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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – CAMPUS BAMBUÍ ENGENHARIA DE ALIMENTOS - 2022 Tecnologia de Leites e Derivados II Produção Queijo Prato AMANDA IAMAGUCHI FANTINI RIBEIRO Professora responsável: Sônia de Oliveira Duque Paciulli BAMBUÍ, Novembro de 2022 1. INTRODUÇÃO O queijo Prato é um típico queijo brasileiro que começou a ser fabricado na década de 20 inspirado no queijo Danbo, produzido na Dinamarca e que passou por inúmeras modificações de tecnologia, fabricação e forma de consumo desde então, conferindo ao queijo Prato características de textura e sabor típico, distantes das características do queijo dinamarquês (LANDIN et al., 2021). Entre os queijos mais consumidos no Brasil estão, respectivamente, a Muçarela, o queijo Prato e o Requeijão culinário, que representam quase 70% de todo consumo nacional de queijos (ABIQ, 2019). Tal porcentagem se deve principalmente ao uso desses queijos em lanches rápidos e como ingredientes para sanduíches e outras preparações culinárias, além de serem de fácil encontro aos consumidores (BASTOS et al., 2013). A produção de queijo é uma das que mais se destaca entre os produtos derivados do leite. Nesse processo, ocorre a coagulação do leite, na qual a caseína, proteína que se encontra dissolvida no líquido lácteo, é separada do resto dos componentes e forma uma massa à parte que, após secagem e amadurecimento, transforma-se em queijo. Entende-se por queijo o produto fresco ou maturado que se obtém por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente desnatado), ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do coalho, de enzimas específicas, de bactéria específica, de ácido orgânicos, isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias aromatizantes e matérias corantes. (MAPA,1996). Visto que o queijo prato caracteriza-se por ser um dos tipos mais consumidos no Brasil, tem que ele é um queijo gordo, feito exclusivamente de leite de vaca, de massa macia, cor amarelo clara, sabor suave e geralmente é comercializado em fatias (ABIQ, 2011). Pode ter formato cilíndrico, retangular ou esférico; antes de ser consumido deve maturar por um período de 45 a 60 dias (PERRY, 2004). Com base no que foi descrito, este trabalho tem o objetivo de apresentar a produção do Queijo Prato, descrevendo as etapas de processo e avaliação do produto final. 1.1 OBJETIVO Conhecer o fluxograma de produção do Queijo Prato no laticínio do IFMG - Campus Bambuí. 2. MATERIAIS ● 40 L de leite ● Coalho ● Cloreto de cálcio ● Corante de Urucum ● Formas de plástico ● Tanque de salga ● Prensa ● Lira, pá e garfo ● Tanque de fermentação 3. DESENVOLVIMENTO Para o desenvolvimento da aula prática, os alunos acompanharam o processo de produção do Queijo Prato no laticínio agroindústria do IFMG - Campus Bambuí. Primeiramente, adicionou-se 40 L de leite pasteurizado no tanque de fermentação e aqueceu até atingir 37 °C, que é uma temperatura ótima de desenvolvimento do coalho. Figura 1 - Tanque de fermentação com 40 L de leite à 37°C. Fonte: Elaborado pela autora. Em seguida, adicionou-se 4 ml de corante urucum (10 ml para cada 100L), depois adicionou-se 20 ml de cloreto de cálcio (40 ml para cada 100 L de leite) e 1,5 g de coalho (3g para cada 100L de leite) e esperou-se de 30 a 40 min. Sendo que estes ingredientes foram dissolvidos em água anteriormente e adicionados com o leite em movimento. Após o tempo necessário, houve o desenvolvimento da coagulação e verificou-se, com auxílio de uma faca, o ponto da massa, e depois promoveu-se a quebra dessa massa, utilizando liras, pá e garfo. Sendo que, a pá homogeneiza a mistura em movimentos em forma de 8 e os garfos uniformizam os grãos da massa. Vale destacar que, a primeira mexedura é feita de forma mais lenta e posteriormente, a segunda é feita mais rápida com o garfo sob aquecimento até atingir 43°C, o que resulta em uma massa semi-cozida. Houve uma retirada parcial do soro, cerca de 1/3 do líquido, em seguida foi feito uma lavagem da massa adicionando 1 balde cheio de água quente até atingir 44ºC. A segunda mexedura foi feita até chegar no ponto de liga. Em seguida, retirou-se grande parte do soro do tanque e fez-se uma pré prensagem por 20 min para retirar-se o máximo de soro possível. Figura 2 - Quebra da massa utilizando lira, pá e garfo, lavagem, retirada do soro e pré-prensagem. Fonte: Elaborado pela autora. Após a pré-prensagem, colocou-se a massa em formas específicas deste tipo de queijo, na qual apresentam uma rede de furos na sua base, que permitem a saída de soro e altura característica, além disso esses dessoradores apresentam uma capa (tecido fino) para a tampa e forma. Em seguida, colocou-se as formas prensa, na qual é realizado 4 viradas, a primeira ocorre nos primeiros 10 min, depois as outras três passam a ser de uma em uma hora. Na última realiza-se um refinamento, tirando as bordas, espera-se 10 min e leva para salga. Figura 3 - Enformagem das massas e prensa. Fonte: Elaborado pela autora. Após as viragens e salga, tem-se o produto final, que pode ser embalado, refrigerado e comercializado. Figura 4 - Queijo Prato pronto para consumo. Fonte: Elaborado pela autora. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a produção do queijo, todo leite utilizado deve ser pasteurizado previamente. Em seguida, o leite é preparado para a coagulação da caseína, sua principal proteína, dando origem à massa inicial do queijo chamada de coalhada. Para a formação da coalhada, são adicionados ao leite o fermento, o cloreto de cálcio e o coalho. (SILVA et al., 2005). Na composição do leite tem-se cálcio, porém durante o processo de pasteurização esse mineral fica menos disponível para absorção, assim, devido a isso, adiciona-se cloreto de cálcio durante a produção do queijo. Este composto ajuda a acelerar a coagulação do leite, além de dar elasticidade à massa do queijo. (ROCHA, 2014) O coalho quando adicionado no leite promove sua coagulação, dando origem à massa do queijo, sendo que este processo demora cerca de 45 minutos (SILVA et al., 2005). O final da coagulação inicia-se com a determinação do ponto de corte e, a partir disso, começa o tratamento da massa (FREITAS, 2015). A massa coagulada e pronta é cortada com o auxílio de uma lira, um utensílio com lâminas paralelas, na vertical e horizontal. Com este instrumento se corta toda a massa, deixando-a em vários cubos e permitindo a retirada do soro. A agitação é feita para evitar que os cubos venham a se precipitar ou fundir entre si, o que dificultaria a retirada do soro. Deve- se tomar cuidado para que, no início da agitação, sejam feitos movimentos lentos, evitando, dessa maneira, o rompimento dos cubos, que ainda estão frágeis, evitando a perda de massa. Quando os grãos ficarem mais firmes, a agitação pode ser intensificada (SILVA, 2005). Após a agitação, o queijo será enformado na sua forma característica. Para a enformagem, as formas de plástico são ideais, por permitirem fácil manuseio e limpeza. Um retirador de soro deve ser colocado na fôrma, para evitar que a massa do queijo venha a se prender na parede e, também, para facilitar a saída do soro durante a prensagem. No início, a prensagem não deve ser feita com muita força, para evitar uma intensa perda de soro na crosta externa do queijo, o que criaria uma barreira para a saída do soro da parte interna. Iniciar com peso de aproximadamente dez vezes o peso do queijo. Além disso, deve-se fazer viragens do queijo, ou seja, tirá-lo da fôrma e recolocá-lo em posição invertidadentro da forma, sendo que a cada viragem, dar acabamento ao queijo, retirando, com uma faca, as saliências das quinas (SILVA, 2005). O processo de lavagem e aquecimento é feito através da remoção parcial do soro de leite e da adição de água quente. Como o soro é removido, tanto a ação de agitação e as altas temperaturas de cozimento promovem a perda de água a partir do grão da coalhada. Isto porque a estrutura da proteína desestabiliza e a água é expulsa do grão de coalhada, o processo de sinérese, expulsão do soro, além de reduzir o teor de lactose da coalhada. Na etapa da salmoura, o sal garante o desenvolvimento do sabor, o controle da umidade, a cura e a conservação do produto. Na embalagem, como queijo prato ser um queijo de casca macia é recomendável que seja utilizada uma embalagem protetora. O queijo prato tem uma cor amarelada característica desse tipo de queijo, que é obtida pela adição de corante, sendo geralmente utilizado o corante natural extraído da semente de urucum (Bixa orellana), na forma de extrato alcoólico