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Introdução Relembrando um pouco da fisiologia glomerular Barreira de Filtração glomerular é formada pela membrana basal glomerular, células endometriais, fenestras, lâmina rara densa, lâmina média, lâmina externa e pedicelas. Glomerulopatias: grupo de doenças renais causadas por uma injúria no glomérulo. Pode levar a lesões estruturais da membrana basal e lesões proliferativas. As manifestações clínicas das glomerulonefrites estão relacionadas com o tipo de lesão. Síndrome nefrítica é uma lesão de proliferação celular com proliferação das células mesangiais associado com um infiltrado inflamatório. Ocorre diante disso uma diminuição do filtrado glomerular → glomerulonefrite difusa aguda Síndrome Nefrítica Processo inflamatório agudo com perda abrupta da superfície de filtração glomerular, gerando uma redução da excreção de líquidos, pequenos solutos e eletrólitos gerando um quadro clínico de síndrome nefrítica. Mecanismo de Edema e Hipertensão arterial na síndrome nefrítica: O aumento do coeficiente de filtração glomerular gera aumento da retenção de água e sal (teoria de Overflow) → edema e hipertensão. Relembrando um pouco do edema: A sobrecarga de volume gerada pela diminuição da filtração glomerular aumenta a pressão hidrostática do vaso (pressão capilar) gerando edema por causar um desbalanço das forças de Starling. Edema da síndrome nefrítica é por aumento da pressão hidrostática. Sinais e sintomas da Síndrome Nefrítica • Edema • HAS • Alteração da função renal • Glomerulonefrite difusa • Hematúria e proteinúria – decorrente do processo inflamatório renal (elas dependem do grau de inflamação) A hematúria glomerular da síndrome nefrítica é do tipo dimórfico – hemácias em alvo chamados de codócitos. (isso devido ao processo de passagem das hemácias pelos podócitos). Outra forma também seria a forma de acantócito. Ocorre presença de cilindros hemáticos, que indica uma hematúria alta proveniente dos túbulos renais. (túbulos revestidos pela proteína TansWolfman) Pronto, agora já caracterizamos o processo de síndrome nefrítica, inúmeros processos infecciosos ou inflamatórios podem causar essa síndrome, vamos dar ênfase em um deles: Glomerulonefrite Aguda Pós-Estreptocócica (GNPE) Epidemiologia: afeta crianças dos 2 aos 14 anos de idade após a infecção estreptocócica (Streptococcus Grupo A Lancefield – mais raramente do grupo C). Algumas cepas de pele (M47,49,57) ou do trato respiratório superior (M1,2,4,12); Portanto, um impetigo estreptocócico, escarlatina ou uma infecção de garganta estreptocócica pode gerar uma síndrome nefrítica. Fisiopatologia: substâncias da própria bactéria como a cápsula hialurônica, a membrana celular, as fimbrias, estreptolisinas, hialuronidades e os peptidioglicanos vão ser reconhecidos pelo sistema imune fazendo o complexo antígeno-anticorpo, realizando a migração para o ruim e iniciando o processo inflamatório. Essa fisiopatologia é muito parecida com a doença reumática, mas nesse caso a bactéria tem o tropismo pelo rim. Patologia da lesão renal na síndrome nefrítica: Doença glomerular por imunocomplexos induzida por cepa nefritogênica especifica do Streptococcus beta-hemolítico do grupo A. A reação inflamatória produz lesão renal por vários mecanismos: • Ativação do complemento (diminuição serica da fração C3) • Infiltração celular • Ativação dos fatores de coagulação • Produção de linfocinas • Produção de radicais livres de O2 Patogênese (pode cair na prova) – formação de complexo imune in situ deposição de antígenos de estreptococos no interior da membrana basal glomerular e ligação com o anticorpo → forma mais frequente de acontecer. Manifestações clínicas e laboratório • Hipertensão (80% dos casos) • Edema (80% dos casos) • Hematúria micro (100%) • Hematúria macro (30%) • Instalação súbita, várias semanas, pelo menos 3 semanas, observando apenas as crostas da infecção de pele, após a infecção cutânea ou cerca de 2 semanas após a infecção de orofaringe Exames complementares: • Urina: Hematúria, cilindros hemáticos, leucocitária, proteinúria variável, acantose ou codócito. • Ureia e creatinina → alterado • Sódio, potássio e bicarbonato (através da gasometria ou reserva alcalina) o Sódio → concentração de sódio diminuída (devido ao aumento de água) e quantidade sérica de sódio aumentada (por causa da baixa filtração) → hiponatremia o Potássio → hipercalemia o Acidose metabólica (bicarbonato baixo) • Dosagem de complemento total (diminuído), C3 (Diminuído - consumido) e C4 (NORMAL) → porque há ativação da via alternada e não da via clássica • NÃO se faz biopsia renal nos casos típicos de GNs associadas a infecções. • Para comprovar infecção do estreptococo o ASLO, anti-DNAse B, anti-hialuronidase e anti- estreptoquinase → consegue-se demostrar a infecção pelo estreptococo em cerca de 80% dos casos Microscopia óptica → glomerulonefrite endocapilar proliferativa difusa exsudativa. Há infiltração glomerular e intersticial de monócitos e linfócitos. Imunofluorescência → depósitos de C3, IgG, IgM, MAS nas alças capilares e no mesângio Microscopia Eletrônica → são vistos HUMPS, correspondentes aos depósitos subepiteliais de imunocomplexos, que são muito característicos da GNDA. Tratamento ➔ Medidas gerais • Peso 2x ao dia, volume urinário, controle da PA e repouso relativo ➔ Prescrição • Restrição hidrossalina – dieta pobre em sal e restrição hídrica (400ml/m² de superfície corporal) • Diuréticos de alça alta potência - furosemida • Penicilina Benzatina ou eritromicina → somente se não o paciente não tiver sido tratado. • Tratamento da hipertensão (em caso de urgência ou emergência) • Diálise se necessário (até 30% dos adultos) – complicações. Evolução clínica • Resolução das manifestações clínicas com aumento da diurese em 7 dias • Normalização da creatinina em cerca de 1 mês • Hipocomplementenemia até 8 semanas • Hematúria microscópica 6-12 meses • Proteinúria não nefrotica até 7-10 anos • Em crianças essa resolução costuma ser completa • A biopsia renal está indicada apenas se houver evolução desfavorável, doenças associadas, síndrome nefrotica persistente e achados laboratoriais inesperados. Complicações • Encefalopatia hipertensiva • Congestão circulatória ICC • Edema agudo de pulmão • Mais grave em adultos/ idosos, com alta incidência de insuficiência cardíaca congestiva e alta mortalidade • Uremia também é mais comum em adultos, com maior necessidade de dialise Diagnóstico diferencial • Glomerulonefrite membranoproliferatica (GNMP) • Nefropatia por IgA (componente familiar) • Nefrite lupica • Glomerulonefrite por outros agentes etiológicos
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