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Kamilla Galiza / 6º P 1 Objetivos 1) Revisar a fisiopatologia da bronquite e do enfisema pulmonar; 2) Compreender os critérios de classificação da DPOC, identificando os sinais de gravidade; 3) Analisar o DX e a conduta terapêutica da DPOC; 4) Relacionar a IC e a DPOC; DPOC Definição A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) se caracteriza por limitação crônica ao fluxo aéreo que não é totalmente re- versível, sendo freqüentemente progressiva e associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos. Ocorre piora da função pul- monar ao longo do tempo, mesmo que o indivíduo não se ex- ponha mais aos fatores de risco e utilize o melhor tratamento disponível, determinando limitações na realização de ativida- des diárias e impacto psicossocial negativo. As alterações não se restringem ao trato respiratório, po- dendo ocorrer também efeitos sistêmicos adversos, como baixo índice de massa corporal e repercussões sobre a mus- culatura esquelética, principalmente nos pacientes com do- ença em estágio mais avançado. Além disso, os portadores de DPOC têm maior prevalência de infarto agudo do miocár- dio, angina, osteoporose, dia betes, infecções respiratórias, glaucoma, distúrbios do sono e neoplasia pulmonar. Etiologia Usualmente, a doença decorre da interação de fatores am- bientais e do hospedeiro (Tabela I). Os fatores do hospedeiro que favorecem o desenvolvimento de DPOC são alterações genéticas, cuja principal representante é a deficiência de alfa-1 antitripsina, presença de hiper-responsividade brôn- quica, desnutrição, prematuridade e redução do cresci- mento pulmonar durante a gestação e a infância. O taba- gismo é o principal fator de risco ambiental. Está relacionado a qualquer tipo de fumo, e o risco é maior com o aumento progressivo do consumo. Entretanto, entre diferentes tabagistas com a mesma carga de consumo, apenas alguns irão desenvolver a doença, o que sugere que a carga e os fatores genéticos relacionados mo- dificam o risco. Outros fatores ambientais de risco são a ex- posição à poeira ocupacional (indústrias de borracha, plás- ticos, couro, têxtil, moagem de grãos e produtos alimentícios, entre outros segmentos de produção), a irritantes químicos e à poluição extra e intradomiciliar (aquecedores e fogão de lenha), além da ocorrência de infecções respiratórias graves na infância. Fisiopatologia Histopatológico Para compreender a fisiopatologia da doença, devemos an- tes descrever seus achados patológicos. A maioria dos paci- entes com DPOC apresenta dois importantes e distintos com- ponentes da doença, ambos altamente relacionados ao ta- bagismo: » Bronquite obstrutiva crônica; » Enfisema pulmonar. Bronquite obstrutiva crônica: as alterações patológicas prin- cipais são: (1) hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas secre- toras de muco associadas a um aumento no número de cé- lulas caliciformes da mucosa (daí o estado hipersecretor), presentes principalmente nas vias aéreas proximais; (2) redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao es- pessamento da parede brônquica por edema e fibrose (bronquiolite obliterante). Enfisema pulmonar: definido como um alargamento dos es- paços aéreos distais aos bronquíolos, decorrente da destrui- ção progressiva dos septos alveolares. O tipo patológico mais comum é o enfisema centroacinar. O alargamento e a destruição parenquimatosa encontram-se nos bronquíolos respiratórios, ou seja, na região central do ácino ou lóbulo pulmonar. Esta é a forma relacionada ao ta- bagismo, por isso de longe a mais comum. O processo pre- domina nos lobos superiores dos pulmões. O segundo tipo patológico é o enfisema panacinar, típico da deficiência de alfa-1-antitripsina. Neste caso, o processo mórbido distribui- se uniformemente pelo ácino, na região central e periférica. Kamilla Galiza / 6º P 2 O enfisema causa obstrução crônica das vias aéreas distais pelo fato de haver perda no tecido elástico de sustentação da parede brônquica, o que permite a redução do seu lúmen, principalmente na fase expiratória. Obstrução das vias aéreas e hiperinsuflação Esta é a característica mais marcante da DPOC. A manutenção das vias aéreas abertas durante a respiração depende da pressão gerada pelo fluxo de ar que, por sua vez, é dependente das forças inspiratórias e expiratórias. Na inspi- ração geralmente não ocorre limitação, pois a força gera- dora de fluxo provém da musculatura respiratória, mas o que acontece na expiração? A força expiratória depende em grande parte da elasticidade