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Inspeção de Pescado: O Brasil é considerado um grande produtor de proteína de origem anima, porém em relação à produção de pescado os valores são bem inferiores quando comparados às demais proteínas, o que é bem insatisfatório quando consideramos a extensa faixa litorânea e a disponibilidade abundante de recursos de água doce que existem no Brasil. O que colabora para esse cenário é a falta de incentivo governamental para consolidação da atividade, fatores culturais e regionais, associação do produto ao consumo sazonal e por questões econômico-financeiras tendo em vista o seu valor elevado quando comparado a outras fontes proteicas. O pescado pode ser oriundo ou da aquacultura, ou seja, quando há criação dos animais, nutrição e manejo adequados às espécies, ou então por meio do extrativismo que consiste na captura do pescado diretamente da natureza sem qualquer tipo de manejo. A maior quantidade de pescado consumido no mundo é obtida por meio do extrativos, correspondendo a 54% e da 46% da aquacultura. O extrativismo é uma técnica rudimentar e como o pescado é retirado diretamente da natureza não há nenhum custo com alimentação e manejo da produção. Porém, o impacto ambiental dessa atividade é muito grande, principalmente quando não é respeitado o período adequado para a pesca de cada espécie. Além disso, a qualidade da água que os animais estão inseridos também é determinante para a garantia da segurança do produto final. A aquacultura tem como desvantagem o custo de produção (manejo, água, alimento, sanidade). Por outro lado, a questão ambiental que envolve esse tipo de atividade consegue ser muito melhor controlada. O manejo sanitário e o controle das condições higiênico-sanitárias geralmente são muito superiores. De acordo com o relatório da Food and Agriculture Organization (FAO) de 2016, estima-se o crescimento de 104% na pesca e aquacultura no Brasil até o ano de 2025, e essa expectativa corresponde a mais que o dobro da produção atual registrada no país. O pescado sempre foi o produto cárneo menos consumido pelos brasileiros, o que justifica os valores baixos tanto de consumo quanto de produção no Brasil. No mundo a carne mais consumida é a suína, mas há fontes que relatam que o pescado é mais consumido. Em termos de produção de pescado de cultivo, o Brasil ocupa 14ª colocação mundial, tendo produzido no ano de 2022, 860 mil toneladas de pescado, crescimento de 2,3% quando comparado com a produção do ano anterior. A produção de tilápia representa 63,93% (550.060 toneladas) da produção de peixes no país, e a região Sul é responsável por 43,5% de toda a produção nacional dessa espécie de pescado. A produção de peixes nativos concentra-se principalmente, na região norte (53,7%). Já a produção de peixes de cultivo é liderada pelo estado do Paraná que detém 22,56% da produção nacional. O pescado é o único produto cárneo que o Brasil tem uma balança comercial desfavorável, ou seja, importa mais do que exporta. As exportações da piscicultura brasileira (quantidade em total em toneladas) em 2022 tiveram uma queda de 13% quando comparado com o ano anterior. Entretanto, em 2022 observou-se um aumento de 15% no valor gerado com as exportações, o qual atingiu cerca de 23,8 milhões. A tilápia tem participação de 88% nas exportações brasileiras e o estado do Paraná é o líder das exportações com 58% de participação e o principal país importador da piscicultura brasileira em 2022 foram os EUA (81%). Hoje, no Brasil tem o consumo de 14kg/pescado/hab/ano. O indicado pela OMS é a ingestão de no mínimo 12kg por ano. A média mundial do consumo mundial é de 20,5kg. A China ocupa a posição de maior produtor e consumidor de pescado, sendo responsável por 45% de toda a produção mundial, assim como outros países asiáticos também se destacam na atividade. Na américa latina, o Chile é o maior produtor, focando na produção de salmão. O consumo de pescado no Brasil é muito sazonal e regional, de modo que o consumo é determinado por uma série de fatores principalmente cultural, relacionado à quaresma e Semana Santa, férias, verão e cidades litorâneas. Comunidades ribeirinhas tem o consumo per capita anual de 130kg enquanto um mineiro consumo 4kg. Com a popularização da comida japonesa no Brasil, pode-se notar o crescimento do consumo de pescado, associado também ao excelente valor nutritivo. Apesar de ser a menos consumida no Brasil, é a proteína de maior valor biológico. Para aumentar o consumo de peixes, pode-se fazer um programa para inserir o consumo de pescado na merenda escolar, há trabalhos científicos que relatam que preferimos consumir o que já estamos acostumados a consumir, quando a criança for adulta terá o hábito de consumo. 1) Introdução: 2) Produção e consumo Demersal: → Fundo do mar: O habitat do pescado é o fundo mundo do mar. O pescado é capturado com rede de arrasto de fundo, precisa ter um peso para afundar. É por extrativismo → Conservado em gelo →É mais utilizado RS, SC, PR= merluza, corvina, pescada, linguado, cação, polvo e lula. O recurso que usa deve ser compatível com o tipo. Pelágico: → Capturar pescado que vivem em cardumes - pescado capturado com rede de cerco próximo à costa, sendo realizado por meio da utilização de rede de cerco. → É mais utilizado SP, RJ, ES= sardinha, cavalinha, anchova, tainha, pesca do salmão Recurso de meia água: → É a captura do pescado com habitat de água intermediária, ocorre principalmente na região centro-oeste e região norte. →Pescado capturado com rede de arrasto → Peixe de água doce: dourado, pacu, pintado, surubim, tilápia (60,6% da piscicultura nacional) Camarão e lagosta: Camarão: recurso demersal através de covos, importantes na região de SC e do Nordeste Lagosta: São capturadas por meio do recurso demersal, mas por meio de covos, que é mais difícil dela romper a rede, visto que a rede de arrasto pode ser rompida. Grandes embarcações: → Uso de barco/navio-frigorífico em alto mar → Viagens mais longas, podendo durar cerca de 60 dias → São responsáveis por realizar todo o processamento do pescado, incluindo a captura, abate, limpeza, processamento, embalagem e armazenamento em alto mar. → No Brasil não tem navios