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Herbert.sdp10@uni9.edu.br Diarreia Crônica na infância Definição de Diarreia crônica • Perda entérica fecal acima de 10 g/kg/dia em lactentes e 200 g/dia para crianças maiores • Duração: Superior a 14 dias (>30 dias) • Não é autolimitada. • A frequência evacuatória, em geral, é superior a 3 emissões/dia. Epidemiologia • 13,2% dos óbitos na infância: Doença Diarreica (OMS) • Decréscimo da mortalidade: implantação de esquemas de reidratação oral, vacina rotavírus e combate à desnutrição. -Taxa de mortalidade decresceu nos locais onde foram implementados programas de tratamento como hidratação oral, imunização contra rotavírus e combate a desnutrição. • Países mais desenvolvidos: Diarreia crônica por alterações imunológicas, inflamatórias e doenças geneticamente determinadas. • Países em desenvolvimento: + infecciosas (Escherichia coli enteroaderente, enteroagregativa, Cryptosporidium, Giárdia lamblia) Definição de acordo com o tratado de pediatria: A diarreia é caracterizada por perda de fluidos e eletrólitos nas fezes, quando o processo em curso ultrapassa 14 dias. Alguns autores usam o termo "diarreia persistente" quando o processo em questão decorre de etiologia infecciosa, e denominam crônica quando não está associada a infecção pregressa. Etiologia -Diarreia crônica possui uma ampla e variável de agentes etiológicos. Além disso, depende de fatores como idade de início, estado nutricional, condições ambientais e doenças associadas. -Principais causas de diarreia crônica em crianças, é dívida em causas infecciosas e não infecciosas. -Infecções entéricas são relacionadas à diarreia crônica. Exemplo: Escherichia coli enteroaderente, Cryptosporidium parvum, Giárdia lamblia podem determinar diarreia crônica em paciente imunocompetente. -Doença celíaca ocorre em pessoas com predisposição após exposição ao glúten da dieta alimentar. -Criança menos apresentam com maior frequência DC e Má absorção com maior frequência. -Doença inflamatória intestinal crônica: Retocolite Ulcerativa, D. Crohn. - Sintomas cardinais: Dores abdominais, cólicas, diarreia crônica e evacuações muco sanguinolentas. -Enteropatia alérgica mais frequente é alergia à proteína do leite de vaca, há predomínio de diarreia com sangue ou sem, cursando com anemia e inapetência. -As reações IgE-mediadas tendem a determinar sintomas cutâneos e/ou respiratórios. -Colite microscópica e a colite colagenosa são raras na infância e determinam diarreias volumosas, não sanguinolentas, de caráter aquoso. Failure to thrive= Mau crescimento e baixo ganho de peso. MECANISMO:DIARREIA OSMÓTICA • Substâncias mal absorvidas e que são osmoticamente ativas na luz intestinal, por causa da redução da enzimática. • Ex.: carboidratos não digeridos (lactose), medicações (laxantes) • Por que não foram digeridos? A má absorção de carboidrato é decorrente da atividade lactásica nas microvilosidades do epitélio intestinal. • Dano intestinal (infecções) • Redução da superfície absortiva (doença celíaca) • Redução de enzima digestiva- A lactase não completamente hidrolisada é fermentada por bactérias, resultando na produção de ácidos orgânicos, butirato e gases voláteis. • Aumento da velocidade do trânsito intestinal. • Melhora com jejum • Usualmente sem pus, sangue ou gordura nas fezes • pH fecal menor que 5.5. Como é uma diarreia osmótica? Fezes volumosas, aquosas e ácidas. Mecanismo: Diarreia Secretora • Enterotoxinas (citocinas inflamatórias) estimulam secreção de água e eletrólitos para o lúmen intestinal = desidratação. Como é uma Diarreia Secretora? Fezes muito volumosas (desidratação rápida), aquosas,” água