pulmonar, que se encontra re- duzida na DPOC, e a resistência das vias aéreas distais está aumentada pela redução do seu lúmen, o que é gerado por dois fatores: 1) Diminuição do tecido elástico na parede dos alvéolos (enfisema); 2) Edema e fibrose na parede dos pequenos brônquios (bronquiolite obliterante). Esses fatores, somados a uma pressão intratorácica progres- sivamente positiva, predispõem ao colapso das vias aéreas, impedindo a eliminação do ar armazenado nas porções pe- riféricas do pulmão. Trata-se do fenômeno do aprisiona- mento de ar (air trapping), que promove um aumento carac- terístico do volume residual, da capacidade residual funcio- nal e da capacidade pulmonar total. O pulmão desses paci- entes está cronicamente hiperinsuflado, o que pode ser no- tado na radiografia de tórax – ou até mesmo no exame físico (o famoso “tórax em tonel”) – dos portadores de DPOC avan- çada. O aprisionamento de ar e a hiperinsuflação pulmonar podem ter consequências deletérias para a fisiologia: 1) Surge auto-PEEP, isto é, uma pressão alveolar positiva no final da expiração, que pode aumentar o trabalho da musculatura respiratória na inspiração; 2) Altera a mecânica do diafragma, que apresenta ten- dência à retificação, tornando improdutiva a sua con- tração para puxar o ar inspiratório. O indivíduo passa a utilizar a musculatura acessória (esterno- cleidomastóideo, intercostais, abdominais), apresentando progressivamente cada vez mais “esforço” para respirar. Distúrbio da troca gasosa A troca gasosa está comprometida tanto pela lesão enfise- matosa quanto pela lesão bronquítica (mais nesta última). Como ambas as patologias levam à obstrução de vias aé- reas de forma heterogênea, propiciam o surgimento de alvé- olos mal ventilados, porém, bem perfundidos. Nesses alvéolos, o sangue venoso passa recebendo pouco O2, um mecanismo denominado shunt parcial. Se o número de alvéolos com shunt parcial for grande, a mistura de sangue mal oxigenado produzirá hipoxemia e dessaturação da hemoglobina. A este fenômeno denomina-se distúrbio V/Q (V = ventilação e Q = perfusão). Inicialmente, a hipoxemia ocorre apenas no exer- cício físico. Com o progredir da doença, a hipoxemia pode ocorrer em repouso. É um sinal de doença avançada e signi- fica mau prognóstico. O enriquecimento do ar inspirado com O2 pode corrigir o problema, pois aumenta a PO2 alveolar, me- lhorando a oxigenação do sangue mesmo em alvéolos mal ventilados. O parâmetro mais sensível para avaliar o distúrbio V/Q é a diferença alvéolo-arterial de O2 (PA-aO2), que na DPOC pode encontrar-se elevada (> 15 mmHg) já em fases iniciais. A eliminação de CO2 também pode ser comprometida, em geral mais tardiamente. Nas fases mais avançadas da do- ença, três mecanismos atuam em conjunto para a retenção progressiva do CO2: (1) “achatamento” do volume corrente devido ao grande aumento do volume residual (hiperinsufla- ção), o qual representa um percentual cada vez maior da ca- pacidade pulmonar total; (2) aumento do espaço morto fisi- ológico – áreas ventiladas sem perfusão; e (3) hipossensibili- dade do centro respiratório bulbar ao CO2. Estes pacientes começam a reter CO2 de forma lenta e progressiva (acidose respiratória crônica), estimulando o rim a reter mais bicarbo-nato e, assim, compensar a acidose respiratória crônica. A gasometria do retentor crônico de CO2 apresenta altos níveis Kamilla Galiza / 6º P 3 de PCO2, com bicarbonato e Base Excess (BE) elevados, e ge- ralmente uma discreta acidemia (ex.: pH ~ 7,32). A resposta metabólica renal mantém estável a relação bicarbo- nato/PCO2, determinante do pH plasmático. Assim, não é ne- nhuma surpresa encontrarmos uma gasometria com PaCO2 de 85 mmHg, bicarbonato de 33 mEq/L, mas um pH não muito alterado (7,31). Durante a descompensação do quadro (por infecção, bron- coespasmo, drogas depressoras respiratórias, etc.) pode ha- ver fadiga respiratória ou inibição do drive ventilatório, le- vando a um aumento agudo da PaCO2, o que faz o pH cair subitamente. Por efeito da carbonarcose, o paciente começa a ficar desorientado, agitado e depois sonolento. Neste caso, estamos diante de uma acidose respiratória “crônica agu- dizada”. A intervenção é mandatória (ventilação com pres- são positiva, invasiva ou não invasiva), pois esses pacientes podem evoluir rapidamente para uma parada cardiorrespi- ratória. Cor pulmonale Cor pulmonale significa uma disfunção do ventrículo direito consequente a um distúrbio pulmonar. Uma série de pneu- mopatias pode causar cor pulmonale, mas a DPOC é, sem dúvida, a causa mais comum. O principal