividade física consistentes com boa saúde a longo prazo”. Sendo que em nutrição ENERGIA é a principal moeda corrente, a qual é utilizada diariamente no organismo, já que os seres humanos precisam manter-se aquecidos e colocar em movimento todos os órgãos e sistemas para a manutenção da vida. A energia química é fornecida pelos alimentos que são originados dos conhecidos macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios). Figura 1 - Composição do VET. Fonte: Santos (2014). 25WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Como o calor é uma forma de energia, pode ser medido em unidades de energia, como o joule. Entretanto, historicamente, foi adotada a unidade independente de quantidade de calor, a caloria, cujo emprego persiste até hoje. Originária da Física, a caloria ou pequena caloria (cal) é a quantidade de calor necessáriapara elevar a 1°C a temperatura de 1 ml de água, e esta é a unidade padrão de medida para calor. Se for aplicado o mesmo princípio para 1 kg de água, será necessário fornecer, para a mesma variação de 1°C, a quantidade de calor de 103 cal ou 1 kcal (quilocaloria). Na Nutrição, é empregada a chamada grande caloria, ou quilocaloria, cuja notação pode ser kcal ou Cal. Como já mencionado, a quilocaloria representa 1.000 cal. As unidades de medida se relacionam da seguinte maneira: 1kcal = 1 Cal = 1000 cal = 4,18kJ. O gasto energético basal (GEB) ou taxa metabólica basal (TMB) representa de 50 a 70% do gasto energético diário do indivíduo e é definido pelo dispêndio energético para a manutenção das funções vitais em ambiente termoneutro, por isso deve ser aferido com o indivíduo em repouso, em jejum de 12 horas e em temperatura ambiente neutra. Órgãos % basal Cérebro 18,3 Coração 9,2 Fígado 26,4 Rim 7,2 Músculo Esquelético 25,6 Demais componentes 13,3 Tabela 1 - Percentual de contribuição no gasto energético basal de alguns órgãos em um indivíduo entre 60-70 Kg. Fonte: Marchini (1998). Dentre os fatores que influenciam a TMB tem-se: • Tamanho corporal – indivíduos que elevam quantidade de massa livre de gordura apresentam maior taxa metabólica basal. • Idade - Criança - (1-2 anos de vida) apresentam maior TMB, devido ao maior percentual de massa livre de gordura; já com o envelhecimento a TMB diminui em cerca de 2% a 3% por década (após o início da maturidade). • Sexo – mulheres apresentam menor TMB que os homens, cerca de 5 a 10%, considerando mesmo peso e altura. 26WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA • Estado hormonal – situações como hiper/hipotireoidismo podem modificar a TMB, sendo que no hipertireoidismo o gato basal eleva-se devido as reações químicas em alta intensidade, já o hipotireoidismo diminui a TMB, o estresse aumenta a TMB devido liberação do cortisol. • A febre eleva a TMB em cerca de 13% para cada grau acima de 37°C. • As patologias também elevam a TMB devido à presença de mediadores inflamatórios e hormônios catabólicos. O Efeito Térmico do Alimento (ETA) ou termogênese induzida pela dieta (TID) é a quantidade de energia que se eleva além do GEB, no período pós-prandial. Essa energia é para digerir, absorver e metabolizar os nutrientes. Sendo que o custo energético da digestão, da absorção e do metabolismo dos nutrientes e é estimada em aproximadamente 5 a 15% do GEB em situações de dietas mistas. No entanto, sofre interferência da quantidade de oferta energética e do tipo de nutriente, em que a proteína corresponde a 20 a 30%, o carboidrato, a 5 a 15%, e o lipídio, a 0 a 3%. Tipo de nutriente Oferta Calórica Em 100 g ETA Líquido Carboidratos 4 kcal/g 400 kcal 6-8% = 24-32 kcal 376-368 kcal Gordura 9 kcal/g 900 kcal 2-3% = 18-27 kcal 882-872 kcal Proteína 4 kcal/g 400 kcal 25-30% = 100-120 kcal 300-280 kcal Tabela 2 - Custo metabólico dos macronutrientes. Fonte: Marchini (1998). Gasto Energético Decorrente da Atividade Física é Energia Gasta em Atividade Física (EGAF OU NAF), a qual inclui a Energia gasta em exercício voluntário e a Energia gasta em atividades involuntárias (calafrios, agitação contínua e manutenção do controle postural), sendo extremamente importante analisar a rotina de vida e atividade ocupacional do indivíduo, uma vez que nestas podem-se encontrar atividades extras. Em média, o EGAF ou NAF representa 15 a 30% do VET. O mais adequado seria estimar o gasto energético para cada hora de atividade, porém é inexequível na prática clínica, por isso há fatores de atividades já determinados para a determinação da necessidade energética total, levando em consideração a intensidade da atividade física ou ocupação do indivíduo. Estética Natural. Disponível em: <http://www.mundoestetica.com.br/Materiais/ Ebook-Alimentos-Termogenicos-by-Luciana-Marques.pdf>. 27WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA São necessárias práticas constantes de atividade física para afetar consideravelmente o VET. Com base no pressuposto, pode-se dizer que Gasto Energético Total é resultado do gasto energético basal (70- 80%) + gasto energético para digestão, absorção e metabolismo dos nutrientes (15%) + gasto energético para manutenção da temperatura corporal (10%) + gasto energético para desempenho das atividades diárias. Vale ressaltar que as equações preditivas que serão demonstradas são específicas para cada faixa etária, sendo uma ferramenta crucial para elaboração do planejamento dietético de indivíduos e comunidades. Fórmula proposta por Harris e Benedict (1919) é a primeira equação de predição da taxa metabólica basal em homens e mulheres. SEXO FÓRMULA para estimar o GEB ou TMB FEMININO 655,1 + (9,56 X PESO CORPORAL (kg) + (1,85 x ESTATURA (cm) – (4,68 x IDADE (anos)) MASCULINO 66,47 + (13,75 X PESO CORPORAL (kg) + (5,0 X ESTATURA (cm) – (6,76 X IDADE (anos) Tabela 3 - Equação de Harris e Benedict para estimativa da TMB. Fonte: Martins (2000). Deve-se considerar peso atual quando IMC for entre 18 e 25 kg/m2 e peso ajustado quando IMC for > 25 kg/m2 e < 18 kg/m2. Esta equação é a mais frequentemente utilizada para pacientes não obesos. Entretanto, quando aplicada em obesos, é necessário realizar ajustes no peso corporal, para reduzir o risco de superestimação do GEB. Para determinar o GET em indivíduos não enfermos deve-se, multiplica-se somente pelo fator atividade descrito na Tabela 7. Para pacientes saudáveis: NET/VET/VCT/GET= GEB/TMB X FA FAIXA ETÁRIA Sexo CLASSIFICAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA Muito leve Leve Moderada Pesada 18 - 65 anos Masculino 1.3 1,55 1,78 2,10 Feminino 1.3 1,56 1,64 1,82 Acima de 65 anos Masculino 1.3 1,40 1,60 1,90 Feminino 1.3 1,40 1,60 1,80 Tabela 4 - Fator de atividade física para estimar o GET. Fonte: Martins (2000). 28WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Atividade classificada como leve é aquela atividade realizada geralmente sentada, em local fechado, em temperatura ambiente – professores, profissionais liberais, empregados no comércio, donas de casa (com eletrodomésticos), bancários; já a atividade moderada é aquela realizada normalmente em pé em que a pessoa passa a maior parte do tempo em movimento – estudantes, donas de casa (sem eletrodomésticos), balconistas, trabalhadores em indústrias leves, empregados em restaurantes; atividade intensa ou pesada é a atividade em que a pessoa passa a maior parte do tempo em movimento, porém com grande dispêndio de energia – mineiros, atletas, bailarinos, metalúrgicos, soldados em atividade, agricultores não mecanizados, alpinistas. Para indivíduos enfermos e hospitalizados é necessário, inicialmente, determinar o GEB, que deverá ser multiplicado pelo fator de atividade/fator térmico (Tabela 5) e, de acordo com a condição fisiopatológica do indivíduo, pelo fator injúria (Tabela 5). Para pacientes enfermos: NET/VET/VCT/GET = GEB/TMB X FA XFI X FT Sendo: FA = fator atividade; FI = fator injúria; FT = fator térmico. Fator Atividade para pacientes hospitalizados Fator Atividade Acamado 1.2 Acamado+ movimento 1.25 Ambulante 1.3 Condições Clínicas Fator Injúria Desnutrição grave 1.5 Pequena cirurgia (eletiva) 1.1 a 1.2 Pós-operatório (geral) 1.2 a 1.5 Peritonite 1.2 a 1.5 Sepse 1.4 a 1.8 Infecção grave 1.3 a 1.35 Câncer 1.1 a 1.45 Traumatismo de tecidos moles 1.4 a 1.7 Fraturas múltiplas 1.2 a 1.35 Queimadura de até 20% 1.0 a 1.5 Queimadura 20 a 40% 1.5 a 1.85 Queimadura de 40 a 100% 1.85 a 2.05 Temperatura Corporal Fator térmico 38º C 1.1 39º C 1.2 40º C 1.3 41º C 1.4 Tabela 5 - Fator de atividade física para estimar o GET em pacientes enfermos. Fonte: Martins (2000). 29WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Fórmula recomendada pela OMS (1985), segundo gênero, faixa etária e pesocorporal. Idade Gênero Gasto Energético Basal (kcal/dia) 0 a 3 anos Masculino 60,9 x P - 54 Feminino 61,0 x P - 51 3 a 10 anos Masculino 22,7 x P + 495 Feminino 22,5 x P + 499 10 a 18 anos Masculino 17,5 x P + 651 Feminino 12,2 x P + 746 18 a 30 anos Masculino 15,3 x P + 679 Feminino 14,7 x P + 496 30 a 60 anos Masculino 11,6 x P + 879 Feminino 8,7 x P + 829 A partir de 60 anos Masculino 13,5 x P + 487 Feminino 10,5 x P + 596 Tabela 6 - Fórmulas para cálculo do GEB. Fonte: OMS (1985). Após o cálculo do GEB, torna-se necessário multiplicar pelo Fator Atividade (FA), descrito na tabela 7, no intuito de obter o GET (GET = GEB x FA) Nível de atividade física Fator Atividade Repouso, dormir, descansar GEB x 1,0 Muito leve Atividades sentadas ou em pé, dirigir, trabalhar em laboratório, digitar, costurar, cozinhar, jogar baralho. GEB x 1,5 Leve Caminhar em superfície plana 4 a 4,8km/h, trabalhar com eletricidade, trabalhar com carpintaria, fazer faxina, babá, trabalhar em restaurantes, jogar golfe, jogar tênis de mês, velejar. GEB x 2,5 Moderada Caminhar entre 5,6 e 6,4km/h, trabalhar com enxada, carregar peso, praticar ciclismo, esquiar, jogar tênis, dançar, fazer limpeza doméstica. GEB x 5,0 Intensa Carregar peso em subida, cortar árvore, cavar, jogar basquete, praticar alpinismo e futebol. GEB x 7,0 Tabela 7 - Nível de atividade física. Fonte: OMS (1985). Em 2001, a FAO e a OMS elaboraram novas fórmulas para a determinação do gasto energético total, devido a mudanças no padrão de vida e alimentar da população. Do mesmo modo o GET é obtido a partir do GEB e FA (GET = GEB x FA). Idade em anos Homens Mulheres > 3 anos 59,512 x P – 30,4 58,317 x P – 31,1 3 – 10 anos 22,706 x P + 504,3 20,315 x P + 485,9 10 – 18 anos 17,686 x P + 658,2 13,384 x P + 692,6 18 – 30 anos 15,057 x P +692,2 14,818 x P + 486,6 30 – 60 anos 11,472 x P + 873,1 8,126 x P + 845,6 > 60 anos 11,711 x P + 587,7 9,082 x P + 658,5 Tabela 8 - Fórmulas para cálculo do GEB. Fonte: FAO/OMS (2001). 30WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Atividade Intervalo de fatores Sedentário ou atividade leve 1,40 – 1,69 Ativo ou atividade moderada 1,7 – 1,99 Vigoroso ou atividade vigorosa 2,00 – 2,40 Tabela 9 - Fator atividade física. Fonte: FAO/OMS (2001). As atuais recomendações nutricionais denominadas DRI estabeleceram equações para o cálculo da necessidade energética com diversas fórmulas, conforme estágios de vida, gênero e excesso de peso. Essas equações, propostas pelo Institute of Medicine (IOM), são consideradas as melhores e mais atuais até o momento, por terem sido desenvolvidas de acordo com estudos fundamentados no método da água duplamente marcada. As atuais equações são denominadas necessidade estimada de energia (EER, do inglês estimated energy requirement) e contemplam o gasto energético total (GET). Para crianças, gestantes e mulheres na lactação, a EER considera a necessidade energética associada à energia de depósito para formação de tecidos ou secreção do leite. A EER será estimada com base no nível de atividade física recomendado para manter a saúde e diminuir o risco de doenças crônicas e obesidade. Estágio da vida Necessidade estimada de Energia (EER) Bebes GET + energia de depósito 0 a 3 meses EER = (89 × peso [kg] – 100) + 175 kcal 4 a 6 meses EER = (89 × peso [kg] – 100) + 56 kcal 7 a 12 meses EER = (89 × peso [kg] – 100) + 22 kcal 13 a 36 meses EER = (89 × peso [kg] – 100) + 20 kcal Crianças e adolescentes EER+ energia de depósito Meninos 3 a 8 anos EER= 88,5 – (61,9 × idade [anos]) + AF × {(26,7 × peso [kg]) + (903 × altura [m])} + 20 kcal 9 a 18 anos EER = 88,5 – (61,9 × idade [anos]) + AF × {(26,7 × peso [kg]) + (903 × altura [m])} + 25 kcal Meninas 3 a 8 anos EER = 135,3 – (30,8 × idade [anos]) + AF × {(10,0 × peso [kg]) + (934 × altura [m])} + 20 kcal 9 a 18 anos EER = 135,3 – (30,8 × idade [anos]) + AF × {(10,0 × peso [kg]) + (934 × altura [m])} + 25 Adultos (≥ 19 anos) EER= (kcal/dia) – gasto energético total Homens EER = 662 – (9,53 × idade [anos]) + AF × {(15,91 × peso [kg]) + (539,6 × altura [m])} Mulheres EER= 354 – (6,91 × idade [anos]) + AF × {(9,36 × peso [kg]) + (726 × altura [m])} Tabela 10 - Necessidade estimada de energia para indivíduos eutróficos, de acordo com o estágio de vida e o gêne- ro. Fonte: IOM (2001). 31WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O NAF é utilizado para descrever os hábitos de atividade física e foi estimado a partir de estudos com água duplamente marcada, monitoramento da frequência cardíaca e técnica do tempo de movimentação/atividade diária. De acordo com a IOM, o coeficiente de atividade física, foi determinado com base no índice de massa corporal, que deve ser utilizado nas equações propostas de EER descrita na tabela 11. Estágio da vida Nível de atividade física Sedentário Pouco ativo * Ativo** Muito Ativo *** Coeficiente de AF para crianças e adolescentes (3 a 18 anos) Meninos 1,00 1,13 1,26 1,42 Meninas 1,00 1,16 1,31 1,56 Coeficiente de AF para adultos (≥ 19 anos) Homens 1,00 1,11 1,25 1,48 Mulheres 1,00 1,12 1,27 1,45 AF = atividade física; *30 a 60 min diários de atividade moderada; **pelo menos, 60 min diários de atividade moderada; ***60 min de atividade intensa ou 120 min de atividade moderada. Tabela 11 - Coeficiente de atividade física em cada nível de atividade física, segundo estágio de vida e gênero, para indivíduos eutróficos. Fonte: IOM (2001). O instituto de medicina determinou equações para indivíduos com sobrepeso e obesidade (IMC ≥ 25 kg/m²) segundo idade, altura, peso, e categoria de atividade física. Neste caso, essas equações são mais indicadas por considerarem a condição atual dos indivíduos. Estas equações têm como propósito promover a perda lenta e gradual de gordura corporal devido aos riscos que a perda de peso rápida representa, tanto em crianças e adolescentes quanto em adultos. As equações para GET recomendadas para crianças com risco de sobrepeso e sobrepeso são para a manutenção do peso, pois elas não consideram o crescimento. Estágio da vida Necessidade estimada de Energia (EER) Manutenção do peso em crianças com sobrepeso e obesidade Crianças (3 a 18 anos) EER (kcal/dia) = gasto energético total Meninos EER = 114 – (50,9 × idade [anos]) + AF × {(19,5 × peso [kg]) + 