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W BA 09 73 _V 1. 0 GESTÃO DE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE 2 Janaina Priscila Rodrigues Firmino São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 GESTÃO DE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Anderson Luiz Hass Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_________________________________________________________________________________________ Firmino, Janaina Priscila Rodrigues F525g Gestão de equipes de alta performance/ Janaina Priscila Rodrigues Firmino, – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021. 40 p. ISBN 978-65-89965-82-4 1. Performance de pessoas 2. Desempenho organizacional 3. Comportamento organizacional I. Título. CDD 658.3 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O © 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO O ambiente organizacional de alta performance _____________ 05 Equipes de alta performance _________________________________ 18 Liderança de equipes de alta performance ___________________ 32 Gestão por Competências ____________________________________ 46 GESTÃO DE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE 5 O ambiente organizacional de alta performance Autoria: Janaína P. R. Firmino Leitura crítica: Anderson Luiz Hass Objetivos • Aprender sobre os aspectos que compõem um ambiente de alta performance. • Conhecer a evolução dos ambientes de trabalho acompanhando a evolução da gestão empresarial. • Assimilar alguns elementos fundamentais da gestão estratégica de pessoas direcionadas para a gestão de equipes. 6 1. O ambiente organizacional de alta performance Olá, estudante! Neste momento, você se sente preparado para trilhar por assuntos sobre desempenho e resultados? Se tivesse que atribuir uma nota de 0 a 10 para esta preparação, quanto você se daria? A sua resposta para esse início de conversa diz muito sobre como está neste momento, a sua expectativa pela busca por conhecimentos e, provavelmente, o seu estado de ânimo e motivação para encontrar as possíveis soluções. Assim como, às vezes, é possível parar para refletir sobre o grau de motivação ou de envolvimento para realizar diversas tarefas do cotidiano, nos ambientes organizacionais também se pode fazer esse balanço. O ambiente interno das organizações é dinâmico, repleto de expectativas, motivações e estados de ânimo que estão sempre apontados para os tão esperados resultados. Você terá, a partir de agora, uma experiência de aprendizagem com a proposta de apresentação dos elementos fundamentais para os ambientes organizacionais que respiram resultados. E sabe o motivo? Porque os ambientes de alta performance ou alto desempenho, como conhecemos, são preparados estrategicamente para que pessoas, processos e tarefas sejam orquestrados, visando aos resultados. E o que se espera é que sejam sempre atingidos da melhor maneira possível, com eficiência (realizados da melhor maneira) e com eficácia (realizados corretamente). A isso também chamamos efetividade (a soma da eficiência com eficácia). Primeiramente, de acordo com o Dicionário Michaelis ([s.d.]), um dos sinônimos de desempenho é a palavra performance. Trata-se de uma 7 espécie de medida, que propõe avaliar métricas sobre a eficiência de algo. Em um ambiente de alta performance, a efetividade é a prática, e esta é sustentada por uma série de fatores, os quais serão estudados a seguir. Alguns deles são característicos da própria performance individual; outros, da performance do trabalho em equipe; outros, da condução dos trabalhos por uma liderança também efetiva. A performance é o resultado do conjunto de esforços físicos, mentais, morais e emocionais, que podemos também nomear como empenho. Concluindo: o desempenho é a medida do empenho. Sabe aquele dia que você sente que trabalhou aplicando 100% dos seus esforços? Não é fácil medir isso, mas, às vezes, é possível sentir que realmente aplicamos tudo o que poderíamos para realizar algo. Tem outro dia que parece que aplicamos apenas 70%, e outras vezes, 130%. Esta aplicação de empenho para realizar algo, se estiver direcionada, compartilhada a todos de um grupo, conduzida por pessoas com a mesma sinergia, pode transformar uma atividade coletiva em uma atividade de equipe. E são essas características que marcam os ambientes de alta performance atualmente. A arquitetura de planos e metas alinhada com o empenho individual e coletivo guiado por uma liderança efetiva. Interessante, não é? Adiante, será possível conhecer um pouco da evolução dos ambientes organizacionais para chegar a este momento de alto desempenho. Estes conhecimentos são importantes para a compreensão desta prática que tem feito a diferença na dinâmica das equipes. 8 1.1 A evolução dos ambientes organizacionais O cenário organizacional, do ponto de vista da dinâmica de grupos e equipes, apresenta algumas necessidades na atuação de pessoas, que, em partes, ainda considera uma constante do que sempre foi esperado na Gestão de Pessoas, assim como também tem esperado novas maneiras de se comportar frente às demandas. De acordo com Coutinho (2019, p. 2), “estamos em um cenário em que as organizações precisam ter aptidões para tomar decisões estratégicas consistentes, ter capacidade de execução e liderar processos de mudança – todas com a agilidade necessária”. De trás para frente, temos, hoje, um cenário de trabalho digital, hiperconectado, repleto de informações e que exige visão e pensamentos estratégicos e comportamentos engajados e compartilhados de quem trabalha com gente. Não era assim no princípio da Administração, a qual foi reconhecida como campo de estudos a partir de Taylor, durante a Revolução Industrial. Os estudos iniciais dessa área apontavam que as pessoas precisavam ser supervisionadas, que se motivavam exclusivamente por altos salários e que, se pudessem, trabalhariam muito pouco. Um dos tópicos de um capítulo do livro Princípios da Administração Científica, de Friederick Taylor, publicado em 1911, possui um tópico em destaque sobre a “vadiagem humana”. Não havia ainda a perspectiva de se abordar o trabalho em grupo nem a cooperação entre as pessoas. Esta perspectiva se manteve por anos e, nos primeiros estudos de Fayol, publicados na obra Administração Industrial e Geral, em 1916, é possível perceber a perspectiva de divisão do trabalho, a sistemática de remuneração atrelada aos interesses individuais (tarefas, por peças, até participação em lucros) e a necessidade de uma unidade de direção e de comando para guiar os 9 esforços dos funcionários. Tudo sob controle para que se cumprissem as regras estabelecidas e as ordens dadas. A principal contribuição de Fayol para a Administração é o que conhecemos como os pilares (ou fundamentos)da gestão: o planejamento, a organização (de recursos), a execução (incluindo a liderança) e o controle (que hoje não tem mais a conotação de supervisionar, e sim de acompanhar e monitorar desempenho e resultados). A Administração de pessoal, neste princípio, tinha como objetivo garantir os apontamentos de frequência ao trabalho, a produtividade e o desempenho baseado na eficiência, a fim de produzir ao máximo. As tarefas básicas do Departamento de Pessoal era lidar com o controle (supervisão de pessoas). Esta abordagem industrial, mecanicista, foi aos poucos passando por uma transição de perspectivas sobre os trabalhadores quando as relações de trabalho ganharam forças legais de proteção aos empregados (ainda que discretas, no início dos movimentos sindicais) e, aos poucos, houve a necessidade da criação de departamentos de gestão de pessoal, para que fosse possível lidar com as rotinas e as relações trabalhistas. Para a Administração, o próximo movimento, conhecido como Escola das Relações Humanas, a partir dos estudos de Elton Mayo, em 1927 (GIL, 2019), apresentou que as pessoas possuem fatores psicológicos e sociais que afetam o seu desempenho e a motivação no trabalho. A partir disso, a abordagem humanista nunca mais se desconectou da Administração. Em meados da década de 1950 até a década de 1970, os estudos motivacionais e da abordagem sistêmica (GIL, 2019) ganharam evidência para a compreensão do comportamento humano e sua relação com a 10 produtividade, o empenho e o desempenho, alterando ainda mais as funções da Administração de Recursos Humanos (ARH) (nomenclatura da época) e promovendo uma perspectiva integrada de causas e consequências quanto a incentivos motivacionais e à necessidade da participação de pessoas em processos de resolução de problemas e tomadas decisórias. Apenas nas últimas décadas do século XX é que a ARH passa a aprimorar sua perspectiva novamente, voltando-se para as “pessoas”, e a Gestão de Pessoas ganha um caráter e um posicionamento estratégicos para a gestão das empresas, as quais percebem que, para se tornarem competitivas, precisam investir e cultivar o seu capital intelectual. Ainda assim, as responsabilidades e funções dos profissionais da Administração de Pessoas têm uma tendência a obedecer a uma organização clássica de hierarquia e autoridades, como podemos verificar na figura a seguir. Figura 1 – Evolução das funções da Gestão de Pessoas Organograma atual: Gestão de Pessoas como função estratégica Organograma anterior: Gestão de Pessoas como função operacional Fonte: elaborada pela autora. Se depois desse momento de conhecer um pouco sobre a evolução histórica da abordagem de pessoas na Administração você estiver se perguntando: “A Gestão de Pessoas é uma realidade em todas as empresas atualmente?”, obterá uma resposta em seguida. 