alcalino, que é encontrado no comércio. A quantidade do corante a ser utilizada varia de 5 a 10 mL de extrato para cada 100 L de leite (SILVA, 2005) Um dos fatores primordiais que garante a viabilidade econômica é o rendimento dos queijos. Levando em consideração que os principais fatores que influenciam é a composição do leite, porcentagem dos constituintes do leite, os aditivos (coalho e fermento lático) e a porcentagem de umidade retida. (SANTOS et al., 2019). Assim, o queijo prato apresenta, em média, a seguinte composição: 42% a 44% de umidade; 26% a 29% de gordura; teor de sal variando entre 1,6% e 1,9%; pH entre 5,2 e 5,4. O queijo prato tem como característica a presença de poucas e pequenas olhaduras lisas e brilhantes, com ou sem olhaduras mecânicas, cor amarelada ou amarelo-palha, sabor e odor característicos e sem crosta, ou com crosta fina, lisa e sem trincas. Pode ser apresentado no formato cilíndrico – denominado Cobocó, esférico – denominado Prato esférico ou na forma retangular, que é a mais tradicional (BRASIL, 1997a). As propriedades funcionais como derretimento, liberação de óleo livre e fatiabilidade são esperadas no queijo Prato. Para os atributos sensoriais, percebidos pelos alunos, ressalta-se o aroma suave, textura macia, sabor leve e aparência agradável, com coloração amarelada. 4. CONCLUSÃO Pela prática realizada, conclui-se que para a produção de Queijo Prato caracteriza-se principalmente, dos demais queijos, pela adição de corante de urucum, que lhe confere uma coloração mais amarelada e o tempo de maturação confere características próprias. Além disso, verificou-se a ausência de olhaduras no produto final. 5. REFERÊNCIA ABIQ - Associação Brasileira das Indústrias de Queijo. Produção brasileira de produtos lácteos e estabelecimentos sob inspeção federal, São Paulo (Não paginado), 2011. ABIQ – Associação Brasileira das Indústrias De Queijo. Histórico da Evolução do Mercado Brasileiro de Queijos. São Paulo: ABIQ, 2019. Disponível em: http://www.abiq. com.br. Acesso em: 24 nov. 2022. BASTOS, R. A. et al. Avaliação de percepção e preferência dos consumidores em relação a queijo Prato. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 68, n. 390, p. 12-19, 2013. DOI: 10.5935/2238- 6416.20130003. BRASIL. Ministério da agricultura, do abastecimento e da reforma agrária. Portaria Nº 146 de 07 de março de 1996. Aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade dos produtos lácteos. Diário Oficial da União, 11/03/1996, seção 1, página 3977. BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria nº 358, de 4 de setembro de 1997. Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Queijo Prato. Diário Oficial da República Federativa do Brasil: seção 1, Brasília, DF, n. 172, p. 19.690, 8 set. 1997a. FREITAS, M. Avaliação microbiológica de queijos artesanais produzidos na cidade de taió, Santa Catarina. Saúde & Meio Ambiente, Taió, p. 103–114, 2015. LANDIN, Taynan Barroso et al. Principais propriedades funcionais do queijo muçarela, queijo prato e requeijão culinário–uma revisão. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 76, n. 2, p. 118-130, 2021. MAPA- MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DO ABASTECIMENTO E DA REFORMA AGRÁRIA. REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE QUEIJOS. PORTARIA Nº 146 DE 07 DE MARÇO DE 1996. Disponível em: http://www.agais.com/normas/leite/queijos.htm. Acesso em 03 de novembro de 2022. PERRY, Katia SP. Queijos: aspectos químicos, bioquímicos e microbiológicos. Química Nova, v. 27, n. 2, p. 293-300, 2004. ROCHA, G. L. Influência do tratamento térmico no valor nutricional do leite fluido. Universidade Católica de Goiás, Departamento de Matemática e Física Engenharia de Alimentos, Goiânia, v. 1, n. 44, 2004. SANTOS, B. S. et al. Produção de queijo artesanal “tipo minas frescal”: efeito da suplementação lipídica na alimentação de ovelhas pantaneiras. 2019. SILVA,E.A. da.; MELO,W.W.S. de.; CRUZ, F.G. da.; FROEHLICH,A.;LUNA,J. de S. AVALIAÇÃO SENSORIAL DE RICOTAS CONDIMENTADAS.Disponível em: congressos.ifal.edu.br/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/ view/1230/69. Acesso em 03 de novembro de 2022. SILVA, F. T. Queijo Prato - Embrapa Agroindústria de Alimentos.. v. 21, 2005.
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