1.161,4 × altura [m])} Meninas EER = 389 – (41,2 × idade [anos]) + AF × {(15,0 × peso [kg]) + 701,6 × altura [m])} Emagrecimento em adultos com sobrepeso e obesidade Adultos (≥ 19 anos) EER= (kcal/dia) = gasto energético total Homens EER = 1.086 – (10,1 × idade [anos]) + AF × {(13,7 × peso [kg]) + (416 × altura [m])} Mulheres EER = 448 – (7,95 × idade [anos]) + AF × {(11,4 × peso [kg]) + (619 × altura [m])} Manutenção do peso em adultos com peso normal, sobrepeso e obesidade Homens EER = 864 – (9,72 × idade [anos]) + AF × {(14,2 × peso [kg] + 503 × altura [m])} Mulheres EER = 387 – (7,31 × idade [anos]) + AF × {(10,9 × peso [kg] + 660,7 × altura [m])} EER = necessidade estimada de energia; AF = atividade física; m = metros. Tabela 12 - Gasto Energético em condições especiais. Fonte: IOM (2001). 32WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Estágio da vida Nível de atividade física Sedentário Pouco ativo * Ativo** Muito Ativo *** Coeficiente de AF para crianças e adolescentes (3 a 18 anos) para manutenção de peso em crianças com risco de sobrepeso e com sobrepeso Meninos 1,00 1,12 1,24 1,45 Meninas 1,00 1,18 1,35 1,60 Coeficiente de AF para adultos (≥ 19 anos) para emagrecimento e manutenção de peso em adultos com sobrepeso e obesidade Homens 1,00 1,12 1,29 1,59 Mulheres 1,00 1,16 1,27 1,44 Coeficiente de AF para adultos (≥ 19 anos) para manutenção de peso em adultos com peso normal, em sobrepeso e obesidade Homens 1,00 1,12 1,27 1,54 Mulheres 1,00 1,14 1,27 1,45 AF = atividade física; *30 a 60 min diáriosde atividade moderada; **pelo menos, 60 min diários de atividade moderada; ***60 min de atividade intensa ou 120 min de atividade moderada. Tabela 13 - Nível de atividade física, segundo estágio de vida e gênero, para indivíduos em condições especiais. Fonte: IOM (2001). O método quilocaloria por quilograma de peso corporal considera apenas o peso do indivíduo multiplicado por uma taxa calórica, com base em sua condição nutricional ou patológica (peso × kcal/kg). Por sua praticidade e sua rapidez no cálculo da estimativa do gasto energético, essa fórmula é conhecida como “fórmula de bolso”. A seguir, são apresentadas as tabelas para cálculo de gasto energético pelo método quilocaloria por quilograma de peso (kcal/ kg) para adultos segundo o objetivo da intervenção nutricional, assim como de acordo com as condições fisiopatológicas. Metabolismo Basal, Gasto Energético Total e Dieta. Com o vídeo é possível um melhor entendimento da energia necessária ao organismo visando à manutenção da saúde. Link: <https://www.youtube.com/watch?v=lFDaIjKQYrM>. 33WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Objetivo Taxa calórica (kcal/kg) Para perda de peso 20 – 25 kcal/kg peso Para manutenção de peso 25 – 30 kcal/kg peso Para ganho de peso 30 – 35 kcal/kg peso Politrauma/situação de estresse 35 – 40 kcal/kg peso Sepse 25 – 30 kcal/kg peso Cirurgia eletiva em geral 32 kcal/kg peso Nos casos de obesidade mórbida ** restrição moderada de energia 15 - 20 kcal/kg peso atual (NUNCA INFERIOR A TMB) Para crianças de acordo com a idade Idade (anos) Taxa calórica (kcal/kg) 0 a 1 90 – 120 kcal/kg peso 1 a 7 75 – 90 kcal/kg peso 7 a 12 60 – 75 kcal/kg peso 12 a 18 30 – 60 kcal/kg peso Tabela 14 - Necessidade Energética total estimada por recomendações de energia por quilo de peso corporal se- gundo o objetivo da intervenção nutricional. Fonte: Martins (2000). 2. CÁLCULO PARA GANHO DE PESO E PERDA DE PESO A partir do momento que se conhece as fórmulas para a determinação da necessidade energética do indivíduo, torna-se necessário definir o objetivo do tratamento nutricional. Para tanto, é importante a determinação do estado nutricional do paciente, com base no índice de massa corporal (IMC) para estabelecer a relação de proporcionalidade entre o peso e estatura e assim traçar o objetivo da intervenção nutricional, ou seja, manutenção, ganho ou perda de massa corporal, sem excluir evidentemente a educação nutricional. O IMC é um indicador simples, rápido, de baixo custo e fácil de ser aplicado, no entanto é necessário que a nutricionista análise todos os indicadores da composição corporal do indivíduo para uma intervenção nutricional adequada. 34WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A fórmula para o cálculo do IMC é Peso (em kg) ÷ por estatura² (em metros), sendo que a classificação deste índice para adultos e idosos pode ser visto na tabela a seguir: Classificação do IMC para adultos IMC em kg/m² Magreza grau III < 16,0 Magreza grau II 16,0 – 16,9 Magreza grau I 17,0 – 18,4 Eutrofia 18,5 – 24,9 Pré-Obeso 25,0 – 29,9 Obesidade grau I 30,0 – 34,9 Obesidade grau II 35,0 – 39,9 Obesidade grau III ≥ 40,0 Classificação do IMC para idosos IMC em kg/m² Magreza grau III < 22 Eutrofia 22 a 27 Sobrepeso > 27 Tabela 15 - Diagnóstico Nutricional segundo o IMC para adultos e idosos. Fonte: OMS (1998). Após a determinação do estado nutricional, é necessário o cálculo do peso ideal, o qual