11 Nem sempre seria a resposta mais adequada. Há, ainda, no cenário atual, empresas que evoluíram muito o seu pensamento e sua maneira de reconhecer e lidar com a Gestão de Pessoas, participando da mesma mesa em que participam a Gestão Financeira, a Gestão Mercadológica e a Gestão de Produção, no entanto temos também uma parcela de organizações que entendem que a Gestão de Pessoas é uma área composta apenas de processos e de controle de pessoal, com uma função operacional e que pouco impacta as decisões estratégicas. Esta conduta, aos poucos, tem se apresentado atrativa para colaboradores que buscam ambientes organizacionais mais modernos e com uma concepção de trabalho colaborativa. Infelizmente, empresas que não evoluem perdem talentos – e competitividade. 1.2 Gerenciamento estratégico baseado em talentos A abordagem atual para o gerenciamento de pessoas está fundamentada no enfoque estratégico de gestão. A Gestão Estratégica pressupõe que a organização, no mínimo, tenha como prática os fundamentos da Administração: o planejamento, a organização, a execução e o controle. A perspectiva estratégica surgiu na área da Administração na década de 1970 e também se evoluiu. Iniciou-se com a prática de elaboração de planos para o longo prazo (de cinco anos ou mais) e uma tendência de se enrijecer o cumprimento de todas as ações estabelecidas nestes planos. Neste período, a empresa olhava para o futuro, determinava os seus objetivos e traçava as estratégias como se fossem as trilhas que deveriam ser percorridas para se alcançar objetivos. Em seguida, colocava em prática metas e ações para que todos cumprissem a sua parte. Um modelo de gestão bastante conhecido na época foi a Administração por Objetivos (APO) de Peter Drucker. 12 A ideia essencial da abordagem estratégica para a gestão ainda é a mesma, porém, no contexto atual, não há mais esse rigor em cumprir exatamente o que está estabelecido em planos sem flexibilidade. No contexto atual, há a necessidade de ajuste de estratégias, metas e ações sempre que o ambiente de negócios exige, e as organizações, assim como as pessoas, precisam estar preparadas e dispostas para atuar de modo adaptativo. Por isso, para que a performance seja alcançada de modo satisfatório, existe a necessidade de compor equipes com capacidade, habilidades e comportamentos alinhados a este ambiente. Algumas práticas da Gestão Estratégica de Pessoas são: Gestão de Talentos, Desenvolvimento de Lideranças, Planos de Desenvolvimento Individuais (PDI), prática de feedbacks e alinhamento de objetivos e metas compartilhadas, como a metodologia OKR (Objective Key Results). Neste contexto, para que os profissionais da área da Gestão de Pessoas consigam atuar de modo estratégico, precisam conhecer algo mais do que a própria área. Atualmente, é relevante que sejam profissionais que aprendam e entendam sobre o negócio da sua organização, conheçam o mercado em que ela atua, estejam conectados com as tendências de gestão e de valorização de pessoas para que possam formar os seus talentos e mantê-los atuando com a melhor performance possível. O diferencial competitivo das organizações nas últimas décadas tem sido o fator humano, principalmente, as pessoas talentosas e de performance diferenciada. Mas, o que é “ser um talento”? Esta é uma definição delicada para se fazer. Não seria correto “classificar pessoas” e considerar que algumas possuem características que outras não possuem e, a partir disso, exclui- las de oportunidades nas quais poderiam se desenvolver. Porém, ainda assim, é possível dizer que uma pessoa talentosa consegue se empenhar 13 naquilo que se propõe a fazer e faz com o máximo de performance, empregando nisso sua capacidade intelectual, seus conhecimentos, suas experiências e suas atitudes (princípios e valores) para entregar um resultado de alta qualidade. Para isso, é necessário que alguns pontos sejam esclarecidos: • Formação adequada: é relevante que existam condições técnicas para que um profissional desenvolva uma tarefa com excelência, e ter uma formação adequada a isso é importante. • Perfil comportamental alinhado: outra questão importante, pois, se a organização está precisando de uma pessoa extrovertida, com alta energia, mobilidade, com tendência a negociar e que tome a frente em algumas situações, o perfil do profissional precisa se “encaixar” a esta demanda. Seria muito complicado para uma pessoa introspectiva, tímida, realizar suas atividades com esta expectativa. Também há situações inversas: às vezes, a organização precisa exatamente da pessoa introspectiva, que tem um raciocínio estratégico e ações cadenciadas (e não tão impulsivas), logo não daria certo trazer para a equipe alguém com o comportamento diferente deste. • Criatividade e contribuição: geralmente, um ambiente de alta performance tem como requisitos profissionais: um espírito de contribuição, de participação e de compartilhamento de ideias e soluções. Precisam ser pessoas despidas do medo de ensinar e que gostam de aprender. Normalmente, são aquelas que aproveitam muito sua capacidadecriativa (e todas as pessoas são criativas). Talentos utilizam muito esta capacidade. • Diversidade: pessoas talentosas trabalham muito bem com a diversidade. Por isso, trabalharão bem em grupos ou equipes, pois compreendem as diferenças e a riqueza que isso oferece ao trabalho. A ideia de se trabalhar com quem se gosta é algo do 14 passado para o talento. A ideia é trabalhar com quem está no aqui e no agora, mesmo que seja pela primeira vez. Diante desses esclarecimentos, é possível que você tenha refletido e pensado: “Poxa, eu sou um talento!”. Todavia, se isso não aconteceu – ainda! –, não se desanime. Há muito que se possa aprender e desenvolver para chegar lá. E para os profissionais da Gestão de Pessoas, há muito o que buscar e investir para formar e desenvolver talentos. Veja um exemplo da maneira estratégica que a empresa 99 comunica e divulga seu banco de carreiras: “Contamos com um time de profissionais talentosos, que interagem em um ambiente criativo, cheio de energia e respeito à diversidade. São os orangers (nosso jeitinho de chamar os funcionários)” (99, 2021, [s. p.]). Dá até vontade de ir trabalhar lá, não é? 1.3 Gerenciamento estratégico baseado em equipes Partindo da característica humana de ser também um ser social, ou seja, um ser que se relaciona, que convive com as pessoas e com o meio em que vive, que se desenvolve a partir da cultura em que é inserido e de tantos aspectos que formam uma pessoa, pode parecer natural o trabalho em grupos ou equipes. Este comportamento, entretanto, nem sempre é uma experiência agradável ou espontânea por parte de alguns profissionais ou até mesmo pela cultura ou pelo ritmo de cada organização. Às vezes, pode parecer que o trabalho em equipe parece muito mais uma obrigação do que uma necessidade em alguns casos. 15 O que se pode aprender desde já é que a simples troca de informações e experiências e a cooperação entre pessoas enriquecem uma análise de problema, trazem muito mais alternativas para um processo decisório e tornam possível conseguir reunir esforços de modo complementar entre um integrante e outro. Os resultados do trabalho em equipe serão possíveis se a equipe trabalhar com uma visão “genuinamente” compartilhada (SENGE, 2013), se todos olharem para o mesmo ponto focal e cooperarem. Em uma abordagem mais tradicional da gestão, nem sempre o trabalho em equipe é uma tônica. A palavra “equipe” soa muito mais como um mantra do que se revela na prática. O que há, na maioria dos casos, é o trabalho em grupo, aquele em que cada integrante tem seu papel e suas responsabilidades e cumpre a sua parte. O resultado de todos nesse grupo é o trabalho “coletivo”. Não é uma perspectiva errônea esta do trabalho em grupo. É possível obter um bom trabalho coletivo, ainda que nesta configuração. A questão, neste momento, é percebermos uma ideia importante: a equipe pode ser uma representação de um estado de sinergia e cooperação de um grupo, um comportamento que ele assume diante de alguns propósitos. As pessoas se organizam em prol de algo, reúnem esforços mentais, emocionais, morais e físicos para que algo seja realizado e, assim que o resultado é obtido, cada um retorna ao seu estado de grupo novamente. A Figura 2 representa algumas configurações possíveis para percebermos como o trabalho em grupo pode acontecer. Ainda que as pessoas estejam reunidas e se relacionando, cada uma está em seu papel e sua função. 16 Figura 2 – O trabalho em grupo Fonte: jojotgdc/iStock.com. Quando se fala em trabalho em equipe, a ideia pode ser um pouco diferente. A imagem a seguir ilustra este propósito: todos reunidos e com o foco em um único objetivo, uma única visão compartilhada (SENGE, 2013). Figura 3 – O propósito do trabalho em equipe Fonte: PATCHARIN SAENLAKON/iStock.com. 17 Partindo desta perspectiva, é possível compreender que é estratégico gerenciar pessoas a partir do trabalho em equipe, contanto que esta não seja uma obrigação nem um mantra, mas, sim, uma articulação de uma gestão que desenvolve lideranças efetivas que sabem desenvolver e organizar pessoas com esta visão compartilhada e colaborativa. O que poderia parecer utopia sobre o trabalho em equipes por ter um apelo teórico e até filosófico (diziam isso até sobre a excelente obra A Quinta Disciplina, de Peter Senge) no contexto atual tem sido o diferencial para empresas atingirem o patamar de uma organização de alto desempenho. Aprender sobre o comportamento humano individual e coletivo é um princípio fundamental para a compreensão do que motiva pessoas. A partir disso, é preciso aprender sobre estratégia e construir um ambiente favorável à excelência quando o assunto é performance. Referências COUTINHO, H. Da estratégia ágil aos resultados. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. DICIONÁRIO MICHAELIS. Performance. [online]. [s.d.]. FAYOL, H. Administração industrial e geral: previsão, organização, comando, coordenação e controle. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1989. GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis estratégicos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. 29. ed. Rio de Janeiro: Essenciais Bestseller, 2013. TAYLOR, F. W. Princípios da Administração Científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1990. 99. Faça parte do nosso time. [s.d.]. Disponível em: https://carreiras.99app.com/. Acesso em: 13 jun. 2021. https://carreiras.99app.com/ 18 Equipes de alta performance Autoria: Janaína P. R. Firmino Leitura crítica: Anderson Luiz Hass Objetivos • Conhecer os fundamentos sobre a formação de grupos e as dinâmicas e estratégias de funcionamento de grupos formais e informais. • Compreender o comportamento dos grupos quando atuam em equipes e suas características essenciais. • Aprender sobre os elementos das equipes de alta performance: propósitos, alinhamentos e autogestão. 19 1. Os grupos: da formação ao comportamento coletivo Você já deve ter percebido que, desde o momento do nascimento, mesmo que não seja feita uma escolha voluntária, você já participa de algum grupo? O grupo familiar, de amigos, religioso, etc. O ser humano é um ser social, pois tem como natureza inicial em sua vida a necessidade de depender de outro ser humano para sobreviver e, ao longo da sua existência, crescer e se desenvolver. O convívio social em grupos, além da sobrevivência de uma pessoa, também lhe proporciona a aprendizagem social, de acordo com a sua cultura, o clima e os aspectos econômicos, políticos e sociais aos quais cada indivíduo está inserido. Assim como você participa de grupos ao longo da vida, também fará parte (ou já faz) de alguns grupos em organizações de trabalho, afinal, uma organização é um agrupamento de pessoas e recursos destinados a alguma finalidade, seja ela pública, privada ou com fins sociais. A partir de agora, os assuntos que você aprenderá explicarão um pouco sobre a formação e a dinâmica dos grupos e como acontece a formação de equipes. Você saberá um pouco mais sobre as características das equipes e os atributos das equipes de alto desempenho. 1.1 Grupos formais e informais Para que um grupo de trabalho seja formado, basta, no mínimo, duas pessoas e um objetivo específico para o qual este grupo seja destinado. Nos estudos sobre as organizações, é comum encontrar diversas abordagens sobre a formação dos grupos, inclusive, de que ela pode acontecer de modo formal ou informal. 20 Os grupos formais são reconhecidos por todos em uma organização de trabalho, pois suas atribuições são definidas pela própria gestão da empresa. Existem grupos com duração indeterminada e com duração determinada. A seguir, conheça alguns exemplos: Grupo formal com duração indeterminada: pode ser um departamento, um setor ou até uma seção de trabalho. O departamento de finanças é composto por um grupo de trabalho, ou seja, todos os profissionais que trabalham dentro deste departamento exercem atividades com objetivosvinculados ao propósito da área financeira. O departamento de Recursos Humanos, como um segundo caso, é um grupo formal, assim como o grupo do exemplo anterior, e pode ser composto por subdivisões também formais, porque dentro de cada departamento, dependendo da estrutura organizacional, podem existir setores ou seções que também são grupos. Veja o exemplo: setor de Recrutamento e Seleção, setor de Rotinas Trabalhistas, setor de Treinamento e Desenvolvimento, etc. Grupos formais de duração determinada: este tipo de grupo é também definido e reconhecido pela organização, pois depende da estrutura de cargos e responsabilidades para ser formado, porém, na maioria das vezes, pode ter uma duração de trabalho limitada. Veja alguns exemplos: a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que é um grupo de trabalho com propósito de atuação com prazo limitado, seguindo legislações inerentes; comitês internos para resolução de problemas; conselhos, como o de Administração. Nestes casos, os grupos são formados de acordo com normatizações próprias e reúnem pessoas para, juntas, cumprirem um propósito de trabalho. Você deve estar se perguntando: e quanto aos grupos informais? Quem são e como se formam? 21 Os grupos informais, diferentemente da maneira como são criados os grupos formais, têm como principal característica do seu surgimento um interesse em comum dos próprios membros do grupo e praticamente nenhuma interferência da organização em sua origem. A sua formação, a princípio, pode acontecer por afinidade entre os membros participantes ou apenas pelo interesse mesmo. Por exemplo, imagine que uma classe de profissionais com a mesma formação acadêmica (engenheiros, por exemplo) resolve formar um grupo para diálogos sobre alguma causa a ser reivindicada perante a empresa, como a carga horária extraordinária de trabalho, ou até mesmo o uso de alguma tecnologia ou uniforme específico. Esses profissionais podem até não trabalharem juntos, no mesmo setor ou nas mesmas unidades organizacionais, mas conseguem se agrupar para resolverem uma causa em comum. Outro exemplo: um grupo informal pode ser criado pela afinidade das pessoas participantes, como o grupo do futebol, do cafezinho, do happy hour, e assim por diante. Nestes casos, os fatores que reúnem as pessoas em grupo são as afinidades e o prazer de estarem juntas voluntariamente. Dito isso, seria possível concluir que nem sempre as pessoas que querem participar destes tipos de grupos informais serão inseridas neles, por questão de afinidade e aceitação. Um grupo formal de trabalho é caracterizado por profissionais que desempenham funções ou papéis diferentes individualmente e produzem resultados coletivamente, cada um fazendo a sua parte. Nem sempre há sinergia entre os membros do grupo em um sentido de atuarem de maneira colaborativa e focada em um único propósito. Os resultados do trabalho em grupo são obtidos a partir do esforço individual, do arranjo de processos na divisão de tarefas mais adequadas às necessidades do departamento ou da área atuante e, claro, de uma 22 liderança que consegue gerenciar este grupo seguindo os padrões estabelecidos. É possível, portanto, obter bons resultados no trabalho em grupo sem que necessariamente exista um espírito de equipe para isso. Atuar em grupos é uma maneira diferente de organizar o trabalho coletivo e conseguir dele os resultados esperados. De acordo com Wagner e Hollembeck (2020), os grupos refletem aquilo que os membros são, em suas personalidades, potencialidades e modos de atuar. Os autores definem dez características para isso: 1. Definem a si mesmos como membros. 2. São definidos pelos outros como membros. 3. Identificam-se uns com os outros. 4. Envolvem-se em interação frequente. 5. Participam de um sistema de papéis interdependentes. 6. Compartilham normas comuns. 7. Buscam objetivos comuns, interdependentes. 8. Sentem que sua filiação ao grupo é gratificante. 9. Têm uma percepção coletiva de unidade. 10. Unem-se em qualquer confronto com outros grupos. (WAGNER; HOLLEMBECK, 2020, p. 237) A dinâmica do trabalho em grupos deve levar em consideração as características individuais do comportamento de cada profissional e as características sociais, pois, geralmente, o comportamento humano é modulado pelo convívio coletivo, e isso impacta as ações, as decisões e os acordos no ambiente de trabalho. 1.2 O comportamento em equipes É possível existir grupos sem que sejam considerados equipes, porém o contrário não é possível. Para que existam equipes, preliminarmente, é necessário a existência de um grupo. 23 Há entendimentos de que equipes são consideradas um tipo diferente de grupo, pois as pessoas que as compõem possuem características diferenciadas, tais como habilidades especiais, estabilidade temporal e diferenciação de autoridade (WAGNER; HOLLEMBECK, 2020). Equipes também poderiam ser entendidas como uma maneira de atuar de um grupo, e este raciocínio poderia ser interessante de ser desenvolvido. Ainda que as pessoas atuem em equipes, cada uma delas possui suas atribuições e seus papéis individuais, porém os resultados de uma equipe são apresentados de modo mais evidente quando todos trabalham cooperando e colaborando entre si. É o resultado de uma atuação sinérgica, em que um ponto focal é o direcionamento de todos os interesses e propósitos. Para ilustrar este pensamento, você está convidado a viajar um pouco para o mundo dos esportes coletivos para uma exemplificação. Imagine um time de vôlei que defende a seleção de um país. Cada um dos profissionais desta equipe possui sua individualidade: jogadores, técnicos, preparadores físicos, médicos e profissionais da saúde. Provavelmente, o propósito para todos desta equipe deve estar relacionado a um objetivo único simbolizado pela responsabilidade de representar o seu país e obter um bom resultado com isso. Independentemente de atuação individual, o sentido do trabalho para uma equipe é que o resultado coletivo alcance o esperado, e não que um ou outro participante obtenha a melhor performance. Ainda que o trabalho coletivo seja a tônica do que se espera para a atuação em equipes, cada um dos integrantes deve também fazer a sua parte, como a dinâmica do trabalho em grupo. O que diferencia, neste 24 caso, um grupo de outro pode ser o propósito e a maneira de atuar para buscar os resultados. Neste momento, seria uma ideia afirmar que a equipe poderia ser considerada um estado ou um comportamento de um determinado grupo. Se fosse assim compreendido, seria possível afirmar que todo grupo poderia atuar como equipe sempre que fosse necessário, voltando ao estado de grupo (ou seja, cada um fazendo a sua parte) quando a equipe não fosse requisitada. Provavelmente, dependendo da particularidade do trabalho a ser desempenhado, há grupos que deverão atuar mais vezes em estado de equipe do que outros e, para isso, as pessoas que atuam nestes grupos precisam demonstrar tendência e disponibilidade para este tipo de comportamento. Wagner e Hollembeck (2020) explicam que grupos e equipes conseguem ser eficazes em três situações específicas, conforme mostra a figura a seguir. Figura 1–Características do trabalho em grupo e equipes Fonte: adaptada de Wagner e Hollembeck (2020, p. 237-238). 