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Universidade Tiradentes - Medicina P3 Diarréia TUTORIA ● A diarreia é causada por excesso de secreção de água e eletrólitos em resposta à irritação. ● Sempre que um segmento do intestino grosso fica intensamente irritado, a mucosa secreta grandes quantidades de água e eletrólitos, além do muco alcalino viscoso normal. ● Essa secreção atua diluindo os fatores irritantes e causando um movimento rápido das fezes em direção ao ânus. ● No entanto, a diarreia também elimina os fatores irritantes, o que promove a recuperação mais precoce da doença do que poderia ocorrer de outra forma. ENTERITE/INFLAMAÇÃO INTESTINAL: ● Enterite é uma inflamação geralmente causada por vírus ou bactérias no trato intestinal. ● Em todos os pontos em que a infecção está presente, a mucosa fica irritada e sua taxa de secreção aumenta muito. ● A motilidade da parede intestinal geralmente aumenta acentuadamente. ● Como resultado, grandes quantidades de líquido são disponibilizadas para lavar o agente infeccioso em direção ao ânus e, ao mesmo tempo, fortes movimentos de propulsão impulsionam esse líquido para a frente. ● De especial interesse é a diarreia causada por cólera (e menos frequentemente por outras bactérias, como alguns bacilos patogênicos do cólon). ● A toxina do cólera estimula diretamente a secreção excessiva de eletrólitos e líquido das criptas de Lieberkühn no íleo distal e no cólon. ● A quantidade pode ser de 10 a 12 ℓ por dia, embora o cólon possa geralmente reabsorver no máximo 6 a 8 ℓ por dia. ● A perda de líquido e eletrólitos pode ser tão debilitante em vários dias que pode ocorrer a morte. ● Com a terapia adequada com reposição de líqidos, junto com o uso de antibióticos, quase nenhuma pessoa com cólera morre, mas, sem terapia, até 50% dos pacientes morrem. DIARREIA PSICOGÊNICA: ● Diarreia que acompanha os períodos de tensão nervosa. Esse tipo de diarreia, denominado diarreia emocional psicogênica. ● Esse tipo de diarreia é causado pela estimulação excessiva do sistema nervoso parassimpático, que excita muito (1) a 1 Identificar os fatores desencadeantes da diarréia: motilidade e (2) a secreção de muco no cólon distal. RETOCOLITE ULCERATIVA: ● A colite ulcerativa é uma doença em que extensas áreas das paredes do intestino grosso ficam inflamadas e ulceradas. ● A motilidade do cólon ulcerado costuma ser tão grande que os movimentos de massa ocorrem durante a maior parte do dia, e não nos habituais 10 a 30 minutos. ● Além disso, as secreções do cólon são bastante aumentadas. Como resultado, o paciente apresenta evacuações diarreicas repetidas. ● Alguns médicos acreditam que isso resulte de um efeito alérgico ou imunodestrutivo, mas também pode resultar de uma infecção bacteriana crônica ainda não compreendida. OUTRAS CAUSAS: ● Agentes infecciosos, intolerância alimentar, fármacos ou doença intestinal. CAUSAS MAIS COMUNS NA INFÂNCIA: Causas infecciosas: A) Bacterianas: Salmonella, Shigella, Campylobacter, Yersinia, Escherichia coli. B) Virais: Rotavírus, Norovírus, Adenovírus. C) Protozoários: ameba, Giárdia lamblia, Cryptosporidium. Causas dietéticas: sorbitol, glutamato monossódico, frutose, intolerâncias alimentares (à lactose, sacarose, feijão, frutas, pimenta, etc.). Causadas por medicações: antibióticos, laxativos. Causas alérgicas: alergia à proteína do leite de vaca, da soja ou de outros alimentos. Causas funcionais: diarreia funcional do lactente e pré-escolar, síndrome do intestino irritável. Diarreia associada a substâncias exógenas: excesso de líquidos carbonados; excesso de sorbitol, xilitol e manitol; excesso de antiácidos, laxativos como lactulose e hidróxido de magnésio; alta ingestão de metilxantinas (café, chá e refrigerante à base de cola). Processo digestivo anormal: fibrose cística, síndrome de