Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Adriane sousa - 2022 Tutoria 1 – “como podem ser tão diferentes?” Objetivos 1. Definir o conceito de dor, seus tipos e classificações. 2. Conceituar alodinia, analgesia, hiperalgesia, hiperestesia, parestesia, neuralgia, hipoalgesia, neuropaxia, hiperpatia, disestesia. 3. Descrever a neurofisiologia da dor. (receptores, mediadores, condução da dor, sensibilização central e periférica). 4. Discutir o papel da neuroplasticidade na percepção da dor crônica. 5. Descrever os mecanismos de ação dos AINES + analgésicos. Termos importantes: Nocicepção → propriedade que tem os nociceptores de perceber um estímulo potencialmente lesivo aos tecidos. Nociceptores → receptores preferencialmente sensíveis a estímulos nociceptivos. São terminações nervosas livres de fibras A- delta (mileínicas finas) e C (amielínica) do aferente primário nociceptivo. Há nociceptores para diferentes estímulos: mecânicos, térmicos e químicos. Os estímulos mecânicos e térmicos tóxicos, além de excitarem os nociceptores sensíveis, promovem dano tecidual e vascular local, causando a liberação de substâncias como: íons hidrogênio e K, serotonina, histamina, cínicas, leucotrienos, prostaglandinas e substancia P. Elas atuam nos receptores sensíveis a elas – Transdução – por três mecanismos: Ativação direta → K, íon H, cininas, serotonina e histamina. Sensibilização → cininas, serotonina e histamina. Produção de extravasamento do plasma → substancia P e cininas Estímulos nociceptivos → estímulos nocivos que podem lesar tecidos e causar dor. Impulsos nociceptivos → potencias elétricos de ação que são conduzidos da periferia para o sistema nervoso central. Aferente primário nociceptivo → neurônio periférico da cadeia de neurônios que conduz os impulsos nociceptivos da periferia para o sistema nervoso central Fibra nervosa → axônios dos neurônios. As fibras nervosas envolvidas na condução dos impulsos nociceptivos são classificadas em fibras grossas mielinizadas A-delta e fibras finas não mielinizadas C. Tipos de fibras; Fibras A – delta cutâneas / SNC/ viscerais → dor em pontada, fisgada, glutamato Fibras C cutâneas/ vísceras ocas → dor em queimação. Contínua, não consegue identificar o tipo da dor. Glutamato, subtancia P; Fibras A-delta e C musculares → dolorimento ou câimbra Fibras A – betas → mielinizada, com diâmetro intermediário, pele e vísceras Fibras A- alfas → músculos, mielinizada maior diâmetro, não conduz dor. Mecanismos envolvidos na dor Adriane sousa - 2022 DOR Experiencia não apenas sensitiva, mas emocionalmente desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial (Associação Internacional para o Estudo da Dor). Experenciada por quase todos os seres humanos → instrumento de proteção que possibilita a detecção de estímulos físicos e químicos nocivos. Consta na CID-11 com 7 subcategorias, sendo 1 primária e 6 secundárias. A definição é complementada por 6 notas explicativas: 1. A dor é sempre uma experiencia pessoal que é influenciada, em vários graus variáveis, por fatores biológicos, psicológicos e sociais. 2. Dor e nocicepção são fenômenos diferentes. A dor não pode ser determinada exclusivamente pela atividade dos neurônios sensitivos. 3. Através das suas experiencias de vida, as pessoas aprendem o conceito de dor. 4. O relato de uma pessoa sobre uma experiencia de dor deve ser respeitado. 