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AULA 2 RELAÇÃO ESCOLA COMUNIDADE Profª Cristiane Dall’ Agnol da Silva Benvenutti 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindos à segunda aula sobre relação escola e comunidade, que enfatizará as características da comunidade. Na primeira aula, as reflexões e fundamentos teóricos sobressaíram sobre a relação entre a escola e a comunidade. Por isso, não poderíamos deixar de contemplar e aprimorar conhecimentos sobre os fundamentos de comunidade a partir do olhar das ciências sociais. Nesta aula, a perspectiva se aproxima das características e conceito de comunidade e seus diferentes aspectos que vão nortear parâmetros para que um profissional da educação possa avaliar as relações sociais da comunidade a partir da escola e, assim, estabeleça além de relações conhecimento científico sobre a relação escola e comunidade escolar. Saiba mais • Para aprofundar mais sobre comunidade escolar, acesse ao site Comunidade Escola, disponível em: <http://www.comunidadeescola.org.br/> e conheça um pouco mais sobre o Programa Comunidade Escola de Curitiba que tem por objetivo valorizar a escola como espaço aberto de conhecimento; promover parcerias e ações integradas para o desenvolvimento da comunidade local. As temáticas que permeiam a Aula 2 são: • a comunidade sob o olhar da sociologia; • a definição de comunidade; • comunidade e sociedade: uma relação associativa; • comunidade como sentimento de pertencimento: a tribo; • a comunidade no Brasil. Os objetivos que se colocam como elementos mediadores das temáticas da aula são: • possibilitar a compreensão do conceito de comunidade e sua relação com a escola; • reconhecer a comunidade e os aspectos que a definem; • analisar as relações sociais existentes entre a escola e a comunidade; 3 • observar as características que definem a comunidade a partir do sentimento de pertencimento. CONTEXTUALIZANDO Com base nas contribuições e estudos da sociologia e antropologia, conceitos de comunidade serão abordados em contraposição a ideia de sociedade. Para Melo (2011, p. 12), a comunidade se distingue por uma coesão social dos seus membros, com base em afetos, tradições diferentes da sociedade. Esta entendida como uma organização mais complexa e cuja coesão é menor e vinculada por leis e normas institucionais construídas. Durkheim (1988) afirma que na comunidade prevalece a “solidariedade mecânica” e na sociedade prevalece a “sociedade orgânica”. Nesta aula, a comunidade se coloca como objeto da sociologia e uma distinção entre comunidade e sociedade se coloca a partir dos estudos de Tönnies, Durkheim e Weber. Em território brasileiro, a comunidade se coloca a partir de estudos e pesquisas que adentram os espaços da antropologia. André (1995) destaca que as pesquisas de campo, as entrevistas e as observações sistemáticas sobre comunidade incorporam e dão respaldo técnico e teórico para aproximar a escola e a comunidade. Mas o que é uma comunidade e quais são as suas características? Vamos conhecer! TEMAS 1 – A COMUNIDADE SOB O OLHAR DA SOCIOLOGIA Miranda (1995), ao estudar os princípios sociológicos de Tönnies sobre sociedade e comunidade, define que comunidade representa um estilo de sociabilidade existente nas antigas formas de vida sociais, por exemplo, as aldeias. Nesse espaço, as normas sociais eram estabelecidas e mediadas por meio da prática pautada nas tradições, hábitos, costumes, credo e oralidade. Comunidade é tudo aquilo que é partilhado, vivido no conjunto. É na comunidade que os sujeitos que a compõem estabelecem uma ligação desde o nascimento que se estabelece pelo bem-estar até uma situação de infortúnio (Miranda, 1995, p. 231). 