Shwachman- Diamond, deficiência isolada de enzima pancreática, pancreatite crônica, deficiência de enteroquinase, tripsinogênio, colestase crônica, uso de sequestrante de sal biliar, má absorção primária de sal biliar e ressecção do íleo terminal. Má absorção de nutrientes: deficiência de sacarase-isomaltase, deficiência de lactase, má absorção de glicose-galactose, má absorção de frutose, síndrome do intestino curto. Processos imunes/inflamatórios: alergia alimentar, doença celíaca, gastroenterite eosinofílica, enteropatia autoimune, síndrome IPEx e imunodeficiências primárias ou secundárias, doenças inflamatórias intestinais. Defeitos estruturais: doença de inclusão microvilositária, enteropatia tuffting, diarreia fenotípica, deficiência de sulfato--heparina, deficiência de integrina e linfangiectasia. Defeitos no transporte de eletrólitos e metabólicos: cloridorreia congênita, má absorção de sódio, acrodermatite enteropática, deficiência de folato, abetalipoproteinemia Doenças da motilidade: doença de Hirschsprung, pseudo-obstrução intestinal crônica, tireotoxicose. Diarreias não específicas: diarreia crônica funcional, síndrome do intestino irritável. Doenças neoplásicas: hormônios secretores neuroendócrinos, VIPoma, APUdomas, mastocitose, síndrome de zollinger-Ellison 2 Outras causas: doença celíaca, fibrose cística (mucoviscidose), enteropatia ambiental, intoxicação. DII (DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL): ● Compreende a retocolite ulcerativa, a doença de Crohn e a colite indeterminada. ● Dor abdominal, cólicas, diarreia, sangramento retal, urgência fecal e fadiga extrema. ● Os sintomas cardinais são dores abdominais de caráter intermitente, cólicas, diarreia crônica e evacuações mucossanguinolentas. ENTEROPATIA ALÉRGICA: ● A enteropatia alérgica acompanhada ou não de colite resulta de resposta anormal à proteína alimentar, sendo o leite de vaca o alérgeno predominante. ● A diarreia, com ou sem sangue, a anemia e a inapetência estão presentes. ● Nos primeiros meses de vida, predominam as reações alérgicas não IgE mediadas, de difícil reconhecimento, por não haver comprovação laboratorial disponível DIARREIA COLERÉTICA: ● Ocorrem nos pacientes com má absorção de ácidos biliares. ● O íleo terminal apresenta processo inflamatório extenso e grave, ou pode estar com superfície de absorção reduzida, como nos casos de síndrome do intestino curto. ● Os sais biliares não completamente absorvidos excedem a capacidade absortiva do íleo distal, o que acarreta igualmente diarreia de caráter secretor. MÁ ABSORÇÃO DE CARBOIDRATO: ● A mais comum é a intolerância à lactose decorrente da redução da atividade lactásica nas microvilosidades do epitélio intestinal. ● A intolerância à lactose (IL) pode ser adquirida, relacionada às lesões da mucosa do intestino delgado, secundárias às gastroenterites aguda e persistente, que determinam lesões ultraestruturais do epitélio intestinal, com redução significativa da concentração de lactase. ● A lactose não completamente hidrolisada é fermentada pelas bactérias colônicas, resultando em produção de ácidos orgânicos, butirato e gases voláteis. ● As fezes são ácidas e provocam em lactentes assaduras de difícil controle. Há, ainda, raros casos em que se constata diarreia osmolar por déficit da enzima sacarase-isomaltase, após ingestão de sucos açucarados. ● Entre seus sintomas, destacam-se tanto diarreia quanto prisão de ventre, desarranjos estomacais e gases. SCI (SÍNDROME DO CÓLON IRRITÁVEL) ● Os principais sintomas são dor/mal estar abdominais intermitentes e crônicos, assim como alterações da função intestinal. ● Esta pode manifestar-se como constipação, diarréia ou ambos. SÍNDROMES DE MÁ ABSORÇÃO: ● A má absorção causa diarreia, perda de peso e fezes volumosase excepcionalmente fétidas. ● O diagnóstico é