5. Embora a dor geralmente cumpra um papel adaptativo, ela pode ter efeitos adversos na função e no bem-estar social e psicológico 6. A descrição verbal é apenas um dos vários comportamentos para comportamentos para expressar a dor; a incapacidade de comunicação não invalida a possibilidade de um ser humano ou um animal sentir dor. Classificação → pode ser de acordo com sue local de origem – periférica, central, visceral ou somática -, seu tempo de evolução e patologia física – aguda ou crônica – e meu mecanismo fisiopatológico – neuropática, nociplástica, nociceptiva ou mista. Temporal Aguda apresenta valor biológico fundamental, pois é um alerta possiblidade de lesão tecidual vir a se instalar ou já instalada, além de induzir reações de defesa, fuga ou remoção do agente causal. Período de tempo curto Auto limitada e cessa quando para o estimulo Quando não controlada pode ser fator para dor crônica. Crônica constituída principalmente por reações musculoesqueléticas e psicomportamentais que induzem incapacidade e repercussões biopsicossociais desfavoráveis. Não se resolve por conta própria, requer tratamento interdisciplinar Pode se originar no corpo, no cérebro ou na medula espinhal, podendo ser neuropática, nociplástica, noceptiva ou idiopática (sem causa aparente) Mecanismo fisiopatológico Nociceptiva Adriane sousa - 2022 Originada por dano potencial ou renal → estímulo desencadeante Compreende a dor somática e a visceral → vem de danos comuns e frequentes → como reações inflamatórias, traumáticas e invasivas, ou isquêmica Ocorre por meio da ativação ou sensibilização de nociceptores – fibras A-delta e C – na periferia, que transduzem os estímulos nocivos em impulsos eletroquímicos. Dor Somática sensação dolorosa rude, exacerbada ao movimento (dor incidental) alivia no repouso localizada e variável, conforme a lesão básica. Ex: dores músculo- esqueleticas, dores ósseas e etc Superficial → estimulação de receptores do tegumento e, usualmente, de trauma, queimadura ou processo inflamatorio → localizada e qualidade definida Profunda → ativação de músculos, fáscias, tendões, ligamentos e articulações. Dor irradiada A dor pode ser localizada ou irradiada, ou seja, quando segue o trajeto de uma raiz nervosa ou um nervo conhecido. Pode surgir em decorrência do comprometimento de qualquer raiz nervosa, e o reconhecimento do local inicial bem como sua irradiação pode indicar a estrutura nervosa comprometida Dor Visceral Ocorre pela distensão de víscera oca Mal localizada, profunda, opressiva, constritiva (sensação de aperto). Frequentemente junto com sensação de náuseas, vômitos e sudorese. Obs: muitas vezes há dores locais referidas, como em ombro ou mandíbula (relacionada ao coração, em dorso (referente ao pâncreas). Ex: cancer de pâncreas, infarto agudo do miocárdio e etc. Dor referida É a dor sentida em local diferente onde é produzido o estimulo que causa a dor. Ocorre quando as fibras nervosas de regiões de densa inervação (como a pele) e fibras nervosas das regiões menos densamente invernadas convergem nos mesmos níveis do cordão espinhal → ou seja, o segundo mensageiro é o mesmo. Ex: dor do coração sofrendo um infarto, que é referida para o braço esquerdo, pois as fibras responsáveis pelo braço estão próximas daquelas responsáveis pelo coração. Dor neuropática Causada por lesão ou doença do SN somatossensorial → podendo ser aguda Ocorre por alterações na via nervosa que leva a informação nociceptiva ao SNC ou por alterações neuronais no próprio SNC → pode ter se originado ou não de uma lesão tecidual com reação inflamatória → nesses casos mesmo com o termino do estímulo a dor contínua. Manifestação variada → queimação,peso, agulhadas, choque, pode ser acompanhada ou não ter Adriane sousa - 2022 formigamento ou adormecimento (parestesias) de uma determinada parte do corpo. Ex: neuropatia diabética, neuralgia do nervo trigêmeo, neuralgia pós-herpética. Dor nociplástica Relacionada a nocicepção alterada a despeito da clara evidencia que não tem dano tecidual real ou potencial causando a ativação dos nociceptores periféricos ou evidencia de