de arroz” o que geralmente persiste durante o jejum. -Fezes sem pus, sangue ou gordura e pH fecal próximo a 7.0. Diarreia colérica · Acontece em pacientes com má absorção de ácidos biliares. · O íleo terminal com processo inflamatório ou pode apresentar superfície de absorção reduzida -Sd. Intestino curto = Sais biliares não absorvidos excedem a capacidade absortiva do íleo distal, desenvolvendo uma diarreia secretora. Mecanismo Diarreia Inflamatória • Áreas inflamadas do intestino = liberação de pus e muco = diarreia • Inflamação da mucosa e submucosa com edema, hemorragia e infiltração de leucócitos • Aumento da permeabilidade epitelial do intestino pela inflamação= mecanismos imunomediados = aumento de motilidade e perda de proteínas para a luz intestinal. • Frequência evacuatória alta •Usualmente com sangue e/ou muco/pus nas fezes; • tenesmo • Não cessa durante o jejum. • pH fecal maior que 5.5. • Pesquisa de leucócitos fecais positiva. Como é uma diarreia Inflamatória? Fezes pouco volumosas, aquosas ou semi-pastosas. Apresentação Clínica Diarreia Crônica Sanguinolenta •Doenças Inflamatórias Intestinais (Doença de Crohn, Retocolite Ulcerativa) •Colite alérgica (Alergia Alimentar: Proctocolite) •Parasitas (ex:amebíase, estrongiloidíase, E. coli enterohemorrágica, etc.) • Pólipo intestinal. Má absorção de gordura -A má absorção decorre da insuficiência pancreática exócrina. • Fibrose cística (Insuficiência Pancreática Exócrina) • Abetalipoproteinemia = não há formação dos quilomícrons necessários para a absorção das vitaminas lipossolúveis. -Sintomas neurológicos por déficit de vitamina E. -A doença de retenção de quilomícrons acarreta má absorção de gordura, desnutrição e diarreia crônica, e geralmente pode vir associada de alterações hematológicas (Acantose) Alterações de motilidade • Doença de Hirschsprung: É uma distensão abdominal associada à constipação intestinal grave, por causa da ausência dos gânglios mioentéricos. Nesse contexto, temos crises de distensão abdominal seguidas de diarreias profundas (megacólon tóxico). -Criança não elimina mecônio (doença de Hirschsprung e Fibrose cística). -Pseudo-obstrução intestinal crônica também é uma condição rara de alteração da motilidade que gera distensão das alças intestinais, retardo do trânsito e surtos de diarreia decorrentes do crescimento de bactérias no intestino. -A diarreia crônica acontece por causa do aumento da velocidade do trânsito intestinal. Não há processo inflamatório em curso ou déficit de absorção. Nesse caso o apetite e estado nutricional se encontram preservados e o paciente apresenta evacuações amolecidas, líquidas e com restos alimentares. Tumores neuroendócrinos •O gastrinoma (Síndrome de Zollinger-Ellison) caracteriza-se por aumento da secreção de gastrina, hipersecreção acídia, úlcera péptica e diarreia crônica decorrente do aumento da motilidade, por exemplo, VIPomas, ganglioneuroma ou gânglio neuro blastomas, tumores neuroendócrinos. Nesse contexto, aumento da secreção ácida gástrica e hipermotilidade pode desencadear uma diarreia crônica. Diagnóstico -Aspecto etiológico amplo e diversificado. -Varia com faixa etária e meio ambiente do paciente de convívio. Anamnese da Diarreia Crônica •Quem é meu paciente: Idade, estado nutricional (antropometria e curvas de crescimento), comorbidades •Ambiental: condições higiênico-sanitárias, contactantes. IDADE · Diarreia congênita determinam perda hídrica considerável nos primeiros dias de vida, em geral são de herança autossômica recessiva. · Má absorção de gorduras, com ou sem quadro respiratório associado pode indicar Fibrose cística. -Sempre lembrar de alergia