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INTRODUÇÃO →Brasil está entre os 5 maiores produtores de leite do mundo (produção alta, mas a produtividade não é boa, sendo o principal problema a qualidade) →MG é o maior produtor, não só de leite, como também de queijos →Para que o produtor produza com qualidade precisa de incentivos, sendo que os que obedecem a legislação ganham bonificação, assim como os que obedecem a uma legislação menos rigorosa, que ganham bonificação proporcional →O Brasil é responsável por cerca de 7% da produção mundial de leite, União Europeia 30,47%, EUA 19,6%, Índia 12,8%, China 7,21% e Rússia 6,5 →Em 2002 houve implantação da IN 52, que foi a 1ª normativa que falava de padrões de qualidade →A região Sul é a maior produtora (34,2% da produção nacional, assim como a Sudeste, seguidas de Centro-oeste, Norte e Nordeste →MG produz o dobro das outras regiões (26,4%), quando comparado a RS e PR →O leite de vaca é o mais produzido no mundo quando comparado as outras espécies →Existem 10bi de litros de leite sem fiscalização (a produção de leite aumentou, mas o leite inspecionado diminuiu, ocorrendo maiores quantidades de leite clandestino) →A maior parte do leite hoje em dia vai para a produção de queijo, leite em pó e leite UHT (a venda de leite pasteurizado vem diminuindo e a de leite UHT vem aumentando) →Quase tudo é mais importado que exportado, sendo que apenas leite em pó semidesnatado leite evaporado, leite condensado, leite UHT e creme de leite →Apesar de ser haver grandes produções de queijos o soro também é produzido, mas da mesma forma que o leite não tem qualidade, o soro também não tem e muitas vezes as empresas optam por importar leite em pó do que investir em uma empresa no país →Não é permitida a venda deleite cru →O leite é considerado um alimento saudável, comprovado através de estudos →Devemos conhecer os componentes do leite, pois é necessário saber qual o destino desse leite (conhecer matéria prima, dominar processamento e atender especificações e aprimorar qualidade do derivado obtido) O QUE É LEITE? →Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas (definição da legislação) →Leite é um fluido secretado pela fêmea de todos os mamíferos, dos quais existem cerca de 4.500 espécies, para a nutrição de deus neonatos (definição da biologia) →Não existe leite de amêndoas, arroz, soja etc. COMPOSIÇÃO MÉDIA DO LEITE (não é exigência da legislação) →Água: 85,5-88,7% →Extrato seco desengordurado: 7,9-10% →Gordura: 2,4-5,5% →Lactose: 3,8-5,3% →Proteínas: 2,3-4,4% →Substancias minerais: 0,53-0,8% SÍNTESE →As células secretoras retiram do sangue grande parte dos nutrientes ou seus precursores necessários para a formação do leite, por meio da permeabilidade seletiva (“monta” os próprios nutrientes dentro da glândula mamária, libera o leite que fica armazenado nos alvéolos e este desce para os ductos na cisterna do úbere) →Sais minerais e vitaminas: captados do sangue e praticamente não sofrem ação das células secretoras (passam direto para o sangue e do sangue para o leite) →Lactose: produzida nas células secretoras a partir da glicose do sangue (é especifico do leite, mas é “montado” na glândula mamaria) →Caseína: produzida a partir de aminoácidos retirados do sangue (é especifica do leite, mas é “montada” na glândula mamaria) →Albuminas e imunoglobulinas: entram nas células secretoras dos alvéolos como proteínas pré-formadas do sangue e parte delas sofrem modificações nas células secretoras resultando em beta-lactoglobulinas e alfa-lactoglobulinas (também são específicas do leite) →Gordura: formada por AG obtidos do sangue ou montados na célula secretora COMPONENTES DO LEITE ÁGUA →Quantitativamente mais importante, pois dissolve, dispersa e emulsiona os demais componentes →As propriedades físico-químicas do leite são similares →A maior parte encontra-se como água livre, embora haja água ligada a