é o peso adequado para o indivíduo, considerando a idade, biótipo, sexo, altura e condição nutricional visando o bom estado de saúde. Peso ideal ou = IMC ideal x estatura (m) ² Desejável Sendo que o IMC ideal para homens é 22 kg/m² e para mulheres 20,8 kg/m², ao mesmo tempo tem-se o IMC médio ideal que é 21,7 kg/m². Para idosos o cálculo do IMC ideal segue a mesma fórmula, porém é baseado no Percentil 50 devido às mudanças fisiológicas que o mesmo apresenta. IMC ideal para idosos com base no P°50 Idade Homens (kg/m2) Mulheres (kg/m2) 60 a 69 anos 24,3 26,5 70 a 74 anos 25,1 26,3 75 a 79 anos 23,9 26,1 80 a 84 anos 23,7 25,5 + 85 anos 23,1 23,6 Tabela 16 - IMC ideal para idosos segundo o percentil 50. Fonte: Vitolo (2003). Nos casos em que o indivíduo apresenta-se com peso superior ao considerado normal, deve-se fazer a correção do peso ideal para a determinação da necessidade energética, considerando o cálculo do Peso Ajustado, este deve ser utilizado quando o IMC ≥ 25 kg/m² ou quando a adequação do peso for inferior a 90% ou superior a 110% 35WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A fórmula para o cálculo do peso ajustado é: (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual Para determinar a adequação do peso basta utilizar a formula: Peso atual x 100 ÷ Peso Ideal, sendo que valores entre 90 a 110% é considerado adequado. Ao mesmo tempo, torna-se importante delimitar qual peso deve ser utilizado no cálculo do VET, sendo assim nos casos de: • Desnutrição deve-se utilizar o peso ideal. Em casos que a adequação de peso for menor que 90% utilizar o peso ajustado. Sendo que ao usar a fórmula de bolso, usar peso atual. • Eutrofia deve-se utilizar o peso atual. Em casos que o indivíduo deseje perder peso, não ultrapassar o limite mínimo da eutrofia. • Sobrepeso/Obesidade deve-se utilizar o peso ajustado quando usar a fórmula da DRI, FAO ou Harris Benedict, já com a fórmula de bolso utilizar o peso atual. 2.1. Métodos Para Perda de Peso Perda de peso, considerando como meta inicial uma redução em 10% do peso corporal (em seguida avaliar a necessidade de aumentar esta perda). O tempo razoável para um emagrecimento seguro sem déficits nutricionais neste caso é de 06 meses. Neste caso, considerar um déficit calórico moderado de 300 a 500 kcal para IMC entre 27 a 35 kcg/m² e de 500 a 1000 kcal para IMC > 35 kg/m². Trabalhar com uma perda de 0,5 a 1 kg/ semana, sendo que devido à alta restrição calórica, um dos problemas é “aumentar a perda” ou “manter o peso”, logo é extremamente importante a associação de três fatores: Dieta+ exercício+ mudança de comportamento. Qual a importância da utilização do peso ajustado ao invés do peso ideal no cálculo do VET para indivíduos diagnosticados em sobrepeso e obesidade? 36WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 2 - Exemplo de programação de perda de peso. Fonte: Santos (2014). Outro método para emagrecimento bastante utilizado e mais tolerado é a programação de redução de 2 kg/mês, equivalente a 0,5 kg/semana, sendo que a taxa de redução de peso não deve ultrapassar 1 kg por semana segundo o American College of Sports Medicine. Segundo a ABESO, uma redução de 500 a 1000 kcal por semana é eficaz e aceita visando a perda de 0,5 a 1 kg por semana. Este método permite a manutenção do peso perdido a médio e longo prazo devido não ser muito restritivo. Figura 3 - Exemplo de programação de perda de peso. Fonte: Santos (2014). 37WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Outro método é a programação em função da perda de gordura desejada, conforme Bender e Bender, 1997. Para este método, deve-se considerar que a perda de 1 kg de gordura equivale a 7700 kcal, considerando que 80% do nosso corpo é constituído por TGL. Sendo assim, ao desejar a perda de 4 kg de gordura corporal seria necessária uma restrição calórica de 30800 kcal, a qual se for programada para 1 mês, é necessária uma restrição de 1026,66 kcal/dia (30800 ÷30). Após Determinar a Programação de Perda de Peso, deve-se Reduzir do VET calculado, resultando assim no VET Final. Todavia atualmente é um método não muito utilizado. 2.2. Calculando a Perda de Peso, Exemplo Prático Para pacientes acima do peso (sobrepeso ou obesidade): após avaliação nutricional e determinação do pesoajustado, deve-se determinar a TMB/ GEB, utilizando a fórmula de Harris e Benedict ou da FAO (2001) com peso atual, calcular o GET com a fórmula de bolso (usar peso atual) e após chegar a meta estipulada recalcular o peso e assim o VET, sendo que ao atingir o peso desejado, deve-se calcular o VET visando a manutenção do peso. Há a possibilidade de calcular a necessidade energética total do paciente, utilizando as fórmulas da Dri, FAO, Haris e Benedic, porém deve-se lembrar que o peso a ser utilizado é o peso ajustado. Para pacientes abaixo do peso (magreza/desnutrição): após avaliação nutricional e determinação do peso ideal, calcular o VET, utilizando a formula de bolso ou a