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Formas de Participação e Mediação

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Formas Democráticas 
De ParticiPação 
social e a meDiação 
Familiar, escolar e 
comunitária
Prof.ª Ângela Martins Rorato
Prof.ª Cláudia Deitos Giongo
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Ângela Martins Rorato
Prof.ª Cláudia Deitos Giongo
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
R787f
 Rorato, Ângela Martins
 Formas democráticas de participação social e a mediação familiar, 
escolar e comunitária. / Ângela Martins Rorato; Cláudia Deitos Giongo. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 182 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-233-9
 ISBN Digital 978-65-5663-231-5
1. Mediação. - Brasil. I. Giongo, Cláudia Deitos. II. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 340 
aPresentação
Caro acadêmico, você está pronto para uma aventura na apreensão 
de novos conhecimentos? Realmente esperamos que sim, pois todo este 
conteúdo foi preparado com muito carinho. Antes de iniciarmos os estudos 
da disciplina Formas Democráticas de Participação Social e a Mediação Familiar, 
Escolar e Comunitária, apresentamos um breve currículo das professoras 
autoras deste livro didático.
A prof.ª Cláudia Deitos Giongo é mestre em Serviço Social pela 
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2000). Possui 
graduação em Serviço Social pela Universidade Católica do Rio Grande do 
Sul (1984). Atua como professora universitária desde 1989 em diferentes 
instituições de ensino, tanto na graduação quanto pós-graduação. Atua 
como professora e supervisora no DOMUS – Centro de terapia individual, 
casal e família – parceria com a Faculdade Mário Quintana. É coordenadora 
do curso de pós-graduação Trabalho Social com Famílias e Comunidades. É 
uma das coordenadoras do curso de extensão em Mediação com parceria 
da Defensoria Pública de Porto Alegre. É responsável técnica pelo Programa 
DOMUS/SUAS. Atua como Mediadora Judicial e Extrajudicial. Presta 
serviços de assessoria e capacitação a Prefeituras nas áreas de Gestão do 
SUAS, Modelo Assistencial e Gestão do Trabalho. Tem experiência em 
ensino, pesquisa, extensão universitária e consultoria nas áreas de política 
de assistência social, família, mediação e redes sociais.
A prof.ª Ângela Martins Rorato é especialista em educação pela 
UNIFRA (1996) e possui graduação em Estudos Sociais (1989) pela mesma 
instituição. Atua como professora desde 1994. Dedica-se ao estudo e à prática 
dos métodos autocompositivos desde 2014, atuando como mediadora de 
conflitos familiares e empresarias e facilitadora de círculos conflitivos e 
não conflitivos, tanto no âmbito público quanto privado. Ministra cursos 
nas áreas de mediação e Justiça Restaurativa em cursos de pós-graduação 
e de extensão. É integrante do grupo de estudo e pesquisa em direito civil-
constitucional, família, sucessões e mediações de conflitos da Faculdade 
de Direito da UFRGS. É membro atuante do grupo de mediação do SAJU/
UFRGS, em ambiente de extensão universitária. Também realiza pesquisa e 
faz palestras na área de comunicação, cujo tema principal é a comunicação 
não violenta. Possui certificação internacional de mediadora pelo ICFML 
(Instituto de Certificação de Formação de Mediadores Lusófonos) e IMAP 
(Instituto de Mediação e Arbitragem de Portugal).
Iniciaremos os estudos da disciplina apresentando, na Unidade 1, a 
confluência de temas como participação, conflitos e comunicação. O Tópico 
1 direciona o estudo para o tema participação social, cidadania e autonomia, 
buscando apresentar discussões conceituais e perspectiva histórica sobre 
como a população brasileira tem operado em termos de participação, 
considerando marcos legais que impulsionam para isto, mesmo que 
correlações de forças instituídas no país possam representar resistências. Os 
temas cidadania e autonomia estão correlacionados à ideia de participação 
da população em uma comunidade política, o que gera comprometimento 
autônomo e pertencimento social. O conteúdo apresenta discussões sobre a 
importância da internalização de normas partilhadas, para que diferenças 
possam ser superadas por meio de discussões públicas na ideia de bem 
comum. Disso advém a importância do Tópico 2, que discorre sobre 
diferentes entendimentos das relações humanas, cujo conflito é inerente a 
essas relações. Apresenta a Moderna Teoria de Conflitos, que propõe superar 
ideias preconcebidas de entendimento do conflito como algo a ser evitado. 
No Tópico 3, é apresentada a teoria da Comunicação Humana e a importância 
da comunicação não violenta. A discussão perpassa a ideia da dificuldade 
em estabelecer processos comunicacionais, com compreensão genuína 
sobre o que é dito, mesmo em um mundo onde os meios de comunicação 
expandiram as fronteiras de forma inimaginável. 
A Unidade 2 apresenta a Justiça Multiportas com o objetivo de oferecer 
possibilidades de conhecimento e análise para a busca de soluções mais 
adequadas, em um tempo histórico de excessiva litigiosidade e inseguranças 
jurídicas. O conteúdo do Tópico 1 apresenta dados que defendem a 
importância do entendimento da Justiça Multiportas no atual momento do 
país. No Tópico 2 são apresentados os meios heterocompositivos com seus 
dois caminhos de solução de conflitos: a Jurisdição e a Arbitragem. O texto 
ressalta a importância do reconhecimento de semelhanças e diferenças entre 
eles. Já no Tópico 3 são apresentadas informações sobre meios adequados 
para superação da cultura litigiosa e dados sobre os esforços empreendidos 
em diferentes contextos, para que possa ser reconhecida a importância de as 
pessoas em situação de conflito identificarem interesses e aplicarem esforços 
para o seu alcance. O Tópico apresenta informações sobre Negociação, 
Conciliação e Mediação. 
A Unidade 3 apresenta dados sobre contextos para utilização da 
mediação como meio para resolução adequada de conflitos. O Tópico 1 se 
ocupa com a Mediação Familiar, oferecendo a oportunidade de entendimentos 
sobre a dinâmica relacional da família que podem indicar a necessidade da 
utilização da Mediação Familiar como método para a superação de conflitos. 
Os Tópicos 2 e 3 se dedicam a apresentar dados sobre o espaço escolar e o 
espaço comunitário como espaços onde conflitos emergem cotidianamente, 
mas que podem ser espaços geradores de soluções. Dessa forma, apresenta 
a Mediação Escolar e a Mediação Comunitária como formas de construção 
de agentes para a solução de conflitos e fortalecimento de espaços de 
participação social. 
Boa leitura e bons estudos!
Prof.ª Ângela Martins Rorato
Prof.ª Cláudia Deitos Giongo
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiaisimpressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE 
CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA ................................................................................. 1
TÓPICO 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA E AUTONOMIA ............................... 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3
2 VISITANDO O TEMA DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL ............................................................... 3
2.1 PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL ....................................................................................... 4
2.2 ONDE A PARTICIPAÇÃO PRECISA SER FOMENTADA ...................................................... 6
2.3 ESPAÇOS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL .................................................................................... 8
2.4 MARCOS NORMATIVOS REFERENTES À PARTICIPAÇÃO SOCIAL................................ 9
3 CIDADANIA: ENTENDIMENTO CONCEITUAL ................................................................... 11
3.1 CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO BRASIL...................................................................... 13
4 AUTONOMIA: COMPREENSÃO CONCEITUAL E CONTEXTUAL .................................... 16
4.1 CONSTITUIÇÃO DE UM SUJEITO AUTÔNOMO ................................................................. 17
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 21
TÓPICO 2 — RELAÇÕES DE CONFLITO ...................................................................................... 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 23
2 MODERNA TEORIA DO CONFLITO .......................................................................................... 23
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 27
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 28
TÓPICO 3 — COMUNICAÇÃO ASSERTIVA ................................................................................ 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 29
2 A COMUNICAÇÃO ......................................................................................................................... 30
2.1 TEORIA DA COMUNICAÇÃO HUMANA ............................................................................. 31
3 COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA............................................................................................. 35
4 A IMPORTÂNCIA DA ESCUTA PARA UMA COMUNICAÇÃO CONSTRUTIVA .......... 40
5 OS QUATRO COMPONENTES PARA A CONSTRUÇÃO DE AVANÇOS NOS 
PROCESSOS COMUNICACIONAIS – OS QUATRO PASSOS DA CNV ............................... 43
5.1 OBSERVAÇÃO ............................................................................................................................. 43
5.2 SENTIMENTOS............................................................................................................................. 44
5.3 NECESSIDADES ........................................................................................................................... 48
5.4 PEDIDO .......................................................................................................................................... 51
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 56
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 62
UNIDADE 2 — OS MEIOS QUE COMPÕEM O SISTEMA DE JUSTIÇA MULTIPORTAS ..... 63
TÓPICO 1 — JUSTIÇA MULTIPORTAS ......................................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 65
2 DEFINIÇÕES PRELIMINARES ...................................................................................................... 65
3 COMPREENSÃO HISTÓRICA ...................................................................................................... 66
4 LEGISLAÇÃO RELACIONADA .................................................................................................... 68
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 73
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 74
TÓPICO 2 — MEIOS HETEROCOMPOSITIVOS ........................................................................ 75
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75
2 JURISDIÇÃO ...................................................................................................................................... 75
3 ARBITRAGEM – CONCEPÇÃO HISTÓRICA ............................................................................ 78
3.1 DEFINIÇÕES PRELIMINARES .................................................................................................. 79
3.2 PRINCÍPIOS E PROCEDIMENTO ............................................................................................ 80
3.3 ÁRBITRO ........................................................................................................................................ 81
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 82
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 83
TÓPICO 3 — MEIOS AUTOCOMPOSITIVOS ............................................................................. 85
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 85
2 LEGISLAÇÃO RELACIONADA .................................................................................................... 85
2.1 RESOLUÇÃO 125/2010 CNJ ........................................................................................................ 86
2.2 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2015 ........................................................................................ 86
3 NEGOCIAÇÃO .................................................................................................................................86
3.1 DEFINIÇÕES PRELIMINARES .................................................................................................. 87
3.2 PRINCÍPIOS E PROCEDIMENTOS ........................................................................................... 89
3.3 FASES DA NEGOCIAÇÃO ........................................................................................................ 92
3.4 O NEGOCIADOR ......................................................................................................................... 93
