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Cintia Perez Duarte Luciana Coltri e Silva Renata de Lima Velloso (organizadoras) Estratégias da . Análise do Comportamento Aplicada para Pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo ~ São Paulo, 2018. MEMNON EDIÇDES CIENTIFICAS © Memnon Edições Científicas Ltda . EPP, 2018. ISBN 978-85-7954-128-5 Supervisão editorial: Silvana Santos Projeto gráfico e capa: Catarina Ricci Revisão gráfica: Sílvia Cristina Rosas Reservados todos os direitos de publicação por Memnon Edições Científicas Ltda. EPP www.mernnon.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Estratégias da Análise do Comportamento Aplicada ara pes- soas com Transtornos do Espectro do Autismo / Cintia Perez Duarte, Luciana Co\tri e Silva, Renata de Lima Velloso. -- São Paulo : Memnon Edições Científicas, 2018. Vários autores. Bibliografia ISBN 978-85-7954-128-5 1. Análise comportamental 2. Autismo - Estudo de ca- sos 3. Portadores de autismo - Comportamento 4. Sín- drome de Asperger 5. TEA (Transtorno do Espectro do Au- tismo) - Tratamento I. Duarte, Cintia Perez. II. Silva, Luci- ana Coltri e. III. Velloso, Rena de Lima. 18-14208 CDU-616.85882 NLM-WM 203.5 Índices para catálogo sistemático: 1. Autismo : TEA : Transtorno do Espectro do Autismo Ciências médicas 616.858. Nota do Editor: Nesta obra, como em todas as outras obras editadas e publicadas por esta editora, vemo-nos na obrigação de respeitar a Língua portuguesa e reproduzi-la da forma a mais correta pos- sível. Por isso, adotamos sempre o termo Transtorno do Espectro do Autismo, tradução correta para Autism Spectrum Disorder, exceção feita ao que se refira a transcrições de textos e documentos em que tenha sido utilizada a tradução "Transtorno do Espectro Autista", considerada arbitrária por estes editores. Sumário -------------------------------------------------------- Introdução .. ... . . . .. . . .. . . . . .. .......... .. . . . . . . . . .. . .. . .. . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. .. . . .. .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . 5 ,,, 1. Importância do uso de protocolos de avaliação e elaboração de currículo individualizado.......................................................... .. .................................... 10 Carolina Kracker 2. Avaliação de reforçadores ... ............... ........ .... ....... ............. .... ... .............. .. .. 37 Ana Luiza Costa Roncati, Luana Rezende Zeolla Inhauser, Marina Santos Lemos, Robson Brino Faggiani 3. Esquemas de reforçamento e o uso de economia de fichas.. ................ .... ... 56 Lygia T. Durigon, Natália de Mesquita Matheus 4. Procedimentos de dicas e correções de erros: para que servem e como uti- 72 lizar? ................................ .................. ................... ... ........................ .... ..... .. .... . Cássia Leal da Hora 5. Ensino por tentativas discretas .................................................................. .. 127 Luciana Coltri e Silva, Michele Sayulli Matsumoto 6. Ensino em ambientes naturais..................................................................... 140 Paula Braga Kenyon 7. Modelagem............ ....... .............. .. ................... ....... .. ..... ................... ......... .. 150 Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira, Deisy Emerich-Geraldo 8. Modelação e videomodelação ........... .............. ...... ........ .......................... ... . 162 Andréa Fonseca Farias Lobato, Cláudia Bueno Nogueira, Eugênia Andréa Leão Santos 9. Análise de tarefas e encadeamento ....... .... .. .. ........ .. ... :................ .. ....... ...... .. 179 André Augusto Borges Varella 1 O. Uso de pistas visuais .. .............................. .. ...... .. .... .... .... .... .. ...... ..... .. .... ..... 195 Juliana Palma de Godoi Fialho 11. Equivalência de estímulos .. .. .. .... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. .. . .. . . . .. .. .. .. . .. . . .. . .. .. 218 Daniela Canovas 12. Avaliação e intervenção em casos de comportamento agressivo e autole- sivo .. .. .... ......... .. ........ ... .... .. ... ........ ... .......... .. ........ ............................ .. ....... .. ..... . 247 Daniel De! Rey 13. Estratégias para manejo da estereotipia .............. ......... ........ .......... ............ 271 Fabiana Pignataro da Rocha, Viviane Rosalie Duarte 14. Estratégias para treino de toalete.... ....... .. ............ .. ............. .. ..... ................ 283 Luiza de Moura Guimarães 15. Estratégias para alterações relacionadas ao sono.... ........ .. ..... .. ............... .. 296 Luciana Coltri e Silva, Valdinéia Alves de Mira 16. Intervenção comportamental para problemas relacionados à alimentação 311 Cintia Perez Duarte, Cássia Leal da Hora 17. Intervenção em grupo para o desenvolvimento de habilidades sociais.. ... 330 Mateus Brasileiro, João Mariano Cenacchi Pereira 18. Orientação e treino de pais .......... ......... .. .......... .............. .......... .. ............... 356 Lei/a Bagaiolo, Claudia Romano Pacifico 19. Generalização . .. .. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .. 3 79 Cintia Perez Duarte, Naiara Adorna da Silva, Renata de Lima Velloso Sobre os autores............ ... .... .... ....... .. ..... .......................................................... 390 Introdução ---------------------------------------------------~-- O diagnóstico de Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), conforme o Ma- nual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), diz respeito aos dis- túrbios do desenvolvimento caracterizados por início precoce e curso crônico, afetando principalmente as habilidades na comunicação social, bem como padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades (Tabela 1).Cll A apresentação clínica desses quadros é amplamente variável e impacta em maior ou menor grau algumas áreas do desenvolvimento, tais como a comunicação, o apren- dizado, a adaptação em atividades de vida diária e a socialização.C12l As dificuldades na área de interação social podem se manifestar como uma ten- dência ao isolamento 011,a comportamento social impróprio, contato visual pobre, di- ficuldade nas atividades em grupo, demonstrações inapropriadas de afeto e falta de empatia social ou emocional.C10, 2ºl Já as dificuldades na comunicação envolvem as habilidades tanto verbais quanto não verbais. Há indivíduos que não desenvolvem repertórios vocais, e outros apresentam linguagem imatúra, caracterizada por jargão, ecolalia, inversões de pronome, alterações de prosódia etc. Os que possuem linguagem expressiva podem, ainda, apresentar dificul- dades em iniciar ou manter uma conversa por faltar reciprocidade socioemocional, difi- culdades em compreender sutilezas de linguagem, como piadas ou sarcasmo, além de alterações quanto à interpretação da linguagem corporal e expressões faciais.cio, 17l Os padrões repetitivos e estereotipados podem incluir resistência a mudanças, apego a determinadas rotinas e a objetos, além de certo fascínio com o movimento de peças. O brincar, muitas vezes, é pouco funcional, com maior preocupação em alinhar ou manusear os brinquedos do que em usá-los com finalidade simbólica ou de acordo com regras de jogos. Estereotipias motoras e verbais também podem estar presentes na forma de se balançar, bater palmas repetitivamente, andar em círculos ou repetir determinadas palavras, por exemplo. CIO, 17• 2ºl Além das dificuldades de comportamento e de linguagem/ comunicação, os indivíduos com TEA podem apresentar, também, disfunções sensoriais, como hipo ou hipersensi- bilidade. Estudos indicam a presença de alterações sensoriais em 70% a 95% dos indi- víduos.O· 17l 5 Tabela 1. Critérios doDSM-5 para TEA. A. Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, como manifestadas pelos seguintes, atualmente ou no decorrer da vida ( exem- plos são meramente ilustrativos, não exaustivos): 1. Déficits na reciprocidade socioemocional, que vão, por exemplo, de aproximação social inadequada e inabilidade de manter o vai e vem natural de conversas à partilha reduzida de interesses, emoções ou afeto, à incapacidade de iniciar ou responder a interações sociais. 2. Déficits em comportamentos comunicativos não verbais utilizados para a interação social, que vão, por exemplo, de pobre integração entre comunicação verbal e não verbal a anorma- lidades no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso de gestos e total falta de expressões faciais e comunicação não verbal. 3. Déficits no desenvolvimento, manutenção e compreensão das relações, que vão, por exem- plo, de dificuldades em ajustar o comportamento para atender diversos contextos sociais a dificuldades na partilha de jogo imaginativo ou em fazer amigos, a ausência de interesse nos pares. B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, como manifestados por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou no decorrer da vida (os exemplos são ilustrativos, não exaustivos): 1. Padrões estereotipados ou repetitivos de movimentos motores, de uso de objetos, ou de discurso (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou arremessar objetos, eco- lalia, frases idiossincráticas). 2. Insistência na monotonia, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comporta- mento verbal ou não verbal (p. ex., a angústia extrema em pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, cumprimento de rituais, necessidade de tomar o mesmo caminho ou comer a mesma comida todos os dias). 3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverantes). 