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IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período A PNAISC é fruto de amplo e participativo processo de construção coletiva, com início no ano de 2012, liderado pela Coordenação-Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (CGSCAM), do Ministério da Saúde, e com apoio conceitual e metodológico da Estratégia Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis (EBBS), do Instituto Fernandes Figueira (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). = trabalha com metas para redução da mortalidade infantil. Até 2030, acabar com as MORTES EVITÁVEIS de recém- nascidos e crianças menores de cinco anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de cinco anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos O aumento da esperança de vida ao nascer é considerado uma das maiores conquistas sociais das últimas décadas, acompanhada da queda na mortalidade de todos os grupos etários, assim como da taxa de fecundidade que passou de 6,1 filhos por mulher em 1960 para 1,9em 2010 (IBGE, 2012). A PNAISC está estruturada em princípios, diretrizes e eixos estratégicos. Tem como objetivo: Promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados integrais e integrados, da gestação aos nove anos de vida, com especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento. Oferecer atenção integral à criança significa prover todos os serviços necessários, capazes de responder resolutivamente às demandas específicas de sua saúde, sejam eles no contexto da Atenção Básica, de apoio diagnóstico, ou na atenção especializada ambulatorial e hospitalar, na atenção à urgência e emergência, nos serviços especializados e internação hospitalar. Além da vigilância e ações intersetoriais necessárias à saúde. Considera a criança, a pessoa até 12 anos incompletos, e o adolescente, a pessoa entre 12 e 18 anos de idade. “Primeira infância”: pessoa de zero a 5 anos, ou seja, de zero até completar 5 anos, 12 meses e 29 dias ou 72 meses. PRINCÍPIOS 1) Direito à vida e à saúde; 2) Prioridade absoluta da criança; 3) Acesso universal à saúde; 4) Integralidade do cuidado; 5) Equidade em saúde; 6) Ambiente facilitador à vida; 7) Humanização da atenção; 8) Gestão participativa e controle social. EIXOS ESTRATÉGICOS São 7 eixos estratégicos: 1) Atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao nascimento e ao recém-nascido; 2) Aleitamento materno e alimentação complementar saudável; 3) Promoção e acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento integral; 4) Atenção integral a crianças com agravos prevalentes na infância e com doenças crônicas; 5) Atenção integral à criança em situação de violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura de paz; 6) Atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulnerabilidade; 7) Vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno (até 45 dias depois do parto). ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA Além da assistência com resolubilidade para a coordenação do cuidado é essencial a organização do processo de trabalho da ESF. IMPORTANTE: realização de reuniões de equipe periódicas, com objetivo de elaborar, acompanhar e gerir Projetos Terapêuticos Singulares, sejam individuais, para discussão dos casos das crianças/famílias mais complexas, ou coletivos. A reunião de equipe constitui também dispositivo estratégico para a ESF, organizar seu próprio processo de trabalho e as articulações necessárias com outras estruturas das redes de saúde e intersetoriais. PNI (Programa Nacional de Imunizações): As ações de vacinação são coordenadas pelo PNI, com o objetivo de erradicar, eliminar e controlar as doenças imunopreveníveis no território brasileiro. Obrigatório verificar a completude da caderneta de Política Nacional de Atenção à saúde da Criança (PNAISC) IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período vacinação. O atraso vacinal pode ser um indicativo de dificuldades de acesso ou outras situações de vulnerabilidade. PSE (Programa Saúde na Escola): é baseado em estratégias pedagógicas coerentes com a produção de educação e saúde integral, fundamental para produzir autocuidado. Contém inúmeras possibilidades pedagógicas implementadas para promover a saúde da criança. Saúde bucal: integra toda a assistência pré-natal, o acompanhamento de puericultura e diversas ações na escola em articulação com o PSE. Redes temáticas: Pontos de apoio com assistência especializada que seja referência regional. Apoio matricial para casos de maior complexidade. Apoio técnico para melhoria da resolubilidade da Atenção Primária. Definição de protocolos clínicos, linhas de cuidados e fluxos cada vez mais funcionais. Rede Cegonha (Saúde da Criança na Rede de Atenção Materna, Neonatal e Infantil): Parte do entendimento sobre o que é a saúde da criança se inicia na gestação. Enfrentamento das mortes maternas, as mortes infantis que se concentram nas primeiras 24 a 48 horas após o parto. A RCvisa à redução de mortes evitáveis por ação dos serviços de saúde. Pontos de Atenção: A organização da rede integral para a gestante e a criança está alicerçada desde o pré-natal até o parto, o puerpério e a continuidade de atenção para a criança e a mulher, considerando que neste momento da vida a integração e a articulação dos diversos níveis de atenção é mandatória, uma vez que os partos são, em geral, hospitalares. RAPS (Saúde da Criança na Rede de Atenção Psicossocial): Para crianças adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua e populações indígenas, sofrimento ou transtorno mental e crianças que sofreram violências. Feito pela pactuação e acompanhamento de indicadores. IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período IDENTIFICAR OS SINAIS DE PERIGO Visitas domiciliares são recomendadas às famílias de gestantes e de crianças na primeira semana pós-parto e, posteriormente a esse período, a periodicidade deve ser pactuada com a família a partir das necessidades evidenciadas e considerando se os fatores de risco e de proteção. SINAIS DE PERIGO NO RECÉM-NASCIDO: Recusa alimentar (a criança não consegue beber ou mamar); Vômitos importantes (ela vomita tudo o que ingere); Convulsões ou apneia (a criança fica em torno de 20 segundos sem respirar); Frequência cardíaca abaixo de 100bpm; Letargia ou inconsciência; Respiração rápida (acima de 60mrm); Atividade reduzida (a criança movimenta-se menos do que o habitual); Febre (37,5ºC ou mais); Hipotermia (menos do que 35,5ºC); Tiragem subcostal; Batimentos de asas do nariz; Cianose generalizada ou palidez importante; Icterícia visível abaixo do umbigo ou nas primeiras 24 horas de vida; Gemidos; Fontanela (moleira) abaulada; Secreção purulenta do ouvido; Umbigo hiperemiado (hiperemia estendida à pele da parede abdominal) e/ou com secreção purulenta (indicando onfalite); Pústulas na pele (muitas e extensas); Irritabilidade ou dor à manipulação. SINAIS DE PERIGO ACIMA DE 2 MESES: Observar se a criança não consegue beber ou mamar no peito; Vomita tudo o que ingere; Apresenta convulsões; Está letárgica ou inconsciente. TOSSE: Para a criança com tosse ou dificuldade para respirar, verificar se a frequência respiratória está intensificada, se a criança apresenta sibilos (chiado) ou estridor e se apresenta tiragem subcostal. DIARREIA:Para a criança com diarreia, identificar sinais de gravidade de desidratação, tais como: letargia, inconsciência, inquietude, irritação, olhos fundos, sinal da prega presente (a prega cutânea retorna lentamente ao estado natural) ou se a criança não consegue mamar ou beber líquidos. PRIMEIRA CONSULTA DO RN A primeira consulta do recém-nascido deverá ocorrer na sua primeira semana de vida. Momento imprescindível para estimular o aleitamento materno exclusivo. Orientar e realizar imunizações e verificar a realização da triagem neonatal. A partir da anamnese, procura-se avaliar principalmente as condições do nascimento da criança (tipo de parto, local do parto, peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar, intercorrências clínicas na gestação, no parto, no período neonatal e nos tratamentos realizados). Os antecedentes familiares (as condições de saúde dos pais e dos irmãos, o número de gestações anteriores, o número de irmãos) Situação social (condições de moradia, emprego e renda dos responsáveis, escolaridade dos pais, presença de animais no domicílio. APGAR: é um teste realizado no 1º e 5º minuto de vida de um recém-nascido e permite avaliar seu estado geral e vitalidade. No 5º minuto índices entre 7 e 10 é considerado normal. 