baseado nos sintomas característicos, juntamente com exames. DOENÇA CELÍACA (INTOLERÂNCIA AO GLÚTEN) 3 2. Entender os sinais e sintomas das doenças diarreicas: ● Dor abdominal, constipação, gases, náusea, perda de peso e diarreia. ● Mais da metade dos celíacos têm sinais e sintomas que não estão relacionados ao sistema digestivo, tais como: Anemia; Dermatite herpetiforme (lesões bolhosas na pele). MÁ ABSORÇÃO DE GORDURA: ● Fezes volumosas, de aspecto brilhante, odor pútrido e que boiam no vaso sanitário caracterizam a esteatorreia, frequentemente observada na fibrose cística. ● A má absorção decorre da insuficiência pancreática exócrina. Ao nascimento, o íleo meconial pode ser uma manifestação. ● Na abetalipoproteinemia, não há formação dos quilomícrons necessários para a absorção das vitaminas lipossolúveis. ● Sintomas neurológicos podem estar presentes. ALTERAÇÕES DA MOTILIDADE: ● A doença de Hirschsprung caracteriza-se fundamentalmente por distensão abdominal e extrema dificuldade evacuatória decorrente da ausência dos gânglios mioentéricos. ● A pseudo-obstrução intestinal crônica é uma condição rara determinante de distensão crônica das alças intestinais, retardo do transito colônico e surtos de diarreia decorrentes do sobre crescimento bacteriano do intestino. ● Não há processo inflamatório em curso ou déficit de absorção. O apetite está preservado e o estado nutricional é normal. As evacuações são amolecidas, por vezes líquidas e frequentemente contém restos alimentares. DIARREIA COMUM: ● Caracteriza-se normalmente por provocar apenas fezes soltas e aguadas e durar no máximo 2 semanas. ● Ocorre mais em crianças. ● Pode estar associada a uma combinação de estresse, remédios e alimentos. Por exemplo, excesso de gorduras, de cafeína, mudança do tipo de água ingerida ou mesmo ansiedade diante de acontecimentos importantes podem provocar esse tipo de diarreia; DIARREIA INFECCIOSA: ● Comum em crianças, provoca além dos sintomas da diarreia comum, febre, perda de energia e de apetite. ● É causada por vírus e bactérias. Se não for convenientemente tratada, pode demorar até 1 semana para os sintomas desaparecerem. AMEBÍASE: ● Pode ocasionar desde leve dor de estômago e flatulência até febre, prisão de ventre, debilidade física e fezes aguadas com manchas de sangue. ● É causada por um protozoário que invade o sistema gastrintestinal transportado por água ou comida contaminada. ● Infecção típica dos trópicos, manifesta-se também nos habitantes de regiões de clima temperado; GIARDÍASE: ● Causada pela giárdia, um protozoário, seus sintomas variam da simples dor estomacal à diarreia persistente ou à presença de fezes pastosas. ● Outros sintomas também podem aparecer: desconforto abdominal, eructação (arroto), dor de cabeça e fadiga. ● A giárdia espalha-se no aparelho digestivo através da ingestão de 4 água e alimentos contaminados. Também pode ser transmitida por relações sexuais ou por excrementos. FISIOPATOLOGIA DA DIARREIA: Para que ocorra diarréia aguda infecciosa, os microrganismos precisam romper essa barreira e aderir à superfície mucosa. Depois da aderência à superfície celular, os microrganismos exercem seus fatores de virulência por meio da produção de enterotoxina, citotoxina e lesão da mucosa intestinal de intensidade variada, podendo até determinar em alguns casos infecção generalizada. O rotavírus causa lesões focais, com infecção das células vilositárias apicais, que concentram as dissacaridases, principalmente a enzima lactase. Com a destruição desses enterócitos e a reposição por células imaturas, há diminuição da atividade enzimática, reduzindo a absorção dos carboidratos, com ênfase na lactose. DIARREIA NÃO INFLAMATÓRIA OU AQUOSA: ● Está associada à eliminação de fezes líquidas volumosas, mas sem sangue; ● Sintomas: cólicas periumbilicais, distensão