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesses incomuns em aspectos sen- soriais do ambiente (p. ex., aparente indiferença à dor / temperatura, resposta adversa a sons ou texturas específicos, cheirar ou tocar objetos excessivamente, fascínio visual com luzes ou movimento). Há diversas abordagens divulgadas para o trabalho terapêutico com os indivíduos com TEA; porém, as intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis - ABA) são as que possuem compi:ovações científicas ares- peito de sua eficácia. Cl9) Os primeiros trabalhos demonstrando tal eficácia utilizaram os paradigmas da aprendizagem operante, de Skinner, para ampliar repertórios comportamen- tais de crianças diagnosticadas com autismo.cs-ioJ Após esses estudos, outros pesquisadores se debruçaram sobre o tema, possibilitando crescimento exponencial da área. (5, 6• 9) A Análise do Comportamento Aplicada é definida como uma ciência aplicada e é um dos três pilares da Análise do Comportamento, sendo os outros dois a filosofia, de- nominada Behavorismo Radical, baseada na obra de Skinner, e a área de desenvolvimento 6 m n- ai :!e si, a- e n- a os os ,s, :ie o- a- les .ar 1e ou :n- ,ns ou IS la >S 1- es é e- to de pesquisas básicas, a Análise Experimental do Comportamênto. Esses três pilares são interdependentes e todos têm a sua relevância para a Análise do Comportamento. Sem levar em consideração os pressupostos filosóficos e os resultados das pesquisas experimentais, não é possível o desenvolvimento da pesquisa aplicada e o desenvolvi- mento de técnicas para a intervenção. C7, 8l Em 1968 foram descritas as sete dimensões da Análise do Comportamento Apli- cadaYl São elas: (1) Aplicada: os estímulos e/ou o organismo estudados são escolhidos devido à sua importância para o homem e para a sociedade, e não só para o desenvolvimento da teoria; (2) Comportamental: deve ser realizada uma mensuração precisa dos eventos a serem estudados para determinar os comportamentos-alvo. A operacionalização da in- vestigação é essencial; (3) Analítica: para a análise de um comportamento, é necessário exercer c@ntrole sobre esse compotamento. Faz-se necessária a demonstração objetiva e confiável dos eventos que podem ser responsáveis pela ocorrência, ou não, de determinado compor- tamento; (4) Tecnológica: as técnicas que formam uma determinada aplicação comporta- mental devem ser identificadas e descritas; (5) Conceituai: as descrições dos procedimentos não devem ser apenas precisa- mente tecnológicas, mas também pertinentes aos princípios filosóficos do Behavo- rismo Radical; (6) Eficaz: a intervenção/ pesquisa deve ter poder de alterar comportamentos o suficiente para tornar-se socialmente importante e (7) Generalidade: a mudança comportamental deve se mostrar durável ao longo do tempo, aparecer em vários ambientes e se estender a uma grande variedade de com- portamentos relacionados. Os principais objetivos dessa intervenção são ampliar o repertório comportamental do indivíduo e, paralelamente, diminuir a frequência e/ou intensidade de comportamen- tos indesejáveis ou pouco adaptativos.<14•16l Na perspectiva analítico-comportamental, os comportamentos, tidos tanto como adequados quanto como inadequados, são desenca- deados por eventos específicos e mantidos por suas consequências. Para alcançar esses objetivos é necessário o manejo das variáveis antecedentes e das consequências, o que exige conhecimento teórico, capacitação e experiência dos profissionais.C7• 11• 18l É importante ressaltar que a intervenção deve, obrigatoriamente, considerar as variáveis controladoras dos comportamentos ( e não apenas sua topografia) para ser bem- sucedida, seja na eliminação de comportamentos-problema ou no estabelecimento de novas habilidadesY IJ Por isso, a intervenção requer avaliação cuidadosa de como os eventos ambientais influenciam o comportamento que se quer alterar (seja a forma, a frequência ou a intensidade), levando-se em conta o contexto em que ocorre, os 7 antecedentes, as variáveis motivacionais e as consequências que se apresentam logo após a ocorrência do comportamento em questão para que uma boa estratégia seja de- senvolvida. C19> Outra característica importante é a necessidade de coleta de dados antes, durante e depois da intervenção, visando a analisar o progresso individual e a auxiliar na to- mada de decisões em relação ao programa de intervenção e definir as melhores estra- tégias de acordo com o objetivo terapêutico.<4, 7• 13l Ao longo de todo o livro, essas características, assim como os conceitos envolvi- dos, serão descritas de forma detalhada, com o objetivo de auxiliar o leitor a avaliar e planejar uma intervenção adequada. No Brasil, o número de publicações em Análise do Comportamento Aplicada ainda é incipiente se o compararmos com outros países, como os EUA. Um dos moti- vos é que a história da Análise do Comportamento no país é relativamente recente; mas, a cada dia, a comunidade de analistas do comportamento envolvida com o traba- lho com pessoas com TEA direciona seus esforços para pesquisa e divulgação da área. A partir disso nasceu a ideia de publicação deste livro, com o intuito de contribuir com a divulgação da Análise do Comportamento no tratamento de pessoas com TEA, no Brasil. Esperamos que seja de grande valia e que possamos avançar na área, sendo nosso objetivo final promover qualidade de vida e bem-estar para pessoas com TEA e famílias que convivem com essa condição. Agradecemos a contribuição de todos os profissionais que dedicaram seu tempo e compartilharam sua experiência conosco. Boa leitura! Cintia Perez Duarte, Luciana Coltri e Silva, Renata de Lima Velloso REFERÊNCIAS 1. Associação Americana de Psiquiatria. Manual Diagnóstico e Estatísticode Transtornos Mentais - DSM-5. Porto Alegre: Artmed; 2014. 948 p. 2. Baer DM, WolfMMW, Riesley T. Current dimensions of applied behavior analysis. J Appl Behav Anal. 1968; 1(1 ):91-7. 3. Billstedt E, Gillberg IC, Gillberg C. Autism in adults: syrnptom pattems and early childhood predictors. Use of the DISCO in a community sample followed from childhood. J Child Psychol Psychiatry [Internet]. 2007; 48(11):1102-10. 4. Camargo SPH, Rispoli M. Análise do comportamento aplicada como intervenção para o autismo : definição, características e pressupostos filosóficos. Rev Educ Espec. 2013; 26(47):639-50. 8 ;o re )- l- i - e la i- e; a- a. jr \., lo e )0 s- av od 101 to: 5. Car EG, Durand VM. Reducing behavior problem through functional"communication training. J Appl Behav Anal. 1985; 18:111-26. 6. Charlop M, Walsh M. Increasing autistic children"s spontaneous verbalizations of affection: an assessment oftime delay and peer modeling procedures. J Appl Behav Anal. 1986; 19(3):307-14. 7. Cooper JO, Heron TE, Heward WL. Applied Behavior Analysis. Columbia: Merrill; 2007. 448 p. 8. Dillenburger K, Keenan. None ofthe As in ABA stand for autism: dispelling the myths. J Intellect Dev Disabil. 2009; 34:193-5 . 9. Durand VM, Carr EG. Social influences on "self-stimulatory" behavior: analysis and treatment application. J Appl Behav Anal. 1987; 20:119-32. 10. Gadia CA, Tuchman R, Rotta NT. Autismo e doenças invasivas do desenvolvimento. J Pediatr. 2004; 80(2):83-94. 11. Goulart P, Assis GJA. Estudos sobre autismo em análise do comportamento: aspectos metodológicos. Rev Bras Ter Comport Cogn. 2002; 4(2). 12. Klin A. Autismo e síndrome de Asperger: urna visão geral. Rev Bras Psiquiatr. 2006; 28(Supl. l):S3-Sl 1. 13. LeafR, McEachin J. A work in progress: behavior management strategies anda curriculum for intensive behavioral treatment ofautism. New York: DRL Books; 1999. 14. Loovas OI. Teaching individuais with developmental delays: basic intervention techniques. Austin, TX: PRO-ED; 2003. 15. Queiroz LOS, Guilhardi HJ, Martin GL. A university program in Brazil to develop psychologists with specialization in behavior modification. Psychol Rec. 1976; 26:181-8. 16. Rogers SJ. What are infant siblings teaching us about autism in infancy? Autism Res [Internet]. 2009; 2(3):125-37. 17. Schwartzman JS, Araújo CA. Transtornos do Espectro do Autismo. São Paulo: Memnon; 2011. 18. Skinner BF. Ciência e comportamento humano. 11 th ed. São Paulo: Martins Fontes; 2003. 19. Vismara LA, Rogers SJ. Behavioral Treatments in autism spectrum disorder : what do we know ? Annu Rev Clin Psychol. 2010; 6:447-68. 20. Williams C, Wrigth B. Convivendo com autismo e síndrome de Asperger. São Paulo: M. Books; 2008. 9 1 Importância do uso de protocolos de avaliação e elaboração de currículo individualizado ----------~--IM·---------------------------.. --------------------- Carolina Kracker Planejar intervenções baseadas em ABA voltadas para o público com Transtor- nos do Espectro do Autismo (TEA) é uma tarefa que envolve múltiplos componentes. Primeiramente é necessário conduzir uma avaliação inicial que seja capaz de apreender uma amostra significativa e fidedigna do repertório comportamental de quem é avali- ado. Essa avaliação deve determinar a linha de baseC5l de habilidades importantes para a promoção de autonomia para o indivíduo e de comportamentos que, quando presen- tes em alta frequência ou intensidade, podem prejudicar o estabelecimento dessas ha- bilidades ou classes de respostas. Em seguida, a partir da interpretação dos resultados da avaliação inicial, elabora-se um documento que especifica os objetivos da interven- ção de forma individualizada, chamado de currículo ou plano de ensino individuali- zado (PEI). Finalmente, para iniciar a intervenção, é necessário descrever programas de ensino de habilidades ou de redução de comportamentos disruptivos para o desen- volvimento. Essa tarefa envolve estabelecer procedimentos que permitam atingir os objetivos planejados no currículo individual. As etapas de avaliar o repertório comportamental e de descrever objetivos para a intervenção envolvem uma série de aspectos que devem ser cuidadosamente delineados e implementados para que o planejamento da intervenção seja efetivo. Para que