para água salgada, mas tem barcos de peixes de água doce- pesca do pirarucu. De acordo com o RIISPOA (2017), no Art. 205, entende-se por pescado os peixes (de água salgada: cação, pescada, tainha, anchova, corvina, merluza; de água doce: tilápia, pacu, tambaqui, pirarucu, surubim, pintado) crustáceos (camarão, lagosta, siri, caranguejo), moluscos (mariscos: ostra, mexilhão; cefalópodes: polvo, lula), anfíbios (rã), répteis (jacaré), equinodermos (pepino-do-mar, ouriço-do- mar) e outros animais aquáticos (caramujos, baleia) utilizados na alimentação humana. A forma externa e a constituição as espécies têm grande importância na estocagem a bordo e no processamento na indústria, influenciando no tempo de operação da evisceração e limpeza, no dimensionamento das caixas de armazenamento e das câmaras frigoríficas, no rendimento da carne pré-processada e na velocidade de resfriamento e congelamento. Quanto maior for o pescado, maior será a demanda de esforços e tempo para sua evisceração e limpeza, que devem ser realizadas o mais rapidamente possível tendo em vista a carga microbiana presente nas vísceras, e são potencial contaminador para carcaça. No acondicionamento, deve-se respeitar a capacidade tanto das caixas de armazenamento quanto das câmaras frigoríficas, não sendo permitida, a superlotação dessas, pois pode interferir na distribuição do frio no produto. O pescado pode ser comercializado inteiro, em postas ou em filé. As postas consistem em cortes transversais, sendo mais comumente utilizada parapeixes gordos, cartilaginosos e que possuem espinha central, como é o caso do cação. Tilápia: corpo comprimido; corte longitudinal para obtenção de filé Cação: corpo roliço; corte transversal para obtenção de posta. Considerando que o pescado é altamente perecível, ele deve ser submetido a um processo de conservação o mais brevemente possível para evitar a perda de características sensoriais, nutricionais e segurança do produto em virtude da sua deterioração. A cadeia do frio é a mais empregada para este alimento, e a sua conservação adequada sofre influência do tamanho do pescado e da lotação das câmara frigoríficas. A musculatura dos peixes é constituída na maioria por fibras musculares brancas e com mínimo tecido conjuntivo, a vantagem é que a digestibilidade é muito rápida, no entanto deteriora muito facilmente. O tecido conjuntivo é uma barreira que dificulta a penetração de bactérias, se tem pouco tecido conjuntivo, as bactérias deterioram o pescado muito facilmente. A composição média do pescado: • Água = 60-84% • Proteínas= 10-26% • Lipídeos =0,1 – 18% (grande variação entre as espécies) • Sais minerais= 0,8-2,0 % 3) Principais recursos pesqueiros do Brasil: 4) Definição de pescado: 5) Características anatômicas 6) Composição química do pescado • Vitaminas = A; D; B1; B2; B6; B12- hidrossolúveis e lipossolúveis (A e D) Não tem carboidrato. Deve-se lembrar que a composição do pescado varia muito, visto que engloba espécies muito distintas uma das outras, mas independente disso, é considerada a proteína de mais alto valor biológico, sendo rica em aminoácidos essenciais. Estes alimentos tem como pontos negativos a grande associação à surtos de doenças de transmissão hídrica e alimentar (DTHA) (sujeitos a ação de bactérias patogênicas), maior teor de elementos tóxicos (chumbo, mercúrio, alumínio, arsênio, cádmio) os quais podem causar efeitos nefrotóxicos, hepatotóxicos, carcinogênicos e teratogênicos. Esses elementos químicos, muitas vezes são provenientes de resíduos industriais, que eliminam seus efluentes em cursos de água o que acaba contaminando o pescado. Há mais risco do animal ser contaminado quando é obtido por meio do extrativismo. Um grande problema é o gato de a inspeção de pescado ser majoritariamente macroscópica e baseada em características sensoriais, não sendo realizados testes de rotina para identificação desses elementos tóxicos, havendo somente análises esporádicas. O objetivo da inspeção é garantir a conservação das características bioquímicas do pescado. As características são intrínsecas ao pescado, não representando nenhum risco ou problema, mas quando o animal entra em contato com bactérias, essas características podem ser modificadas gerando alterações atípicas do pescado. ODMA: (óxido de trimetilamina) Estão presentes em peixes marinhos e são formados a partir do nitrogênio e amônia do sangue (substâncias são excretadas pelas brânquias). O problema é quando o óxido de trimetilamina entra em contato com a enzima triaminoxidase que são produzidas por Micrococcus sp. e Achromobacter sp. (microrganismos deteriorantes) e forma trimetilamina e dá o cheiro, “cheiro de peixaria”, diminui os valores nutritivos e sensoriais. Isso ocorre pela manipulação inadequada. Pode ser contaminação primária que ocorre onde o animal vive; e a contaminação secundária pela manipulação. O critério de julgamento para esse pescado é condenação total e o destino é a Unidade de Beneficiamento de Produtos não comestíveis. Histidina: É um aminoácido essencial, presente na musculatura de algumas espécies de pescado, que fica livre na musculatura. São os únicos organismos produtores de histidina. A histidina em contato com enzimas bacterianas (proteases) gera a histamina que é um mediador inflamatório e amina biogênica oriunda de proteólise- pode ocorrer reação anafilática. Aparecimento de manchas hemorrágicas no pescado (petéquias hemorrágicas), principalmente na cabeça (são os principais produtores: sardinha e atum). O critério de julgamento é condenação total com destino à graxaria. Ureia: É um composto obtido a partir da degradação proteica sendo comumente encontrado em peixes cartilaginosos. Os peixes cartilaginosos (cação, arraia), possuem grande quantidade de ureia no organismo, porém não possuem urease, logo, não há redução de ureia em amônia. Quando a ureia entra em contato com urease exógena oriundas de bactérias formam a amônia que é tóxica. O Odor fica amoniacal. Nesse caso, o critério de julgamento é condenação total com destino à graxaria. Fenilalanina: É um aminoácido presente em crustáceos. A fenilalanina em contato com bactérias produtoras de tirosinase bacteriana forma a melanina e feniletilamina