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Curso PSA Teste PSA 2023/1 Iniciado 10/05/23 10:53 Enviado 10/05/23 11:37 Status Completada Resultado da tentativa 9 em 10 pontos Tempo decorrido 44 minutos Autoteste O aluno responde e o resultado do aluno não é visível ao professor. Resultados exibidos Respostas enviadas, Perguntas respondidas incorretamente Pergunta 1 0,5 em 0,5 pontos Leia a tirinha. O objetivo da tirinha é Resposta Selecionada: a. criticar a mercantilização da produção de opinião nas redes sociais. Pergunta 2 0,5 em 0,5 pontos Leia a charge. Com base na leitura, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. I. De acordo com a charge, o indivíduo que se informa somente por mensagens enviadas por redes sociais tem uma visão limitada e não verdadeira sobre os acontecimentos, sendo induzido a interpretações erradas. PORQUE II. Apenas os cientistas têm discernimento sobre os fenômenos naturais e sociais, e a observação da realidade não é uma forma válida de conhecimento. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: c. A asserção I é verdadeira, e a II é falsa. Pergunta 3 0,5 em 0,5 pontos Leia a charge. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O objetivo da charge é criticar a criação de datas especiais para temas específicos. II. A charge critica o desmatamento, causado pela ação humana, que afeta os habitats naturais. III. A charge associa a destruição do meio ambiente à morte. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: d. II e III. Pergunta 4 0,5 em 0,5 pontos Leia o texto e observe a imagem. Os filtros do Instagram estão mudando a nossa aparência na vida real? Rede sociais, filtros do Instagram e cirurgia plástica “As redes sociais nos coagem a sempre maximizar o que é belo o tempo inteiro”, diz a historiadora Luciana de Almeida. Se antes a beleza seguia elementos definidos e mais permanentes, agora essa superexposição cobra ainda mais do nosso corpo e rosto. “O filtro mostra que, apesar da aparente perfeição, isso não basta. Temos sempre que tornar essa imagem mais interessante. Não podemos mais ter o nosso próprio rosto. A sensação é de que os filtros do Instagram roubaram os nossos rostos“, diz Luciana, autora da tese “Os sentidos das aparências: invenção do corpo feminino em Fortaleza (1900-1959)” e estudiosa da história da beleza. De acordo com o censo de 2016 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a busca por procedimentos estéticos não cirúrgicos aumentou 390% no país. O preenchimento labial é a intervenção mais buscada segundo o ranking do órgão, seguido por aplicação de botox e peeling, laser e suspensão com fios. Em 2017, um estudo da Academia Americana de Cirurgiões Plásticos revelou que a motivação de 55% das pessoas que fizeram rinoplastias em 2017 foi o desejo de sair melhor em selfies. Se antes procurávamos parecer mais bonitos na vida física, agora queremos estar bem nas fotos das redes sociais. “Estar o tempo inteiro clicando autorretratos muda a forma como nos vemos e como nos achamos bonitos ou feios”, explica Hilaine Yaccoub. “Queremos ser e ter na vida real aquele visual tão cuidadoso dos perfis da rede social”. Ao ir ao dermatologista ou ao cirurgião plástico, é comum pacientes levarem fotos de mulheres cujas características corporais lhe agradem e também uma foto com o filtro que as incentivaram a buscar a cirurgia. Os cirurgiões explicam que podem conseguir o efeito até certo ponto; o filtro serve de inspiração, mas é preciso alinhar as expectativas. Há riscos físicos e psicológicos na busca por uma aparência computadorizada. EIRAS, Natália. Os filtros do Instagram estão mudando a nossa aparência na vida real? Revista Elle, publicado em 25 de maio de 2020. Disponível em <https://elle.com.br/beleza/filtros-instagram-nos-deixam-iguais-2>. Acesso em 12 fev. 2023 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. De acordo com os especialistas, as cirurgias plásticas realizam o sonho das mulheres de conseguir uma aparência igual às imagens obtidas por filtros e, assim, possibilitam a realização de selfies perfeitas. II. O dedo em riste na figura indica a determinação social de padrões de beleza, que, muitas vezes, levam as pessoas à busca por uma imagem considerada bonita e as fazem modificar os verdadeiros rostos. III. Não há relação entre a figura e o texto, pois a imagem refere-se à relação da mulher com o espelho, e não com as redes sociais. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: b. II. Pergunta 5 0,5 em 0,5 pontos Leia o texto. O deleite e as dores da superdotação A chama das altas habilidades, em mãos erradas ou desamparadas, pode causar um incêndio devastador, esclarecem especialistas Crianças com altas habilidades/superdotação (AH/SD) costumam sofrer durante toda a vida com problemas mentais e de relacionamento, com um sentimento de não pertencimento pela falta de diagnóstico e de atendimento de especialistas e, às vezes, com indiferença dentro das escolas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 5% das crianças e dos adolescentes estão nas salas de aula sem reconhecimento de seus potenciais, sem desfrutarem dos seus direitos garantidos na legislação brasileira. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 traz quem é esse público e qual é o direito do superdotado e sustenta que a criança com altas habilidades/superdotação é público-alvo da educação especial. Altas habilidades/superdotação é uma habilidade acima da média em alguma área do conhecimento. Um dos aspectos mais marcantes da superdotação relaciona-se ao seu traço de heterogeneidade. Assim, algumas pessoas podem destacar-se em um setor, ou podem combinar várias áreas, explica Ângela Magda Rodrigues Virgolim, graduada e mestre em Psicologia pela Universidade de Brasília e fundadora do “Instituto Virgolim para Altas Habilidades e Superdotação”. “Destituídas de assistência efetiva, essas crianças têm predisposição para o desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade; por isso, o processo de reconhecimento é fundamental”, alerta Denise Rocha Belfort Arantes- Brero, presidente do Conselho Brasileiro para Superdotação (ConBraSD). O professor é capaz de identificar a superdotação porque está todo dia em contato com o aluno e conhece seu desempenho, estando apto a fazer uma análise comparativa. “Uma professora de matemática é capaz de reconhecer qual aluno se destaca comparado aos seus pares etários. E isso é possível para o professor em qualquer disciplina”, afirma Denise Brero, que é também especialista em educação especial para dotados e talentosos pela Universidade Federal de Lavras (UFLA/MG) e doutora em Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem pela Universidade Estadual Paulista em Bauru. Crianças e adolescentes superdotados rompem com a sinergia do ambiente e se destacam, sendo visíveis em sala de aula. Muitas vezes, são ignorados por professores que não olham, não escutam e não são sensíveis a isso, esclarece Olzeni Ribeiro, consultora da Unesco e do Ministério da Educação na criação de cursos na área de altas habilidades/superdotação, além de doutora em Educação, neuropsicopedagoga clínica e institucional e especialista em altas habilidades/superdotação. “Quando eu peço aos pais que descrevam seus filhos superdotados, a palavra ‘sensível’ aparece com mais frequência. E a sensibilidade assume muitas formas: os sentimentos são facilmente magoados, com possíveis crises de choro compulsivo. Eles ‘sentem os sentimentos’ dos outros, respondem às críticas de forma intensa e às vezes reagem a estímulos do ambiente como luz, ruído, texturas, poluição do ar e determinados alimentos. O perfeccionismo e a intensidade também surgem com frequência nas descrições dos pais”, descreve Olzeni. “O que precisa ser desmitificado é que a altahabilidade/superdotação não está somente relacionada com o Quociente de Inteligência (QI). O que pesa mais é a história de vida, o que a criança faz, seu desempenho, mais do que a pontuação do QI”, determina Denise Brero. Segundo Denise, muitos professores têm receio do aluno superdotado. Sentem-se desafiados. Para a especialista, a criança superdotada questiona mais, traz novidades e se interessa por um conteúdo mais aprofundado. Ela expressa que esses alunos enriquecem a turma e cita o médico Joseph Salvatore Renzulli, um dos maiores especialistas na educação de superdotados: “Uma maré crescente leva todos os navios. Mas os superdotados têm que ser olhados na sua individualidade e receber alguma atenção especial para continuarem a florescer, a desenvolver os seus potenciais. Devem se sentir