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Indaial – 2020 Gerenciamento de ServiçoS JurídicoS Prof.ª Patrícia Esteves de Mendonça 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.ª Patrícia Esteves de Mendonça Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: M539g Mendonça, Patrícia Esteves de Gerenciamento de serviços jurídicos. / Patrícia Esteves de Mendonça. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 183 p.; il. ISBN 978-65-5663-068-7 1. Serviços jurídicos. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 340 apreSentação Todos nós, ao longo da vida, precisaremos dos mais diversos serviços jurídicos, como, por exemplo, emissão de certidões de nascimento, casamento, contratos de trabalho, registro de imóveis etc. Assim, todos esses documentos e peculiaridades ligadas ao mundo jurídico, necessitam de profissionais que tenham conhecimentos técnicos sobre o conteúdo e procedimentos relativo às questões legais. Para tanto, não é necessário que seja um advogado o prestador desses serviços. Dessa forma, surge o Tecnólogo de Serviços Jurídicos, o qual poderá auxiliar na prestação de serviços relacionados a questões legais, sem envolver processos contencioso. Este Livro Didático, tem como objetivo introduzir os conhecimentos fundamentais para desenvolver essa atividade profissionalmente. Garantindo formação necessária para auxiliar profissionais do direito e leigos no acesso à justiça. Prof.ª Patrícia Esteves de Mendonça Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE Sumário UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS ................................................ 1 TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS ............................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 HISTÓRICO DA PROFISSÃO ......................................................................................................... 3 3 O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS NO BRASIL .................................................. 6 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 11 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 12 TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS ................. 13 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 13 2 O PAPEL MULTIDISCIPLINAR DO TÉCNICO EM SERVIÇOS JURÍDICOS: ATRIBUIÇÕES ................................................................................................................................... 13 2.1 ANALISTA ..................................................................................................................................... 13 2.2 TÉCNICO ....................................................................................................................................... 16 2.3 ASSESSOR JURÍDICO .................................................................................................................. 16 2.4 OFICIAL DE JUSTIÇA ................................................................................................................. 18 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 22 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 23 TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ................................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25 2 GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS PÚBLICOS ......................................................... 25 3 ÉTICA PROFISSIONAL ................................................................................................................... 33 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 44 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 46 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 47 UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS ................... 49 TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS ............................ 51 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 51 2 O PODER JUDICIÁRIO ................................................................................................................... 52 2.1 JURISDIÇÃO ................................................................................................................................ 52 2.2 A ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO ............................................................................... 55 2.3 OS CARTÓRIOS JUDICIAIS COMO BASE DO FUNCIONAMENTO DO JUDICIÁRIO .................................................................................................................................. 59 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 78 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 79 TÓPICO2 — ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS. ...................................................................... 81 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 81 2 TABELIONATO DE NOTAS ........................................................................................................... 82 3 TABELIONATO DE PROTESTO .................................................................................................... 87 4 REGISTROS PÚBLICOS .................................................................................................................. 89 4.1 REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS ........................................................................ 89 4.2 REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS ........................................................................... 91 4.3 REGISTRO DE IMÓVEIS ............................................................................................................. 92 4.4 REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS ........................................................................... 98 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 102 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 103 TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA ...................................................................... 105 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 105 2 ARBITRAGEM ................................................................................................................................. 106 3 CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO ................................................................................................... 109 3.1 DA CONCILIAÇÃO ................................................................................................................... 110 3.2 DA MEDIAÇÃO ......................................................................................................................... 111 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 115 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 116 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 117 UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS ... 119 TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE................................................. 121 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 121 2 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA ROTINA DE TRABALHO .............................. 122 3 O ATENDIMENTO AO CLIENTE ............................................................................................... 122 4 O CADASTRO DO CLIENTE ....................................................................................................... 125 5 AUTOMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO AO CLIENTE ..................................................... 127 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 134 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 135 TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO ......................................... 137 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 137 2 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ....................................................................... 139 2.1 CONCEITO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ........................................... 139 2.2 OBJETO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ................................................. 142 2.3 NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ................... 142 2.4 DURAÇÃO E POSSIBILIDADE DE RESILIÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS .............................................................................................. 143 2.5 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ......................................... 144 2.6 NOTAS SOBRE A INTERPRETAÇÃO DOS ARTIGOS 608 E 609 DO CÓDIGO CIVIL ........ 145 2.7 O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS JURÍDICOS ............................................ 