que é uma amina biogênica que ocasiona liberação de noradrenalina, ativando a cascata do sistema nervoso simpático, promovendo taquicardia e sudorese. A melanina leva ao aparecimento de manchas pretas, pontos pretos (black- spot ou melanose), principalmente na cabeça de crustáceos. Os fenilcetonúricos não possuem capacidade de degradar, por isso são alérgicos ao consumo de crustáceos até na sua forma normal. Para solucionar a melanose pode-se tratar como metabissulfito de sódio, que é um aditivo que pode ser utilizado para retardar o black-spot. Há pessoas sensíveis a esse composto (pode ser confundido com alergia às proteínas dessas espécies). Em casos de lesão generalizada o critério de julgamento é condenação total com destino a graxaria, se for lesão localizada, é permitida a condenação parcial, com a parte acometida sendo destinada à graxaria e para o restante é realizado o aproveitamento condicional, por critério estabelecido pelo médico veterinário inspetor, que poderá optar por tratamento pelo frio, salga ou calor. → Pescado fresco: gelo fundente 0°C → Pescado refrigerado: fica armazenado de 4 a 5°C → Congelado: armazenado no mínimo -18°c Gelo fundente: • Temperatura 0°C, ou seja, resfria e na fusão a cascata de água faz uma lavagem do pescado 8) Tecnologia de conservação: 7) Características bioquímicas: • Pescado fresco é completamente coberto de gelo, em camadas alternadas, ter gelo de todas as partes • Quantidades de gelo: 1 parte de pescado com 1 parte de gelo ou 2 partes de pescado 1 parte de gelo. A recomendação é 1 parte de pescado e 2 de gelo. Mas normalmente economizam no gelo. • O gelo fundente é o que gera o pescado denominado como fresco, é uma técnica de conservação provisória em que o gelo a 0°C vai derretendo e caindo sobre o pescado como se fosse uma cascata, promovendo o seu resfriamento e realizando uma lavagem, de modo que o pescado ficará inicialmente coberto por gelo em camadas alternadas. Mas não é o que ocorre, visto que no comercio o pescado fica por cima do gelo para o consumidor poder ver o produto. • Essa técnica não é capaz de congelar o pescado, proporcionando apenas o seu resfriamento. • Para pescado o ideal é embalagem de plástico, visto que o frio penetra melhor. Congelamento: • Para pescado antes de ser congelado deve ser eviscerado e sem cabeça, visto que a maior parte da contaminação está presente em cabeça e vísceras, então para o congelamento ter uma vida útil maior, deve retirar vísceras e cabeça. O frio possui efeito bacteriostático. • Congelamento deve ser rápido (exigência do RIISPOA, 2017), o objetivo é abaixar a temperatura para -1 a -5°C em um período máximo de 2 horas- chamada de zona da parada térmica; manter congelamento até no mínimo -18°C. • Não tem como fazer congelamento em casa, o congelador serve para conservar o produto que já comprou congelado. • O descongelamento deve ser lento • De -1°C a -5° C ocorre a parada térmica, • O equipamento ideal utilizadosão os túneis de congelamento. É rápida circulação de ar frio, para grandes volumes/quantidades. Tem o melhor custo-benefício para indústria, sobretudo para aquelas de grande porte, sendo aplicado para grandes quantidades de peixe. Promove rápida circulação de ar em temperaturas entre -30 e - 40°C, com o pescado mantido muitas vezes sobre uma esteira o que também facilita o fluxo do ar. • O armário de placas também pode ser utilizado, mas são para peixes pequenos e filés. As placas são resfriadas e o pescado é acondicionado em camadas alternadas, de modo que o congelamento acontece por meio da condução do frio. Para essa técnica o alimento deve ser embalado (em embalagem que não seja isolante térmica) evitando-se a contaminação cruzada e a queima pelo frio (freeze brurning). • O tanque de mergulho também é utilizado com nitrogênio ou dióxido de carbono líquido que são capazes de atingir temperaturas extremamente baixas, sendo elas -195°C e -98°C respectivamente, promovendo o chamado congelamento criogênico, no entanto é uma técnica cara. É o melhor método de congelamento, por promover o congelamento extremamente rápido do alimento. • A estocagem congelada: o Temperatura menor ou igual a -18°C (RIISPOA, 2020), visto que é mais sujeito a deterioração. o Produto congelado tem prazo de valido, visto que o congelamento tem efeito apenas bacteriostático, mas continua tendo uma contaminação. Se o pescado for magro (baixo teor de gordura), pode deixar estocado congelado por mais ou menos 1 ano; se é com maior teor de gordura o prazo de validade é de 6 meses. Quanto maior o teor de gordura, menor o prazo de validade. o Em espécies grandes (principalmente), durante o congelamento pode ocorrer desidratação, e o pescado é vendido no Kg, perdendo água, perde peso e a indústria perde dinheiro. Então para evitar desidratação, perda de peso e/ou “queima pelo frio” a legislação permite fazer o glaciamento, que diminui a chance de ocorrência desses problemas o O glaciamento é a pulverização com equipamento ou fazer imersão de água gelada (1°C) e com a substância da família dos polifosfatos sobre o pescado congelado que cria uma fina camada de gelo extra para proteção, bloqueia que haja a perda de água pelo meio. Evita que perca água pelo meio. Mas o pescado deve ser pesado antes do glaciamento, visto que pode ser uma forma de fraude. Resfriamento: Segundo o RIISPOA, no seu art. 334, o resfriamento pode ser empregado para pescado. Os equipamentos utilizados na indústria são as câmaras frias (de ar parado ou ventilação forçada). A legislação brasileira preconiza que o pescado refrigerado deve ser armazenado em temperatura entre 4 e 5°C Defumação: É importante para conferir atribuídos sensórias, é menos utilizada. O consumo de produtos defumados pode levar ao desenvolvimento de câncer de canal alimentar, visto que a fumaça tem substâncias com efeitos carcinogênicos. Antigamente, ela era importante para conservação dos alimentos, tendo em vista que não existia, congeladores e refrigeradores. A defumação sintética (não é considerada método de conservação de alimentação) é a utilização de fumaça em pó ou líquido, é um aromatizante sabor fumaça. Quando comparada com a defumação natural, é uma técnica de menor custo, mas