seja bem- sucedida, a própria condução da avaliação inicial, por exemplo, precisa ser planejada. Isso envolve, antes do início da primeira sessão de avaliação, definir quais habilidades serão avaliadas, quais serão os procedimentos utilizados para a coleta de dados, que 10 )r- ;!S. ler .li- tra m- ia- ,OS :n- tli- ias :n- os ªª los m- ela. ies 1ue setting(s) escolher, selecionar materiais adequados e determinar .formas de registro apro- priadas. Envolve, também, programar formas de se comportar em sessão que aumentem a probabilidade de cooperação do indivíduo que está sendo avaliado, promovendo e man- tendo motivação para responder às demandas apresentadas na avaliação. Todos esses aspectos devem ser ponderados, visto que constituirão a base sobre a qual a intervenção se estruturará e que, portanto, determinarão parte do seu sucesso ( ou insucesso). Nesse contexto, manuais produzidos com a finalidade de ajudar a sistematizar as etapas do planejamento de uma intervenção baseada em ABA têm sido cada vez mais utilizados na área aplicada. Esses protocolos compilam informações relevantes em re- lação a habilidades consideradas fundamentais para o desenvolvimento e para a pro- moção de autonomia em diferentes contextos e fornecem guias de ação para avaliação, elaboração de currículo e delineamento de programas fundamentados em anos de es- tudos e de experiência de equipes de pesquisa e/ou de intervenção bem-sucedida. Uma grande variedade de materiais desse tipo pode ser encontrada, observando- se que os manuais podem ter um caráter mais ou menos abrangente em relação a tipos de repertórios avaliados. The Assessment of Basic Language and Learning Skills - Re- vised (ABLLS-Rj<4) e Socially Savry: An Assessment and Curriculum Guide for Young Children(2) são dois exemplos de manuais utilizados atualmente para avaliar repertório comportamental. A ABLLS-R se destina a avaliar 544 habilidades de linguagem, inte- ração social, autocuidado, requisitos motores e acadêmicos. A Socially Savry se pro- põe a avaliar um conjunto de 110 habilidades sociais diferentes, apresentar sugestões de atividades e estratégias de intervenção e direcionar a elaboração de currículos de intervenção voltados para o ensino de habilidades sociais. Verifica-se, por meio desses exemplos, que os manuais podem diferir em relação aos tipos de repertório que ava- liam e, também, em relação ao conteúdo que abarcam. O objetivo deste capítulo é apresentar uma análise comparativa de contribuições práticas propiciadas por alguns dos manuais produzidos por analistas do comporta- mento em relação às etapas que devem compor o planejamento inicial de uma inter- venção baseada em ABA para indivíduos com TEA, focando especialmente a avalia- ção inicial e a elaboração do PEI. Pretende-se, por meio desta análise, também prover critérios para auxiliar o leitor em relação à escolha do(s) manual(is) mais apropriado(s) para planejamento de intervenções pelas quais sejam responsáveis, a depender das queixas apresentadas e das características de cada manual. Três manuais específicos que incluem, entre seus objetivos principais, guiar avaliações e elaboração de PEis serão abordados: Passo a Passo, Seu Caminho: Guia Curricular para o Ensino de Ha- bilidades Básicas;<9) Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program - VB-MAPP;(B) e Social Skills Solutions: a Hands-on Manual for Teaching Social Skills to Children with Autism.(3) Passo a Passo, Seu Caminho: Guia Curricular para o Ensino de Habilidades Bá- sicas é um manual brasileiro escrito pela psicóloga e professora Margarida Windholz, com os objetivosde guiar avaliações de repertório, fornecer uma base para elaborar e 11 elencar objetivos de um currículo, apresentar, passo a passo, alguns tipos de programas de ensino / treino de habilidades e servir como instrumento parcial de instrução para aplicadores e cuidadores. Foi publicado pela primeira vez em 1988 e reeditado em 2016, por ser ainda considerado por acadêmicos e profissionais da área um instrumento valioso para pautar intervenções baseadas em ABA voltadas para crianças, adolescen- tes e adultos com desenvolvimento atípico. Foi o primeiro manual brasileiro a ser pro- duzido com esses objetivos, e o fato de estar disponível em Português o torna um ma- nual de fácil acesso para os profissionais brasileiros. Neste texto, esse manual será referido simplesmente como Passo a Passo, Seu Caminho, apenas com o objetivo de promover maior fluência na leitura. A Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program - VB-MAPP é um guia e protocolo norte-americano escrito pelo pesquisador e professor Mark Sund- berg e publicado em 2008. Esse manual fornece um vasto panorama de quais habilidades focar na avaliação e no estabelecimento de objetivos curriculares para desenvolver re- pertório de base mais sólido nas áreas de linguagem, habilidades sociais e outras a elas relacionadas. Reúne componentes destinados a avaliar a presença ou ausência desses tipos de habilidades, além de comportamentos e condições que podem atuar como barreiras para a aquisição de repertório apropriado. Um de seus cinco componentes é exclusiva- mente voltado para a interpretação dos resultados da avaliação e elaboração de PEis de forma detalhada. A avaliação é voltada a pessoas com autismo, outras questões relaciona- das ao desenvolvimento ou atraso de linguagem A VB-MAPP tem sido frequentemente utilizada tanto no Brasil quanto fora do país e tem se revelado uma ferramenta bastante completa por abranger componentes cujos objetivos vão além do rastreio de habilidades. O Social Skills Solutions: a Hands-on Manual for Teaching Social Skills to Chil- dren with Autism é um manual que foi publicado no ano de 2002 nos Estados Unidos, escrito por Kelly McKinnon e J anis Krempa. Voltado para crianças com autismo, esse livro apresenta possibilidades de estratégias para ensino e aprimoramento de habilida- des sociais, mas se destaca pela proposta de uma avaliação desse tipo de habilidade por meio de um checklist que esmiúça um grande volume de requisitos necessários para desenvolver interações sociais satisfatórias. Por apresentar uma extensa compila- ção que inclui desde habilidades sociais básicas até outras expressivamente mais com- plexas, esse manual se revela uma opção para avaliar tanto pessoas que apresentem repertório social muito empobrecido, quanto indivíduos que já sejam capazes de inte- ragir socialmente de forma mais sofisticada. Pelos mesmos motivos apresentados em relação à obra de Windholz, <9l esse manual será citado ao longo do capítulo apenas pela primeira parte de seu título, Social Skills Solutions. Serão analisadas, a seguir, algumas das características e especificidades desses manuais, além de suas principais contribuições para o planejamento das etapas que compõem a avaliação inicial e o planejamento de PEI em intervenções baseadas em ABA para pessoas com autismo. 12 1llS ua 1to !Il- ro- Ja- ~rá de Pé 1d- ies re- :las ses ras va- de na- nte nte s. 1il- os, sse ja- tde ios .la- ,m- em Lte- em nas ses iue em AVALIAÇÃO INICIAL A ESCOLHA DAS HABILIDADES A SEREM A V ALIADAS Uma das primeiras tarefas a que é necessário se ater ao planejar a avaliação inicial é elencar as habilidades que desejamos avaliar em relação ao repertório comportamen- tal, considerando que um diagnóstico ou uma hipótese diagnóstica formal nos fornece informações genéricas e pouco precisas sobre os aspectos que devem ser o foco da atenção do analista do comportamento em relação à pessoa que foi encaminhada para atendimento. É preciso, portanto, considerar como um ponto de partida a investigação do que pode ou não ser demanda para a intervenção daquele indivíduo específico. As habilidades imprescindiveis para a promoção de uma vida autônoma não são interdependentes entre si nem são aprendidas com o mesmo grau de dificuldade, o que toma a tarefa de escolher objetivos para ensino ainda mais delicada. Condições fisio- lógicas que têm vez ao longo do desenvolvimento, como o processo de mielinização, são necessárias para que o aprendizado de diferentes tipos de habilidades que envol- vem os órgãos dos sentidos seja possibilitado. Aprender novos requisitos, por sua vez, modifica a capacidade neural e as possibilidades de novas aprendizagens ocorrerem. As habilidades também se tornam interdependentes, de forn1ll que diferentes operantes verbais precisam ser combinados para produzir repertório de conversação fluente; en- cadeamentos de respostas complexas envolvidos em tarefas como se vestir compreen- dem habilidades de percepção visual, coordenação visuomotora, e podem ter sido aprendidas, por exemplo, por meio de imitação motora. A aprendizagem de habilida- des mais complexas costuma suceder a aquisição de outras mais básicas, de forma que algumas habilidades podem servir como base ou como facilitadores para o estabeleci- mento de novas outras. Habilidades relacionadas à imitação motora, por exemplo, podem ser elencadas de acordo com sua especificidade e complexidade, de forma que aprender a imitar movimentos motores amplos pode ser um fator facilitador para a aquisição, no futuro, de imitação de movimentos motores mais refinados e até mesmo de repetição de sons - repertório de ecoico.C9) Caso sejam determinados objetivos que se embasem no de- senvolvimento de repertório de ecoico para produzir melhora na comunicação sem considerar dados provenientes de avaliação de diferentes formas de imitação, podemos comprometer a intervenção: há menos chances de ela ser bem-sucedida se for decidido que o ensino da repetição de sons deve ser iniciado sem que a criança apresente, pri- meiramente, um repertório mais básico de imitação de movimentos motores. Não definir previamente as habilidades a serem avaliadas ou escolhê-las de forma aleatória no momento da