25 Qualquer característica contrária a essas três apresentadas pode colocar a existência do grupo em risco, pois os participantes poderiam se desligar deste propósito, e o grupo perderia a razão de existir. Para que seja possível formar grupos que consigam se comportar como equipes, é imprescindível à gestão da empresa e às lideranças das áreas que um trabalho de planejamento e acompanhamento constante seja desenvolvido para isso. A definição e a clareza de objetivos, processos, procedimentos, perfil de atuação e desempenho, metas e um trabalho fino de relacionamento interpessoal com feedbacks francos e pontuais são práticas de gerenciamentode equipes que não poderiam ser subestimadas por profissionais que as desconheçam. As organizações que obtêm resultados mediante a gestão integrada e cuidadosa de suas equipes conseguem apresentar competitividade e foco, independentemente do cenário em que estiverem inseridas. 1.3 Equipes de alta performance Caro estudante, nesta trilha para compreender o que finalmente qualifica uma equipe de alta performance e conhecer suas particularidades e dinâmicas de funcionamento, você foi convidado a conhecer um pouco sobre os grupos que a originam e o modo que atuam nas situações propostas. No contexto atual, para que as empresas que dependem de um trabalho cujas especificidades sejam um produto de saberes compartilhados e de esforços compostos e não concorrentes, atuar com equipes de alta performance é o que viabiliza esta tarefa. Existem características específicas para que as equipes possam ser reconhecidas como de alta performance. Veja, a seguir, um esquema 26 criado a partir das ideias apresentadas por Dyer, Dyer e Dyer (2011) que apresentam algumas destas características. Figura 2 – Características das equipes de alta performance Fonte: adaptada de Dyer, Dyer e Dyer (2011, p. 23). É possível perceber, a partir das informações de Dyer, Dyer e Dyer (2011), que as atitudes, além dos conhecimentos, fazem a diferença para as equipes de alto desempenho. Essas características também são conhecidas como soft skills, ou competências e habilidades humanas. Considerando a tendência natural do ser humano em socializar, para que um indivíduo esteja envolvido em alguma tarefa coletiva e possa se entregar verdadeiramente àquilo que se propõe, é necessário um clima de acolhimento para isso. Um ponto interessante nesta visão é proporcionar como base a confiança e um clima de incentivo entre os membros de uma equipe. Sem confiança, as expressões, a comunicação, a contribuição e a entrega podem ficar em segundo plano. Um clima organizacional competitivo e construído à base de julgamentos que desconectam pessoas repele qualquer tentativa de construção e alinhamento de propósitos, quando se fala em trabalho em equipe. E a questão não é romantizar 27 o tema. Muito ao contrário disso, é humanizar o que se entende como interdependência no trabalho em equipe. Outro autor que destinou boa parte de sua carreira a estudar a importância do comportamento e do trabalho em equipe foi Peter Senge, na obra A Quinta Disciplina. Nela, o autor dispõe de cinco atributos (individuais e coletivos) para que as pessoas e organizações aprendam. São eles: 1. Domínio pessoal (disciplina individual). 2. Modelos mentais (disciplina individual). 3. Aprendizagem em equipe (disciplina coletiva). 4. Visão compartilhada (disciplina coletiva). 5. Pensamento sistêmico (a interrelação das disciplinas). Para Senge (2017), as pessoas precisam preliminarmente autoconhecer- se, conhecer seus propósitos e aquilo que realmente as inspiram verdadeiramente. Ele denomina domínio pessoal a esta capacidade de perceber e conhecer as motivações e os interesses pessoais que te movem. Em seguida, o autor evidencia como é importante desenvolver a capacidade de desenvolver a autopercepção de como você vê o mundo e sua realidade. Ele chama de modelos mentais a disciplina que expõe as “lentes” pelas quais você compreende a sua realidade e explica o mundo. Imagine uma equipe em que as pessoas se conheçam a tal ponto que a individualidade seja um diferencial e um ponto de apoio e de complemento de um integrante para o outro. A partir destas duas disciplinas individuais, Senge (2017) avança seus estudos para o agir coletivo. Para o trabalho em equipe, apresenta duas características fundamentais para que este comportamento seja 28 possível: um é a capacidade de dialogar. O diálogo é a prática básica de uma equipe que aprende, e o outro ponto de fundamento é a visão compartilhada. Segundo o autor, a prática do diálogo permite o pensar em conjunto, ao ponto de tomar decisões, de se autogerir quando for o caso, de modo cooperativo e assertivo, e a visão compartilhada como o propósito, ou seja, uma “visão genuína” de ter uma direção e esforços para um mesmo ponto. Mas que as pessoas façam isso por elas próprias, e não para agradar uma liderança ou serem bem-vistas pelos outros; façam porque aquilo faz sentido em sua atuação e para os seus colegas de equipe também. A título de ilustração da ideia de equipes de alta performance, a cultura de trabalho em equipe da Netflix. Você já deve conhecer essa empresa como uma organização inovadora, tecnológica, focada em processos, que leva seus serviços em escala global e adaptada para cada região do mundo. Agora, compare as informações que ela própria compartilha em seu portal eletrônico sobre a cultura de trabalho em equipe com os conhecimentos apresentados neste texto e observe como é importante uma proposta do modelo de gestão que favorece um clima de alta performance pela organização. • A cultura Netflix Declara que “pessoas estão acima dos processos”. Buscam sempre as melhores pessoas, valorizam “[...] a integridade, a excelência, o respeito, a inclusão e o espírito colaborativo” (NETFLIX, 2021, [s. p.]). Além disso, propõe as seguintes diretrizes: 1. incentivamos os empregados a tomar decisões de forma autônoma 2. compartilhamos informações de maneira aberta, ampla e deliberada 29 3. somos extraordinariamente sinceros uns com os outros 4. mantemos apenas pessoas altamente eficazes 5. evitamos regras. (NETFLIX, 2021, [s. p.] Os valores (que poderíamos entender também como virtudes, princípios e atitudes) disseminados nesta cultura de trabalho são destacados pela Netflix da seguinte maneira: Figura 3 – Valores da cultura Netflix Fonte: https://jobs.netflix.com/culture?lang=Portugu%C3%AAs. Acesso em: 8 jul. 2021. Reflita um pouco sobre essas virtudes, princípios, valores e atitudes. Já pensou como deveria ser um processo seletivo para integrar uma equipe que requisite tais características? A empresa declara que, para ser um “time dos sonhos”, duas características são a confiança e a colaboração. É uma tentativa de buscar pessoas que realmente se importam com o que fazem e com quem estão fazendo as coisas. Para uma equipe de alto desempenho, conhecer o domínio pessoal é necessidade. A Netflix faz questão de frisar a importância de remunerar justamente esses requisitos. Declara, ainda, que paga os maiores salários do 30 mercado, pois espera este grau de comprometimento coletivo, e não puramente o interesse pessoal. Se fosse você um candidato, como se avaliaria hoje? E se você fosse o líder desta equipe, quais seriam as suas responsabilidades e os seus comportamentos para lidar com estes colaboradores? Este exemplo, como já anunciado anteriormente, teve como objetivo perceber na declaração de uma empresa que tem como base as equipes de alto desempenho o que realmente é necessário observar para o trabalho coletivo focado em resultados. As organizações que atualmente preconizam em seu modelo de gestão o trabalho sistematizado por estratégias, objetivos, metas e indicadores, provavelmente, obterão melhor desempenho se conseguirem alinhar pessoas às expectativas e acompanhá-las nesta trajetória. Este planejamento, então, deve ser inicializado pela seleção de pessoas seguido da alocação do profissional em cargo e funções compatíveis com suas potencialidades. A partir destas ações, a sequência é capacitar, desenvolver e acompanhar cada integrante da equipe em seu dia a dia, o que poderíamos denominar de “cultivar talentos”. Há diversas estratégias para que o trabalho em equipe seja realizado. Ele pode ser organizado por projetos (que tem início, execução e encerramento); em equipes situacionais (criam-se equipes para tarefas específicas); equipes virtuais de trabalho (que trabalham em projetos e redes virtuais e nem sempre estarão sujeitas a uma rotina sistemática de trabalho). As metodologias de trabalhopor entregas de resultado, como o Ágil, organizam as tarefas e ações por entregas, e não por cumprimento de um horário fixo de trabalho. Isso, na atualidade, já é bastante comum e se adequaria para algumas realidades organizacionais. 