lesão no SN somatossensorial. Decorre de plasticidade nociceptiva, que reflete na mudança na função das vias nociceptivas. Hipotetizada como resultado de desregulação neuronal persistente. Ex: fibromialgia, enxaqueca e síndrome do cólon irritável. Características semiológicas da dor Localização Irradiação Qualidade ou caráter Intensidade → EVA/ Escala visual numérica/ escala de face/escala descritiva ou qualitativa Duração Evolução Relação com funções orgânicas Fatores desencadeantes ou agravantes Fatores atenuantes Manifestações concomitantes Termos Neuropraxia → bloqueio fisiológico de condução nervosa num [dentro de um] axônio, sem nenhuma interrupção anatômica. A neuralgia (ou nevralgia) é uma dor excruciante, aguda, intensa e incessante que ocorre pelo acometimento de um ou mais nervos do nosso corpo. Alodinia → resposta dolorosa a um estímulo inócuo, que normalmente não produz dor. Parestesia → sensação anormal, geralmente não desagradável, espontânea ou provocada, como formigamento, adormecimento. Disestesia → sensação anormal, espontânea, desconfortável, dolorosa. Hipoalgesia → diminuição da resposta a estímulos que normalmente é dolorosa Hiperestesia → aumento da sensibilidade à estimulação de qualquer caráter, podendo especificar qual o tipo de hipertesia – térmica, tátil e etc. Hipoestesia → diminuição da sensibilidade à estimulação de qualquer caráter, podendo especificar qual o tipo de hipoestesia – térmica, tátil Hiperalgesia → resposta aumentada, exagerada aos estímulos nociceptivos. (limiar para dor diminui) Analgesia → ausência de dor em resposta a estímulos normalmente dolorosos. Hiperpatia → reação álgica intensa e exagerada após estímulos repetitivos. Ex: agulhamento sequencial em mesmo ponto da pele Neuropatia → doença que atinge o funcionamento dos nervos periféricos, podendo afetar tanto a parte de sensibilidade quanto nossa motricidade. FISIOPATOLOGIA DA NOCICEPÇÃO Primeiro passo para o fenômeno sensitivo doloroso → sensibilização Segundo passo → transformar os estímulos ambientais, físicos ou químicos em potenciais de ação para serem transferido do SNP para o SNC → transdução → ocorre na região da membrana axonal distal que constituie a terminação nervosa livre ou nociceptor. Moléculas do meio ambiente atuam via segundos mensageiros ou ligam-se aos canais iônicos ou aos receptores. Estímulos químicos, mecânicos ou térmicos intensos alteram as propriedades da membrana dos nociceptores e deflagram potenciais de geração, quando esses são somados, deflagram os potenciais de ação. Adriane sousa - 2022 Algumas subpopulações de neurônios somatossensitivos são ativados somente por estímulos intensos e com possibilidade de lesar os tecidos. Os receptores sofrem fadiga e sensibilização. A aplicação repetitiva de estímulos reduz a percepção de muitas sensações. Entretanto, quando ocorre lesão tecidual, há sensibilização dos nociceptivos e instala-se a hiperalgesia. Condução Caminho do sistema periférico até o SNC → por meio de neurônios aferentes → são classificados em três classes de acordo com dimensão do corpo e seus axônios: Fibras C → fibras de pequeno diâmetro, amielinizadas e com velocidade de condução inferior a 2 m/s → maioria são nociceptivas → podem conter neuropeptídeos, como substancias P e peptídeo relacionado à calcitonina (CGRP) – podem ser polimodais ou não Fibras A-delta ou gama → fibras de média diâmetro, discretamente mielinizadas e com velocidade de condução de 25 a 50 m/s → maioria são nociceptivas, receptores mecano e termorreceptores. Fibras A-beta e A-alfa → fibras de grande diâmetro, intensamente mielinizadas e com elevada velocidade de condução → 20% são nociceptores → Os nociceptores pode ser classificado como: Terminações nervosas livres das