4, 5 ou 6 é considerado intermediário e relaciona-se com prematuridade, medicamentos usados pela mãe, malformação congênita, o que não significa maior risco para disfunção neurológica. Avaliação do Recém-nascido e prematuridade - Puericultura IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período Índices de 0 a 3 no 5º minuto relacionam-se a maior risco de mortalidade e leve aumento de risco para paralisia cerebral. PESO, COMPRIMENTO E PERÍMETRO CEFÁLICO PESO: avaliar em relação ao peso de nascimento. É esperado tanto uma perda de peso de até 10% ao nascer quanto a sua recuperação até o 15º dia de vida PERÍMETRO CEFÁLICO (PC): com medidas acima ou abaixo de dois desvios-padrão (< -2 ou > +2 escores “z”) pode estar relacionado a doenças neurológicas. Encaminhar para avaliações específicas. Se tiver acima da linha laranja pede para retornar com 15 dias = pode indicar hidrocefalia, por exemplo; Microcefalia = PC abaixo do normal. DESENVOLVIMENTO SOCIAL E PSICOAFETIVO Observar o comportamento do cuidador em relação à criança = o afeto/reação da mãe com o bebê durante a consulta, choro, etc! ESTADO GERAL POSTURA: normal do recém-nascido as extremidades fletidas, as mãos fechadas e o rosto, geralmente, dirigido a um dos lados. PADRÃO RESPIRATÓRIO: a presença de anormalidades, como batimentos de asas do nariz, tiragem intercostal ou diafragmática e sons emitidos = esforço respiratório VIGÍLIA: o estado de alerta, o sono leve ou profundo e o choro. SINAIS DE DESIDRATAÇÃO OU HIPOGLICEMIA: pouca diurese, má ingestão (a criança não consegue mamar ou vomita tudo o que mama), hipoatividade e letargia. A temperatura axilar normal situa-se entre 36,4ºC e 37,5ºC. FACE/CRÂNIO Avaliar assimetria, malformação, deformidade ou aparência sindrômica. Fontanela: A fontanela anterior mede de 1cm a 4cm, tem forma losangular, fecha-se do 9º ao 18ºmês e não deve estar fechada no momento do nascimento. A fontanela posterior é triangular, mede cerca de 0,5cm e fecha-se até o segundo mês. Não devem estar túrgidas, abauladas (desidratação) ou deprimidas. PELE Observar a presença de: Edema: se for generalizado, pense em doença hemolítica perinatal, iatrogenia, insuficiência cardíaca, sepse; se for localizado, isso sugere trauma de parto; Palidez: sangramento, anemia, vasoconstrição periférica; Cianose: se for generalizada, pense em doenças cardiorrespiratórias graves; se for localizada nas extremidades ou na região perioral, pense em hipotermia, ou até mesmo nas roupas que o bebê está usando; Icterícia: O profissional deverá estar mais atento caso a icterícia tenha se iniciado nas primeiras 24 horas ou depois do 7º dia de vida, caso tenha duração maior do que uma semana no recém-nascido a termo, duração maior do que duas semanas no prematuro. Se a tonalidade for amarela com matiz intenso ou se a icterícia se espalha pelo corpo, atingindo pernas e braços. OLHOS Reflexo fotomotor: projeta-se um feixe de luz em posição ligeiramente lateral a um olho. A pupila deve se contrair rapidamente. O teste deve ser repetido no outro olho, devendo ser comparado com o primeiro. Avalia basicamente a estrutura anatomofuncional Conjuntivites: as pálpebras podem estar edemaciadas (reação ao nitrato de prata = administrado no hospital, é só limpar com soro) e a regressão é espontânea em 24h a 48h. A presença de secreção purulenta evidencia uma conjuntivite e, é importante descartara infecção por gonococo, clamídia e herpesvírus. A conduta correta é solicitar exame bacteriológico e bacterioscópico. Após a coleta, deve-se iniciar imediatamente o tratamento com colírio (tobramicina ou ofloxacina) e, após o resultado, deve-se tratar o agravo de acordo com o agente etiológico. IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período O grande risco é a conjuntivite por gonococo, pois a bactéria pode penetrar na córnea intacta e causar perfuração ocular em 24h. Estrabismo (ou esotropia) e nistagmo lateral são comuns nesta fase, devendo ser reavaliados posteriormente. Os recém- nascidos podem apresentar eventualmente algum tipo de desvio ocular, pois a visão binocular só estará bem desenvolvida entre 3 e7 meses. ORELHAS E AUDIÇÃO Observar a implantação, o tamanho e a simetria das orelhas. Teste da orelhinha: é o método mais moderno para constatar problemas auditivos nos recém-nascidos. Ele consiste na produção de um estímulo sonoro e na captação do seu retorno por meio de uma delicada sonda introduzida na orelhinha do nenê. É rápido, seguro e indolor. A Lei Federal nº 12.303/2010 tornou obrigatória e gratuita a realização do exame e espera-se que todos os hospitais e maternidades do Brasil ofereçam o teste. É realizado com o bebê dormindo, a partir de 48 horas vida. TÓRAX Avaliar a assimetria, pois ela sugere malformações cardíacas, pulmonares, de coluna ou arcabouço costal. Apalpar as clavículas. Orientar a família para a involução espontânea de mamas, que podem estar ingurgitadas ou com presença de secreção leitosa = é normal em ambos os sexos e com o tempo some. Contar a frequência cardíaca, que normalmente varia entre 120bpm e 160bpm. Observar a possível presença de cianose, abaulamento pré- cordial, turgência jugular, ictus cordis e sopros cardíacos. Verificar também os pulsos. ABDOMEN Observar a respiração, que é basicamente abdominal e deve estar entre 40mrm e 60mrm. TIPOS: Dilatado, Escavado e Diástase Hérnias: inguinal intervenção cirúrgica imediata e umbilical aguarda-se sua regressão espontânea até 12 meses, dependendo do tamanho da hérnia. Onfalite: região umbilical avermelha, edemaciada e com secreção fétida. GENITÁLIA Apalpar a bolsa escrotal para identificar a presença dos testículos. Quando os testículos não forem palpáveis na bolsa escrotal na primeira consulta do recém-nascido continuar reavaliando (achado normal até 3 meses). A não descida após 6 meses encaminhar para avaliação específica A fimose é fisiológica ao nascimento. Deve-se observar a localização do meato urinário para excluir a possibilidade de hipospádia (uretra aberta na parte inferior do pênia) ou epispádia. Na genitália feminina, os pequenos lábios e o clitóris estão mais proeminentes. Pode haver secreção esbranquiçada, às vezes hemorrágica. IESC IVEmilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período ÂNUS E RETO Verificar a permeabilidade anal, bem como a posição do orifício e a presença de fissuras. MEMBRO E COLUNA Examinar os membros superiores e inferiores, para avaliar sua resistência à extensão, a flexão dos membros, a possibilidade de flacidez excessiva e a suposta presença de paralisia. Identifique a provável presença de pé torto. Na coluna, avaliar o alinhamento. AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA Observar os reflexos arcaicos: Reflexo da sucção: É desencadeado pela estimulação dos lábios. Observa-se sucção vigorosa. Sua ausência é sinal de disfunção neurológica grave. Reflexo preensão palmar: É desencadeado pela pressão da palma da mão. Observa-se flexão dos dedos. Reflexo preensão plantar: É desencadeado pela pressão da base dos artelhos. Observa-se flexão dos dedos. Reflexo de Moro: É desencadeado por queda súbita da cabeça, amparada pela mão do examinador. Observa-se extensão e abdução dos membros superiores seguida por choro. Reflexo de busca: É desencadeado por estimulação da face ao redor da boca. Observa-se rotação da cabeça na tentativa de “buscar” o objeto, seguido de sucção reflexa do mesmo. Marcha Reflexa: É desencadeado por inclinação do tronco do RN após obtenção do apoio plantar. Observa-se cruzamento das pernas, uma à frente da outra. Observar a postura de flexão generalizada e a lateralização da cabeça até o final do primeiro mês. Observar a presença de movimentos normais e espontâneos deflexão/extensão dos membros. O tônus normal é de semiflexão generalizada. AVALIAÇÕES E ORIENTAÇÕES SITUAÇÕES DE RISCO OU VULNERABILIDADE: Criança residente em área de risco; Baixo peso ao nascer (inferior a 2.500g); Prematuridade (menos de 37 semanas gestacionais); Asfixia grave ou Apgar menor do que 7 no 5º minuto; Internações/intercorrências; Mãe com menos de 18 anos de idade; Mãe com baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo); História familiar de morte de criança com menos de 5 anos de idade. ALEITAMENTO MATERNO A criança que é alimentada somente com leite materno até os 6 meses de vida apresenta menor morbidade. Por isso, maiores são os efeitos benéficos à sua saúde Estimular a amamentação, orientando a livre demanda (frequência e duração). IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período INTERAÇÃO COM O RN O melhor momento para interagir com o bebê é quando ele se encontra quieto, mas alerta, com os olhos bem abertos, como se estivesse prestando atenção. O RN nascido a termo é capaz de: Reconhecer a face da mãe após quatro horas de vida Ter contato olho a olho; Reconhecer e mostrar interesse por cores primárias (vermelho, azul e amarelo); Seguir um objeto com os olhos Reconhecer e distinguir diferentes cheiros. Com um ou dois dias de vida, o bebê reconhece o cheiro da mãe; Imitar expressões faciais logo após o nascimento; CUIDADOS COM O RN HIGIENE: Lavagem das mãos; Cuidados com o coto umbilical; Banho do bebê; Troca de fraldas; Prevenção de assaduras; Não usar talco; Sono do bebê (posição supina). PREVENÇÃO DE ACIDENTES: Banho com pouca água a 37 ºC; Nunca deixar o bebê sozinho na banheira; Berço com grades; Evitar cobrir as crianças; Nunca usar micro-ondas para aquecer o leite; Transportar o RN somente em cadeirinha adequada de costas para o motorista., TESTE DO PEZINHO A coleta para o exame deve ser realizada entre o 3º e o 7º dia de vida da criança. Embora não seja o ideal, aceita-se que seja feita a coleta até o 30º dia de vida do bebê. Doenças investigadas: Deficiência de Biotinidase Doenças falciformes e outras hemoglobinopatias Fenilcetonúria Fibrose Cística Hiperplasia de Adrenal Congênita/ Hiperplasia Congênita da Supra Renal Hipotireoidismo Congênito VACINAS É importante verificar se o recém-nascido recebeu a 1ª dose da vacina contra hepatite B e da BCG na maternidade. A BCG é aplicada em uma única dose, logo após o nascimento, atua na na prevenção da