31 Na Netflix, é possível perceber o tópico “Liberdade com responsabilidade”. Ter liberdade não significa descumprir a sua parte. No trabalho em equipes de alta performance, os desempenhos são atrelados uns aos outros. Se uma pessoa não cumpre a meta, a performance de outras pessoas também é afetada. Por isso, é importante este senso de responsabilidade e de comprometimento com todos. As políticas internas são geridas com base no bom senso e na confiança das atitudes das pessoas. Pode parecer surreal, mas o trabalho home office adotado nos últimos anos em praticamente todos os cantos do mundo mostrou esta realidade para muitas organizações (das públicas às privadas) de que é possível trabalhar desta maneira, contanto que as “melhores pessoas” estejam envolvidas nas equipes. Acho que você já percebeu algo a partir de tudo isso: as características fundamentais para as equipes de alto desempenho não desobrigam os profissionais de terem suas formações profissionais, de se atualizarem e aprenderem técnicas e habilidades. Mas o que realmente define as características e a dinâmica das equipes de alto desempenho são comportamentais e atitudinais. Referências DYER, W. G.; DYER, W. G. JR.; DYER, J. H. Equipes que fazem a diferença (Team Building): estratégias comprovadas para desenvolver equipes de alta performance. São Paulo: Saraiva, 2011. NETFLIX. Cultura Netflix. Netflix Jobs, 2021. Disponível em https://jobs.netflix.com/ culture?lang=Portugu%C3%AAs. Acesso em: 8 jul. 2021. SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. Rio de Janeiro: Best Seller, 2017. WAGNER, J. A.; HOLLENBECK, J. R. Comportamento organizacional. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. https://jobs.netflix.com/culture?lang=Portugu%C3%AAs https://jobs.netflix.com/culture?lang=Portugu%C3%AAs 32 Liderança de equipes de alta performance Autoria: Janaína P. R. Firmino Leitura crítica: Anderson Luiz Hass Objetivos • Aprender sobre algumas perspectivas e fundamentos da liderança de equipes. • Compreender a influência do clima organizacional na prática da liderança e sua relação com poder e autoridade. • Conhecer estratégias e práticas da liderança contemporânea. 33 1. Liderança de equipes de alta performance Caro aluno, se você tivesse que definir o que é liderança em uma frase, como faria isso? E se a pergunta fosse mais específica: o que é a liderança de equipes de alta performance? Será que existem diferenças? As equipes de alto desempenho têm como uma de suas características serem compostas por pessoas que possuem um senso forte de propósito, de trabalho coletivo e que cooperam entre si. Se o trabalho dessas pessoas estiver coordenado e direcionado de acordo com os objetivos organizacionais, elas conseguem apresentar excelentes resultados. E se essas pessoas aparentemente são tão diferenciadas, por que seria importante os esforços de coordenação, direção e até mesmo de visualização do status de desempenho destas equipes? Justamente porque se trata de uma atuação com alto desempenho, que focaliza as ações de complexidades particulares em algumas situações e que precisam ser realizadas dentro de um planejamento de metas e objetivos, através do esforço coletivo, de uma sinergia de trabalho congruente e harmônica ao mesmo tempo. A liderança é uma prática que tem como missão viabilizar da melhor maneira o trabalho das pessoas, considerando algumas atividades para isso, como: a organização de processos e tarefas, o conhecimento das estratégias e expectativas da gestão, a capacidade da equipe em atingir os resultados esperados, o acolhimento e o cuidado com as pessoas que estão em relação a esta liderança. O campo da Administração se dedica a estudar teorias da liderança há muitos anos, e as abordagens teóricas sobre o tema evoluíram junto às práticas gerenciais e à dinâmica do mundo do trabalho. 34 Nas abordagens tradicionais, estudam-se, por exemplo, as características do líder, como a influência, os estilos de liderança (autocrática e democrática), os papéis dos líderes, a orientação do trabalho para as tarefas ou para as pessoas, a liderança por objetivos, etc. (WAGNER; HOLLENBECK, 2020). Na linha de pensamento contemporâneo, os temas de estudos em liderança voltam-se, ainda, para a compreensão da influência, como também se dedicam à coordenação de pessoas em relação aos resultados através da aproximação entre líderes e liderados, no sentido de se conhecer a equipe e seus anseios, pensamentos, potencialidades, estados motivacionais, condições de saúde e predisposição ao engajamento com os outros. Para as equipes de alta performance, além do líder ter esta função quase parecida a uma amálgama (uma fusão de elementos, sabe?), durante a atuação de seus participantes, a figura dele simboliza aos liderados uma sensação de apoio e suporte extremamente necessários ao convívio humano. Está aí uma das contribuições do líder de equipes de alta performance: além de coordenar, direcionar, capacitar, treinar, desenvolver e cuidar das pessoas, nestas equipes, especificamente, uma das intenções é manter esta fusão de energias (esforços intelectuais, físicos, emocionais e mentais) convergentes aos resultados para garantir a realização de algo. Pense agora: quais características um líder precisa ter ou desenvolver para conseguir atuar com pessoas com estas particularidades? Algumas equipes de alto desempenho podem ser até autogerenciadas, ou seja, conseguem gerenciar por si suas ações ao ponto de não terem que contar com uma liderança específica, porém esta realidade não é uma prática muito comum para todo tipo de organização. Ainda que 35 sejam autogerenciadas, essas equipes necessitarão de algum apoio para conseguir coordenar o seu trabalho, e este direcionamento pode estar atrelado a alguma liderança – ainda que ela não esteja dentro do mesmo grupo, e sim na gestão da organização. Nos estudos apresentados por Wagner e Hollenbeck (2020), os autores apontam que, para compreender a liderança, é necessário, primeiramente, compreender os liderados. As pessoas, para serem lideradas, precisam consentir, ou seja, permitir que aconteça a liderança por uma determinada pessoa. A partir deste entendimento, eles defendem um modelo de liderança integrada, representada na figura a seguir: Figura 1 – Modelo de liderança integrada Fonte: adaptada de Wagner e Hollenbeck (2020, p. 271). A intenção dos autores é compreender que, para desenvolver a liderança, é necessário conhecer estilos, traços pessoais e como os líderes tomam decisões; entender o comportamento individual e coletivo da equipe (inclusive, as dimensões psicológicas) e atentar-se às situações e às suas complexidades (maiores ou menores), para que a liderança possa atuar também em alta performance. É preciso entender que um líder é uma pessoa (pode ser que isso seja óbvio, mas é melhor reforçar), mas nem sempre é visto como alguém que também está atuando em um papel social com a função complexa de liderar. 36 A pessoa que se incumbe de um papel de liderança também é dotada de personalidade, interesses e aspirações próprias, emoções e vontades pessoais. Com essa perspectiva do líder para o liderado e do liderado para o líder é que você aprenderá sobre estratégias da liderança de alta performance. 1.1 Estratégias da liderança de alta performance Observe a seguinte reflexão: seria possível imaginar alguém liderando um time sem que estivesse fisicamente presente com a equipe em um determinado momento? Isso pode parecer estranho, mas acompanhe o raciocínio para perceber se faz sentido. Há pessoas que lideram equipes com uma postura tão impactante no seu modo de falar, agir, se comportar, dialogar e escutarque, mesmo se não estiverem com a equipe em um determinado momento, ainda assim, mentalmente, a sensação de todos é de que elas estão lá. Veja: esse impacto pode ser positivo ou não. Há pessoas que criam um ambiente positivo no trabalho, enquanto outras nem sempre conseguem isso, e o que criam é o oposto. O momento agora é de pensar no impacto positivo da liderança para o alto desempenho. De acordo com a experiência vivenciada do time com o líder, dado o seu jeito de ser e lidar com as pessoas e as situações, isso impacta em todo o direcionamento do trabalho das equipes, e seria um importante termômetro para perceber se a liderança tem feito um bom trabalho. Um líder de equipes de alta performance precisa reunir, em suas características, os saberes e as habilidades (a maneira de fazer as coisas) capazes de colocar o time sempre em prontidão, disposto a contribuir e 37 cooperar uns com os outros, preparando-o para as ações necessárias. Assim, os resultados organizacionais serão consequência disso. Na obra Liderança de alto nível: como criar e liderar organizações de alto desempenho, Blanchard (2019, p. 2) define liderança como “a capacidade de influenciar os outros pela liberação de seu poder e potencial para impactar o bem maior”. Essa ideia do “bem maior” é algo muito interessante defendido pelo autor. Ele enfatiza que a liderança de alto nível não é focada apenas no resultado, mas efetivamente naquilo que é melhor para todos, incluindo a equipe. Levar em consideração a condição humana é o cerne da atuação do líder de alto nível, o qual, consequentemente, lidera uma equipe de alto nível. A liderança de alto nível, portanto, na visão do autor, é “o processo de alcançar resultados que valham a pena ao mesmo tempo em que tratamos as pessoas com respeito, consideração e justiça, para o bem- estar de todos os envolvidos” (BLANCHARD, 2019, p. 2). Quem lidera para o alto desempenho consegue olhar para o todo: pessoas, tarefas, situação e indicadores. Esta é, possivelmente, a principal estratégia dos líderes contemporâneos. Outro caminho estratégico que o líder de alta performance pode utilizar são as ideias contidas em uma obra bastante conhecida no mundo gerencial, cujo título é O Gerente Minuto, também de Ken Blanchard, acompanhado por Spencer Johnson. Na obra citada anteriormente – Liderança de alto nível: como criar e liderar organizações de alto desempenho –, o autor faz um convite a rever os três pontos principais da teoria e acrescenta o quarto ponto, que você verá a seguir. 38 Figura 2 – Habilidades do líder de alto nível Fonte: adaptada de Blanchard (2019, p. 124). Tanto na obra original – O Gerente Minuto – quanto no capítulo da versão atualizada, as ideias seguem a mesma proposta de saber atuar com uma equipe, cujos focos em metas e resultados e em pessoas e no relacionamento interpessoal são balanceados, ou seja, o líder de alto nível precisa desenvolver estas habilidades para conseguir atuar da melhor maneira. 