alimentar, principalmente quando a família tem histórico de atopias. -Entre 1 a 3 anos, DC, Distensão abdominal e desnutrição exigem triagem para Doença celíaca. -Faixas etárias maiores, diarreia, dores abdominais e febres devem levantar a suspeita de doença inflamatória intestinal crônica. Evacuações: · Qual a frequência? · consistência e aspecto das fezes? · presença ou não de muco? · sangue ou pus? · Há restos alimentares ou parasitas? · Bóia no vaso? Estado nutricional · Dimensiona estado cronicidade · o peso é afetado antes do parâmetro de altura. · Albumina sérica fica abaixo de 3,0 g/dl nos casos de desnutrição moderada ou grave. Sintomas e sinais associados (vômitos, distensão abdominal, aftas orais, hiperemiaperianal ou fístulas e/ou abscessos perianais, febre, artralgia ou artrite, lesões oculares, úlceras, edemas, dermatite, ataxia) •Dor ou desconforto ao evacuar? Dor abdominal que melhora ou piora com a evacuação? • Se sangue: tom do vermelho, quantidade, puro ou misturado às vezes, sangramento terminal? frequência que sangra • Relação com horário do dia, refeição ou jejum? •Despertar noturno com dor ou vontade de evacuar? • Perda involuntária de fezes, tenesmo? -Fezes líquidas, volumosas e de odor ácido são frequentes nas diarreias osmolares, por má absorção de carboidratos. -Fezes oleosas, claras, volumosas e de odor pútrido são características de esteatorreia, comuns na fibrose cística ou na doença celíaca. Sinais e sintomas associados -Vômito é comum na intolerância alimentar após a ingestão de proteína ofensiva ou do carboidrato não digerido. -Distensão abdominal gasosa é comum após a ingestão de leite ou derivados nos casos de intolerância à lactose. -Assadura perineal -Artralgias, febre e aftas de repetição podem ser indicativos de DIIC em crianças maiores e adolescentes. Laboratorial • Hemograma • Provas de inflamação: VHS, PCR • Eletrólitos • Urina 1/ urocultura • Parasitológico de fezes • Co programa ou coprológico funcional (pH fecal, substâncias redutoras, leucócitos fecais) • Coproculturas • Calprotectina fecal: Eleva-se quando há processo inflamatório. • Imunoglobulinas / Testes Alérgicos • Teste H2 expirado / Tolerância oral à lactose • Cloro no Suor -Marcadores para doença celíaca: Antitransglutaminase e antiendomísio -Auto anticorpos #Calprotectina aumentada é um indicativo para realização de colonoscopia Má absorção de gordura • Esteatócrito (%) • Sudam III fecal (qualitativo) • Método de Van de Kamer (quantitativo). • Processo inflamatório em curso • Presença de neutrófilos no infiltrado. • Triagem = marcador de inflamação = se elevado, orienta a realização de colonoscopia SUDAM III- Teste qualitativo, da má absorção de gordura. Calprotectina Fecal Exames de imagem: O que conseguem nos mostrar na diarreia crônica •Ultrassonografia Abdominal: O espessamento da parede intestinal, e a complementação com Doppler pode sugerir áreas com envolvimento inflamatório. •Enterotomografia e a enterorressonância magnética do abdome: localizam coleções, e observar espessamento da parede intestinal, fístulas entéricas e áreas de estenose ou subestenose, auxilia no diagnóstico de DIIC. Tratamento • Suporte e recuperação nutricional •Dietas de acordo com as necessidades e perdas nutricionais do paciente. -Correção eletrolítica é obrigatória. -Suplementação de vitaminas e oligoelementos -Zinco é recomendável • Tratar a etiologia. REFERÊNCIA Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. /Organizadores Luciana Rodrigues Silva ... [et al.]. 5. ed. V. 1 e 2. Barueri: Editora Mente Aberta, 2022, 1.719. p. @Herbert_sdp @Herbert_sdp
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