Tuberculose, principalmente nas suas formas graves, como meningite tuberculosa e tuberculose miliar. A vacina BCG não é recomendada a prematuros com menos de 2kg, que devem atingir este peso para receber a imunização. Ela também é contraindicada em casos de baixa imunidade e de recém-nascidos de mães que usaram medicamentos que possam ter causado a diminuição da imunidade do feto na gestação. + VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança INTRODUÇÃO A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) foi instituída pela Portaria Nº 1.130, de 5 de agosto de 2015, no âmbito do Sistema Único de Saúde. OBJETIVOS Promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados integrais e integrados da gestação aos 9 (nove) anos de vida, com especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento. CONCEITO DE CRIANÇA A PNAISC considera: Criança: pessoa na faixa etária de 0 a 9 anos, ou seja, de zero até completar 10 anos (0 a 120 meses). Primeira infância: pessoa na faixa etária de 0 a 5 anos, ou seja, de zero até completar 6 anos (0 a 72 meses). Para fins de atendimento em serviços de pediatria no SUS, a PNAISC contemplará crianças e adolescentes até a idade de 15 anos, ou seja, até completarem 16 anos ou 192 meses, sendo este limite etário passível de alteração de acordo com as normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo atendimento. PRINCÍPIOS A PNAISC é orientada por 8 princípios: 1. Direito à vida e à saúde: Acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a promoção, proteção integral e recuperação da saúde, com o objetivo de efetivar as políticas públicas que permitam o nascimento, crescimento e desenvolvimento da criança. 2. Prioridade absoluta da criança: Primazia da criança de receber proteção e cuidado, ter precedência de atendimento nos serviços de saúde e preferência nas políticas sociais e em toda a rede de cuidado e de proteção social. 3. Acesso universal à saúde: Direito de toda criança receber atenção e cuidado necessários e dever da política de saúde de atender às demandas da comunidade, propiciando o acolhimento, a escuta qualificada dos problemas e a avaliação com classificação de risco e vulnerabilidades sociais. 4. Integralidade do cuidado: Atenção global da criança, garantindo o acesso a todos os níveis de atenção, com o acompanhamento de toda a trajetória da criança em uma rede de cuidados e proteção social. 5. Equidade em saúde: Igualdade da atenção à saúde, sem privilégios ou preconceitos, mediante a definição de prioridades de ações e serviços de acordo com as demandas de cada um, com maior alocação dos recursos para onde há maior necessidade. VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV 6. Ambiente facilitador à vida: Estabelecimento e qualidade do vínculo entre criança e sua mãe/família/cuidadores e também destes com os profissionais que atuam em diferentes espaços que a criança vive. 7. Humanização da atenção: Soluções concretas para os problemas reais vividos no processo de produção de saúde, com acolhimento, gestão participativa e cogestão, clínica ampliada, valorização do trabalhador, defesa dos direitos dos usuários e ambiência. 8. Gestão participativa e controle social: Papel de fomentar a democracia representativa e criar as condições para o desenvolvimento da cidadania ativa, mediante a realizaçãode audiências públicas, conferências e conselhos de saúde. DIRETRIZES A PNAISC possui 9 diretrizes para a elaboração das ações de saúde voltadas à criança: 1. Gestão interfederativa das ações de saúde da criança: Viabilização de parcerias e articulação interfederativa, com instrumentos necessários para fortalecer a convergência com os planos de saúde e os planos intersetoriais e específicos que dizem respeito à criança. 2. Organização das ações e serviços na rede de atenção: Articulação de profissionais e serviços de saúde, com estratégias baseadas na solidariedade e na colaboração. 3. Promoção da saúde: Estratégias que busquem a equidade e melhoria da qualidade de vida e saúde, com ações voltadas para o desenvolvimento humano, do ambiente e dos hábitos de vida saudáveis e o enfrentamento da morbimortalidade por doenças crônicas. 4. Fomento à autonomia do cuidado e da corresponsabilidade da família: Informações qualificadas sobre os principais problemas de saúde e orientações sobre o processo de educação dos filhos, além do estabelecimento de limites educacionais sem violência e os cuidados com a criança. 5. Qualificação da força de trabalho do SUS: Qualificação para a prática de cuidado, da cogestão e da participação nos espaços de controle social, do trabalho em equipe e da articulação dos diversos saberes e intervenções dos profissionais. 6. Planejamento e desenvolvimento de ações: Ocorre a partir das evidências epidemiológicas, definição de indicadores e metas, de forma a tornar mais efetivas as intervenções no território. 7. Incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento: Desenvolvimento de conhecimento com apoio à pesquisa, à inovação e à tecnologia no campo da Atenção Integral à Saúde da Criança. 8. Monitoramento e avaliação: Aprimoramento permanente dos sistemas de informação e instrumentos de gestão. 9. Intersetorialidade: Articulação entre agentes, setores e instituições para ampliar a interação, favorecendo espaços compartilhados de decisões. EIXOS A PNAISC se estrutura em 7 eixos estratégicos, os quais têm por finalidade orientar e qualificar as ações e os serviços de saúde da criança no território nacional. Portanto, considera os determinantes sociais VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV e condicionantes para garantir o direito à vida e à saúde. Além disso, visa: Efetivação de medidas que permitam o nascimento e o pleno desenvolvimento na infância. Redução das vulnerabilidades e dos riscos para o adoecimento, a prevenção das doenças crônicas e da morte prematura de crianças. EIXOS 1. Atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao nascimento e ao recém-nascido. 2. Aleitamento materno e alimentação complementar saudável. 3. Promoção e acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento integral. 4. Atenção integral a crianças com agravos prevalentes na infância e com doenças crônicas. 5. Atenção integral à criança em situação de violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura de paz. 6. Atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulnerabilidade. 7. Vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno. EIXO I – ATENÇÃO HUMANIZADA E QUALIFICADA À GESTAÇÃO, AO PARTO, AO NASCIMENTO E AO RECÉM-NASCIDO - Consiste na melhoria do acesso, cobertura, qualidade e humanização da atenção obstétrica e neonatal, integrando as ações do pré-natal e acompanhamento da criança na Atenção Básica com aquelas desenvolvidas nas maternidades, conformando-se uma rede articulada de atenção. - A Rede de Atenção à Saúde Materna, Neonatal e Infantil (Rede Cegonha) tem por objetivo fomentar a implementação de um novo modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança, com foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança (zero aos 24 meses). AÇÕES ESTRATÉGICAS DO EIXO I: A prevenção da transmissão vertical do HIV e da sífilis (oferta de exames diagnósticos e quimioprofilaxia adequados durante a gestação, o parto e o puerpério). A atenção humanizada e qualificada ao parto e ao recém-nascido no momento do nascimento (com capacitação dos profissionais de enfermagem e médicos para prevenção da asfixia neonatal e das parteiras tradicionais). A atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso, com a utilização do “Método Canguru” (modelo de assistência ao recém-nascido prematuro e sua família, por meio do estímulo da presença dos pais na unidade neonatal com o livre acesso e a participação nos cuidados com o filho). A qualificação da atenção neonatal na rede de saúde materna, neonatal e infantil, com especial atenção aos recém-nascidos graves ou potencialmente graves, internados em Unidade Neonatal (com cuidado progressivo entre a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), a Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo) e a Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa). A alta qualificada do recém-nascido da maternidade, com vinculação da dupla mãe-bebê à Atenção Básica, de forma precoce, para continuidade do cuidado (exemplo: estratégia do “5º Dia de Saúde Integral”, que é um momento no qual a mãe vai à Unidade VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV Básica de Saúde, geralmente com data agendada previamente ainda na maternidade, entre o 3º e o 5º dia de vida do bebê, para detecção de dificuldades e de necessidades particulares da mãe e do bebê, além de riscos e vulnerabilidades). O seguimento do recém-nascido de risco, após a alta da maternidade, de forma compartilhada entre a Atenção Especializada e a Atenção Básica. As triagens neonatais universais (identificar distúrbios e/ou doenças em recém-nascidos e lactentes em tempo oportuno, para intervenção adequada, mediamente realização dos testes do pezinho, da orelhinha, do olhinho e do coraçãozinho). EIXO II – ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL - Estratégia ancorada na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, iniciando na gestação, considerando-se as vantagens da amamentação para a criança, a mãe, a família e a