fibras A-delta e C Terminações nervosas das fibras A- delta e C sensibilizadas por processos inflamatórios Terminações aferentes A-beta e de liminar reduzido quando ocorre sensibilização neuronal Fibras C → respondem a estimulação mecânica, térmica e química. Fibras termomecânicas do tipo C são comuns nos aferentes cutâneos, evocam a sensação de queimação. Fibras A-delta → reagem tanto a estimulação mecânica quanto à térmica. Os aferentes nociceptivos A-delta medeiam a dor primária, que é bem delineada, rapidamente induzida e precisamente descrita como picada. Aferente primário nociceptivo É o neurônio periférico da transdução e da via de condução periférica dos impulsos nociceptivos. Adriane sousa - 2022 Localizado no gânglio da raiz dorsal dos nervos espinais e no gânglio de Gasser do 5 nervo craniano (nervo trigêmeo). É um neurônio pseudo-unipolar e apresenta dois prolongamentos: longo e curto. Seu prolongamento periférico ou longo é constituído por fibras A-delta e C que se unem às demais fibras dos nervos periféricos e termina na periferia, em forma de terminações nervosas livres denominadas nociceptores. Nele se localizam receptores para diversas substancias algogenicas → histamina, serotonina, bradicinina, tromboxanos, leutrienos e prostaglandinas. Os nociceptores são divididos em: Mecatermonociceptores A- delta Mecanociceptores A-delta de alto limiar Nociceptores C polimodais de baixo e de alto limiar. Baixo limiar → reconhecem e conduzem impulsos originários de estímulos inócuos Alto limiar → reconhecem e conduzem impulsos originários de estímulos nocivos que podem lesar os tecidos → ausência de acomodação por isso quando estimulado repetitivamentente levam sensibilização periférica Seu prolongamento curto ou central termina por uma vesícula denominada terminal pré- sináptico, no corno posterior da medula espinal. Seu núcleo produz substancias denominadas receptores de membrana e neurotransmissores excitatórios e inibitórios. Receptor opioide Neurotransmissores excitatórios denominados substancia P e glutamato que, uma vez produzidos, caminham pelo prolongamento curto ou central e são estocados no terminal pré- sináptico. Os estímulos nociceptivos, atuando nos nociceptores, são transformados em impulsos nociceptivos (potenciais elétricos de ação) - transdução-, através do mecanismo de condução caminham pelo aferente primário e alcançam seu terminal pré-sináptico. Sensibilização periférica Quando persistentemente estimulados, os nociceptores (C polimodais de alto limiar) apresentam um aumento da sensibilidade e uma redução do limiar de estimulação, levando ao aumento e ao prolongamento das respostas aos estímulos nociceptivos. Isso é a sensibilização periférica a estímulos nocivos→ originaa inflamação A agressão aos tecidos rompe a membrana celular e seus fosfolípides são lançados no meio intersticial. Fosfolípides sofrem ação da fosfolipases A-2 → vira ácido araquidônico Inicio da cascata do ácido araquidônico Vias metabólicas: Leucotrienos Ciclooxigenase (COX) Produtos finais os tromboxanos e as prostaglandinas Adriane sousa - 2022 Prostaglandinas → reduzem o limiar de sensibilidade dos nociceptores e deflagram o fenômeno da sensibilização periférica. Várias outras substancias algoneicas, como bradicinina, histamina, susbtancias P, serotonina, K+ e H+, são liberadas nos tecidos inflamados → sopa inflamatória → produzindo sinais flogisticos → hiperalgesia primária → resposta aumentada aos estímulos nociceptivos Transmissão dos impulsos nociceptivos nas sinapses medulares – citoarquitetura das lâminas medulares Lâmina de REXED → corno posterior Os impulsos chegam ao corno posterior da medula, passam através de sinapses até a lâmina 5, onde se localizam os neurônios multirreceptivos (células de projeção, células de transmissão T ou EDRc) que recebem impulsos nociceptivos e inócuos provindos da periferia. Na membrana do terminal pós-sináptico dos neurônios medulares de associação localizam- se três receptores de membrana: Receptores de substancia P → Neurocinina 1 (NK-1) Receptores para glutamato (AMPA e NMDA) Ao chegarem os impulsos nociceptivos ao terminal pré-sináptico do aferente primário, despolariza-se sua membrana, a sP cruza a fenda sináptico, alcança a membrana do terminal pós-sináptico e vai acoplar-se à NK-1, enquanto o glutamato cruza a mesma fenda, acopla-se aos receptores NMDA e os potenciais de ação sobem em direção ao córtex cerebral. Sensibilização central A sP tem função moduladora e ajusta a sensibilidade da membrana pós-sináptica à ação do glutamato. O receptor de membrana pós-sináptica normal para o glutamato é o AMPA, que está envolvido na transmissão fisiológica de potenciais sinápticos rápidos e fugazes. O receptor NMDA, em condições fisiológicas encontra-se inativo pois seu canal está bloqueado pelo íon magnésio. O terminal pós-sináptico contém enzimas cálcio-dependentes, isto é, que ali se encontram normalmente inativas pois dependem do cálcio para se tornarem ativas. Essas enzimas são: óxido nítrico- sintetase, as ciclooxigenase e as fosfolipases. Na lesão, os impulsos nociceptivos repetitivos e intensos conduzidos pelas fibras C acabam, por criar potenciais lentos e elevados no nível sináptico, os quais fazem com que os receptores NMDA percam seu bloqueio de Mg++, tornando-se, assim permeáveis à entrada de íons cálcio. Cálcio penetra através da membrana pós- sináptica e atuam no sistema óxido-nítrico- sintetase, que produz óxido nítrico. NO → transpõe a membrana pós-sináptica, alcança a fenda sináptica e, atua como segundo mensageiro na membrana pré-sinaptica para liberar mais glutamato que vão se fixar aos receptores NMDA → surgindo o sistema de retroalimentação que mantem em atividade as sinapses medulares, levando ao fenômeno da sensibilização central. Ocorrendo em dores neuropáticas, produzindo, em muitas delas, dois distúrbios sensoriais representados pela hiperalgesia e pela alodinia. Adriane sousa - 2022 Caminhos medulares dos impulsos nociceptivos Quando chegam no terminal pré-sináptico do aferente primário nociceptivo, os impulsos podem seguir três caminhos diferentes: Passam do corno posterior para o corno lateral da hemi-medula homóloga, onde fazem sinapse com os neurônios simpáticos ali existentes, cujas fibras descem através das fibras simpáticas e levam impulsos para os vasos sanguíneos da região da dor, produzindo, por via reflexa, a vasoconstrição e a hipóxia regionais. Passam do corno posterior para o corno anterior da hemi-medula homóloga, onde fazem sinapse com os alfaneuronios motores ali existentes, cujas fibras motoras caminham para a periferia, levando impulsos para os músculos esqueléticos da região da dor, produzindo ali, por via reflexa, a contratura desses músculos e sua consequente hipóxia. A vasoconstrição e a contratura muscular regionais levam à hipóxia local e à liberação d enovas susbtancias algogenicas, eclodindo o círculo vicioso dor-espasmo-dor – comum nas dores crônicas. Passando pelas sinapses nas laminas medulares, chegam aos neurônios multirreceptivos (células de transmissão T ou de projeção) da lamina 5, cujas fibras no nível da comissura branca anterior, cruzam para o quadrante ântero-lateral da hemi- medula oposta onde se fletem cranialmente, formando as vias ascendentes nociceptivas que alcançam o tálamo e, finalmente, o córtex cerebral. Vias ascendentes nociceptivas São constituídas por vários tratos. Espinotalâmico, espinorreticular, espinomesencefálico, via pós-sinática da coluna