1.2 Gerenciamento do clima organizacional Seguindo as propostas vistas até o momento de que um líder, para conseguir atuar com alto desempenho, necessita conhecer a si, aos liderados e as situações em que estão inseridos, o tema gestão do clima organizacional é algo imprescindível no momento. As pessoas estão inseridas em contextos, em situações diárias, que nem sempre são iguais nos períodos da manhã e da tarde do mesmo dia. Diante desta ideia, aprender a perceber o clima organizacional é uma questão fundamental para a liderança. 39 De modo geral, o clima organizacional é o resultado da interação das pessoas e o ambiente em que estão convivendo em um determinado momento ou situação. O clima é composto pela percepção de todos sobre este cenário somada aos sentimentos, pensamentos e julgamentos que são modulados por essa percepção. Diante desta informação, você pode começar a deduzir que, em um ambiente em que há um clima positivo de trabalho, provavelmente, as relações entre as pessoas na equipe estão positivas também. E se acontece ao contrário, ou seja, um clima nada amistoso, pesado, competitivo e estressante, provavelmente, deve ser o resultado de relações conflituosas de impacto negativo e nada saudáveis para todos que nele convivem. Os conflitos, por exemplo, são eventos inerentes ao ambiente de trabalho, e há aqueles de caráter positivo, pois geram novas ideias, e de caráter negativo, que são desfavoráveis ao ambiente. A atuação da liderança de alta performance precisa aprender a identificar os fatores que podem afetar o clima organizacional, tanto para o positivo quanto para o negativo, e criar estratégias para conseguir driblar as dificuldades quando elas estiverem presentes. Na obra O líder transformador: como transformar pessoas em líderes, Celestino (2017, p. 61) alerta sobre um dos perigos da convivência humana que afeta diretamente o clima organizacional: “Há muito conhecimento ‘não falado’ sobre liderança que você precisa saber”. O autor reforça que questões relacionadas ao caráter (má índole), à personalidade, à maldade e até a sentimentos, como inveja e ganância, são problemas que também afetam o dia a dia da liderança e que precisam ser considerados no entendimento do líder. 40 E como o líder poderia atuar de maneira a conseguir estabelecer um clima positivo e favorável à melhor performance da equipe? No que depende da liderança, as habilidades humanas (soft skills) são os princípios que precisam estar no portfólio do líder. Uma delas é a atenção periférica. Sabe aquele radar que parece que lê tudo o que está acontecendo em volta? É dele que se trata a atenção periférica, isto é, a capacidade de conseguir perceber as expressões faciais, as expressões corporais e como as pessoas estão se relacionando para “ler” o clima organizacional. Muitos líderes perdem a oportunidade de conseguir abordar um colaborador em um determinado momento para saber se está tudo bem, se ele está precisando de algo – até mesmo que seja conversar ou desabafar, pois, dependendo da tensão daquele momento, estar presente para atender a uma pessoa pode fazer toda a diferença para que ela siga com o seu trabalho de maneira mais aliviada. Outra habilidade: comunicação assertiva. Aprender sobre comunicação de modo empático, não violenta, em que escutar pressupõe a maior prática da liderança em relação à equipe. Alinhamento de comunicação é uma das atividades que melhor articulam o relacionamento de uma equipe de alto desempenho e sua liderança. Através dos processos de comunicação, é possível estabelecer tarefas e metas e ajustar e regular os combinados, conforme são executadas as ações definidas. Toda essa dinâmica nas relações entre as pessoas em uma equipe e entre as equipes em uma organização constitui um sistema de autoridade (atribuições), poder (influências) e políticas (normas e regras), que compõe também as características do clima organizacional. Cabe à liderança conhecer e saber lidar com essas características para 41 conseguir intermediar os fluxos dos processos e as rotinas de trabalho das equipes. São tantas informações, não é? E são! A complexidade da liderança de equipes de alta performance requisita ao líder de alta performance conhecimentos, habilidades e atitudes para que ele possa ser o maestro de uma orquestra, a qual não pode desafinar, não importa qual música esteja tocando. Agora, se a orquestra fizer o seu trabalho com grande competência, cada apresentação será inesquecível, e a sensação de missão cumprida ao receberem os aplausos e partirem para a comemoração será a melhor consequência de todas. Você já ouviu falar sobre felicidade no trabalho? Este assunto tem tudo a ver com a criação de um clima positivo e produtivo de trabalho. Alguns estudos recentes sobre clima organizacional envolvem os conhecimentos da Psicologia Positiva, um campo da Psicologia que se dedica a estudar o bem-estar e a felicidade das pessoas. Sabe-se que oresultado é garantido quando as pessoas estão felizes em estar onde estão, por fazerem algo que lhes é gratificante e conseguirem superar suas dificuldades e os desafios e serem reconhecidas e valorizadas por isso. Para Sender e Fleck (2017, p. 769), o melhor conceito para se compreender o que é a felicidade no trabalho é traduzido na seguinte afirmação: “um estado psicológico positivo do indivíduo, que influencia seu comportamento e que pode levar a consequências positivas para as organizações”. Nos estudos destas autoras, o principal objetivo foi buscar o histórico de temas que antecederam o que hoje se configura por Felicidade no Trabalho, e alguns desses assuntos são: 42 • Satisfação no trabalho. • Envolvimento no trabalho. • Comprometimento. • Engajamento. • Estado de fluxo (flow). • Motivação. • Bem-estar. A convergência de todos esses assuntos já conhecidos no campo de estudos da Administração e da Psicologia Organizacional compõe, atualmente, o campo de estudos sobre Felicidade no Trabalho, que também pode ser representado por um índice conhecido como Índice de Felicidade no Trabalho (IFT). Este índice pode ser implantado na organização como uma estratégia prática para medir o clima organizacional e os fatores de satisfação e motivação no trabalho, como remuneração, relacionamento com lideranças e equipes, planos de carreira e oportunidades de trabalho, etc. A partir de dados objetivos, a gestão e as lideranças das organizações conseguem monitorar os pontos a melhorar e fortalecem o que já possuem e que apresentam o melhore desempenho. 1.3 Práticas da liderança de alta performance Pensando agora na prática, o que os líderes de equipes de alta performance precisam saber fazer para lidar com os desafios desta função? 43 A primeira questão é pensar sobre como engajar as pessoas. Atrair e inspirar pessoas é, certamente, uma tarefa importante para um líder. Uma dica para isso é se apresentar o mais naturalmente possível. Um erro frequente é tentar construir uma imagem diferente do que as pessoas veem. No dia a dia, o que se fala e o que se faz é o que confere o exemplo para as pessoas (e isso é para a vida, não só para liderança). Então, a naturalidade de ser quem é, de se mostrar interessado pela sensação de pertencimento de cada integrante da equipe, e o desejo sincero de querer oferecer apoio é o que gera uma relação de confiança entre líderes e liderados. Confiança é a base da relação humana quando as pessoas precisam se sentir seguras e acolhidas. Outra questão é saber se comunicar ao ponto de a confiança não ser ameaçada ou até quebrada. A comunicação envolve processos verbais e não verbais, então basta uma expressão facial ou corporal que possa gerar sensações desagradáveis às pessoas para que as relações se estremeçam. Com confiança e uma excelente comunicação, a liderança inspiradora e consciente de seu papel será possível de acontecer. O feedback é, então, a próxima prática imprescindível aos líderes de alto desempenho. Quando as pessoas confiam e compreendem o que está sendo comunicado nos processos de feedback, a tendência de se corrigir ou aprimorar procedimentos é muito maior e efetiva. O feedback compreende momentos dialógicos (de diálogo), em que, individual ou coletivamente, o líder propõe uma conversa sobre pontos específicos que precisam ser revistos. Há momentos de correção de rota ou até de repreensão, assim como há momentos positivos, de elogios. 44 Uma derivação do feedback para as lideranças é o feedforward, que tem como proposta não focar nas ações passadas, e sim nas ações futuras. O feedforward apresenta apontamentos, como: “sabe aquele comportamento de ficar olhando o celular durante a reunião? Como você poderia pensar em outra maneira de lidar com isso nas próximas reuniões?”. A intenção é escolher, durante o momento da conversa, o que se pretende abordar com os colaboradores e propor uma reflexão necessária: precisa discutir algo do passado? Então, é feedback. Precisa apontar algo para o futuro, procurando evitar um comportamento indesejado? Feedforward. A última prática que tem sido uma das conquistas para conseguir um alto engajamento de pessoas, conhecida até como engajamento exponencial (porque é obtido através de uma liderança exponencial), é a técnica One a One, ou 1:1. É um tipo de reunião realizada entre líder e colaborador, em que não apenas as questões do trabalho estejam em foco mas também a preocupação verdadeira de como a outra pessoa está se sentindo, como está sua saúde, como ela tem conseguido se organizar e até equilibrar a vida pessoal com a vida profissional. Esta prática é muito bem realizada por líderes exponenciais pois eles possuem alto grau de autoconhecimento e de autodesenvolvimento e, através desses diálogos, se aproximarão e trabalharão junto ao colaborador, de modo que ele esteja sempre acolhido, sentindo confiança e vontade de participar das ações, sabendo que possui suporte para isso. A partir dessas práticas humanas e técnicas da liderança será possível atingir a sinergia necessária para os times de alta performance e manter o ritmo, o engajamento e o comprometimento necessário deste perfil de equipe. 