em contrapartida, os efeitos sensoriais são muito inferiores. A defumação natural tem duração de 12 a 16h, atingindo temperaturas de em torno de 70°C, o que promove o cozimento do produto, que será colocado dentro de um equipamento denominado de fumeiro, entrando em contato direto com a fumaça proveniente da queima da madeira, que irá circular entre os produtos. Além de conferir características sensoriais que variam de acordo com o tipo de madeira que está sendo queimada (macieira, laranjeira), a fumaça também apresenta efeitos bactericidas e bacteriostáticos, responsáveis pela conservação do produto, mas também, apresenta em sua composição compostos como benzopirenos (carcinogênico), ácido fórmico e ácido fênico. A qualidade da defumação irá depender da qualidade da madeira que está sendo queimada, de modo que, quanto mais dura for a madeira melhores serão os compostos aromáticos e conservantes gerados por ela. Salga: É um método de conservação que promove a desidratação do alimento, criando um meio hipertônico externo ao pescado, fazendo com que a água migre do meio interno para o meio externo, sendo amplamente empregada na conservação do bacalhau. Em um meio com menor quantidade de água a proliferação dos microrganismos torna-se mais difícil e o sal também faz com que o meio não seja propenso para essa multiplicação. A salga pode ser de três tipos, seca, úmida e mista, mas nos três processos a concentração de sal permanece a mesma, de 30 a 40% e deve-se eviscerar e remover a cabeça do pescado previamente ao processo de salga. 1) Seca: ocorre a adição do sal em camadas alternadas e recipiente perfurado devido a desidratação precisa do local para a água sair. 2) Úmida: salmoura- mergulho do pescado na salmoura – é a mais rápida e eficiente, tendo em vista que a água facilita a penetração de sal na musculatura do pescado, além da vantagem de poder realizar o aproveitamento da salmoura desde que essa seja pasteurizada (100°C por 15 minutos) e tenha seus terrores de sal corrigidos a cada nova utilização. Recipiente sólido. 3) Mista: seca+úmida- inicialmente salga seca, mas o recipiente não é vasado, e, portanto, a água proveniente da desidratação do pescado fica retida nos tranque, deixando imerso o pescado na salmoura formada. Existem microrganismos resistentes a altas concentrações de sal: Mycobacterium tuberculosis, Staphylococcus aureus. As bactérias halofílicas podem contaminar a salmoura e promover a “vermelhidão do pescado” - transmitidas pela falta de higiene do homem. O tempo de salga sofrerá variação de acordo com a quantidade de alimento empregado no processo, tamanho do pescado e também com o tipo de salga escolhido. Após completar a etapa o pescado deve secar naturalmente por evaporação. Pode ser armazenado em temperatura ambiente, e pode associar outros métodos de conservação tendo um maior prazo de validade, mas agrega custo. Se as associação entre salga e resfriamento, a temperatura de estocagem deve ser de refrigeração, de 4 a 5°C. Pontos críticos de controle- PCC: → Peixe cortado em filé ou descabeçado e eviscerado: em cabeças e vísceras são os locais que mais apresentam contaminação → Salga: A salga é considerada um ponto crítico de controle microbiológico e tecnológico, sendo capaz de garantir menor contaminação microbiana e maior segurança do produto, se for realizada corretamente. → Embalagem e estocagem: se houver a contaminação da embalagem ou o armazenamento é realizado em temperatura e local inadequado, isso favorece a contaminação do alimento. No RIISPOA no Art. 504, dita que o termo correto é adulteração. A adulteração é um problema mundial, mas o Brasil é um dos países com maior número de fraudes. Fraude: Alimentos impuros essência ou natureza sofreram alteração- adição de água e adição de aditivos. É considerada quando ocorreu alguma mudança na sua essência ou natureza de maneira intencional. Na fraude ocorre alteração na composição do alimento, nas suas características sensoriais, nutricionais, microbiológicas e/ou físico/químicas. * Se o olho retrair e ficar opaco é um indicativo de deterioração. A fraude mais comum é a de adição de água. Ocorre durante o glaciamento em pescado congelado. Dentre as causas, estão a falta de controle no processo, excesso de tempo. Essa situação acarreta um aumento na absorção de água pelo pescado, caracterizando a adição de água. O critério de julgamentopara produtos com água acima do permitido, é condenação total como forma de punição. A forma de detecção é por método laboratorial. A água incorporada ao processo de glaciamento não compõe o peso líquido declarado do produto, ou seja, a pesagem deve ser realizada antes do glaciamento, garantindo que o consumidor não pague pela água adicionada ao produto. As instruções normativas nº 23/2019 e 24/2019 do MAPA determinam os limites máximos de absorção de água para camarão e lagosta durante o glaciamento sendo, respectivamente, 20 % e 12 %. A forma de detecção da fraude por meio de adição de água consiste em testes laboratoriais como a determinação de umidade semelhante ao do mel. Na IN 211/2023-ANVISA- autoriza o uso de alguns aditivos em pescado. Se usar os que não está na legislação é fraude ou se tiver em quantidade maior que o permitido. • Fosfato trissódico: o Utilizado para reter água o Somente na água de glaciamento o Pescado fresco, resfriado e congelado: 5000mg/kg o É muito comum a indústria utilizar maior quantidade de tripolifosfato na água do glaciamento justamente para favorecer a maior absorção de água pelo alimento. • Metabissulfito de sódio: o Utilizado para retardar o black-spot o Realçai de hipersensibilidade o 30mg/Kg Coletar 1% da amostra,1% de prova e 1% da contraprova. Leva para os laboratórios (LFDA- Laboratório Federal de Defesa Agropecuária) e observa se tem perfurações, é feita através de uma mesa de inspeção com uma luz branca abaixo do pescado (Candle table) que possibilita uma melhor visualização de possíveis perfurações na musculatura do pescado oriundas da inoculação de aditivos e também da presença de parasitas. Para determinar a presença e quantidade de aditivo na amostra, geralmente é realizada espectrofometria ou cromatografia. Outra fraude é subtração de indicativos