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Expressões clínicas das glomerulonefrites na infância são síndrome nefrítica, hematúria oligossintomática, hematúria + proteinúria ou síndrome nefrótica • Por subpreenchimento: edema insidioso, edema intenso, edema escrotal/vaginal, derrames cavitários, PA tende a ser normal - SD NEFRÓTICA → Por transbordamento: edema ocorre por aumento de pressão hidrostática - edema mais abrupto, mais discreto, pode não ser aparente e PA elevada - SD NEFRÍTICA → Diferenças na caracterização do edema:• É um quadro agudo, transitório e, no geral, com boa evolução uma vez que principal causa (cerca de 80%) na infância é a glomerulonefrite pós infecciosa (GNDA - glomerulonefrite difusa aguda pós estreptocócica) • Casos sintomáticos/assintomáticos 1:4 - risco após epidemia é de 25-50%→ Geralmente é rara antes dos 2 e acima de 40 anos - acomete principalmente crianças em idade escolar e adolescentes → Em 2/3 dos casos é possível detectar o antecedente da infecção. Desses que é possível definir 23% amigdalites e 77% piodermite → Glomerulonefrite pós infecciosa é uma síndrome nefrítica aguda desencadeada por agentes infecciosos, sendo o mais frequente o estreptococo beta-hemolítico do grupo A • Reação inflamatória com ativação da via alternativa de complemento associada com antigenicidade (reação Ag-Ac) ▪ Patogênese da GNDA é ainda muito discutida, a teoria clássica sugere que é uma doença por deposição de imunocomplexos com envolvimento da cascata de complemento (glomerulonefrite hipocomplementênica) • Nessa fase de latência há um pico de IgG e consumo do C3→ Consumo de C3 é rapidamente resolvido - normaliza em no máximo 8 semanas→ Consumo de C3 com ativação da cascata de complemento há uma quimiotaxia para neutrófilos (doença exsudativa com leucocitúria) e estímulo de proteínas que levam a proliferação celular (proliferativa) → Há período de latência entre amigdalite (7-10 dias) ou piodermite (até 3 semanas) e a glomerulonefrite, Nesse período de latência entre infecção e aparecimento de quadro nefrítico, ocorrem reações como formação antígeno anticorpo, estimulação da via alternativa de complemento com consumo de C3 e todo o processo inflamatório glomerular • Muito raro a realização de biópsia em crianças com GNDA, pois é um quadro autolimitado com prognóstico bom - só é realizado em casos que não evoluem conforme esperado ou que evoluem para IRA urêmica • Essa mudança transitória, mas significativa, na estrutura do glomérulo altera características da barreira glomerular • Somatório do ritmo de filtração de cada glomérulo dá o ritmo de filtração glomerular total→ Ritmo de filtração glomerular em cada néfron é determinado por KF (superfície do capilar glomerular X permeabilidade hidraúlica desse capilar) multiplicado pela diferença entre o delta de pressão hidrostática e o delta de pressão oncótica) • Organismo excreta sódio o que ingere, mantendo balanço 0. Se nessa fase de latência, há uma ingesta de sal normal com diminuição da capacidade de excreção inicia uma retenção de sódio e água com expansão do volume extracelular levando a hipertensão arterial e congestão circulatória → Na GNDA há uma alteração da estrutura do capilar alterando a permeabilidade e superfície do capilar - há uma redução do KF reduzindo ritmo de filtração glomerular. Assim, menos ultrafiltrado é formado na cápsula de Bowman e menos ultrafiltrado cai no túbulo, diminuindo capacidade de excreção de sódio • SÍNDROME NEFRÍTICA (GNDA) - EDEMA + HEMATÚRIA + HIPERTENSÃO NORMALGNDA Glomérulos com GNDA são maiores e mais celulares que os correspondentes normais. O espaço de Bowman é comprimido pelo maior volume dos tufos capilares. Aumento da celularidade se deve não só à proliferação das células glomerulares, mas também à infiltração por neutrófilos, atraídos pela fixação do complemento, conseqüente à deposição de imunocomplexos. De <http://anatpat.unicamp.br/lamuro2.html> SÍNDROME NEFRÍTICA E SÍNDROME NEFRÓTICA quinta-feira, 1 de abril de 2021 10:48 Página 1 de MD941 - Ped http://anatpat.unicamp.br/lamuro2.html Resumo: na GNDA há redução do ritmo de filtração glomerular pela diminuição do Kf, gerando uma hipervolemia e aumento da pressão hidrostática capilar - com esse aumento de pressão há edema por extravasamento • Na síndrome nefrítica a albumina é normal conseguindo segurar líquido no vaso, a perda de líquido se dá somente pela pressão → GNDA - fisiopatologia sinais e sintomas• Na GNDA normal tratamento é só de suporte para tentar diminuir a hipervolemia - redução de sódio e volume, uso de diurético • GNDA pode cursar com glomerulopatia crescêntica - indicar biópsia de urgência para fazer esse diagnóstico - é importante evitar que essas novas células se transformem em fibroblastos para evitar que glomérulo sofra fibrose através de corticoides • Página 2 de MD941 - Ped fibrose através de corticoides Glomerulonefrite rapidamente progressiva/crescêntica: esta forma grave de glomerulonefrite se caracteriza clinicamente por perda rapidamente progressiva da função renal e oligúria, levando à insuficiência renal aguda. Histologicamente, a alteração característica são as crescentes, constituídas por células proliferadas do folheto parietal da cápsula de Bowman e monócitos, que reduzem ou obliteram o espaço de Bowman e se fundem com os tufos capilares. Isto reduz ou impede a filtração glomerular. Crescentes são a alteração característica desta forma de glomerulonefrite. Correspondem a proliferação das células do folheto parietal da cápsula de Bowman, estimuladas por deposição de fibrina. Esta (não visível aqui) pode ser demonstrada por imunofluorescência. Em algumas crescentes é possível observar mitoses. Células inflamatórias estão presentes na crescente. Classicamente, descrevem-se principalmente monócitos, mas no presente caso há também vários neutrófilos. As células proliferadas aderem ao tufo capilar e efetivamente obliteram o espaço de Bowman. De <http://anatpat.unicamp.br/lamuro3.html> Quadro clínico: 98% edema de face, 98% hematúria microscópica, 88% edema de MMII, 54% hematúria macroscópica (clareia rápido em 1-2 semanas), 54% diminuição da diurese, 45% febre (baixa com curta duração pelo processo inflamatório), 30% cefaleia, 25% dor abdominal, 6% convulsão → Síndrome nefrítica deve ser sempre um diagnóstico diferencial de ICC→ GNDA tem um amplo espectro de apresentação desde forma completamente subclínica (assintomática), passando pela clássica que se apresenta como síndrome nefrítica e hipertensão, até forma grave que se apresenta como uma emergência (encefalopatia hipertensiva, ICC) • Como são cepas nefritogênicas que causam esses quadros é utilizado profilaxia epidemiológica para evitar disseminação na comunidade. • Seguimento dos pacientes com GNDA: acompanhar função renal, normalização do C3 e desaparecimento de hematúria e proteinúria • Quando ver uma criança edemaciada buscar sinais de piodermite, de estreptococcemia como descamação lamelar e medir pressão arterial - importante para o diagnóstico • Diagnóstico laboratorial: urina tipo 1, dosagem de complemento (C3), função renal e demonstração da • Página 3 de MD941 - Ped http://anatpat.unicamp.br/lamuro3.html Diagnóstico laboratorial: urina tipo 1, dosagem de complemento (C3), função renal e demonstração da estreptococcia (ASLO - maior positividade quando por amigdalite) • Complemento: C3 diminuído em quase todos os casos, forma de confirmar diagnóstico - deve ser normalizado em até 8 semanas - grau de redução não se correlaciona com prognóstico → Se chegar em níveis de uremia (>200 mg/dL) pensar em necrose tubular aguda ou complicada com glomerulonefrite crescente ▪ Provas de função renal são ureia e creatinina para estimar o clearance de creatinina - alterações são proporcionais à diminuição do RFG (KF) - mesmo as não complicadas tem um clearance não reduzido → Urina 1: 98% hematúria, 89% leucocitúria, 24% cilindros hemáticos(hematúria glomerular)• Uso de hipotensor deve ser analisado caso a caso. Se paciente hipertenso chega ao PS usar furosemida IV e observar