45 Referências BLANCHARD, K. Liderança de alto nível: como criar e liderar organizações de alto desempenho. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2019. CELESTINO, S. O líder transformador: como transformar pessoas em líderes. São Paulo: Cengage Lerning, 2017. MELLO, F. H. de. Como fazer uma one on one e por que. Qulture rocks, 2019. Disponível em: https://www.qulture.rocks/blog/como-fazer-uma-one-on-one-e-por- que/. Acesso em: 15 jul. 2021. SENDER, G.; FLECK, D. As Organizações e a Felicidade no Trabalho: uma perspectiva integrada. RAC, Rio de Janeiro, v. 21, n. 6, p. 764-787, nov./dez. 2017. Disponível em https://www.scielo.br/j/rac/a/6JdnL4Q67mtS98pTgCnRR5g/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 15 jul. 2021. STARTSE. Liderança de Alta Performance: entrevista com Bernadinho | StartSe. 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Yu19eb6e2qg. Acesso em: 10 jul. 2021. WAGNER, J. A.; HOLLENBECK, J. R. Comportamento organizacional. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. https://www.qulture.rocks/blog/como-fazer-uma-one-on-one-e-por-que/ https://www.qulture.rocks/blog/como-fazer-uma-one-on-one-e-por-que/ https://www.scielo.br/j/rac/a/6JdnL4Q67mtS98pTgCnRR5g/?lang=pt&format=pdf https://www.youtube.com/watch?v=Yu19eb6e2qg 46 Gestão por Competências Autoria: Janaína P. R. Firmino Leitura crítica: Anderson Luiz Hass Objetivos • Compreender como o modelo da Gestão por Competências pode contribuir para a formação e o desenvolvimento de equipes. • Conhecer estratégias da Gestão por Competências para a atuação de líderes e equipes. • Inteirar-se das tendências para a Gestão de Competências e sua relação com o alto desempenho e o futuro do trabalho. 47 1. O modelo da Gestão por Competências Na área da Administração, são conhecidos por modelos gerenciais alguns modos de gerenciamento que seguem determinados padrões fundamentados em teorias ou propósitos e que influenciam a cultura e a estrutura da organização, bem como as estratégias e as tomadas decisórias. Como exemplo de modelos de gestão, estão a Gestão da Qualidade, a Gestão Participativa, a Gestão com Foco em Resultados e a Gestão por Competências, foco desta seção. Os modelos gerenciais são compostos por abordagens, diretrizes, métodos e políticas que se direcionam a um determinado propósito para o cumprimento de objetivos estabelecidos. Você estudará, a partir de agora, alguns desses pressupostos da Gestão por Competências e compreenderá a sua relação e as suas contribuições para a formação de equipes de alta performance. O entendimento do conceito de competências é fruto de estudos de várias linhas de pensamento na Administração e no campo da Gestão de Pessoas e, atualmente, é compreendido como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudesque uma pessoa desenvolve ao longo da vida profissional e o aplica para realizar suas atividades em prol de objetivos e entrega de resultados. Este conceito é reconhecido no campo da Gestão de Pessoas pelo acrônimo CHA (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes) e é ilustrado pela Figura 1 a seguir. 48 Figura 1 – CHA (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes) Fonte: adaptada de Banov (2015). Assim como os indivíduos possuem competências (individuais), as organizações também as possuem (organizacionais). As competências organizacionais são construídas ao longo da existência e da atuação da empresa e acompanham a sua evolução, o seu desenvolvimento no mercado, seu posicionamento e os elementos estratégicos: missão, visão e valores. O conjunto de competências organizacionais define quem a empresa é e como ela age e “faz” as coisas, além disso, garante o diferencial dela em relação às concorrentes, por exemplo. Já as competências individuais pertencem à pessoa que as desenvolveu em sua trajetória de vida, seus estudos e suas experiências profissionais. Você já parou para pensar que tudo aquilo que você já aprendeu e/ou já praticou em algum momento da vida te ofereceu a capacidade para avaliar ou realizar algo hoje? Você pode ser capaz ou até mesmo estar apto para realizar algo em uma experiência profissional graças ao seu conjunto de competências individuais. E agora, se você tivesse que pensar qual seria o propósito da Gestão por Competência, como conseguiria defini-lo? 49 De acordo com Banov (2015), o propósito da Gestão por Competências consiste em alinhar as competências organizacionais às competências individuais, ou seja, contar com pessoas que possuem as competências que se alinham às competências que a organização requisita. É importante que você saiba que a definição do rol de competências organizacionais pode ser diferente de empresa para empresa, pois as competências dependem do diferencial competitivo de cada organização. Acompanhe o exemplo a seguir: Uma empresa de Tecnologia da Informação possui o seguinte rol de competências organizacionais: • Foco no cliente. • Trabalho em equipe e cooperação. • Planejamento e organização. • Inovação. • Aprendizagem contínua. Se este é o modo de trabalho que a empresa assume em sua cultura, políticas e atuação, é a partir destas competências que ela comporá seus grupos de trabalho, para que atuem de maneira alinhada às suas competências. Há situações em que a empresa pode buscar profissionais que apresentem tais competências em processos de recrutamento (ou atração) e seleção, porém há outros momentos em que ela decide desenvolver as competências necessárias de acordo com o perfil de cada colaborador que ainda não as apresenta em seu comportamento. 50 Além das competências organizacionais e competências individuais, Brandão (2017) também apresenta a ideia das competências das equipes (ou dos times). Esta competência coletiva, intermediária entre o indivíduo e a organização, tem uma função primordial para este alinhamento. Veja a figura a seguir para que esta ideia seja desenvolvida: Figura 2 - Competências nos diferentes níveis da organização Fonte: adaptada de Brandão (2017). Diante deste esquema ilustrado na Figura 2, o autor propõe que uma competência influencia a outra em um sentido de dentro para fora (indivíduo > equipe > organização) ou de fora para dentro (organização > equipe > indivíduo) e que qualquer lacuna nessa relação de influência pode proporcionar o desenvolvimento coletivo. Veja um exemplo: Imagine uma organização que tem como competência organizacional o foco em resultados. Em seu quadro de colaboradores, ela possui muitos profissionais com esta competência individualmente, porém, quando atuam em equipe, por contarem com pessoas que ainda não 51 conseguem cumprir plenamente esta competência de modo individual, não apresentam um desempenho satisfatório. O que pode acontecer na proposta de Brandão (2017) é que, se as competências individuais fossem desenvolvidas, influenciariam a competência em equipe, e o contrário também. Diferentemente das competências organizacionais, as competências individuais possuem uma característica importante e que você precisa conhecer: elas podem ser agrupadas em hard e soft skills. O que são hard e soft skills? São competências que têm como principal diferença o fator humano. As hard skills compreendem as competências técnicas, profissionais e gerenciais. Exemplos: planejamento, gestão de processos, gestão de pessoas, conhecimento técnico específico (como programação, operação de sistemas, domínio de uma metodologia específica, etc.). As soft skills compreendem as competências comportamentais, como: inteligência emocional, inteligência interpessoal, pensamento crítico, liderança, comunicação, etc. Como a Gestão por Competências pode contribuir para a formação de grupos e pessoas que possam atuar em equipes de alta performance para atender às suas competências organizacionais essenciais? A principal prática da Gestão por Competência é realizar o mapeamento de competências tanto organizacionais (que podem mudar, dependendo do momento que a organização está enfrentando) quanto individuais, pertencentes às pessoas que estão trabalhando na organização naquele momento. De acordo com Brandão (2017), o mapeamento de competências, também conhecido como diagnóstico de competências, tem como 52 missão encontrar as lacunas existentes entre o que a organização necessita e o que as pessoas e os times apresentam e, a partir desta constatação, criar os planos de ação para suprir essas lacunas. Para equipes de alta performance, aprender a mapear as competências e alinhá-las ao propósito organizacional é a principal contribuição da Gestão por Competência. 2. Estratégias da Gestão de Competências das equipes As estratégias da Gestão por Competências para a formação e o desenvolvimento de equipes de alta performance demandam metodologias e técnicas da Gestão de Pessoas que também devem estar alinhadas dentro deste modelo de gestão. Para isso, é necessário, minimamente, que a organização tenha como prática: • O recrutamento (ou atração) e a seleção por competências. • A avaliação de desempenho por competências. • A remuneração por competências. • O desenvolvimento por competências. 