sociedade, bem como a importância de estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis. AÇÕES ESTRATÉGICAS DO EIXO II: Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) (tem o objetivo de promover, proteger e apoiar a amamentação. Para isso, propõe “Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno”) Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no SUS – Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB) (capacitação dos profissionais de saúde para estimular a promoção do aleitamento materno e da alimentação saudável para crianças menores de dois anos no âmbito do SUS) A ação de apoio à Mulher Trabalhadora que Amamenta (MTA) (atua na sensibilização de gestores de empresas públicas e privadas sobre a importância da manutenção do aleitamento para a saúde das crianças, mulheres e para a sociedade). A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH) (papel fundamental para a promoção, a proteção e o apoio à amamentação, especialmente de recém-nascidos pré-termos ou de baixo peso). A implementação da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes, para Crianças de Primeira Infância, Bicos Chupetas e Mamadeiras (Nbcal) (regulamentações sobre a promoção comercial e a rotulagem de alimentos e produtos destinados a recém-nascidos e crianças de até três anos de idade) A mobilização social em aleitamento materno. EIXO III – PROMOÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO E DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL - Consiste na vigilância e estímulo do pleno crescimento e desenvolvimento da criança, em especial do “Desenvolvimento na Primeira Infância (DPI)”, pela Atenção Básica à saúde, conformeas orientações da Caderneta de Saúde da Criança, incluindo ações de apoio às famílias para o fortalecimento de vínculos familiares. AÇÕES ESTRATÉGICAS DO EIXO III: A disponibilização da Caderneta de Saúde da Criança, com atualização periódica de seu conteúdo. A qualificação do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da primeira infância pela Atenção Básica à Saúde. VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV O Comitê de Especialistas e de Mobilização Social para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância, no âmbito do SUS. O apoio à implementação do Plano Nacional pela Primeira Infância. EIXO IV – ATENÇÃO INTEGRAL A CRIANÇAS COM AGRAVOS PREVALENTES NA INFÂNCIA E COM DOENÇAS CRÔNICAS - Consiste em estratégia para o diagnóstico precoce e a qualificação do manejo de doenças prevalentes na infância e ações de prevenção de doenças crônicas e de cuidado dos casos diagnosticados, com o fomento da atenção e internação domiciliar sempre que possível. AÇÕES ESTRATÉGICAS DO EIXO IV: A Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (Aidpi) (as doenças respiratórias e diarreicas são as principais causas de adoecimento, em especial em regiões e populações de maior vulnerabilidade. A Aidipi tem a finalidade de diminuir a morbidade e mortalidade por estas doenças de crianças entre zero a 5 anos) A construção de diretrizes de atenção e linhas de cuidado (estratégia inovadora potente na busca da integralidade da atenção, articulando ações e serviços de saúde ofertados pelos diversos níveis e redes de atenção, sob coordenação da atenção básica à saúde). O fomento da atenção e internação domiciliar (oferta melhora a qualidade de vida das crianças e de suas famílias, além de evitar internações, otimizando disponibilização de leitos hospitalares e diminuindo custos assistenciais para o SUS). EIXO V – ATENÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIAS, PREVENÇÃO DE ACIDENTES E PROMOÇÃO DA CULTURA DA PAZ - Consiste em articular um conjunto de ações e estratégias da rede de saúde para a prevenção de violências, acidentes e promoção da cultura de paz, além de organizar metodologias de apoio aos serviços especializados e processos formativos para a qualificação da atenção à criança em situação de violência de natureza sexual, física e psicológica, negligência e/ou abandono, visando à implementação de linhas de cuidado na Rede de Atenção à Saúde e na rede de proteção social no território. AÇÕES ESTRATÉGICAS DO EIXO V: O fomento à organização e qualificação dos serviços especializados para atenção integral a crianças e suas famílias em situação de violência sexual. A implementação da “Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violências”. A articulação de ações intrassetoriais e intersetoriais de prevenção de acidentes, violências e promoção da cultura de paz. O apoio à implementação de protocolos, planos e outros compromissos sobre o enfrentamento às violações de direitos da criança pactuados com instituições governamentais e não governamentais, que compõem o sistema de garantia de direitos. EIXO VI – ATENÇÃO À SAÚDE DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA OU EM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS E DE VULNERABILIDADE - Consiste na articulação de um conjunto de estratégias intrassetoriais e intersetoriais, para inclusão dessas crianças nas redes temáticas de VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV atenção à saúde, mediante a identificação de situação de vulnerabilidade e risco de agravos e adoecimento, reconhecendo as especificidades deste público para uma atenção resolutiva. AÇÕES ESTRATÉGICAS DO EIXO VI: A articulação e a intensificação de ações para inclusão de crianças com deficiências, indígenas, negras, quilombolas, do campo, das águas e da floresta, e crianças em situação de rua, entre outras, nas redes temáticas. O apoio à implementação do protocolo nacional para a proteção integral de crianças e adolescentes em situação de risco e desastres. O apoio à implementação das diretrizes para atenção integral à saúde de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. EIXO VII – VIGILÂNCIA E PREVENÇÃO AO ÓBITO INFANTIL, FETAL E MATERNO - Consiste na contribuição para o monitoramento e investigação da mortalidade infantil e fetal e possibilita a avaliação das medidas necessárias para a prevenção de óbitos evitáveis. AÇÕES ESTRATÉGICAS DO EIXO VII: Comitês de vigilância do óbito materno, fetal e infantil (monitoramento da mortalidade infantil e fetal, melhoria dos registros dos óbitos, orientação das ações de intervenção para a prevenção de óbito e subsídio para avaliação e ação sobre o contexto social e econômico da família). ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA A PNAISC se organiza a partir da Rede de Atenção à Saúde e de seus eixos estratégicos, mediante a articulação das ações e serviços de saúde disponíveis nas redes temáticas, em especial aquelas desenvolvidas na rede de saúde materna neonatal e infantil e na atenção básica, esta como coordenadora do cuidado no território. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PARA APROFUNDAMENTO DO ESTUDO: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança: orientações para implementação/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas .– Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015. Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 149, 6 ago. 2015. Seção 1, p. 37. VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV Fluxograma dos eixos e ações estratégicas da PNAISC VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV Avaliação do Recém-nascido CONCEITOS Recém-nascido ou neonato: do nascimento até 28 dias incompletos. Quanto à idade gestacional, o recém-nascido é classificado em: Recém-nascido pré-termo ou prematuro: idade gestacional menor que 37 semanas completas, ou seja, até 36 semanas e 6 dias. Recém-nascido a termo: idade gestacional de 37 semanas a menos que 42 semanas completas, ou seja, até 41 semanas e 6 dias. Recém-nascido pós-termo: idade gestacional igual ou superior a 42 semanas completas. Quanto ao peso ao nascer, o recém-nascido é classificado em: Recém-nascido extremo baixo peso: nasce com peso abaixo de 1.000 g, ou seja, até 999 g). Recém-nascido muito baixo peso: nasce com peso abaixo de 1.500 g, ou seja, até 1.499 g). Recém-nascido baixo peso: nasce com peso abaixo de 2.500 g, ou seja, até 2.499 g). Recém-nascido macrossômico: nasce com peso acima de 4.000 g PRIMEIRA VISITA DOMICILIAR AO RN A visita domiciliar é uma das atribuições das equipes de saúde de atenção básica, sendo uma das principais atividades preconizadas para o agente comunitário de saúde pelo Ministério da Saúde. No entanto, não é apenas uma atribuição do agente comunitário, pois toda a equipe faz uso dessa prática, podendo a primeira consulta do RN e da puérpera ocorrer em domicílio, conduzida pelo médico e/ou enfermeiro. Objetivos da primeira visita domiciliar ao recém- nascido e à sua família: - Observar as relações familiares, facilitar o acesso ao serviço de saúde, fortalecer vínculo da família com a equipe, oferecer suporte emocional, orientar sobre os cuidados com o bebê, identificar sinais de depressão puerperal, promover o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida e identificar sinais de perigo à saúde da criança. Sinais de perigo (necessidade de encaminhamento ao serviço de referência com urgência): Recusa alimentar Vômitos importantes Convulsões ou apneia (em torno de 20 segundos sem respirar) Frequência cardíaca abaixo de 100bpm Letargia ou inconsciência Respiração rápida (acima de 60mrm) Atividade reduzida (a criança movimenta-se menos do que o