de frescor, faz a remoção de partes do pescado, como cabeça, pele e vísceras, as quais auxiliam na verificação da qualidade e do frescor do produto. No processo de deterioração as vísceras se apresentam em forma de uma massa única e não mais individualizadas como no pescado fresco, os olhos ficam retraídos, as guelras mais esbranquiçadas e cheiro pronunciado. É uma fraude muito feita no comércio. Falsificação: 9) Fluxograma: 11) Alterações em pescado Elaborados com a finalidade de copiar e aparência e características gerais de outro alimento legítimo- substituição de espécie, e pode ocorrer ao longo de todos os elos da cadeia produtiva, desde o pescador ou produtor, na indústria, no ponto de venda (mercados, peixarias) e até mesmo em restaurantes. Normalmente essa adulteração se dá pela substituição de uma espécie de valor agregado inferior. A mais comum é a substituição de espécies, em que há uma espécie de maior valor comercial por uma de menor valor, leva ao consumidor em quesito de característica sensorial, valor nutritivo, econômico; problema em comércio varejista e também em restaurantes. Dentre as formas de detecção é conhecimento morfológico das espécies e análise de DNA. Na morfologia observar as nadadeiras (caudais), formato da cabeça e do corpo, coloração e linha lateral, posicionamento da boca e dos olhos. Análises moleculares como o PCR que é a forma mais fidedigna para confirmação da falsificação. Exemplos de falsificação por substituição: peixe-batata comercializado como namorado; sardinha verdadeira substituídas por outras espécies. Truta salmonada vendida como salmão. Existe falsificação por substituição tanto com animais de água salgada quanto de água doce. Bacalhau: IN 53/2020 -MAPA (nomes comuns e científicos de peixes comercializados no Brasil) • Somente 3 espécies podem receber a nomenclatura de bacalhau: Gadus morhua, G. macrocephalus, G. orgac. • Saithe não é bacalhau • Não existe “peixe tipo bacalhau” • Não confundir “Bacalhau” Outra falsificação é de rotulagem, falsificação do serviço de inspeção, do nome científico, registro de produto. Tanto o método de captura quanto o abate influenciam diretamente na qualidade do pescado, no prazo de validade e na manutenção das suas caraterísticas nutricionais e sensoriais. A captura, mesmo que em proporções mínimas, gera estresse, e como forma de minimizar essa ocorrência dentro da indústria são implantadas algumas práticas de bem-estar animal, desde a chegada dos animais até o momento do abate. Se houver estímulo estressante pode desencadear toda reação de estresse, reação a hormônios, que influencia a metabolização de proteína e glicogênio. A morte por asfixia gera estresse. O beneficiamento do pescado proveniente da aquicultura tem início ainda nas fazendas, em que o produtor deve estabelecer jejum de 24h (pescado de extrativismo não é possível. Etapas: → Jejum de 24h: empregado a fim de minimizar a quantidade de matéria orgânica e, consequentemente, a proliferação de microrganismo, o que dificulta tarefas como evisceração, promover a ruptura de vísceras e órgãos internos, levando ao extravasamento de conteúdo gastrointestinal que pode contaminar. → Despesca e pesagem: retirada dos animais dos tanques de criação e o transporte até a indústria em tanques com água, assim como a pesagem, o volume de água é menor, mas o suficiente para os animais se manterem vivos. É um PCC, pois se realizada de maneira incorreta pode gerar estresse e irá comprometer o valor nutritivo do pescado, características sensoriais e prazo de validade. → Recepção: a responsabilidade passa a ser da indústria, que beneficia cerca de 50% de toda a produção de pescado no Brasil. → Depuração: é o período de descanso, para recuperar as reservas de glicogênio (para conversão do músculo em carne, o animal precisa morrer com reserva de glicogênio) perdidas no meio de transporte, dura de 2 a 8h. Durante o período de descanso, ocorre a troca de água periódica a fim de eliminar as toxinas e outras substâncias que podem ter sido geradas pelo estresse de transporte. → Pré-insensibilização: acontece por meio da eletronarcose (choque de baixa voltagem- entre 30 a 40V) e média amperagem (entre 1 e 1,5 A), tendo caráter reversível. A próxima etapa é a pendura pela cabeça, deve ocorrer dentro de no máximo 30s, para que o animal não recupere os sentidos. É um PCC, porque baseiam-se nos preceitos do abate humanitário que preconiza o bem-estar animal e para não ocasionar de estresse. → Insensibilização: por eletronarcose (a legislação permite que seja por termonarcose- choque térmico, atinge o bem- estar animal e não insensibiliza direito), aumentando a 12) Captura, abate e beneficiamento: voltagem para cerca de 65 a 70V e diminui-se a amperagem para 0,5 a 1 A. Para jacarés pode-se citar o uso da pistola de dardo cativeiro. É um PCC, porque se realizada de maneira incorreta irá gerar muito estresse no animal o que compromete diretamente a qualidade da carne, preconiza- se o bem-estar animal e para não gerar estresse de estresse. → Sangria: consiste no corte dos grandes vasos, próximo ao coração e a base do opérculo, ou próximo ao rabo. Nem todo pescado é sangrado, por exemplo, lula, ostra, camarão, não são sangrados, são sangrados os peixes grandes, repteis e anfíbios. Deve-se respeitar os 3 minutos de sangria para garantir a maior perda de sangue possível e consequentemente a morte do animal. É um PCC pois o sangue é um bom meio de cultura e irá causar a morte do animal. *Área limpa começa na lavagem: → Descamação: não acontece em todos os peixes, apenas em peixes de escama (não acontece em peixe de couro) e posteriormente a lavagem (água hiperclorada para diminuir a chance de proliferação microbiana, de 2 a 5 ppm, a indústria trabalha com 3 ppm) para retirar as escamas que ficaram na superfície. A descamação pode ser manual oumecânica. Não é um PCC. → Evisceração: pode ser manual ou mecânica, e tem como principal objetivo a redução da carga microbiana, portanto, deve ser realizada o mais rapidamente possível. A retirada da cabeça que é a etapa seguinte, apesar de opcional também reduz a carga microbiana. A retirada de cabeça só é obrigatória caso o método de conservação do pescado seja