146 3 O CONTRATO DE MANDATO ................................................................................................... 147 3.1 MANDATO E PROCURAÇÃO ................................................................................................ 147 3.2 PARTES DO CONTRATO DE MANDATO ............................................................................ 148 3.3 SEMELHANÇAS E DISTINÇÕES ENTRE O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E O CONTRATO DE MANDATO ........................................................................ 148 3.4 CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE MANDATO ...................................................... 149 3.5 FORMA DO MANDATO........................................................................................................... 149 3.6 O SUBSTABELECIMENTO ....................................................................................................... 150 3.7 ESPÉCIES DE MANDATO ........................................................................................................ 150 3.8 ACEITAÇÃO DO MANDATO E A RATIFICAÇÃO DO MANDATO ............................... 152 3.9 OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO ........................................................................................ 152 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 155 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 156 TÓPICO 3 — A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS JURÍDICOS ........ 159 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159 2 OS PROCESSOS ELETRÔNICOS .............................................................................................. 159 3 A ASSINATURA DIGITAL ............................................................................................................ 161 4 A CRIPTOGRAFIA .......................................................................................................................... 163 5 CERTIFICAÇÃO DIGITAL ........................................................................................................... 164 6 A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS (LGPD)........................................... 165 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 169 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 171 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 173 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 175 1 UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo destaunidade, você deverá ser capaz de: • entender os conceitos iniciais e definições referentes à profissão de tecnó- logo em gestão de serviços jurídicos, notariais e de registro; • identificar as atribuições do gestor de serviços jurídicos; • compreender a importância da qualidade e da ética na prestação de ser- viços jurídicos. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SERVIÇOS JURÍDICOS TÓPICO 2 – ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS TÓPICO 3 – QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 SERVIÇOS JURÍDICOS 1 INTRODUÇÃO O gestor jurídico é um profissional que tem como atribuição principal ter o domínio técnico jurídico pleno, além de conhecer os temas fáticos que lhe são afetos, como as atividades desenvolvidas e por desenvolver da corporação, formas e prazos, questões de ordem financeira e contábil, dentre outras. Quem é o profissional de serviços jurídicos? São as pessoas às quais os advogados sempre pedem para fazer pesquisas, tirar cópias ou fazer anotações nas reuniões, são também chamados de paralegais. Tais profissionais são preparados mediante cursos, treinamentos e experiência trabalhista. Auxiliando advogados, promotores e juízes ao desenvolvimento de suas atividades. Vale lembrar que o foco da graduação em Tecnólogo de Serviços Jurídicos não é na atuação jurídica propriamente dita. Pois o graduado não poderá atuar como advogado. O foco desse curso é preparar profissionais capacitados, reflexivos e éticos para auxiliar nas atividades de apoio jurídico administrativo. 2 HISTÓRICO DA PROFISSÃO A profissão de Tecnólogo em Serviços Jurídicos é recente no nosso país e poucas são as instituições que oferecem esse curso de graduação. Foi originalmente criado pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS): [...] uma autarquia do Governo do Estado De São Paulo, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Económico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, que administra as 220 Escolas Técnicas (ETECs) e as 66 Faculdades de Tecnologia (FATECs) do Estado. Foi criado pelo governador Abreu Sodré em 1969. O CEETEPS possui mais de 290 mil estudantes matriculados em cursos técnicos e superiores (CPS, 2014, s.p.). O CEETESP criou o curso para atender uma demanda do Tribunal de Justiça de São Paulo, percebeu a necessidade de qualificação dos serventuários que atuam no Poder Judiciário em sua atividade. Tornando-os especialistas no trabalho, atuando junto àquele órgão da Administração Pública Estadual. A capacitação e formação de outros profissionais que atuam em diversos órgãos públicos e privados, aprimorando a prestação de serviço, atinge, de forma direta, a qualidade das prestações jurisdicionais. UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 4 Então, em setembro de 2005, foi criado o Curso Técnico de Serviços Jurídicos, promovendo a capacitação de servidores e serventuários da justiça, para que pudessem implementar ações, e elaborar conteúdos, com o objetivo de simplificar e efetivar os serviços jurídicos. A colaboração na criação de manuais de procedimentos adotados nas áreas de competência da Justiça e as atualizações, também, são considerados objetivos a serem desenvolvidos pelo Tecnólogo de Serviços Jurídicos. No segundo momento, a habilitação passou a ser oferecida para outras pessoas que não apenas os serventuários da justiça, destinando-se ao público em geral. Assim, qualquer pessoa que trabalhe em escritórios de advocacia, empresas que atuem com serviços jurídicos, ou que tivesse interesse em ingressar nesse mercado, teve acesso a essa formação. Atualmente, o curso é oferecido em diversas instituições de ensino, nas modalidades presencias e ensino a distância. Garantindo que diversas pessoas tenham acesso a formação. Nos Estados Unidos, essa profissão foi regulamentada desde 2015, e os tecnólogos jurídicos atuam, inicialmente, na esfera cível, mais especificamente na área de direito de família e violência doméstica. Existe a previsão de aumento na atuação para área trabalhista e imobiliária, mas é vedada atuação na esfera criminal. Entretanto, poderão auxiliar aqueles que não tem condições de pagar um advogado criminalista e fazem a autodefesa. Essa contribuição consiste em fazer pesquisas jurídicas, preparar petições, contratos e todos os demais documentos e aconselhar os clientes como um advogado. A demanda por esse profissional nos EUA surgiu em decorrência aos custos extremamente elevados de honorários de advogados naquele país. Até mesmo os recém formados cobram muito caro, pois seus custos são bastante altos para o exercício da profissão. Os honorários são cobrados por horas trabalhadas. Com a criação da profissão do Tecnólogo em Serviços Jurídicos, a população de baixa renda americana deixou de ir aos tribunais totalmente desamparada. Atualmente, conseguem informações e auxílio sobre os seus casos, antes de chegarem aos tribunais. A American Bar Association (ABA) foi contra a criação da profissão de tecnólogo de serviços jurídicos, pois entendem que o treinamento rigoroso, ao qual são submetidos os advogados, seja fundamental para que possam defender os interesses dos clientes. Em vez de acesso à Justiça, tudo o que os técnicos jurídicos vão oferecer é acesso à injustiça”, disse aos jornais a ex-presidente da Seção de Direito de Família da seccional da ABA no estado, Ruth Edlund. “Só porque você é pobre, isso não significa que seus problemas jurídicos são simples”, afirmou (MELO, 2015, s.p). TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS 5 Porém, existem opiniões divergentes dentro da própria associação, Paula Littlewood, diretora executiva da ABA e Risa Kaufman, professora da Universidade de Columbia, a profissão irá aliviar a crise judiciária em que vive aquele país e trará alívio às demandas da população hipossuficiente, quando necessitar recorrer ao judiciário (MELO, 2015, s.p.). Na teoria, os programas de assistência judiciária gratuita deveriam estar disponíveis a todas as pessoas que não podem contratar um advogado. No entanto, a “Legal Services Corporation”, a organização que financia as provedoras de serviços de assistência judiciária gratuita, não tem verbas para sustentar o programa. De 2010 a 2013, por exemplo, o Congresso dos EUA cortou US$ 80 milhões de seu orçamento. Mais de 1.200 advogados perderam seus empregos. (MELO, 