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MENINGITE NA CRIANÇA INTRODUÇÃO MENINGITE NA CRIANÇA A meningite é uma inflamação das meninges, principalmente as leptomeninges, levando a manifestações neurológicas e alterações sistêmicas. Essa condição pode afetar o encéfalo e a medula, causando meningoencefalites, meningomielites ou meningo-mieloencefalite. Meningite bacteriana é uma doença de alta morbimortalidade apesar dos avanços das vacinas e antibióticos. Possui alta taxa de mortalidade de, aproximadamente, 90% nas crianças com menos de 5 anos. Além do alto índice de mortalidade, deixa sequelas em 50% dos sobreviventes. As principais sequelas são: perda auditiva, cegueira, epilepsia e atraso do DNPM. A gravidade do caso está relacionada à virulência do agente etiológico, faixa etária, imunocompetência do paciente e alguns outros fatores. Desde 2016 a DM e outras meningites são doenças de notificação compulsória imediata e devem ser notificadas às secretarias de saúde em até 24 horas. A IMPORTÂNCIA DO LCR: A avaliação da etiologia da meningite passa pela coleta do LCR. ETIOLOGIA A etiologia das meningites na criança podem ser duas: 1. Infecciosa ou sépticas - Vírus: 80% dos casos de meningite. ● Principais vírus: echovírus, poliovírus, coxsackie A e B, caxumba, arbovírus, herpes (HV2) e HIV; - Bactérias: Haemophilus, pneumococos, meningococos, treponema, Mycobacterium tuberculosis - Protozoários: toxoplasma gondii, plasmodium sp, ameba, t. cruzi - Fungos: criptococo, cândida e histoplasmose - Vacinas: sarampo, caxumba, pólio, febre amarela e raiva - Helminto: neuroesquistossomose/neurocisticercose OBS.: Principais agentes bacterianos (80-95%) no Brasil 1. Meningocócica: Neisseria meningitidis - A, B, C, W, X e Y 2. Streptococcus pneumoniae 3. Haemophilus influenzae tipo b 2. Não infecciosa FATORES DE RISCO FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVER MENINGITE NO RN E NA CRIANÇA ● Baixa idade ● Condição de vida ● Estado Nutricional ● Imunocompetência ○ Imunodeficiência primária ○ HIV ● Baixo peso ao nascer (< 2.500g) ● Corioamnionite ● Contaminação perinatal por SGB ● Asplenia FATORES DE RISCO PARA ÓBITO E SEQUELAS ● Forma fulminante: evolução em horas (24-48h); ● Rebaixamento do nível de consciência na admissão hospitalar; ● Convulsões ● Disfunção cardiovascular e pulmonar ● Idade < 2 anos ● S. pneumoniae: maior chances de morte e sequelas ● Tempo de doença: demora para dar o diagnóstico e iniciar o tratamento > 48h FISIOPATOLOGIA VIAS DE INFECÇÃO ● Hematogênica ● Contiguidade: estruturas anatômicas próximas ● Direta: ● Drenagem linfática OBS.: Meningite viral de infecção não esclarecida 1. Via hematogênica: Via entra no enterócito, atravessa a parede intestinal e por meio do tecido linfóide causa viremia. Na disseminação, o vírus atravessa a barreira hematoliquórica por difusão capilar. 2. Via nervosa: herpes vírus e vírus da raiva: propagação neuronal OBS. 2: Meningite bacteriana CLASSIFICAÇÃO ● Fulminante: 24 ~ 48 horas → Meningocócica ● Aguda: alguns dias → Pneumocócica ● Subaguda: < 7 dias → H. Influenzae ● Crônica: > 4 semanas →Tuberculosa/fúngica DIAGNÓSTICO CLÍNICO - Meningites virais: Quadro clínico semelhante as bacterianas ● Febre, cefaléia, conjuntivite ● Alterações do nível de consciência e sinais neurológicos focais ● Formas mais benignas ● Se apresentam graves em imunodeficientes OBS.: Echovírus: Doença mão, pé, boca - Meningite bacteriana ● Petéquias ● Púrpura ● Manchas hemorrágicas → necrose QUADRO POR FAIXA ETÁRIA 1. RN (28 dias) - Instabilidade térmica: hipo/hipertermia; - Dificuldade respiratória/Resp. irregular; - Icterícia; - Letargia; - Recusa alimentar; - Sucção débil; - Vômitos e convulsões. 2. LACTENTES (28 dias até 2 anos) - Sinais de infecção sistêmica; - Apatia; - Choro fraco; - Fontanela abaulada; - Diátese da suturas; - Convulsões. 