IOM, considerando SEMPRE o peso ideal. Exemplo 1: determine a Necessidade Energética para a senhora de 40 anos cujo o peso atual é 90 kg, estatura 1,70. Sedentária • IMC: 31,14 kg/m². • Peso Ideal: 20,8 x 1,70² = 60,11 kg. • Peso Ajustado: 82,52 kg. • TMB = 655,1 + (9,56 X 90) + (1,85 x 170) – (4,68 x 40). • TMB = 655,1 + 860,4 + 314,5 – 187,2 = 1642,8 kcal. • Formula de Bolso: • 20 x 90 = 1800 kcal. • 24,99 x 90 = 2249,1kcal. • Qual usar, já que as duas não são menores que a TMB? Deve-se analisar o recordatório 24 horas e os hábitos alimentares do paciente. • Como também pode ao se comparar o VET total da paciente para manutenção de peso utilizando o peso atual com a fórmula de bolso para emagrecimento e ver a diferença calórica no intuito de não ser restritiva a dieta. • VET usando o peso atual por Harris e Benedict = 2135,64kcal. • Pela fórmula de bolso o valor mínimo = 1800kcal. Nota-se que ao comparar o VET atual e a fórmula de bolso uma redução calórica de quase 500 kcal (2135,64 – 1800 kcal = 335,65 kcal), permitindo assim o uso deste VET de 1800 kcal. Ao mesmo tempo, caso deseje saber em quanto tempo ocorrerá esta perda deve-se: Calcular a Perda de peso considerando o peso atual e ajustado que seria 7,480 kg (90- 82,52 kg), não sendo menor que 10% (80 kg). 0,5 kg – 1semana. 7,480 kg – x. X = 15 semanas ± 4 meses. 38WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Exemplo 2: determine a recomendação energética para o senhor de 40 anos, cujo peso atual é 85 kg e estatura 1,70 m. Ao analisar o recordatório nota-se consumo de 2500 kcal. • IMC: 85/1,70² = 29,41 kg/m² - sobrepeso. • Peso ideal: 22 x 1,70² = 63,58 kg. • Peso ajustado: (63,58 – 85) x 0,25+85 = 79,65 kg. • TMB = 66,47 + (13,75 X 85) + (5,0 X 170) – (6,76 X 40). • TMB = 66,47 + 1168,75 + 850 - 270,4. • TMB =1814,82 kcal. • VET= 20 * 85 = 1700 kcal --- menor que a TMB. • VET= 24,9 x 85 = 2116,5 kcal. • Recordatório consome 2500 kcal. • Logo trabalhar com VET de 2116,5 kcal ou cerca de 2000 kcal, utilizando 23,5 x 85 = kcal. • Redução de cerca 383,5 kcal perda de ± 400 g/semana. • Perda de 5,35 kg (85- 79,65 kg). • Redução de peso não é menor que 10% (75 kg). • 0,5 kg – 1semana. • 5,350 kg – x. • X= 11 semanas ± 3 meses. 2.3. Como Saber se o VET Final Satisfará o que se Pretende? Deve-se dividir o VET final calculado pelo peso atual do paciente e avaliar, onde valores iguais a: • 20 a 24,99 kcal/kg = Perde Peso. • 25 a 30 kcal/kg = Manutenção de Peso. • 30 kcal/kg = Ganho de peso. 2.4. Cuidados Importantes • Comparar as necessidades calóricas com o consumido. • Certificar-se de que o consumo alimentar relatado pelo paciente reflete o habitual, pois é comum superestimar as necessidades ou subestimar o consumo. • Avaliar se o paciente vem apresentando perda, ganho ou manutenção de peso com a alimentação que vem seguindo. • Certificar-se de que o déficit calórico não proponha um consumo calórico total menor do que o estimado para as necessidades basais. Não inferior a 1200 Kcal e a TMB. • Geralmente um planejamento dietético sem déficit calórico (manutenção do consumido), porém com melhor qualidade nutricional, pode ser eficiente no processo de perda de gordura corporal. 39WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 3. CONCEITO DE BALANÇO ENERGÉTICO E UTILIZAÇÃO NA AVALIAÇÃO DE DIETAS A manutenção do peso corporal dentro dos padrões de normalidade tem-se constituído uma busca constante. Fato que se deve não só por motivos estéticos, mas também na prevenção e tratamento de doenças. De maneira simples, é possível entender o peso corporal como o resultado da relação entre a ingestão de energia ingerida e o gasto energético o que caracteriza Balanço Energético. Figura 4 - Equilíbrio Energético. Fonte: Fauto (2003). Este pode ser negativo, em que o consumo é menor que o gasto energético (implicando perda ponderal), positivo, quando o consumo é maior que o gasto energético (originando ganho ponderal), ou neutro, em que o consumo é igual ao gasto energético (implicando manutenção do peso corporal). A eficiência com que cada organismo converte a energia potencial disponível nos alimentos em reserva de energia corporal está sujeita a variações individuais, o que pode explicar a predisposição ou resistência a ganho ou a perda de peso. 40WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 5 - Relação do consumo e gasto energético no peso corporal. Fonte: SP (2019). Ao mesmo tempo, é possível utilizar este balanço energético para avaliar o ganho, perda ou manutenção do peso corporal ao se comparar o VET consumido com base no recordatório 24 horas com o VET estipulado, ou seja, a necessidade energética calculada com base nas equações descritas anteriormente. Sendo que a interpretação resulta em ganho de peso quando o VET consumido for maior que o VET estipulado, emagrecimento em que o VET consumido será menor que o VET estipulado e manutenção de peso resultado do equilíbrio entre o VET consumido e o VET estipulado. 