habitual) Febre Hipotermia Tiragem subcostal Batimentos de asas do nariz Cianose generalizada ou palidez importante Icterícia visível abaixo do umbigo ou nas primeiras 24 horas de vida Gemidos Fontanela (moleira) abaulada Secreção purulenta do ouvido Umbigo hiperemiado e/ou com secreção purulenta Pústulas na pele (muitas e extensas) Irritabilidade ou dor à manipulação VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV PRIMEIRA CONSULTA AO RN A primeira consulta do recém-nascido deverá ocorrer na sua primeira semana de vida, que constitui um momento propício para estimular e auxiliar a família nas dificuldades do aleitamento materno exclusivo, para orientar e realizar imunizações, para verificar a realização da triagem neonatal (teste do pezinho) e para estabelecer ou reforçar a rede de apoio à família. ANAMNESE: Condições do nascimento da criança: - Tipo de parto - Local de parto - Peso ao nascer - Idade gestacional - Índice de APGAR - Intercorrências clínicas na gestação, no parto, no período neonatal e nos tratamentos realizados Antecedentes familiares: - Condições de saúde dos pais e dos irmãos - Número de gestações anteriores - Número de irmãos ÍNDICE DE APGAR A - Activity (tônus muscular) P - Pulse (frequência cardíaca) G - Grimace (reflexos) A - Appearance (cor da pele/aparência) R - Respiration (respiração) O índice de Apgar - conhecido popularmente como a “nota” que o bebê recebe logo após nascer - no 5º minuto entre 7 e 10 é considerado normal. Apgar 4, 5 ou 6 é considerado intermediário e relaciona-se com prematuridade, medicamentos usados pela mãe, malformação congênita, o que não significa maior risco para disfunção neurológica. Índices de 0 a 3 no quinto minuto relacionam-se a maior risco de mortalidade e leve aumento de risco para paralisia cerebral. O teste de APGAR é feito 1 minuto após o nascimento e aos 5 minutos de vida. Pode ser repetido com 10, 15 e até 20 minutos de vida caso o APGAR não tenha atingido 7. EXAME FÍSICO: EXAME FÍSICO COMPLETO Peso, comprimento e perímetro cefálico Desenvolvimento social e psicoafetivo Estado geral Face Pele Cabeça/crânio Olhos Orelha Nariz Boca Pescoço Tórax Abdome Genitália Ânus Sistema osteoarticular Coluna vertebral Avaliação neurológica VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV Peso, comprimento e perímetro cefálico Desenvolvimento social e psicoafetivo (avaliação do relacionamento da mãe/cuidador e dos familiares com o bebê) Estado geral (avaliação da postura normal do RN, padrão respiratório, estado de vigília do RN, sinais de desidratação ou hipoglicemia, temperatura) Face (pesquisa de assimetria, malformação, deformidade ou aparência sindrômica) Pele (presença de edema, palidez, cianose, icterícia, assaduras, pústulas e bolhas) Cabeça/crânio (exame das fontanelas, bossa serossanguíneas e cefalohematomas) Olhos (reflexo fotomotor, teste do reflexo vermelho, conjuntivites, estrabismo, nistagmo lateral) Orelha (realização da triagem auditiva neonatal universal (Tanu) e observação da implantação, tamanho e simetria) Nariz (avaliação da forma e presença de secreção) Boca (alterações morfológicas, úvula, tamanho da língua, palato, freio lingual e coloração dos lábios) Pescoço (assimetria facial, posição viciosa da cabeça e torcicolo congênito) Tórax (assimetria, clavícula, mamas, sofrimento respiratório, frequência cardíaca) Abdome (forma, frequência respiratória, hérnias inguinal e umbilical, coto umbilical) Genitália (feminina - secreção esbranquiçada e hemorragia / masculina – testículos, fimose, hidrocele) Ânus (permeabilidade anal, posição do orifício, fissuras) Sistema osteoarticular (membros superiores e inferiores, pé torto, displasia evolutiva do quadril) Coluna vertebral Avaliação neurológica (reflexos arcaicos, postura de flexão generalizada, lateralização da cabeça) TRIAGENS NEONATAIS Triagem Neonatal Biológica – TNB (Teste do pezinho) Realizada por meio da coleta e análise de amostras biológicas partir do sangue coletado do calcanhar do recém-nascido através de uma punção com lanceta estéril e descartável. Consiste na detecção em recém-nascidos, em tempo oportuno (do 3º ao 5º dia de vida) dos seguintes distúrbios congênitos e hereditários: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Triagem Neonatal Auditiva – TNA (Teste da Orelhinha) Realizada por meio de medidas fisiológicas e eletrofisiológicas da audição: Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA) e Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (Peate) em recém-nascidos e lactentes, visando identificar deficiências auditivas. Deve ser realizada na maternidade, antes da alta hospitalar (entre 24 e 48 horas de vida), se necessário, complementada ainda no primeiro mês de vida. Nos casos positivos encaminhar para diagnóstico e tratamento de acordo com as normas e as VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV diretrizes do Ministério da Saúde (Diretriz de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal). Triagem Neonatal Ocular – TNO (Teste do Olhinho) Realizada por meio de exame de inspeção e teste do reflexo vermelho da retina, devendo fazer parte do primeiro exame físico do RN, na maternidade e depois repetido na Atenção Básica. Consiste na identificação, em tempo oportuno, de agravos que levam à opacificação do cristalino, com diagnóstico presuntivo de retinoblastoma, à catarata congênita e outros transtornos oculares congênitos e hereditários (Diretrizes de Atenção à Saúde Ocular na Infância: Detecção e Intervenção Precoce para a Prevenção de Deficiências Visuais). Triagem Neonatal de Cardiopatias Congênitas Críticas, por oximetria de pulso (Teste do Coraçãozinho) Realizada de forma universal, nos recém-nascidos, entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar, conforme regulamentação por meio da Portaria n.º 20, de 10 de junho de 2014, visando à detecção oportuna de malformações cardíacas graves, conforme o relatório n.º 115 com recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE Criança residente em área de risco Baixo peso ao nascer (inferior a 2.500g) Prematuridade (menos de 37 semanas gestacionais) Asfixia grave ou Apgar menor do que 7 no 5º minuto Internações/intercorrências Mãe com menos de 18 anos de idade Mãe com baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo) História familiar de morte de criança com menos de 5 anos de idade Aleitamento materno ausente ou não exclusivo Gestação gemelar Malformação congênita Ausência de pré-natal Não realização de vacinas CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO Algumas orientações são importantes e devem ser fornecidas aos pais, como: Oriente a lavagem de mãos por todas as pessoas que têm contato com o bebê. Oriente a família de modo a não permitir que pessoas fumem dentro de casa ou que aqueles que acabaram de fumar peguem o bebê no colo. Oriente-os a respeito do banho e sobre os cuidados com o coto umbilical, que deve cair nas primeiras duas semanas. Para isso, o coto deve ser mantido limpo e seco. Oriente-os também sobre a troca de fraldas, a prevenção de assaduras, os hábitos de sono e os diferentes tipos de choro. Oriente-os a respeito da posição para dormir e a sua relação de proteção contra a morte súbita do lactente. PREVENÇÃO DE ACIDENTES Temperatura do banho Grades de berçoem altura adequada Evitar cobertas e travesseiros Leite VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV Transporte seguro (banco de trás, cadeirinha, cinto de segurança) Evitar deixar perto de animais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PARA APROFUNDAMENTO DO ESTUDO: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de atenção básica. Saúde da Criança: Crescimento e desenvolvimento. Brasília, 2012. Cap. 2 e 3. VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV Puericultura CONCEITOS A puericultura consiste em um acompanhamento periódico cujo foco é a promoção e proteção da saúde das crianças e adolescentes, por meio do acompanhamento integral, sendo possível identificar precocemente qualquer distúrbio de crescimento, desenvolvimento físico, mental e nutricional. Durante as consultas, é importante o preenchimento da Caderneta de Saúde da Criança. Crescimento: Aumento das dimensões do corpo. Termina em determinada idade, quando esta alcança a sua maturidade biológica. Desenvolvimento: Capacidade de adquirir novas habilidades, ou seja, é um processo que acompanha o homem através de toda a sua existência. CONSULTAS O Ministério da Saúde recomenda: - Sete consultas de rotina no primeiro ano de vida: - Duas consultas no segundo ano de vida: Após o segundo ano de vida, consultas anuais, próximas ao mês do aniversário. MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO - O crescimento é um processo dinâmico e contínuo, expresso pelo aumento do tamanho corporal. Além disso, constitui um dos indicadores de saúde da criança. O processo de crescimento é influenciado por: Fatores intrínsecos (genéticos) - determinação genética, a qual determina a transmissão das características aos descendentes. Fatores extrínsecos (ambientais) - alimentação, saúde, higiene, habitação e cuidados gerais com a criança, que atuam acelerando ou restringindo tal processo. - O acompanhamento sistemático do crescimento e do ganho de peso permite a identificação de crianças com maior risco de morbimortalidade, por meio da sinalização precoce da subnutrição e da obesidade. - O melhor método de acompanhamento do crescimento infantil é o registro periódico do peso, da estatura e do IMC da criança na Caderneta de Saúde da Criança. OBS: As crianças menores de 2 anos deverão ser mensuradas deitadas em superfície lisa (comprimento) e as crianças maiores de 2 anos deverão ser mensuradas em pé (altura). 