2015, s.p). Dessa forma, surgiu a oportunidade de o profissional de serviços jurídicos ser absorvido pelo mercado, que incluía uma enorme demanda de assistidos que não tinham condições de custear os honorários advocatícios, e não eram bem atendidos pelo sistema de auxílio jurídico gratuito. Em Portugal, a profissão foi regulamentada em 2006 através da Portaria 1310, publicada em 26 de novembro daquele ano. Nesse país, o Técnico de Serviços Jurídicos é o profissional qualificado apto a desempenhar tarefas administrativas e processuais, de apoio à atividade desenvolvida nos Tribunais/Julgados de Paz, nos Cartórios Notariais, nas Conservatórias de Registos, nos Escritórios de Advogados e Solicitadores e nos Gabinetes Jurídicos das Empresas/Instituições. A profissão em Portugal, gerou menos polemica em relação aos Estados Unidos, o profissional tem funções bem delimitadas e são considerados auxiliares da justiça. As inúmeras reformas operadas na justiça criaram novas funções no domínio das profissões forenses. O agente de execução passou a desempenhar muitas das tarefasque se encontravam na esfera do tribunal, designadamente os atos de citação, notificação e penhora. O Balcão único, entendido como local único de atendimento e prestação de serviços transversais, com vista a celebração de certos negócios jurídicos, existente na administração pública, e ulteriormente adotado por solicitadores e advogados, reclamou, entretanto, destas profissionais estruturas informáticas, físicas e humanas, capazes de responder às novas atribuições. Ainda no domínio da atividade notarial foram atribuídas novas competências aos advogados e solicitadores. O fenómeno crescente da litigância de massa acarretou também uma necessidade suplementar de apoio no âmbito do contencioso empresarial e da advocacia e solicitaria. O acréscimo de tarefas dos referidos profissionais implicou, ainda, uma reorganização no desempenho da sua atividade e um maior e mais qualificado apoio. (SOUSA, 2018, s.p.) No Canadá, existe um profissional conhecido como “paralegal”, sua qualificação é através de sua educação, formação ou experiência adquirida pelo trabalho, por um advogado, escritório de advogados, corporação, agência governamental ou outra entidade, e que atue dando apoio técnico aos advogados e assessores jurídicos de empresas e outros órgãos públicos e provados. UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 6 Os paralegais são profissionais tecnólogos de serviços jurídicos independentes. Devem ser licenciados pela Law Society of Upper Canada, para poder atuar nos serviços jurídicos dentro do seu âmbito de prática para o público em geral. Paralegais licenciados em Ontário podem adquirir a sua própria empresa jurídica, também, atuar como um juiz de paz e ainda empregar-se como procurador municipal ou provincial. As diferenças entre advogados e paralegais são que os advogados podem dar aconselhamento jurídico, definir taxas, e representarem clientes, impetrarem ações nos tribunais, acompanharem processos (e outros documentos do tribunal) como procuradores. Já os Paralegais são responsáveis por tarefas de movimentação tais como a escrita jurídica, investigação e outras formas de documentação para os advogados para quem eles trabalham (LEITE, 2016, s.p.) Existe o paralegal na África do Sul, eles têm autorização para manter contatos com clientes dos advogados para quem trabalham, auxiliando na resolução de conflitos; fazem pesquisas jurídicas, preparam casos em tribunais. Normalmente são empregados por grandes corporações, grupos de advogados renomados, empresas jurídicas, agentes imobiliários e departamentos governamentais para prestar apoio jurídico às corporações. O Shihō Shoshi, no Japão, é um escrivão judicial, que tem atuação semelhante ao paralegal. O trabalho do escrivão jurídico fica entre o do secretário e do advogado. Não precisa estar vinculado a nenhum escritório para atuar, podem representar clientes em algumas matérias de menor nível, mas não em estágios mais avançados de litígios. Tal como acontece com os advogados no Japão, escrivães são regulados e devem passar por um exame para poderem exercer a profissão. Equivalente a esse profissional, existe o Beopmusa, na Coreia do Sul. O Reino Unido e o País de Gales reconhecem o paralegal que atua preparando os documentos referentes ao transporte de carga ou de terra, empreender direito de sucessões, contencioso empresarial. Entretanto, atua de forma restrita na realização de litígios nas audiências em tribunais. Na prática, muitos aparecem em tribunais em todos os níveis como assistentes. Atuam, ainda, como representantes da Polícia Estadual, na qual são credenciados dando conselhos gerais para os clientes mantidos em custódia policial. 3 O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS NO BRASIL A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ofereceu muita resistência à regulamentação e ao reconhecimento do profissional de serviços jurídicos, por entender que poderia ser uma concorrência ao advogado. TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS 7 Entretanto, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), reconheceu a profissão e inseriu no cadastro nacional de cursos pela Portaria 1.039 do MEC (3/10/2017). Ao contrário do que muitos afirmam, a função não é idêntica à de um estagiário ou de um advogado recém formado. O tecnólogo de serviços jurídicos terá atividade administrativa, sendo um gestor de escritório e não é de sua competência exercer atividades administrativas no âmbito de serviços jurídicos. A mais simples observação mostra que [...] aquele que está melhor situado sente a urgente necessidade de considerar como ‘legítima’ sua posição privilegiada, de considerar sua própria situação como resultado de um ‘mérito’ e a alheia como produto de uma culpa (WEBER, 2004, p. 54) O Estatuto da OAB é claro no seu art. 1º, senão vejamos. “São atividades privativas de advocacia: a postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas” (BRASIL, 1994, art. 1º). Nenhuma dessas atividades é contemplada no curso de gestão de serviços jurídicos. Na graduação de serviços jurídicos existem disciplinas relacionadas ao direito, assim como nos cursos de administração e contabilidade, mas não habilita tais profissionais a exercerem a advocacia. O debate ganhou repercussão desde 2017, como revelou o Consultor Jurídico (ConJur) em abril daquele ano, quando o MEC autorizou aulas em uma faculdade do Paraná. O tecnólogo pode se formar em dois anos e sai com diploma considerado de ensino superior. A OAB ajuizou a ação civil pública, sob o fundamento de que à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394/96) estaria sendo violada no trecho que segmenta a educação em níveis tecnológico e superior, sob o argumento de que a Ciência do Direito é material e formalmente incompatível com sua redução a um programa de curso tecnólogo. Entretanto, o judiciário entendeu que o MEC, ao autorizar que o conhecimento jurídico seja ensinado de forma técnica, ou seja, sem o grau de reflexão próprio do bacharelado, consubstancia ato de governo, com todos os prós e contras que daí decorrem ao mercado de trabalho e à sociedade. Tal decisão é do Estado-Governo, não do Estado-Administração. O argumento em que autorizar o curso violaria atividades privativas fixadas pelo Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), também, foi rejeitado. Afinal, se isso ocorrer, será caso de exercício ilegal da profissão, o que caracterizaria crime e deveria ser punido conforme estabelecido em leis penais. A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), o Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (SEMESP) e a Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades Isoladas e Integradas (ABRAFI), entre outras entidades, argumentam que serão formados profissionais capacitados em gestão, em incorporações que exijam conhecimentos básicos legislativos, sem que se confundam com a advocacia. UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 8 Vejo a discussão sobre o caráter científico do direito alinhada em primeiro plano com um debate maior, o do caráter científico das ciências sociais. O direito como ciência tem evidentemente suas peculiaridades. Mas o debate sobre os mé- todos aplicáveis às ciências sociais é análogo em grande parte ao que se discute em direito. Nesta primeira parte do estudo, vamos nos deter inicialmente nesse confronto entre ciências sociais e ciências da natureza (AGUILLAR, 2014, p. 7). Na petição encaminhada à 7ª Vara Federal do DF, as entidades alegam que o MEC pode elaborar cursos experimentais, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação,e que uma comissão de professores “experientes” aprovou o que é oferecido. As teorias da ação, ou teorias metodologicamente individualistas, portanto, estão sobrevalorizadas neste momento histórico em que visões estruturais