dorsal, espinocervical, sistema trigemal e sistema propriospinal. Mais estudado → trato espinotalâmico → tem grande numero de fibras, cujos núcleos se localizam nas lâminas medulares 1, 4 e 5 e é subdividido em: neoespinotalamico (dor rápida/aguda)→ espinotalâmico lateral → sobe diretamente da medula para os núcleos do tálamo, onde faz sinapses com neurônios de terceira ordem, onde vão até áreas S1 e S2 do córtex sômato-sensorial, onde se processa a percepção, a discriminação e a decodificação temporoespacial da dor – faz a decussação paleoespinotalâmico (dor lenta/crônica ) → trato espinorreticular→ termina nos núcleos dorsomedial e central lateral do tálamo, onde faz sinapses com neurônios de terceira ordem, cujas fibras alcançam o córtex frontal, via sistema límbico → essa interação dá origem ao sofrimento. Ao contrario do feixe neoespinotalamico, o feixe paleoespinotalâmico não é direto da medula para o tálamo → faz estações sinápticas (safadinho, parando no meio do caminho né) no tronco: substancia cinzenta periaquedutal do Adriane sousa - 2022 mesencéfalo, substancia cinzenta periventricular, núcleo magno da rafe, lócus coeruleus e núcleo gigantocelular, que se interconecta, para formar fibras descendentes que, através do trato dorsolateral, constituem o sistema analgésico central descendente. Modulação Ocorre em nível segmentar ou medular e no nível supra-segmentar ou supramedular. Interneurônio encefalinérgico localizado no corno posterior da medula espinal. Modulação segmentar Envolve a atividade das vias discriminativas de tato, pressão e propriocepção consciente. O corpo do aferente primário discriminativo pseudo-unipolar está localizado no gânglio espinal da raiz posterior do nervo espinal. Seu prolongamento periférico, constituído de fibras grossas mielinizadas A-beta dirige-se aos tecidos periféricos, onde termina em forma de receptores: discos de Merkel, corpúsculos de Meissner, corpúsculos de Vater Pacini e terminações nervosas livres dos folículos pilosos, que respondem pela sensação de tato protopático e epicrítico, pressão e propriocepção consciente. A propriocepção consciente ou sentido de posição e de movimento (cinesia) é a propriedade do sistema nervoso que nos permite, sem auxílio da visão, reconhecer a posição e os movimentos dasdiferentes partes do corpo no espaço. Seu prolongamento curto ou central conduz os impulsos de tato epicrítico (tato fino) e propriocepção consciente que alcança a medula espinal, onde se divide novamente em um prolongamento longo e um curto. Prolongamento longo → flete-se cranialmente e, passando pelo bulbo e pelo tálamo, ascende em direção ao córtex somestésico. Prolongamento curto → penetra no corno posterior da medula espinal onde, em cada segmento, faz sinapse com os interneurônios encefalinérgico e dinorfinérgicos, cujas fibras conectam a membrana pré-sináptica do aferente primário nociceptivo. O aferente primário nociceptivo foi ativo, mas o interneurônio encefalinérgico foi também ativado e produziu opiodes endógenos → os opioides se fixaram ao receptor opioide da membrana pré-sináptica, impedindo que a SP e o glutamato fossem liberados para fenda sináptica → assim impulso nociceptivo foi bloqueado. Impulsos aferentes conduzidos pelas fibras grossas mielinizadas A-beta inibem, no nível do corno posterior da medula espinal, a transmissão dos impulsos eferentes nociceptivos conduzidos pelas fibras finas A- delta e C → principal mecanismos para analgesia produzida por massagens, TENS e acupuntura. Modulação supra-segmentar Vem do sistema analgésico central descendente. O trato paleoespinotalâmico, antes de alcançar o tálamo, emite numerosas fibras colaterais que fazem conexões sinápticas nos níveis bulbar e mesencefálicos. Adriane