4 1.1 A definição de comunidade Para que possamos compreender a definição de comunidade, é necessário considerar a comunidade como comunitária a partir de dois aspectos: vizinhança e amizade. Para Tönnies (1995, p. 45), há três fatores que definem comunidade e são: 1. TERRITORIAL – a existência de comunidade tem relação direta com a proximidade geográfica das pessoas e, com isso, ocorre um aprofundamento das relações interpessoais; 2. COMUNITÁRIA – refere-se aos aspectos de ordem emocional que são semelhantes entre os sujeitos; 3. COMUNALIDADE – semelhanças entre os sujeitos. A concepção de sociedade contrária aos apontamentos de comunidade até o momento inferidos, respalda e vincula-se às normas, regras sociais, por exemplo a opinião pública. Para Miranda (1995, p. 232) “a sociedade consiste em agrupamento humano que vive e habita lado a lado, porém os sujeitos estão organicamente separados. Já comunidade, os sujeitos permanecem unidos”. Embora ocorra uma distinção entre comunidade e sociedade na realidade cotidiana, é por meio da observação sobre os sujeitos de uma comunidade e os que compõem a sociedade que diferentes traços são manifestos e se colocam nas características humanas e, assim, passam a representar marcas distintas de comunidade (união, grupos) ou sociedade (individualismo). Entretanto, Weber (2004, p. 25) aponta que comunidade está relacionada a uma discussão muito antiga e clássica de ação e relação social, conforme aponta Tönnies. Weber acrescenta em seus estudos que a relação social denomina-se relação comunitária na medida em que a atitude na ação social repousa no sentimento de forma subjetiva dos sujeitos, a partir de um pertencimento por meio da afetividade ao mesmo grupo que os determina àquela comunidade. Mas, o que determina as ideias de comunidade na visão de Tönnies e Weber? A ação e relação social? Vamos compreender! TEMAS 2 – A COMUNIDADE EM UMA VISÃO SOCIAL O que define uma ação social é a ação desenvolvida pelos sujeitos e a ela lhes dão sentido e possibilitam compartilhar de forma subjetiva entre os envolvidos da ação. Ainda segundo Weber (2004), há quatro categorias que distinguem as 5 ações realizadas em uma comunidade em conformidade com a motivação dos sentidos das ações estabelecidas pelo grupo. Vamos conhecê-las! A primeira é a ação social racional com relação à finalidade, ou seja, os sujeitos de uma determinada comunidade têm suas ações planejadas com fim objetivamente calculado e são representados pelas comunidades de luta individual por posição social, profissional, pessoal e global. A segunda se refere à ação de relação associativa, que se destaca ao passo que a atitude na ação social repousa sobre um ajuste ou união de interesses de valores ou fins (Weber, 2004, p. 25). A terceira ação é a relação racional com conexão de valores, ela se aproxima da associativa, porém não leva em conta as consequências previsíveis dos atos, pois as convicções estão em primeiro plano, os valores e deveres são a base de suas ações. Exemplo disso é a dignidade, piedade, estética e a defesa por uma causa. Os sujeitos dessa ação que compõem uma determinada comunidade agem conforme valores a crença perante o outro. A quarta ação social, subdivida em duas ações, corresponde à ação tradicional e à ação social afetiva. Sendo a ação tradicional vontade deliberada, alimentada pelo costume e tradições, na qual os hábitos arraigados na comunidade são fatores predominantes nas ações e definem uma relação comunitária. A ação social afetiva leva em conta os sentimentos nem sempre controlados pelos sujeitos de uma comunidade, que são: paixão, tristeza, ódio, comoções. Essa ação social afetiva não está diretamente voltada para a base da sociabilidade de uma comunidade e/ou sociedade. Somente quando as pessoas começam de alguma forma a orientar seu comportamento pelo das outras pessoas, nasce entre elas uma relação social, que não é apenas uma relação entre cada indivíduo e o mundo circundante. É só na medida em que nela se manifesta o sentimento de pertencer ao mesmo grupo que existirá uma relação comunitária. (Weber, 2004, p. 26) Portanto,comunidade se caracteriza pela forma como os sujeitos formam um grupo a partir de sentimentos, aspectos de interesse que vão gerar pertencimento a esse grupo. Isso nos faz repensar as comunidades escolares e a sua formação. Os interesses e sentimentos constituem os grupos de comunidades escolares e até mesmo as comunidades formadas pelos próprios alunos dentro e fora do espaço escolar. 