mecanismo é a hi- póxia crônica. As arteríolas pulmonares respondem à hipóxia com vasoconstrição. Esta resposta é fisiológica, na medida em que desvia o fluxo sanguíneo pulmonar para os alvéolos bem ventilados. Contudo, se a hipóxia alveolar for generali- zada (devido à má ventilação dos mesmos), a maior parte dos vasos sofrerá constrição, promovendo Hipertensão Arte- rial Pulmonar (HAP). Posteriormente, o agravamento da HAP ocorre devido a uma combinação de hiperplasia endotelial e hipertrofia muscular, levando ao remodelamento da parede das pequenas artérias pulmonares. Quando a pressão arte- rial pulmonar sistólica atingir cifras > 50 mmHg (normal até 20 mmHg), o ventrículo direito pode entrar em falência sistólica, devido ao aumento excessivo da pós-carga. As consequên- cias da insuficiência ventricular direita são: (1) elevação da pressão venosa central; (2) congestão sistêmica; (3) baixo débito cardíaco, contribuindo para o cansaço destes pacien- tes. História natural O pulmão aumenta sua capacidade de trabalho progressi- vamente até os vinte anos, quando atinge seu máximo. A par- tir dos trinta anos, essa capacidade naturalmente diminui, em um ritmo lento e constante. O tabagismo é responsável por uma aceleração desse declínio; os pacientes geralmente se tornam sintomáticos quando atingem metade de seu VEF1 máximo. Enquanto nos pacientes não tabagistas a veloci- dade de queda do VEF1 é, em média, de 20-30 ml/ano, nos tabagistas situa-se em torno de 60 ml/ano. A cessação do tabagismo faz apenas com que a redução do VEF1 retorne à velocidade dos pacientes não fumantes, e não que haja me- lhora na capacidade pulmonar. Aí está a grande importância de se cessar o tabagismo antes do aparecimento dos sinto- mas. Quadro clínico História clínica A queixa mais marcante dos pacientes com DPOC é a dis- pneia aos esforços. A evolução é insidiosa, progressiva, marcada por pioras agudas desencadeadas por fatores des- compensantes (ex.: infecção respiratória). Com o avançar da doença, a dispneia acaba por ser desencadeada com níveis cada vez menores de esforço, podendo evoluir para dispneia em repouso ou aos mínimos esforços. Eventualmente pode haver ortopneia e dispneia paroxística noturna (embora es- ses sintomas sejam mais sugestivos de insuficiência cardí- aca) cujo mecanismo pode ser atribuído a dois fatores: 1) Piora da mecânica diafragmática no decúbito dorsal; 2) Aumento da secreção brônquica pela hiperatividade vagal noturna. A tosse é outro sintoma de extrema frequência na DPOC, sendo comumente acompanhada de expectoração e mui- tas vezes precedendo o quadro dispneico. Bronquite crônica é definida como a entidade clínica na qual o paciente apresenta tosse produtiva (geralmente ma- tinal) por mais de três meses consecutivos de um ano e há mais de dois anos. A causa na grande maioria dos casos de bronquite crônica é o tabagismo. O seu mecanismo é a hipertrofia das glându- las submucosas que passam a secretar quantidades ex- pressivas de muco. O muco acumula-se nas vias aéreas, principalmente durante a noite de sono, pois o tabagismo inibe a atividade ciliar do epitélio brônquico. Exame físico Os achados do exame físico variam de acordo com a forma predominante da doença (enfisematoso ou bronquítico). No paciente com bronquite obstrutiva crônica, a ausculta pul- monar revela uma série de ruídos adventícios, tais como si- bilos, roncos, estertores crepitantes e subcrepitantes, as- sociados à diminuição do murmúrio vesicular. Nos pacien- tes com predomínio do componente enfisematoso, a aus- culta revela apenas a diminuição do murmúrio vesicular, sem nenhum ruído adventício. A elasticidade e a expansibi- lidade pulmonar estão reduzidas, enquanto a percussão mostra aumento do timpanismo. A respiração do paciente com DPOC pode chamar atenção para um detalhe especial: a fase expiratória está despro- porcionalmente prolongada em relação à fase inspirató- ria. Nos pacientes dispneicos, o esforço é maior na expiração, havendo contração da musculatura abdominal. Alguns pa- cientes expiram como se estivessem soprando. Nos casos mais avançados, o paciente pode mostrar-se ple- tórico, ou seja, com um tom de pele avermelhado. O motivo é a policitemia reativa à hipoxemia crônica, mediada pelo aumento da eritropoetina renal. A dessaturação da hemo- globina associada à eritrocitose leva à cianose. A mistura do tom avermelhado com o tom azulado da cianose dá o as- pecto da eritrocianose. O aspecto do tórax pode revelar a hi- perinsuflação pulmonar, com aumento do diâmetro Kamilla Galiza / 6º P 4 anteroposterior – “tórax