se encontram profundamente enfraquecidas. Calcados na premissa da necessidade de um conhecimento objetivo da realidade social, alienado dos compromissos políticos, os modelos individualistas se aproximam das ciências da natureza. Seus defensores irão pugnar por uma convergência entre ambos os modelos de ciência para, fundamentalmente, negar o caráter científico do conhecimento social tradicional. A verdadeira ciência, para eles, é aquela que se vale de métodos tipicamente utilizados nas ciências naturais (AGUILLAR,2014, p. 8). Assim, percebe-se que o mundo mudou e o profissional de serviços jurídicos tem expansão no mercado e pode-se dizer que é fundamental para o melhor desempenho das atividades relacionadas ao direito. O profissional atuará em nível de assistência e assessoria em escritórios de advocacia de auditoria jurídica, recursos humanos, departamentos administrativos, magistratura, serviços de registro e notariais, promotoria, consultoria jurídica, departamentos jurídicos empresariais. Atuando como um administrador especializado em questões jurídicas, afinal, seus conhecimentos específicos garantem uma prestação mais adequada das demandas de um ambiente relacionado a advocacia. Pois, será um conhecedor do “Livro de Regras”. A concepção “livro de regras” concentra-se nos procedimentos e na autoridade. Ela salvaguarda a segurança jurídica e a separação de poderes (Dicey, 1915, p. 120-121; Fuller, 1969, p. 33-34; Raz, 2002, p. 214-219). Sua ideia central é a de que o poder do Estado deve ser exercido de acordo com regras explicitamente estabelecidas em um “livro de regras” público disponível a todos. Todo o ordenamento jurídico deve seguir essas regras até que elas sejam alteradas. A concepção livro de regras não estipula nada acerca do conteúdo das regras. Contudo, isso não significa que questões da justiça material das regras não possam ser discutidas. Significa, simplesmente, que tais questões não pertencem ao ideal de devido processo legal. A concepção direito, ao contrário, incorpora as exigências de justiça material ao devido processo legal. O devido processo legal necessariamente salvaguarda, por exemplo, direitos fundamentais, que podem ser definidos como direitos humanos que são transformados em direito constitucional positivado (Alexy, 1998a, p. 259-260; Dworkin, 2001, p. 11-13). A concepção direito do devido processo legal necessariamente implica a máxima da proporcionalidade (Allan, 2011, p. 159; Klatt; Meister, 2012b). Nessa concepção, questões de justiça material das TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS 9 regras são internas ao devido processo legal. Essa distinção entre a concepção formal e a material é bastante direta. Muito mais complexo é o problema normativo sobre qual concepção devemos seguir. Essa dificuldade é devido a um dilema (cf. Allan, 2001, p. 23): quando adotamos a concepção formal, corremos o risco de o devido processo legal ser transformado em uma mera máscara mal utilizada para legitimar as estruturas de poder existentes, escondendo a injustiça material (Unger, 1976, p. 176-181, 192-223). Quando, alternativamente, seguimos a concepção material, estamos vulneráveis à objeção do desacordo racional e do valor pluralismo (Craig, 1997, p. 487). Na concepção material, o devido processo legal, como Joseph Raz nos lembra, pode se referir a praticamente qualquer ideal político (Raz, 2002, p. 211, 221). O devido processo legal parece cair dentro de uma completa filosofia social e pode perder qualquer função independente. Portanto, não é uma ideia convincente interpretar o devido processo legal como a regra do bom direito. Gostaria de sugerir que podemos resolver esse dilema esclarecendo a relação entre o devido processo legal e o conceito de direito (ALEXY, 2017, p. 51). Dessa forma, o profissional, tecnólogo de serviços jurídicos, pode ter seu curso devidamente reconhecido e iniciar o exercício da profissão de forma regular, sem conflitos com a advocacia. A gestão moderna de serviços jurídicos Lara Selem O fenômeno da Globalização, de forma avassaladora, tem modificado a realidade de consumidores, governos e sobretudo das empresas, sejam elas pequenas ou grandes, de serviços ou de produtos. Enquanto fenômeno, trouxe consigo o crescimento dos fluxos de comércio de bens e serviços e do investimento internacional. Trouxe também a aceleração dos fluxos de capitais e tecnologias, cujos efeitos atingem a todos, ocasionando aumento de concorrência e instabilidade econômica. Por vezes, os efeitos desse fenômeno abrem horizontes para algumas empresas, porém também fazem com que outras evaporem em meio à acirrada competição que se instaurou no mercado. E é neste cenário que se percebe o quanto é difícil e pesada a responsabilidade dos administradores e executivos na tarefa de gerenciar suas empresas, superar as adversidades e equilibrar a competitividade. No caso específico do mercado jurídico brasileiro, um crescimento significativo no setor foi sentido nos últimos dez anos, ocasionado pela expansão geográfica das grandes corporações, pelos processos de privatização, fusão e aquisição de empresas, dentre outros fatores. Os escritórios de advocacia, por sua vez, perceberam os efeitos do fenômeno citado através do aumento da demanda por serviços jurídicos mais especializados, das facilidades e rapidez na comunicação, e das alterações no perfil da atividade econômica dos clientes, o que, numa análise superficial, pode significar grandes oportunidades. IMPORTANT E UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 10 Ocorre que, de oportunidades, tais efeitos podem se transformar em ameaças, caso os recursos humanos e financeiros não sejam otimizados, caso não se atente ao controle rigoroso na qualidade dos serviços, caso não se atinja uma alta performance técnica, enfim, caso as ações administrativas não sejam planejadas. Nesse ambiente crítico e inseguro, observa-se que muitos escritórios de advocacia, especialmente os de pequeno e médio porte (que são a grande maioria da indústria jurídica) e os de origem familiar, ainda não praticam o planejamento de suas atividades com vistas a aproveitar as demandas e neutralizar as ameaças, nem criam no ambiente interno uma mentalidade mais aberta a responder às mudanças, sejam elas de que natureza forem. Será, portanto, altamente recomendável que os escritórios profissionalizem suas estruturas e sua gestão, como verdadeiras empresas. Será preciso também que se adaptem às novas necessidades do mercado, com prudência na seleção de estratégias e implantação de novas formas de administração. Esse parece ser, a nosso ver, o grande convite feito aos advogados para que iniciem um processo de reflexão sobre seu negócio, atualizem seu talento administrativo, e percebam como podem vir a se tornar mais eficientes no combate ao ambiente instável e turbulento predominante na economia atual, caso façam uso dos conceitos empresariais em suas atividades administrativas. A gestão racional é, por certo, o meio mais eficaz para combater a crise instaurada, a alta competição, e os reflexos da globalização, bem como para fazer com que o escritório jurídico ajuste-se aos novos contornos da atividade econômica e à diversidade de problemas que invocam soluções com maior nível de especialização técnica. Através da gestão planejada estrategicamente tornar-se-á possível a busca pelo desenvolvimento futuro do negócio como um todo, a melhora da performance administrativa, a otimizaçãodos recursos e do relacionamento com os clientes. Uma adequada implantação do Planejamento Estratégico em escritórios de advocacia deverá, dentre outros: identificar, por meio de pesquisa, a situação presente e as oportunidades abertas para que desenvolva suas habilidades e sua base de clientes, para poder responder com mais precisão às necessidades deles; determinar as áreas de mercado que oferecem maior oportunidade para desenvolvimento futuro; identificar áreas de especialização que deveria desenvolver em nível de excelência; e, identificar as forças atuais e fraquezas à luz das oportunidades de mercado detectadas e para desenvolver uma solução factível entre sócios e equipe, no intuito de transformar aspiração em ação efetiva. Com isso, os objetivos e metas que envolvem a prestação de serviços dentro de um escritório de advocacia poderão ser alcançados, permitindo que um forte senso de direção e propósito comum atinja a todos os elementos humanos que compõem a equipe (sócios, associados, parceiros, estagiários, apoio administrativo, etc.), agregando valor aos serviços prestados, permitindo que o escritório se diferencie de seus concorrentes e, consequentemente, supere a crise. FONTE: <https://administradores.com.br/artigos/a-gestao-moderna-de-servicos-juridicos>. Acesso em: 3 jul. 2020. 