4 CONCILIAÇÃO ................................................................................................................................. 95
4.1 DEFINIÇÕES PRELIMINARES .................................................................................................. 95
4.2 PROCEDIMENTO ........................................................................................................................ 97
4.3 TÉCNICAS .................................................................................................................................... 99
5 MEDIAÇÃO ...................................................................................................................................... 102
5.1 DEFINIÇÕES PRELIMINARES ................................................................................................ 102
5.2 A PESSOA DO MEDIADOR ..................................................................................................... 103
5.3 FUNÇÕES DO MEDIADOR ..................................................................................................... 105
5.4 REGRAS E PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO ............................................................................. 105
5.5 ESCOLAS OU MODELOS DA MEDIAÇÃO .......................................................................... 106
5.6 PROCEDIMENTOS .................................................................................................................... 107
5.7 TÉCNICAS PARA A CONDUÇÃO DE UMA MEDIAÇÃO ............................................... 109
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 113
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 116
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 117
UNIDADE 3 — PROCESSOS DE MEDIAÇÃO: FAMILIAR, ESCOLAR E COMUNITÁRIA .......119
TÓPICO 1 — MEDIAÇÃO FAMILIAR .......................................................................................... 121
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 121
2 PERSPECTIVA HISTÓRICA DA MEDIAÇÃO FAMILIAR ................................................... 121
3 FAMÍLIAS E FAMÍLIAS CONTEMPORÂNEAS ...................................................................... 123
3.1 CONCEITOS ............................................................................................................................... 123
3.2 DINÂMICA RELACIONAL DA FAMÍLIA ............................................................................ 127
3.3 DIVÓRCIO E SUAS FASES ....................................................................................................... 129
4 TEMAS PARA MEDIAÇÃO .......................................................................................................... 130
4.1 DIVÓRCIO ................................................................................................................................... 130
4.2 PENSÃO ALIMENTÍCIA DOS FILHOS, TAMBÉM CHAMADA DE ALIMENTOS AOS 
FILHOS ......................................................................................................................................... 131
4.3 GUARDA E PARENTALIDADE FUTURA DOS FILHOS .................................................... 131
4.4 CUIDADO DE IDOSOS/DOENTES ......................................................................................... 131
4.5 RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE ........................................................................... 131
5 ÂMBITO DE ATUAÇÃO DA MEDIÇÃO FAMILIAR ............................................................. 132
6 PARTICULARIDADES DA MEDIAÇÃO FAMILIAR ............................................................ 133
7 TÉCNICAS DE MEDIAÇÃO FAMILIAR ................................................................................... 135
8 MEDIABILIDADE ........................................................................................................................... 136
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 139
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 140
TÓPICO 2 — MEDIAÇÃO ESCOLAR ........................................................................................... 141
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 141
2 ESPAÇO ESCOLAR ......................................................................................................................... 141
2.1 CONFLITOS NO AMBIENTE ESCOLAR ............................................................................... 143
3 DIMENSÕES E FINALIDADES DA MEDIAÇÃO ESCOLAR .............................................. 145
3.1 TÉCNICA DE INTERVENÇÃO NA GESTÃO E RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS ....... 148
3.2 METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL .................................. 149
3.3 ESTRATÉGIA INTEGRADA DE PREVENÇÃO ................................................................... 149
4 A ESTRUTURA DE UM PROJETO DE MEDIAÇÃO ESCOLAR ......................................... 151
4.1 DIAGNÓSTICO – LEVANTAMENTO DE DADOS .............................................................. 151
4.2 PLANO DE AÇÃO ..................................................................................................................... 152
4.3 SENSIBILIZAÇÃO ...................................................................................................................... 152
4.4 FORMAÇÃO: CAPACITAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA ...................................................... 153
4.5 INSTITUCIONALIZAÇÃO ....................................................................................................... 153
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 157
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 158
TÓPICO 3 — MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ............................................................................... 159
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159
2 RELAÇÕES DE PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS ...... 159
2.1 PERSPECTIVA CONCEITUAL ................................................................................................. 160
3 BREVE HISTÓRICO DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ..................................................... 161
4 CARACTERÍSTICAS DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA .................................................... 162
5 FUNÇÕES DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ......................................................................... 164
6 FASES DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ................................................................................ 167
7 O PAPEL DO MEDIADOR COMUNITÁRIO ........................................................................... 167
LEITURA COMPLEMENTAR ..........................................................................................................170
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 172
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 173
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 175
1
UNIDADE 1 — 
PARTICIPAÇÃO SOCIAL, 
CIDADANIA, AUTONOMIA, 
RELAÇÕES DE CONFLITO 
E COMUNICAÇÃO 
ASSERTIVA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
•	 compreender	o	significado	de	participação	social,	cidadania	e	autonomia	
na	sociedade	brasileira	em	uma	perspectiva	histórica;
•	 compreender	a	relação	entre	participação,	cidadania,	autonomia	e	rela-
ções	de	conflito;
•	 compreender	a	nova	teoria	do	conflito;
•	 identificar	e	reconhecer	conceitos	relacionados	à	comunicação	e	comuni-
cação	não	violenta;
•	 reconhecer	a	importância	da	comunicação	humana	no	tratamento	positi-
vo	do	conflito.
Esta	 unidade	 está	 dividida	 em	 três	 tópicos.	 No	 decorrer	 da	 unidade	
você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	 conteúdo	
apresentado.
TÓPICO	1	–	PARTICIPAÇÃO	SOCIAL,	CIDADANIA	E	AUTONOMIA
TÓPICO	2	–	RELAÇÕES	DE	CONFLITO
TÓPICO	3	–	COMUNICAÇÃO	ASSERTIVA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA E AUTONOMIA 
1 INTRODUÇÃO 
 No	cenário	atual,	o	Brasil	se	apresenta	como	um	dos	países	com	os	mais	
altos	 níveis	 de	 desigualdade	 social.	 O	 cenário	 tem-se	mantido	mesmo	 com	 o	
longo	processo	de	transformações	tecnológicas,	culturais,	econômicas	e	sociais.	
Essas	 transformações	geram,	 a	 cada	dia,	 novas	 situações	 e	necessidade	
de	envolvimento	da	população	para	construção	de	outras	formas	de	convívio	e	
relações.	
A	 importância	 de	 garantir	 discussões	 sobre	 conceitos	 de	 participação	
social,	cidadania	e	autonomia	tem	sido	cada	vez	mais	relevante,	considerando	o	
aumento	de	possibilidades	de	inclusão	da	população	nas	decisões	sobre	políticas	
públicas	no	Brasil,	prioritariamente	a	partir	da	Constituição	de	1988.
O	grande	desafio	é	o	fortalecimento	da	mobilização	da	população	para	o	
fomento	e	disseminação	da	preocupação	com	o	bem-estar	comunitário	e	social,	
visto	que	diferentes	conflitos	e	questionamentos	a	respeito	da	falta	de	diálogo	e	
de	compreensão	entre	as	pessoas	têm	provocado	o	distanciamento	entre	elas	e,	
muitas	vezes,	o	fortalecimento	do	pensamento	individualista.
 
2 VISITANDO O TEMA DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL
São	 distintas	 as	 terminologias	 utilizadas	 para	 tratar	 de	 participação	
social,	tais	como:	inclusão	social,	participação	de	cidadãos,	participação	popular,	
participação	democrática,	participação	comunitária	ou	só	participação,	sendo	que	
práticas	similares	podem	ser	nominadas	de	diversas	formas	ou	uma	terminologia	
pode	 representar	 práticas	 distintas.	 Independentemente	 do	 nome,	 a	 ideia	 de	
participar	mais	ativamente	nos	processos	de	tomadas	de	decisão	coletivas	sempre	
foi	um	anseio	da	própria	população.	
 
Quando	 se	 agrega	 o	 adjetivo	 “social”	 à	 palavra	 “participação”,	 resulta	
um	termo	muito	difundido,	que	diz	respeito	à	construção	de	espaços	que	criam	
interconexões	entre	os	gestores	e	a	sociedade.	Ele	pode	representar	uma	conquista	
da	 população	 pela	 busca	 da	 democratização	 e	 tem	 significado	 histórico	 para	
países	que	viveram	em	regimes	autoritários.	Pela	luta,	a	participação	tornou-se	
um	direito	do	cidadão.
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
4
2.1 PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
No	Brasil,	 só	 foi	possível	 romper	 com	a	Ditadura	Militar	pela	 ampla	 e	
efetiva	 mobilização	 e	 participação	 da	 população.	 Esta	 reação,	 segundo	 Gohn	
(2005),	possibilitou	novo	significado	para	o	que	era	entendido	como	sociedade	civil,	
fundando	sua	atuação	na	contraposição	ao	regime	ditatorial,	com	o	objetivo	de	
construir	bases	democráticas	na	sociedade	política	brasileira.	Desta	mobilização/
participação	social	decorreram	mudanças	importantes,	considerando	os	espaços	
representativos	 e	 institucionalizados	 de	 participação	 social	 e	 de	 alterações	 da	
relação	desta	sociedade	com	o	Estado.	
“A Constituição Federal de 1988 é o marco da legalidade da questão social, um 
avanço na gestão das cidades, uma nova forma que na teoria exibe que o poder de decisão 
não mais se restringe a pequenos grupos com poder econômico e político, mas também a 
sociedade civil” (GARBELINE, 2017, p. 4).
IMPORTANTE
As	 alterações	 na	 Constituição	 permitiram,	 como	 já	 foi	 assinalado,	 a	
participação	 popular,	 que	 representa	 as	múltiplas	 ações	 que	 diferentes	 forças	
sociais	 desenvolvem	 para	 influenciar	 a	 construção,	 execução,	 fiscalização	 e	
avaliação	das	políticas	públicas.	
Nessa	perspectiva,	 convém	assinalar	 como	deliberação	da	Constituição	
a	 formação	dos	 conselhos	gestores	de	políticas	públicas,	 espaços	públicos	que	
fazem	parte	da	gestão	pública,	 sendo	permanentes.	Como	 exemplos	 temos	os	
Conselhos	de	Assistência,	de	Saúde,	de	Educação	etc.	É	importante	assinalar	que,	
embora	ligados	à	estrutura	do	Poder	Executivo,	não	são	subordinados	a	ele.	Isto	
é,	são	autônomos	nas	suas	decisões.
Os conselhos são constituídos por representantes da sociedade civil e do 
Estado, não pertencendo a nenhum desses segmentos, isto é, tanto os representantes da 
sociedade civil quanto do Estado, são corresponsáveis pelas decisões tomadas.
FONTE: <http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-71.html>. Acesso em: 29 nov. 2019.
NOTA
TÓPICO 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA E AUTONOMIA 
5
Os	 Conselhos	 Gestores	 atuam	 como	 instâncias	 para	 promover	 uma	
mudança	 na	 gestão	 das	 políticas	 públicas	 a	 partir	 de	 "um	 novo	 padrão	 de	
relação	entre	Estado	e	sociedade,	criando	formas	de	contrato	social,	por	meio	da	
ampliação	da	esfera	social	pública"	(GOHN,	2004).	
O	 cidadão,	 com	 uma	 nova	 consciência,	 pode	 exercer	 controle	 social,	
interferindo	diretamente	na	evolução	das	políticas	públicas	na	medida	em	que	
exige	e	promove	transparência	e	uso	adequado	de	recursos	públicos.	