em tonel”. Nos pacientes com cor pulmonale, o edema de membros inferiores e a turgência ju- gular patológica podem chamar atenção. O baquetea- mento digital não é um sinal do DPOC! Seu aparecimento deve levar à investigação de outras doenças, sendo a neo- plasia de pulmão uma das causas mais importantes nesse contexto. O exame físico pode revelar dois tipos estereotipa- dos de pacientes: os pink puffers e os blue bloaters. » Pink puffers: são os “sopradores róseos”. Este é o este- reótipo do enfisematoso. Na inspeção, notam-se ape- nas a pletora e o tórax em tonel. Geralmente são ma- gros, às vezes consumidos pela doença, apresentando dispneia do tipo expiratória (“sopradores”), mas sem si- nais de cor pulmonale e hipoxemia significativa. A aus- culta pulmonar revela apenas a diminuição acentuada do murmúrio vesicular, sem ruídos adventícios. » Blue bloaters: são os “inchados azuis”. Este é o estereó- tipo do bronquítico grave. Estes pacientes possuem um distúrbio mais grave da troca gasosa do que o enfise- matoso puro, apresentando-se com hipoxemia signifi- cativa, manifesta como cianose (“azuis”). A hipoxemia leva ao cor pulmonale e, portanto, ao quadro de insufi- ciência ventricular direita e congestão sistêmica. Daí o corpo inchado (bloater). Estes pacientes frequente- mente são obesos e apresentam a síndrome da apneia do sono. A ausculta pulmonar é rica em ruídos adventí- cios (sibilos, roncos, estertores). É importante ressaltar que a grande maioria dos pacientes com DPOC apresenta graus variados de bronquite obstrutiva crônica e enfisema, apresentando um quadro misto entre esses dois estereótipos. Exames complementares inespecíficos » Hemograma: pode mostrar eritrocitose (hematócrito maior que 55%). O tabagismo por si só (na ausência de hipoxemia) pode estar associado à eritrocitose (sín- drome de Gäisbok), porém a hipoxemia deve ser afas- tada como mecanismo causal. A hipoxemia é um estí- mulo importante para a produção de eritropoetina pe-los rins, levando ao aumento da produção de hemácias na medula óssea. » Gasometria arterial: a gasometria arterial pode estar cronicamente alterada na DPOC, geralmente nos casos mais avançados de doença. O dado mais comumente encontrado é a hipoxemia, que pode ser leve, mode- rada ou grave (PaO2 < 55 mmHg ou SaO2 < 88%). A hi- percapnia com acidose respiratória crônica, marcada pelo aumento compensatório do bicarbonato e do BE ocorre em 30% dos pacientes com DPOC – são os casos mais avançados da doença. O pH não está muito dis- tante da faixa normal, estando discretamente baixo. En- tretanto, nos estados de descompensação, pode haver piora importante da hipoxemia e da hipercapnia, le- vando, eventualmente, à acidose respiratória agudi- zada. São indicações de solicitação de gasometria ar- terial: (1) a suspeita de hipoxemia/hipercapnia aguda (ex.: DPOC com descompensação grave) bem como (2) a presença de VEF1 < 40% do previsto, mesmo fora do contexto de uma descompensação, e/ou (3) sinais de insuficiência do ventrículo direito. » Eletrocardiograma: devemos procurar as alterações do cor pulmonale, que são, na verdade, os sinais da sobre- carga cardíaca direita Os seguintes achados sugerem essa sobrecarga: ● Onda P alta e pontiaguda, medindo mais de 2,5 mm na am- plitude (P pulmonale): denota aumento atrial direito; ● Desvio do eixo do QRS para a direita; ● Graus variados de bloqueio de ramo direito; ● Relação R/S maior que 1 em V1. A hipoxemia crônica associada à cardiopatia do coração di- reito predispõe a taquiarritmias. As mais comuns são as ex- trassístoles atriais, o ritmo atrial multifocal, o Flutter e a fibrila- ção atrial. A taquicardia atrial multifocal é conhecida como a arritmia do DPOC. Muitas destas arritmias melhoram apenas com a correção da hipoxemia, reposição eletrolítica (potássio e magnésio) e compensação do quadro respiratório. » Radiografia de Tórax: o raio X só se encontra alterado nos casos mais avançados de DPOC, possuindo uma sensibilidade de 50%. Os sinais clássicos da DPOC na ra- diografia são: 1. Retificação das hemicúpulas diafragmáticas; 2. Hiperinsuflação pulmonar (aumento do número de costelas visíveis na incidência PA – mais de 9-10 ar- cos costais); 3. Hipertransparência; 4. Aumento dos espaços intercostais; 5. Redução do diâmetro cardíaco (“coração em gota”); 6. Aumento do espaço aéreo retroesternal no perfil; 7. Espessamento brônquico. Bolhas pulmonares também podem ser eventualmente ob- servadas. Na radiografia também devem ser procuradas complicações, tais como pneumonia, pneumotórax e tumor. Kamilla Galiza / 6º P 5 