pertencentes e autorrealizados para que sejam produtores de conhecimento e contribuam para o desenvolvimento da sociedade”. Quando há diagnóstico de superdotação, pais e professores devem estar atentos se aparecerem sintomas como desmotivação, vontade de faltar às aulas, dor de barriga e de cabeça, falta de envolvimento e de interesse, tristeza. Ao longo da vida, em alguns momentos, o superdotado precisará de um acompanhamento psicológico para lidar com essas questões – se aparecerem. Essas crianças têm direito a dois tipos de estratégias específicas dentro da escola: o enriquecimento curricular ou a aceleração de estudos. Cada caso é avaliado para definir qual estratégia beneficiará mais a criança. O desejo da criança deve ser respeitado, e todo o processo deve ser acompanhado, pois se trata de uma mudança abrupta. Em muitos casos, a aceleração de estudos (pular a série) é positiva, a criança se sente motivada. O superdotado que vai bem na escola é chamado de superdotado acadêmico, cujo conhecimento é devorar leituras, escrever muito bem, e a escola o adora pois ele não gera demandas, mas é muito prejudicado porque a escola bloqueia o desenvolvimento. “Toda escola no Brasil estabelece um teto de aprendizagem, o que prejudica o superdotado”, aponta Olzeni Ribeiro, autora do livro “Criatividade”, em uma perspectiva transdisciplinar: rompendo crenças, mitos e concepções, publicado com a chancela da Unesco. Crianças superdotadas são, por natureza, mais sensíveis. Reagem com mais força e expressão a um ambiente no qual suas habilidades não são percebidas e suas necessidades não são atendidas. Podem ter um comportamento social inadequado, revelando hostilidade e agressão com relação aos outros (pais, professores, figuras de autoridade) ou se entregando a atos de delinquência social. “Temos um número imenso de superdotados sendo tratados com remédios que diminuem a energia, a cognição e a intelectualidade da criança. O remédio é um freio para sua inteligência, e sua intelectualidade é destruída”, revela Olzeni, pedagoga, há 30 anos atuando na área da educação com altas habilidades/superdotação e outras condições especiais. Olzeni alerta: “Se um pai e uma mãe levarem essa questão da superdotação para a escola, pelo amor de Deus, não digam que esses pais são vaidosos. A superdotação é genética, não é fabricada. Se não for diagnosticada e devidamente trabalhada, esse adulto precisará de terapia, se não chegar ao suicídio”. Crianças com altas habilidades são um precioso recurso nacional que precisa ser protegido, nutrido e desenvolvido. Disponível em <https://revistaeducacao.com.br/2021/11/18/deleite-e-dores-superdotacao/>. Acesso em 2 fev. 2023 (com adaptações). Com base nas informações do texto, é correto afirmar que Resposta Selecionada: e. ter altas habilidades ou superdotação cognitiva enquadra a pessoa em uma condição especial de aprendizagem, que demanda das escolas uma forma diferenciada de trabalho pedagógico. Pergunta 6 0,5 em 0,5 pontos Leia o texto. A questão da uberização ou plataformização do trabalho tem um potencial de se generalizar para todas as categorias profissionais. Ela já está avançando para setores da saúde (como cuidadoras e enfermeiras particulares), educação, serviços de limpeza doméstica (faxineiras), além de novas “modalidades” de trabalho, como as fazendas de cliques. Essa tendência de expansão só é possível por conta de novas tecnologias que têm sido implementadas no nosso cotidiano, em particular no mundo do trabalho (como é o caso da internet 5G, big data, internet das coisas etc.). Por exemplo, a modalidade de teletrabalho – hoje presente em várias categorias profissionais e um problema central para o mundo sindical – não deixa de ser uma forma de plataformização (isto é, um trabalho mediado por uma tecnologia informacional, como um tablet, um computador ou um celular). A diferença entre um entregador de uma plataforma digital e um servidor público do setor judiciário que trabalha hoje em home office é o contrato de trabalho, ou seja, os direitos adquiridos. A grande novidade das empresas-plataformas é que elas levaram ao extremo a exteriorização das atividades de trabalho, transferindo as responsabilidades aos trabalhadores. Dizem que estão apenas fazendo a intermediação entre clientes e trabalhadores (durante um tempo, tentaram chamar isso de “economia de compartilhamento”) e, por conta disso, não reconhecem o vínculo de emprego de seus entregadores ou motoristas. Mais que isso, deixam para eles todo o custo do processo de trabalho ou de serviço como, por exemplo, o aluguel ou o financiamento do carro ou da motocicleta, os custos com o combustível, a manutenção etc. Na verdade, o que essas empresas estão fazendo é litigioso, deixando milhões de trabalhadores e trabalhadoras sem qualquer direito ou assistência. Elas mesmas reconheceram isso quando aceitaram a inclusão de entregadores e motoristas no regime público de previdência social, com contrapartida financeira por parte delas. Mas a questão central, como muito bem apontaram as lideranças de entregadores e parte dos representantes sindicais, não está em incluí-los no regime de previdência e assegurar a eles um seguro saúde. Eles querem mais. Muitos dizem: “Nenhum direito a menos!”. E há uma compreensão, entre ativistas e pesquisadores, de que, se esta nova lógica de relação de trabalho das empresas-plataformas se estabelecer na legislação brasileira, serão abertas as portas para a plataformização de todas as categorias profissionais. Está em jogo, portanto, o futuro do mundo do trabalho e não apenas de uma ou outra categoria profissional. Disponível em <https://www.ihu.unisinos.br/626697-as-empresas-plataformas-sao-o-que-capital-financeiro- capital-produtivo-rentistas-comercio-ou-produtoras-de-valor-a-maioria-delas-e-tudo-isso-ao-mesmo-tempo- entrevista-especial-com-ricardo-festi?fbclid=IwAR2RACgqBJcwmbkA1FuqojtR7S38uAbXGc- 3_Ei9Vzl2rT8EMblKwNUIJgs>. Acesso em 07 mar. 2023. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A plataformização do trabalho beneficiou os trabalhadores de diferentes categorias, pois possibilitou a intermediação entre eles e os clientes e a garantia de seus direitos trabalhistas no momento da pandemia. II. A uberização, possibilitada pelas novas tecnologias, implica a precarização do trabalho, com a perda de direitos historicamente adquiridos. III. A plataformização representa uma evolução no mundo do trabalho, com a possibilidade de mais empregos e mais benefícios aos trabalhadores. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: c. Apenas a afirmativa II é correta. Pergunta 7 0,5 em 0,5 pontos Leia a charge e o texto de Eugenio Bucci. Há erros de informação, imprecisões, distorções de enfoque que, muitas vezes, não correspondem aos fatos e que são publicadas como notícias normais na imprensa convencional. Nós estamos diante de um fenômeno diferente. Nós estamos diante de uma usina de produção de notícias fraudulentas, com o propósito de fraudar os processos decisórios das democracias. É muito diferente, portanto, deum erro jornalístico, coisa que acontece todo dia. Uma boa redação jornalística, quando comete um erro, procura se corrigir. Uma notícia fraudulenta é fabricada por alguma central, algum grupo ou mesmo uma pessoa, que não age, publicamente, de boa-fé. Disponível em <https://mais.opovo.com.br/jornal/dom/2018/01/eugenio-bucci-e-evidente-que-caminhamos- para-um-jornalismo-melhor.html>. Acesso em 28 fev. 2023 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. Segundo o texto, as fake news não se confundem com notícias mal elaboradas, pois, no caso das primeiras, elas são produzidas com a intenção de interferir politicamente na sociedade. II. De acordo com a charge, as fake news espalham-se mais rapidamente no meio rural, onde é maior o índice de analfabetismo. III. A charge e o texto apontam que a produção de fake news tem como propósito o consumo de informações por grande número de pessoas. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: d. I e III, apenas. Pergunta 8 0,5 em 0,5 pontos Leia a charge e o texto. Pobreza e extrema pobreza batem recorde no Brasil em 2021, diz IBGE O equivalente a 29,4% da população brasileira estava na pobreza no ano passado; ponta extrema alcança 8,4% da população Reuters – 02/12/2022 A pobreza e a extrema pobreza bateram recordes no Brasil em 2021, como consequência dos efeitos negativos da pandemia de covid-19, informou nesta sexta-feira (02/12/2022) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pobreza no País em 2021 alcançou 62,5 milhões de brasileiros, o equivalente a 29,4% da população do país, enquanto 17,9 milhões de brasileiros se encontravam na extrema pobreza no ano passado (8,4% da população). Nos dois casos, os níveis são os mais altos da série do IBGE iniciada em 2012. “Esse aprofundamento da pobreza e extrema pobreza tem a ver com os impactos da pandemia de covid-19 e seus efeitos sobre o mercado de trabalho“, disse João Hallak, gerente da pesquisa de indicadores sociais do IBGE. “A situação dos trabalhadores no mercado de trabalho foi bem difícil em 2021, e isso tem reflexos nos indicadores sociais”. Disponível em <https://www.infomoney.com.br/economia/pobreza-e-extrema-pobreza-batem-recorde-no-brasil-em-2021-diz- ibge/>. Acesso em 11 mar. 2023. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A charge tem por objetivo criticar as pessoas que vivem em condição de pobreza e não tentam mudar sua situação, conformando-se em ser meros números nas estatísticas. II. De acordo com o texto, em 2021, em média, 1 em cada 12 brasileiros vivia em condições de extrema pobreza. III. Segundo o gerente da pesquisa de indicadores sociais do IBGE, o aprofundamento da pobreza no Brasil em 2021 está vinculado aos impactos da covid-19 sobre o mercado de trabalho. É correto apenas o que se afirma em Resposta Selecionada: d. II e III. Pergunta 9 0,5 em 0,5 pontos Leia o texto, publicado em 11 de janeiro de 2023, pela agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Inteligência artificial pode orientar o diagnóstico de pacientes com falência da medula óssea Um algoritmo de machine learning capaz de orientar o diagnóstico de síndromes de falência da medula óssea foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e colaboradores norte-americanos. Os resultados foram divulgados na revista Blood, da American Society of Hematology. Com base na análise de 25 variáveis clínicas e laboratoriais, o modelo consegue predizer se a condição é hereditária ou adquirida, o que tem implicações principalmente no manejo de casos graves de pancitopenia – condição em que há redução tanto dos glóbulos brancos e vermelhos do sangue quanto das plaquetas, resultando em anemia [deficiência de glóbulos vermelhos do sangue que pode causar fraqueza, cansaço, sonolência, falta de ar, entre outros problemas], leucopenia [menor capacidade de combater infecções por deficiência de glóbulos brancos do sangue] e trombocitopenia [maior risco de hemorragias por deficiência de plaquetas]. “A escolha de adiar o tratamento enquanto se aguarda o teste genético pode resultar em atraso significativo no tratamento de pacientes gravemente pancitopênicos. Por outro lado, o diagnóstico errado de insuficiência hereditária da medula óssea [BMF, na sigla em inglês] pode expor os pacientes a terapias ineficazes e caras, regimes de condicionamento de transplantes tóxicos e uso inapropriado de um membro da família afetado como doador de células-tronco”, afirmam os autores no artigo. Segundo os pesquisadores, a ferramenta poderia ser útil para hematologistas e outros profissionais de saúde que atuam em centros com poucos recursos, auxiliando na tomada de decisão clínica. O trabalho envolveu cientistas do Centro de Terapia Celular (CTC), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). Um dos coordenadores da pesquisa foi Rodrigo Calado, chefe do Departamento de Imagens Médicas, Hematologia e Oncologia Clínica da FMRP-USP, diretor-presidente-executivo do Hemocentro de Ribeirão Preto e pesquisador principal do CTC. Para desenvolver a ferramenta, o grupo fez uso de machine learning, um método de análise de dados que automatiza a construção de modelos analíticos. É um ramo da inteligência artificial baseado na ideia de que sistemas podem aprender com dados, identificar padrões e tomar decisões com o mínimo de intervenção humana. Disponível em <https://agencia.fapesp.br/inteligencia-artificial-pode-orientar-o-diagnostico-de-pacientes-com- falencia-da-medula-ossea/40446/>. Acesso em 11 jan. 2023 (com adaptações). De acordo com as informações apresentadas no texto, avalie as afirmativas. I. O algoritmo é capaz de oferecer um diagnóstico preciso a respeito de síndromes de falência da medula óssea, dispensando quaisquer outros tipos de análises. II. O algoritmo foi produzido por pesquisadores da American Society of Hematology, com base na inteligência artificial, que é um ramo do machine learning. III. A ferramenta é capaz de predizer se a condição de falência da medula óssea é hereditária ou adquirida. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: a. III, apenas. Pergunta 10 0,5 em 0,5 pontos Leia o texto. São Paulo tem início de ano mais frio desde 1965, aponta Inmet Os primeiros dias de 2023 na cidade de São Paulo (SP) foram os mais frios para um mês de janeiro desde 1965. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em pleno verão, a média de temperatura máxima observada nos dez primeiros dias deste ano ficou em 23,9ºC. É o menor valor já registrado para o período desde 1965, quando a média chegou a 23,8ºC. De acordo com o Inmet, na capital e em grande parte do estado de São Paulo, as temperaturas estão abaixo da média por causa da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), resultado do encontro de ventos úmidos vindos do Atlântico, mais frios, passando pela faixa leste do estado, com ventos vindos da Bacia Amazônica. “Este sistema foi potencializado por águas costeiras mais frias que o normal para a época do ano e por áreas de baixa pressão, assim ajudando a promover dias seguidos de tempo nublado a encoberto, volumes expressivos de chuva e temperaturas abaixo da média”, diz nota do instituto. Historicamente, a média de temperatura máxima que costuma ser registrada nos primeiros dez dias do mês de janeiro é em torno de 27,9ºC. A média de temperatura mínima observada nos primeiros dez dias deste ano, estabelecida em 17,6ºC, também está abaixo da média histórica para o período, que é em torno de 18,8ºC. Chuvas Segundo o Inmet, o acumulado de chuvas registrado entre os dias 1º e 10 de janeiro foi de 79,8 milímetros (mm), volume que se encontra dentro da média para o período, em torno de 81mm. Disponível em <https://www.metroworldnews.com.br/foco/2023/01/11/sao-paulo-tem-inicio-de-ano-mais-frio-desde-1965-aponta-inmet/>. Acesso em 17 jan. 2023. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A temperatura máxima média indica a temperatura mais elevada atingida no período em determinado local. II. Na cidade de São Paulo, os dez primeiros dias de janeiro de 2023 foram marcados por temperaturas mais baixas do que a média histórica e o volume acumulado de chuva ficou acima dos volumes registrados desde 1965. III. O encontro de ventos úmidos e frios vindos do Atlântico com ventos vindos da Bacia Amazônica foi responsável pelas baixas temperaturas observadas em janeiro de 2023. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: d. III, apenas. Pergunta 11 0,5 em 0,5 pontos Leia a tirinha e o texto. O Estado brasileiro é laico? A situação de hoje é bem diferente daquela que vigia no Período Colonial e durante o Império, mas ainda está longe de caracterizar um Estado laico. As sociedades religiosas não pagam impostos (renda, IPTU, ISS etc.) e recebem subsídios financeiros para suas instituições de ensino e assistência social. O ensino religioso faz parte do currículo das escolas públicas, que privilegia o Cristianismo e discrimina outras religiões, assim como discrimina todos os não crentes. Em alguns estados, os professores de ensino religioso são funcionários públicos e recebem salários, configurando apoio financeiro do Estado a religiões, que, aliás, são as credenciadoras do magistério dessa disciplina. Certas sociedades religiosas exercem pressão sobre o Congresso Nacional, dificultando a promulgação de leis no que diz respeito à pesquisa científica, aos direitos sexuais e reprodutivos. A chantagem religiosa não é incomum nessa área, como a ameaça de excomunhão. Há símbolos religiosos nas repartições públicas, inclusive nos tribunais. Disponível em <http://ole.uff.br/o-estado-brasileiro-e-laico/>. Acesso em 25 fev. 2023 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O efeito de humor da tirinha apoia-se no duplo significado da palavra “estado”, entendida como entidade política e como situação. II. De acordo com o texto, ainda são fortes as influências religiosas no Estado brasileiro, o que o impede de ser classificado como laico. III. A resposta do pai, nos quadrinhos, revela que ele é contra as pesquisas científicas, assim como são, segundo o texto, as instituições religiosas. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: c. Apenas as afirmativas I e II são corretas. Pergunta 12 0 em 0,5 pontos Leia o texto. Por que algumas pessoas são gênios esquecidos Diversos fatores psicológicos contribuem para que as pessoas atinjam níveis assombrosos de percepção e criatividade David Robson, BBC- 04/12/2022 No final dos anos 1920, um jovem de classe média conhecido como Ritty passava a maior parte do tempo mexendo no seu "laboratório", na casa dos pais em Rockaway, Nova York, nos Estados Unidos. O laboratório era uma velha caixa de madeira, equipada com prateleiras que continham uma bateria e um circuito elétrico com lâmpadas, chaves e resistores. Uma das suas invenções mais notáveis era um alarme doméstico contra intrusos que o alertava sempre que seus pais entrassem no seu quarto. Ele também usava um microscópio para estudar o mundo natural e, às vezes, levava seu conjunto de química para a rua, para fazer truques para as outras crianças. Mas o registro escolar de Ritty no ensino fundamental era comum. Ele tinha dificuldades com literatura e línguas estrangeiras. E, em um teste de QI quando criança, a pontuação dele teria sido de cerca de 125, que é acima da média, mas longe do espectro dos gênios. Na adolescência, Ritty demonstrou talento para a matemática e começou a estudar sozinho com livros elementares. No final do ensino médio, ele conseguiu o primeiro lugar no concurso anual de matemática do estado. Ritty é parte da história da Ciência. Ele tornou-se o físico Richard Feynman (1918- 1988), vencedor do Prêmio Nobel em 1965. Sua teoria da eletrodinâmica quântica revolucionou o estudo das partículas subatômicas. Outros cientistas consideravam o funcionamento da mente de Feynman algo impenetrável. Para os colegas, ele parecia ter um talento quase sobrenatural, que levou o matemático polonês-americano Mark Kac a declarar, em sua autobiografia, que Feynman não era apenas um gênio comum, mas "um mágico do mais alto calibre". A psicologia moderna pode nos ajudar a decodificar essa magia e compreender, de forma mais geral, o que torna uma pessoa um gênio? A simples definição do termo já é uma dor de cabeça. Não existem critérios claros nem objetivos. Mas a maior parte das definições identifica que o gênio tem realizações excepcionais em pelo menos um domínio, com originalidade e talento que são reconhecidos por outros especialistas na mesma disciplina e podem impulsionar muitos outros avanços. Disponível em <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/12/04/por-que-algumas-pessoas-sao-genios- esquecidos.ghtml>. Acesso em 06 dez. 2022 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. Richard Feynman mostrava traços de genialidade desde a infância, principalmente no ambiente escolar, embora seu teste de QI tenha apresentado resultado mediano. II. Os critérios para identificar a genialidade são bem definidos e incluem a realização de feitos excepcionais e o bom desempenho escolar. III. Para se tornar um físico famoso, Richard Feynman recebeu intenso apoio da família e da escola, que lhe promoveu condições diferenciadas de estudo. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: c. Apenas a afirmativa I é correta. Pergunta 13 0,5 em 0,5 pontos Leia o texto. Garimpo ilegal na Terra Yanomami cresceu 54% em 2022, aponta Hutukara O garimpo ilegal cresceu 54% em 2022 e devastou novos 1.782 hectares da Terra Indígena Yanomami (TIY), conforme levantamento feito por imagens de satélite. O monitoramento da Hutukara Associação Yanomami (HAY) aponta crescimento acumulado de 309% do desmatamento associado ao garimpo entre outubro de 2018 e dezembro de 2022. Nesse período, foram mais 3.817 hectares destruídos na maior terra indígena do país, atingindo um total de 5.053 hectares. Quando os indígenas começaram a monitorar os efeitos do garimpo, em outubro de 2018, havia 1.236 hectares devastados. Em 2021, o desmatamento chegou a 3.272 hectares, conforme apontou o relatório “Yanomami Sob Ataque: garimpo na Terra Indígena Yanomami” e propostas para combatê-lo. O “Sistema de Monitoramento do Garimpo Ilegal na TIY” é feito com imagens da “Constelação Planet”, rede de satélites de alta resolução espacial capazes de detectar com precisão e mais frequência de vigilância áreas muitas vezes não capturadas por outros satélites. Com o monitoramento manual, as atualizações são registradas duas vezes por mês. As maiores concentrações de destruição estão nos rios Uraricoera, ao Norte da Terra Indígena Yanomami, e Mucajaí, região central. A região de Waikás, no Uraricoera, concentra 40% do impacto, com cerca de 2 mil hectares devastados. Enquanto isso, o Rio Couto Magalhães, afluente do Mucajaí, sofre 20% do impacto, com cerca de mil hectares. A terceira região mais afetada é a de Homoxi, na cabeceira do Mucajaí, com 15% da devastação, o que corresponde a cerca de 760 hectares. “Os impactos do garimpo vão além do observados pelo satélite, que são focados no desmatamento. Eles também afetam as disseminações de doenças, deterioração no quadro de saúde das comunidades, produção de conflitos intercomunitários, aumento de casos de violência e diminuição da qualidade de água da população com destruição dos corpos hídricos. Tudo isso somado compromete a capacidade de viver nas comunidades”, explicou o geógrafo Estêvão Benfica, assessor do Instituto Socioambiental (ISA). Ainda segundo Benfica, a mobilidade dos garimpeiros de uma área para outra é um fator que resultana proliferação de doenças. Os invasores chegam a levar novas cepas de malária de uma região para outra, por exemplo. De acordo com o Sivep Malária, sistema de monitoramento do Ministério da Saúde, entre 2020 e 2021, mais de 40 mil casos de malária foram registrados na Terra Indígena Yanomami. Em 2021, foram 21.883, o maior registro desde 2003. A explosão dos casos da doença no território indígena coincide com o aumento da área devastada pelo garimpo. O monitoramento do Mapbiomas, que utiliza o satélite Landsat, mostra saltos sucessivos no desmatamento pelo garimpo desde 2016. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O avanço do garimpo na região das terras indígenas Yanomami e o número de casos de malária estão inversamente relacionados desde 2016. II. A taxa de crescimento dos casos de malária foi maior no período de 2019 a 2020. III. As consequências do garimpo ilegal nas terras indígenas incluem a disseminação de doenças e a destruição ambiental. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: e. Apenas a afirmativa III é correta. Pergunta 14 0,5 em 0,5 pontos Leia a charge e o texto. Um artigo publicado recentemente na revista 9ª Arte tem como tema a baixa participação da população negra na arte do Brasil, mais especificamente nos quadrinhos, apesar de serem a maioria da população. No trabalho intitulado “A maioria da população brasileira é minoria nos quadrinhos”, Roberto Elísio dos Santos, livre-docente em Ciências da Comunicação na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, tomou como inspiração os estudos do pesquisador Nobu Chinen sobre a quase inexistência do negro como personagem da chamada 9ª arte, as histórias em quadrinhos (HQs). Visto que a maioria da população brasileira é negra, não faz sentido tão poucos personagens negros nas histórias em quadrinhos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento populacional, 43,1% dos brasileiros entrevistados se declaram brancos, 9,3% pretos e 46,5% pardos. A situação de preconceito, nos meios artísticos, vem mudando aos poucos, “mas a presença de personagens negros nos produtos midiáticos não reflete os dados sociais do país. Se somos, então, um país negro, onde estão os pretos e pardos nos meios de comunicação?”, questiona Chinen. A história brasileira mostra 400 anos de escravidão, ao longo dos quais a exclusão, a discriminação e o racismo determinaram as condições econômicas precárias, desumanas, acompanhadas pelo difícil acesso dos afrodescendentes à educação e ao digno convívio social de igualdade. A arte, em particular as histórias em quadrinhos, reflete as condições preconceituosas enfrentadas pela população negra, expressas graficamente com a imagem negativa do negro nesse tipo de publicação artística. Os padrões europeus dos corpos conceituados como “normais e perfeitos” sempre colocaram à margem etnias diferentes. Santos cita a revista Gibi, lançada em 1939 e publicada até os anos 1990, em que o personagem Pererê, historicamente o mais bem-sucedido personagem negro das histórias em quadrinhos, não é baseado em um ser real, é um ser mitológico do folclore brasileiro. Na revista “O Tico-Tico” (de 