salga ou congelamento. É um PCC pois o objetivo é diminuir a carga microbiana. Não é obrigatório, caso for peixe fresco. → Corte: é opcional, podendo ser em filés ou em postas, mas a indústria pode optar pela comercialização do pescado inteiro. → Esfola: ocorre em casos de peixes que não tem escamas, em que há a retirada da pele do animal. É um PCC pois embora não comprometa a segurança do produto prejudica esteticamente a qualidade do produto. A esfola pode ocorrer antes ou depois do corte. → Toalete final: última limpeza do pescado e pesquisa de parasitas- Candle table. → Método de conservação: pode ser por resfriamento, salga, congelamento e defumação. É um PCC, tendo em vista que é um produto extremamente perecível, de modo que deve ser realizado adequadamente para que seja possível a manutenção das características sensórias e nutricionais do produto bem como para garantir a sua segurança. → Glaciamento: só irá acontecer quando a técnica de conservação empregada tenha sido o congelamento, considerando que seu objetivo é evitar o defeito de queima pelo frio, em decorrência da desidratação, que geralmente acontece quando o pescado é congelado. → Estocagem: irá depender de qual recurso foi empregado para a conservação do produto: • Defumado ou salgado: temperatura ambiente • Resfriado: temperatura deve ser de 4 a 5°C • Congelado: mínima de -18°C * O pescado tem que morrer pela sangria e tem que morrer com reserva de glicogênio, por isso é essencial o cumprimento do período de descanso para recuperação do glicogênio perdido durante o transporte. É a taxa de glicogênio muscular que determinará o tempo de instalação do rigor mortis, quanto mais reserva de glicogênio o animal tiver ao morrer, maior o tempo de rigor mortis e deseja que seja o mais longo possível. Mesmo após a sua morte, o pescado continua se mantendo vivo e, por meio da glicólise anaeróbica, ocorre a degradação de glicogênio fornecendo ATP para que as células continuem, vivas por mais algum tempo. Como coproduto dessa reação forma-se o ácido lático, responsável pela diminuição do pH (estando entre 5,8-6,5) da musculatura sendo importante para conservação do músculo em carne e para instalação do rigor mortis além de contribuir para diminuir a proliferação bacteriana, sendo um bom momento para manipulação do pescado. Quando a fase de rigor mortis acabar já deve ter sido feita o método de conservação. Para morrer com reserva de glicogênio tem que ter o mínimo de estresse possível. O aumento do tempo de rigor mortis aumenta consequentemente o período de conservação do pescado, e é nesse momento que deve ocorrer o beneficiamento. * A fase de pós rigor mortis é proporcional a fase de rigor mortis. Quando acaba a fase de pós rigor começa um complexo heterogêneo de deterioração do pescado e nesse momento tem que tá está conservado. A qualidade do pescado fresco irá depender do tipo de pesca e da manipulação que ele sofreu. No caso de a pesca não ter sido realizada de maneira adequada e o animal se esforçar para sair da rede, por exemplo, ocorrerá o consumo das suas reservas energéticas, o que irá diminuir drasticamente o tempo de rigor mortis, e consequentemente, irá afetar o tempo de conservação do pescado, que também será diminuído. Na manipulação, a pressão exercida pela rede em associação com a permeabilidade da parede intestinal faz com que os microrganismos intestinais migrem para a musculatura e contaminem o pescado, afetando a característica sensorial e o valor nutritivo do produto, vem como compromete a qualidade higiênico-sanitária. O pescado sofre contaminação primária, que é a que ele adquire no local em que ele é criado e a contaminação secundária que ele adquire na manipulação, faz com que o pescado agregue contaminação. 13) Alterações após a captura: Quando o pescado é obtido por rede, um pescado fica comprimindo sobre o outro, o que contribui para que haja uma maior migração de microrganismos do intestino para musculatura, por exemplo. Se a pesca for realizada por anzóis ou golpes, funcionam como soluções de continuidade (feridas) que é a porta de entrada para contaminação microbiana. Outro fator, é a qualidade da água em que o pescado está inserido é determinante para a sua qualidade, de modo que em águas poluídas ocorre a colonização do pescado por microrganismo deteriorantes ou patogênicos. O complexo heterogêneo de deterioração do pescado tem 8 fatores responsáveis. O pescado é o produto de origem animal mais susceptível a ser deteriorado, principalmente pela ação microbiana. A temperatura é um dos principais fatores que influencia no crescimento dos microrganismos, podendo estimular, inibir ou até mesmo matá-los e, por isso, é empregada na indústria alimentícia como método de conservação dos alimentos. Para cada grupo de microrganismos existe uma faixa de temperatura mínima, máxima e ótima para o seu crescimento. 1) Rápida destrutiva de enzimas (endógenas- do próprio pescado e exógenas- bactérias): é a primeira alteração de caráter deteriorante que acontece com o pescado. a) Eximas endógenas: são provenientes do suco gástrico- atuam no tecido muscular (carne). As enzimas digestivas proteolíticas facilitam a contaminação por matéria orgânica intestinal atuam nas vísceras. b) Enzimas tissulares: são proteases endógenas. Como as catepsinas e dipeptidases = muscular e ácidas; proteases sarcoplasmáticas (Ca+2) = muscular e neutras; tripsinas/pancreatinas = origem digestivas e alcalinas. O pescado possui enzimas que são capazes de atuar em qualquer pH, o que facilita a deterioração. Enzimas tissulares + suco gástrico são responsáveis pela autólise do pescado – dois primeiros processos de deterioração. Para diminuir a chance desse fator influenciar negativamente na qualidade do produto, deve-se eviscerar o animal o mais rapidamente possível, impedindo então a ação enzimática relacionada aos sucos gástricos e que essas enzimas consigam atingir a musculatura, para diminuir a chance de ação enzimática deve-se atentar com o substrato, pH e temperatura. c) Enzimas exógenas: produzidas por bactérias oriundas da contaminação microbiana. É importante garantir a manipulação adequada bem como condições higiênico-sanitárias satisfatórias associadas ao emprego de técnicas de conservação que sejam capazes de diminuir a ação dos microrganismos. 