6 2.1 Comunidade na visão de Buber Filósofo e pedagogo, Martin Buber (1878-1965) desenvolveu estudos relevantes sobre a comunidade e sociedade a partir das ideias de Tönnies, porém em uma perspectiva de comunidade com base em uma concepção idealizada pelas relações humanas passiveis de concretização. É a interação viva dos homens íntegros e de têmpera na qual dar é tão abençoado como tomar, uma vez que ambos são um mesmo movimento [...]. Que homens maduros, já possuídos por uma serena plenitude, sintam que não podem crescer e viver de outro modo [...] que eles se reúnam, então, e se deixem cingir as mãos por um e mesmo laço, por causa da liberdade maior, eis o que é comunidade, eis o que desejamos. (Buber, 1987, p. 334) Aqui, Buber ressalta a essência de uma comunidade que, pela interação voluntária de homens pautadas nas relações interpessoais, se caracterizam pelas ideias de respeito mútuo e de reciprocidade dos atos. Sobre a liberdade maior, a qual não específica, a sua construção se dá pela própria vida em comum. comunidade é vida e ambos são dois lados de um mesmo sujeito, a comunidade é a que se coloca para todos aqui e agora, pois ela é multiplicidade de pessoas, onde nela se estabelecem relações autênticas, totais, sem finalidades com o objetivo e existência de uma relação entre todos os membros. (Buber, 1987, p. 87) Diferente das comunidades apontadas anteriormente, para Buber a nova comunidade se distancia das demais, pois essas enfatizam o interesse, as vantagens, os proveitos, tudo aquilo que evidencia e eleva as relações sociais capitalistas. Por outro lado, ao analisarmos a comunidade escolar, aspectos como real comunidade, sua complexidade, os problemas nela impelidos e uma construção democrática de participação real dos sujeitos se mostram reais e concretos. TEMAS 3 – COMUNIDADE COMO SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO: A TRIBO Com base nas contribuições de Recuero (2006) e de Weber (2004) sobre comunidade e o sentimento de pertencimento, no contexto escolar é preciso conhecer um pouco sobre o neotribalismo. A autora destaca que essas tribos são representadas nos dias atuais pelas tribos urbanas que são: esqueitistas, punks, góticos, emos, rappers, metaleiros, internautas e outros. 7 Figura 1 – Exemplos de tribos urbanas Recuero (2006) caracteriza o neotribalismo como uma pulsão de estar juntos, que une os sujeitos por laços de proximidade, porém com características diferentes das antigas tribos. Aqui a proximidade se coloca mais fluida, pontual e dispersa. 3.1 As características das comunidades tribais contemporâneas o sentimento de pertencimento; uma territorialidade (geográfica e/ou simbólica) definida; a permanência; a ligação entre sentimento de comunidade, caráter cooperativo e emergência de um projeto comum; a existência de formas próprias de comunicação; a tendência à institucionalização (Palácios, 1995, p. 101). Para essas comunidades, uma forte característica é o estar junto e a emoção é um dos eixos que a sustenta. Outras características que as evidencia são: efemeridade, falta de organização rígida e estrutura formal. Recuero (2006, p. 115) traz um olhar sobre as redes sociais e as comunidades que ali se formam, há uma proximidade por interesse é fato, porém essas relações virtuais que congregam comunidades virtuais superam as relações pessoais. Por outro lado, mesmo com esse outro grupo de comunidade, as relações pessoais e sociais reais não foram esquecidas, apenas ficaram agrupadas e categorizam globalização, ao passo que a virtual se tornou individualizada. Vamos aprofundar o nosso olhar e conhecimento sobre as comunidades virtuais de aprendizagem e perceber que elas podem ser o caminho para estreitar o diálogo entre