outros componentes, como proteínas, lactose e substancias minerais Água ligada = não participa de reações Água livre = disponível para reações químicas, físicas e biológicas →AW = atividade de água livre para todas as reações químicas acontecerem ali e, em geral, quando se trata de contaminação microbiana, quanto maior a atividade de água, melhor →Principais aspectos da água no leite e em seus derivados: Estabilidade química: reações influenciadas pela AW (Maillard, oxidação de lipídeos, perda de vitaminas, estabilidade de pigmentos, desnaturação de proteínas) Estabilidade física: cristalização da lactose (ex: quando vai fazer doce de leite, pode haver formação de cristais, o que caracteriza defeito – ocorre quando reduz a AW e acrescenta açúcar) Estabilidade microbiológica: AW interfere na multiplicação microbiana PROTEÍNAS →A função natural é suprir o neonato de aminoácidos essenciais e proteínas biologicamente ativas →Formada por um grupamento amino que tem característica básica e por um grupamento carboxílico que tem característica ácida O grupamento amino de uma proteína se liga ao grupamento carboxílico de outra e vai formando a cadeia de proteínas →Dessa forma é formada por diversos aminoácidos de estrutura quaternária definida geneticamente e quando a proteína é quebrada em diversos pedaços ocorre a proteólise Pode haver proteólise a ponto de quebrar toda a proteína e só sobrar aminoácido e pode haver proteólise que terá aminoácidos e peptídeos, que são pequenos pedaços de proteína →Importância da proteólise Proteólise boa: quando pensamos em, por exemplo, produção de queijo, na qual se deseja maturá-lo, o tempo de maturação serve exatamente para remover essa proteólise (quando o produto está na câmara de maturação há substâncias que causam a quebra de proteínas gerando sabor e aroma característicos do queijo) Proteólise ruim: quando ocorre de forma descontrolada, podendo ocorrer na própria maturação pela falta de controle nesse processo, mas também quando há contaminação microbiológica (se houver altas contagens de células somática e altas contagens de psicotróficos) o Mesófilos = crescem em Tº ambiente o Psicotróficos = são mesofilos, mas também tem capacidade de crescerem em Tº de refrigeração, como a do leite, por exemplo (produzem enzimas lipolíticas e proteolíticas que resistem a pasteurização) →De 100% de compostos nitrogenados, 95% são proteínas e 5% é o nitrogênio não proteico (presente na ureia, ácido úrico, creatinina e aminoácidos livres) →Caseína = 80% (o rendimento da fábrica está em função do teor de caseína) Dentro de cada tipo de caseína há variações genéticas, sendo as de maior teor de caseína a αS1-caseína e β- caseína →Soroproteína = 20% As especificas do leite são α- lactoalbumina e β-lactoglobulina e as demais soroproteínas são albumina e imunoglobulina As β-lactoglobulina estão presentes em maiores quantidades e são relacionadas com alergias ao leite, pois não está presente no leite humano →Proteínas de membrana do glóbulo de gordura OBS: em função dessa variabilidade genética, o que está em alta atualmente são os lites A2A2 em função da variabilidade genética da β- caseína. Nesse caso há genótipos de vacas que são A1A1, A1A2 e A2A2 e a diferença desse leite para o comum é que a molécula de β-caseína possui 209 aminoácidos e a única diferença da β- caseína A1 para a β-caseína A2 é o aminoácido de nº 67, que é a Prolina na 2ª e Histidina na 1ª. Quando esse leite é consumido a β-caseína A2 formará a β-caseomorfina 9 e a β-caseína A1 formará a β-caseomorfina 7. Acredita-se que essa β-caseomorfina, quandochega no intestino tem função de opioide diminuindo o trânsito intestinal, fazendo com que a lactose fique mais tempo no intestino (para indivíduos mais sensíveis, essa lactose gera sinal de intolerância, mas na realidade podem não ser, apenas estarem produzindo a lactase normalmente, mas por ficar mais tempo retida no