por 4h. Se melhorar, manter somente furosemida. Se PA não se alterar, manter diurético e associar hipotensor como anlodipina. Caso paciente chegue em encefalopatia hipertensiva, usar nitroprussiato de sódio → Tratamento da GNDA: prevenção da disseminação de cepa nefritogênica (penicilina benzatina), restrição de sódio e água (1º dia-400mL/m2/dia 2º dia-400+diurese/mL/m2/dia) , diurético (furosemida) • Sintomas: edema cerebral. A cefaleia é o sintoma mais frequentemente descrito, ocorrendo em 85% dos pacientes. Os pacientes podem apresentar náuseas, vômitos, confusão mental, convulsões, letargia e coma associados, além das alterações visuais e retinianas. O paciente pode apresentar alterações visuais inespecíficas, como escotomas e borramento da visão. O exame de fundo de olho costuma apresentar papiledema. → Encefalopatia hipertensiva: há uma vasodilatação e extravasamento do plasma, com edema cerebral secundário. Acometimento na forma de edema cerebral vasogênico difuso, com vasoespasmo, isquemia, aumento da permeabilidade vascular, hemorragias puntiformes e edema intersticial. O envolvimento da retina pode causar visão turva progredindo até cegueira. • GNDA quanto a pressão arterial evolui de forma bifásica, à medida que volemia é reduzida através das medidas de restrição pressão sistólica e diastólica diminui. Enquanto está em hipervolemia sistema renina- angiotensina-aldosterona está suprimido, mas com redução da volemia esse sistema volta a atividade podendo fazer pico de renina e nova hipertensão - nesse segundo caso tratamento é com diminuição da restrição (dar água ao paciente) • Após outras infecções por: pneumococo, estafilococo, meningococo, Brucela, Leptospira, Micoplasma, vírus da hepatite B, Coxsackie, Plasmodium falciparum → Na fase inicial de outras doenças glomerulares: GN membrano proliferativa, nefropatia de Berger (não cai complemento) → Associada a outras doenças sistêmicas: lúpus, púrpura de Schonlei-Henoch, crioglobulinemia, endocardite bacteriana - pensar quando existem alterações no hemograma → Diagnóstico diferencial de síndrome nefrítica aguda • Indicações para biópsia renal: IRA progressiva, hematúria macroscópica > 4 semanas, HAS > 4 semanas, proteinúria nefrótica > 4 semanas e complemento sérico baixo > 8 semanas • Nos casos de necrose tubular aguda não há o que fazer, só manter paciente em euvolemia que túbulos se regeneram em 3-4 semanas → Prognóstico de GNDA na infância é excelente, em crianças sem doenças prévias, com menos de 1% de óbitos na fase aguda . Importante prestar atenção quanto necrose tubular aguda e GN crescêntica • É preciso uma proteinúria de nível nefrótico (>50 mg/kg/dia ou >40 mg/m2/hr) e hipoalbuminemia (<2,5 g/dL) • Na síndrome nefrótica em crianças, 80% evoluem como "lesões mínimas" (benigna, não leva a DRC), já os outros 20% a outras glomerulopatias (principal é a glomeruloesclerose segmentar focal - GESF) • Patogênese ainda não é totalmente definida - acredita-se que ocorre após infecção viral de vias aéreas, estimulando SI e algo na modulação ocorre de forma diferente que modifica a permeabilidade da barreira capilar glomerular (carga elétrica) - carga elétrica geralmente é negativa repelindo a albumina que é positiva, nesses casos barreira se torna positiva permitindo passagem da albumina → É uma alteração funcional transitória, não estrutural → Proteinúria altamente seletiva, predominantemente de albumina, mas também abrange outras proteínas do plasma. → Doença de lesões mínimas acomete principalmente a faixa etária pré-escolar (2-4 anos de idade) - é chamada de lesão mínima, pois na biópsia microscopia óptica é normal, imunofluorescência é negativa e presença de fusão de pedicelos (indica que há grande proteinúria) na microscopia eletrônica. • Nesses casos é rara a realização de biópsia - idade de apresentação, síndrome nefrótica pura e ótima resposta a corticoterapia (negativa proteinúria em até 2 semanas) → Proteinúria altamente seletiva: síndrome nefrótica por lesões mínimas → Proteinúria pouco seletiva: pensar mais em síndrome nefrótica por GESF (ocasionalmente pode ser altamente seletiva) → Índice de seletividade da proteinúria (ISP): (IgG urinário/IgG sérico) / (transferrina urinária / transferrina sérica) • Na síndrome nefrótica, mecanismo de edema é por subpreenchimento - pressão oncótica intravascular está muito diminuída pela hipoalbuminemia, então imagina-se que volume sanguíneo efetivo também esteja • SÍNDROME NEFRÓTICA - EDEMA + PROTEINÚRIA + HIPOALBUMINEMIA Página 4 de MD941 - Ped Retenção anormal de sódio e água é uma adaptação a diminuição do volume sanguíneo efetivo → muito diminuída pela hipoalbuminemia, então imagina-se que volume sanguíneo efetivo também esteja baixo (avaliar hematócrito e hemoglobina - hemoconcentração) Esses mecanismos de proteção à diminuição da volemia se esgotam quando a pressão oncótica é muito baixa - albuminemia < 1 g/dL → Volume sanguíneo efetivo está diminuído, fazendo com que o organismo use de uma série de mecanismos para tentar aumentar - nos rins aumenta reabsorção de sódio, barroreceptores da aorta e carotídeos ativam SNS levando a aumento da reabsorção de sódio, diminuição do fluxo sanguíneo renal estimula o sistema renina-angiotensina-aldosterona aumentando retenção de sódio e água, estimula hormônio antidiurético diminuindo a excreção de água - todos esses mecanismos levam a um balanço positivo de sódio e água • Paciente fica muito edemaciado, aumentando risco de celulites e infecções - chance de iatrogenia alta• Riscos da hipovolemia são necrose tubular aguda (uremia) e trombose venosa em qualquer sítio (por hemoconcentração e perfil trombofílico) • Antagonistas da aldosterona: espironolactona - diurético fraco, seguro - avaliar potássio pelo risco de hipercalemia → Bloqueadores de SRAA independentemente do efeito na retenção do sódio tem risco de piorar a função renal → Condutas: restrição sódica, não restringir líquidos, pensar em infusão de albumina (papel controverso pela meia vida curta - se paciente infectado), cuidados com uso de furosemida, antagonista de aldosterona (esse é um diurético que pode ser usado quando paciente estiver menos hemoconcentrado), contraindicação do uso de bloqueadores do SRAA (fluxo sanguíneo já está reduzido) e uso de imunossupressores • Aumento de agregabilidade plaquetária, fibrinogênio e fatores de coagulação (V, VII, VIII, X e XIII) → Perda na urina de antitrombina III, proteína C, proteína S, fator XI e XII → Também associado com hiperlipidemia, hipovolemia, imobilização e infecção é o paciente perfeito para trombose em sítios dos mais variados → Na síndrome nefrótica há uma tendência à hipercoagulabilidade podendo levar a complicações trombóticas • Há uma susceptibilidade à infecções por agentes encapsulados e oportunistas - peritonite primária, celulites e sinusites de repetição → Fatores de risco para infecções: IgG baixa, fator B diminuído (opsonização de bactérias), função linfocitária prejudicada, tecido edematoso e uso de drogas imunossupressoras • Por que aumenta o colesterol? Quem faz o transporte de colesterol é a albumina, como há uma hipoalbuminemia o colesterol fica "solto" no sangue. Dislipidemia: aumenta colesterol total, LDL, VLDL, triglicérides, lipoproteínas e apolipoproteínas - diminuição do HDL - normaliza rapidamente, processo transitório nos casos de síndrome nefrótica por lesões mínimas • Quando criança com síndrome nefrótica chega com dor abdominal pensar em peritonite primária ou em pancreatite (por hipertrigliceridemia) • Se por lesões mínimas, criança córtico-sensível - é comum que haja recidivas 50% (córtico-sensível recidivante frequente) → Por que tratar com corticoide se não é inflamatório? Maioria dos sd. nefróticas são porlesão mínima, sendo que a fisiopatologia da lesão está relacionada com C3 e imunocomplexos Uma minoria das crianças é córtico-resistente, que não responde a 8 semanas de corticoterapia em dose plena - pensar em GESF → Tratamento com corticoide • Página 5 de MD941 - Ped
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