11 Neste tópico, você aprendeu que: • O profissional de serviços jurídicos surgiu de uma demanda do próprio poder judiciário, e foi introduzido no Brasil através de cursos técnicos promovidos em São Paulo com o objetivo de capacitar servidores público, para melhor desempenho de suas atividades. • Posteriormente, foi ganhando visibilidade e o público externo aderiu ao curso com o objetivo de se especializar, de forma mais adequada na pratica de serviços dentro de órgão públicos e privados, que tenham afinidade com questões jurídicas. • Outros países já reconhecem tal atividade. Alguns, como os Estados Unidos, ofereceram maior resistência na aceitação desse novo profissional. Mas, em outros, como no Japão, a atividade é reconhecida e respeitada como um auxiliar na promoção da justiça. • Apesar de muita resistência oferecida pela OAB, o curso de tecnólogo de serviços jurídicos foi incluído no cadastro nacional de cursos e está, atualmente, sendo oferecido por diversas instituições tanto na modalidade presencial quanto EAD. RESUMO DO TÓPICO 1 12 1 Analise as asserções a seguir e sinalize se elas estão certas ou erradas. a) Com relação ao curso Técnico de Serviços Jurídicos, o qual veio para atender uma alta demanda do Tribunal de Justiça de São Paulo, percebeu-se uma necessidade de qualificação dos serventuários que atuam no Poder Judiciário. ( ) Certo. ( ) Errado. b) No Japão, a atividade de escrivão é reconhecida, e para o exercício da profissão não é necessário se submeter a nenhuma avaliação pelo órgão responsável pela atividade. ( ) Certo. ( ) Errado. c) O curso de Tecnólogo de Serviços Jurídicos foi introduzido no Cadastro Nacional de Cursos pelo MEC. Embora tenha tido bastante resistência por parte da OAB. ( ) Certo. ( ) Errado. AUTOATIVIDADE 13 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 1 INTRODUÇÃO O Tecnólogo em Serviços Jurídicos é formado para trabalhar na área parajurídica, atuando como uma figura fundamental. Auxiliando nas atividades associadas à gestão, cartórios, comunicação, planejamento estratégico e administrativas nos escritórios de advocacia e fóruns. Além de Tribunais de Justiça e Tribunais Superiores de Justiça. Através da graduação o profissional dessa área aprende as técnicas e as ferramentas necessárias para atuação de forma correta na área parajurídica. Surgindo diversas oportunidades de concursos públicos tanto na Administração Pública em geral, como na área administrativa judiciária. Além disso, o curso tecnólogo possibilita uma rápida inserção no mercado de trabalho. 2 O PAPEL MULTIDISCIPLINAR DO TÉCNICO EM SERVIÇOS JURÍDICOS: ATRIBUIÇÕES O tecnólogo de serviços jurídicos possui um leque de atividades a serem desempenhadas. Cada uma com suas especificações e peculiaridades que serão desenvolvidas ao longo do curso, com o objetivo de entender com qual delas existe uma identificação maior de cada profissional. 2.1 ANALISTA O Analista Judiciário é um cargo afeto ao Poder Judiciário, que poderá ser ocupado pelo tecnólogo de serviços jurídicos. Este cargo é fundamental e existe em todos os tribunais, em todas as esferas. O acesso a esse cargo é através de concurso público, conforme determinação do artigo 37, inciso II, da Constituição. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo 14 UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração II (BRASIL, 2016, p. 36-37). Assim, periodicamente são abertos concursos para o provimento desses cargos, essenciais ao funcionamento do Poder Judiciário. As atribuições do cargo de Analista Judiciário podem ser também de natureza administrativa, recursos humanos, atendimento ao público, arquivos e afins. Pode também, ser uma atividade jurídica, como trabalhar auxiliando o juiz. O cargo de Analista Judiciário de área jurídica, somente poderá ser ocupado, por um bacharel em direito. Será responsável por atividades de planejamento, organização, coordenação, supervisão técnica, assessoramento, estudo, pesquisa, elaboração de certidões, pareceres, execução, conferência e redação de documentos; conferência de expediente diversos; laudos ou informações e execução de tarefas de natureza e grau de complexidade correlatos. O Analista Judiciário da área administrativa, cargo que pode ser ocupado pelo tecnólogo de serviços jurídicos, exerce atividades de execução qualificada sob orientação e supervisão, envolvimento funções de contabilidade, finanças e auditoria públicas; contar, em todos os feitos, antes da sentença ou de qualquer despacho definitivo, mediante ordem do Juiz, os emolumentos e as custas; proceder à contagem do principal e dos juros nas ações referentes a dívidas em quantias certas e nos cálculos aritméticos que se fizerem necessários relativamente a direitos e obrigações; fazer o cálculo para pagamento de impostos; elaborar cálculos em geral, bem como proceder à contagem de custas e preparo de recursos; elaborar e efetuar laudos de avaliação; expedir certidões de atos e documentos de sua exclusiva competência; executar outras tarefas de natureza e grau de complexidade correlatos. FONTE: <https://www.migalhas.com.br/mercado-de-trabalho/noticia/268486/entenda-o- -que-um-analista-judiciario-faz>. Acesso em: 6 jul. 2020. NOTA Assim, o analista deve cumprir os despachos dos juízes. Para tanto é fundamental que entenda as regras de processo, para entender o que deverá ser feito na finalidade de dar andamento ao processo, em conformidade com aquilo que foi determinado pelo juiz. Os processos judiciais percorrem um longo caminho, desde sua propositura até o trânsito em julgado de uma sentença, isto é aquela decisão que não cabe mais recursos. O analista, portanto, será responsável pelo bom andamento dos processos,responsáveis pela produção das minutas de decisão e deverão também cumprir as tarefas que envolvem o cartório. Por terem acesso à área legal, esses habilitados precisam dominar direito material e especialmente, direito processual. TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 15 Os tribunais, em regra, são acionados, quando existem conflitos a serem solucionados pelo judiciário. Tomando por exemplo a justiça do trabalho, os TRTs são acionados quando existem conflitos trabalhistas. Os órgãos devem, então, analisar a queixa e optar por proceder ou não com ela. Caso seja uma denúncia verídica, os concursados do TRT darão início ao processo, garantindo que ele prossiga de forma justa. Então começa a atuação do analista, o qual será responsável por cuidar das minutas e dos deveres referentes ao cartório. No entanto, sua rotina não se resume a isso. Ele também será encarregado de analisar petições e processos; confeccionar minutas de votos; emitir informações e pareceres; proceder a estudos e pesquisas na legislação, na jurisprudência e na doutrina pertinente para fundamentar a análise de processo e emissão de parecer. O analista, ainda, deverá fornecer suporte técnico e administrativo aos magistrados, órgãos julgadores e unidades do Tribunal; inserir, atualizar e consultar informações em base de dados; verificar prazos processuais; atender ao público interno e externo; redigir, digitar e conferir expedientes diversos e executar outras atividades de mesma natureza e mesmo grau de complexidade. Em geral, a jornada de trabalho dos analistas é composta de 40 horas semanais, em turnos que duram de 11 às 18 horas ou de 12 às 19. Eventualmente, cumprem um plantão em horário noturno e/ou finais de semana. O analista deve ter nacionalidade brasileira. Se for português, deve estar amparado pelo estatuto de igualdade entre brasileiros e portugueses, com reconhecimento do gozo dos direitos políticos, nos termos do §1º do art. 12 da Constituição da República Federativa do Brasil, e na forma do disposto no art. 13 do Decreto Federal nº 70.436, de 18 de abril de 1972. Precisa ser maior de 18 anos e estar em dia com suas obrigações eleitorais. Os candidatos do sexo masculino, estar em dia com o serviço militar. Não ter impedimentos no âmbito político. Ser capaz de comprovar seu grau de escolaridade, isto é, graduação em qualquer curso de nível superior para o analista administrativo e ser graduado em direito para o analista judiciário e estar apto física e mentalmente para cumprir suas obrigações. O salário desse profissional varia conforme o órgão empregador. Se for um tribunal de instância federal, fica sujeito às regras de pagamento de funcionários da União. Se for um órgão estadual como por exemplo, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o TJRJ, se submete às regras de pagamento do poder judiciário daquele estado. 