sousa - 2022 Estimulando a substancia cinzenta periaquedutaldo mesencéfalo (PAG), esta produz encefalinas que agem sobre o núcleo magno da rafe e o locus coeruleus, produzindo serotonina e noradrenalina. Caminhando através das fibras serotoninérgicas e noradrenérgicas, esses impulsos descem pelo sistema analgésico central descentente, representado pelo trato dorsolateral, estimulam o interneurônio encefalinérgico do corno posterior da medula espinal que produz encefalinas. Ocorrendo o mecanismo anterior. Atuamos na sensibilização periférica → AINES Atuamos na sensibilização central → usando antidepressivos, anticonvulsivantes, opiodes e outras drogas. A condução dos impulsos nociceptivos é bloqueada por meio dos bloqueios nervos terapêuticos e de muitas cirurgias ablativas empregadas pela neurocirurgia. Modulação → massagem, acupuntura, estimulação da coluna dorsal e opioides. ANTI-INFLAMATORIOS NÃO ESTEROIDAIS AINES Usados no tratamento da inflamação, da dor e da febre. São classificados de acordo sua classe e depois com suas características bioquímicas. Características da inflamação: Vasodilatação local e transitória e aumento da permeabilidade capilar Infiltração de leucócitos e células fagocitárias Resolução, com ou sem degeneração tecidual e fibrose Várias moléculas e mediadores estão envolvidas no processo de inflamação → histamina, a bradicinina, a 5-HT, prostanoides, os LT, o PAF e outros. A síntese dos prostanoides está aumentada na inflamação → PGE e PGI2 (Prostaciclina) → principais mediadores da inflamação → reduzem o limiar da dor → sensibilização periférica. Acredita-se que a reversão da sensibilização periférica representa o mecanismo da atividade analgésica dos AINES. Os AINES também exercem ações centrais importantes na medula e no encéfalo → pois tanto a COX 1 como a COX 2 são expressas na medula em condições basais. A PGE2, centralmente ativa e, talvez também a, a PGD2, PGI2 e PGF2 contribuem para a sensibilização central, um aumento na excitabilidade dos neurônios do corno dorsal espinal, que provoca hiperalsia e alodinia, em parte por desinibição das vias glicinérgicas. A sensibilização central reflete a plasticidade so sistema nociceptivo que é invocado pela lesão → quando a dor é aguda (pós operatório) isso é reversível em horas ou dias, mas em dores crônicas ela pode causar alterações persistente da arquitetura do sistema nociceptivo, o que pode levar a mudanças duradouras na sua responsividade, o que contribui para dor crônica. Mecanismo de ação dos AINES Adriane sousa - 2022 Efeito terapêutico → capacidade de inibir as prostaglandinas. A primeira enzima na hora da formação das prostaglandinas, é a PG G/H-sintase (COX) → ela converte o ácido araquidônico em nos intermediários instáveis PGG2 e PGH2, além de promover a produção de prostanoides TXA2 e uma variedade de PG. A COX -1 → constitutiva tem predominância de prostanoides para função de manutenção → TGI e sistema cardiovascular COX-2 → induzida por citocinas, estresse de encilhamento e promotores de tumor é a fonte mais importante → mas também tem funções importantes na homeostasia, como na PA. No controle da dor da inflamação os AINES são efetivos → baixa e moderada Embora sua eficácia máxima seja menor que os opiodes, os AINE não têm os efeitos indesejados deles, como depressão do sistema respiratória e dependência física. Os AINES são muito efeitos quando a inflamação causa a sensibilização da percepção da dor. Ex: pós operatório, porem dor em uma víscera oca não é aliviada. Com exceção da dor menstrual, visto que as cólicas são causadas pela liberação de PG no endométrio. Paracetamol tem ação antipirética e analgésica, baixa ação anti-inflamatória→ ele eleva o limiar ao estímulo doloroso
Compartilhar