intestino causa esse sinal) o A1 produz efeito colateral (ruim) A2 não produz efeito colateral (bom) o Isso ocorre devido ao maior tempo de fermentação da lactose, com maiores produções de gases e pressão osmótica, gerando sinal de diarreia e gases intestinais o O gado europeu é o principal produtor de leite A1 e o zebuíno é o produtor de leite A2 →Síntese de proteínas A maioria delas é sintetizada por células epiteliais da glândula mamaria a partir de aminoácidos do sangue Soroalbuminas: proveniente do soro sanguíneo Imunoglobulinas: proveniente do sangue →Utilização de aminoácidos pelas células da glândula mamaria Captação celular de aminoácidos do sangue para a glândula mamária, podendo passar inalterados do leite ou incorporados ao metabolismo celular para a formação de proteínas do leite, proteínas celulares (estrutural e enzimas) e reações metabólicas Células epiteliais da glândula mamaria são controladas geneticamente (os aminoácidos entram dentro das células e os ribossomos há montagem da proteína e no complexo de Golgi a caseína é montada em estrutura quaternária e é liberada para o leite) Proteínas do leite são compostas por 19 diferentes aminoácidos Representam, em média, 3,5% dos sólidos totais do leite e apresentam alto valor nutricional (a legislação exige, no mínimo, 2,9% de proteínas totais, ou seja, caseína + soroprotepína) Soroproteínas são hidrossolúveis, permanecendo no soro na fabricação do queijo A caseína compõe a fase coloidal, permanecendo na massa coagulada (quanto mais caseína, melhor o rendimento e mais queijo será produzido) No soro do leite sai principalmente a lactose que é solúvel e soroproteína →Importância econômica, tecnológica, funcional, sensorial e nutricional →Vários estudos comprovam a atividade dessas proteínas como sendo antimicrobiana, anticarcinogênica, diminuição do colesterol, carreadores de minerais, imunomoduladora, hipotensiva, antibacteriana e antiviral (alto valor biológico para humanos) →Pessoas com sensibilidade à proteína do leite (cerca de 1-3% da população) não podem consumi-lo (a alergia é sempre à proteína e a intolerância é sempre à lactose Mais de 170 alimentos são descritos como alergênicos e, por isso, há uma legislação especifica que obriga a declaração de todos os ingredientes no rotulo →Principais diferenças da caseína e soroproteínas: CASEÍNAS SOROPROTEÍNAS Coagulam em pH 4,6 (ponto isoelétrico da caseína) Não coagulam em pH4,6 Sofrem proteólise específica por quimosina e coagulam em seguida na presença de cálcio Não sofrem alteração pela quimosina Muito estáveis, mesmo em altas Tº São termolábeis (desnaturam por tratamento térmico) São fosfoproteínas, contendo, em média, 0,85% de fósforo Não contem fosforo Contém pouco enxofre (0,8%) São ricas em enxofre (1,7%) São sintetizadas pela glândula mamaria e não são encontradas em nenhum outro lugar da natureza Algumas soroproteinas são oriundas do sangue Encontram-se no leite como agregados coloidais, ou seja, ficam dispersas no leite, sendo chamadas de micelas Encontram-se dispersas no soro lácteo A quimosina é o principal componente de origem animal e é importante na fabricação do queijo, por exemplo, pois age quebrando a caseína, mas não consegue quebrar a soroproteina Os coagulantes são feitos a partir de microorganismos que foram geneticamente modificados para produzirem enzimas que têm o mesmo papel da quimosina A molécula de caseína, chamada de micela (nanocluster de fosfato, cálcio e magnésio, que fazem a ligação das moléculas de caseína) o Em azul, vermelho e nas bolinhas cinza, são respectivamente as caseínas aS1, aS2 e β-caseína, que são hidrofóbicas e ficam no meio da molécula e em volta delas há a κ-caseína em preto e verde e tem uma porção hidrofóbica que vai se ligar às proteínas do meio e uma porção hidrofílica que interage com a água que está em volta o Dessa forma a molécula de caseína está estável, mas a partir