2.1 O recrutamento (ou atração) e a seleção por competências A estratégia de recrutar e selecionar pessoas, no caso do modelo da Gestão por Competências, é um pouco diferente, pois a técnica é basear- 53 se no perfil do cargo (composto pelos requisitos ou pelas exigências da posição a contratar junto às hard e soft skills mapeadas previamente). A ideia de “atração”, ao invés de recrutamento, tem um objetivo estratégico. Quando se trata de contratar talentos com a expectativa de alta performance, a intenção do processo seletivo é criar uma maneira de divulgar a necessidade da contratação de modo direcionado a um público específico, para que apenas os profissionais com o perfil desejado sejam atraídos pela vaga existente, facilitando os procedimentos do processo. Provavelmente, a atração e a seleção de pessoas com alta performance baseada em competências contarão com um público menor (em quantidade), mas com mais potencialidades e afinidades com o perfil procurado. Para este processo, é necessária a pesquisa junto aos gestores de área sobre as competências necessárias para o cargo e a função; a criação do perfil do cargo; a divulgação para os públicos específicos e as entrevistas com técnicas de seleção por competência. Essas entrevistas têm foco comportamental e, geralmente, sugerem questionamentos sobre situações vivenciadas pelo profissional e como ele agiria ou reagiria de acordo com as competências buscadas. Por exemplo, para a competência de cooperação e trabalho em equipe, o selecionador poderia utilizar perguntas, como: “Conte-me uma situação em que você teve uma ideia que não foiaceita pelo grupo ou pela equipe de trabalho. O que aconteceu e como você reagiu?”. A condução desse tipo de entrevista trará ao selecionador as informações importantes para identificar as competências individuais e se elas se relacionam às da organização e ao perfil do cargo que está vago. 54 2.2 A avalição de desempenho por competências A partir da opção da empresa em atuar com o modelo de Gestão por Competências, avaliar pessoas com base nele é também uma prática para que as equipes de alta performance estejam sempre em acompanhamento. Avaliar o desempenho por competência significa aplicar procedimentos técnicos quantitativos e qualitativos focados nas competências definidas pela organização e observar se o desempenho do indivíduo está satisfatório em relação ao padrão esperado pela organização. Novamente, neste caso, avaliar permite encontrar os gaps ou as lacunas existentes entre o desempenho esperado e o desempenho entregue e atuar junto ao indivíduo com ações para aprimoramento deste desempenho. Veja este caso: O colaborador tinha uma meta a atingir em um determinado mês. Esta meta tinha os seguintes indicadores quantitativos e qualitativos: • Competência: excelência no atendimento ao cliente. • Indicador 1: prospectar 10 novos clientes (quantitativo). • Indicador 2: atender clientes com excelência sem receber reclamações (qualitativo). Neste caso, ao final do período, a meta é avaliada. Se o profissional atendeu satisfatoriamente ao padrão estabelecido, ele pode receber um feedback positivo para seguir em frente e aprimorar continuamente sua performance. Todavia, se apresentou alguma perda de performance em algum dos indicadores ou nos dois, então este resultado mapeado será a referência para elaborar um plano de ação (geralmente, dentro de um feedback) para que o desempenho seja aprimorado. 55 2.3 A remuneração por competências A estratégia de remunerar pessoas por competências é muito bem-vinda e alinhada ao modelo da Gestão de Competências. Nesta estratégia, a intenção é não só atrelar a estratégia salarial de acordo com as competências exigidas (ainda que em cargos similares, mas com funções diferentes) mas também no pacote de benefícios. Lembrando que remuneração compreende o conjunto de salário + benefícios. Imagine uma determinada posição, por exemplo, um Analista de Gestão de Pessoas, que tenha como função e responsabilidade algumas atividades diferentes de outro profissional no mesmo cargo. Um é responsável pelos programas de treinamento e desenvolvimento, e o outro, pela atração e seleção de pessoas. Provavelmente, algumas competências técnicas e comportamentais (além da própria formação profissional) podem ser diferentes e serem remuneradas de modo diferente também. Neste caso, a ideia não é pensar em “graus de importância” entre uma ou outra função, mas no grau de complexidade de cada uma e alinhar uma remuneração diferente para quem desenvolve pessoas e para quem as contrata. Esta política salarial seria definida pela própria organização, com o consenso da Gestão de Pessoas e, em tempo, pode ser praticada, pois é permitida pela legislação trabalhista vigente no Brasil. 2.4 O desenvolvimento por competências Desenvolver pessoas com foco em competências também é uma estratégia para o modelo de Gestão por Competências e essencial para o trabalho em equipe. 56 Este desenvolvimento pode ser composto por um conjunto de estratégias, as quais compreendem: • Feedback e Feedforward praticados pela liderança direta. • Processos de mentorias (compartilhamento de experiências com profissionais com mais experiências naquela competência que se deseja desenvolver). • Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) e uma programação de estratégias de aprendizagem, como: cursos, certificações, participação em palestras e eventos de aprendizagem (seminários, simpósios, congressos), assim como graduações ou pós- graduações necessárias e até experiências no exterior (em casos de empresas multinacionais). • Job rotation, ou o rodízio de funções, como técnica para aprender e desenvolver novas perspectivas dentro do ambiente de trabalho. • Coaching como ferramenta de alinhamento de potencial e desempenho focado em competências específicas (individuais ou até mesmo coletivas, nos casos de equipes). • Educação corporativa continuada: momentos de aprendizagem que podem ser desenvolvidos pelos próprios colaboradores, como a estratégia de universidade corporativa, em que os conhecimentos e os saberes são compartilhados e ensinados seguindo os preceitos culturais e do propósito da organização. O importante, além de identificar gaps na Gestão por Competência, é saber o que fazer para que eles sejam supridos sempre que necessário. A chave é sempre investir em aprendizagem, de preferência, continuada. 57 3. Tendências da Gestão por Competência Os estudos sobre soft e hard skills são contínuos e estão sempre em revisão quando o assunto é competitividade no mercado e a necessidade de profissionais com alta performance. O cenário mercadológico atual é cada vez mais tecnológico, digital e interconectado, e essas características influenciam as competências profissionais individuais e coletivas nas organizações. É conhecida a perspectiva de que as equipes de trabalho são mais enxutas do que as equipes das últimas décadas. Neste contexto, observamos poucas pessoas que precisam “fazer mais”. De acordo com o Relatório The Future of Jobs 2020, produzido após o Fórum Econômico Mundial, as perspectivas para as hard e soft skills privilegiam as competências digitais e de raciocínio crítico, além das competências para trabalhar em equipe. Um ponto crítico apontado pelo relatório é de que o mercado global tem como tendência a necessidade de habilidades voltadas para o trabalho digital e que a qualificação de profissionais ainda não atende a esta realidade. Outra questão relevante apontada pelo relatório é de que, em um futuro próximo (2025), existirão profissões que ainda não dispõem de profissionais formados para desempenhá-las, e isso deve ser a tendência nos próximos anos. Veja, a seguir, o ranking das 15 principais competências (em ascensão) prospectadas para até 2025 pelo relatório The Future of Jobs 2020 e observe a composição entre hard e soft skills: 1. Pensamento analítico e inovação. 2. Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem. 3. Resolução de problemas complexos. 4. Pensamento crítico e análise. 5. Criatividade, originalidade e iniciativa. 6. Liderança e influência social. 58 7. Uso, monitoramento e controle de tecnologia. 8. Fonte de design e programação de tecnologia. 9. Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade. 10. Raciocínio, resolução de problemas e ideação. 11. Inteligência emocional. 12. Solução de problemas e experiência do usuário. 13. Orientação de serviço. 14. Análise e avaliação de sistemas. 15. Persuasão e negociação. É possível observar neste ranking um balanço entre hard e soft skills, competências técnicas e comportamentais, que já é e será imprescindível para os profissionais – principalmente, de alta performance. É uma capacidade de gerenciar a si, se relacionar com os outros e lidar com as situações, o que, desde 2016, as discussões do mesmo fórum já chamavam a atenção: a necessidade de se desenvolver competências socioemocionais. Para as organizações que necessitam operacionalizar suas atividades e negócios em alto desempenho e, para isso, requisitam a atuação de equipes de alto desempenho, adotar o modelo de Gestão por Competências, com o foco estratégico de competitividade no mercado, é uma recomendação considerável. Referências BANOV, M. R. Recrutamento, seleção e competências. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. BRANDÃO, H. P. Mapeamento de competências: ferramentas, exercícios e aplicações em gestão de pessoas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. WORLD ECONOMIC FORUM. The Future of Jobs Report 2020. WEFORUM, 2020. Disponível em: https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2020.Acesso em: 30 jul. 2021. https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2020 https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2020 59 BONS ESTUDOS! Sumário O ambiente organizacional de alta performance Objetivos 1. O ambiente organizacional de alta performance Referências Equipes de alta performance Objetivos 1. Os grupos: da formação ao comportamento coletivo Referências Liderança de equipes de alta performance Objetivos 1. Liderança de equipes de alta performance Referências Gestão por Competências Objetivos 1. O modelo da Gestão por Competências 2. Estratégias da Gestão de Competências das equipes 3. Tendências da Gestão por Competência Referências