 
Para	Jardim	(2017,	p.	95),	“todos	os	avanços	societários	que	tivemos	até	
então	 na	 construção	 de	 esferas	 e	 contextos	 democráticos	 foram	 caminhos	 de	
participação	que,	por	sua	vez,	ampliaram	as	bases	democráticas	numa	relação	de	
contínua	interdependência”.
Nessa	perspectiva,	a	participação	social	tenciona,	segundo	a	autora,	uma	
gestão	 democrática,	 cujo	 Estado	 se	 ocupa	 em	 atender	 a	 interesses	 coletivos	 e	
incide	nas	desigualdades	fundadas,	fundantes	e	nascedouras	do	capitalismo.	
A	 população	 realmente	 se	 implica	 com	 a	 participação	 social	 quando	
reconhece	a	 impossibilidade	de	avanços	 societários	em	um	momento	histórico	
em	 que	 se	 enaltecem	 valores	 individualistas	 e	mercantis	 que	 se	 sobrepõem	 à	
dignidade	do	ser	humano.	Segundo	Machado	 (2016,	p.	184),	a	participação	da	
população,	
[...]	 como	 processo	 de	 incidência	 social	 e	 política,	 deve	 estar	
comprometida	 com	 alguns	 pressupostos	 da	 existência	 humana,	
contribuindo	 para	 o	 desenvolvimento	 do	 ser	 humano	 enquanto	 ser	
social,	pois	todos	os	homens	devem	ter	condições	de	viver	para	poder	
fazer	história.
Participar	não	 se	 limita	 a	uma	atitude	de	aderir	 a	 alguma	proposta	ou	
projeto,	 pressupõe	 o	 compartilhar,	 colocar-se	 em	 movimento.	 Desta	 forma,	
participação	pode	ser	um	qualificativo	da	convivência,	uma	forma	de	compreender	
os	fenômenos	de	forma	ampliada,	que	inclui	posicionar-se	nas	decisões	que	lhe	
dizem	respeito	(BRASIL,	2009).
Esta	 compreensão	 de	 participação	 social	 direciona	 o	 olhar	 para	 a	
perspectiva	de	direitos,	sejam	elescivis,	políticos	ou	sociais.	O	Estado	
tem	papel	primordial,	 já	que	adota	a	garantia	de	direitos	a	 todos	os	
cidadãos	 participantes	 da	 sociedade.	 Foi	 com	 a	 consolidação	 do	
capitalismo,	e	na	relação	contraditória	entre	as	demandas	do	capital	
e	as	dos	trabalhadores,	que	se	criaram	as	condições	objetivas	para	a	
identificação	 das	 lutas	 das	 classes	 trabalhadoras	 para	 ver	 incluído	
nas	 suas	pautas	de	 reivindicações	o	acesso	a	esses	direitos.	Direitos	
esses	que	vão	se	expandindo	na	medida	em	que	determinada	fatia	da	
sociedade	tem	força	e	legitimidade	para	acessar	a	eles	[...]	 (COUTO,	
2006,	p.	37).
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
6
	Os	direitos	civis	foram	consolidados	no	século	XVIII,	e	estão	diretamente	
relacionados	 às	 liberdades	 individuais,	 tais	 como	 liberdade	 de	 expressão,	 de	
pensamento,	de	imprensa	e	de	fé,	direito	de	ir	e	vir,	de	associação	e	reunião,	à	
propriedade	privada	e	ao	 trabalho.	Em	outras	palavras,	o	direito	à	 justiça.	No	
seguimento,	foram	consolidados	os	direitos	políticos	que	garantem	a	participação	
social	no	poder	político	comunitário.	Esse	grupo	de	direitos	permite	ao	cidadão	
votar	e	 ser	votado,	direito	à	associação	e	organização.	Esses	direitos	passaram	
a	cobrir	uma	quantidade	crescente	de	membros	da	comunidade	cívica.	Quanto	
à	consolidação	dos	direitos	sociais,	estes	se	dão	pelo	reconhecimento	de	que	as	
desigualdades	sociais	são	gestadas	no	capitalismo.	A	concretização	dos	direitos	
sociais	 é	 responsabilidade	 do	 Estado,	 eles	 são	 fundamentados	 pelo	 ideal	 de	
igualdade	e	expressam	o	direito	à	educação,	à	saúde,	ao	trabalho,	à	assistência	e	
à	previdência.	
No	intuito	de	aprofundamento	teórico	sobre	o	tema	“direitos	sociais”,	é	
necessário	 considerar	 que	 são	 fundamentais	 para	 viabilizar	 vida	digna	para	 a	
população.	São	eles	que	“[...]	permitem	aos	cidadãos	uma	participação	mínima	
na	riqueza	material	e	espiritual	criada	pela	coletividade”	(BOBBIO,	2004,	p.	19).	
Nos	 períodos	 de	 maior	 autoritarismo	 vivenciados	 no	 Brasil,	 foram	 os	
movimentos	 sociais	 que	 se	 apresentaram	 resistentes,	 com	 destaque	 para	 o	
período	da	Ditadura	Civil-Militar,	de	1964	a	1985.	Nesse	período,	a	participação	e	
ampliação	da	democracia	foram	interrompidas.	Os	anos	de	1980	foram	marcados	
pela	 ampliação	 das	mobilizações	 sociais.	A	 promulgação	 da	 Constituição,	 em	
1988,	representou	uma	conquista	para	o	fortalecimento	dos	direitos	sociais	e	da	
democracia.
Dessa	forma,	qualquer	alusão	à	participação	social	pressupõe	compreender	
ampliação	 de	 relações	 de	 solidariedade	 e	 atenção	 às	 necessidades	 dos	 outros.	
Entretanto,	não	se	pode	esperar	mudanças	societárias	apenas	com	a	participação	
no	 plano	micro,	mas	 é	 a	 partir	 dele	 que	 se	 instauram	 processos	 de	mudança	
(GOHN,	2005).	Pequenas	ações	de	resistência	podem	impactar	nas	determinações	
estruturais	que	têm	impacto	direto	na	vida	cotidiana.	
2.2 ONDE A PARTICIPAÇÃO PRECISA SER FOMENTADA 
A	 palavra	 participação	 é	 recorrente	 nas	 falas	 de	 diferentes	 grupos	 e	
parece	ser	a	palavra	de	ordem	dos	dias	atuais.		Entretanto,	quando	se	olha	para	
o	cotidiano,	é	possível	perceber	que	a	participação	não	depende	unicamente	do	
desejo	e	disposição	pessoal,	 ela	pode	estar	 relacionada	à	estrutura	conjuntural	
que	determina	quem	e	como	participa.	
TÓPICO 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA E AUTONOMIA 
7
Mafalda foi uma tira escrita e desenhada pelo cartunista argentino Quino. 
As histórias, que apresentam uma menina (Mafalda) preocupada com a humanidade e a 
paz mundial, e que se rebela com o estado atual do mundo, apareceram de 1964 a 1973, 
usufruindo de uma altíssima popularidade na América Latina e Europa.
DICAS
FIGURA – MAFALDA
FONTE: <https://bit.ly/2TiXMgY>. Acesso em: 6 jan. 2019.
Nas	atividades	humanas	e	sociais,	segundo	Guareschi	in	Silveira	(2008),	
participar	pode	 significar	 atitudes	diferentes	para	diferentes	pessoas.	Também	
é	 possível	 identificar	 tipos	 prioritários	 de	 participação:	 	 participação	 no	
planejamento,	participação	na	execução	e	participação	nos	resultados.	
Quanto	 à	participação	na	 execução,	Guareschi	 in	 Silveira	 (2008)	 afirma	
que	 o	 povo	 brasileiro	 executa	 muito,	 trabalha	 muito.	 Diferentemente	 do	 que	
é	divulgado	 e	parece	 fazer	parte	das	 representações	 sociais,	 pode	 ser	possível	
indicar,	 com	 alguma	 certeza,	 que	 é	 um	 dos	 povos	 que	 fica	 envolvido	 com	
trabalho	por	mais	horas,	 se	comparado	a	outros	países.	Quanto	à	participação	
nos	resultados,	ela	é	extremamente	desigual	no	Brasil.	O	brasileiro	é	o	povo	com	
pior	distribuição	de	renda	do	mundo	e,	dessa	forma,	participa	muito	pouco	dos	
resultados.	Resta	discutir	a	participação	no	planejamento,	sendo	ela	que	decide	
quem	faz	e	quem	fica	com	os	resultados.	Quanto	à	participação	nos	resultados,	na	
realidade	brasileira,	a	maioria	das	pessoas	é	excluída.	Mesmo	que	através	do	voto	
sejam	eleitos	os	representantes	do	povo	e,	através	da	democracia	participativa,	os	
eleitos	passem	a	decidir	pelo	povo,	essas	são	práticas	muito	precarizadas	e	não	se	
pode	concluir	que	haja	participação	no	planejamento.
Qualquer	alteração	na	perspectiva	de	participação	nos	resultados	não	se	
dá	sem	embates	efetivos	no	campo	da	gestão,	que	é	o	espaço	onde	se	decidem	
prioridades	políticas.	 É	necessária,	 e	mesmo	 imprescindível,	 a	participação	da	
sociedade	civil	nessa	disputa.	
https://pt.wikipedia.org/wiki/Argentina
https://pt.wikipedia.org/wiki/Quino
https://pt.wikipedia.org/wiki/Humanidade
https://pt.wikipedia.org/wiki/1964
https://pt.wikipedia.org/wiki/1973
https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_Latina
https://pt.wikipedia.org/wiki/Europa
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
8
A	importância	da	participação	da	sociedade	civil	se	faz	nesse	contexto	
não	apenas	para	ocupar	espaços	antes	dominados	por	representantes	
de	 interesses	econômicos	encravados	no	Estado	e	 seus	aparelhos.	A	
importância	se	faz	para	democratizar	a	gestão	da	coisa	pública,	para	
inverter	as	prioridades	das	administrações	no	sentido	de	políticas	que	
atendam	não	apenas	às	questões	emergenciais,	a	partir	do	espólio	de	
recursos	miseráveis	destinados	às	áreas	sociais	(GOHN,	2005,	p.	78). 
É	 necessário,	 no	 entanto,	 ressaltar	 que	 a	 participação	 não	 tem	 um	 fim	
nela	própria,	isto	é,	a	participação	não	se	esgota	em	si.	Assim,	o	ato	de	participar	
adquire	sentido	quando	está	vinculado	à	construção	de	um	projeto	de	sociedade.	
Atente para a importância da Participação Social e o que pode decorrer dela 
nos espaços comunitários:
• As decisões do governo ficam mais próximas dos desejos e necessidades da população. 
• O controle da população sobre as ações do governo aumenta, colaborando com a 
fiscalização sobre o uso dos recursos públicos e as decisões das políticas do Estado. 