1ª semana 1º mês 2º mês 4º mês 6º mês 9º mês 12º mês 18º mês 24º mês Peso (kg) Altura2 (m) IMC = VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV - A OMS e o Ministério da Saúde recomendam a utilização dos valores de referência para acompanhar o crescimento e o ganho de peso das curvas da OMS de 2006 (para crianças menores de 5 anos) e 2007 (para a faixa etária dos 5 aos 19 anos). GRÁFICOS DE CRESCIMENTO - A Caderneta de Saúde da Criança utiliza como parâmetros para avaliação do crescimento de crianças (menores de 10 anos) os seguintes gráficos: Perímetro cefálico (de zero a 2 anos) Peso para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos) Comprimento/estatura para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos) Índice de massa corporal (IMC) para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos). OBS: Gráficos estão anexados no final do resumo. CONDUTAS RECOMENDADAS PARA DESVIO NO CRESCIMENTO DA CRIANÇA COM ATÉ CINCO ANOS Sobrepeso ou obesidade - Verifique a existência de erros alimentares, identifique a dieta da família e oriente a mãe ou o cuidador a administrar à criança uma alimentação adequada. - Verifique as atividades de lazer das crianças, como o tempo em frente à televisão e ao videogame, estimulando-as a realizar brincadeiras que aumentem a atividade física. - Encaminhe a criança para o NASF, se disponível. - Realize a avaliação clínica da criança. Magreza ou baixo peso para a idade Menores de 2 anos: - Investigue possíveis causas, com atenção especial para o desmame - Oriente a mãe sobre a alimentação complementar adequada para a idade - Se a criança não ganhar peso, solicite seu acompanhamento no NASF, se disponível - Oriente o retorno da criança no intervalo máximo de 15 dias Maiores de 2 anos: - Investigue possíveis causas, com atenção especial para a alimentação, para as intercorrências infecciosas, os cuidados com a criança, o afeto e a higiene. - Trate as intercorrências clínicas, se houver. - Solicite o acompanhamento da criança no NASF, se disponível - Encaminhe a criança para o serviço social, se necessário. - Oriente a família para que a criança realize nova consulta com intervalo máximo de 15 dias. PARTICULARIDADES DA CRIANÇA PREMATURA - O acompanhamento ideal das crianças pré-termo exige a utilização de curvas específicas ou que se corrija a idade cronológica até que completem 2 anos de idade para a utilização das curvas-padrão. - Cálculo da correção da idade: - Considerando-se que o ideal seria nascer com 40 semanas de idade gestacional, deve-se descontar o VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV número de semanas que faltaram para o feto atingir essa idade gestacional, ou seja, para uma criança nascida com 36 semanas, o peso aos 2 meses será registrado na idade de um mês. Até quando utilizar a idade corrigida? Até 2 anos de idade cronológica Até 3 anos, se Idade Gestacional (IG) < 28 semanas Como calcular a idade corrigida? 1º PASSO: 40 semanas – IG do nascimento (semanas) = Tempo que faltou para a IG de termo 2º PASSO: Subtrair valor da idade cronológica EXEMPLO: Se a criança nasceu com 28 semanas e atualmente possui 6 meses: 1º PASSO: 40 – 28 = 12 (corresponde a 3 meses) 2º PASSO: 6 meses (Idade cronológica) – 3 meses = 3 meses (idade gestacional corrigida) - A correção pela idade gestacional permite detectar mais precisamente um período de crescimento compensatório, que geralmente ocorre próximo do termo, para crianças pré-termo de diversas idades gestacionais. - O crescimento compensatório (catch up) é caracterizado por uma velocidade acelerada no crescimento após um período de crescimento lento ou ausente, o que permite que crianças pré-termo consigam equiparar o seu crescimento ao de lactentes a termo nos primeiros anos de vida. Em geral, ocorre primeiro com o perímetro cefálico, seguido pelo comprimento e depois pelo peso. - Toda criança com história de baixo peso ao nascer deve ser considerada criança de risco nutricional e deve ser acompanhada com maior assiduidade pelos serviços de saúde, principalmente no primeiro ano de vida. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO - O desenvolvimento refere-se a uma transformação complexa, contínua, dinâmica e progressiva, que inclui, além do crescimento, maturação, aprendizagem e aspectos psíquicos e sociais. Ou seja, é um processo de aprendizado no qual as crianças adquirem capacidades nos âmbitos cognitivo, motor, emocional e social. - O acompanhamento do desenvolvimento da criança na atenção básica objetiva sua promoção, proteção e a detecção precoce de alterações que possam repercutir na vida futura da criança. Isso ocorre principalmente por meio de ações educativas e de acompanhamento integral da saúde da criança. - A criança deve atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada no devido momento, não conseguirá superar o atraso do desenvolvimento. Afinal, o desenvolvimento infantil se dá à medida que vai se desenvolvendo de acordo com os meios onde vive e os estímulos deles recebido. - As avaliações do desenvolvimentoinfantil devem sempre levar em consideração as informações e opiniões dos pais e da escola sobre a criança. VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE ZERO A DEZ ANOS 15 dias: Entre 1 e 2 meses: predomínio do tônus flexor, assimetria postural e preensão reflexa. Reflexos: -Apoio plantar: É desencadeado pelo apoio do pé do RN sobre superfície dura, estando este seguro pelas axilas. Observa-se extensão das pernas. -Sucção reflexa: É desencadeado pela estimulação dos lábios. Observa-se sucção vigorosa. -Preensão palmar: É desencadeado pela pressão da palma da mão. Observa-se flexão dos dedos. Desaparecem até o 6º mês. -Preensão plantar (dos artelhos): É desencadeado pela pressão da base dos artelhos. Observa-se flexão dos dedos. Desaparece até o 11º mês. -Reflexo cutâneo plantar: obtido pelo estímulo da porção lateral do pé. No RN, desencadeia extensão do hálux. A partir do 13º mês, ocorre flexão do hálux. A partir desta idade, a extensão é patológica. -Reflexo de Moro: medido pelo procedimento de segurar a criança pelas mãos e liberar bruscamente seus braços. Deve ser sempre simétrico. É incompleto a partir do 3º mês e não deve existir a partir do 6º mês. -Reflexo tônico-cervical: rotação da cabeça para um lado, com consequente extensão do membro superior e inferior do lado facial e flexão dos membros contralaterais. A atividade é realizada bilateralmente e deve ser simétrica. Desaparece até o 3º mês. -Reflexo da marcha: É desencadeado por inclinação do tronco do RN após obtenção do apoio plantar. Observa-se cruzamento das pernas, uma à frente da outra . Sucção reflexa Preensão palmar Preensão plantar Reflexo cutâneo plantar VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV Reflexo de Moro Reflexo tônico-cervical Reflexo da marcha 2 meses: Entre 2 e 3 meses: sorriso social. Entre 2 e 4 meses: bebê fica de bruços, levanta a cabeça e os ombros. Em torno de 2 meses: inicia-se a ampliação do seu campo de visão (o bebê visualiza e segue objetos com o olhar). 4 meses: Aos 4 meses: preensão voluntária das mãos. Entre 4 a 6 meses: o bebê vira a cabeça na direção de uma voz ou de um objeto sonoro. Aos 3 meses: o bebê adquire noção de profundidade. 6 meses: Em torno dos 6 meses: inicia-se a noção de “permanência do objeto”. A partir do 7º mês: o bebê senta-se sem apoio. Entre 6 e 9 meses: o bebê arrasta-se, engatinha. Entre 6 e 8 meses: o bebê apresenta reações a pessoas estranhas. 9 meses: Entre 9 meses e 1 ano: o bebê engatinha ou anda com apoio. Em torno do 10º mês: o bebê fica em pé sem apoio. 12 meses: Entre 1 ano e 1 ano e 6 meses: o bebê anda sozinho. Em torno de 1 ano: o bebê possui a acuidade visual de um adulto. 15 meses: Entre 1 ano e 6 meses a 2 anos: o bebê corre ou sobe degraus baixos. 2 anos: Entre 2 e 3 anos: o bebê diz seu próprio nome e nomeia objetos como seus. Em torno dos 2 anos: o bebê reconhece-se no espelho e começa a brincar de faz de conta (atividade que auxilia no desenvolvimento cognitivo e emocional, ajudando a criança a lidar com ansiedades e conflitos). Entre 2 e 3 anos: os pais devem começar aos poucos a retirar as fraldas do bebê e a ensiná-lo a usar o penico. 