Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ANIMAIS DISCIPLINA: BOVINOCULTURA DOCENTE: ANDREZZA ARAÚJO DE FRANÇA Manejo Alimentar de Bovinos Leiteiros: Alimentos Concentrados a Serem Ofertados Para as Categorias do Rebanho Dupla: Mossoró-RN Abril/2022 1 INTRODUÇÃO A cadeia produtiva do leite é uma das mais importantes no agronegócio brasileiro. O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo e a atividade está crescendo em torno de 4% ao ano e, com isso, o manejo alimentar correto dos bovinos leiteiros merece atenção. O uso de alimentos concentrados tem como objetivo, suprir as deficiências nutricionais dos volumosos, levando em consideração que quando os bovinos recebem apenas forragem, não conseguem ingerir o suficiente para obter energia, proteínas, minerais e vitaminas necessários para converter os nutrientes em produtos (carne, leite e etc), sendo assim, imprescindível a inclusão de alimento concentrado na dieta desses animais, possibilitando o aumento na produção dos seus insumos. Os principais benefícios do uso do concentrado na dieta de bovinos leiteiros são: aumento no consumo de matéria seca total, aumento na produção de leite e na duração da lactação, aumento no peso vivo, na fertilidade e aumento no consumo de matéria seca por área. 2 DESENVOLVIMENTO Os concentrados são na sua grande maioria, compostos por suplementos energéticos, protéicos, minerais e vitamínicos, podendo ser classificados em concentrados energéticos, sendo aqueles que possuem menos de 20% de PB na MS, como, por exemplo, grãos de cereais; e concentrados protéicos, caracterizados por possuírem mais de 20% de PB na MS, como resíduos de oleaginosas e farelo de soja. No Brasil, os principais suplementos energéticos utilizados nos concentrados de vacas leiteiras são os grãos de cereais como o milho, o sorgo, o milheto e diversos subprodutos como a casca da soja, o farelo de arroz, o farelo de trigo, o farelo de mandioca, a polpa cítrica, entre outros. Estes alimentos contêm altos teores de energia, entre 75 a 92% de nutrientes digestíveis totais (NDT), mas são pobres em proteína bruta, com teores normalmente inferiores a 12%. O farelo de trigo tem de 16 a 18% de proteína bruta (%MS). Os principais suplementos proteicos utilizados são o farelo de soja, o farelo de algodão e a uréia, como fonte de nitrogênio não protéico. O farelo de soja é um alimento com alto teor de PB, possui alta aceitabilidade, digestibilidade e degradabilidade ruminal, tem de 47 a 50% de proteína bruta e 82% de NDT (%MS). O farelo de algodão tem de 38 a 41% de PB e 66 a 75% de NDT (%MS). A uréia é uma fonte de nitrogênio não protéico e contém cerca de 45% de nitrogênio. Os concentrados para vacas leiteiras devem conter além do complemento energéticos e protéicos, o núcleo mineral na sua composição. A formulação do núcleo mineral vai depender da exigência do animal e da composição mineral dos alimentos consumidos pelo bovino. O concentrado para vacas em lactação deve apresentar 18 a 22% de proteína bruta (PB) e acima de 70% de nutrientes digestíveis totais (NDT), devendo ser ingerido 1 kg para cada 2,5 kg de leite produzidos. 