• Abre-se espaço para negros, mulheres, população de rua e outros grupos vulneráveis 
que historicamente estiveram afastados dos processos decisórios.
• Evita-se que somente aqueles que possuem canais privilegiados de acesso incidam 
sobre os tomadores de decisão.
FONTE: Adaptado de <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4108539/mod_resource/
content/1/Participa%C3%A7%C3%A3o%20social%20-%20aula.pdf>. Acesso em: 3 dez. 2019.
 
ATENCAO
2.3 ESPAÇOS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL
A	participação	 social	 faz	parte	do	 cotidiano	dos	 cidadãos	que,	de	uma	
maneira	ou	de	outra,	sentem	a	necessidade	de	unir	forças	na	busca	de	objetivos	
que	dificilmente	seriam	alcançados	caso	fossem	perseguidos	de	maneira	isolada.	
No	Brasil,	ela	pode	se	apresentar	a	partir	de	importantes	vertentes:	a	participação	
institucionalizada	e	a	não	institucionalizada	(AVRITZER,	2016).	A	primeira	diz	
respeito	à	atuação	de	entidades	e	órgãos,	 como	categorias	 sindicais,	 conselhos	
(saúde,	educação,	assistência	social,	entre	outros),	conferências	e		 	 	assembleias	
nos	 orçamentos	 participativos.A	 segunda	 compreende	 a	 participação	 não	
institucionalizada	 e	 se	 manifesta	 através	 de	 movimentos	 sociais,	 sem	 a	
categorização	como	entidade	ou	órgão.
TÓPICO 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA E AUTONOMIA 
9
No Orçamento Participativo, ano a ano a comunidade é chamada a discutir suas 
prioridades e eleger os que irão decidir sobre a execução das obras. Há um envolvimento 
do maior número de pessoas possível. Numa cidade como Porto Alegre, onde essa prática 
já possui uma dezena de anos, dentre os 700 mil votantes, 200 mil chegam a participar 
diretamente nas decisões do orçamento. Ano a ano ele discutem e rediscutem sua vida, 
suas práticas e tomam decisões (SILVEIRA et al., 2020).
NOTA
A	participação	social	pode	ser	 reconhecida	nas	diferentes	 instâncias	de	
poder:	Legislativo,	 Judiciário	e	Executivo.	 	No	Legislativo,	os	cidadãos	podem	
participar	 por	 meio	 do	 voto.	 Votar	 significa	 eleger	 representantes	 e	 confiar	
que	eles	atuarão	na	perspectiva	de	luta	pelos	direitos.	No	poder	Judiciário,	ela	
pode	ocorrer	na	convocação	para	participação	em	júri	popular,	participando	no	
julgamento	de	crimes	dolosos	contra	a	vida.	Já	a	participação	popular	no	poder	
Executivo	 pode	 ocorrer	 através	 dos	 conselhos	 e	 comitês	 gestores	 de	 políticas	
públicas,	sendo	que	grande	parte	das	políticas	e	programas	implementados	pelo	
Governo	 têm	 como	 exigência	 o	 controle	 social,	 tanto	 para	 garantir	 sua	 gestão	
quanto	o	acesso	das	pessoas	para	as	quais	os	programas	existem.	
2.4 MARCOS NORMATIVOS REFERENTES À 
PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Buscar	respaldo	no	aparato	legal	pode	ajudar	a	compreender	o	esforço	
empreendido	 para	 que	 a	 população	 tenha	 possibilidades	 reais	 de	 participar.	
Jardim	 (2017,	 p.	 98)	 apresenta	 uma	 retrospectiva	 histórica	 da	 Política	 de	
Assistência	Social	quanto	ao	fomento	à	participação.	Ele	destaca	que	“no	Artigo	
5º	 da	NOB/	 SUAS	 (2012)	 constam	 como	 diretrizes	 estruturantes	 da	 gestão	 o	
fortalecimento	da	relação	democrática	entre	Estado	e	sociedade	civil,	o	controle	
social	e	participação	popular”.
Já	 no	 Art.	 3º	 do	 documento	 é	 mencionado	 que	 “as	 organizações	 de	
usuários	são	sujeitos	coletivos,	que	expressam	diversas	 formas	de	organização	
e	de	participação	caracterizadas	pelo	protagonismo	do	usuário”.	Nesse	mesmo	
documento,	 segundo	discussão	de	 Jardim	 (2017,	p.	 100),	há	a	 apresentação	da	
normativa	que	estabelece:
Instâncias	 de	 mobilização	 e	 organização	 dos	 usuários	 para	 a	 sua	
participação	na	política,	que	também,	consecutivamente,	qualificarão	
a	 sua	participação	 institucionalizada	nas	 instâncias	deliberativas	do	
controle	 social,	 como	 os	 conselhos	 e	 as	 conferências	 de	 assistência	
social.
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
10
A	 autora	 apresenta	 registro	 das	 instâncias	 de	 organização	 previstas	
na	 Resolução.	 Segundo	 Jardim	 (2017),	 mesmo	 que	 sejam	 previsões	 ou	 algo	
idealizado,	não	significa	que	não	devam	ser	perseguidas	para	sua	efetivação.	O	
controle	 social	 só	 será	 efetivo	 se	 for	 precedido	de	movimentos	 anteriores	 que	
ainda	precisam	ser	fomentados.	
Organizações Caracterização
Coletivos	de	usuários Organizam	usuários	tendo	como	referência	os	serviços,	
programas,	 projetos,	 benefícios	 e	 transferência	 de	
renda	 no	 âmbito	 da	 Política	 Pública	 de	 Assistência	
Social,	 com	 o	 intuito	 de	 mobilizá-los	 a	 reivindicar	
ações	e/ou	intervenções	institucionais	e	pautar	o	direito	
socioassistencial.
Associações	de	
usuários	
São	 organizações	 legalmente	 constituídas,	 que	 têm	 os	
usuários	em	sua	direção	e	que	preveem,	em	seu	estatuto,	
os	 objetivos	 de	 defesa	 e	 de	 garantia	 dos	 direitos	 de	
indivíduos	e	coletivos	usuários	do	SUAS.
Fóruns	de	usuários Tratam-se	 de	 organizações	 de	 usuários	 que	 têm	 como	
principal	 função	 a	 sua	 mobilização,	 elencando	 e	
debatendo	 as	 demandas	 e	 necessidades	 dos	 usuários,	
bem	 como	 temas	 relevantes	 como	 a	 articulação	 de	
políticas	de	atendimento	que	atravessam	os	diversos	tipos	
de	vulnerabilidade	social,	a	 integração	entre	serviços	e	
benefícios,	a	qualidade	do	atendimento	e	a	qualidade	da	
infraestrutura	 disponível	 nos	 equipamentos	 do	 SUAS,	
dentre	outros.
Conselhos	locais	de	
Usuários
Instituídos	 nos	 equipamentos	 públicos	 da	 Política	
de	 Assistência	 Social	 com	 o	 intuito	 de	 mobilização	 e	
discussão	de	temas	relevantes	relacionados	ao	território	
de	 vivência	 e	 de	 interesse	 imediato	 das	 famílias	 e	
coletivos,	para	encaminhamento	ao	poder	público	local.
Rede Articulação	de	movimentos,	 associações,	 organizações,	
coletivos,	 dentre	 outras	 formas	 de	 organizações	 de	
usuários	 e	usuárias	para	 a	defesa	 e	 a	 garantia	de	 seus	
direitos.
Comissões	ou	
associações	
comunitárias	ou	de	
moradores
Organizadas	em	base	territorial,	têm	o	intuito	de	promover	
esclarecimento,	 informação	e	formação	da	comunidade	
no	âmbito	da	Assistência	Social,	desenvolvendo	projetos	
comunitários	relacionados	à	política	de	assistência	social.
QUADRO 1 – ORGANIZAÇÕES DE USUÁRIOS PREVISTAS PELA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSIS-
TÊNCIA SOCIAL
FONTE: Jardim (2016, p. 98)
TÓPICO 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA E AUTONOMIA 
11
Mesmo	que	o	tema	desta	unidade	não	seja	a	Política	de	Assistência	Social	
(e,	no	caso	do	registro	das	 instâncias,	mais	propriamente	a	Proteção	Básica),	a	
apresentação	 quer	 demonstrar	 possibilidades	 de	 espaços	 de	 participação	 e	
protagonismo.
Para aprofundar essa temática, sugerimos que assistam ao documentário 
PALMAS, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yuXbEPQUbD8.
DICAS
3 CIDADANIA: ENTENDIMENTO CONCEITUAL 
Cidadania	 e	 participação	 social	 são	 conceitos	 que	 se	 inter-relacionam	
e	 dizem	 respeito	 à	 apropriação	 pelos	 indivíduos	 do	 direito	 de	 construção	
democrática	de	seus	destinos.	Dessa	colocação	advém	a	ideia	de	que	a	democracia	
é	 uma	 das	 principais	 ferramentas	 para	 o	 acesso	 à	 cidadania,	 visto	 que	 ela	
pressupõe	participação	intensa	dos	cidadãos	no	processo	de	sua	construção.	Para	
Magalhães	Filho	(2002,	p.	114):
Estado	Democrático	de	Direito	é	aquele	que	se	estrutura	através	de	
uma	democracia	representativa,	participativa	e	pluralista,	bem	como	
o	que	garante	a	realização	prática	dos	direitos	fundamentais,	inclusive	
dos	direitos	sociais,	através	de	 instrumentos	apropriados	conferidos	
aos	cidadãos,	sempre	tendo	em	vista	a	dignidade	humana.
Não iremos aprofundar a discussão sobre cidadania, visto que o Livro Didático 
Direitos humanos e cidadania apresenta um material muito rico em informações sobre o 
tema. Neste livro trabalhamos a relação entre cidadania e participação social.
FONTE: PEIRITZ, V. L. H.; BONETTI, J. C. S.; FRANZMANN, N. M. Direitos humanos e 
cidadania. Indaial: UNIASSELVI, 2016.
DICAS
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
12
O	termo	cidadania	pode	ser	problematizado	a	partir	de	uma	visita	aos	
antigos	 gregos.	Na	 busca	 da	 compreensão	 das	 práticas	 desse	 povo	 é	 possível	
identificar	o	que	pode	ser	chamado	de	verdadeira	cidadania.	As	discussões	sobre	
o	destino	das	suas	cidades	eram	realizadas	em	praça	pública.	Não	bastava	sentar-
se	na	praça	para	ser	considerado	cidadão,	era	necessário	que	se	falasse.	Alguém	
era	 considerado	 cidadão	 somente	 no	 momento	 em	 que	 desse	 sua	 opinião,	
expressasse	seus	desejos,	planejasse	a	construção	da	cidade.