do momento em que há o leite que sofre uma variabilidade interferindo nessa organização, há rompimento da instabilidade, podendo haver hidrolise da caseína o O que pode estar interferindo na estabilidade da caseína é a presença de enzimas, Tº, pH e álcool →Fatores que interferem na estabilidade da caseína Hidrolise enzimática: hidrolise da ligação peptídica entre fenilalanina (105) e metionina (106) da κ-caseína (a molécula de κ-caseína possui 169 aminoácidos e a quebra dela ocorre entre os aminoácidos 105 e 106, que é uma quebra muito especifica da quimosina) o Os produtos dessa hidrolise são uma porção hidrofóbica (para-κ-caseína) e uma hidrofílica (glicomacropeptídeo ou caseínomacropeptídeo) – a enzima quebra e a parte hidrofóbica é exposta e se une para fugir da água, fazendo coagulação/talha e a parte hidrofílica é o que fica no queijo (para-κ-caseína) e a parte hidrofílica sai no soro (CMP) o A quimosina é o principal componente do coalho o Leite com alta contagem de células somáticas (CCS) há atividade enzimática elevada, desde o úbere até o produto final (proteólise e lipólise) pode haver produção de para-κ-caseína e CMP a partir da κ- caseína o Bactérias psicrotróficas também produzem enzimas termoestáveis que podem atuar sobre a κ-caseína, resultando na desestabilização do leite o Nesses 2 casos, se o CMP for encontrado no soro e bactérias psicrotróficas no leite ou alta CCS, pode ser um indicativo de fraude por adição de soro, mas se houver leite de qualidade ruim com alta CCS ou bactérias psicotroficas, pode haver CMP no soro, sem ser fraude, mas isso deve ser provado o Qualidade do coagulante e qualidade do coalho: a quimosina é a principal enzima do coalho, mas se ele for de qualidade ruim haverá pepsina que causará um gosto amargo (isso ocorre pois quebra na 105 e 106 e o que for quimosina quebra de forma desordenada e ocorrem frações de proteína com esse sabor) – quando a proteína esta sendo quebrada alguns peptídeos que estão sendo formados possuem sabor amargo e à medida que a maturação vai ocorrendo o sabor amargo vai sendo perdido(se for por falta de qualidade ainda haverá sabor amargo) Temperatura: as soroproteinas são termolábeis e desnaturam com essa mudança de Tº e quando isso ocorre há perda de conformação, abre e se deposita em cima da caseína (por isso muitas pessoas preferem fazer queijo com leite cru, pois a coagulação será muito mais rápida, pois não haverá a β- lactoglobulina em cima atrapalhando o Vantagens: a soroproteína β- lactoglobulina é higroscópica e quando é depositada em cima da caseína o queijo fica mais úmido e o laticínio ganha rendimento pH: é um fator importante para se determinar a estabilidade do leite sendo que quando abaixo de 6,2 a estabilidade térmica do leite é mínima o coagulação ácida o outra forma de fazer com que a caseína coagule, podendo ser usado na produção de queijo e leite fermentado (neste não vai coalho, mas sim bactérias láticas que estão crescendo e transformando a lactose em ácido lático, diminuindo o pH e quando atinge o ponto isoelétrico da caseína de 4,6 ela coagula) o a caseína, em pH normal do leite, possui carga negativa o que gera repulsão entre elas e se o pH é diminuído para aumentar a acidez haverá inúmeros H+ queneutralizam essa carga negativa da caseína, que perde a repulsão e faz com que as moléculas se juntem (ocorre quando atinge o ponto isoelétrico da caseína) o O aumento do pH do leite pode ocorrer por conta da mastite, que altera a permeabilidade vascular das células secretoras de leite, afetando o equilíbrio salino do leite (aumenta a passagem de Na, Cl e reduz Ca, P e K) – quando esse pH aumenta, não necessariamente a caseína está instável, podendo permanecer estável, mas acaba afetando o equilíbrio salino do leite Etanol: induz a várias alterações na micela de caseína, como o colapso da camada de κ-caseína, redução na carga micelar e precipitação do fosfato