2.1 ESTRATÉGIAS NA SUPLEMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS NO SEMI-ÁRIDO DO BRASIL Na região semi-árida do nordeste do Brasil, devido aos longos períodos de estiagem, vem se tornando preocupante entre os produtores de leite o aumento do uso de concentrados para manter a produção, cujo custo é elevado, devido a fatores como o alto valor do grão de milho como produto alimentício para consumo humano, a necessidade do uso na composição de rações para não-ruminantes e, também, devido a dificuldade de produção em regiões semi-áridas. Diante disso, o uso de co-produtos e resíduos da agroindústria vem se destacando, com alimentos protéicos que visam substituir as fontes tradicionais de proteína, como o farelo de soja e o farelo de algodão, o que pode agregar maior valor e renda à cadeia produtiva. No Brasil, algumas culturas passaram a ser utilizadas com certa frequência para a produção de biodiesel, como a mamona, a soja, palmáceas, girassol, amendoim, algodão e pinhão manso, sendo a cultura da mamona a mais tradicional no semi-árido brasileiro. Com o crescimento da cultura da mamona como matéria prima para a geração de biodiesel, é possível obter um impacto positivo na produção de ruminantes, com a possível oferta da torta de mamona e farelo de mamona. O farelo de mamona é um alimento concentrado proteico, com teor médio de PB de 40,7% da MS. Já a torta de mamona apresenta 41,2% de PB, 2,62% de extrato etéreo, 32,84% de fibra, 7,65% de matéria mineral e 7,91% de extrato não nitrogenado. A torta da mamona é o produto obtido após extração mecânica do óleo, sendo constituído de, aproximadamente, 13% de óleo (Costa et al., 2004). 2.2 META-ANÁLISE E ANÁLISES DE COMPONENTES PRINCIPAIS DO USO DE TORTAS DE OLEAGINOSAS NA DIETA DE VACAS LEITEIRAS Apesar do milho e do farelo de soja serem bastante utilizados na produção animal, possuem um preço elevado, aumentando os custos da produção. Uma alternativa é o uso de alimentos que possam substituir esses ingredientes sem que haja redução na produção. O uso de coprodutos é uma prática capaz de reduzir os custos dos alimentos na produção pecuária, pois permite substituir parcialmente componentes de dietas tradicionais, como o farelo de soja, um alimento proteico, e o milho, um concentrado energético, por exemplo. As tortas de oleaginosas são subprodutos resultantes do processo de extração de óleo de grãos e são ricas em lipídios e proteínas. A substituição parcial da soja e do milho por tortas de oleaginosas pode ser uma boa estratégia, pois reduz a necessidade de concentrados e garante a inclusão de gordura na dieta, atendendo a demanda do animal e diminui a quantidade de metano entérico produzido. A casca de soja é um coproduto proveniente da extração do óleo de soja e não passa por tratamento térmico. É um suplemento 80% energético quando comparado com o grão de milho, mas com quantidade de fibra superior. Possui boa palatabilidade e digestibilidade (90%), e tem 2% de lignina e 74% de FDN. Pode substituir de 20 a 30% do concentrado energético da dieta. A torta de algodão é um alimento proteico, obtido através da remoção do óleo do grão após ser macerado. Para vacas produtoras de leite é recomendado níveis de até 20% na dieta. A torta de girassol é um coproduto proveniente da prensagem a frio do grão, que possui alto teor de fibra, podendo substituir o farelo de soja em até 50%. A torta de amendoim possui alto potencial proteico e energético, e de teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) e digestibilidade in vitro da matéria seca. A substituição da torta de amendoim ao farelo de soja para vacas em período de lactação aumenta o teor de ácidos graxos poli-insaturados e reduz o teor dos ácidos graxos saturados. A torta de mamona é uma boa alternativa para compor a dieta de ruminantes, tendo em sua composição 39 a 43% de PB, 4% de EE e 18 a 20% de FB. Outros tipos de tortas de sementes oleaginosas podem ser alternativas na alimentação de ruminantes, como a torta de gergelim e a torta de coco. Além do uso de coprodutos de oleaginosos, existem outros coprodutos empregados na alimentação animal, como os resíduos agroindustriais de frutas, da agroindústria de farinha, da indústria de cerveja, os resíduos de indústria do álcool, entre outros. 