Prova de função pulmonar Este exame é mandatório na avaliação de um paciente com (ou suspeita de) DPOC. Tal como na asma, é a espirometria que dará as informações mais importantes acerca do grau de obstrução das vias aéreas. As principais medidas a serem avaliadas são o VEF1 e a relação VEF1/CVF (Índice de Tiffe- neau). Critério Diagnóstico Utilizamos como critério diagnóstico para DPOC uma relação VEF1/CVF inferior a 70% do previsto, sem alteração significativa após a prova broncodilatadora (achado que revela a existên- cia de uma obstrução “fixa” das vias aéreas). O grau de obstrução é diretamente quantificado pelo VEF1, que deve ser acompanhado de forma seriada no portador de DPOC, pelo menos anualmente, a fim de demonstrar a evolu- ção da doença. É importante reconhecer que o VEF1 é um ex- celente parâmetro prognóstico (ex.: quanto menor o VEF1, maior a chance de exacerbação e maior a mortalidade nos próximos anos), sendo igualmente útil na avaliação do risco cirúrgico (onde estima especificamente o risco de complica- ções respiratórias): se o VEF1 for menor que 1 L, a chance de complicações respiratórias após qualquer cirurgia é grande, sendo o risco “proibitivo” em se tratando de procedimentos que envolvam ressecções do parênquima pulmonar (ex.: pneumectomia). Por outro lado, vale dizer que o VEF1 não pre- diz com acurácia a intensidade dos sintomas atuais, uma vez que muitos pacientes com obstrução grave podem ser oligo ou mesmo assintomáticos, ao passo que outros apresentam relativamente pouca obstrução e muitos sintomas. A explica- ção para este aparente paradoxo é: a ocorrência de sintomas depende não apenas do VEF1, mas também do nível de ativi- dade física do paciente no seu dia a dia. O FEF 25-75% é outro parâmetro que deve ser analisado, sendo o primeiro a se alterar na DPOC. Logo, trata-se do marcador mais sensível (e precoce) de obstrução das vias aéreas, ainda que não sirva para confirmar o diagnóstico (ver critério de confirmação anteriormente). Os volumes pulmo- nares estão caracteristicamente aumentados (volume resi- dual, capacidade residual funcional e capacidade pulmonar total). O teste de difusão do monóxido de carbono, ao contrá- rio da asma, está reduzido, especialmente quando há enfi- sema, ou seja, na presença de destruição do parênquima (o teste de difusão do CO avalia a extensão da superfície alveo- lar disponível para troca gasosa). Tomografia computadorizada de tórax A TC de tórax é considerada atualmente o teste definitivo para o estabelecimento da presença ou não de enfisema nos pacientes DPOC, determinando ainda sua extensão e locali- zação. Todavia, na prática, este exame influencia pouco nas decisões terapêuticas, existindo apenas uma indicação pre- cisa e aceita: avaliação dos pacientes candidatos à terapia cirúrgica da DPOC (cirurgia de redução do volume pulmonar – neste caso, a TC orienta que porção do parênquima deve ser preferencialmente ressecada, isto é, aquela onde a pre- sença de enfisema é mais importante). Outras indicações de TC na DPOC seriam as suspeitas de pneumonia, bronquiecta- sias e/ou câncer de pulmão. Exacerbação Os pacientes com DPOC possuem uma baixa reserva pulmo- nar. Nesse caso, qualquer insulto sobre o aparelho respiratório pode piorar o quadro clínico, levando à exacerbação da dis- pneia e eventualmente à insuficiência respiratória. O principal fator de descompensação é a infecção respira- tória, bacteriana ou viral (a literatura é controversa acerca de qual seria o principal agente etiológico – portanto, dizemos que "infecção", sem maiores especificações, é a principal causa). Infecções bacterianas das vias aéreas superiores (si- nusite, traqueobronquite) ou inferiores (pneumonia) devem ser tratadas de forma precoce e eficaz. Dados clínicos que sugerem infecção bacteriana (ex.: traqueobronquite bacteri- ana) são o aumento do volume do escarro e a alteração do seu aspecto, tornando-se purulento. Na dúvida, sempre de- vemos tratar com antibióticos. Outros fatores desencadean- tes importantes são a hiper-reatividade brônquica (bronco- espasmo), drogas depressoras do centro respiratório, insufi- ciência cardíaca, TEP e pneumotórax. Classificação da doença Na prática médica atual tem sido adotado o sistema de clas- sificação da DPOC proposto pelo guideline GOLD (Global Initi- ative for Chronic Obstructive Lung Disease). Tal sistema con- juga dados como a intensidade dos sintomas e o grau de obstrução das vias aéreas, com o risco de exacerbações e a presença de comorbidades, fornecendo uma visão mais “in- tegrada” do verdadeiro impacto que a