3. CRIANÇAS MAIORES (> 6 anos) E ADULTOS Síndrome infecciosa Febre, mal estar, mialgias, artralgia e estado toxêmico Síndrome radicular Rigidez de Nuca Sinal de Kernig: extensão da perna com a coxa fletida em ângulo reto com a bacia e a perna sobre a coxa. Positivo: dor no trajeto do nervo ciático impede o movimento; Sinal de Brudzinski: flexão involuntária da perna sobre a coxa e desta sobre a bacia ao se tentar fletir a cabeça. Síndrome de hipertensão intracraniana - Cefaleia - Vômitos incoercíveis - Alteração da consciência - Convulsões - Sinais focais Síndrome encefalítica - Sonolência ou agitação - Torpor - Delírio - Coma MENINGISMO Refere-se a síndrome de cefaléia e sinais de irritação meníngea em pacientes com doença febril aguda, em geral de natureza virótica, nos quais o LCR está frequentemente com pressão aumentada, porém normal sob outros aspectos. Causas 1. Hipotonicidade do soro 2. Secreção inapropriada do ADH? 3. Secreção aumentada do LCR? LABORATORIAL - EXAME DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO ● Bioquímico: glicose, proteína e lactatos ● Citológico: leucócitos, hemácias ● Bacteriologia ○ Bacterioscopia: Gram ○ Cultura e antibiograma ○ Látex e CIE ● PCR: Meningites virais LCR NORMAL Recém-nascidos Crianças e adultos Aspecto Xantocrômico Água de rocha Células 32 células (< 28 dias) PMN 10 células (> 1 mês) 6 células Proteínas 60-120 mg/dL 40 mg/dL Glicorraquia 45-100% glicemia 2/3 da glicemia (45 mg/dL) LCR CONFORME O AGENTE INFECCIOSO Bacteriana Tuberculose Viral Fúngica Cor Turva Opalescente Límpida Límpida ou Turva Leucócitos Aumentados PMN 1.000-10.000 c. Aumentados LMN 25-500 Aumentados LMN 10-1.000 Normal ou Aumentado LMN 10-300 Proteínas (mg/dL) Aumentadas 100-600 Aumentada Normal a 100 Normais ou Aumentadas Glicose Diminuída > 10 mg/dL Diminuída Normal Diminuída ou normal Bacterioscopia Pos./Neg. pelo Gram - - - Cultura Positiva em 50% Raramente positiva Ziehl-Nielsen Positiva em meios especiais Positiva em meios especiais Tinta china - PESQUISA DE ANTÍGENOS BACTERIANOS NO LCR ● Contraimunoeletroforese; ● Hemófilo/pneumococo/meningococo; ● Aglutinação pelo látex. - PCR ● Em diversos fluidos - HEMOGRAMA ● Leucocitose ● Leucopenia: sugere prognóstico reservado ● Anemia por hemólise - HEMOCULTURA ● Pode aumentar a possibilidade de identificação da bactéria - SÍNDROME DA SECREÇÃO INADEQUADA DE ADH - SIADH ● Eletrólitos, osmolaridade sérica e urinária ○ Hiponatremia (< 135 mEq/L) ○ Hiposmolaridade plasmática (< 280 mOsmol/L) ○ Sódio urinário aumentado (>20 a 25 mmol/L) ○ Criança hidratada DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Meningismo: abscessos, pneumonia; - Enxaqueca - Intoxicações - Convulsões febris - Hemorragias - Tumores - Malformações INDICAÇÃO DE TC E RM - RN - Sem melhora clínica - Crises convulsivas > 72 h de tratamento - Alterações neurológicas focais - Sem melhora dos índices liquóricos CI PARA PL 1. HIC: sinais focais, paralisia nervos cranianos e alteração do nível de consciência; 2. Pacientes instáveis: hipotensão/dificuldade respiratória; 3. Infecção de pele no local da PL; 4. Coagulopatias. TRATAMENTO ● Medidas gerais ● Cateterização de veia ● Correção dos distúrbios metabólicos ● Monitorização da diurese ○ < 1ml/kg/dia – SSIHAD? ● Convulsões: diazepam (0,25 a 0,5mg/kg/dia) ○ Manutenção: DFH ou fenobarbital ANTIBIÓTICOS EMPÍRICOS NA MENINGITE BACTERIANA ATÉ ISOLAMENTO DO AGENTE ETIOLÓGICO: IDADE ANTIBIÓTICO DE ESCOLHA RN: Transmissão vertical Ampicilina + cefotaxima 1 a 2 meses Ampicilina + cefotaxima ou Ceftriaxona 3 meses a 5 anos Ampicilina + cloranfenicol ou Ceftriaxona 5 a 50 anos Penicilina G ou Ampicilina > 50 anos Ampicilina + Cefalosporina de 3ª geração DURAÇÃO DA ANTIBIOTICOTERAPIA ● S. agalactiae e Listeria: 14 21 dias; ● Bacilo gram negativo: 21 dias; ● HIB e pneumocócica: 10 14 dias; ● Meningococo: 7 a 10 dias. CORTICOTERAPIA ● 0,6 mg/kg/dia; ● 2 - 4x/dia/4 dias. MENINGITE POR HERPES VÍRUS ● Aciclovir ○ > 28 dias a < 3 meses: 20 mg/Kg/dose 8/8 h ○ ≥ 3 meses a < 12 anos: 12 a 15 mg/Kg/dose 8/8 h ○ ≥ 12 anos: 10 mg/Kg/dose 8/8 h PROFILAXIA QUIMIOPROFILAXIA VACINAS 1. Pneumococo p 23 valente: - > 2 anos - Asplenia - Anemia falciforme - Imunodeficiências- Síndrome nefrótica - Insuficiência renal 2. Vacina contra meningococo C - 2 doses: 3º e 5º mês - Reforço com 12 meses 3. Vacina B - 2 doses: intervalo de 2 meses (2 meses e 11 meses) - Reforço: 12 meses a 10 anos 4. Vacina contra sorogrupos A, C, Y e W-135 COMPLICAÇÕES 1. Supurativas - Coleção subdural - Abscesso cerebral - Trombose de seio cavernoso 2. Neurológicas - Síndrome de Secreção Inapropriada do ADH - Comprometimentos nervos cranianos - Crises epilépticas 3. Sequelas - Retardo mental - Retardo neuropsicomotor - Surdez - Epilepsia
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