escola e comunidade discente. Mesmo numa visão de que a comunidade virtual se caracteriza por traços que permeiam a fluidez das relações sociais, dentro de uma comunicação on-line, no Brasil as discussões sobre comunidade se sustentam nas obras de Ferreira 8 (1968). Mesmo escrita em 1968, sua obra traz reflexões atuais acerca de comunidade. Vejamos, então, as comunidades no Brasil! TEMAS 4 – A COMUNIDADE NO BRASIL No início de sua obra, Ferreira (1968) traz uma discussão sobre comunidade no campo clássico da sociologia. Num primeiro momento, ele apresenta características da comunidade semelhantes as que estudamos até aqui, e se delimita a visão geográfica, ou seja, as pessoas vivem em um determinado espaço claramente definido e que constituem comunidades em virtude de afinidades e traços semelhantes. Outro critério que vai definir comunidade para Ferreira (1968) são os interesses vitais dos sujeitos, porém sem relação direta com aspectos de ordem fisiológica. Em outro momento, à luz de diferentes autores, Ferreira (1968) aproxima seus estudos para a comunidade ecologia humana e, com base nos conceitos aqui estudados, há uma proximidade significativa com o social. A comunidade é um grupo localizado. No entanto, os limites de sua área são tão amplos quanto à interdependência existente entre os que a compõem, sob o ponto de vista econômico e social, e não se confundem necessariamente com os limites administrativos ou políticos. [..] os homens participam de uma comunidade a partir do que eles têm em comum. (Ferreira, 1968, p. 4) Em contribuição com os apontamentos anteriores, Émile Durkheim destaca que os sujeitos que compõem uma sociedade no interior de um grupo definem suas aproximações por meio das crenças, hábitos, normas, regras e objetivos em comum. O que de fato constatamos na visão dos autores citados anteriormente. Porém, a cada sujeito compete a adaptação ao grupo ou comunidade inserido. A comunidade na perspectiva de Ferreira (1968, p. 5) se constitui por traços de interação social que será cada vez mais intensa a partir do momento da existência e definição da qualidade nos processos de interação social entre os sujeitos da comunidade. 4.1 Identidade de uma comunidade Conforme Ferreira (1968, p. 6) “Comunidade consiste em um círculo de pessoas que vivem juntas, que permanecem juntas, de sorte que buscam não 9 este ou aquele interesse particular, mas um conjunto inteiro de interesses, suficientemente amplo e completo de modo a abranger suas vidas”. Para McIver, nos estudos de Ferreira (1968), o que identifica presença ativa de uma comunidade é forma de vida em comum dos sujeitos, mas tem como prioridade o interesse da coletividade. Com base nas reflexões sobre comunidade até o presente momento, vamos evidenciar os estudos de comunidade no Brasil, que foram tema de discussão nos anos 1940 e 1950. TEMAS 5 – OS ESTUDOS E REFLEXÕES SOBRE A COMUNIDADE NO BRASIL No Brasil, as discussões sobre comunidade adentraram o espaço escolar por meio de pesquisa etnográfica, mas numa visão de território como aponta Nogueira (1977, p. 172): Por ''estudos de comunidades'' temos em vista aqueles levantamentos de dados sobre a vida social em. seu conjunto, relativos a uma área · cujo âmbito é determinado pela distância a que se situam nas várias direções, os moradores mais afastados do centro local de maior densidade demográfica, havendo entre os moradores do núcleo central e os da zona circunjacente, assim delimitada, uma interdependência direta para a satisfação de, pelo menos, parte de suas necessidades fundamentais Aqui o autor evidencia que estudos baseados na comunidade e no território delimitado retratama vida social em conjunto de um determinado grupo de sujeitos de uma determinada comunidade. Ao pensarmos no espaço escolar, essa forma de olhar a comunidade expressa as manifestações da vida social, as experiências, vivências e as relações estabelecidas com a escola para as necessidades e os interesses da comunidade para com esse outro espaço. 