doença exerce na qualidade de vida de cada paciente. O objetivo final é permitir a montagem racional de uma estratégia terapêutica indivi- dualizada, baseada em evidências científicas. Intensidade dos sintomas Os sintomas devem ser formalmente avaliados por meio de escores validados na literatura. Esses escores foram empre- gados nos ensaios clínicos que estabeleceram a eficácia e segurança dos tratamentos farmacológicos da DPOC, logo, são capazes de identificar os pacientes para os quais o tra- tamento é comprovadamente benéfico. De todos os escores existentes, o GOLD prioriza dois, que são os mais simples e fá- ceis de aplicar: mMRC (Modified Medical Research Council Questionnaire)e CAT (COPD Assessment Test). O mMRC avalia apenas a dispneia, ao passo que o CAT fornece uma avalia- ção sintomática mais abrangente, refletindo o impacto da dispneia e outras manifestações da doença na vida do paci- ente. Não obstante, na hora de classificar a DPOC, devemos selecionar apenas um desses escores (é desnecessário fazer os dois ao mesmo tempo). O ideal é calcular o CAT, por ser este o mais “abrangente”. Todavia, na ausência dele, o mMRC é igualmente válido. Kamilla Galiza / 6º P 6 Grau de obstrução das vias aéreas O grau de limitação ao fluxo aéreo é objetivamente quantifi- cado pela queda do VEF1 em relação ao previsto. Vale lembrar que o VEF1 deve ser medido após a prova broncodilatadora... Com isso, chega-se ao antigo “estadiamento” GOLD, descrito na a seguir. Dissemos antigo e colocamos a palavra “estadiamento” entre aspas porque, nas primeiras versões do referido guideline, esta era a única forma descrita de classificar a doença (hoje, trata-se apenas de um dos componentes da atual classifica- ção). Na realidade, nos dias de hoje, o grau espirométrico de obstrução ao fluxo aéreo é avaliado de maneira complemen- tar à classificação integrada proposta na figura 8, isto é: por si só, o grau espirométrico não muda a classificação (A, B, C ou D) – esta é definida apenas em função dos sintomas e da história de exacerbações. Contudo, na definição final do caso, devemos citar o grau espirométrico, de modo a compreender melhor a gravidade da doença do paciente. Avaliação do risco de exacerbações O maior fator de risco para exacerbações futuras da DPOC é a história de exacerbações prévias, particularmente quando estas motivaram uma internação hospitalar. Presença de comorbidades A presença de comorbidades também não entra direta- mente no sistema de classificação da DPOC (ver a seguir), porém é claro que precisa ser considerada. A DPOC é uma doença crônica grave e progressiva, e a coexistência de ou- tras doenças crônicas graves e progressivas (ex.: ICC, hepa- topatia, IRC) sempre vai afetar o prognóstico. É interessante que muitas comorbidades podem ser consequências diretas da DPOC ou de fatores de risco “compartilhados”, por exem- plo: CA de pulmão (onde tanto a DPOC quanto o tabagismo são fatores de risco independentes), doenças cardiovascula- res (associação com tabagismo), síndrome da caquexia/sar- copenia (decorrente do estado inflamatório crônico associado à DPOC, particularmente em sua forma enfisema- tosa), síndrome metabólica e osteoporose (condições que aumentam o risco dos glicocorticoides empregados no tra- tamento da DPOC), entre outras. A importância de considerar as comorbidades existentes reside no fato de que às vezes elas podem modificar a conduta terapêutica, tornando-a mais complexa e/ou limitada. Classificação integrada Conjugando os elementos descritos (exceto a presença de comorbidades e o grau espirométrico, que não entram na matriz 2 x 2 a seguir, devendo ser “agregados” à parte no ra- ciocínio do médico), classificamos a DPOC em quatro “gru- pos” de gravidade crescente: A, B, C ou D. Tratamento Os principais objetivos do tratamento da DPOC são o alívio dos sintomas e a diminuição dos riscos futuros (risco de exa- cerbações, progressão da doença e morte). A abordagem terapêutica inicial se baseia na classificação integrada descrita no guideline GOLD (grupos A, B, C e D), pro- piciando uma prescrição individualizada de acordo com as necessidades de cada paciente. A despeito das múltiplas op- ções disponíveis, somente três condutas provaram aumentar a sobrevida do portador de DPOC: (1) abstenção do taba- gismo; (2) oxigenoterapia domiciliar em pacientes com hi- poxemia crônica e grave em repouso; (3) cirurgia pneu- morredutora em pacientes selecionados. Existe controvérsia se o corticoide inalatório e os antagonistas muscarínicos de longa ação (LAMA) também seriam capazes de aumentar a