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EXMO(A). SR(A). DR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXXXXX – XX ALEGAÇÕES FINAIS PROCESSO Nº [...] TICIO, amplamente já qualificado nos autos do processo em epigrafe, por meio do seu advogado constituído a quem está subscreve, vem respeitosamente a presença de V. Exa., dentro do prazo legal, apresentar as alegações finais com base no artigo 403, parágrafo terceiro do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: I – DOS FATOS Ticio, saindo do seu trabalho, ofereceu carona a Maria, que por sua vez estava gravida, porém no caminho de volta, Ticio perdeu o controle do carro e infelizmente capotou ao entrar numa curva, tendo os bombeiros socorrido Maria a um hospital mais próximo, tendo sido constatado que a mesma não sofreu nenhuma lesão grave, porém teve sua gestação interrompida pelo trauma causado no acidente. Diante disso, o ministério público denunciou o mesmo imputando ao mesmo o crime de aborto provocado por terceiro, baseado no art. 125 CP. Em síntese esses são os fatos. II – DO DIREITO Conforme já relatado nos autos do presente processo, a denúncia inicial não merece prosperar, conforme já demonstrado em defesa e na própria audiência não há fatos que comprovem efetivamente que o crime aconteceu, pelos motivos abaixo descritos. A) DA INEXISTENCIA DO CRIME NA FORMA CULPOSA – ART.18, CÓDIGO PENAL. Conforme relatado anteriormente, o Ministério Público denunciou o autor com base no Art. 125, CP, o que não tem base para tal, já que conforme entendimentos e a própria lei, este crime não é admitido na forma culposa como quis fazer crer o MP. Acontece Exa., que o Autor em nenhum momento desejou o resultado do acidente, nem muito menos quis que a sua querida amiga e colega de trabalho tivesse sua gestação interrompida, essa fatalidade certamente o deixará com marcas dificilmente difíceis de serem superadas. Conforme demonstrado no Art. 18, II, PU, CP, trata da forma culposa do crime, que acontece por imperícia, negligencia ou imprudência, porém eu seu parágrafo único, ele retrata que existem crimes que só podem ser imputados da forma dolosa, como é o caso do crime de aborto: Art. 18 - Diz-se o crime: (...) Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. B) DO FATO ATIPICO – NÃO ENQUADRAMENTO NO CRIME Conforme já comprovado anteriormente, a atipicidade consiste, como o próprio termo sugere, na ausência de tipicidade. Não havendo tipicidade, inexiste fato típico e, consequentemente, não há crime, devendo o réu ser absolvido (art. 386, III, do Código de Processo Penal). O que está sendo trazido a questão é que o autor cometeu um crime culposo, que nem mesmo admita a forma culpa, inexistindo o fato típico que configuraria crime de aborto provocado por terceiro. C) DA ABSOLVIÇÃO DO RÉU – ART.415 CPP Diante dos fatos e do direito ora apresentado, faz-se entender que a absolvição do réu cumpre os requisitos expostos no art. 415 do código de processo penal, mais precisamente em seu inciso III: Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: (...) III – o fato não constituir infração penal; Conforme exaustivamente trazido ao caso, reitera-se que o crime de aborto provocado por terceiro, não admita forma culposa, não podendo este ser considerado uma infração penal, sendo necessário a absolvição sumária do réu. III – DOS PEDIDOS ANTES EXPOSTO requer a vossa excelência: A- Absolvição do acusado conforme o artigo 386 inciso III do CPP em virtude da ausência de tipicidade da conduta com base no artigo 20 do CP; SUBSIDIARIMENTE caso a vossa excelência não entenda pela absolvição; B- A impronuncia do réu baseado no Art. 414 do CPP, pois não existem indícios ou fatos que sejam suficientes para que o juiz de convença do crime; Nesse termos, Pede e espera deferimento, xxxxxxx - xx 14 de fevereiro de 2020 Advogado OAB XX.XXX Darly Bezerra Braga 201803232561
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