abdominal por gases; e náuseas ou vômitos. ● Em muitos casos, esse tipo de diarreia é causado por bactérias produtoras de toxinas ou outros patógenos (p. ex., vírus, Giardia) que interrompem a absorção ou o processo secretório normal do intestino delgado. ● Vômitos abundantes sugerem enterite viral ou intoxicação alimentar por S. aureus. ● Embora geralmente seja branda, a diarreia (que se origina do intestino delgado) pode ser volumosa e causar desidratação com hipopotassemia e acidose metabólica (i. e., cólera). ● Como não há invasão dos tecidos, também não há leucócitos nas fezes. DIARRÉIA INFLAMATÓRIA SANGUINOLENTA OU DISENTERIA: ● Geralmente se caracteriza por febre e diarreia sanguinolenta (disenteria). ● A diarreia inflamatória é causada por patógenos que invadem a mucosa do intestino delgado ou grosso, ocasionando resposta inflamatória local ou sistêmica, dependendo da extensão da injúria ● Esse tipo de diarreia é causado pela invasão das células intestinais ou toxinas associadas às infecções. ● Como as infecções associadas a esses microrganismos afetam predominantemente o intestino grosso, a eliminação de fezes é frequente, as fezes têm volume pequeno e a defecação está associada a cólicas no quadrante inferior esquerdo do abdome, urgência para defecar e tenesmo. ● A disenteria infecciosa deve ser diferenciada da colite ulcerativa aguda, que pode causar diarreia sanguinolenta, febre e dor abdominal. ● Diarreia que persiste por 14 dias não pode ser atribuída a patógenos bacterianos (exceto C. difficile) e o paciente deve ser avaliado a procura de outra causa de diarreia crônica. ● O quadro clínico caracteriza-se por febre, mal-estar, vômitos, dor abdominal do tipo cólica e 5 3. Distinguir diarreia crônica e aguda: diarreia disentérica, com fezes contendo sangue, muco e leucócitos. ● Em algumas situações, os microrganismos podem atingir a circulação sistêmica, afetando órgãos a distância como articulações, fígado, baço e sistema nervoso central. ● A principal complicação da diarreia aguda é a desidratação, que nos casos de maior gravidade pode levar a distúrbio hidroeletrolítico e acidobásico, choque hipovolêmico e até morte. ● As crianças menores de 1 ano são as mais vulneráveis. ● Nas populações mais carentes, a diarreia aguda pode ser um fator determinante ou agravante da desnutrição, que por sua vez aumenta a predisposição à infecção, além de uso prévio recente de antibióticos. DIARREIA OSMÓTICA: ● Grande quantidade de moléculas hidrossolúveis no lúmen intestinal e isso leva a uma retenção osmótica de água. ● A causa mais frequente é o uso de laxativos e má absorção intestinal de carboidratos. Também associada ao rotavírus. ● A água é atraída para dentro do lúmen intestinal pela concentração hiperosmótica do seu conteúdo, a tal volume que o cólon não consegue reabsorver o excesso de líquido. ● Em pessoas com deficiência de lactase, a intolerância à lactose se deve à ausência da enzima lactase. A atividade inadequada de lactase possibilita que a lactose chegue ao intestino grosso. A flora no intestino grosso constitui uma via de resgaste para a digestão de lactose que é clivada em ácidos graxos de cadeia curta e gás, principalmente hidrogênio (H2), dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). A lactose não digerida pode provocar diarreia osmótica. ● Em geral, a diarreia osmótica regride com a suspensão da ingestão alimentar DIARRÉIA SECRETÓRIA: ● Ocorre quando há estímulos que provocam aumento da secreção da mucosa intestinal. É um distúrbio no transporte hidroeletrolítico (GAP osmolar fecalbaixo). ● Causada geralmente por vírus (rotavírus), enterotoxinas das bactérias (cólera, e.coli e neoplasias). ● Os produtos da digestão bacteriana da lactose podem provocar diarreia secretória e distensão intestinal por gás, eventos que