condução da avaliação inicial sem o auxílio da literatura pode, portanto, enviesar de forma nociva a construção de um PEI. Dificilmente o avaliador conseguirá atentar a habilidades com diferentes características de forma homogênea 13 sem se pautar em alguma fonte de informações e critérios sobre que amostra do reper- tório pode ser relevante avaliar. Caso selecione essa amostra a esmo, correrá o risco de, ao formatar o plano de ensino, superestimar ou subestimar a importância de um tipo específico de déficit de repertório e/ou de excesso comportamental para o indivíduo. Nesse sentido, os três manuais analisados funcionam como guias para que essa escolha seja feita com algumas especificidades que os diferenciam. A VB-MAPP se destaca particularmente em relação à abrangência da amostra do repertório que propõe avaliar, dividida em três componentes: componente 1 - avaliação de marcos de aprendizagem e da linguagem; componente 2 - avaliação de barreiras para a aprendizagem; e componente 3 - avaliação de transição. Outros dois componen- tes fazem parte ainda do manual: componente 4 - task analysis / skills tracking e com- ponente 5 - colocação e objetivos para PEI, ressaltando que o componente 4 pode ter um papel complementar na avaliação, se assim a equipe de intervenção desejar. A proposta do componente 1 é a avaliação de 170 habilidades ( denominadas pelo autor de marcos de aprendizagem e da linguagem) elencadas de acordo com o estudo de mais de 50 gráficos e materiais relacionados ao desenvolvimento da população neu- rotípica. Somam-se a essas habilidades cerca de outras 900 disponibilizadas no quarto componente do manual - task analysis / skills tracking - que complementamas habi- lidades descritas nos marcos. O autor faz a ressalva de que todas essas habilidades da task analysis não precisam, necessariamente, fazer parte do processo de avaliação (pois tomaria esse processo muito demorado), mas destaca que podem ser utilizadas para esse fim caso a equipe julgue necessário. Notadamente, a avaliação das habilidades de linguagem e daquelas a ela relacio- nadas é a parte mais densa desse manual, diferentemente do Passo a Passo, Seu Cami- nho, cuja maior parte é voltada para a etapa de ensino das habilidades ( descrições de- talhadas de programas de treino são providas), e do Social Skills Solutions, que em grande parte apresenta estratégias para intervenção vinculadas às habilidades a serem avaliadas. Os 170 marcos são definidos pelo autor de acordo com critérios observáveis e mensuráveis, descritos em ordem de complexidade e categorizados em áreas que reú- nem habilidades com características em comum (considerando função e/ou topografia das respostas-alvo). A divisão se dá em três níveis de complexidade que se referem às faixas etárias em que, geralmente, os marcos se desenvolvem no repertório de crianças típicas: o nível 1 inclui marcos do desenvolvimento atingidos mais frequentemente entre O e 18 meses de idade; o nível 2, entre 18 e 30 meses; e o nível 3, entre 30 e 48 meses. As áreas de habilidades, descritas por nível, são apresentadas na Tabela 1. Fornecer uma lista de habilidades organizadas de acordo com a ordem em que são adquiridas ao longo do processo de desenvolvimento neurotípico, contando com urna categorização mais precisa por faixa etária, é uma peculiaridade desse manual em relação aos outros dois analisados. A ideia não é utilizar esse recurso para abandonar o 14 1er- de, ipo o. ssa do ção iras en- Jm- ter ,elo udo 1eu- :1rto :tbi- ; da JOÍS Jara cio- imi- de- em rem :is e reú- :afia nàs nças ente e 48 que com .lem nar o Tabela 1. Descrição das áreas de habilidades que compõem a avaliação de marcos de linguagem e aprendi7agem (componente 1) da VB-MAPP, por nível. NÍVEL 1 - 9 áreas NÍVEL 2 - 12 áreas NÍVEL 3 - 13 áreas Mando Mando Mando Tato Tato Tato Responder como ouvinte Responder como ouvinte Responder como ouvinte Habilidades de percepção Habilidades de percepção Habilidades de percepção visual e emparelhamento com visual / emparelhamento com visual e emparelhamento com o modelo o modelo o modelo Brincar independente Brincar independente Brincar independente Comportamento social Comportamento social Comportamento social e brincar social e brincar social e brincar social Imitação Imitação Leitura Ecoico Ecoico Escrita Comportamento vocal Responder como ouvinte por Responder como ouvinte por espontâneo classe, função e característica classe, função e característica Intra verbal Intra verbal Rotinas de sala de aula e Rotinas de sala de aula e habilidades em grupo habilidades em grupo Estrutura linguística Estrutura linguística Matemática desempenho do indivíduo como principal base de comparação de evolução, mas sim para prover um panorama que 1) esclareça metas relacionadas à competência linguís- tica a longo prazo relacionada a pares típicos - considerando que o alcance dessa pro- ficiência aumenta as chances de interação social e aprendizado no ambiente natural; 2) evitar que uma ênfase equivocada seja colocada em habilidades consideradas menos importantes que outras do ponto de vista de aquisição de repertório que favoreça apren- der em ambiente natural; e 3) evitar que os objetivos selecionados para um PEI não sejam apropriados de acordo com parâmetros do desenvolvimento de pares típicos e de maturação biológica. 15 O manual propõe, ainda, um componente de avaliação que busca investigar com- portamentos-problema e condições que podem prejudicar a aprendizagem - chamados de barreiras para a aprendizagem - e classificá-los em relação à sua severidade. Vinte e quatro barreiras são avaliadas, reunindo desde problemas comportamentais como birras, auto e heteroagressões, déficits importantes nos repertórios de mando, tato, ou- vinte, entre outros operantes verbais e áreas de habilidades, até questões como falha na generalização, problemas na articulação, dependência de dicas, defensividade sen- sorial e enfraquecimento de operações motivadoras diante da apresentação de deman- das. Após pontuar cada barreira, as mais significativas podem ser identificadas e obje- tivos específicos para atenuá-las podem ser estabelecidos para compor o PEI. Esse componente permite, portanto, ponderar se há necessidade de focar a intervenção tam- bém em uma parte do repertório que precisa ser enfraquecida ou modificada com maior urgência para que a aprendizagem ocorra de forma mais rápida, se mantenha e se ge- neralize com maior facilidade. Há um terceiro componente no manual, chamado de avaliação de transição, desti- nado a avaliar características do repertório que podem ajudar a equipe a definir que for- mato educacional, em um continuum que varia entre formatos mais restritivos - inter- venção um a um, em ambiente altamente planejado, utilizando estratégias de ensino mais estruturadas, entre outras características - aos menos restritivos - intervenção em grupo, em ambiente natural ou com características mais próximas do natural, com estratégias menos estruturadas - pode ser o mais indicado para o indivíduo avaliado. Em relação a habilidades que envolvem encadeamento de respostas complexas, como de autocuidado, não há nenhum componente ou área que seja exclusivamente des- tinado à sua avaliação. Há alguns marcos que incluem parâmetros envolvendo habilida- des desse tipo, e uma referência mais clara a habilidades de autocuidado - toilet e ali- mentação - pode ser encontrada no componente de avaliação de transição. Um checklist que inclui descrições de uma série de cadeias de respostas que compõem atividades como alimentação, uso de banheiro, vestir-se e tomar banho, e que pode ser utilizado como ferramenta de avaliação complementar à VB-MAPP, é provido pelo autor desse manual em seu website (http://www.avbpress.com/updates-and-downloads.html). O guia curricular Passo a Passo, Seu Caminho, por sua vez, abrange uma sele- ção de habilidades básicas necessárias para a aquisição de autonomia que devem ser avaliadas e, a depender dos resultados da avaliação, treinadas de acordo com progra- mas de ensino descritos pela autora. É possível encontrar uma parte do manual desti- nada a avaliar e treinar habilidades que envolvem encadeamento de respostas - au- tocuidado, uso de vaso sanitário e pedidos para ir ao banheiro - entre outros tipos de habilidades. Os requisitos abarcados no manual estão divididos em conjuntos hierar- quizados do menos para o mais complexo, de acordo com conhecimentos sobre desen- volvimento infantil e processo de ensino-aprendizagem, segundo sua autora. Os con- juntos e as habilidades que os compõem são apresentados na Tabela 2. 