2) Reação menos ácida da carne: ocorre devido ao pH mais elevado do pescado. a) Modificação do pH i) pH do peixe recém- capturado = 6 a 6,5, é um meio mais neutro ii) pH do peixe em estado inicial de deterioração =7,0 (carne branca) e 6,3 (carne escura/vermelha– Ex. atum) iii) pH do peixe impróprio para consumo = >7,0 Há grande variação de pH no pescado entre as espécies, logo isoladamente não é critério seguro para verificação do seu frescor. Um dos fatores responsáveis pela modificação do pH do pescado é a proliferação de microrganismos, principalmente quando o meio está próximo da neutralidade, e de acordo com o agente, o meio pode se tornar ácido ou básico. Para evitar essa alteração, deve-se evitar as condições que favorecem a multiplicação microbiana, aplicando técnicas de conservação, higiene e manipulação adequada. 3) Facilidade de rancificação dos óleos: defeito relacionado a alimentos que possuem alto teor de lipídeos. O pescado está mais sujeito ao ranço oxidativo, ocorre sobre ácidograxos insaturados. É o pescado é o POA com maior teor de ácidos graxos insaturados. a) A rancificação oxidativa ocorre sobre os ácidos graxos insaturados (ligação dupla dos carbonos) → oxidação→ rancidez (oxidativo) → alterações de sabor, cor e odor. i) Catalisadores: luz, oxigênio, metais pesados, formando aldeídos e cetonas que geram alterações ii) Alterações: sabor e odor pungentes e coloração escurecida. iii) Nem todos os pescados vão sofrer rancificação oxidativa, vai depender do quanto de gordura tem no pescado. O ranço oxidativo vai ocorrer em animais que possuem mais gordura, sendo importante por exemplo no salmão. b) Ranço lipolítico/hidrolítico (lipase de origem microbiana) altera características sensoriais. Atuam sobre os triglicérides rompendo a ligação tipo éter → ÁCIDOS GRAXOS + GLICEROL através da lipase gerando alterações sensoriais e nutricionais. Para essa situação deve-se controlar fatores que podem contribuir para a maior proliferação de microrganismos e atentar-se à qualidade higiênico- sanitária da água onde o pescado está inserido, principalmente no caso do extrativismo, usando embalagem plástica (para diminuir a oxidação), embalagem a vácuo. 14) Deterioração do Pescado: 4) Menor teor de colágeno, sendo que o colágeno funciona como uma barreira física frente a penetração de microrganismos; associada com a musculatura constituída por fibras brancas (alta digestibilidade) facilita a ação microbiana 5) Natureza psicotolerante da microbiota, ou seja, microrganismos tolerantes ao frio, é um fator importante para a deterioração do pescado, tendo em vista que atualmente, o principal método de conservação dos alimentos é o emprego da cadeia do frio. Nos pescados, o método de conservação principal é o congelamento, mas ainda assim, a microbiota do pescado consegue se proliferar, mesmo que em menor velocidade. 6) Possibilidade de contaminação durante a industrialização por microrganismos patogênicos e deteriorantes. a) Agentes principais de deterioração -Acinetobacter, Flavobacterium; Micrococcus, Pseudomonas, Achromobacter. b) Contaminação secundária por patógenos – Staphylococcus spp. O frio não mata bactérias, ele para o crescimento dela, logo, com o descongelamento ou congelamento inadequado favorece a proliferação desses microrganismos. 7) Óxido de trimetilamina (OTMA): Pescado de água salgada, apesar de não ser tóxica, quando entra em contato com enzimas bacterianas, é convertido em trimetilamina, gerando a formação de odor forte e característico “cheiro de peixaria”, causando perdas de valores nutricional e características sensoriais do pescado. ➔ Caso o pescado apresente essas características ele deve ser considerado impróprio para consumo, pois apesar da mudança da característica natural ser causada por microrganismos deteriorantes pode haver associação com algum agente patogênico. 8) Degradação de proteínas ocorre por ação de enzimas autolíticas e bacterianas presentes no suco gástrico e na musculatura do animal ou ainda por enzimas exógenas. A proteína irá sofrer desnaturação seguida da degradação proteica, formando então polipeptídios que continuam sofrendo ação enzimática sendo degradados em aminoácidos e estes posteriormente em aminas, ácidos carboxílicos, aldeídos, cetonas e CO2, compostos que geram alterações sensoriais além da perda de valor nutricional. O principal defeito deum alimento que sofre proteólise é o sabor amargo. a) Por enzimas bacterianas i) Proteína (desnaturação) → Polipeptídios (degradação) → aminoácidos (desaminação/descarboxilação)→ aminas (bases voláteis) + ácidos carboxílicos (ácidos voláteis) + aldeídos + cetonas +CO2 → alterações de odos, sabor e textura. O pescado possui características intrínsecas, que aceleram a deterioração. → Peixes achatados = rigor mortis rápido → Peixes gordos = rancidez → Peixes marinhos = OTMA → Erro de manejo = Estresse, tempo de rigor mais rápido. → Manuseio excessivo = contaminação. → Quanto mais poluída a água maior contaminação primária; → Fontes adicionais de contaminação= carga microbiana pós-captura, contaminação durante o processamento industrial. → Aplicação de temperatura em tempo inadequado (lentamente) → RIISPOA (2017), mas sozinho não é suficiente para amparar o processo de inspeção de POA. • Portaria 185 -13/05/1997 (RTIQ peixe fresco) • IN 25- 02/06/2011 (Métodos físico-químicos) → Artigo 205: o pescado proveniente da fonte produtora não pode ser destinado à venda direta ao consumidor sem que haja prévia fiscalização, sob o ponto de vista indústria e sanitário. → Artigo 19: Classificação dos estabelecimentos de pescado: 1) Barco-fábrica: estabelecimento de pesca em água, doce ou salgada, que faz processo completo, no Brasil tem barco-fábrica de água doce para a pesca do Pirarucu. Inspeção permanente 2) Abatedouro frigorífico de pescado: processo completo em terra- abate somente de anfíbios e répteis – inspeção permanente 3) Unidade de beneficiamento de pescado e produtos de pescado: realiza todo processo de beneficiamento do pescado, porém em terra dos outros pescados. Inspeção é periódica 4) Estação depuração de moluscos bivalves: exclusiva para moluscos bivalves – ostra, mexilhão e vieira. A estação depuradora de moluscos bivalves é a menos comum dentre os estabelecimentos e merece uma atenção especial em virtude da ação filtradora no mar exercida por esses animais, acrescido ao fato de alguns desses produtos serem tradicionalmente consumidos crus. Inspeção periódica A Inspeção permanente é feita nos estabelecimentos que precisam ter inspeção post mortem. 