provavelmente provocam sintomas. ● A intolerância à lactose se caracteriza por sinais/sintomas abdominais (p. ex., náuseas, distensão abdominal e dor) após a ingestão de laticínios. ● Os sais de magnésio no leite de magnésia e em alguns antiácidos não são bem absorvidos e causam diarreia quando são ingeridos em quantidades expressivas. DIARRÉIA EXSUDATIVA: ● Secreção de soro, sangue, muco ou pus, a partir de áreas inflamadas, o que pode ocasionar na diarreia. ● Relacionada com doenças ulcerativas ou infiltrativas que aumentam o volume fecal e causam a diarreia. ● Neoplasias intestinais, doenças inflamatórias intestinais, colite induzida por antibiótico e parasitoses, como a giardíase. DIARRÉIA MOTORA OU FUNCIONAL: 6 ● Aumento da motilidade intestinal, o que causa inadequada mistura do alimento com as enzimas digestivas e pouco contato com a superfície de absorção da mucosa intestinal. ● Diagnóstico de exclusão. ● Exemplo: Neuropatia diabética. DIARREIA DISABSORTIVA: ● Síndrome de má absorção e digestão. ● Comum ter lipídios nas fezes (comum esteatorreia). FATORES DE RISCO: DIARREIA AGUDA: ● A diarreia que começa subitamente e persiste por menos de 2 semanas geralmente é causada por agentes infecciosos. ● Mais de 3 evacuações por dia de consistência líquida ou pastosa. ● Frequentemente são subdivididas em não inflamatórias (volumes grandes) e inflamatórias (volumes pequenos) com base nas características das fezes diarreicas. ● Pode ter causas infecciosas e não infecciosas. As causas infecciosas apresentam uma maior prevalência e impacto. ● Causas não infecciosas: Alergias, intolerâncias e erros alimentares, além de certos medicamentos. ● Causas infecciosas: os vírus, as bactérias e os protozoários. No mundo inteiro, os vírus são os principais. Os vírus são altamente infectantes e necessitam de baixa carga viral para causar doença. ● Patógenos entéricos causam diarreia por vários mecanismos. Alguns não são invasivos e não provocam inflamação, mas secretam toxinas que estimulam a secreção de líquidos. ● Outros invadem e destroem as células epiteliais e, deste modo, alteram o transporte de líquidos, de modo que a atividade secretória continua, mas a atividade absortiva é interrompida. ● A doença diarreica na maior parte das vezes representa uma infecção do tubo digestivo por vírus, bactérias ou protozoários e tem evolução autolimitada, mas pode ter consequências graves como desidratação, desnutrição energético-proteica e óbito. DIARREIA PERSISTENTE: ● Mais de 2 semanas e menos de 4. ● Episódio diarreico de causa presumivelmente infecciosa, que se inicia com um processo agudo e se prolonga, de forma não usual, por um período igual ou superior a 14 dias. ● Quando o processo em curso ultrapassa 14 dias, define-se como diarreia crônica. Alguns autores utilizam o termo “diarreia persistente” quando o processo em questão decorre de etiologia infecciosa, e denominam crônica quando não associada à infecção pregressa. 7 DIARREIA CRÔNICA: ● A diarreia é considerada crônica quando os sintomas persistem por 4 semanas ou mais. ● A diarreia crônica está associada frequentemente aos distúrbios como DII, SCI, síndromes de má absorção, doenças endócrinas (hipertireoidismo, neuropatia autônoma diabética) ou colite pós-irradiação. ● Existem quatro grupos principais de diarreia crônica: conteúdo intraluminal hiperosmótico; aumento dos processos secretórios do intestino; doenças inflamatórias; e processos infecciosos. ● A diarreia crônica pode ser isolada ou associada ao diabete melito tipo I. O quadro clínico é grave, compreendendo diarreia crônica, dermatite, tireoidite e diabete melito. TIPOS DE DESIDRATAÇÃO: ● Desidratação hipertônica: acontece quando o corpo perde mais água que eletrólitos. Menos frequente, esta desidratação pode ocorrer devido à ingestão de solução hipertônica ou à