4. DISTRIBUIÇÃO DE MACRONUTRIENTES Para entender como ocorre a distribuição dos macronutrientes, convêm saber qual recomendações nutricionais é a quantidade de nutriente presente no alimento e o que o indivíduo deve consumir para satisfazer as necessidades de quase todos os indivíduos de uma população sadia. Figura 6 - Fatores que interferem na recomendação nutricional. Fonte: Vitolo (2003). 41WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA As recomendações de macronutrientes são apresentadas primeiramente em relação ao valor energético total da dieta, permitindo assim estabelecer limites desses nutrientes para a avaliação e cálculo das dietas. A Recomendação de Proteína em função da porcentagem do VET em adultos é: • SBAN (1990): 10 – 12% do VET ou REE. • OMS (2003): 10 – 15% do VET ou REE. • DRI – AMDR (2001): 10 – 35% do VET ou REE. • SBC (2005): 10 – 15% do VET ou REE. A Recomendação de Carboidrato em função da porcentagem do VET em adultos é: • SBAN (1990): 60 – 70% do VET ou REE. • OMS (2003): 55 – 75% do VET ou REE. • DRI – AMDR (2001): 45 – 65% do VET ou REE. • SBC (2005): 50 – 60% do VET ou REE. Nutrientes SBAN (1990) WHO (2003) DRI (2002) SBC Carboidratos Simples limitar < 10% do VET < 25% do VET Não possui Tabela 17 - Recomendação de carboidrato simples. Fonte: Guimarães (2008). 42WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Recomendação de Lipídios em função da porcentagem do VET em adultos é: • SBAN (1990): 20 – 25% do VET ou REE. • OMS (2003): 15 – 30% do VET ou REE. • DRI – AMDR (2001): 20 – 35% do VET ou REE. • SBC (2005): 25 – 35% do VET ou REE. Tipos de ácido graxo SBAN (1990) WHO (2003) DRI (2002) SBC (2005) Ácido graxo saturado ≤ 8% do VET < 10% VET Não definido < 10% do VET < 7% do VET (Se LDL estiver elevado) Ácido graxo monoinsaturado > 8% do VET A diferença Não definido ≤ 20% do VET Ácido graxo polinsaturado > 3% do VET 6 a 11% do VET Não definido ≤ 10% do VET Ácido graxo do tipo ômega 6 2,5 a 9% do VET Ácido graxo linoléico 2 a 3% do VET 5 a 10% do VET Ácido graxo do tipoômega 3 0,5 a 2 do VET Ácido graxo alfalinolenico > 0,5% do VET 0,6 a 1,2 do VET AGPI EPA + DHA 0,25 a 2 g por dia Ácidos graxos monoinsaturados Por diferença Ácido graxo Trans < 1% do VET Colesterol < 100 mg/ 1000kcal < 300 mg/dia < 300 mg/dia <200 mg/dia (Se LDL estiver elevado) Tabela 18 - Recomendação de Ácidos Graxos e Colesterol em função da porcentagem do VET em adultos. Fonte: Guimarães (2008). Com base no conhecimento das recomendações nutricionais quanto aos macronutrientes, torna importante saber calcular e determinar a distribuição Energética dos nutrientes de acordo com o Valor Energético total planejado. Deve-se sempre se lembrar de calcular os valores máximos e mínimos para cada Macronutrientes com base no VET planejado e recomendação adotada. Exemplo: cálculo da distribuição de Macronutrientes de acordo com o VET de 2000 kcal, segundo a recomendação de carboidrato, proteína e lipídio da OMS, 2003. 43WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA PROTEÍNAS: • Mínimo – VET x 10%: 2000 x 10 DIVIDIDO POR 100 = 200 kcal proveniente de alimento proteico. • Quantidade consumida: 200 kcal DIVIDIDO POR 4 = 50 gramas de proteínas. • Máximo – VET x 15%: 2000 x 15 DIVIDIDO POR 100 = 300 proveniente de alimentos proteicos. • Quantidade consumida: 300 kcal DIVIDIDO POR 4 = 75 gramas de proteínas. CARBOIDRATOS: • Mínimo – VET x 55%: 2000 x 55 DIVIDIDO POR 100 = 1100 kcal proveniente de alimentos fontes de carboidrato. • Quantidade consumida: 1100 kcal DIVIDIDO POR 4 = 275 gramas de carboidratos. • Máximo – VET x 75%: 2000 x 75 DIVIDIDO POR 100 = 1500 proveniente de alimentos fontes de carboidrato. • Quantidade consumida: 1500 kcal DIVIDIDO POR 4 = 375 gramas de carboidratos. Lipídios: • Mínimo – VET x 15%: 2000 x 15 DIVIDIDO POR 100 = 300 kcal proveniente de alimentos lipídicos. • Quantidade consumida: 200 kcal DIVIDIDO POR 9 = 33,33 gramas de lipídios. • Máximo – VET x 30%: 2000 x 30 DIVIDIDO POR 100 = 600 proveniente de alimentos lipídicos. • Quantidade consumida: 300 kcal DIVIDIDO POR 9 = 66,66 gramas de lipídios. Conhecendo a recomendação de referência mínima e máxima dos macronutrientes, é possível analisar o resultado previamente calculado, no intuito de delimitar se a quantidade de nutrientes ofertadas no cardápio planejado ou a dieta consumida (recordatório 24h) atenderão de forma adequada o consumidor as quantidades ou margens de quantidades mínimas e máximas de nutrientes. Logo quanto à caloria a dieta pode ser classificada em: • Normocalórica: valores encontrados dentro dos valores recomendados. • Hipercalórica: valores encontrados acima dos valores recomendados. • Hipocalórica: valores encontrados abaixo dos valores recomendados. De acordo com as proteínas a dieta pode ser classificada em: • Normoproteica: valores encontrados dentro dos valores recomendados. • Hiperproteica: valores encontrados acima dos valores recomendados. • Hipoproteica: valores encontrados abaixo dos valores recomendados. Em relação aos carboidratos, pode-se classificar a dieta em: • Normoglicídica: valores encontrados dentro dos valores recomendados. • Hiperglicídica: valores encontrados acima dos valores recomendados. • Hipoglicídica: valores encontrados abaixo dos valores recomendados. 44WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Quanto aos lipídios, pode-se classificar a dieta em: • Normolipidica: valores encontrados dentro dos valores recomendados. • Hiperlipídica: valores encontrados acima dos valores recomendados. • Hipolipídica: valores encontrados abaixo dos valores recomendados. Exemplo: para o senhor X que apresenta um VET de 2000 kcal, conforme o cálculo pela fórmula da IOM/DRI, para o cálculo da dieta e sabendo que a distribuição dos macronutrientes deve seguir a recomendação da DRI, analise os valores do cardápio calculado, sabendo que o VET consumido (após a soma dos valores dos macronutrientes) foi 1850 kcal, sendo que os carboidratos representam 35% da dieta, as proteínas 20% e os lipídios 45%. Nutriente Valor de referência segundo a DRI Valor encontrado na dieta Análise Caloria VET recomendado conforme o cálculo 2000 Kcal 1850 kcal Hipocalórica Proteínas 10 – 35% 20% Normoproteica Carboidratos 45 – 65% 35% Hipoglicídica Lipídios 20 – 35% 45% Hiperlipídica Tabela 19 - Exemplo para análise qualitativa da dieta. Fonte: a autora. 5. DISTRIBUIÇÃO DO VALOR NUTRICIONAL DA DIETA PELAS REFEIÇÕES O valor energético total deve ser distribuído pelas refeições de maneira a cobrir as necessidades energéticas do dia. A distribuição pode ser feita em três, quatro, cinco ou seis refeições, sendo que menos de três ocasionaria ingestão excessiva de alimentos em uma única refeição. O hábito mais comum é a realização de três a quatro refeições diárias. A distribuição calórica poderá ser feita da seguinte forma: Refeições 03 04 05 06 Desjejum 30% 20% 20% 20% Colação 5% Almoço 40% 35% 30% 30% Lanche 10% 10% 10% Jantar 30% 35% 30% 30% Ceia 10% 5% Tabela 20 - Distribuição do valor calórico total com base no número de refeições. Fonte: Candido (2012). 45WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O almoço deve sempre oferecer valor superior a 25%. As refeições feitas após uma atividade física mais intensa devem apresentar maior aporte calórico. Todas as refeições devem estar equilibradas de acordo com as recomendações de nutrientes estipulada (DRI, SBAN, SBC ou OMS). Para o planejamento do cardápio, deve-se determinar o gasto energético total, realizando a distribuição de calorias por refeição de acordo com o hábito alimentar do indivíduo, bem como a distribuição de nutrientes energéticos por refeição de acordo com a quantidade calórica. Exemplo: Cardápio com 1800 kcal/dia distribuído em três refeições/dia. • 1800 kcal = gasto energético total. • Desjejum = 1800 x 30% = 540 kcal. • Almoço = 1800 x 40% = 720 kcal. • Jantar= 1800 x 30% == 540 kcal. • A soma deve ser igual ao VET ou seja 540 + 720 + 540 = 1800 kcal. • Caso se deseje distribuir o valor calórico do cardápio segundo a recomendação da SBAN (60 a 70% de carboidrato (CHO); 10 a 12% proteínas; 20 a 25% de lipídio) tem-se: • CHO: 60%= 1080 kcal÷ 4 = 270 g. 70% = 1260 kcal÷ 4 = 315 g. • PTN: 10% = 180 kcal÷ 4 = 45 g. 12%= 216 kcal÷ 4 = 54 g. • LIP: 20%= 360 kcal÷ 9 =40 g. 25%= 450 kcal÷ 9 =50 g. 6. ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO DE CARDÁPIO PARA COLETIVIDADE SADIA Como já mencionado, o cardápio é uma lista de preparações que compõem refeições. A elaboração qualitativa de cardápios baseia-se na relação de preparações de acordo com os grupos alimentares e suas funções, bem como nos guias alimentares (pirâmide alimentar). Alguns critérios gerais devem ser observados durante o planejamento da alimentação para indivíduos e coletividades. São eles: Recomendações Nutricionais dos clientes: os cardápios devem ser planejados paro cobrir as recomendações de nutrientes da população ou do cliente que se está atendendo, fornecendo quantidades adequadas de todos os nutrientes (energia, proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas, minerais, fibras e água). Para tanto, é necessário considerar o valor nutritivo dos alimentos e a digestibilidade destes. 46WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO N UT RI CI ON AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Diretrizes Orçamentárias: o planejamento de cardápios deve levar em conta a situação socioeconômica do cliente. Sendo assim, a safra, a disponibilidade e valores no mercado devem ser observados. Quando esse aspecto não é considerado a execução do programa alimentar pode ser inviabilizada. Aspectos socioculturais, étnicos e religiosos: a escolha do cardápio deve levar em consideração a idade, o estilo de vida, as preferencias e os tabus alimentares do indivíduo e os aspectos relacionados com os grupos étnicos e religiosos. Torna-se importante
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