16 ,m- dos nte mo ou- .lha en- ian- ,je- 1sse :im- lior ge- !Sti- for- 1ter- nais lpO, gias ,xas, des- lida- : ali- ·klist orno orno .nual sele- 1 ser ,gra- lesti- - au- )S de erar- !sen- con- Tabela 2. Conjuntos de habilidades a serem avaliadas em linha de )Jàse e, se necessário, ensi- nadas, propostos no manual Passo a Passo, Seu Caminho. Conjunto 1 Conjunto2 Conjunto3 Conjunto 4 Sensopercepção - Visual Imitação de Auditiva movimentos dos - Gustativa órgãos - Olfativa fonoarticulatórios Comportamento - Tátil exploratório Contato Visual Imitação motora -Olho a olho - Olhar objetos - Seguir estímulos luminosos Comunicação - compreensão verbal Procura de objetos - Atendimento de ordens - Identificação de objetos Comportamento - Partes do corpo, Atividades de exploratório pessoas e ações vida diária - Autocuidado - Uso de vaso Comunicação - sanitário expressão verbal - Pedindo para ir ao - Imitação oral de banheiro palavras Usofuncional de - Nomeação de ob- brinquedos jetos, pessoas e Procura de objetos ações - Expressão gestual de desejos e necessi- dades - Sim/Não Reconhecimento e Dramatização expressão de senti- mentas Imitação motora Emparelhamento Windhotz<9) propõe programas de ensino descritos passo a passo para treino de cada uma dessas 26 habilidades. A primeira etapa dos programas é sempre uma avali- ação de linha de base que servirá para definir se a habilidade precisará ser ensinada ou 17 não. Assim, a autora descreve, também, como planejar-à avaliação inicial dessa amos- tra do repertório comportamental, incluindo o passo a passo específico para coletar dados de linha de base de cada habilidade definida como alvo. O primeiro conjunto citado (Tabela 2) reúne urna gama ampla de habilidades sensoriomotoras, de manipulação de objetos, exploração sensorial, brincar de causa- efeito e de discriminação de estímulos desenvolvidas tipicamente enquanto se é bebê. O nível de detalhamento envolvido na descrição desse tipo de habilidades e de ativi- dades sugeridas para avaliá-las e treiná-las pode ser considerado uma particularidade desse manual. Em sensopercepção visual, por exemplo, cinco requisitos diferentes são indicados para avaliação e treino: perceber diferentes estímulos visuais, manipular ob- jetos que entrem no campo visual, perceber estímulos visuais em movimento, produzir a visão de objetos escondidos e explorar a imagem refletida no espelho; para cada um desses requisitos, são propostas duas a quatro atividades diferentes com o propósito de avaliar o repertório (dois exemplos são: "seguindo objetos com o olhar", em que o avaliador deve apresentar um objeto colorido e movimentá-lo na frente da pessoa em diversas direções, e "brincando em frente ao espelho", em que brinquedos são dispo- nibilizados quando a pessoa está posicionada em frente ao espelho para que possa ma- nipulá-los). As atividades também podem ser utilizadas para planejar condições para treino. Por envolver habilidades muito básicas e iniciais, a parte do manual dedicada a habilidades do conjunto 1 se revela, portanto, uma ferramenta útil para avaliar o reper- tório de crianças com atraso no desenvolvimento que ainda sejam muito pequenas ou que apresentem repertório social muito pobre. Outra característica interessante desse manual é a inclusão de um programa de avaliação de linha de base e treino focado exclusivamente em habilidades de imitação de movimentos dos órgãos fonoarticulatórios - referida em outros manuais como ha- bilidade de imitação motora oral. A autora separa esse tipo de habilidade de imitação de outros tipos (como imitação motora fina e imitação motora com objetos) e sugere urna avaliação voltada para alvos específicos que podem favorecer a aquisição de re- pertório de ecoico posteriormente. Esse operante verbal é considerado importante para a aquisição de outros operantes, sendo possível encontrar urna série de descrições de procedimentos envolvendo modelos vocais, como dicas para ensinar repertório de mando, C7l por exemplo. Com uma proposta de avaliação de linha de base voltada para imitação de movimentos dos órgãos fonoarticulatórios, é possível planejar objetivos mais especificamente voltados para a aquisição de requisitos de imitação oral que tor- nem mais fácil aprender a ecoar sons. A autora sugere uma lista de 20 movimentos que pode ser utilizada pelo avaliador para guiar sua avaliação de linha de base relacionada a esse tipo particular de imitação. Em relação a habilidades de comunicação, responder "sim" ou "não" diante de per- guntas é um dos requisitos incluídos que se diferenciam daqueles encontrados em outros manuais. São propostas, como antecedentes, especialmente perguntas direcionadas a 18 LOS- etar des 1sa- !bê. ivi- lade são ob- uzir um :l de 1e o . em ~po- ma- para da a :per- s ou a de ação > ha- ação 1gere e re- para !S de o de para tivas ! tor- s que mada eper- mtros das a investigar aspectos sobre as motivações do indivíduo. Avaliar-esse tipo de habilidade pode considerado relevante porque perguntas desse tipo são comumente apresentadas em contextos sociais, oportunizando acesso a reforçadores naturais caso as respostas- alvo sejam emitidas. O custo de resposta envolvido na vocalização dessas palavras é menor, em relação a outros comportamentos-alvo relacionados ao repertório de mando, como vocalizar outras palavras mais longas ou compostas por sílabas comple- xas. Além disso, a apresentação de uma pergunta que passa a funcionar como estímulo auditivo favorece um tipo de treino mais estruturado em relação ao ensino de mando apenas sob controle de operações motivadoras, permitindo a aquisição de respostas novas com mais agilidade, desde que sejam reforçadas de forma apropriada. Avaliar e treinar habilidades específicas relacionadas à comunicação é um dos pontos centrais do Passo a Passo, Seu Caminho, característica que enaltece sua ade- quação para pautar intervenções baseadas em ABA voltadas para pessoas com TEA, dado que déficits nesse tipo de repertório compõem um dos critérios para diagnóstico desse transtorno do desenvolvimento, de acordo com o DSM-s.<1J Outro tipo de déficit atrelado às dificuldades de comunicação e incluso entre os critérios diagnósticos para TEA é aquele relacionado ao repertório de habilidades sociais. Defasagens nesse tipo de repertório são tipicamente dificeis de rastrear, pois ele é composto de grandes con- juntos de habilidades que podem se revelar altamente complexos de analisar - envol- vendo, por exemplo, muitos tipos de discriminações condicionais, além de longas ca- deias de respostas e entrelaçamentos de contingências - e que precisam ser queb,ados em requisitos mais simples para que se possa avaliá-los adequadamente, bem como propor formas planejadas de ensiná-los. Considerando tais características da população diagnosticada com autismo e as dificuldades frequentemente encontradas para avaliar e treinar habilidades sociais, o manual Social Skills Solutions é inteiramente dedicado à avaliação e estratégias de intervenção a elas relacionadas. Com o objetivo de permitir um acompanhamento mais preciso das necessidades particulares e evolução social de cada indivíduo encaminhado para intervenção, um numeroso grupo de habilidades foi dividido pelas autoras em dez módulos (categorias), organizados em ordem de progressão das habilidades. Dessa forma, o módulo 1, Atenção compartilhada, reúne habilidades mais básicas e/ou con- sideradas pré-requisitos para habilidades interdependentes abarcadas nos módulos pos- teriores, como o módulo 8, Linguagem avançada, ou o módulo 1 O, Habilidades comu- nitárias. As habilidades descritas em cada módulo estão, também, hierarquizadas em três níveis de complexidade; cada módulo se inicia no nível 1, reunindo habilidades de menor complexidade, e se estende até o nível 3, em que é possível encontrar as habili- dades mais sofisticadas relacionadas àquela categoria. Os módulos descritos se encon- tram na Tabela 3). Apesar de a VB-MAPP e o Passo a Passo, Seu Caminho também se destinarem, em parte, a avaliar habilidades sociais, esses manuais não reúnem todo o escopo de habilidades compreendidas no rastreamento descrito na avaliação por checklist do Social 19 Tabela 3. Apresentação dos módulos de habilidades sociais e de descrições genéricas das habi- lidades abarcadas em cada um deles no manual Social Skül~ Solutions. Módulo Descrição 1. Atenção compartilhada Atentar e atender a outras pessoas, manter contato visual. 2. Cumprimentos Atentar a outras pessoas e cumprimentá-las, gerenciando seu corpo e espaço pessoal. Interagir com outras pessoas em contextos sociais apropria- 3. Brincar social dos, reconhecer interesses em comum, engajar-se em brinca- deiras. 4. Autoconhecimento Habilidades de regulação, tolerância a atraso de reforçamento e automonitoramento apropriado. 5. Conversação Atentare responder à linguagem/ conversação envolvendo ou- tra pessoa de forma planejada; iniciar e sustentar conversações. Rotular e interpretar emoções pessoais e de outras pessoas; 6. Tomada de perspectiva demonstrar comiseração pelo outro e se adaptar ao comporta- mento de outra pessoa de forma apropriada. 7 . Pensamento crítico Resolução de problemas; planejar e gerar opções para deter- minar o que acontecerá em semiida. 8. Linguagem avançada Entender e responder à linguagem avançada: pragmática so- eia!, incluindo interpretação de pistas sociais e inferências. 9. Amizades Fazer e sustentar amizades. . 10. Habilidades comunitárias Independência na comunidade e na vida diária. Skills Solutíons, o qual foi criado a partir do estudo de mais de 20 outros manuais ou livros dedicados ao assunto e, também, a partir da prática das autoras. Especialmente o Passo a Passo, Seu Caminho se propõe a avaliar e treinar um número mais limitado de requisitos e se atém a um mvel mais básico deles. Por exemplo, a avaliação de expressão e reconhecimento de sentimentos proposta por Windho1z<9) envolve nomear, identificar e imitar expressões faciais. O mvel 3 do checklist da Social Skills So/utíons inclui uma série de habilidades relacionadas a essas, mas, adicionalmente, aborda for- mas de se comportar socialmente de modo mais complexo em relação às expressões de sentimentos alheias, como "parar de se comportar em resposta à emoção de outras pessoas". A VB-MAPP avalia um número maior de habilidades sociais no componente de marcos em relação ao Passo a Passo, Seu Caminho, considerando que há 15 marcos relacionados à investigação desse tipo de habilidade na área Habilidades Sociais e Brincar Social, apresenta descrições de mais 68 habilidades adicionais na task analysis 20 1abi- 1. seu ia- _ca- :nto ou- ões. as; ,rta- ter- so- as. is ou 1ente itado iode near, 'tions :1. for- ssões ,utras 1te de arcos iais e '.llysis dessa área e, também, inclui marcos diretamente ligados à socialização em outras áreas ( como estabelecimento de contato visual diante de chamado, listado na área Responder como Ouvinte). Ainda assim, no Social Skills Solutions é possível encontrar uma lista de cerca de 345 habilidades sociais a serem avaliadas