16 UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 2.2 TÉCNICO O técnico judiciário é o servidor público, responsável por diversas atividades de suporte técnico e administrativo realizadas nos órgãos em que estão lotados. O técnico executa atividades de apoio em nível intermediário conforme sua área de atuação. Entre elas estão a elaboração relatórios e certidões, redação e digitação de documentos, atividades relativas aos recursos humanos, atendimento ao público e materiais financeiros e orçamentários. Além dessas atribuições, o técnico judiciário é responsável pela abertura e encerramento de audiências, tramitação de feitos, guarda e conservação de processos e comunicação entre as partes de um processo. O técnico judiciário pode atuar em órgãos como Tribunal Regional Eleitoral, Tribunal Regional do Trabalho, Tribunal de Justiça, entre outros, na área administrativa, sem especialidade, deve ter concluído o ensino médio. Entretanto, caso sua função exija atividades específicas, como Tecnologia da Informação, Transportes, Segurança do Trabalho e Enfermagem, deve ter ensino técnico na área e, conforme for o caso, registro de classe. Pois o trabalho desses técnicos será relativo à profissão de cada um. 2.3 ASSESSOR JURÍDICO A função do assessor jurídico está relacionada ao que chamamos de advocacia preventiva, ou seja, a que evita o surgimento de uma líder e de um processo judicial. A advocacia preventiva é composta da consultoria, assessoria e direção. Na assessoria, assim como na consultoria, será dada uma orientação ao cliente sobre as decisões relativas a atos e negócios jurídicos que serão praticados. Porém, existe uma pequena diferença entre as duas prestações de serviço. Na consultoria, o cliente faz um questionamento sobre o assunto de seu interesse, a partir dos dados fornecidos será emitido um parecer, com os devidos fundamentos jurídicos. Tal parecer poderá ser verbal ou escrito, mas em ambos os casos deve ser conclusivo e fundamentado à luz do direito. Já na assessoria, o cliente recebe auxílio na condução da prática de atos da vida civil. Fornecendo conhecimentos jurídicos essenciais na tomada de decisões que geram efeitos. O assessor jurídico reúne dados e informações que possam evitar que o cliente tenha prejuízos futuros, com eventuais processos judiciais e ou anulação do ato praticado por algum defeito. TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 17 Assessoria permite várias ações em benefício do cliente. Pode ser uma mediação de conflitos, em que o mediador conduz até que se chegue a um acordo justo entre as partes envolvidas. O assessor jurídico poderá, ainda, acompanhar o cliente em uma reunião em que as partes tratarão de assuntos que envolvam, em alguma medida, conhecimentos legais sobre as matérias constantes das pautas, como, por exemplo, em uma Assembleia Geral em um condomínio. A atividade de direção, na advocacia preventiva é a coordenação ou chefia de um setor nas organizações, cuja função seja a atividade de consultoria ou assessoria. É importante ressaltar que o exercício da atividade de direção em setores ou departamentos jurídicos não seria restrita a questões de organização, planejamento financeiro e de logística, o que poderia ser exercido perfeitamente por um Administrador. À frente de um departamento jurídico, o tecnólogo de serviços jurídicos não exercerá diretamente as atividades de postulação, ou eventualmente a de assessoramento, mas será o responsável pela estratégia que será adotada na demanda judicial ou administrativa; conduzirá seus auxiliares nas pesquisas; revisará petições e outras peças técnicas; será o principal norte para a corrente doutrinária a ser adotada a cada caso. A atividade de assessoria jurídica passou a existir representada por uma pessoa ou empresa que tinha por responsabilidade não apenas a identificação e investigação de problemas relacionados à política, organização, procedimentos e métodos, mas, também, à orientação adequada à resolução dos problemas. Existia um problema, mas o pessoal efetivo, ou seja, interno, não tinha especialização necessária para resolvê-lo (KUBR, 1986, p. 145). Desta forma é fundamental que tenha os conhecimentos que lhe permitirá exercer seu ofício com o grau de qualidade e apuro técnico que se espera de um departamento jurídico. O tecnólogo de serviços jurídicos, ao assumir a função de assessor jurídico, deve se empenhar nos conhecimentos referentes à área do direito que pretende atuar. O assessor jurídico tem três princípios básicos. O primeiro é o conhecimento técnico de direito no seu ramo específico. O segundo princípio é a formação, especialização e qualificação que servem para a personalidade e inteligência emocional, fundamentais ao exercício da função. Se ele não faz esta formaçãopsicológica e filosófica contínua – para si mesmo, não para os outros – corre o risco de acreditar-se um grande advogado, porém não possui mais os fundamentos, não possui mais a fonte da inteligência. Isto é, a competência psicológico-filosófica serve para manter o exercício da sua inteligência, do seu intelecto. Se ele não faz isso, corre o risco de sentir-se potente, porque, é claro, as pessoas recorrem ao advogado somente quando têm problemas (MENEGHETTI, 2007, p. 39). O último princípio está relacionado ao conhecimento real e integral do caso antes mesmo de aceitar a causa. Pois, apenas dessa forma poderá prestar a melhor assessoria ao cliente, solucionando seus questionamentos de forma adequada. 18 UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 2.4 OFICIAL DE JUSTIÇA As atividades do Oficial de Justiça são determinadas pela Constituição e, em especial, pelo Código de Processo Civil, Código de Processo Penal e demais leis relativas à procedimento. São consideradas, também, as normas administrativas editadas pelas Corregedorias de Justiça de cada Estado, que regulamentam situações especificas, com relação à forma pela qual as normas legais devem ser observadas. Desde a antiguidade, o Oficial de Justiça tem importante papel para a prestação jurisdicional. A origem da função do Oficial de Justiça é muito antiga Segundo alguns historiadores, a carreira do oficial de justiça tem sua origem, no Direito Hebraico, quando os Juízes de Paz tinham alguns oficiais encarregados de executar as ordens que lhes eram confiadas; embora as suas funções não estivessem claramente especificadas no processo civil, sabe-se que eles eram os executores da sentença proferida no processo penal. Munidos de um longo bastão, competia-lhes prender o acusado, tão logo era prolatada a sentença condenatória (PIRES 1994, p. 19). No período Justinianeu, “foram atribuídas sucessivamente aos Apparitores e executores as funções que, na atualidade, são desempenhadas pelos Oficiais de Justiça. O legislador romano criou órgãos para ajudá-los no cumprimento das sentenças” (NARY, 1974, p. 22). O Código Filipino utiliza, pela primeira vez a expressão “meirinho”, que até os dias de hoje ainda é utilizada como referência ao Oficial de Justiça. Aquele código inovou ao adotar diversas atribuições diferenciada como o “meirinho-mor”, o “meirinho da corte”, o “meirinho das cadeias”, e o “meirinho”, propriamente dito, com a função típica do Oficial de Justiça de hoje. No Brasil, desde a época imperial, adotou-se os princípios do direito português. Assim, considera-se o Oficial de Justiça um executor de ordens, aquele que fica responsável em efetuar os mandados proferidos por juízes. Cabe a esse profissional notificar, intimar, citar, realizar diligências e vários atos processuais ao seu encargo. Considerando suas principais atribuições o intercâmbio processual e as práticas de atos de execução. O Código de Processo Civil, no artigo 154, traz as atribuições do Oficial de Justiça nos seguintes termos: Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça: I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora; II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento; IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; V - efetuar avaliações, quando for o caso; VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 19 por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber. Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento regular do processo, entendendo-se o silêncio como recusa (BRASIL, 2015, art. 154). Alguns doutrinadores entendem que o Oficial de Justiça é uma pequena engrenagem, mas fundamental para o funcionamento do sistema. A grande maioria dos atos processuais necessita da participação de oficial de justiça para seu cumprimento. Um dos requisitos importantes para que o Oficial de Justiça cumpra seu trabalho e efetivamente sirva ao Judiciário de forma serena e correta, é a realização do ato com bom senso e dedicação e com fiel observância da lei. (PIRES, 1994, p. 15) O Oficial de Justiça representa a figura do juiz fora do prédio do Fórum, sendo fundamental a sua existência para a ocorrência de andamento processual de forma satisfatória. Dessa forma, o Oficial de justiça deve ser profundo conhecedor das regras processuais para que possa promover as diligências de forma correta. É importante ressaltar que mesmo esse profissional sendo fundamental para promoção de justiça de forma adequada, ele sofre limitações nos exercícios de suas atividades. Principalmente nas suas funções de executores de ordens judiciais, nas quais esses servidores muitas vezes correm perigo de vida. Fazendo jus ao adicional de periculosidade pelo exercício da função. Princípios são regras norteadoras utilizadas pelo legislador para determinar o direcionamento adequado da regra a ser criada. Os princípios constitucionais são regras mestras, são eles que definem a estrutura de uma constituição. Podem ser considerados os alicerces do sistema jurídico de cada Estado, pois direcionam todo ordenamento jurídico. Conforme o artigo 37 da Constituição Federal, são princípios Constitucionais a legalidade que determina que somente é permitido fazer o que a lei autoriza; a impessoalidade determinando a isonomia como regra; a moralidade, o dever de zelar pela probidade, respeitando os princípios éticos de razoabilidade e justiça; a publicidade estabelecendo que os atos devam ser transparentes, salvo os que a lei exigir segredo de Justiça; a eficiência, buscando alcançar o resultado desejado, por meio do exercício de sua competência, de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade e a celeridade, o juiz deve ser ágil no cumprimento dos mandados judiciais. Desta forma, é importante ressaltar que a função do Oficial de Justiça deve ser exercida em consonância com tais princípios. E deverá ser diligente no exercício da função para não violar nenhum desses princípios. Além de tais princípios, existem os processuais – relativos às leis processuais e que atingem diretamente a função do Oficial de Justiça. De acordo com Andrade (2012), são eles: 20 UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS • Imparcialidade: tal princípio permite que o Poder Judiciário decida livremente sobre os conflitos que lhe são apresentados, sem se abalar com pressões externa. • Lealdade: o dever de as partes agir de forma leal no processo. Àquele que usar do processo para obter vantagem indevida por meios ardis há de ser aplicada as penalidades cabíveis. • Boa-fé: tal princípio determina que deve ser aproveitar os efeitos possíveis do ato praticado, de boa-fé, com base em erro justificado pelas circunstâncias. • Celeridade: estabelece que deve ser ágil no cumprimento dos mandados judiciais. • Transparência: traz ao conhecimento público e geral dos administrados a forma como o serviço foi prestado, os gastos e a disponibilidade de atendimento. • Probidade: é o princípio que exige que o agente público deva agir com retidão no trato da coisa pública, sob pena de incorrer na perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. • Eficiência: este princípio impõeaos agentes públicos, as pessoas físicas que exercem funções públicas em nome da Administração, uma atuação célere e tecnicamente adequada, sempre objetivando um melhor desempenho de suas atividades. Os Oficiais de Justiça, apesar de cumprir diversas diligências fora dos prédios dos tribunais, não têm à disposição veículos do Estado. São obrigados a utilizar seus veículos próprios para o cumprimento de funções. Eventualmente são obrigados a conduzir testemunhas que não comparecem às audiências e transportar algum bem apreendido. Para tanto, recebem um auxilio referente, apenas, ao combustível utilizado em tais situações. O Oficial de Justiça responde pelos atos não praticados e têm responsabilidade civil pelo não cumprimento dos atos processuais. Art. 155 do CPC - O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça são responsáveis, civil e regressivamente, quando: I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados; II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa (BRASIL, 2015, art. 155) Assim, a parte “deve ser por eles indenizado, desde, porém, que não tenha havido um motivo justo para a recusa. Se a recusa se deu por motivo justificado, ainda que tenha causado prejuízo, não haverá responsabilidade pelo ressarcimento” (LEVENHAGEN, 1995, p. 162). Entretanto, se o não cumprimento ocorreu por motivo justificado não existe a obrigação de indenizar. O oficial de justiça, por exemplo, que se recuse de cumprir um mandado de intimação de testemunhas, porque estas residem em lugar interditado pela Saúde Pública, por estar ali se alastrando uma doença contagiosa, essa recusa – desde que comprovada à causa – não acarretará qualquer responsabilidade ao oficial, por possíveis prejuízos que as partes vierem a sofrer (LEVENHAGEN, 1995, p. 163). É importante ressaltar que no Brasil atual o cenário é de violência, principalmente nas cidades grandes, o que dificulta e muito o trabalho do Oficial de Justiça. O processo é uma sequência de atos gerados pelas partes, TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 21 com a finalidade única de solução da lide. É necessário que o ato processual esteja previsto na lei ou, pelo menos, que não a contrarie, realizado de sorte que preencha o fim pretendido. Deve haver um nexo necessário entre a realização do ato e sua finalidade (PIRES,1994). O Oficial de Justiça também é responsável por movimentar e dar vida à ação ao realizar os atos de Citação, Intimação, Notificação, Penhora e Arresto, Sequestro, Avaliação, Busca e Apreensão, Desocupação, Imissão e Manutenção de Posse. Tem o dever de trazer ao processo a realidade dos fatos, a qual, muitas vezes, é omitida ou destorcida pelas partes. O Oficial de Justiça tem o contato com o mundo real e informa a realidade ao juízo. Conforme o inciso VI do artigo 154 do CPC, o Oficial de Justiça tem atribuição de propor a autocomposição. Essa função foi introduzida pelo Código de Processo Civil de 2015, no antigo não se fazia menção a isso. O que é considerado bastante razoável, pois o oficial de justiça é o primeiro a ter contato com a parte. Certamente o Oficial de Justiça, ao promover o devido ato processual, obterá êxito em conseguir do jurisdicionado alguma proposta de autocomposição, o que agiliza, ainda mais, o trâmite processual, quando poderá ocorrer a homologação da autocomposição antes mesmo do comparecimento pessoal das partes junto ao órgão jurisdicional competente. Assim, resta provado a valorização conferida ao Oficial de Justiça, pelo legislador. Tal nova atribuição funcional deste serventuário da justiça só tende a prestigiar a solução consensual dos conflitos, o que é amplamente incentivado pelo novo CPC. O Oficial de Justiça exerce função de incontestável relevância no universo judiciário. É através dele que se concretiza grande parte dos comandos judiciais atuando a meirinho como verdadeira longa manus do magistrado. [...] É um auxiliar da Justiça e, no complexo de sutilezas dos atos processuais, é elemento importante para a plena realização da justiça (PIRES 1994, p. 7 e 17). Conclui-se, então, que a atividade do Oficial de Justiça é fundamental para que ocorra a efetividade dos atos jurisdicionais, que precisão ocorrer além do espaço físico dos tribunais e será considerado a longa manus do juiz, cumprindo suas determinações e mandados. 22 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A formação em tecnólogo de serviços jurídicos capacita o profissional para os exercícios de diversas atividades relativas ao mundo jurídico, nas quais terá a oportunidade de utilizar seus conhecimentos referentes as disciplinas de direitos em suas diversas áreas. Tem o dever de cumprir os despachos dos juízes. • Outra possibilidade de atuação do formado em serviços jurídicos é a de técnico judiciário, ou seja, o funcionário responsável em dar suporte ao judiciário em diversos aspectos. É um servidor público do poder judiciário que participa de comissões, quando lhe for solicitado, e de treinamentos diversos de interesse da administração. Executa os serviços de expediente, servir nas audiências, elaborar e digitar pautas de publicação, desenvolver atividades em geral dos órgãos em que trabalham, elaborar certidões e relatórios, indexar documentos, atender ao público, entre outras atividades a ele incumbidas por seu superior. • O trabalho do assessor jurídico é mais complexo, ele atua na chamada advocacia preventiva e de suporte ao cliente na prática de atos que envolvam alguma situação que possa ter consequências jurídicas. • O objetivo da assessoria jurídica é evitar que o cliente venha a ser obrigado a se submeter a um processo judicial ou gere nulidade do ato praticado. • O assessor também pode ter a função de administrar ambientes relacionados à atividade jurídica, como escritórios de advocacia ou incorporações que possuam algum setor jurídico ou que necessitem de direcionamento jurídico para o exercício de suas atividades. • O oficial de justiça é o servidor público responsável pela prática dos atos processuais que devem ocorrer fora do tribunal. É através desse profissional que o juiz toma conhecimento da realidade, que por vezes poderá ser distorcida pelas partes em suas petições. 