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Milena Silva Araujo MEDUFES 105 Gastroenterologia Hepatopatia alcoólica ● História natural: inicia com esteatose hepática alcoólica, evolui para hepatite alcoólica e, por fim para cirrose hepática; em média 20 a 25 anos de evolução ● Esteatose hepática alcoólica: primeira alteração que ocorre ○ ■ Microgotas ou macrogotas de gordura nos hepatócitos ■ Degeneração hidrópica ○ ■ Praticamente todos os hepatócitos com esteatose → sintomatologia clínica Milena Silva Araujo MEDUFES 105 ○ ■ Fibrose perivenular e reforço perihepatocitário → sinais de risco de evolução para cirrose hepática ○ Tratamento: ■ Abstinência alcoólica ■ Correção distúrbios nutricionais ■ Suplementação vitamínica ■ Evitar e tratar hipoglicemia ■ Tratar síndrome de abstinência ● Hepatite alcoólica: ○ A presença de esteatose ou de outro sofrimento intracelular pode levar à apoptose ou a sofrimento celular ○ Toda vez que há necrose, apoptose ou sofrimento intracelular, são recrutados macrófagos ○ O encontro de infiltrado linfocítico na biópsia indica processo inflamatório ○ ○ Aspectos epidemiológicos: predomínio masculino, em média aos 40 anos Milena Silva Araujo MEDUFES 105 ○ ■ Fígado aumentado de tamanho, edemaciado, com diminuição da coloração ○ Fisiopatologia: ■ Ação direta do álcool e de seus metabólitos: ● Altera o metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos → explosão respiratória no hepatócito → altera estado redox → disfunção mitocondrial, depleção de antioxidantes e formação de radicais livres com lesões intracelulares ■ Ação secundária mediada por células inflamatórias: ● O uso do álcool leva ao aumento da permeabilidade intestinal, o que permite translocação bacteriana e de endotoxinas ● A liberação de endotoxinas leva a um processo de liberação de citocinas, o que ativa células inflamatórias do fígado (eixo intestino x fígado) ● Ativação das células de Ito → transformação das células estrelares em fibroblastos → aumento do processo inflamatório e de formação de fibrose ○ Aspectos laboratoriais: ■ Anemia macrocítica ■ Leucocitose ■ Hiperbilirrubinemia ■ AST > ALT (pelo menos 2x o valor normal) ■ Gama GT elevada ■ TAP/INR → indicador prognóstico ○ Hepatite alcoólica clinicamente sintomática (HA grave): ■ Cursa com insuficiência hepática aguda ■ 40% dos CH álcool podem desenvolver HA ■ Agudização de hepatopatia crônica e falência hepática, quadro conhecido como ACLF ■ Altas taxas de mortalidade ■ Diagnóstico: ● O paciente deve ser alcoolista e ter bebido nas últimas 8 semanas ● Alcoolistas com icterícia de início recente (com bilirrubinas maior que 3 mg/dL) ● Aumento de transaminases até 10x o valor normal (predomínio de AST) Milena Silva Araujo MEDUFES 105 ● Ausência de outras causas de colestase ● Obs.: pacientes graves desenvolvem SIRS e é importante o diagnóstico diferencial com sepse ○ Estratificação de risco: ■ Índice de função discriminante de Maddrey (IFD): teste matemático que utiliza bilirrubina total (BT) e tempo de protrombina (TAP) ● IFD igual ou maior que 32: gravidade ○ Alto risco de mortalidade em 28 dias ○ Necessidade de corticoterapia ■ MELD maior que 20 em alcoolista crônico também tem pior prognóstico ○ ■ Histologia de HA grave ■ Perda da arquitetura hepática ■ Hepatócitos necrosados ○ Milena Silva Araujo MEDUFES 105 ■ Infiltrado inflamatório entre as necroses ■ Presença de esteatose ○ ■ Corpúsculo de Mallory: inclusão citoplasmática acidófila, formada a partir de hepatócitos que sofreram degeneração; marcador importante de HA, embora não seja patognomônico ○ Tratamento: ■ Medidas especiais (usadas no passado): ● Corticosteróides ● Anabolizantes ● Insulina/glucagon ● Pentoxifilina ● Terapia nutricional ● Propiltiouracil ● Colchicina ● Transplante ■ Atualmente: ● Corticóide: prednisona 40 mg/dia por no mínimo 28 dias, depois diminui gradativamente ○ Em HA grave, o uso de corticóide diminuiu significativamente a mortalidade em pacientes com encefalopatia e sem hemorragia digestiva, infecção ou insuficiência renal ○ Casos leves (Maddrey < 32): não usar ○ Potencialmente úteis: casos graves (Maddrey > 32) sem HD, infecção, insuficiência renal ○ Escore de Lille: utilizado para saber se o corticóide está sendo útil ■ Modelo matemático feito no 7º dia do corticóide ■ Usa idade, albumina, creatinina, TAP, BT do dia 0 e BT do 7º dia ■ Lille > 0,45: prediz mau prognóstico, devendo ser interrompido os corticosteróides Milena Silva Araujo MEDUFES 105 ■ Escore de Lille no 4º dia de corticóide poderá ter boa correlação com o calculado no 7º dia, mas ainda requer validação ● Transplante: não faz no Brasil, porque a HA ainda não está caracterizada como lesão aguda e só pode transplantar alcoolista após 6 meses de abstinência ■ ● ALT deve ser menor que 400, porque acima disso, a princípio, é uma hepatite aguda ● ● Nutrição e hepatopatia alcoólica: má nutrição importante quase sempre está presente nos pacientes com hepatopatia alcoólica e deve ser considerada um aspecto significativo e provavelmente crucial da doença Milena Silva Araujo MEDUFES 105 ● Transplante na cirrose alcoólica: ○ Sobrevida de 1 ano > 80%, 5 anos entre 60 a 70% ○ Abstinência de 6 meses ○ Recidiva: 10% em 3 anos
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