no checklist, um número maior de requisitos do que a soma de todos os marcos de todas as áreas da VB-MAPP. A possibilidade de pautar-se na apresentação descritiva de um conjunto tão am- plo de habilidades sociais, decompostas de forma detalhada em requisitos menos com- plexos, pode ser considerada um ponto a favor de se utilizar esse manual para avaliá- las e, posteriormente, treiná-las. Sobretudo o nível 3 do checklist reúne habilidades mais refinadas do que as possíveis de serem avaliadas de acordo com as sequências de alvos propostas pelo Passo a Passo, Seu Caminho e pela VB-MAPP. Dessa forma, o Social Skills Solutions se revela apropriado para avaliar pessoas que já possuam um repertório social relativamente sofisticado e que tenham poucas ou nenhuma lacuna em relação às áreas de habilidades mais básicas abarcadas pelos outros dois manuais ( como percepção sensorial, percepção visual, brincar independente, discriminação au- ditivo-visual, entre outros requisitos). As descrições das habilidades a serem avaliadas e treinadas, critérios e parâme- tros de mensuração nesse manual, porém, são menos precisos do que os apresentados nos outros dois manuais, o que pode produzir resultados de avaliação inconsistentes e/ou pouco fidedignos. Enquanto é possível enco,ntrar descrições de habilidades envol- vendo critérios como frequência, duração e taxa de respostas em todos os marcos de habilidades sociais abarcados pela VB-MAPP, nem todas as habilidades se encontram descritas com esse nível de precisão no Social Skills Solutions. Em exemplos de des- crições de habilidades como "reconhece e interpreta linguagem corporal", observa-se que, frequentemente, são utilizados termos pouco objetivos, passíveis de interpretação ou não observáveis, sem a definição de critérios mais precisos de mensuração. Por fim, encerrando a discussão acerca da seleção de habilidades a serem avaliadas em contexto clínico e/ou educacional, cabe observar que essa escolha pode ser realizada a partir da utilização de mais de um manual como referência, simultaneamente. Pode-se, por exemplo, considerar importante avaliar as áreas relacionadas a habilidades acadêmi- cas (vinculadas à leitura, escrita e matemática) descritas na VB-MAPP, caso haja infor- mações prévias relacionadas a repertório acadêmico insuficiente para acompanhar o cur- rículo pedagógico de sala de aula na escola, mas avaliar habilidades sociais utilizando como referência o Social Skills Solutions, caso se tenham indícios de que o repertório social já é mais complexo do que as habilidades avaliadas pela VB-MAPP ( ou caso a pontuação máxima tenha sido atingida na área especificamente relacionada a esse tipo de habilidade nessa avaliação). Essa escolha dependerá de informações reunidas em entrevistas com cuidadores e equipe escolar, da análise de vídeos providos por essas pessoas ou, até mesmo, dos primeiros contatos com a pessoa avaliada. 21 MÉTODOS DE COLETA DE DADOS Depois de definir as habilidades / comportamentos-problema que serão avalia- dos, é necessário escolher os métodos por meio dos quais os dados da avaliação serão coletados. Em geral, três formas são mencionadas com maior frequência na literatura: 1) entrevistas com cuidadores, professores e aplicação de questionários, 2) observação e 3) testagem formal. As entrevistas e questionários podem ser úteis para fornecer algumas informa- ções iniciais sobre habilidades, problemas comportamentais e potenciais reforçadores. Podem também evidenciar algumas pistas que serão usadas para delinear hipóteses sobre função de classes de respostas e controle de estímulos relacionados a elas, base- ando análises descritivas. Atendo-se apenas a esses métodos de avaliação indireta não se pode, porém, ir além da elaboração de hipóteses, pois a manipulação de variáveis não é possível em situações de coleta de dados com tais características. A observação permite contato direto com quem é avaliado e é um bom recurso para avaliar habilidades em ambiente natural e em contextos menos estruturados. En- volve minimamente um planejamento das condições em que os dados serão coletados - por exemplo, para uma avaliação do repertório de mando, é necessário garantir situ- ações em que operações motivadoras estejam presentes, propiciando oportunidades para emissão de pedidos, do contrário eles não ocorrerão. Não há, porém, apresentação de tarefas específicas por meio de instruções ou de materiais pelo avaliador ou por alguém instruído especialmente para realizar a coleta de dados, por isso é uma forma de avaliação pouco apropriada para avaliar respostas discretas que devem ocorrer di- ante de antecedentes específicos. A testagem formal de habilidades, por outro lado, envolve a apresentação de tentativas que definem oportunidades, de certo modo, limi- tadas para o indivíduo responder. Esse tipo de tarefa costuma envolver discriminação de estímulos e é mais comumente apresentado em ambientes mais estruturados, que favorecem maior atenção às demandas apresentadas. Conclui-se, então, que existem habilidades que serão avaliadas de forma mais adequada por observação, se o objetivo é obter uma amostra de sua ocorrência em ambiente natural, como no exemplo relacionado a mando. Outras serão mais apropri- adamente avaliadas por testagem, caso se queira verificar se as respostas são emitidas sob controle de arranjos de estímulos específicos. Prezar por uma combinação entre as diferentes formas de coletar dados, considerando os alcances e limitações de cada uma delas - de acordo com as habilidades e comportamentos-problema escolhidos para se- rem avaliados e dos objetivos que embasaram essa escolha - pode ser uma maneira eficazde planejar uma avaliação inicial. Os manuais, ao guiar a escolha de habilidades e justificar os motivos dessa sele- ção, também podem guiar a seleção de métodos de avaliação e combinações entre eles que sejam consideradas produtivas. 22 alia- erão tura: ação rma- ores. teses Jase- l não iveis :urso . En- :ados situ- iades tação 1 por onna a:r di- tado, limi- iação :, que mais ia em ropri- itidas ttre as auma Lra se- :meua 1 sele- :e eles A VB-MAPP propõe métodos de coleta de dados de fo1ina explícita para cada marco de aprendizagem avaliado no componente 1. Após o término da descrição de cada habilidade a ser avaliada, tanto no guia quanto no protocolo, há sempre uma sigla que indica se os dados devem ser coletados por observação sem tempo determinado, observação com tempo limitado de 30 ou de 60 minutos, de testagem formal, ou se ambos os métodos de observação e testagem são aceitos na avaliação do marco. Além de trazer descrições de habilidades nos marcos de acordo com critérios observáveis e mensuráveis, o guia reúne, ainda, informações sobre o objetivo de avaliar cada um deles e exemplos de situações de avaliação que especificam possíveis antecedentes, respostas corretas e consequências. Os exemplos contribuem especialmente para pla- nejar a apresentação das tentativas de testagem formal e, também, as condições sob as quais as observações devem acontecer. Há recomendações no segundo capítulo do guia para que o avaliador investigue de forma indireta potenciais reforçadores com os cuidadores da pessoa avaliada antes de conduzir a primeira sessão. No componente 2, avaliação de barreiras para aprendizagem, a intenção é coletar os dados enquanto a avaliação do componente de marcos é conduzida. A avaliação ocorre basicamente por observação e nos mesmos contextos em que transcorre a ava- liação de marcos. A VB-MAPP é o único manual entre os analisados que propõe um sistema de pontuação para habilidades, barreiras e critérios de transição avaliados. Em seu guia, a descrição de cada marco é sempre acompanhada pelos tópicos: objetivo, que des- creve por que / para que avaliar a habilidade; materiais, que lista os materiais necessá- rios para avaliar o marco; exemplos, em que o autor fornece alguns exemplos de situ- ações de avaliação; e critérios de pontuação 1 e ½, os quais compilam parâmetros para atribuir pontuação relacionada ao desempenho na avaliação do marco. Esses critérios são estabelecidos marco a marco, a depender dos objetivos envolvidos na avaliação de cada habilidade, não havendo uma regra geral que sirva para determinar a pontuação de todos os marcos. Esse raciocínio é interessante porque permite analisar o desempenho em relação às especificidades de cada habilidade avaliada, evitando parâmetros genéricos demais. Dessa forma, os critérios para pontuar em marcos da área de mando, por exemplo, podem ser totalmente diferentes dos descritos na área de tato, o que permite manter o rigor de análise de cada operante separadamente, tal qual proposto por Skinner,<6J e a função das respostas como principal unidade de análise (já que o operante de mando é descrito por contingências diferentes daquelas que descrevem tato e é válido para os outros operantes envolvidos nas áreas avaliadas). No manual Passo a Passo, Seu Caminho, os programas destinados a avaliar e treinar as habilidades estão divididos entre formais e informais: os formais estão rela- cionados a habilidades muito específicas em relação à função, controle de estímulos e 23 topografia e que costumam ser de dificil aquisição (con'lo tato); os informais, a habili- dades mais amplas em termos de topografia, que deverão ocorrer em múltiplas situa- ções e que podem ser aprendidas de forma menos estruturada (como manipular obje- tos). Dessa forma, as habilidades descritas como alvos de programas formais são ge- ralmente avaliadas por testagem formal, enquanto aquelas mencionadas nos programas informais são mais :frequentemente avaliadas por observação. Se o avaliador optar por realizar primeiro a linha de base das habilidades mais básicas (do conjunto 1), deparar-se-á com propostas de avaliação por meio de obser- vação com