de cálcio, que colaboram para a redução da estabilidade micelas dessa molécula o Para isso é feita a prova do álcool ou do alizarol, sendo que a diferença entre elas é a presença da alizarina (indicador de pH) e é possível saber se o pH tende ao alcalino, ácido ou neutro, sendo este um teste de qualidade, com objetivo de avaliar a estabilidade da caseína ao álcool e se coagular, o leite pode não ser de qualidade o O álcool tem função parecida coma do pH, que é de neutralizar a caseína e ela acaba se juntando – quando o leite é de qualidade ela não coagula e quando não é de qualidade ela coagula o Esse teste é importante para a indústria pois é como se ele mimetizasse o tratamento térmico e, se o leite coagular nesse teste, ele provavelmente não aguentará o tratamento térmico (irá coagular dentro do pasteurizador) o A função do álcool é verificar se o leite é de qualidade a ponto de a caseína aumentar o contato com o álcool sem precipitar o A legislação exige que o teor alcoólico seja de no mínimo 72%, mas os laticínios podem usar um teor maior, pois se aumentarem o teor alcoólico o leite será melhor selecionado e aguentará melhor o UHT que é um tratamento mais severo GORDURA →O teor varia mais que o dos outros componentes →É formada, predominantemente por triacilgliceróis (98%), além de diacilgliceróis (0,25- 0,48%), monoacilgliceróis (0,02-0,4%), glicolipídeos (0,006%) e AG livres (0,1-0,4%) que são captados pelas células da glândula mamaria e utilizados na produção dos triglicerídeos →É uma importante fonte de AG essenciais (ômegas 3 e 6), sendo uma gordura considerada saudável e a maioria é de AG saturado que se apresentam sólidos em Tº ambiente e muitas vezes também sólidos em Tº corporal →É um componente de alto valor, por isso, muitas vezes as industrias a trocam por gordura vegetal (isso altera características sensoriais) – é o único componente que é possível ser fraudado a partir de sua remoção →Por conta da forma como a gordura é produzida, existem vários compostos produzindo proteínas e vitaminas e tipos diferentes de gordura nessa membrana → Mais de 80% dessa gordura vem do acetato e do β-hidroxi-butirato (há diferentes tipos de AG, de cadeias curtas, intermediárias e longas) →Formação das gotículas de gordura: produzida no REL, no citoplasma as moléculas se juntam formando microgoticulas que podem permanecer como pequenas, mas podem se fundir em gotículas maiores e estas a célula tem dificuldade de liberar Quando as gotículas são liberadas, os demais nutrientes são liberados mais facilmente (ou a célula se destaca por inteiro, ou a gotícula leva parte da membrana celular e quando essa 2ª coisa ocorre a membrana passa a fazer parte da composição da gordura, por isso ela é tão rica) Por conta dessa dificuldade de liberação da gordura há uma variação tão grande do teor no leite do inicio e final da ordenha (quando o úbere está cheio acaba pressionando a célula secretora e os demais nutrientes conseguem sair, mas a gordura só começa a ser liberada quando a pressão é liberada - no início 1% e no final até 11%, sendo que para obter a [ ] media de gordura de 3-5% deve-se esgotar o úbere) →Importância econômica, sensorial e tecnológica Aumenta a imunidade, é anticarcinogênica, diminui a incidência de câncer de cólon, controla lipídeos sanguíneos, modula a resposta inflamatória, diminui o risco de câncer de mama, mas ainda há necessidade de aprofundar estudos sobre seus malefícios Seu teor varia mais que o dos outros componentes, afeta viscosidade, tem baixa densidade, pode ser alterada pelo ranço, pode ser usada na produção de derivados →Efeitos do processamento: a etapa de homogeneização faz com que a gordura passe por um pistão e há uma pressão que força o leite por esse equipamento para quebrar glóbulos de gordura e quando isso ocorre há formação de glóbulos pequenos, tendo como objetivo de diminuir a possibilidade de separação da