Qualquer	discussão	 sobre	 cidadania	precisa	 contemplar	 a	discussão	de	
Marshall	(1967)	em	seu	famoso	livro	publicado	originalmente	em	1950,	Citizenship 
and Social Class,	para	quem	cidadania	é	um	status	adquirido	por	toda	e	qualquer	
pessoa	 que	 tem	 participação	 integral	 na	 comunidade	 ou	 na	 sociedade	 à	 qual	
pertence,	e	de	onde	advém	um	código	de	direitos	e	deveres	a	serem	seguidos	por	
todos.	A	cidadania,	nessa	perspectiva,	tem	relação	com	um	conjunto	de	direitos	
civis,	políticose	sociais	que	podem	ser	reivindicados	pela	população:	
•	 Cidadania	 civil,	 os	 direitos	 de	 liberdade	 da	 pessoa	 que	 tiveram	 um	
desenvolvimento	significativo	no	século	XVIII.
•	 Cidadania	política,	ou	os	direitos	de	participar	na	vida	política,	conquistados	
pelas	classes	trabalhadoras	no	curso	da	luta	pela	igualdade	política	no	século	
XIX.
•	 Cidadania	 social,	 que	 consiste	 no	 reconhecimento	 e	 ampliação,	 durante	 o	
século	XX,	de	uma	série	de	direitos	sociais	em	períodos	de	desemprego	e	de	
doença,	para	permitir	às	pessoas	participarem	do	bem-estar	econômico	e	social	
da	comunidade.
Cidadania,	nessa	perspectiva,	atende	ao	que	é	preconizado	por	Hannah	
Arendt	(2010),	quando	diz	que	o	ser	“cidadão”	implica	em	ser	membro	de	uma	
comunidade.	É	o	direito	a	 ter	direitos,	que	pressupõe	 igualdade,	 liberdade	e	a	
própria	existência	e	dignidade	humana.	Coutinho	(2008,	p.	50-51)	define	cidadania	
como: 
[...]	 capacidade	 conquistada	 por	 alguns	 indivíduos,	 ou	 (no	 caso	 de	
uma	democracia	efetiva)	por	todos	os	indivíduos,	de	se	apropriarem	
dos	bens	socialmente	criados,	de	atualizarem	todas	as	potencialidades	
de	 realização	 humana	 abertas	 pela	 vida	 social	 em	 cada	 contexto,	
historicamente	determinado.	
Essa	 conceituação	 introduz	 a	 ideia	 de	 construção,	 visto	 que,	 para	 o	
autor,	a	cidadania	não	é	algo	dado	aos	indivíduos	permanentemente,	não	é	algo	
que	vem	de	cima	para	baixo,	mas	é	uma	conquista,	 resultado	de	um	processo	
histórico	de	 longa	duração,	uma	 luta	firme	e	 constante,	 travada	quase	 sempre	
a	 partir	 de	 baixo,	 das	 classes	 subalternas.	 Dessa	 forma,	 é	 importante	 insistir	
que,	em	sua	plenitude,	a	cidadania	só	se	consolida	na	presença	da	participação	
social,	 entendida,	 como	 já	 foi	 apresentado,	 como	 ação	 coletiva,	 consciente	 e	
voluntária.	Convém	assinalar	que	a	falta	de	uma	cultura	de	participação,	aliada	
à	lógica	individualista	e	competitiva	instauradas,	muitas	vezes	é	obstáculo	a	uma	
participação	mais	efetiva	na	vida	comunitária.	
TÓPICO 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA E AUTONOMIA 
13
Esta	segunda	forma	de	pensar	a	cidadania	promove,	então,	um	modelo	
de	participação	ativa	dos	cidadãos	nas	instituições	e	nos	serviços	públicos.	Para	
Coutinho	(2008),	essa	forma	de	conceituar	cidadania	vai	além	da	reivindicação	
dos	 direitos	 já	 consagrados	 na	 constituição.	 Trata-se	 da	 cidadania	 ativa,	 uma	
importante	dimensão	da	política	social.	
A relação entre cidadania e democracia aparece na noção apresentada por 
Marilena Chauí (1984), para quem cidadania deve ser compreendida pelos princípios da 
democracia, o que significa conquista e consolidação social e política. Para ela a cidadania 
exige instituições, mediações e comportamentos próprios, constituindo-se na criação 
de espaços sociais de lutas (movimentos sociais, sindicais e populares) e na definição de 
instituições permanentes para a expressão política, como partidos, legislação e órgãos do 
poder público.
NOTA
Não	se	 trata	de	cidadania	passiva,	mas	sim	cidadania	ativa,	aquela	que	
designa	o	cidadão	como	alguém	que	tem	direitos	e	deveres,	mas	prioritariamente	
alguém	com	condições	de	criar	direitos	para	abrir	novos	espaços	de	participação	
política.		A	autora,	ao	defender	a	cidadania	ativa,	fala	da	importância	de	ampliação	
dos	direitos	políticos	para	que	o	cidadão	possa	ampliar	a	participação	no	processo	
das	decisões	de	interesse	público.	
Cidadania,	 nessa	 perspectiva,	 introduz	 a	 ideia	 de	 participação	 da	
população	 em	 uma	 comunidade	 política,	 gerando	 pertencimento	 social.	 Isso	
pressupõe	 a	 internalização	de	normas	partilhadas,	 cujas	diferenças	podem	 ser	
superadas	por	meio	de	discussões	públicas	e	respeito	às	leis,	fundamentadas	na	
ideia	de	bem	comum.	
3.1 CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO BRASIL
Falar	 em	 construção	 diz	 respeito	 ao	 processo	 histórico,	 o	 que	 significa	
falar	da	dinamicidade	da	vida,	algo	que	não	está	finalizado,	que	existe	um	devir	a	
ser	considerado.	No	Brasil,	a	prática	da	cidadania	ainda	não	se	concretizou,	muito	
provavelmente	devido	aos	problemas	socioeconômicos	que	ainda	perduram	no	
contexto	do	país,	mesmo	considerando	o	advento	da	Constituição	de	1988,	que	
privilegia	os	direitos	fundamentais	e	a	dignidade	humana.	
 
A	conquista	do	direito	de	ser	cidadão	ainda	sofre	influências	dos	tempos	
da	colonização.	A	primeira	grande	conquista	de	cidadania,	mesmo	considerando	
todas	 as	 inverdades	 relacionadas	 a	 esse	 feito,	 foi	 a	 abolição	 da	 escravatura,	
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
14
que,	para	Carvalho	(2008),	foi	um	fato	mais	formal	que	real,	considerando	que	
aos	 libertos	 não	 foram	oportunizadas	 possibilidades	 de	 participação	 quanto	 a	
emprego,	 educação	 e	 terras.	 O	 autor	 enfatiza	 que	 um	 número	 considerável	
voltou	para	 as	 fazendas	 e	muitos	 outros	 se	 juntaram	 à	 já	 existente	 população	
desempregada.
Outro	pequeno	avanço	rumo	à	cidadania	no	Brasil	a	ser	considerado,	é	
o	movimento	operário,	 que	 se	 iniciou	 em	1917,	 perdendo	 força	por	 causa	das	
sucessivas	 repressões	 sofridas	 e	 das	 deportações	 de	 estrangeiros.	 Em	 1930,	
pode	 ser	 identificada	 nova	 força	 quando	 o	movimento	 operário	 luta	 para	 ter	
reconhecidos	 seus	 direitos	 sociais,	 através	 da	 busca	 pela	 criação	 de	 legislação	
específica	trabalhista,	como	regulamentação	de	horários,	descanso	e	férias.
As	carências	no	plano	da	cidadania	na	história	brasileira	são	muitas.	Saes	
(2001)	apresenta	uma	lista,	que	pode	ajudar	a	entender	essas	carências	em	termos	
de	cidadania	política:
•	 ausência	do	voto	feminino,	do	voto	secreto	e	de	uma	Justiça	Eleitoral	de	cunho	
burocrático	 e	 profissional,	 até	 o	 Código	 Eleitoral	 de	 1932	 e	 a	 Constituição	
Federal	de	1934;
•	 limitação	 prática	 do	 exercício	 do	 direito	 de	 voto	 durante	 toda	 a	 Primeira	
República,	 por	 obra	 da	 submissão	 da	 maioria	 do	 eleitorado	 a	 práticas	
coronelísticas;
•	 crescimento	constante,	desde	a	redemocratização	do	Regime	Político	em	1945,	
do	 clientelismo	 urbano,	 como	 instrumento	 de	 deformação	 das	 vontades	 no	
plano	eleitoral;
•	 supressão	total	(no	caso	do	Estado	Novo)	ou	quase	total	(no	caso	do	Regime	
Militar)	dos	direitos	políticos	etc.
Várias	 idas	 e	 vindas	 marcaram	 a	 construção	 da	 cidadania	 no	 Brasil.	
Atualmente,	 essa	 se	dá	de	maneira	heterogênea	porque,	quando	 se	garante	os	
direitos	 políticos,	 os	 diretos	 civis	 e	 sociais	 são	 ignorados	 ou	 fragmentados	 e,	
assim,	 intercalam-se	na	posição	que	ocupam,	deixando	sempre	uma	 lacuna	na	
garantia	plena	da	cidadania,	porque	a	democracia	se	faz	através	da	garantia	de	
todos	os	direitos	e	não	somente	de	um	em	detrimento	do	outro.
Com	o	surgimento	do	pensamento	dos	novos	liberais,	os	mais	otimistas	
pensariam	que	haveria	uma	mudança	mais	efetiva	na	visão	de	cidadania.	Então	
foi	a	vez	da	população	que,	não	compreendendo	o	sentido	real	da	democracia,	
reivindicou	uma	cidadania	coronelista,	que	dizia	mais	respeito	ao	direito	de	ser	
livre	pelo	poder	 econômico	 e	 ao	direito	de	 consumir	do	 que	 à	 consciência	de	
serem	igualmente	merecedores	desses	direitos	(CARVALHO,	2008).
Romper	 com	 esse	 pensamento	 individualista	 a	 respeito	 da	 cidadania	
e	 promover	 conhecimento	 emancipatório	 é	 sair	 do	 senso	 comum	 para	 uma	
apropriação	coletiva	na	garantia	da	 cidadania.	A	participação	deve	 ser	a	mola	
propulsora	da	democracia.	Isso	é	importante	quando	se	fala	na	noção	de	cidadania	
TÓPICO 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA E AUTONOMIA 
15
no	Brasil,	pois	pode	ser	reconhecida	uma	certa	ambiguidade,	tanto	na	vertente	
mais	progressista,	quanto	na	conservadora.	Posições	de	“direita”	e	“esquerda”	
estão,	assim,	na	pauta	da	discussão.