sobrevida. Tratamento de manutenção Abstenção do tabagismo Parar de fumar desacelera a evolução da doença. A veloci- dade de declínio do VEF1 (mais rápida no tabagista) retorna para valores compatíveis com a normalidade cerca de um ano após a interrupção do hábito de fumar. Se a abstenção do tabagismo for precoce, o paciente pode ser poupado de lesões pulmonares irreversíveis (ou estas são minimizadas). Se a abstenção for tardia (com a doença já em estágio avan- çado), não há retorno da função pulmonar, porém, mesmo assim o paciente obtém benefício, pois a função pulmonar tende a permanecer estável por mais tempo. Em qualquer um desses cenários a abstenção duradoura do tabagismo promove aumento de sobrevida. Assim, todos os tabagistas portadores de DPOC devem ser fortemente aconselhados a parar de fumar. Kamilla Galiza / 6º P 7 As principais drogas são: (1) reposição de nicotina (por meio de variadas formas, como goma de mascar, pastilhas, ade- sivo transdérmico, spray nasal ou inalador dosimetrado); (2) bupropiona (150 mg 12/12h); (3) vareniclina (1 mg 12/12h). A bupropiona é um inibidor seletivo da recaptação de sero- tonina, inicialmente desenvolvido para ser um antidepressivo, mas que mostrou particular eficácia na manutenção da abs- tenção ao cigarro (diminuindo a sensação de “fissura”). A va- reniclina é um agonista parcial dos receptores nicotínicos de acetilcolina no SNC, exercendo o mesmo tipo de efeito sobre a “fissura”. Tais drogas podem ser ministradas em monotera- pia, ou combinadas no paciente com altos níveis de depen- dência (esta é passível de avaliação por meio de escalas es- pecíficas). Tratamento farmacológico crônico Na fase estável da DPOC, com vistas a reduzir sintomas e pre- venir exacerbações, podemos lançar mão de broncodilata- dores e anti-inflamatórios, de preferência pela via inalatória (ação tópica potente, com pouca chance de para efeitos sis- têmicos). Os broncodilatadores podem ser de curta ou longa ação. A preferência no tratamento de manutenção é pelos últimos, devendo os fármacos de curta ação serem re- servados como terapia de resgate (“SOS”) para sintomas eventuais. Os broncodilatadores inalatórios podem ser de dois tipos: (1) agonistas beta-2 adrenérgicos; (2) antagonistas muscarínicos (anticolinérgicos). Os agonistas beta-2 adrenérgicos de ação curta são chama- dos de SABA, enquanto os de ação longa são chamados de LABA. Os antagonistas muscarínicos de ação curta são cha- mados de SAMA, enquanto os de ação longa são chamados de LAMA. O principal subtipo do receptor muscarínico de ace- tilcolina inibido é o M3. Os principais SABA são: Salbutamol, fe- noterol e terbutalina. Os principais LABA são: formoterol, sal- meterol, indacaterol e olodaterol. Os principais SAMA são: bro- meto de ipratrópio ou de oxitrópio. Os principais LAMA são: ti- otrópio, brometo de glicopirrônio, um eclidínio e brometo de aclidínio. Comparando LABA com LAMA, os LAMA se mostra- ram mais eficazes em reduzir o risco de exacerbações, por isso são as drogas de escolha no paciente de maior risco. A teofilina de liberação longa, um broncodilatador de uso oral pertencente à classe das metilxantinas (inibidores da fosfo- diesterase), deve ser evitada no tratamento de manutenção da DPOC devido a sua elevada incidência de efeitos colate- rais. Em se tratando dos anti-inflamatórios, o principal represen- tante é o Corticoide Inalatório (CI). Diferentemente da asma (onde evita o remodelamento brônquico e constitui a base do tratamento de manutenção), na DPOC o corticoide inalatório não é imprescindível. Inclusive, não há qualquer benefício com seu uso em monoterapia: pelo contrário, tal conduta au- menta o risco de pneumonia, sendo por isso contraindicada. Os principais CI são: beclometasona, budesonida, mometa- sona e fluticasona. As evidências de benefício são para a combinação de LABA + CI em pacientes que continuam tendo exacerbações a despeito do uso de broncodilatador inalató- rio de longa ação, especialmentenaqueles que apresentam contagens elevadas de eosinófilos no sangue periférico (≥ 300/microlitro). No grupo de pacientes com contagens de eosinófilos < 100/microlitro, a eficácia do CI é expressivamente menor. Também é possível combinar LAMA + LABA + CI em ca- sos refratários. Corticoide sistêmico (oral) não tem qualquer papel no trata- mento de manutenção da DPOC (acarreta mais riscos do que benefícios), apesar de poder ser indicado em curto prazo no tratamento das exacerbações. Existem outras drogas, ministradas por via oral, que exercem ação anti-inflamatória na via aérea inferior e podem