gordura LACTOSE →É o glúcide característico →É o solido mais predominante do leite e menos variável, pois é o primeiro componente produzido e tem ação osmótica e vai regular o volume de leite produzido →Síntese da lactose: o precursor é a glicose sanguínea da digestão da celulose e no citoplasma da célula ela sofre epimerização (troca a hidroxila de lado, de glicose para galactose que são juntadas entre o complexo de Golgi para formar a lactose) e a lactose liberada para os alvéolos e vai ajudar na a incorporação osmótica da água e dos minerais para o interior da vesícula →Importância nutricional, sensorial e tecnológica: Por diminuir o pH, tem estudos que indicam que ela inibe patógenos, estimula resposta imune, favorece microorganismos benéficos, aumenta a absorção do cálcio e auxilia na digestão e absorção de nutrientes Tem sabor adocicado, aspectos tecnológicos e nutricionais →Intolerância à lactose Ocorre pela deficiência ou ausência da enzima lactase (β-galactosidase) Se não há lactase a lactose fica no intestino e os microorganismos vão fermentá-la, há produção de gás, pressão osmótica do intestino e acaba geando diarreia e flatulências, além de dor abdominal Primária: o indivíduo, ao longo de sua vida, vai perdendo a capacidade de produzir lactase e em algum momento se torna intolerante Secundária: secundaria a alguma doença, sendo muito comum em crianças que passam por algum problema relacionado com diarreia, principalmente e tomam ATB, o que acaba interferindo no sistema GI que pode parar de produzir lactase e se torna intolerante por um tempo e depois o organismo pode se reestabelecer Congênita: forma rara, na qual o bebê já nasce intolerante →Alterações com o aquecimento O leite deve ser aquecido por um longo período à Tº superiores a 100ºC para haver decomposição da lactose (quando é aquecida a essas Tº pode passar por um processo de caramelização e escurecer) Reação de maillard: reação do grupo amino das proteínas com a lactose formando compostos escuros (melanoidinas) e alterando o valor nutricional do leite – no doce de leite isso é desejável, podendo ser inclusive estimulada, mas no leite condensado é um defeito Quanto mais alcalino o ambiente, mais escuro ele fica Forma a Lactulose, eficaz no tratamento de constipação e Salmonelose (probiótico - favorece o crescimento do Bifidobacterium bifidum no trato intestinal), além de ter indícios de atuação terapêutica e profilática da diabetes, insuficiência renal e candidíase SECREÇÃO MINERAL →São obtidos do sangue e é montado dentro da glândula mamaria →A maioria dos microminerais estão em complexos orgânicos Ca e Mg estão ligados à caseína, citrato ou fosfato Zn, Mg, Cu, Mn e Mb são cofatores enzimáticos →Podem seguir como indicadores do leite em relação a sanidade do animal Em leite normal há mais potássio que sódio, mas quando há uma inversão dessa relação, considera-se que houve extravasamento de fluido extracelular e aumentou a passagem intracelular,o que indica a presença de mastite →Importância nutricional, sensorial e tecnológica, pois estão relacionados a estabilidade da micela de caseína e se houver alteração pode ocorrer desequilíbrio salino e o leite coagular Considera-se que o leite é rico em Ca (principal), Cl, P, K, Na, S e Mg e pobre em Al, Br, Zn, Mn, Cu, F, Fe e Mb O Ca do leite é biodisponivel, sendo ele todo utilizado, por isso a ingestão do leite é muito importante para a reposição desse mineral A ingestão diária de Ca para um adulto saudável é de 1000mg/dia, ou seja, 3 copos de leite, 2 fatias de queijo →Estabilidade térmica do leite A ETL (Estabilidade Térmica do Leite) pode diminuir devido à alta atividade do Ca, baixa atividade de fosfatos e citratos e sucessivos tratamentos térmicos (por conta disso o leite não pode ser repasteurizado para o mesmo objetivo) Pode ocorrer positividade no teste do álcool ou alizarol (leite coagula), sem o leite ser ácido, como