4 a 6 anos: Entre 3 e 4 anos: a criança veste-se com auxílio. Entre 4 e 5 anos: a criança conta ou inventa pequenas histórias. A partir dos 6 anos: a criança passa a pensar com lógica, embora esta seja predominantemente concreta. VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV 7 a 9 anos: A partir dos 7 anos: a criança começa a desenvolver o julgamento global de autovalor, integrando sua autopercepção, “fechando” algumas ideias sobre quem ela é e como deve ser. 10 anos: A partir dos 10 anos: ocorrem mudanças relacionadas à puberdade e há um estirão de crescimento (primeiro nas meninas, em torno dos 11 anos, depois nos meninos, em torno dos 13 anos). DISTÚRBIOS NO DESENVOLVIMENTO Os fatores de risco para problemas de desenvolvimento podem ser classificados em: Genéticos (por exemplo: síndrome de Down), Biológicos (por exemplo: prematuridade, hipóxia neonatal, meningites) Ambientais (fatores familiares, de ambiente físico, fatores sociais) A maior parte dos traços de desenvolvimento da criança é de origem multifatorial e representa a interação entre a herança genética e os fatores ambientais. O baixo peso ao nascer e a prematuridade aumentam o risco da criança para alterações do desenvolvimento (distúrbios de linguagem, de motricidade, de aprendizagem e atraso neuropsicomotor), podendo evoluir durante os primeiros dois anos de vida para padrões de normalidade na maioria dos casos. Controle de esfíncteres: O controle esfincteriano é reconhecido como um marco do desenvolvimento infantil. A idade ideal para iniciar o processo educativo varia de criança para criança: algumas entre 18 e 24 meses já mostram sinais de que estão prontas, outras não se mostram prontas antes dos dois anos e meio. Considera-se um início precoce o processo educativo realizado a partir de idade em torno dos 18 meses. Por sua vez, é tido como um treinamento tardio o processo realizado após os 36 meses. Avaliação do desenvolvimento: orientação para tomada de decisão REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PARA APROFUNDAMENTO DO ESTUDO: BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de atenção básica. Saúde da Criança: Crescimento e desenvolvimento Brasília, 2012. Cap. 7 e 8. VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO Interpretando os Gráficos: As linhas coloridas dos gráficos fornecem indicações para a linha de crescimento da criança formada pela união dos pontos das medidas de cada consulta. A linha verde corresponde a um padrão ou escore Z igual a 0. A curva de crescimento de uma criança que está crescendo adequadamente tende a seguir um traçado paralelo à linha verde, acima ou abaixo dela, que pode estar situado entre as linhas laranjas (desvio de 1 escore Z) ou entre as linhas vermelhas (desvio de 2 escore Z). Qualquer mudança rápida que desvie a curva da criança para cima ou para baixo, ou então um traçado horizontal, devem ser investigados. Os traçados que se desviam muito e que cruzam uma linha dos escore Z podem indicar risco para a saúde da criança. Com relação às curvas de perímetro cefálico, é importante lembrar que as alterações do desenvolvimento infantil são mais sensíveis e precoces que o crescimento da cabeça. Pontos de corte de peso para a idade para crianças menores de 10 anos Pontos de corte de comprimento/altura para a idade para crianças menores de 10 anos Pontos de corte de IMC por idade para menores de 10 anos VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV 0 A 2 ANOS: VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV AVALIAÇÃO DOS MARCOS DE DESENVOLVIMENTO Preencha os espaços correspondentes segundo a legenda a seguir: Ao final da faixa etária, a criança deve ter atingido todos os marcos previstos. VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV VICTORIA BRITO – FESAR P4 – IESC IV VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV Afecções respiratórias na criança ANATOMIA A infecção respiratória surge em qualquer região do trato respiratório, atingindo desde as vias aéreas superiores (VAS) até as vias aéreas inferiores (VAI), sendo as mais frequentes a de vias aéreas superiores. Geralmente, este tipo de infecção é provocado por vírus,bactérias ou fungos. INTRODUÇÃO As principais doenças respiratórias da criança e do adolescente incluem: asma, rinite, pneumonia e infecções das vias aéreas superiores (IVAS). As infecções respiratórias são as principais causas de mortalidade infantil, acometendo crianças menores de 05 anos. Os motivos estão associados principalmente a: Más condições básicas de saúde A falta de conhecimento durante os primeiros sintomas Adoção de medidas inadequadas ao tratamento INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS (IRAs) As infecções respiratórias agudas mais frequentes no nosso meio compreendem: Resfriados comuns Faringoamigdalites Otites Sinusites Pneumonias Na maioria das vezes, têm etiologia viral, mas em alguns casos, especialmente na pneumonia, a etiologia bacteriana deve ser considerada. Os principais sintomas de IRA incluem: Febre Tosse Dificuldade respiratória Coriza Obstrução nasal Dor de garganta Dor de ouvido AVALIAÇÃO GERAL DA CRIANÇA COM IRA No atendimento a uma criança na UBS, deve-se avaliá-la como um todo e considerar a consulta uma oportunidade de promoção de saúde, observando crescimento, desenvolvimento, vacinação e alimentação. AVALIAÇÃO CLÍNICA = ANAMNESE + EXAME FÍSICO VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV ANAMNESE: Valorize a fala e a impressão da mãe Febre: duração e intensidade Relato de dificuldade respiratória Tosse: horário e característica (úmida, seca, rouca, produtiva, purulenta) Pesquise se a criança respira com a boca aberta, se ronca e a presença de sintomas nasais: espirros, prurido, coriza. No caso de coriza, se é purulenta ou hialina, sua quantidade e duração. Coriza purulenta ocorre em infecções virais ou bacterianas. Presença de dor torácica Pesquisar sinais de desidratação Dor abdominal, vômitos e fezes amolecidas História pregressa: antecedentes perinatais, prematuridade, internações, atopia, crises de asma, alergia a medicamentos e frequência de infecções. História familiar: atopia, asma, tabagismo, irmãos com desnutrição ou óbitos, contato com tuberculose. História socioeconômica: condições de higiene, número de pessoas em casa, idade em que a criança começou a frequentar creche OBS: criança entre um e três anos pode ter entre oito a 10 episódios de IVAS por ano sem significar comprometimento do estado imunológico EXAME FÍSICO: Deve ser completo, com especial atenção ao exame do aparelho respiratório, frequência respiratória e oro, naso e otoscopia. Nunca é demais pesquisar rigidez de nuca e sinais meníngeos para afastar a hipótese de meningite numa criança com febre. Sinais de alerta que demonstram a gravidade da criança: Sinais de esforço respiratório: tiragem intercostal, batimentos de aletas nasais, gemência, balanço toracoabdominal e retração xifóidea Toxemia Cianose Hipoxemia Irregularidade respiratória Apneia Dificuldade alimentar Vômitos Desidratação Alterações do sensório (sonolência, confusão mental, irritabilidade) Instabilidade hemodinâmica (pulsos finos, perfusão lenta) Taquicardia importante PREVENÇÃO DAS IRAS: A prevenção das IRAs relaciona-se com a promoção da saúde integral da criança, evitando-se a desnutrição, a prematuridade, o tabagismo passivo, promovendo o aleitamento materno, a vacinação e melhorando as condições de vida da população. A ida precoce para a creche expõe a criança a um contato mais estreito com vírus e bactérias, constituindo um fator de risco importante para aumento na incidência de IRA. A pneumonia acontece após uma infecção viral de vias aéreas superiores. O uso precoce de antibióticos não previne complicações bacterianas. VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM DAS IRAS MAIS COMUNS 1. RESFRIADO COMUM: -Agentes etiológicos: vírus (rinovírus, adenovírus, coronavírus e parainfluenza) -Transmissão: gotículas de muco ou saliva e secreções transmitidas por mãos e objetos contaminados -Período de incubação: entre 2 e 4 dias -Melhora do quadro: período de 7 a 10 dias -Manifestações clínicas: obstrução nasal, rinorreia, espirros, mal-estar, dor de garganta, febre, lacrimejamento ocular, tosse e hiporexia. O estado geral é quase sempre pouco acometido. A febre é geralmente baixa (<39°C), com duração entre 3 e 5 dias. A rinorreia inicialmente é hialina, mas seu aspecto e sua cor podem modificar-se, tornando-se purulenta na fase final do quadro. -Diagnóstico: essencialmente clínico, não sendo necessários exames complementares. -Diagnóstico diferencial: deve-se considerar duas afecções: gripe e rinite alérgica. A gripe é causada pelo vírus influenza e apresenta sintomas com maior repercussão clínica, como febre alta, prostração e mialgia. A rinite alérgica é pensada nos quadros recorrentes ou persistentes, desencadeados por alérgenos ambientais e sem febre. -Complicações: sinusite, otite média e pneumonia. 2. FARINGOAMIGDALITE: -A maioria das faringoamigdalites (FA) tem etiologia viral. Quando bacteriana, a faringoamigdalite pode ser causada por Streptococcus pyogenes, Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus e Moraxella catarrhalis. - Os seguintes achados sugerem etiologia bacteriana: Febre alta, acima de 38,5o C Adenomegalia subângulo-mandibular, única, dolorosa Hiperemia e exsudato purulento Ausência de tosse, coriza, rouquidão e diarreia - Os sinais e sintomas de FA viral e bacteriana são muito semelhantes. Portanto, recomenda-se a realização de cultura de material da orofaringe para se ter certeza da presença do Streptococcus pyogenes. -Tratamento: penicilina benzatina, dose única. Alternativas incluem: penicilina V oral (8/8h) e amoxicilina (2 ou 3 doses), por 10 dias. -Complicações: febre reumática, glomerulonefrite difusa aguda, linfadenite cervical e abscesso peritonsilar. 