planejamento de atividades lúdicas e de exploração sensorial que se reve- lam bastante adequadas para pessoas com repertório de compliance enfraquecido - especialmente as que apresentam seguimento de comandos básicos deficitário, baixa responsividade a demandas apresentadas de forma explícita por adultos e oposição a seguir instruções. Nesse contexto, a apresentação de instruções específicas pelo avali- ador não é o enfoque principal, mas sim a disponibilização de estímulos que podem ser manuseados / explorados de forma menos direcionada, condição que evita que res- postas de oposição ou recusa sejam evocadas. A ocorrência de mandos também pode ser facilitada pela apresentação de brincadeiras que envolvam propriedades reforçado- ras e que permitem que operações motivadoras surjam. O Social Skills Solutions não descreve de forma explícita que métodos devem ser utilizados para coletar os dados na avaliação. Analisando as habilidades listadas no checklist, aparentemente grande parte desses dados podem ser coletados em situações de observação, mas algumas das habilidades também parecem passíveis de avaliação por testagem formal (como sequenciar figuras envolvendo ações de quatro passos). SELEÇÃO DE MATERIAIS E DE SETTINGS DE CONDUÇÃO Apresentando uma proposta de coletar dados em situação um a um (individual - apenas avaliador e avaliado), em pequenos grupos e em ambiente natural, o Social Skills Solutions possibilita rastrear a ocorrência de habilidades sociais incluindo crité- rios de generalização socialmente relevantes. Utilizar esse manual para avaliar habili- dades sociais envolve, portanto, planejar settings que permitam coletar dados em rela- ção a esses três contextos em que interações sociais ocorrem. Apesar de não estar cla- ramente especificado pelas autoras, a condição de avaliação em grupo parece envolver formatos e settings mais restritivos em termos de planejamento de ensino - como situ- ações de intervenção em grupo - do que a condição ambiente natural, que parece en- globar situações de vida cotidiana pouco planejadas em relação a ensino de habilidades sociais específicas, que ocorrem em locais habitualmente frequentados por quem é avaliado, por seus pares e familiares / cuidadores. Há poucos materiais a serem provi- denciados para a condução da avaliação, e a maior parte deles são brinquedos que podem ser encontrados no ambiente natural da pessoa avaliada. A leitura da própria 24 tbili- itua- )bje- ) ge- unas mais bser- reve- .do - ,aixa ,ão a 1vali- ,dem ~ res- pode ,ado- mser 1s no 1ções iação ,s). lual- -;ocial crité- tabili- Hela- rr cla- rolver ) situ- ce en- dades 1em é provi- >S que rópria descrição das habilidades reunidas no checklist serve como recurso para identificar os materiais necessários. Já para conduzir o componente 1 da VB-MAPP é necessário reunir cerca de 85 materiais diferentes ( as avaliações dos outros componentes dispensam a reunião de materiais específicos além desses). O autor apresenta uma lista geral de materiais na introdução do manual, mas especifica esses recursos com mais detalhes a cada marco avaliado. Na análise do conteúdo da lista e das descrições de materiais marco a marco, observou-se que cerca de 40 materiais listados ao longo do componente de marcos do guia não se encontravam na lista apresentada no capítulo de introdução. Por esse mo- tivo, recomenda-se que os materiais sejam reunidos com base nas informações trazidas na descrição de materiais de cada um dos marcos. Boa parte dos materiais pode ( e deve, segundo o autor) ser reunida no ambiente natural da criança avaliada, mas alguns arranjos de estímulos antecedentes descritos em marcos avaliados por testagem formal podem ser bastante específicos (por exemplo, emparelhamentovisual de estímulos idênticos 2D e 3D), o que envolve uma extensa organização prévia do material para planejamento das tentativas. Sundberg{8) sugere que listas de estímulos, como movi- mentos motores para avaliar imitação, sejam elaboradas para aumentar a fluência da avaliação, já que essas listas não são fornecidas no manual. Há, ainda, sugestões, em alguns dos marcos, de utilizar como referência uma lista de 240 palavras publicada no manual Teaching Language to Children with Autism and Other Developmental Disa- bilities. (?) Em relação aos settings, o autor recomenda a condução das tentativas formais e sessões de observação na própria casa, sala de aula e outros ambientes naturalmente frequentados pela pessoa avaliada. Alguns marcos devem necessariamente ser avalia- dos em ambientes com estrutura tisica especial, como parquinhos e playgrounds com equipamentos e brinquedos; outros devem ser avaliados em locais em que pares este- jam presentes. Os marcos da área Rotina de Sala de Aula e Habilidades em Grupo são avaliados no ambiente educacional frequentado pela pessoa avaliada, fundamental- mente. O autor sugere que o avaliador fique atento a possíveis diferenças nos padrões de responder em cada local, considerando que, caso ocorram, o ambiente em que a pessoa se mostre mais confortável pode ser priorizado no planejamento das sessões seguintes. Ambientes planejados, envolvendo pequena quantidade de distratares, podem ser pre- feridos para testar habilidades formalmente, enquanto locais menos controlados são propícios para avaliar habilidades por observação, na maior parte das vezes. O Passo a Passo, Seu Caminho precisa os materiais que deverão ser utilizados na linha de base e no treino das habilidades, dedicando um campo para a descrição desses materiais a cada apresentação de programa de ensino formal e informal. A maior parte deles são itens comuns do dia a dia e figuras simples. A autora também fornece listas bem definidas de itens e estímulos recomendados para inclusão na avaliação e, se ne- cessário, no treino. 25 Nesse manual, ao longo da apresentação de carurprograma, há um item denomi- nado "ambiente fisico" em que é possível encontrar indicações sobre tipos de ambiente mais favoráveis para o ensino das habilidades. Essas recomendações podem ser segui- das também para o planejamento da avaliação, pois são feitas com base nas caracterís- ticas das habilidades-alvo a que os programas se referem. Em geral, quando se trata das habilidades relacionadas a programas formais, recomenda-se priorizar ambientes mais controlados, com mesa, cadeiras e poucos distratores. Ao se dirigir às habilidades que envolvem encadeamento de respostas, como autocuidado, os locais indicados pela autora são aqueles envolvidos cotidianamente na própria atividade. Em relação às ha- bilidades avaliadas e treinadas em programas informais, os settings podem ser a pró- pria sala de aula, locais recreativos, ambientes ao ar livre e envolvidos em situações naturais / informais. FOLHAS DE REGISTRO PARA COLETA DE DADOS Ao coletar os dados da avaliação inicial, os registros precisam ser realizados de forma organizada para que seja possível analisar o desempenho posteriormente (no momento de elaboração do PEI) com clareza. Folhas de registro especialmente estru- turadas para permitir essa organização podem também funcionar como referência para a conduta do avaliador no momento da condução da avaliação. É possível incluir nes- sas fichas informações como estímulos antecedentes que devem ser apresentados, di- cas que podem ser aceitas ou não para considerar uma resposta correta ou incorreta, de acordo com critérios previamente definidos, além de informações que permitam que o avaliador atente a dimensões relevantes das respostas ( como frequência ou duração, a depender do que for importante avaliar em relação à cada habilidade / comportamento disruptivo). O manual Passo a Passo, Seu Caminho se destaca nesse quesito, pois fornece todas as folhas de registro necessárias para a coleta de dados durante a condução de avaliações de linha de base e de reavaliações de repertório. Trata-se de uma sugestão da autora, dado que o avaliador pode confeccionar suas próprias folhas se considerar necessário. No caso de avaliação de habilidades nos programas formais, as folhas para linha de base incluem tópicos organizados em tabelas para registro de informações como data, itens de teste, desempenho nas tentativas, porcentagem de acerto e obser- vações. O desempenho é registrado por meio de siglas que representam respostas cor- retas ou incorretas. Já as folhas disponíveis para registrar dados de avaliação das habi- lidades-alvo de programas informais são menos estruturadas, ainda em forma de ta- bela, mas com espaços mais amplos para que se descrevam, de forma cursiva, a ativi- dade realizada, dados sobre o desempenho do aluno e outras observações. No manual de WindholzC9l não são disponibilizadas folhas de registro que resu- mam todas as informações de linha de base e que permitam visualizar os resultados da 26 1orm- 1iente .egui- :terís- trata ientes dades s pela is ha- 1 pró- ações los de te (no estru- a para tr nes- Js, di- !ta, de que o .