resultado de desequilíbrio salino (SILA/LINA) →Leite SILA e leite LINA Vários fatores podem causar alterações nas provas do álcool e do alizarol, sem alterar a acidez SILA= síndrome do leite anormal LINA= leite instável não acido Ocorrem em animais de um mesmo rebanho, mas não em todos e podem desaparecer em 15-20 dias, porém ainda não se sabe ao certo sua causa, podendo estar associado ao estresse Provavelmente se tratam do mesmo fenômeno descritos com diferentes intervalos de tolerância para a alcalinidade No SILA o leite pode ser levemente alcalino, chegando a 13ºD, enquanto no LINA ficam nos limites da normalidade, que é 14ºD A legislação diz que o leite deve estar entre 14-18ºD, ou seja, quanto maior essa medida, mais ácido o leite e nessas duas o leite não está apto para consumo Quando é feito o teste de alizarol, este pode dar coloração roxa= alcalino, rosa= normal e amarelo= ácido + coagulação nesse caso ele dará rosa e irá coagular, o que significa que é um leite instável ao álcool, mas não está ácido e o que pode ser feito é o teste de fervura/prova de cocção (pega 5ml do leite e coloca em uma lamparina e se coagular está instável, mas se não, pode ser pasteurizado – tem um resultado muito mais fidedigno, pois o submete à Tº, mas ainda não consegue garantir que aguentará UHT, pois este tem Tº ainda mais altas) pode também ser feita a acidez titulada, que vai quantificar os compostos ácidos presentes →A presença de CO2 é a 2ª causa de instabilidade mais frequente, sendo ela fácil de determinar e solucionar quando detectada a incoerência entre Dornic e alizarol, deve-se agitar a amostra e deixar o frasco aberto por uns minutos e, se o resultado do alizarol nesse 2º teste for normal a causa da acidez era a incorporação de CO2 que foi liberado com a agitação se as amostras ainda apresentarem grumos ao teste de alizarol deve-se buscar outras causas SECREÇÃO DE VITAMINAS →O leite possui praticamente todas as vitaminas ou seus precursores, mas muitas vezes em quantidades muito baixas →Vit. A: transformada no intestino (precursores carotenoides de vegetais, que dão coloração um pouco amarelada no leite de vaca) →Vit. D: ergocaciferol da dieta, exposição aos raios solares →Vit. E: a-tocoferol da dieta →Vit. B: sintetizadas pela microbiota do rúmen (dieta) – o leite é então, uma importante fonte dessa vitamina →Vit. C: sintetizadas pelos ruminantes, sendo sua [ ] pouco afetada pela dieta (pobre nessa vitamina) →Vit. K: somente traços dela →Existem vitaminas lipossolúveis e quando a gordura é removida essas vitaminas vão junto (leite desnatado x leite integral – além da questão do teor de gordura, se não houver reposição de vitaminas, haverá diferenças) →Alterações com o processamento Aquecimento e desnate modificam o teor de vitaminas Tiamina (B1), riboflavina (B2), ácido nicotínico (B3), ácido pantotênico (B5), biotina (B2 ou H), piridoxina (B6) e cobalamina (B12) não sofrem perdas significativas, diferente da vitamina C e do ácido fólico (B9) que sofrem O leite UHT é equivalente ao leite pasteurizado com relação às perdas verificadas no conteúdo natural de vitaminas (considera-se que as perdas não são significativas) VARIABILIDADE NA COMPOSIÇÃO DO LEITE →Podem fazer com que o leite não atenda ao que está prescrito na legislação, mas nenhum laticínio deixará de receber o leite por seus teores estarem baixos, mas deve-se investigar o motivo Teor de gordura baixo, por exemplo, pode indicar o desnate ou aguagem →Podem ser desde qualitativas como quantitativas ESPÉCIE ANIMAL GENÉTICA →Fator que mais determina a quantidade e a composição do leite Determina a produção máxima do animal Pode-se dirigir a genética para aumentar a produção de determinado nutriente, como gordura ou proteína Características físicas também podem ser melhoradas, como ligamentos fortes, conformação de anca, tetos e esfíncteres RAÇA →Constituinte mais variável é a gordura