23 1 Analise as asserções a seguir e sinalize se elas estão certas ou erradas. a) A atividade do analista poderá, também, envolver questões administrativas como rotina de RH, por exemplo. ( ) Certo. ( ) Errado. b) O técnico judiciário não é, necessariamente, um servidor público. Tal atividade poderá ser desempenhada por qualquer particular, sem prestar concurso. ( ) Certo. ( ) Errado. c) O assessor jurídico tem atribuição relacionada ao contencioso, não faz parte das suas atribuições agir preventivamente evitando, assim, os conflitos judiciais. ( ) Certo. ( ) Errado. AUTOATIVIDADE 24 25 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO 1 INTRODUÇÃO Existe um conjunto de normas morais que devem ser exercidas por todos os profissionais, em qualquer atividade que desempenhe, é o que se dá o nome de ética profissional. Ética é um conceito filosófico que classifica o que é certo ou errado dentro da sociedade, garantindo uma convivência harmônica entre as pessoas. A importância da ética profissional no ambiente corporativo é fundamental, pelo fato de permitir que o ambiente de trabalho possa ser harmonioso, o que reflete diretamente no nível de comprometimento do grupo. Dessa forma, os funcionários se tornam mais comprometidos e satisfeitos com o trabalho. Logo, todo o clima amigável irá fazer com que o rendimento aumente.Já sob o ponto de vista das incorporações: “a ética profissional faz com que a empresa consiga passar uma imagem muito positiva. Isso dá credibilidade ao órgão, que, naturalmente, consegue atingir aqueles objetivos pré-estipulados” (EDITAL CONCURSOS BRASIL, 2020, s.p.). 2 GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS PÚBLICOS A cada dia que passa, cresce o número de advogados no mercado, o que faz com que a concorrência aumente e torne-se extremamente necessário que sejam estabelecidos critérios para tomada de decisões em ações planejadas, necessidade de manutenção do espírito empreendedor, preparação para as modificações naturais do mercado. Dessa forma, conclui-se que as organizações que ponderam os interesses tanto empregados, gestores, como os seus clientes, considerando as capacidades e necessidades de cada um para tomar as decisões mais adequadas, com melhoria com base na alocação de seus recursos disponíveis de forma a buscar uma qualidade satisfatória que atenda ou supere as expectativas dos seus clientes. O mundo atual necessita de tomada de decisões mais céleres, com isso, os serviços jurídicos tornaram-se mais dinâmicos. Uma empresa que procura assessoria jurídica externa, não busca apenas um parecer jurídico com reprodução da letra fria da lei, mas sim a interpretação para que a melhor decisão seja adotada. 26 UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS Assim, o assessor jurídico torna-se peça fundamental para o sucesso do negócio. O cliente procura confiança, o preço pode ser a parte menos importante, pois a credibilidade no profissional é fundamental. As informações são facilmente obtidas atualmente, pelos clientes e via internet. Todos os Tribunais possuem redes sociais, nas quais divulgam suas principais decisões. Além das informações veiculadas pela imprensa, os próprios tribunais superiores transmitem, ao vivo, sessões de julgamento em rede nacional. Portanto, os clientes têm noções sobre assuntos diversos mesmo sendo leigos, o que torna necessário não só mais a atualização diária do profissional para os conhecimentos científicos, como também, a obrigatoriedade de se ter postura e conhecimento da área da administração para atender este tipo de demanda, pois, torna cada vez mais exigente a prestação de serviço e, por consequência, a cobrança por resultados. Os prestadores de serviços jurídicos precisam perceber a quantidade de serviços que poderão ser ofertados aos clientes. Avaliar os serviços que estão sendo oferecidos. A percepção das novas demandas, será um diferencial para que o cliente escolha o prestador de serviços jurídicos mais adequado ao seu perfil e necessidades. São fundamentais o aperfeiçoamento contínuo e a preocupação para prestar um serviço com qualidade, impõe que se tenha conhecimento não só da área do direito, como também da área da administração. Surge, então, a figura do tecnólogo de serviços jurídicos como administrador, pois as faculdades de direito não qualificam os bacharéis a exercerem essa função. Os escritórios de advocacia precisam considerar o quanto é importante a qualidade na prestação dos serviços. Modificando os aspectos apontados como vulneráveis e mantendo os apontados como de boa performance. Nesse contexto, o profissional de serviços jurídicos poderá fazer todo um diferencial, auxiliando na gestão do negócio. Via de regra, é feito um planejamento estratégico nas organizações incluindo todas as partes interessadas. Assim, a responsabilidade sobre os resultados é parcelada entre todos. Fazendo-se uma prevenção contra possíveis ameaças às estratégias adotadas. A administração bem feita é fundamental em qualquer atividade, não apenas na advocacia. Uma boa administração requer planejamento sendo “uma forma de atuar que se materializa em um conjunto de providências a serem tomadas” (SANTOS, 2010, p. 33). Cabendo, assim, ao tecnólogo de serviços jurídicos planejar, mediante aos estudos, todos os pontos de referência estabelecidos para a ação empresarial com habilidade, enfrentando os seus desafios quanto à qualidade e resultados imediatos. Antes de mais nada, precisa-se identificar o que é serviço, ou seja, um conjunto das prestações que o usuário espera além do produto ou do serviço de base, em função do preço, da imagem e da reputação presentes (HOROVITZ, 1993, p. 47). TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO 27 Um serviço poderá “alcançar um termo mais amplo, tendo nas décadas de 1960, 1970 e 1980 sido sugerida uma série de definições, acrescendo que na maioria das vezes, um serviço envolve interações de algum tipo com o provedor de serviço” (GRÖNROOS, 2009, p. 46). O conceito de serviço é: qualquer ato ou desempenho que uma parte possa oferecer a outra, desde que seja essencialmente intangível e que não resulte em propriedade de alguma coisa. Nos escritórios de advocacia, os principais serviços são: serviços de preposição, serviços de cobrança, consultoria jurídica e serviços gerais (ações de todas as áreas do Direito) (KOTLER, 1998, p.78). Após entender o conceito de serviço, é fundamental que o prestador de serviços jurídicos tenha consciência que é preciso gerir o seu negócio da melhor forma. Para tanto, é fundamental conhecer os mecanismos de gestão de serviços. “Um grande número de organizações adota, como modelo de gestão, direcionamento por processos buscando atingir maior agilidade e flexibilidade, diminuição de gastos, melhoria no atendimento e qualidade entre outros benefícios aos clientes” (VIEIRA, 2010, p. 24). A gestão de serviço é, portanto, uma maneira de se procurar entender como deverá ser administrada uma empresa na prestação de serviços. Uma boa prestação de serviços proporciona benefícios aos clientes, de forma concreta, que possa ser percebida por todos. Portanto, a gestão de serviços é essencial para as organizações, sendo o planejamento estratégico indispensável, devendo existir uma preocupação permanente com tal gestão, de forma a refletir direta e constantemente na qualidade dos serviços, conquanto primordial para o êxito e competitividade das empresas (VIEIRA, 2010). A concorrência é muito grande, portanto a qualidade na prestação é fundamental para que o prestador de serviço se destaque no mercado, “as organizações, a cada dia buscam melhorar suas ações de gestão, através de adequações às necessidades dos clientes e às constantes inovações tecnológicas e manutenção da competitividade” (VIEIRA, 2010, p. 26). A doutrina dos Grönroos (2009) apresenta o que se chama de “pacote de serviços”, o qual representa diversos serviços, tangíveis e intangíveis que, conjuntamente, representam o serviço. Diante disso, o serviço será dividido entre o serviço central e os serviços secundários ou periféricos. Dividindo-se, então, os serviços em três grupos como forma de gerir o serviço a ser prestado. Os três grupos são: 1) serviço central; 2) serviços (e bens) capacitadores; e 3) serviços (e bens) de melhoria. Os serviços são classificados, conforme dispõe Nóbrega (2013), no Quadro a seguir, em central e acessórios (suplementar e complementar). 28 UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS QUADRO 1 – OS TIPOS DE SERVIÇOS Tipo de Serviço Conceituação Serviço Central Serviço essencial, motivo da procura Serviços Acessórios Serviços complementares Serviços que viabilizam o uso do serviço central. Sem eles, geralmente não se consegue fazer uso do serviço central. Serviços suplementares Serviços usados para agregar valor, ou para fins de diferenciação. FONTE: Adaptado de Nóbrega (2013) A prestação de serviço deve, ao mesmo tempo, oferecer alto nível de perícia e qualidade
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