ser indi- cadas em situações específicas. São elas: (1) inibidores da fosfodiesterase 4; (2) antibióticos macrolídeos. O roflumilaste é um inibidor da fosfodiesterase-4 (PDE-4), de uso oral, aprovado como terapia de adição para pacientes com obstrução respiratória grave ou muito grave (GOLD 3 ou 4) que apresentam bronquite crônica e exacerbações recor- rentes a despeito do uso de LABA + CI ou LAMA + LABA + CI. Apesar de inibir a fosfodiesterase (enzima que degrada o AMP cíclico, principal mensageiro intracelular da cascata de esti- mulação adrenérgica), seu efeito é eminentemente anti-in- flamatório, e não broncodilatador. Os antibióticos macrolídeos possuem ação anti-inflamatória direta na via aérea, aparentemente independente de seu efeito antimicrobiano. Isso é mais proeminente com a azitro- micina (250 mg/dia ou 500 mg/3x/semana). A literatura mos- tra que ex-tabagistas que continuam apresentando exacer- bações, apesar da terapia inalatória otimizada, podem se be- neficiar do uso de azitromicina oral por até um ano, reduzindo a frequência de exacerbações. Os principais efeitos colaterais são a seleção de cepas microbianas resistentes e o surgi- mento de disfunção auditiva. Tratamento farmacológico crônico inicial O esquema ABCD de classificação da DPOC pode ser utilizado como referência para organizar as diretrizes de terapia far- macológica inicial conforme mostrado na a seguir. Tratamento não farmacológico Além do aconselhamento para abstenção do tabagismo, faz parte do rol de condutas não farmacológicas na DPOC a edu- cação e o treinamento do paciente com o intuito de fomentar a capacidade para o automanuseio da doença. O termo “automanuseio” se refere genericamente: (1) às habilidades de uso correto das drogas inalatórias; (2) à eficiência na au- tomonitorização dos sintomas; (3) à capacidade de modifi- car temporariamente a posologia (intensificação precoce do tratamento a fim de evitar a progressão de uma exacerba- ção inicial); e (4) à adoção de um estilo de vida saudável (di- eta + atividades físicas). Kamilla Galiza / 6º P 8 Outros componentes do tratamento não farmacológico são os programas de reabilitação pulmonar (baseados em fisi- oterapia respiratória) – indicados para pacientes nos grupos B, C e D – e a vacinação contra influenza e pneumococo, de acordo com as diretrizes nacionais – indicada para todos os portadores de DPOC. Por fim, um componente essencial da terapia não farmacológica é a oxigenoterapia domiciliar. Oxigenoterapia domiciliar A oxigenoterapia domiciliar contínua (> 15h/dia) é uma das medidas que comprovadamente aumenta a sobrevida na DPOC, quando bem indicada. As principais indicações são: O O2 é ministrado por cânula nasal em baixo fluxo (1-3 L/min), tendo como meta manter a SaO2 ≥ 90%. Após iniciar a oxige- noterapia domiciliar contínua recomenda-se que o paciente seja reavaliado dentro de 60-90 dias, a fim de definir se a mesma está sendo eficaz e se é necessário mantê-la ou não. Para pacientes com hipoxemia apenas durante exercício, ou que possuam níveis não tão pronunciados de hipoxemia crô- nica, não há indicação de oxigenoterapia domiciliar contínua, pois esta não mostrou fazer diferença em termos de morbi- mortalidade no longo prazo. Suporte ventilatório O CPAP noturno é indicado para os portadores de DPOC que apresentam apneia obstrutiva do sono. O uso regular de qualquer forma de VNI (ventilação não invasiva) em portado- res de DPOC muito grave, porém estável é controverso. Cirurgia pneumoredutora A cirurgia de redução do volume pulmonar consiste num pro- cedimento em que parte do pulmão é ressecada com o ob- jetivo de reduzir a hiperinsuflação, melhorando a mecânica ventilatória, bem como o próprio distúrbio V/Q (já que as por- ções ressecadas tipicamente apresentam mais perfusão do que ventilação, contribuindo para a hipoxemia). Em geral se ressecam as regiões mais acometidas por enfisema (con- forme observado por TC), não se ultrapassando > 20-30% do volume pulmonar total. O ideal é que a ressecção seja feita nos lobos superiores. Este tipo de abordagem é indicado para pacientes enfisematosos que apresentam hiperinsuflação pulmonar sintomática e refratária ao tratamento medica- mentoso. Trata-se de uma das condutas que comprovada- mente aumenta a sobrevida na DPOC. Referencia Martins, Mílton de Arruda; Carrilho, Flair José; Alves, Venâncio Avancini Ferreira; Castilho, Euclides Ayres de; Cerri, Giovanni Guido (eds). Clínica Médica [2.ed. ampl. rev.], v.1,2,3,4,5,6,7. BA- RUERI: Manole, 2016. 5967p.
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