Para	 a	 esquerda,	 segundo	 Benevides	 (1994),	muitas	 vezes,	 cidadania	 é	
apenas	aparência	de	democracia,	pois	discrimina	cidadãos	de	primeira,	segunda,	
terceira	ou	nenhuma	classe,	acabando	por	reforçar	adesigualdade.	Para	a	direita,	
a	cidadania	torna-se	indesejável	e	até	ameaçadora,	pois	a	elite	depende	do	oposto	
do	controle	público	para	a	manutenção	dos	seus	privilégios.	A	elite	tem	a	tendência	
de	considerar	a	desigualdade	legítima	e	os	excluídos	uma	classe	de	perigosos.	Essa	
discussão	parte	do	pressuposto	que	no	Brasil	as	reformas	sociais	nunca	visaram	
à	cidadania	democrática.	Foram	realizadas	reformas	institucionais,	econômicas	e	
sociais.	Entretanto	não	foi	alterado	o	acesso	à	justiça,	segurança,	distribuição	de	
renda	e	tantas	outras	que	efetivamente	viabilizassem	inclusão	social,	deixando	de	
pensar	em	direitos	só	para	alguns	que	vivem	sob	determinadas	condições.	
É	importante	enfatizar	que,	na	teoria	constitucional	moderna,	cidadão	é	o	
indivíduo	que	tem	um	vínculo	jurídico	com	o	Estado.	Esse	cidadão	é	portador	de	
direitos	e	deveres	anteriormente	definidos	por	um	marco	legal,	que	lhe	confere	
um	senso	de	pertencimento	social,	através	da	nacionalidade.	
Os	cidadãos	brasileiros	são,	em	tese,	livres	e	iguais	perante	a	lei,	entretanto	
uma	pergunta	parece	 crucial:	 até	que	ponto,	 em	uma	 sociedade	marcada	pela	
desigualdade	e	desequilíbrios	é	possível	pensar	em	cidadania	e	fazê-la	funcionar	
de	forma	ativa?	Até	que	ponto	é	possível	vincular	participação	popular/cidadania	
e	consolidação	da	democracia?	
É	claro	que	essa	questão	não	tem	resposta	pronta	e	acabada.	Entretanto	é	
possível	entender	a	participação	popular	como	uma	forma	de	aprendizado	para	
a	 cidadania.	 Isso	 implica	 em	 superar	 a	 argumentação	 amplamente	 divulgada	
de	que	o	povo	brasileiro	 é	 apático	 e	despreparado	 e,	dessa	 forma,	 incapaz	de	
participar	de	decisões	que	lhe	dizem	respeito.
Torna-se,	 assim,	 impreterível	 reconhecer	 que	 a	 cidadania	 emancipa	 o	
sujeito	e	o	torna	autônomo	para	participar	de	mudanças	societárias,	para	promover	
a	democracia,	que	se	entende	por	um	sistema	político	exercido	majoritariamente	e	
não	imposto	pela	minoria	sobre	a	maioria.	Essa	forma	de	entender	a	participação	
popular	do	brasileiro	nos	convida	à	discussão	da	categoria	autonomia.	É	sobre	
isso	que	versa	o	próximo	item.
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
16
4 AUTONOMIA: COMPREENSÃO CONCEITUAL E 
CONTEXTUAL
Em	uma	perspectiva	etimológica,	o	termo	“autonomia”	é	formado	pelas	
palavras	gregas:	autós	–	que	significa	“por	si	mesmo”	–	e	nomos,	que	é	traduzida	
por	“lei”.		Assim,	autonomia	é	a	capacidade	de	autodeterminação	(BLACKBURN,	
1997).	Entretanto,	conforme	Zatti	(2007),	essa	capacidade	não	pode	ser	entendida	
como	absoluta,	tampouco	como	sinônimo	de	autossuficiência.
 
Autonomia	 diz	 respeito	 à	 capacidade	 de	 dar	 a	 si	 a	 própria	 lei	 ou	 a	
faculdade	 ou	 competência	 de	 realizar	 algo.	 O	 primeiro	 aspecto	 vincula-se	 à	
liberdade,	fantasia,	imaginação	e	decisão.	Já	o	segundo,	relaciona-se	ao	poder	ou	
à	capacidade	de	fazer	(ZATTI,	2007).	A	autonomia,	para	o	autor,	passa	a	ser	real	
quando	as	duas	categorias,	liberdade	e	poder,	estão	presentes.	
 
Agir	com	autonomia,	no	sentido	apresentado,	consiste	em	ter	capacidade	
de	eleger	opções	sobre	o	que	fazer	e	sobre	como	fazer.	Um	agente	é	autônomo	
quando	suas	ações	são	verdadeiramente	suas	(BLACKBURN,	1997).
Não	é	só	ser	livre	para	agir,	mas,	acima	de	tudo,	ser	capaz	de	eleger	objetivos	
e	crenças,	poder	valorá-los	e	sentir-se	responsável	pelas	escolhas.	Pereira	(2002)	
relaciona	autonomia	com	cidadania,	ao	referir	que	a	primeira	é	uma	necessidade	
básica	fundamental	para	o	exercício	da	cidadania.		Nessa	perspectiva,	autonomia	
é	entendida	como	“a	capacidade	do	indivíduo	de	eleger	objetivos	e	crenças,	de	
valorá-los	com	discernimento	e	de	pô-los	em	prática	sem	opressões”	(PEREIRA,	
2002	p.	70).
O	desenvolvimento	da	autonomia	vai	implicar	a	apropriação	que	o	sujeito	
tem	da	sua	própria	força	no	contexto	em	que	as	necessidades	e	as	possibilidades	
se	inscrevem,	articulando	as	três	variáveis	em	um	processo	de	negação	da	tutela	
e	da	subalternidade,	decidindo	sobre	seu	próprio	destino.
A	 perspectiva	 ampla,	 referida	 no	 início	 desta	 unidade,	 diz	 respeito	 às	
condições	socio-históricas	em	que	a	maior	parte	da	população	brasileira	vive.	Essa	
realidade	condiciona	o	sujeito	a	uma	situação	que	o	impossibilita	de	construir-se	
integralmente,	seja	em	aspectos	éticos,	políticos,	estéticos	ou	culturais.	Essas	são	
marcas	que	se	opõem	à	possibilidade	de	autonomia,	considerando	que,	segundo	
Zatti	(2007,	p.	9-10),	“a	autonomia	engloba	tanto	a	liberdade	de	dar	a	si	os	próprios	
princípios,	quanto	à	capacidade	de	realizar	os	próprios	projetos”.
A	concepção	de	autonomia	está	atrelada	à	concepção	de	cidadão	enquanto	
sujeito	que	dá	razão	e	sentido	a	sua	existência	e	que,	vivendo	em	sociedade,	é	
verdadeiramente	 parte	 dela,	 por	 produzir	 ação	 no	 contexto	 onde	 vive.	Guzzo	
(2002,	p.	109)	afirma	que	“autonomia	conduz	diretamente	à	cidadania.	Autônomo	
não	 é	 o	 indivíduo	 isolado:	 autônomo	 é	 o	 sujeito	 ativo,	 sujeito	 da	 práxis.	 Ao	
lutarmos	por	autonomia,	o	fazemos	porque	a	desejamos	para	todos”.
TÓPICO 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA E AUTONOMIA 
17
Dessa	 forma,	 autonomia	 é	 compreendida	 como	 a	 capacidade	 de	 um	
sujeito	para	realizar	escolhas,	questionamentos,	decisão	e	ações	na	vida	privada	e	
atuar	na	esfera	pública	condizente	com	valores	socioculturais	e	normas	coletivas.	
Essa	 noção	 de	 autonomia	 atende	 ao	 que	 é	 preconizado	 por	 Freire.	 Segundo	
o	 pensador	 brasileiro,	 a	 autonomia	 propicia	 ao	 ser	 humano	 a	 libertação	 do	
determinismo	neoliberal,	assumindo	que	a	história	é	um	tempo	de	possibilidades.	
Ainda,	conforme	a	prática	freireana,	“uma	tarefa	fundamental	no	ato	de	educar	
seria	fundamentalmente	a	autonomia	do	direito	pessoal	na	construção	de	uma	
sociedade	democrática	que	a	 todos	respeita	e	dignifica”	(MACHADO,	2009,	p.	
56).
4.1 CONSTITUIÇÃO DE UM SUJEITO AUTÔNOMO
A	 prerrogativa	 inicial	 para	 o	 desenvolvimento	 da	 autonomia	 é	 a	
possibilidade	do	sujeito	se	encontrar	livre	de	qualquer	jugo	imposto	por	outros	
indivíduos	ou	instituições.	Somente	dessa	forma	ele	pode	viver	livre	de	opressão.	
Para	Pereira	(2002),	que	identifica	a		autonomia	como	necessidade	básica	
fundamental	para	o	exercício	da	cidadania,	é	necessário	considerar	três	níveis	de	
autonomia	 individual,	que	 interferem	diretamente	na	possibilidade	ou	não	do	
exercício	da	cidadania:		a	saúde	mental	do	sujeito,	entendida	como	capacidade	de	
definir	prioridades	para	a	sua	vida;		a	possibilidade	de	se	reconhecer	no	processo	
de	construção	de	sua	 identidade	e	subjetividade;	a	capacidade	de	se	apropriar	
das	próprias	possibilidades	e	das	impossibilidades	de	participação	na	sociedade.	
Um	segundo	nível,	descrito	pela	autora,	diz	respeito	à	habilidade	cognitiva	do	
sujeito,	que	representa	o	grau	de	compreensão	que	ele	tem	de	si	mesmo	e	de	sua	
cultura,	sua	capacidade	de	definir	prioridades	para	si	e	as	suas	oportunidades	
objetivas	de	ação.	Por	último,	a	oportunidade	de	participação	que	possibilita	o	
acesso	aos	meios	objetivos	para	exercer	papéis	sociais	significativos	na	sua	vida	
social	e	cultural.	
Na	 ausência	 de	 qualquer	 uma	 dessas	 categorias,	 ocorrerão	 sérias	
restrições	 à	 autonomia	 pessoal,	 as	 quais	 podem	 ser	 causadas	 por	
diferentes	 fatores,	 que	 vão	 desde	 regras	 culturais	 (exclusão	 de	
minorias	de	certos	papéis),	circunstâncias	econômicas	(desempregos	
ou	pobreza),	até	sobrecargas	de	demandas	conflitivas	(dupla	jornada	
de	trabalho	da	mulher)	(DOYAL;	GOUCH,	1991	apud	PEREIRA,	2002,	
p.	72).
Portanto,	o	desenvolvimento	da	autonomia	vai	implicar,	em	um	primeiro	
momento,	a	apropriação	da	força	do	sujeito	no	contexto	em	que	as	necessidades	
e	as	possibilidades	se	inscrevem,	articulando	as	três	variáveis	em	um	processo	de	
negação	da	tutela	e	da	subalternidade,	decidindo	sobre	seu	próprio	destino.