e o menos variável é a lactose e os minerais →De maneira geral, raças com alta produção de leite possuem menor quantidade de gordura e frequentemente de proteína quando comparado ao leite de vacas de menor produção PORÇÃO DA ORDENHA →Determina o teor de gordura, sendo que varia se for coletado no início, meio ou final MANEJO →Práticas de ordenha: incluem o manejo de boas práticas, detecção de mastite, praticas do ordenhador, ambiente, etc. →Nº de ordenhas: quanto mais ordenhas, maior a produção e o conteúdo de gordura é mais elevado INDIVIDUALIDADE →Fase de lactação →Idade da vaca e nº de partos →Cio →Gestação →Colostro: sua composição inicial tende à isotina com o sangue, é amarelado e viscoso, de sabor salgado e amargo, pH de 6,3, possui lisozimas (quebram paredes bacterianas), lactoferrinas (retiram o ferro essencial ao desenvolvimento bacteriano), lactoperoxidases (sistema antibacteriano que chega intacto ao intestino) e leucócitos (aumentam em até 4x as CCS), altor teor de sólidos totais, mais sais, gorduras, proteínas (sobretudo soroproteinas, principalmente as imunoglobulinas), menos açúcares e menor percentual relativo de caseínas, as imunoglobulinas podem ter quantidades de 5-7x maiores que no sangue e outras soroproteinas como a β-lactoglobulinas e a-lactoalbuminas também estão em maiores quantidades A transição do colostro para o leite dura em media 7 dias →Leite de retenção: pequena quantidade de leite produzida antes do parto com aparência de leite diluído (é como se a glândula se preparasse para a produção de leite e ocorre desde a 1ª lactação e sua produção é tida como um indicativo de normalidade da glândula e da lactação) PERÍODO DE LACTAÇÃO ALIMENTAÇÃO →A alimentação adequada permite que a capacidade genética seja alcançada →Alimentação adequada no período seco é importante para a próxima lactação e para o teor de gordura →Alimentação mineral interfere na estabilidade do leite, que é fundamental ao equilíbrio micelar da caseína do leite →Gordura e proteína FATORES AMBIENTAIS E BEM ESTAR ANIMAL →Ambiente arejado, ventilado, sem lama, com Tº amenas →Variação de Tº, como o calor, faz com que o apetite seja reduzido, assim como a gordura, a proteína e a produção de leite →Outros fatores de estresse também interferem, como raios, trovoes, tratamento do ordenhador com o animal →É importante regular os equipamentos PATOLOGIAS →Quaisquer enfermidades que cause febre ou debilite o animal, levará à redução da produção →Perdas de fluidos e eletrólitos como diarreias, nefrites, hepatites que podem alterar a coloração do leite e outros aspectos →Mastite Maior teor: soroproteinas,pH, proteínas totais*, gorduras, zinco, ferro, magnésio, cobre, cloretos e sódio, CBT e CCS Menor teor: volume de leite, porcentagem de gordura* (estará aumentada quando tiver diminuição drástica no volume de leite produzido) e ESD, proteínas totais*, caseína, potássio, fosforo inorgânico e cálcio Aumento da CBT afeta a qualidade microbiológica, leva prejuízos à saúde publica e disseminação no rebanho Aumento da CCS verifica-se perda da qualidade do leite quando a CCS total do rebanho é 400.000/ml CPP= 300.000 UFC/ml para leite refrigerado e 10.000 UFC/ml para leite cru tipo A CCS= 500.000 CS/ml para leite refrigerado e 400.000 UFC/ml para o leite cru tipo A Consequências da alta CCS no leite: menor rendimento industrial, redução da shelf-life, diminuição do valor nutritivo, inibição das culturas starters, redução da estabilidade térmica do leite, retardo do tempo de coagulação, aumento de proteases termoestáveis e lipases, alterações sensoriais e gelatinização e sedimentação do leite UHT OBS 1: Nesse caso as proteínas totais podem estar normais, aumentadas ou diminuídas OBS 2: Se possui mais soroproteinas que caseína é mastite, pois tudo o que depende da glândula mamaria para ser produzido estará diminuído
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