5.1 As técnicas que aproximam a comunidade da escola e esta da comunidade Com base em uma entrevista e na observação sistemática, um profissional da área de educação de uma determinada escola poderá fazer uso e aplicação para detectar características da comunidade escolar e passar a envolvê-la no espaço escolar. Nogueira (1977, p. 113) ressalta que se deve recorrer à entrevista sempre que há necessidade de dados que não podem ser encontrados em documentos, 10 fontes históricas, registros, mas que o outro esteja em condições de prover a entrevista. Para um maior entendimento entre a relação comunidade e escola, tudo dependerá dos objetivos da entrevista, o que se quer alcançar com a entrevista e observação realizadas. É de fundamental importância considerar três pontos centrais segundo Melo e Urbanetz (2009): • relação entrevistado-entrevistador; • método de registro das entrevistas; • ouvir com atenção e respeito. Outro instrumento é a observação, a qual é funcional para estudos sobre comunidades, pois pela observação pode-se ouvir, ver os membros da comunidade escolar, os seus movimentos, representações e contradições. Uma vez escolhido o campo para estudo a se efetuar, passa-se a observar o fenômeno, acontecimento ou aspecto em que se está interessado, durante o período contínuo de tempo necessário para que o fenômeno, acontecimento ou aspecto seja apreendido em todo o contexto, ciclo, partes e características essenciais. (Ferreira, 1968, p. 87) Para que possamos conhecer e definir a comunidade escolar e realizar uma relação com a escola, é necessário tomar como ponto de partida para a entrevista e observação sistemática a localidade escolar. Com base de observações prévias, levantamento de hipóteses que poderão ou não ser comprovadas, planejamento de pesquisa, planejamento de tempo o objeto ou fenômeno de estudo poderá ser pesquisado. FINALIZANDO Nesta aula, o objetivo foi o de nos aproximar do conceito de comunidade considerando as contribuições da sociologia e antropologia e, por isso, distinguir comunidade e sociedade foi tão relevante. É evidente que comunidade foi considerada com base em uma visão de território que culminou num grupo de sujeitos interligados, geograficamente próximos, socialmente, interligados por traços tradicionais de vizinhança, identidade, estilos de vida, ideias, credos, conceitos, interesses ou semelhanças. 11 Por outro lado, observamos que sociedade é mais abrangente e envolve uma organização mais complexa, pois nela os laços que unem os sujeitos aos grupos não são próximos, porém há uma ordem mais racional. Estudos sobre a comunidade no Brasil foram evidenciados, por meio de pesquisa que envolve a antropologia e a sociologia na busca de conhecer quem é a comunidade escolar que permeia a relação escola comunidade numa visão democrática. Este momento teve como percursos os estudos de Ferreira (1968) que mesmo com o passar dos tempos sua contribuição teórica e de pesquisa se faz atual, pois ao avaliarmos as relações sociais de uma comunidade escolar, verificamos analiticamente os traços que a definem. É fato que diante da atual sociedade complexa, as comunidades estão colocadas e ativas e suas ações de refletem na escola, por isso a necessidade de aproximar os dois espaços, comunidade e escola, a partir do conhecimento que emerge de pesquisas. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica SOUZA, Â. R. de. Explorando e construindo um conceito de gestão escolar democrática. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.2 5, n. 3, p. 123-140, dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/v25n3/07.