1905 a 1962), o garoto negro Giby era empregado da família. O artista J. Carlos, em 1924, apresenta sua personagem Lamparina, uma menina negra, como alguém “que ostenta um aspecto de animal […], com os braços nas proporções de um chimpanzé”. Destaca-se que, segundo o pesquisador Chinen, esse “talvez seja o caso mais notório de uma representação negativa do negro nos quadrinhos brasileiros”. As precárias condições de vida dos afrodescendentes brasileiros foram retratadas de maneira crítica, em nossa história mais recente, por cartunistas engajados socialmente como Novaes, Henfil e, mais notadamente Edgar Vasques. Nobu Chinen, afirma Santos, “faz um inventário dos personagens negros infantis”, pondo em cena “personagens pouco conhecidos ou esquecidos que formaram, por meio dos quadrinhos, uma visão dos afrodescendentes brasileiros, mais próximos ou distantes da grande parcela da população do Brasil”. Disponível em <https://jornal.usp.br/ciencias/qual-o-papel-dos-personagens-negros-nas-historias-em- quadrinhos-brasileiras/>. Acesso em 7 mar. 2023 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O texto afirma que a população negra é sub-representada nas histórias em quadrinhos como consequência do fato de uma minoria dos brasileiros (9,3% do total) se considerar preta. II. A charge mostra que muitos negros conseguiram ser reconhecidos pelos seus feitos, o que refuta as informações presentes no texto. III. O fato de o Pererê ser o personagem negro mais bem-sucedido na história dos quadrinhos brasileiros deve-se a ele representar um ser mitológico. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: b. Nenhuma afirmativa é correta. Pergunta 15 0,5 em 0,5 pontos Leia o texto, de autoria de Laura Mattos, e a charge. Inteligência artificial ajuda aluno a escrever redação nas escolas “A inteligência artificial tornou-se uma ferramenta cada vez mais importante no campo da educação e uma das maneiras mais emocionantes de usá-la é ajudar os estudantes a melhorar suas habilidades de escrita”. Foi assim que a nova vedete da inteligência artificial, a plataforma ChatGPT, iniciou um texto de seis parágrafos quando a “Folha” lhe enviou a seguinte solicitação: "Escreva um artigo sobre o uso da inteligência artificial para estudantes aprenderem a escrever redação". O artigo ficou pronto em 50,5 segundos. Ainda no primeiro parágrafo, o robô prosseguiu afirmando que as ferramentas "podem fornecer aos estudantes feedback instantâneo sobre seus ensaios, ajudando-os a identificar erros e a melhorar sua escrita com o tempo". Se é realmente "emocionante", isso já é um juízo de valor feito pelo robô do ChatGPT, mas, de fato, como o texto aponta, essa ferramenta começa a se disseminar na educação, e escolas brasileiras, públicas e particular a adotá-la. Em São Paulo, a inteligência artificial para esse fim deverá ser introduzida nas escolas estaduais ainda neste semestre, de acordo com o secretário de educação, Renato Feder. "Teremos um programa que apontará instantaneamente para o aluno erros gramaticais, ortográficos e de pontuação, além de explicar a regra", afirmou o secretário à “Folha”. Posteriormente, a redação deve ser encaminhada ao professor, e a plataforma sistematiza a sua correção fazendo ao docente perguntas como "Qual é a aderência do texto ao tema proposto?", "Trabalha com a argumentação?", "Usa raciocínio lógico?", "Traz uma conclusão?". Segundo Feder, a ferramenta será desenvolvida pela Secretaria de Educação, da mesma forma que o programa implementado nas escolas paranaenses quando ele foi secretário. O “Redação Paraná” foi criado no primeiro ano da pandemia e é utilizado por estudantes do 6º ao 9º ano e do ensino médio. O Governo do Espírito Santo também aderiu a essa tecnologia, a partir de parceria com uma startup, a Letrus. Essa mesma tecnologia já foi utilizada em escolas públicas da Paraíba, do Pará, de São Paulo e de Mato Grosso do Sul, por meio de projetos financiados por institutos sociais, e atualmente está presente em escolas da Fundação Bradesco e em instituições voltadas à classe A de São Paulo, como a rede Pueri Domus e as escolas do Grupo Bahema, entre as quais a Escola da Vila e a Escola Viva. A Letrus diz ser utilizada por 180 mil estudantes no país - o custo médio programa gira em torno de R$ 100 por aluno por ano. Professor de língua portuguesa e fundador da empresa, Luís Junqueira admite que, por melhor que seja, uma ferramenta de inteligência artificial não consegue substituir o olhar humano. "Mas facilita o trabalho do professor e pode orientá-lo sobre que dificuldades devem ser observadas", diz ele. "Também é importante o estímulo que o estudante temao receber um feedback rápido da sua redação. No Brasil, a maioria dos estudantes não consegue ter os seus textos lidos por professores." A Letrus defende que a ferramenta precisa ser integrada ao currículo escolar, com treinamento dos professores, para que saibam utilizá-la em aula, além de monitorar o desenvolvimento de cada aluno por meio de um histórico de dados e estatísticas. Plataformas com essa proposta, portanto, segundo ele, diferenciam-se de sites e aplicativos que oferecem correção de redação instantânea gratuitamente (há serviços pagos, como o de escolher um tema livre). Entre elas já se tornaram conhecidas de professores brasileiros a Glau e a Grammarly. Além de erros gramaticais e ortográficos, as ferramentas se dizem capazes de analisar, em algum grau, a construção de frases e a fluência do texto e, também, de evitar plágios, pesquisando outros textos online ou barrando a possibilidade de copiar e colar. Mestre em linguística aplicada e professor do Instituto Singularidades, que forma professores e gestores da educação, Maurício Canuto afirma que essas ferramentas podem ser úteis, "desde que consideradas como complementares e sempre utilizadas com a mediação do docente". "A tecnologia pode apontar um erro de pontuação, por exemplo, e explicar a regra, mas não garante que o aluno entenderá." O professor dá aula de português na rede municipal de São Paulo e sugere essas ferramentas aos seus ser preciso cuidado para que a criatividade não seja tolhida. "Essas ferramentas utilizam modelos de textos", diz. "Isso pode ir na contramão do que a BNCC [Base Nacional Comum Curricular] determina, que o aprendizado busque novas linguagens, interações e que evite fórmulas estáticas." Ponderação semelhante faz Adriano Chan, corretor de redação de vestibulares e doutorando da Unesp em linguística cognitiva, que lida com os modelos do pensamento algorítmico. "Na língua, temos os usos que segu que não seguem, e esses casos não são identificados por essas ferramentas." Para Chan, que é proprietário de um curso de redação em São Paulo, essas ferramentas "podem ajudar o professor a ser mais eficaz", desde que utilizadas com cautela. "Essas plataformas trabalham com modelos de texto. Procuram as palavras no primeiro parágrafo e avaliam como se relacionam com o restante da escrita. Isso não funciona para alunos mais criativos, para redações mais sofisticadas." A ponderação entre aspectos positivos e negativos, aliás, não está presente no texto do ChatGPT feito a pedido da “Folha”, que só apontou vantagens do uso da inteligência artificial. A conclusão do robô é que o uso "emocionante" da ferramenta pode transformar alunos em "escritores competentes". Disponível em <https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2023/02/escolas-adotam-inteligencia-artificial-para-ajudar redacao.shtml#:~:text=%22A%20intelig%C3%AAncia%20artificial%20tornou%2Dse,melhorar%20suas%20habilidades%20de%20escrita.%22> em 16 mar. 2023 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. De acordo com a charge e com os especialistas apresentados no texto, a ferramenta ChatGPT substitui figura humana, pois sua tecnologia permite que ela realize com eficiência todas as tarefas. II. O texto escrito pela ferramenta ChatGPT, mencionado no artigo, pondera sobre os aspectos positivos inteligência artificial para os estudantes e é um exemplo claro do potencial dessa tecnologia. III. Segundo o secretário de educação de São Paulo, uma ferramenta específica será utilizada nas escolas apontará aos estudantes os erros gramaticais em seus textos. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: c. III, apenas. Pergunta 16 0,5 em 0,5 pontos Leia o artigo e a charge, de Laerte. O que anima e o que assusta no ChatGPT, a nova inteligência artificial Nas últimas semanas, a emergência do ChatGPT, novo chatbot desenvolvido pela OpenAI, chamou a atenção internacional. Essa nova ferramenta de inteligência artificial (IA) pode revolucionar um leque extremamente amplo de atividades humanas, mas não deixou de despertar também um considerável número de preocupações entre especialistas de tecnologia. É altamente provável que reguladores sejam os próximos a se interessar por esta tecnologia. O ChatGPT é uma das últimas aplicações do modelo algorítmico Generative Pretrained Transformer 3 (GPT-3). Este modelo de processamento de linguagem natural de última geração foi apresentado pela primeira vez em 2020, levantando diversos questionamentos éticos em relação ao seu uso. O ChatGPT é capaz de entender a linguagem humana natural e gerar uma resposta semelhante ao fruto do intelecto humano após receber um pedido. A ferramenta ganhou destaque por três razões principais. Primeiramente, pelo nível extremamente refinado de suas respostas. A sua simulação quase fiel de textos escritos por humanos e suas respostas precisas e coerentes na enorme maioria de perguntas, mesmo as mais complexas, é impressionante. Tal evolução torna-se extremamente útil para facilitar uma miríade de tarefas e, consequentemente, extremamente lucrativa para quem conseguir alcançar este nível de sofisticação. Neste sentido, a segunda –mas talvez deveríamos considerá-la a primeira– razão pela qual o ChatGPT chamou a atenção dos especialistas foram os incessantes rumores sobre o vultoso investimento de US$ 10 bilhões que a OpenAI, liderada por Elon Musk e Sam Altman, estaria negociando com a Microsoft, depois de já ter recebido um investimento de US$ 1 bilhão da Microsoft em 2019. Segundo Sam Altman, CEO da OpenAI, o ChatGPT já teria atingido a marca de 1 milhão de usuários, mesmo tendo sido lançado há menos de um mês. Por enquanto, o sistema de IA está sendo disponibilizado "gratuitamente", alistando usuários numa gigantesca operação de propaganda e teste da tecnologia. Em terceiro lugar, e em perspectiva mais geral, o ChatGPT destaca a chegada de uma nova fase de automação na qual a IA não desempenha somente uma tarefa limitada, mas pode interagir de maneira muito mais refinada com o usuário, assistindo de maneira muito mais elaborada, desde a redação de um artigo, até a correção de código de software, no espaço de alguns segundos. Por exemplo, o chamado "debug de código" é o primeiro exemplo oferecido no seu site oficial sobre como o ChatGPT pode contribuir para examinar e melhorar os códigos, a partir de um "diálogo" com o programador. Essa capacidade de gerar respostas para qualquer tipo de pergunta é extremamente promissora, mas também assustadora. Quando um usuário pede a elaboração de malware (ou seja, software malicioso tipicamente usado para ataques de hackers), o ChatGPT entrega rapidamente um ótimo rascunho de código que permitiria – ou pelo menos facilitaria enormemente – ataques particularmente perniciosos, mesmo se o perpetrador fosse um novato. Por enquanto, ninguém parece ainda ter pedido ao ChatGPT para elaborar uma série de notícias falsas para causar danos a personalidades ou instituições públicas, mas o sistema performou muito bem na redação de emails de phishing a ser enviados para golpes online. Pode-se imaginar que o mesmo tipo de performance de alto nível possa ser alcançado com a elaboração de fake news. Talvez uma das aplicações de maior sucesso do chat poderia ser a pesquisa acadêmica, que nos obriga a repensar radicalmente como as competências intelectuais dos indivíduos são avaliadas. Que sentido pode fazer avaliar um estudante com um trabalho de conclusão de curso ou um ensaio se tais trabalhos podem ser elaborados em poucos segundos pelo ChatGPT? A ICML (International Conference on Machine Learning), uma das mais prestigiadas conferências de IA do mundo, já proibiu o uso de ferramentas como o ChatGPT para escrever ou corrigir artigos científicos. Essa decisão deu ensejo a um debate ético na academia e entre os profissionais de machine learning. Algumas das questões éticas levantadas pela conferênciaforam a dificuldade em distinguir textos escritos pelo chat de textos de autoria humana e que seu uso permite a reformulação de textos disponíveis na internet, sem creditar os autores originais. O plágio é considerado um problema grave nas instituições de ensino, mas sistemas como o ChatGPT tornam a prática extremamente mais fácil e, ao mesmo tempo, difícil de se detectar. Embora a proibição estabelecida pela ICML seja totalmente compreensível, sua implementação parece extremamente difícil. Ainda não está claro como o comitê organizador da ICML –ou qualquer outra pessoa– poderia determinar se um texto foi elaborado com o auxílio dessas ferramentas. As aplicações do ChatGPT podem ser extremamente valiosas e poupar milhões de horas de trabalho em redação de emails, notas, planos, projetos, software etc. Porém, ao lado de usos amigáveis e de boa-fé vêm muitos outros potenciais (ab)usos muito menos nobres. A finalidade pela qual qualquer tecnologia é usada depende de seu usuário. Mas o desenvolvedor não pode ser totalmente isento de responsabilidade e deve ter um dever de cuidado quando a tecnologia pode facilmente ser utilizada para finalidades nocivas. O ChatGPT levanta questões muito relevantes de cibersegurança, de proteção de dados, de pedagogia e de ética. Nos obriga a repensar nossa relação com IA a fim de começar a considerar a necessidade de evoluir com ela, nos tornando mais inteligentes e preparados graças a ela. A outra opção, mais preguiçosa, e muito mais perniciosa: nos tornar dependentes ao invés de protagonistas da IA. A chegada de um tipo de IA mais complexo e desafiador nos obriga a analisar todos os efeitos, sejam positivos ou negativos, de tais avanços, a nos preparar de maneira séria e entender como regular de forma eficiente. (*) Luca Belli é professor e coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito Rio. Nina da Hora é pesquisadora especialista em IA e cibersegurança no CTS- FGV. Disponível em <https://www1.folha.uol.com.br/tec/2023/01/chatgpt-o-que-anima-e-o-que-assusta-na-nova- inteligencia-artificial.shtml>. Acesso em 28 fev. 2023. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O objetivo da charge é evidenciar os benefícios da tecnologia, especialmente da inteligência artificial, que supera a capacidade humana na elaboração de textos, aspecto também abordado pelo artigo de opinião. II. Segundo o artigo, as finalidades nocivas de qualquer tecnologia dependem dos usuários e, por isso, os desenvolvedores de novas ferramentas devem ser isentos de qualquer responsabilidade. III. O artigo e a charge revelam questões éticas no uso do ChatGPT, pois abordam o problema da autoria no uso da ferramenta na produção de textos. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: e. Apenas a afirmativa III é correta. Pergunta 17 0,5 em 0,5 pontos Leia o texto. América Latina deveria ser região com menos fome no mundo, diz pesquisador Gerardo Lissardy Por trás da sua última refeição, pode ter existido uma história de grandes interesses. Não se trata apenas de quem proporcionou o alimento, mas de uma série de fatores que vão desde a produção até sua chegada ao mercado. E, em cada uma dessas etapas, pode haver interesses em jogo entre países ou corporações, segundo Juan José Borrell, autor do livro “Geopolítica y Alimentos: el Desafío de la Seguridad Alimentaria Frente a la Competencia Internacional por los Recursos Naturales” (“Geopolítica e alimentos: o desafio da segurança alimentar frente à concorrência internacional pelos recursos naturais”, em tradução livre). “Os alimentos são um fator de poder”, afirma Borrell, que é professor e pesquisador de geopolítica da Universidade de Rosário e da Universidade da Defesa Nacional, na Argentina. Ele também foi assessor da delegação argentina no Comitê de Segurança Alimentar Mundial da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Borrell participou do Hay Festival Cartagena, promovido na Colômbia entre 26 e 29 de janeiro de 2023. A seguir, leia os principais pontos da sua conversa com a BBC News Mundo. BBC News Mundo: Como os alimentos se tornaram uma questão geopolítica? Juan José Borrell Os alimentos sempre foram importantes. O ser humano estruturou sua existência em torno da busca pelo abastecimento alimentar desde antes do Neolítico. Mas podemos dizer que os alimentos se transformaram em assunto geopolítico depois da Segunda Guerra Mundial, com o grande salto dado pelos Estados Unidos no cenário internacional. No marco da doutrina da contenção, da ajuda humanitária e da criação de organismos como a ONU, temas como a fome e a pobreza – que giram em torno da produção de alimentos - adquiriram alcance internacional. Vivemos nas últimas décadas um interesse renovado por uma série de fenômenos geopolíticos que voltaram a colocar o tema do fornecimento de alimentos na agenda maior da política internacional. Por exemplo, o crescimento das novas economias, a concorrência pelos recursos, o aumento da população mundial ou os danos aos ecossistemas. (...) BBC: Qual é o objetivo dos países nisso tudo? Garantir sua própria segurança alimentar ou ganhar influência político-econômica por meio dos alimentos? Borrell: Ambas. Os alimentos são um fator de poder. Produção, sementes, patentes, insumos, comércio, portos, frota, preços ou produtos nas gôndolas dos mercados são uma enorme fonte de poder, capacidade de influência e geração de riqueza. As grandes potências concorrem por espaços de mercado, para ganhar renda e ter maior autonomia alimentar. Outros países servem para extração de renda, como é o caso da Argentina. Não existe uma política alimentar estratégica que solucione o problema do acesso da população aos alimentos. O fato de um país dispor de um sistema de produção agrícola intensiva não garante que as necessidades alimentares da sua população sejam automaticamente satisfeitas. BBC: Segundo um relatório da ONU, no ano passado, o mundo retrocedeu nos seus esforços para acabar com a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição. Por que existe cada vez mais fome se temos melhor tecnologia para produzir alimentos? Borrell: Existe um grande mito: o de que, graças à tecnologia, os rendimentos aumentarão e, consequentemente, maior quantidade de pessoas terá acesso a um maior fornecimento de alimentos. Ou, ao contrário, que existe fome onde faltam alimentos ou há excesso de população. O professor indiano Amartya Sen, ganhador do prêmio Nobel de Economia, demonstrou que, em muitas fomes históricas, havia fornecimento de alimentos, mas a população não tinha forma de adquiri-los. De fato, o sistema de produção intensiva não gera necessariamente alimentos. Ele gera uma matéria-prima que também pode ser empregada, por exemplo, para alimentação de animais ou fabricação de biocombustíveis. A Argentina é o maior produtor de biodiesel de soja do mundo e os Estados Unidos fabricam etanol com mais de um terço da sua colheita de milho. BBC: Ou seja, o problema da fome não se deve necessariamente à quantidade de alimentos disponíveis... Borrell: Exato. Tem a ver, como demonstra a FAO, com a questão do acesso. Mais de 85% da população mundial têm acesso aos alimentos disponíveis no mercado. Mas, se não tenho os meios econômicos para procurá-los, meu acesso será prejudicado. BBC: Que papel desempenha a América Latina no mapa agroalimentar global? Borrell: O que ocorre na América Latina e no Caribe representa um grande paradoxo. Entre as regiões que eram consideradas em vias de desenvolvimento, nosso continente é o que tem a menor quantidade de pessoas que sofrem de fome crônica. Os últimos relatórios do Banco Mundial calculavam, em média, cerca de 55 milhões de pessoas. Mas, atualmente, a América Latina produz alimentos para 1,3 bilhão de pessoas e tem capacidade de produzir ainda mais. A América Latina é um grande produtorde alimentos, mas parte da sua população não tem acesso ao abastecimento. A América Latina é o lugar onde deveria haver menos pessoas com fome no mundo. É talvez o continente mais rico em recursos, terras férteis, água potável, biodiversidade... BBC: Então, qual é o problema? Borrell: É a economia política, uma combinação de políticas extremamente liberais e políticas extremamente socialistas. Ambas geraram aumento da pobreza, retrocesso dos setores de classe média e mudanças do tipo de alimentação. Estamos observando um fenômeno que não existia meio século atrás. As pessoas que conseguem ter acesso ao abastecimento alimentar consomem alimentos com qualidade nutricional mais baixa. É um fenômeno que não fica circunscrito apenas à pobreza, mas também atinge a classe média. Os setores da classe média que dispõem de recursos, automóveis, boa moradia, celulares e bem-estar sofrem de excesso de peso, obesidade mórbida ou outros problemas, devido aos maus hábitos alimentares ou produtos industriais com baixa qualidade nutricional. Fome no mundo Atualmente, segundo a FAO, cerca de 828 milhões de pessoas passam fome no mundo. Esse índice seguia praticamente inalterado desde 2015, próximo de 8% da população global. Mas, com a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, o número saltou nos últimos anos. A situação é particularmente preocupante na Ásia, onde cerca de 20% da população enfrentou a fome em 2021 (os últimos dados disponibilizados pela ONU). No mesmo período, no continente africano, 9% da população sofria de fome, e na América Latina e Caribe, 8,6%. No Brasil, segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, conduzido pela Rede PENSSAN e divulgado em junho passado, 33,1 milhões de brasileiros vivem em situação de fome no país. No fim de 2020, eram 19,1 milhões. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgr08mvgjmzo>. Acesso em 02 fev. 2023 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. De acordo com Borrell, a fome no mundo é causada pela baixa produção agrícola nos países subdesenvolvidos, especialmente na América Latina, onde, paradoxalmente, os alimentos são um fator de poder. II. Segundo o professor, a tecnologia atual permite maior rendimento na produção de alimentos, o que garantirá o fim da insegurança alimentar no mundo nos próximos anos. III. O Brasil é um grande produtor de alimentos, mas cerca de 33 milhões de brasileiros vivem em situação de fome, pois não têm acesso aos alimentos. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: b. III, apenas. Pergunta 18 0,5 em 0,5 pontos Leia o texto e a charge, que se referem à libertação de trabalhadores em condições análogas à escravidão na produção de vinhos no sul do país. O fato foi muito noticiado em fevereiro de 2023. A escravidão é branca O problema da cura dessa cegueira seletiva não vai se resolver com escândalos pontuais, mas a partir de comprometimentos individuais e coletivos permanentes Por Rodrigo Trindade, juiz da Justiça do Trabalho da 4ª Região e professor José Saramago foi um dos mais importantes intelectuais da língua portuguesa e utilizou a literatura para fazer críticas à sociedade. Em seu livro “Ensaio sobre a Cegueira”, de 1995, utilizou a figura de uma epidemia que levava à perda da visão para denunciar a alienação do homem em relação a ele mesmo. A “cegueira branca” era a denúncia do egoísmo, da covardia e da perda de empatia. O episódio do resgate de trabalhadores em Bento Gonçalves também chama à reflexão em torno de um seletivo embaçamento perceptivo que simplesmente não vê ou tem dificuldades de enxergar duas centenas de pessoas escravizadas em sua vizinhança. Como se fosse possível que chegassem e trabalhassem invisíveis, para, logo depois, desaparecerem. Condições degradantes, castigos físicos, jornadas exaustivas, submissão a dívidas e impedimento de retorno a suas casas. Esses são, precisamente, os elementos que caracterizam a escravidão contemporânea e foram relatados por representantes dos resgatados. A prática da arregimentação de trabalhadores em outros Estados para colheitas no norte do RS existe há anos. Ocorre em condições, no mínimo, temerárias e com fiscalização historicamente insuficiente – principalmente pelo desaparelhamento dos órgãos responsáveis. Foi necessário que um escravizado fugisse e procurasse a polícia para alertar autoridades sobre a situação. Nos últimos anos, por todo o Brasil, se avolumam denúncias de trabalho escravo urbano e rural. Semanalmente, nos deparamos com notícias de empresas, quase sempre tomadoras de serviços, que se utilizam de terceirizados escravizados e se defendem com um “não sabia”, “não me avisaram”, “não vi”. O problema da cura dessa cegueira seletiva não vai se resolver com escândalos pontuais, mas a partir de comprometimentos individuais e coletivos permanentes. Sem desviar o olhar e dando os nomes certos aos fatos. Disponível em <https://gauchazh.clicrbs.com.br/opiniao/noticia/2023/03/a-escravidao-e-branca- cleqa9yfh003h016mcemsd6xk.html?fbclid=IwAR1n2kByaIb6T3dFbsZ8YPquIdb3VpyJ6YM- 0Db1XgtFHZ6M6hwf4m6iVAQ>. Acesso em 02 mar. 2023. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. Segundo o texto, a escravidão contemporânea difere da praticada na colonização por vários fatores; o principal deles é o de que os trabalhadores escravizados atualmente são brancos. II. A charge contraria o artigo, pois mostra que os consumidores não são alienados ou “cegos” e têm poder de escolha na hora do consumo. III. Para o autor do artigo, ações de combate ao trabalho escravo, como ocorreu em Bento Gonçalves, são inúteis, uma vez que se perdeu a empatia. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: b. Nenhuma afirmativa é correta. Pergunta 19 0,5 em 0,5 pontos Leia a charge e o texto. As mulheres e o mercado de trabalho brasileiro Um dos importantes fatores para se atingir o bem-estar em uma sociedade é o desenvolvimento econômico do país. E um dos principais elementos para que esse desenvolvimento aconteça é a capacidade produtiva da sociedade, que envolve, entre outras coisas, a o de mão de obra. Ou seja, o desenvolvimento e, consequentemente, o bem-estar, dependem de pessoas trabalhando e recebendo por isso. Contudo, o mercado de trabalho brasileiro tem características que não contribuem de maneira ideal para que isso aconteça. Seg relatório Global Gender Gap Report (Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero, de 2020), do Fórum Econômico Mundial, o Brasil figura na 130ª posição em relação à igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem funções semelhantes, em um ranking com 15 países. Isso significa que as mulheres enfrentam um cenário de desigualdade e discriminação no mercado de trabalho do país. Mas por que isso ainda acontece no Brasil? Será que não temos leis e direitos suficientes para proteger as mulheres dessa situação? Segundo o IPEA (2019), a presença feminina no mercado de trabalho brasileiro, ou seja, a quantidade de mulheres entre 17 e 70 anos empregadas no país, passou de 56,1% em 1992 para 61,6% em 2015, com projeção para atingir 64,3% no ano de 2030, ou seja, 8.2 pontos percentuais acima da taxa em 1992. Enquanto isso, o mesmo estudo indica que a taxa de participação masculina no mercado de trabalho tende a cair, projetando que em 2030 ela será de 82,7%, inferior aos 89,6% observados em 1992. Entretanto, apesar do maior número de mulheres trabalhando no país, esses mesmos dados mostram a grande disparidade existente entre a participação de homens e mulheres no mercado de trabalho. Essa diferença ocorre, entre outros fatores, pelo papel soc cultural imposto às mulheres como as principais responsáveis pelos cuidados familiares e pelos trabalhos domésticos. Além de menor participação, retornando ao dado do Global Gender Gap Report, a diferença salarial entre gêneros ainda é signifno Brasil, fazendo o país integrar a 130ª posição em igualdade de salário. Isso significa que a entrada das mulheres no mercado de trabalho brasileiro não foi acompanhada por uma diminuição das desigualdades profissionais entre homens e mulheres, o que representa que a maior parte dos empregos formais femininos está concentrada em setores e cargos de menor valorização e que as mulheres continuam sofrendo discriminação em relação às suas atividades profissionais. Além disso, as mulheres continuam sofrendo abusos e assédios morais e sexuais no ambiente de trabalho. Segundo a Agê Galvão (2020), cerca de 40% das mulheres já foram xingadas ou ouviram gritos em ambiente de trabalho, contra apenas 13% dos homens. Hoje em dia, a legislação trabalhista nacional garante direitos fundamentais à mulher em relação ao trabalho, proteção e a promoção das mulheres na esfera profissional. Mas apenas a existência de regras não acarreta, necessariamente, mudanças comportamentais e culturais na sociedade. A questão da igualdade salarial entre gêneros é um bom exe que essa norma esteja vigente desde 1988, os dados apresentados ao longo do texto mostram que a remuneração das mulheres aind é inferior se comparada à dos homens. Disponível em <https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/mulheres-e-o-mercado trabalho/?https://www.politize.com.br/&gclid=Cj0KCQiAxbefBhDfARIsAL4XLRoL472Xu02qQ7UBOemx9LsFR2hT6E44TJcLmqTG75Hli0Uk52LuAYoa em 16 fev. 2023 (com adaptações). Com base na leitura da charge e do texto, avalie as afirmativas. I. Considerando os países avaliados no Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero (2020), o Brasil está entre as nações mais desi relação aos salários de homens e de mulheres que exercem funções semelhantes. II. Segundo o IPEA (2019), o número de mulheres empregadas em 2015 era 5,5% maior do que em 1992. III. A charge sugere que as mulheres enfrentam mais dificuldades do que os homens para estabelecer sua carreira profissional. De a com o texto, essas dificuldades decorrem, entre outros fatores, do papel social e cultural imposto às mulheres. É correto apenas o que se afirma em Resposta Selecionada: c. I e III. Pergunta 20 0 em 0,5 pontos Leia o texto. Perfil de imóveis ociosos no centro de São Paulo revela manutenção da herança mercantil brasileira Estudo mostra que muitas das construções abandonadas estão em posse de gerações de herdeiros, que veem o imóvel como problema ou têm expectativas irreais sobre o mercado; do outro lado, estão numerosas famílias vivendo em habitações precárias na periferia Camilla Almeida - 06/03/2023 Uma construção ociosa é aquela que está desocupada, inativa ou subutilizada, sem cumprir sua função social. A Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (Smule) de São Paulo estima que 881 imóveis estejam nesta condição apenas no distrito da Sé. Ana Gabriela Akaishi, doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, analisou os perfis dos donos de imóveis ociosos e explicou os entraves colocados por esses proprietários para a comercialização, com destaque para herdeiros e instituições religiosas. O estudo revelou que 74% dos analisados são herdeiros rentistas e instituições religiosas, denominados pela urbanista como “o arcaico setor proprietário rentista imobiliário”. “Esses proprietários carregam raízes históricas e geracionais vinculadas a capitais familiares antigos de caráter mercantil, que aplicavam inicialmente em prédios de aluguel no momento em que o centro de São Paulo estava em um boom no processo de verticalização”, explica a pesquisadora. Para chegar a estes dados, a pesquisadora verificou os perfis dos 50 donos dos imóveis de maior valor venal da área – número que estima o preço do bem, obtido por meio de uma avaliação pela prefeitura. Por meio de entrevistas com agentes imobiliários, associações beneficentes religiosas e com integrantes do mercado imobiliário em geral, Ana Gabriela Akaishi conseguiu traçar a genealogia econômica, política e social desses proprietários. Ela também realizou um levantamento em bases de dados e acervos históricos da Prefeitura de São Paulo por intermédio da plataforma GeoSampa. Contraste Foi o contraste entre a carência populacional por habitação na cidade e a grande quantidade de imóveis ociosos que a instigou a pesquisar o tema. São Paulo conta com um enorme déficit habitacional, que pode chegar a 450 mil famílias a serem realocadas. “Temos quase 3 milhões de pessoas vivendo em aglomerados como favelas, loteamentos precários e moradias irregulares, principalmente nas periferias. E essas pessoas têm que se deslocar diariamente por horas até o seu local de trabalho, que geralmente é nas áreas centrais”. Enquanto isso, no centro, estão prédios fechados e em ruínas, terrenos baldios e construções abandonadas sendo usados como estacionamentos rotativos. “Em todos esses casos temos a subutilização da terra urbana num dos lugares com a melhor estrutura na cidade”, pontua a pesquisadora ao “Jornal da USP”. Historicamente, a área central de São Paulo era considerada um centro comercial e cultural desde a fundação da cidade, sendo predominantemente ocupada pela classe dominante. Grandes empresas e corporações mantinham suas sedes na região, com arranha-céus e prédios que chamavam atenção de quem passava por lá. Lojas e casarões de barões do café também se destacavam junto a obras arquitetônicas grandiosas, como o Teatro Municipal. Contudo, com a mudança do centro comercial para outros bairros da cidade na década de 1960, a área passou por um grave e acelerado processo de decadência e deterioração, com aumento da especulação imobiliária. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O texto evidencia o contraste entre a carência de moradia digna para cerca de 3 milhões de pessoas na cidade de São Paulo e a existência de imóveis ociosos na área central. II. Até a década de 1960, o centro de São Paulo era uma área nobre, ocupada pela elite paulistana. III. Atualmente, 74% dos imóveis do centro da cidade de São Paulo são ociosos e pertencem a herdeiros e a instituições religiosas. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: a. I, II e III.