ocorrência de doenças, como a diabetes insipidus. ● Desidratação isotônica: quando o corpo perde a mesma quantidade de água e eletrólitos, podendo acontecer em quadros de diarreia e vômitos. ● Desidratação hipotônica: quando o corpo perde mais eletrólitos que água. Normalmente é causada por sudorese excessiva ou diarreia intensa. ● Desidratação voluntária: a desidratação hipotônica também pode ser causada pela ingestão de grandes quantidades de água pura (sem eletrólitos) em um curto espaço de tempo. Ela pode ocorrer durante a prática esportiva, quando o corpo perde muitos eletrólitos na sudorese, ou em quem bebe muita água mesmo sem sentir sede MANEJO DA DIARREIA: PLANO A: ● Tratamento no domicílio. ● É obrigatório aumentar a oferta de líquidos, incluindo o soro de reidratação oral (reposição para prevenir a desidratação) e a manutenção da alimentação. ● Tratamento com alimentos que não agravem a diarreia. Deve-se dar mais líquidos do que o paciente ingere normalmente. São considerados líquidos adequados: sopa de frango com hortaliças e verduras, água de coco, água. ● São inadequados: refrigerantes, líquidos açucarados, chás, sucos comercializados, café. ● Ainda no Plano A, deve-se iniciar a suplementação de zinco e manter a alimentação habitual. ● Os sinais de alarme devem ser enfatizados: aumento da frequência das dejeções líquidas, vômitos frequentes, sangue nas fezes, recusa para ingestão de líquidos, febre, diminuição da atividade, presença de sinais de desidratação, piora do estado geral). PLANO B: ● Administrar o soro de reidratação oral sob supervisão médica (reparação das perdas vinculadas à desidratação). ● Manter o aleitamento materno e suspender os outros alimentos (jejum apenas durante o período da terapia de reparação por via oral). Após o término desta fase, retomar os procedimentos do Plano A. ● De acordo com a OMS é importante que a alimentação 8 4. Compreender os tipos de desidratação e seus manejos de acordo com o Ministério da Saúde: seja reiniciada no serviço de saúde para que as mães sejam orientadas quanto à importância da manutenção da alimentação. ● A primeira regra nesta fase é administrar a solução de terapia de reidratação oral (SRO), entre 50 a 100 mL/Kg, durante 2 a 4 horas. ● A SRO deve ser oferecida de forma frequente, em quantidades pequenas com colher ou copo, após cada evacuação. ● A mamadeira não deve ser utilizada. ● Considera-se fracasso da reidratação oral se as dejeções aumentam, se ocorrem vômitos incoercíveis, ou se a desidratação evolui para grave. ● Nesta fase deve-se iniciar a suplementação de zinco. PLANO C: ● Corrigir a desidratação grave com terapia de reidratação por via parenteral (reparação ou expansão). ● Em geral, o paciente deve ser mantido no serviço de saúde, em hidratação parenteral de manutenção, até que tenha condições de se alimentar e receber líquidos por via oral na quantidade adequada. ● As indicações para reidratação venosa são: desidratação grave, contraindicação de hidratação oral (íleo paralítico, abdômen agudo, alteração do estado de consciência ou convulsões), choque hipovolêmico. ● Idealmente deve-se conseguir a punção de veia calibrosa. ● Quando necessário, sobretudo em casos de choque hipovolêmico, podem ser necessários dois acessos venosos. Caso não seja possível, considerar infusão intra- óssea. ● Podem ser utilizadosos seguintes critérios para internação hospitalar: choque hipovolêmico, desidratação grave (perda de peso maior ou igual a 10%), manifestações neurológicas (por exemplo, letargia e convulsões), vômitos biliosos ou de difícil controle, falha na terapia de reidratação oral, suspeita de doença cirúrgica associada ou falta de condições satisfatórias para tratamento domiciliar ou acompanhamento ambulatorial. 9 10 11 12 13
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