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
18
Na	busca	de	identificar	fatoresque	podem	interferir	na	autonomização	do	
sujeito,	Couto	(2006,	p.	40)	refere	que	há	dois	tipos	de	liberdade	que	interferem	
na	autonomia.	A	primeira	é	a	liberdade	positiva,	que	possui	o	sentido	ideal	de	
que	 as	práticas	humanas	 seriam	guiadas	pela	 razão	 em	prol	das	necessidades	
comunitárias,	objetivando	a	autorrealização	e	emancipação	do	homem	enquanto	
início,	meio	e	fim	de	seus	atos.	Outra	forma	é	a	concepção	negativa	da	liberdade,	
que	 diz	 respeito	 somente	 às	 escolhas	 individuais	 e	 pode	 ser	 entendida	 como	
independência,	o	que	faz	com	que	o	sujeito	ignore	as	necessidades	coletivas	em	
detrimento	das	suas	vontades.	O	que	está	em	 jogo	nessa	discussão	é	a	relação	
a	práticas	que	buscam	o	bem	comum	e	práticas	centradas	no	desenvolvimento	
individual.	Para	Faleiros	(2010),	a	autonomia	é	a	base	mais	sólida	na	promoção	da	
cidadania.	Visto	que	um	cidadão	sem	autonomia	é	um	cidadão	sem	identidade,	
que	não	se	conhece	e	reconhece	como	sujeito	de	direito	e,	por	isso,	não	exerce	seus	
papéis	sociais,	deixando	essa	outorga	à	mercê	do	Estado.
Para	compreender	o	porquê	da	despersonalização	na	identidade	autônoma,	
é	 necessário	 percorrer	 o	 caminho	 inverso	 na	 construção	 da	 cidadania.	Assim,	
podemos	definir	cidadania	como	um	processo	de	emancipação	do	homem,	que	
o	tornará	livre,	capaz	de	se	organizar	e	se	reorganizar,	e	de	exercer	plenamente	o	
seu	direito	democrático	de	cidadão.
A	práxis	cidadã	não	ocorre	sem	que	sejam	expostas	diferenças	individuais	
ou	 coletivas,	 de	diferentes	 ordens,	 sejam	elas	 culturais,	 políticas	 ou	 religiosas.	
Como	 consequência,	 surgem	 conflitos	 que,	mesmo	 fazendo	 parte	 da	 natureza	
humana,	posto	que	cada	indivíduo	possui	características	únicas	e	pensamentos	
diversos,	 tendem	 a	 tensionar	 relacionamentos.	 A	 grande	 questão	 que	 será	
discutida	na	Unidade	2	é	como	entender	e	 lidar	com	esses	conflitos	através	de	
caminhos	que	privilegiem	a	construção	de	processos	democráticos	conscientes.
19
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 A	participação	social	faz	parte	do	cotidiano	dos	cidadãos	que,	de	uma	maneira	
ou	de	outra,	 sentem	a	necessidade	de	unir	 forças	na	busca	de	objetivos	que	
dificilmente	seriam	alcançados	caso	fossem	perseguidos	de	maneira	isolada.
•	 No	Brasil	a	participação	pode	se	apresentar	a	partir	de	importantes	vertentes:	
a	 participação	 institucionalizada	 e	 a	 não	 institucionalizada.	A	 primeira	 diz	
respeito	à	atuação	de	entidades	e	órgãos,	como	categorias	sindicais,	conselhos	
(saúde,	educação,	assistência	social,	entre			outros),	conferências	e	assembleias	
nos	 orçamentos	 participativos.	 A	 segunda	 compreende	 a	 participação	 não	
institucionalizada	 e	 se	 manifesta	 através	 de	 movimentos	 sociais,	 sem	 a	
categorização	como	entidade	ou	órgão.
•	 O	ato	de	participar	adquire	sentido	quando	está	vinculado	à	construção	de	um	
projeto	de	sociedade.
•	 A	Constituição	Federal	de	1988	é	o	marco	da	legalidade	da	questão	social,	um	
avanço	na	gestão	das	cidades,	uma	nova	forma	que	na	teoria	exibe	que	o	poder	
de	decisão	não	mais	se	restringe	a	pequenos	grupos	com	poder	econômico	e	
político,	mas	também	à	sociedade	civil.
•	 A	 democracia	 é	 uma	das	 principais	 ferramentas	 para	 o	 acesso	 à	 cidadania,	
visto	que	ela	pressupõe	participação	intensa	dos	cidadãos	no	processo	de	sua	
construção.
•	 Qualquer	discussão	sobre	cidadania	precisa	contemplar	a	discussão	de	Marshall	
(1967)	em	seu	famoso	livro	publicado	originalmente	em	1950,	Citizenship and 
Social Class,	para	quem	cidadania	é	um	status	adquirido	por	toda	e	qualquer	
pessoa	que	tem	participação	integral	na	comunidade,	ou	da	sociedade	à	qual	
pertence,	e	de	onde	advém	um	código	de	direitos	e	deveres	a	serem	seguidos	
por	 todos.	A	cidadania,	nessa	perspectiva,	 tem	relação	com	um	conjunto	de	
direitos	civis,	políticos	e	sociais	que	podem	ser	reivindicados	pela	população.
•	 A	autonomia	é	entendida	como	a	capacidade	do	indivíduo	de	eleger	objetivos	e	
crenças,	de	valorá-los	com	discernimento	e	de	pô-los	em	prática	sem	opressões.
•	 O	desenvolvimento	da	autonomia	vai	implicar	a	apropriação	que	o	sujeito	tem	
da	sua	própria	força	no	contexto	em	que	as	necessidades	e	as	possibilidades	se	
inscrevem,	em	um	processo	de	negação	da	tutela	e	da	subalternidade,	quando	
ele	decide	sobre	seu	próprio	destino.
RESUMO DO TÓPICO 1
20
•	 A	autonomia	é	a	base	mais	sólida	na	promoção	da	cidadania,	visto	que	um	
cidadão	sem	autonomia	é	um	cidadão	sem	identidade,	que	não	se	conhece	e	
reconhece	como	sujeito	de	direito	e,	por	isso,	não	exerce	seus	papéis	sociais,	
deixando	essa	outorga	à	mercê	do	Estado.
21
1		O	conhecimento	sobre	cidadania	precisa	contemplar	a	discussão	de	Marshall	
(CITIZENSHIP AND SOCIAL CLASS,	 1950),	 para	 quem	 cidadania	 tem	
relação	com	um	conjunto	de	direitos	civis,	políticos	e	sociais	que	podem	ser	
reivindicados	pela	população.	Baseado	na	concepção	de	Marshall,	assinale	
a	alternativa	INCORRETA:
Baseado	na	concepção	de	Marshall,	assinale	a	alternativa	incorreta:
a)	(			)	 Cidadania	civil	diz	respeito	aos	direitos	de	liberdade	da	pessoa.
b)	(			)	 Cidadania	política	consiste	na	possibilidade	de	as	pessoas	participarem	
do	bem-estar	econômico	da	comunidade.
c)	(			)	 Cidadania	social	diz	respeito	ao	reconhecimento	e	ampliação	de	direitos	
relacionados	a	empregabilidade,	saúde,	entre	outros.
d)	(			)	 Cidadania	política	está	relacionada	aos	direitos	de	participar	na	vida	
política.
e)	(			)	Os	 direitos	 sociais	 tiverem	 reconhecimento	 e	 ampliação	 durante	 o	
século	XX.
AUTOATIVIDADE
22
23
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
RELAÇÕES DE CONFLITO
1 INTRODUÇÃO
Desde	que	o	Homo sapiens	percebeu	que	viver	em	comunidade	poderia	
ajudar	 a	 garantir	 a	 sua	 sobrevivência	 e,	 consequentemente,	 a	 perpetuação	 da	
espécie,	ele	se	tornou	um	ser	social.	Uma	vez	que	não	possuía	garras	ou	dentes	
afiados,	não	era	veloz,	nem	possuía	veneno	ou	uma	couraça	capaz	de	protegê-lo	
das	ameaças	de	um	mundo	 inóspito	e	selvagem,	viver	em	comunidade	 trouxe	
muitas	vantagens,	tais	como	o	desenvolvimento	da	linguagem,	da	comunicação	
e	da	criação	coletiva.
Se	por	um	lado	viver	em	grupo	formando	comunidades	trouxe	benefícios,	
por	outro,	 incluiu	a	 convivência	 e	 as	 relações	 entre	 indivíduos	possuidores	de	
visões	 de	 mundo	 muito	 diversas.	 Viver	 em	 comunidade	 sempre	 representou	
desafios,	pois	cada	indivíduo	é	possuidor	de	valores,	opiniões	e	interesses	próprios	
e	distintos,	que	precisam	ser	negociados	com	o	outro	o	tempo	inteiro,	para	que	
assim	 seja	possível	 viabilizar	 a	participação	 social	 em	uma	 lógica	 autônoma	 e	
cidadã.	Por	isso,	a	necessidade	de	uma	comunicação	eficaz	é	imprescindível.
Atualmente,	 a	 vida	 acontece	 em	 um	mundo	 globalizado,	 onde	muitos	
problemas	enfrentados	têm	a	ver	com	a	convivência	entre	as	pessoas.	As	ameaças	
enfrentadas	hoje	 já	 não	 são	 as	mesmas	da	Pré-História.	Hoje	 a	 vida	 se	dá	 em	
comunidades	 cada	 vez	mais	 ampliadas,	 a	 comunicação	 se	 tornou	muito	mais	
rápida	e	os	conflitos	acontecem	cotidianamente.
Apesar	de	ser	capaz	de	resolver	muitas	questões	do	dia	a	dia	de	maneira	
satisfatória,	o	ser	humano	pode	e	deve	abrir	espaço	para	pensar	e	desenvolver	
habilidades	 que	possibilitem	 a	 resolução	de	 conflitos	 de	modos	mais	 eficazes.	
Este	 tópico	 tem	 como	 objetivo	 apresentar	 possibilidades	 de	 transformação	 de	
conflitos	potencialmente	destrutivos	em	oportunidades	de	geração	de	opções	e	
soluções	mais	satisfatórias	para	os	agentes	envolvidos.
2 MODERNA TEORIA DO CONFLITO 
O	ser	humano	é	essencialmente	social,	está	o	tempo	todo	se	relacionando	
e	 interagindo	com	o	outro.	Essa	 interação,	de	modo	geral,	produz	desconforto	
quando	não	está	claro	o	que	o	outro	quer,	pensa,	 sente	ou	deseja,	 isto	é,	o	ser	
humano	 lida	 com	muitos	 aspectos	 desconhecidos	 em	 relação	 aos	 seus	 pares,	
apenas	baseando-se	em	suposições.