3. OTITE MÉDIA AGUDA (OMA): - Grande parte das crianças apresenta pelo menos um episódio de OMA durante sua vida - A maioria dos casos de OMA em crianças com mais de dois anos evolui para cura espontânea sem necessidade de antibioticoterapia. Isso acontece porque muitos têm etiologia viral ou por ação dos mecanismos de defesa do próprio organismo no caso de infecções bacterianas. - Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenza e Moraxella catarrhalis são os agentes bacterianos mais comuns. VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV - O abaulamento é o sinal clínico mais importante de OMA. - Critérios para iniciar antibioticoterapia em casos de suspeita de OMA: Idade menor que 2 anos Sintomas moderados a graves ou toxemia Febre alta (igual ou superior a 39º C) História pregressa de OMA Abaulamento e/ou otorreia -Tratamento: amoxicilina (8/8h ou 12/12h), por sete a 10 dias. No caso de pacientes alérgicos à penicilina, podem ser usados sulfametoxazol-trimetoprim ou macrolídeos - Espera-se melhora dos sintomas e da febre em 72 horas, mas a persistência de alterações à otoscopia é comum por até três meses. 4. SINUSITE AGUDA: - A sinusite é considerada aguda quando a duração dos sintomas é inferior a 30 dias. - A duração dos sintomas superior a 10 dias é o principal divisor de águas entre etiologia viral ou bacteriana. - Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenza e Moraxella catarrhalis são os agentes bacterianos mais comuns tanto nas otites como em sinusites agudas -Sintomas: Rinorreia, congestão nasal, febrícula, tosse diurna que se agrava à noite, halitose, edema periorbitário sem dor. - Diagnóstico: essencialmente clínico. Não se recomenda radiografia de seios da face em menores de seis anos. - O tratamento deve ser feito com os mesmos antibióticos utilizados para OMA, com duração um pouco mais longa, 10 a 14 dias. 5. PNEUMONIA: - É a inflamação do parênquima pulmonar, causada, na maioria das vezes, por vírus e/ou bactérias.- A maioria dos quadros de pneumonia acontece após uma infecção viral de vias aéreas superiores, mas apenas a minoria dos quadros de IVAS se complica com pneumonia. - Os vírus ocorrem com mais frequência no outono e inverno. Os principais vírus causadores de pneumonia são: vírus sincicial respiratório (que causa também bronquiolite), influenza (da gripe), parainfluenza (do crupe) e adenovírus (da bronquiolite grave). -Sinais e sintomas: desconforto respiratório, taquipneia e opacidades à radiografia de tórax, além de crepitações e tiragens -Diagnóstico: história clínica, exame físico e radiografia de tórax. OBS: Em caso de tosse e/ou dificuldade respiratória, deve-se suspeitar de pneumonia. Se houver taquipneia, deve-se considerar pneumonia e iniciar VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV antibioticoterapia. Se houver tiragem, considera-se pneumonia grave, indicando-se a internação. -Objetivos da realização da radiografia de tórax: Confirmar o diagnóstico Avaliar a extensão do processo pneumônico Mostrar presença de complicações (pneumatoceles, derrame, abscesso) Contribuir na decisão de internar ou não o paciente - Indicação de internação: A maioria das crianças com pneumonia pode ser tratada ambulatorialmente, com acompanhamento criterioso em 24 a 48 horas. As principais indicações de internação são: Idade inferior a 6 meses (certamente inferior a 2 meses) Pneumonia extensa, pneumatoceles, pneumotórax, derrame pleural, abscesso Condições associadas: cardiopatia, mucoviscidose, displasia broncopulmonar, imunodeficiência, desnutrição grave Situação social seriamente comprometida Presença, ao exame clínico, de esforço respiratório importante ou outros sinais de alerta Falha no tratamento ambulatorial ASMA E RINITE ALÉRGICA CONCEITO E FATORES DE RISCO DA ASMA A asma é conceituada como uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que resulta da interação entre genética e fatores de risco. As vias aéreas se tornam cronicamente inflamadas e hiper-reativas, resultando em obstrução manifestada clinicamente por tosse, sibilância, dispneia e dor torácica. Principais fatores de risco para desenvolver asma ou agravá-la: ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DA ASMA NOS MENORES DE CINCO ANOS A maioria das crianças que chiam nos primeiros anos de vida o faz de forma transitória e, por isso, não são consideradas asmáticas. Sugerem o diagnóstico de asma: Episódios frequentes de sibilância (mais do que um por mês) Tosse ou sibilância induzida pelo exercício Tosse noturna fora dos episódios de infecção viral Ausência de variação sazonal na sibilância e sintomas que persistem após três anos. O maior risco de asma em lactentes é definido pela presença de sibilância recorrente (três episódios em seis meses), associada a dois critérios maiores ou a um critério maior e dois menores. VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE SIBILÂNCIA NA INFÂNCIA Os lactentes apresentam mais crises de sibilância porque têm elevada incidência de infecções em vias respiratórias e as características do aparelho respiratório facilitam a ocorrência dessas crises. Na prática clínica, a maioria das crianças com crise de sibilância melhora até os 5 ou 6 anos de idade. São denominados lactentes sibilantes crianças menores de 2 anos que apresentam quadro de sibilância contínua há pelo menos 1 mês ou, no mínimo, três episódios de sibilos em um período de 2 meses. Fenótipos de Martinez (classificação dos sibilos): Sibilante transitório: início <3 anos de idade, assintomáticos aos 6 anos. Sibilante persistente: início <3 anos de idade, sintomáticos aos 6 anos. -Atópico: persistência da sibilância na adolescência -Não atópico: persistência da sibilância aos 11, mas não aos 13 anos Sibilante tardio: início > 3 anos de idade Outras doenças, que não a asma, podem levar à sibilância. Deve-se pensar em diagnóstico diferencial quando a sibilância recorrente está associada com: Pneumonias de repetição Início no período neonatal Vômitos ou regurgitação Alterações cardiovasculares Início súbito após engasgo/sufocação Alteração localizada de ausculta Estridor Crescimento insuficiente (desnutrição) Diarreia crônica / esteatorreia Baqueteamento digital Diagnósticos diferenciais da asma: Infecção das vias aéreas superiores Aspiração de corpo estranho Refluxo gastroesofágico Displasia broncopulmonar Bronquiolite obliterante Fibrose cística Malformações congênitas pulmonares Anéis vasculares Insuficiência cardíaca esquerda Anomalias traqueobrônquicas Incoordenação da deglutição Tumores mediastinais Síndrome de Loeffler e Toxocaríase Imunodeficiências Tuberculose ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DA ASMA NOS MAIORES DE CINCO ANOS Em crianças maiores de cinco anos, além do diagnóstico alicerçado em bases clínicas, pode-se contar com o auxílio das provas de função pulmonar, como a espirometria e a medida do pico do fluxo expiratório (PFE). CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DA ASMA ANTES DO TRATAMENTO Antes de iniciar o tratamento, é importante classificar o nível de gravidade da asma. A VICTORIA BRITO - FESAR P4 – IESC IV classificação deverá ser feita no período entre as crises (intercrise) e antes de o paciente iniciar o tratamento com corticoides inalatórios. TRATAMENTO DA ASMA VIA INALATÓRIA: - A via inalatória foi um grande avanço no tratamento das crises e no tratamento profilático da asma. Ela se baseia no uso de aerossóis através de vários dispositivos inalatórios. TRATAMENTO PREVENTIVO DA ASMA: - O objetivo do tratamento da asma é alcançar e manter o controle dos sintomas clínicos. - É importante destacar que o tratamento preventivo não é apenas o medicamentoso; ele envolve ações educativas e uma grande parceria entre a equipe/ família / paciente. - O corticoide inalatório é o principal medicamento para o tratamento preventivo farmacológico da asma. Ele atua bloqueando muitas das vias inflamatórias na asma. - O tratamento deve ser ajustado para o nível de gravidade inicial. Se o controle não for atingido, deve- se aumentar a dose e/ou acrescentar outras opções terapêuticas. O tempo de tratamento deve ser individualizado e varia de acordo com a gravidade inicial. Devem ser encaminhados ao pneumologista os casos de asma persistente grave e aqueles que não respondem ao tratamento. RINITE ALÉRGICA E ASMA - A rinite alérgica é definida clinicamente como um distúrbio sintomático do nariz, induzido por uma inflamação que aparece após a exposição das membranas do nariz a alérgenos. - Sintomas: rinorreia, obstrução nasal, prurido nasal e espirros. Classificação da rinite alérgica REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PARA APROFUNDAMENTO DO ESTUDO: GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. (Org.). Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed, 2018. Cap. 115. ALVIM C.G.; LASMAR L.M.L.B.F. Saúde da criança e do adolescente: doenças respiratórias. Nescon UFMG Editora Coopmed, 2009. IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período ACOLHIMENTO DAS INFECÇÕES AGUDAS RESPIRATÓRIAS (IRAS) Todos os profissionais devem ser treinados para identificar alguns sinais de alerta e solicitar ajuda sempre que necessário. Os principais sintomas de IRA incluem: febre, tosse, dificuldade respiratória, coriza, obstrução nasal, dor de garganta e dor de ouvido. Uma criança com febre deve ser medicada quando a temperatura axilar for superior a 37,5ºC. A febre causa desconforto, deixando a criança irritada ou prostrada, aumenta a perda insensível de água e altera parâmetros importantes do exame físico, como a frequência respiratória, além de poder causar convulsão
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