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2018. O artigo de Souza (2009) aborda a relação entre política, poder e democracia no contexto da escola pública com base em elementos que direcionam para a gestão escolar como fenômeno político da época. Os processos de disputa e dominação que se apresentam no espaço da escola são evidenciados e perpassam aspectos legais do princípio e da perspectiva democrática. A pesquisa que se apresenta no artigo propõe evidenciar os problemas que impossibilitam a escola pública de desenvolver uma gestão democrática, e por meio de análise das relações entre política, poder e democracia averiguar em que contextos a participação da comunidade se fez efetiva. 12 Texto de abordagem prática KLEIN, A. M.; PÁTARO, C. A escola frente às novas demandas sociais: educação comunitária e formação para a cidadania. Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, v. 1, p. 1-8, 2008. Disponível em: <http://www4.pucsp.br/revistacordis/downloads/numero1/artigos/1_escola_novas _demandas.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2018. As autoras Klein e Patáro (2008) possibilitam em sua pesquisa uma discussão sobre a escola e a comunidade, considerando como recorte o cenário da sociedade contemporânea. Há um reconhecimento da educação comunitária como uma possibilidade educacional voltada para a formação da cidadania a partir dos estudos de Paulo Freire. As autoras, pelo viés da pesquisa apresentada no artigo, articulam a relação escola e comunidade por meio da inserção de projetos pedagógicos que têm como elementos norteadores, situações-problema que possibilitam reflexão sobre a realidade dos alunos. Com isso, há uma possibilidade de construção de uma consciência crítica por parte dos alunos considerando o tempo de permanência num cenário contemporâneo que apresenta meios de atuação, organização e estrutura curricular rígidos. Um olhar voltado para a democratização e o acesso ao conhecimento se apresenta na pesquisa das autoras, pois a que se considerar o perfil e a realidade dos alunos dissociados dos conteúdos e das práticas pedagógicas da escola. O artigo possibilita uma reflexão que envolve os desafios da escola em meio à nova estrutura social e contemporânea com a possibilidade de inserção da educação comunitária pode ser como para a formação crítica dos cidadãos. Saiba mais Freire (1997), em sua fala e obra sobre A escola cidadã, ele deixa claro que é uma escola que visa seus olhares sobre a liberdade numa perspectivas e discurso de formador e libertador. Ninguém pode ser só, a escola cidadã é uma escola de comunidade e de companheirismo. É uma escola de produção comum do saber e da liberdade, uma escola que não poderá ser jamais silenciosa, nem autoritária. É uma escola que vive a experiência tensa da democracia. A ESCOLA Cidadã, por Paulo Freire. Arte risco, 6 nov. 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZC1ruqUnX7I>. Acesso em: 30 jun. 2018. 13 REFERÊNCIAS ANDRÉ, M. E. D. A. de. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 1995. BUBER, M. Sobre comunidade. São Paulo: Perspectiva, 1987. DURKHEIM, É. Da divisão do trabalho social. In: RODRIGUES, J. A. (Org.). Émile Durkheim: sociologia. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988. FERREIRA, F. P. Teoria Social da Comunidade. São Paulo: Herder, 1968. MELO, A. de. Relações entre comunidade e escola. Curitiba: Ibpex, 2011. MIRANDA, O. A dialética da identidade em Ferdinand Tönnies. In: FORACCHI, M. M.; MARTINS, J. S. (Org.). Para ler Ferdinand Tönnies. São Paulo: Edusp,1995. PALACIOS, M. O medo do vazio: comunicação, sociabilidade e novas tribos. In: RUBIM, A. A. Idade Mídia. Salvador: Edufba, 1995. RECUERO, R. Comunidades virtuais em redes sociais na internet: proposta de tipologia baseada no fotolog.com. 2006. 334 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Informação) – Faculdade de Biblioteconomiae Comunicação, Porto Alegre, 2006. RIBEIRO, J. C. Comunidades virtuais eletrônicas convergência da técnica com o social. In: INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação – Campo Grande, set. 2001. TÖNNIES, F. Comunidade e Sociedade. In: FORACCHI, M. M.; MARTINS, J. S. (Org.). Para ler Ferdinand Tönnies. São Paulo: Edusp,1995. WEBER, M. Economia e sociedade. 3. ed. v. 1. Brasília: UNB,1994. Conversa inicial