24
UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
A	visão	de	mundo	do	outro	é	incerta	e,por	isso,	a	convivência,	essencial	
para	 a	 sobrevivência	 do	 ser	 humano,	 torna-se	 tão	 desafiadora.	 É	 a	 partir	 da	
necessidade	humana	de	convivência	e,	ao	mesmo	tempo,	deste	estranhamento	do	
outro,	de	visões	diferentes	de	mundo,	que	os	conflitos	emergem.
 
Segundo	 Jean-Marie	 Muller	 (2007),	 o	 conflito	 significa	 o	 confronto	 da	
vontade	de	um	com	a	vontade	do	outro,	pois	cada	um	deseja	vencer	a	resistência	
alheia,	o	que	remete	à	rivalidade,	competição.	De	modo	geral,	o	conflito	produz	
ideia	de	oposição,	de	divisão	entre	as	pessoas,	que	passam	a	ser	um	obstáculo	
para	a	satisfação	pessoal.	Portanto,	o	conflito	pode	ser	visto	como	uma	crise,	um	
impasse	na	relação	com	o	outro.	Se	as	diferenças	fazem	parte	das	relações	e	da	
própria	condição	humana,	é	possível	afirmar	que	o	conflito	é	inerente	às	relações	
humanas.
Para	 Fernanda	 Tartuce	 (2018),	 a	 maioria	 das	 pessoas	 veem	 o	 conflito	
como	embate,	oposição,	briga,	luta	e,	por	causa	dessas	nomenclaturas,	o	conflito	
costuma	 também	ser	 sinônimo	de	“controvérsia”,	 “disputa”,	“lide”	e	“litígio”,	
remetendo	ao	entendimento	de	crise	nas	interações.
FIGURA 2 – O CONFLITO COMO SINÔNIMO DE DISPUTA
FONTE: <https://hypescience.com/wp-content/uploads/2014/05/8--838x721.jpg>. Acesso em: 
21 jan. 2020.
Como	 vimos,	 as	 relações	 humanas	 são	 permeadas	 pelas	 diferenças,	
envolvendo	 percepções,	 valores,	 posições	 e	 interesses	 diversos.	 Dessa	 forma,	
é	 possível	 afirmar	 que	 o	 conflito	 é	 parte	 integrante	 dessas	 relações.	 Segundo	
Eduardo	Vasconcelos	(2014),	é	impossível	uma	relação	interpessoal	ser	totalmente	
consensual,	pois	cada	pessoa	possui	uma	gama	infinita	de	experiências,	visões	de	
mundo	diferentes,	construídas	a	partir	de	vivências	únicas	e,	em	alguma	medida,	
mesmo	nas	relações	mais	afetivas,	haverá	discordância	e,	portanto,	algum	grau	
de	conflito	estará	presente.
TÓPICO 2 — RELAÇÕES DE CONFLITO
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A	Moderna	Teoria	do	Conflito	percebe	o	conflito	como	fato	natural,	um	
importante	fenômeno	inerente	às	relações,	pois	caso	o	conflito	seja	pensado	como	
algo	a	ser	combatido	ou	evitado,	é	possível	que	os	envolvidos	caiam	na	armadilha	
de	impossibilitar	a	sua	solução	de	maneira	construtiva.	O	conflito	visto	como	algo	
negativo	 impede	o	diálogo,	 a	busca	do	 entendimento,	 e	 acaba	por	 fomentar	 a	
disputa,	o	confronto	e,	consequentemente,	várias	formas	de	violência.	
Nesse	 ponto	 de	 vista,	 é	 possível	 encarar	 o	 conflito	 em	 si	 como	 um	
acontecimento	 neutro,	 nem	 positivo	 nem	 negativo.	 É	 possível	 afirmar	 que,	
dependendo	da	maneira	como	se	lida	com	o	conflito,	ele	pode	se	tornar	fonte	de	
discussões,	brigas	e	rompimentos,	tornando-se,	assim,	negativo.	Por	outro	lado,	
quando	a	partir	dele,	através	do	diálogo,	houver	a	busca	por	soluções	conjuntas	
para	as	questões	postas,	ele	pode	evoluir	para	a	construção	de	novas	combinações	
que	possam	satisfazer	a	todos	os	envolvidos,	fortalecendo	laços	de	convivência,	
tornando-se	fonte	de	mudanças	positivas.	
De	acordo	com	John	Paul	Lederach	(2012),	o	conflito	é	algo	normal	nos	
relacionamentos	humanos	e,	assim,	é	encarado	como	motor	de	transformações	
e	mudanças	tanto	nos	relacionamentos	interpessoais	quanto	num	âmbito	maior,	
estimulando	a	construção	de	comunidades	mais	saudáveis.
A	visão	do	conflito	como	algo	a	ser	eliminado,	suprimido	da	sociedade,	
como	se	a	paz	fosse	a	sua	ausência,	não	se	sustenta	mais.	Enxergar	e	compreender	
o	todo,	através	de	uma	visão	sistêmica,	significa	entender	o	conflito	como	uma	
situação	que,	 quando	bem	conduzida,	pode	vir	 a	 trazer	mudanças	positivas	 e	
significativas,	além	da	oportunidade	de	ganhos	mútuos,	tanto	para	o	indivíduo	
quanto	para	a	comunidade	a	qual	pertence.
Nesse	sentido,	Vasconcelos	(2014,	p.	25)	aponta	que	os	conflitos	decorrem	
da	convivência	social	do	homem	com	suas	contradições	e	pode	ser	dividido	em	
quatro	pontos	que	se	incidem	cumulativamente:	
•	 Conflitos	de	valores	–	morais,	ideológicos,	religiosos.
•	 Conflitos	 de	 informação	 –	 informações	 incompletas,	 distorcidas,	 conotações	
negativas.
•	 Conflitos	estruturais	–	diferentes	circunstâncias	sociais,	políticas	e	econômicas	
dos	envolvidos.
•	 Conflitos	de	interesses	–	reivindicação	de	bens	e	direitos	de	interesse	comum	e	
contraditório.	
Quando	 o	 conflito	 é	 tratado	 de	 modo	 destrutivo,	 ou	 seja,	 quando	 há	
enfraquecimento	 ou	 rompimento	 das	 relações	 devido	 à	 competitividade	 com	
que	é	 tratado,	na	perspectiva	de	vencedores	e	perdedores,	 é	possível	perceber	
expansão	 do	 conflito	 em	 uma	 espiral	 crescente.	 Nesses	 casos,	 os	 envolvidos	
frequentemente	perdem	o	 foco	das	 causas	 iniciais	da	questão.	Por	outro	 lado,	
quando	encarado	de	forma	construtiva,	o	conflito	fortalece	as	relações.	
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UNIDADE 1 — PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CIDADANIA, AUTONOMIA, RELAÇÕES DE CONFLITO E COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
Existem	vários	caminhos	e	estratégias	para	lidar	com	conflitos:	negá-los,	
fugir	deles,	ignorá-los,	ceder,	barganhar	etc.	Por	outro	lado,	é	possível	escolher	
cooperar,	 integrar	 as	diferentes	 opiniões	 e	 construir	 algo	novo	 a	partir	 dessas	
divergências.	 Sendo	 assim,	 é	 possível	 afirmar	 que	 existem	 duas	 estratégias	
principais	de	tratamento	dos	conflitos:	uma	distributiva,	baseada	na	competição	
e	foco	na	escassez	dos	recursos,	e	outra	integrativa,	que	visa	“aumentar	o	bolo”,	
sendo	que	os	envolvidos	buscam	a	cooperação	como	estratégia	principal.	
Quando	 a	 busca	 de	 soluções	 cooperativas	 e	 integrativas	 é	 a	 estratégia	
escolhida,	 as	 chances	de	 fortalecimento	dos	 laços	 interpessoais	 e	 comunitários	
tendem	a	 aumentar,	 estreitando	as	 relações,	 trazendo	 inúmeros	benefícios	 aos	
envolvidos.	Fato	é	que	não	existe	uma	forma	única	de	tratamento	dos	conflitos,	
e	a	estratégia	escolhida	pode	variar	de	acordo	com	o	grau	de	envolvimento,	a	
importância	dada	às	relações	e	o	próprio	bem-estar	dos	envolvidos.	
David	 Bohn	 (2005)	 destaca	 que,	 caso	 as	 pessoas	 decidam	 cooperar	
necessitam	criar	algo	que	seja	comum	aos	envolvidos	no	processo	comunicacional,	
pois	cada	uma	delas	ouvirá	a	outra	de	acordo	com	o	filtro	de	suas	experiências	
pessoais.	Para	ele,	estar	aberto	a	novas	ideias	e	pontos	de	vista	pode	ser	bastante	
desafiador,	mas	possível.	
Importante	 enfatizar	 que,	 caso	 as	 pessoas	 realmente	 desejem	 viver	 em	
harmonia	com	elas	próprias	e	com	seus	pares,	resolvendo	diferenças	de	maneira	
construtiva	sem	evitar	o	conflito,	utilizando-o	como	mola	propulsora	de	mudanças	
importantes,	 elas	precisam	ser	 	 capazes	de	 comunicar	de	 forma	clara,	 estando	
atentas	 as	 suas	 próprias	 necessidades,	 bem	 como	 às	 necessidades	 dos	 outros,	
possibilitando,	assim,	a	expressão	e	construção	de	diálogos	mais	saudáveis.	
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 Os	seres	humanos	são	seres	únicos,	eminentemente	sociais,	estão	o	tempo	todo	
interagindo	uns	com	os	outros	e	dessas	interações	emergem	os	conflitos.	Isso	
acontece	porque	cada	um	tem	vivências,	valores	e	visões	de	mundo	diferentes.	
Conviver	com	essas	diferenças	é	um	constante	desafio.
•	 O	 conflito	 é	 uma	 sinalização	 de	 que	 algo	 nas	 relações	 precisa	 ser	 revisto,	
repensado,	recompactuado.	
•	 A	moderna	teoria	do	conflito	encara	o	conflito	como	um	evento	neutro,	nem	
bom,	nem	ruim.	O	que	determinará	sua	essência	será	a	forma	como	cada	um	
lida	com	ele:
ᵒ	 Se	encarado	de	forma	positiva,	como	fator	de	mudança	de	comportamentos	
e	regras	que	não	servem	mais	à	sociedade	e	aos	cidadãos,	o	conflito	pode	
trazer	transformações	necessárias	e	possibilidade	de	ganhos	múltiplos	para	
os	envolvidos,	reforçando	laços	e	abrindo	espaço	para	a	construção	conjunta	
de	mudanças	necessárias.
ᵒ		 Se	 encarado	 como	 uma	 competição	 sobre	 quem	 está	 certo	 e	 quem	 está	
errado,	 buscando	 estabelecer	 vencedores	 e	 vencidos,	 será	 atribuído	 um	
caráter	destrutivo	ao	conflito.
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1		Como	o	conflito	pode	ser	definido?
2	 Os	 conflitos	 decorrem	 da	 convivência	 social	 do	 homem	 com	 suas

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