2.3 TEORES DE PROTEÍNA BRUTA NO SUPLEMENTO DE VACAS LEITEIRAS EM PASTAGEM DE CAPIM TANZÂNIA No estudo, foi avaliado o efeito da suplementação concentrada em diferentes níveis de proteína bruta sobre o consumo, a digestibilidade aparente da matéria seca e nutrientes, comportamento ingestivo, balanço de nitrogênio, nitrogênio ureico no plasma sanguíneo, do leite e da urina. A suplementação concentrada se trata de uma tecnologia cujo objetivo é melhorar o desempenho produtivo de vacas leiteiras em sistemas de produção à pasto, em decorrência de alguns fatores limitantes desse sistema,como restrição do consumo e oferta de nutrientes através da forragem. A estratégia de suplementação concentrada tem por finalidade melhorar o consumo e a eficiência de utilização dos nutrientes dos alimentos pelos animais ruminantes (Abreu et al., 2013). Contudo, quando se utiliza sistemas de produção em pastagem, o critério da escolha de suplementos, devem ser levados em consideração não somente aspectos técnicos, mas também a viabilidade econômica de metas produtivas, buscando máxima eficiência dos sistemas de produção (Carvalho et al.,2013). No estudo apresentado, foi concluído que a suplementação protéica contendo diferentes teores de proteína bruta não promove aumento no consumo de MS total e do pasto, sem promover aumento, também, na digestibilidade aparente de MS e nutrientes (EE, FDN, CNF e CT) e, também, não alteram os padrões de comportamento ingestivo de vacas em lactação em pastejo de capim tanzânia. 3 MÉTODOS DE PESQUISA 3.1 TEORES DE PROTEÍNA BRUTA NO SUPLEMENTO DE VACAS LEITEIRAS EM PASTAGEM DE CAPIM TANZÂNIA O estudo foi realizado na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Alta Mogiana (APTA-AM), localizado no município de Colina, no Estado de São Paulo (latitude de 20º 43' 05" S; longitude 48º 32' 38" W). Foram utilizadas 12 vacas mestiças (7/8 Holandês/Gir) em lactação com peso corporal médio de 540 kg. Esses animais possuíam acesso a piquetes de Panicum maximum Jacq. cv. Tanzânia e após cada ordenha recebiam, em baias separadas para cada uma, a suplementação concentrada. O período experimental ocorreu entres os meses de março a junho de 2015, possuindo 84 dias de duração, subdividido em períodos de 21 dias. 4 CONCLUSÃO O fornecimento do alimento concentrado é crucial para que as vacas leiteiras possuam um bom desempenho produtivo, pois os alimentos volumosos não fornecem a quantidade necessária dos nutrientes requeridos para que o animal possua uma boa conversão alimentar, culminando em um baixo desempenho zootécnico (baixa produção de leite). Devido ao elevado custo do alimento concentrado, principalmente do farelo de milho e farelo de soja, diversas estudos são realizados para que seja possível encontrar fontes alternativas de proteína para a suplementação das vacas leiteiras, para que seja possível fornecer uma dieta balanceada para esses animais, atendendo às suas necessidades nutricionais, além de propor um bom custo-benefício. PARTICIPAÇÃO: Introdução: Aline. Desenvolvimento: Aline e Erika. Conclusão: Erika. REFERÊNCIAS ANDRADE, Marcelo et al. Estratégias na suplementação de vacas leiteiras no semi-árido do Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p. 1-8, 2009. MORAIS, M. L. P. NUTRIÇÃO E MANEJO ALIMENTAR PARA BOVINOS LEITEIROS. EMATER-MG junho de 2020. RIBEIRO, Raimundo. Teores de Proteína Bruta no Suplemento de Vacas Leiteiras em Pastagem de Capim Tanzânia. Areia-PB, p 1-72, novembro-2018. SANTOS, G. C. L.META-ANÁLISE E ANÁLISES DE COMPONENTES PRINCIPAIS DO USO DE TORTAS DE OLEAGINOSAS NA DIETA DE VACAS LEITEIRAS. Trabalho de dissertação Areia:UFPB/CCA, 2021.
Compartilhar