ção, a mento Jrnece ;:ão de gestão ,iderar lS para :iações obser- 1s cor- s habi- de ta- 1 ativi- e resu- 1dos da avaliação inicial em relação a mais de um tipo de habilidade .simultaneamente. Essa ode ser considerada uma particularidade da VB-MAPP em relação a esse e a outros ~as, por prover as folhas de registTO de resultados finais de quatro dos cinco compo- nentes do manual - avaliação de marcos da linguagem e áreas relacionadas, de barrei- ras para a aprendizagem, de transição entre formatos de intervenção e task analysis ( ao quinto componente não caberia uma folha de registro para esses fins, dado que é vol- tado para interpretação dos resultados e elaboração de PEI). Cada marco, barreira ou critério de transição é pontuado de acordo com os critérios descritos no guia, e essas pontuações são representadas colorindo-se as células de planilhas que, quando preen- chidas, são facilmente interpretáveis. As folhas de registro são compostas por conjun- tos dessas planilhas e possibilitam uma visão geral dos resultados da avaliação de cada um dos componentes. É justamente por meio dessa representação visual que o avalia- dor / planejador da intervenção consegue comparar desempenhos dentro de cada com- ponente e entre os componentes, permitindo eleger prioridades para a intervenção. Um protocolo individual que reúne todas as folhas de registro de resultados finais acompanha o guia, e o autor recomenda que se utilize um exemplar desse protocolo por indivíduo avaliado. Nota-se, porém, que, na prática, há necessidade de utilizar fo- lhas de registro complementares a essas, que sejam mais especificamente voltadas para a coleta de dados durante a condução da avaliação. As folhas que compilam os resul- tados finais funcionam bem para organizar os dados, mas não direcionam o avaliador em relação a muitos dos aspectos importantes a atentar na condução ( como critérios de acerto ou antecedentes específicos a serem apresentados) e têm pouco espaço para registrar habilidades que ocorrem em maior frequência ou que devem ter suas topogra- fias descritas. Essas folhas não são disponibilizadas no manual, apesar de o autor re- comendar sucintamente a utilização desse tipo de recurso na lista de materiais dispo- nível no manual. A Social Skills Solutions disponibiliza o checklist de avaliação das habilidades sociais descritas nos módulos, o qual deve ser utilizado como uma folha de registro dos resultados finais da avaliação. Apesar de prover uma visão geral de que habilidades estão presentes ou ausentes no repertório da pessoa avaliada em formato um a um, de pequeno grupo e em ambiente social, a representação visual dos resultados possibili- tada pelo preenchimento dessa folha é menos clara do que a proposta pela VB-MAPP,pois não envolve estímulos visuais tão contrastantes entre si, como cores diferentes. O registro é feito por meio da escrita das palavras "sim" ou "não" à frente de cada habi- lidade, para atestar sua presença ou ausência em cada um dos diferentes contextos. Folhas de registro específicas para a condução não são disponibilizadas, apesar de al- gumas habilidades requererem registro mais específico (como "compreende 10 - 15 expressões idiomáticas comuns"). Dois tipos de folhas de registro são fornecidos no apêndice do manual, mas com o objetivo de auxiliar na coleta de dados durante os treinos, e não na avaliação. 27 DIRECIONAMENTO DA CONDUTA DO AVALIADOR NAS SESSÕES DE AVALIAÇÃO Um papel importante dos manuais voltados para intervenções baseadas em ABA para indivíduos com TEA ou outras questões relacionadas ao desenvolvimento pode ser fornecer um guia de ação para que o avaliador tenha parâmetros de como proceder quando está conduzindo as sessões de avaliação. É preciso, por exemplo, determinar de que formas as variáveis motivacionais serão manejadas para garantir maior proba- bilidade de o indivíduo ser responsivo às demandas e situações apresentadas, como utilizar os materiais reunidos para as sessões, em que momento interromper a avaliação de determinado tipo de habilidade e quantas tentativas prover ao avaliar habilidades por testagem formal. Assim, é cabível analisar se descrições de como agir nesse con- texto são fornecidas pelos manuais e explorar de forma geral as principais diretrizes e recomendações incluídas pelos autores. No Passo a Passo, Seu Caminho, a autora fornece descrições claras de como a situação de condução deve ser planejada para motivar quem é avaliado. Determina-se que as avaliações de linha de base sejam realizadas sem que se reforcem respostas corretas ligadas à habilidade avaliada, para evitar que os dados da linha de base sejam enviesados. Adicionalmente, porém, recomenda-se que outras respostas apropriadas, que não estejam diretamente relacionadas à habilidade-alvo, sejam, sim, reforçadas. Quando ocorrem erros consecutivos em relação a responder na linha de base, o avali- ador pode se comportar de forma a evocar respostas socialmente apropriadas já adqui- ridas e, diante da emissão dessas respostas, prover acesso a reforçadores. No subitem "aquecimento" - dentro dos tópicos "linha de base" ou "avaliação inicial" - de cada um dos programas, é possível encontrar diversas sugestões de como iniciar a interação com o indivíduo para estabelecer condições mais satisfatórias para que responda em linha de base e em treino. Essas atividades envolvem exposição gradual ao local, ma- teriais e tipos de tarefa envolvidos em cada etapa da avaliação, entre outras indicações mais específicas. Outros tópicos são ainda apresentados programa a programa, formando breves guias de condução de avaliação para cada habilidade: seleção de itens - estímulos es- colhidos para a avaliação; procedimento geral e/ou a cada tentativa, descrevendo passo a passo como o avaliador deve conduzir a linha de base, consequências e registro. Os critérios sugeridos para determinar a necessidade de treino da habilidade, ou não, são precisamente definidos (por exemplo, 80% de acertos em três sessões de linha de base; 100% de respostas corretas para cada item avaliado). Nas avaliações de linha de base propostas nesse manual, dicas não devem ser utilizadas. Informações básicas, comentários e informações complementares são fornecidos ao longo da apresentação dos procedimentos de avaliação inicial e de linha de base, de acordo com os objetivos envolvidos para cada habilidade. Em relação a estabelecimento 28 ABA pode ceder minar rnba- como liação dades ! con- izes e }IDO a ina-se Jostas sejam iadas, vadas. avali- 1dqui- lbitem ~ cada ~ração da em .1, ma- ;ações oreves los es- 1 passo :ro. Os ío, são ;!base; le base 1ecidos ase, de imento de contato visual, por exemplo, entre essas informações a autora provê uma definição de resposta correta - olhar para os olhos do avaliador - e de respostas incorretas - olhar em outra direção ou manter contato visual por tempo inferior ao estipulado pelo avaliador. Nota-se que essas descrições fornecem informações adicionais que podem aumentar a precisão da avaliação e ajudar o avaliador a atentar a variáveis relevantes nas sessões, como a organização do espaço fisico e dicas inadvertidas. Como a sequência de conjuntos de habilidades (1, 2, 3 e 4, conforme apresentado na Tabela 2) foi proposta com base em conhecimentos sobre desenvolvimento infantil e processo de ensino-aprendizagem, é possível avaliar as habilidades respeitando a ordem de apresentação dos conjuntos, apesar de isso não ser especificado pela autora. Seguir essa sequência permitiria, primeiramente, avaliar algumas habilidades básicas para, só então, expor o indivíduo, de forma gradual, a demandas mais custosas e com- plexas, o que pode ter papel importante na manutenção da motivação para responder às tarefas propostas. Em relação à VB-MAPP, em seu guia há um capítulo denominado "diretrizes gerais para administração" - capítulo 2 - inteiramente dedicado a descrever como o avaliador deve planejar e implementar as sessões de avaliação. Entre outras conside- rações, o autor determina que as respostas corretas relacionadas às habilidades avalia- das devem ser reforçadas mesmo na etapa de avaliação, justificando que a intenção é produzir circunstâncias mais favoráveis à motivação para responder. Respostas de compliance e outras relacionadas à interação social adequada também podem ser re- forçadas a qualquer momento. Tipos específicos de dicas que funcionam como condição para a emissão deres- postas são aceitáveis para pontuar alguns dos marcos, devendo-se atentar à descrição de cada um deles no guia para identificar parâmetros para aceitação de dicas ou não. No segundo capítulo do guia são fornecidas, ainda, algumas instruções e exemplos de como preencher as folhas de registro de resultados finais da avaliação de marcos, além de uma tabela contendo dicas para o avaliador a respeito de como proceder na condu- ção da avaliação. Algumas das que podem ser consideradas mais importantes são: es- tabelecer vínculo com a criança pareando sua presença (avaliador) com acesso a refor- çadores, apresentar poucas demandas no início da avaliação e, gradualmente, aumentar o custo de resposta, permitir pequenos intervalos nas sessões, intercalar demandas já conhecidas com outras mais dificeís, evitar fornecer dicas excessivas / priorizar sis- tema de dicas least-to-most, permitir de três a cinco segundos de latência para a emis- são da resposta-alvo e repetir a apresentação de antecedentes de duas a três vezes, se necessário. Sundberg<8) especifica que, na avaliação do primeiro componente do manual, é importante seguir a ordem dos marcos disposta em cada área, nível a nível, para pla- nejar e conduzir as sessões de avaliação. Dessa forma, a avaliação deve ser iniciada pelas habilidades do nível 1 e seguir em direção às descritas nos níveis 2 e 3. Há uma recomendação geral de interromper a avaliação de áreas de habilidades caso não haja 29 pontuação em três marcos consecutivos, em uma mesma área. Não é necessário obe- decer à ordem de apresentação das áreas de habilidades ao conduzir a avaliação, des- tacando-se que intercalar oportunidades para avaliar habilidades com características diferentes pode ajudar a manter a motivação para continuar respondendo à avaliação. No Social Skills Solutions, por sua vez, há poucas diretrizes especificando como a avaliação deve ser conduzida. Não há objeções a reforçar respostas corretas na linha de base e tampouco recomendações claras de que se deve fazê-lo. O checklist de ava- liação deve ser completado de forma bastante simples, registrando "sim" e "não" para atestar o desempenho em cada habilidade avaliada nos contextos um a um, em grupo e no ambiente natural, como já foi
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