14) Inspeção → Artigo 209: Controle oficial do pescado: 1) Análises sensoriais, quando elas forem suficientes podem ser só elas utilizadas, se na analise sensorial tiver dúvida, lança mão de outras analises. 2) Indicadores de frescor; 3) Controle de histamina nas espécies formadoras 4) Controle de toxinas e controle de parasitas A inspeção do pescado fresco ocorre por amostragem de, no mínimo, 1% do lote, e é permanente nos estabelecimentos onde é realizado o abate. Vale ressaltar que a inspeção ante mortem só é realizada em anfíbios e répteis como consta no art. 90 → Artigo 210: Características sensoriais Para peixes: 1) Superfície do corpo limpa, com relativo brilho metálico 2) Olhos transparentes, brilhantes e salientes, ocupando completamente as órbitas 3) Guelras róseas ou vermelhas, úmidas e brilhantes, com odos natural próprio e suave 4) Ventre roliço, firme, não deixando impressão duradoura à pressão dos dedos 5) Escamas brilhantes, bem aderentes à pele e nadadeiras apresentando certa resistência aos movimentos provocados 6) Vísceras íntegras, perfeitamente diferenciadas 7) Anus fechado 8) Cheiro específico Se não atender tem a condenação total do lote inteiro. Para crustáceos: 1) Aspecto geral brilhante e úmido 2) Corpo em curvatura natural, rígida 3) Artículos firmes e resistentes 4) Carapaça bem aderida ao corpo 5) Coloração própria da espécie, sem qualquer pigmentação estranha 6) Olhos vivos e destacados 7) Cheiro próprio e suave Para bivalves: 1) Devem ser expostos à venda vivos, com valvas fechadas e com retenção de água incolor e límpida nas conchas; 2) Cheiro agradável e pronunciado 3) Carne úmida, bem aderente à concha, de aspecto esponjoso, cor cinzento – clara nas ostras e amareladas nos mexilhões Para cefalópodes: 1) Pele lisa e úmida 2) Olhos vivos, salientes nas órbitas 3) Carne consistente e elástica 4) Ausência de qualquer pigmentação estranha 5) Cheiro próprio Para Gastrópodes: 1) Carne úmida 2) Aderida a concha, de cor característica da espécie 3) Odor próprio e suave 4) Que estejam vivos e vigorosos.Para Anfíbios: 1) Odor suave e característico da espécie; 2) Cor rosa pálida na carne, branca e brilhante nas articulações 3) Ausência de lesões e elementos estranhos 4) Textura firme, elástica e tenra Para répteis: 1) Odor característicos da espécie 2) Cor branca rosada da musculatura 3) Textura macia com fibras musculares dispostas uniformemente. Para quelônios: 1) Odor próprio e suave 2) Cor característica da espécie, livre de mancha escuras 3) Textura firme, elástica e tenra. → Artigo 210. Na avaliação dos atributos de frescor do pescado, respeitadas as particularidades de cada espécie, devem ser verificadas as seguintes caraterísticas sensoriais para (acima) § 4° Nos casos em que a avaliação sensorial revele dúvidas acerca do frescor do pescado, deve-se recorrer a exames físico-químicos complementares. As análises sensoriais são soberanas, se já tem certeza do procedimento do produto não precisa realizar análises complementares Análises físico-químicos aplicadas ao pescado fresco: 1) pH: não é uma boa análise de frescor, devido a variação de valores observados nas diferentes espécies de pescado, mas independente disso, em qualquer tipo de pescado, quando ocorre a sua degradação, o pH tende a aumentar, atingindo a neutralidade. Para peixes o pH deve ser menor que 7, para crustáceos deve ser inferior a 7,85 e para moluscos deve ser inferior a 6,86. 2) Bases voláteis totais: são formadas a partir da degradação proteica, gerando aminas e ácido carboxílicos, tendo como limite máximo permitido < 30 mg de nitrogênio/100g de tecido muscular. Valores superiores ao limite estabelecido pela legislação indicam que o pescado sofreu degradação proteica. 3) Reação de amônia (Prova de Éber): indica a presença de amônia em pescado, formada a partir da degradação da ureia por bactérias em peixes cartilaginosos. 4) Determinação de hipoxantina (bom indicador de frescor do pescado – degradação de ATP em Hx = sabor amargo), pode ser aplicado em todos os tipos de pescado, tendo como resultado ideal valores baixos. Alto valor de hipoxantina indica que houve degradação de ATP formando a hipoxantina por ação de microrganismos, o que condiciona um pescado de má qualidade, inclusive com alteração de sabor, que se torna amargo. 5) Trimetilamina (peixes marinhos): formado por ODMA 6) Determinação da oxidação: índice de peróxido e TBA (ácido tiobarbitúrico) - ranço oxidativo, que ocorre principalmente pescados com alto teor de lipídeos. Não são todos para todos os tipos de pescado. → Artigo 212- nos estabelecimentos de pescado é obrigatória a verificação visual de lesões atribuíveis a doença ou infecções, bem como a presença de parasitas. Essa verificação, realizada pelo Serviço de Inspeção Oficial, pode ser feita com o auxílio de uma Candle table, com luz branca ou com luz negra. → Artigo 214: é permitida a destinação industrial de pescado injuriado, mutilado, deformado, com alterações de cor ou com presença de parasitas localizados. A indústria escolhe qual método de aproveitamento desde que ela garanta a segurança do alimento. → Artigo 216: pescado infectado com parasitas transmissíveis ao homem só pode ser comercializado crus após submetidos ao congelamento. Diphylobotrium latum. O congelamento desidrata o parasita. * Se for da família Anisakidae, o binômino tempo- temperatura empregado deve ser de -20°C por 7 dias. Os parasitas dessa família são muito comuns em bacalhau e outros peixes de água salgada, crustáceos e cefalópodes e apresentam alto potencial zoonótico em pescado cru, insuficientemente cozido e inadequadamente salgado. As análises microbiológicas aplicáveis ao pescado, são determinadas pela IN 161/2022 da ANVISA.
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